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ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ÀS GRÁVIDAS VACINADAS INADVERTIDAMENTE COM A VACINA DUPLA VIRAL MARISIA DE FÁTIMA DELGADO RAMOS Mindelo, Setembro 2014

A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ÀS GRÁVIDAS …€¦ · abortion, stillbirth and congenital malformations such as heart disease, cataracts, and deafness, ... 1. REFERENCIAL TEÓRICO

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  • ESCOLA SUPERIOR DE SADE

    CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

    A ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM S GRVIDAS

    VACINADAS INADVERTIDAMENTE COM A VACINA

    DUPLA VIRAL

    MARISIA DE FTIMA DELGADO RAMOS

    Mindelo, Setembro 2014

  • ii

    A ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM S GRVIDAS

    VACINADAS INADVERTIDAMENTE COM A VACINA

    DUPLA VIRAL

    MARISIA DE FTIMA DELGADO RAMOS

    Monografia apresentada Universidade do Mindelo, como parte dos requisitos para a

    obteno do grau de Licenciatura em Enfermagem.

    Orientadora: Enfermeira Romana Flores

    Mindelo, Setembro 2014

  • iii

    Dedico esta monografia aos meus pais e aos meus

    irmos; pelo amor, incentivo, e pelo apoio que me

    deram durante todo este percurso acadmico, para

    que este sonho se concretizasse.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    No reconhecimento da importncia do envolvimento de todos que estiveram presentes no

    meu percurso acadmico, um especial agradecimento:

    A Deus, que se fez presente nos meus momentos mais difceis, guiando-me com sua fonte

    de luz;

    Aos meus pais, irmos e demais familiares que sempre estiveram presentes em cada passo

    desta jornada, dando-me fora, amor e uma imensa dose de pacincia;

    enfermeira Romana Roque, pela orientao, correces e pelo incentivo;

    coordenadora do curso de Enfermagem, Aclia Mireya;

    A directora do Centro de Sade Reprodutiva Dr Emely Santos pela autorizao da

    pesquisa;

    s gestantes que disponibilizaram, alm das informaes necessrias para a realizao

    deste trabalho, tambm sentimentos e um pouco de suas vidas;

    A todas as enfermeiras da seco maternal do CSRBV, pelo apoio no meu ensino clnico

    e no desenvolvimento das minhas competncias profissionais;

    Aos meus amigos e colegas que conheci e partilhei os meus momentos durante a minha

    vida acadmica;

    A todos aqueles que apostaram e acreditaram em mim.

    A todos, um muito obrigado!

  • v

    Cuidar mais que um acto, uma atitude. Portanto,

    abrange mais, que um momento de ateno, de zelo e

    de desvelo. Representa uma atitude de ocupao,

    preocupao, de responsabilizao e de envolvimento

    afectivo com o outro.

    Boff, (2000, p. 22)

  • vi

    RESUMO

    O presente estudo de categoria cientifica subordinada ao tema A Assistncia

    de Enfermagem as Grvidas Vacinadas Inadvertidamente com a Dupla Viral,

    resulta de uma reviso bibliogrfica sobre a vacina Dupla Vral e suas complicaes,

    complementado com uma pesquisa de campo de modo a assimilar os riscos desta vacina

    quando aplicado a uma grvida.

    Sua importncia epidemiolgica est relacionada ao risco de abortos, natimorto

    e malformaes congnitas como cardiopatia, catarata e surdez, denominada Sndrome da

    Rubola Congnita (SRC) quando a infeco ocorre durante a gestao.

    O objectivo desta pesquisa centra-se na motivao de conhecer a importncia da

    assistncia de enfermagem s gestantes vacinadas inadvertidamente com a Dupla Vral,

    que uma vacina combinada, contendo vrus vivos atenuados em cultivo celular, que

    protege contra Sarampo e a Rubola.

    Pela natureza desta pesquisa, a estratgia versa a metodologia de investigao

    descritiva com abordagem qualitativa. O formulrio foi a elaborao de um guio de

    entrevista semi-estruturada, aplicado a cinco gestantes que frequentam o Centro de Sade

    Reprodutiva da Bela Vista, que foram vacinadas inadvertidamente com a Dupla Vral,

    durante a referida campanha.

    Dos resultados obtidos conclui-se que, durante a campanha foram vacinadas em

    So Vicente, um total de 63 grvidas. Em relao a idade gestacional, observou-se que as

    gestantes foram vacinadas no primeiro trimestre de gestao.

    Palavras-chave: Rubola e a Gestao; Vacinao; o Sarampo;

    Inadvertidamente; Imunizao; Dupla Vral; O Cuidado em Enfermagem.

  • vii

    ABSTRACT

    The present study of scientific category on the theme the nursing care pregnant

    women Inadvertently Vaccinated with Dual Viral, results from a literature

    review on Dual Viral vaccine and its complications, complemented with a field

    research in order to assimilate the risks of this vaccine when applied to a pregnant

    woman.

    Its importance is related to the epidemiological risk of

    abortion, stillbirth and congenital malformations such as heart disease, cataracts,

    and deafness, called Congenital Rubella Syndrome (CRS) when the infection

    occurs during pregnancy.

    The aim of this research focuses on motivation to know the importance

    of nursing care to pregnant women inadvertently vaccinated with dual Viral, which is a

    combined vaccine that contains live, attenuated viruses in cell culture, which

    protects against Measles and rubella.

    Due to nature of this research, the adopted methodology combines both

    descriptive and qualitative approach. The form was the elaboration of a semi-

    structured interview script, applied to five pregnant women that

    attend the Reproductive Health Center of Bella Vista, which

    were inadvertently vaccinated with Dual Viral, during this campaign.

    With the results obtained it is concluded that, during the campaign were

    vaccinated a total of 63pregnant women in So Vicente. In relation to gestational age, it

    was observed that pregnant women were vaccinated in the first trimester of pregnancy.

    Keywords: Rubella and pregnancy; Vaccination;

    measles; Inadvertently; Immunization; Dual Viral; Nursing care.

  • viii

    NDICE GERAL

    AGRADECIMENTOS ................................................................................................. IV

    RESUMO ....................................................................................................................... VI

    ABSTRACT ................................................................................................................. VII

    INTRODUO ............................................................................................................. 12

    CAPTULO I ................................................................................................................. 17

    1. REFERENCIAL TERICO DA PESQUISA .................................................... 18

    1.1 O Cuidar em Enfermagem ................................................................................ 18

    1.2 A Rubola e a Gestao ..................................................................................... 20

    1.2.1 A Sndrome da Rubola Congnita........................................................... 22

    1.2.2 O Diagnostico de Infeco Materna por Rubola ..................................... 23

    1.3 O Sarampo .......................................................................................................... 23

    1.4 A Dupla Vral ..................................................................................................... 25

    1.4.1 A Vacinao .............................................................................................. 26

    1.4.2 A Imunizao ............................................................................................ 29

    1.5 Avaliao Imunolgica da GVI para decidir Pelo Acompanhamento .......... 32

    1.5.1 Conduta Diante da Notificao do RN ..................................................... 34

    1.5.2 Definio de Caso da SRC ........................................................................ 35

    1.6 Calendrio de Vacinao Recomendado para Grvidas em Cabo Verde .... 36

    1.7 Educao Para Sade e a Vacinao ................................................................ 37

    1.8 A Situao Epidemiolgica do Sarampo e da Rubola em Cabo Verde ....... 40

  • ix

    CAPTULO II ............................................................................................................... 41

    2. EXPLICAO METODOLGICA .................................................................. 42

    2.1 Tipo de Estudo.................................................................................................... 42

    2.2 Contextualizao e Caracterizao do Campo Emprico............................... 44

    2.2.1 Organizao funcional do CSRBV ........................................................... 46

    2.3- Populao-alvo ....................................................................................................... 48

    2.4 Instrumento de Colheita de Dados ................................................................... 49

    2.5 Princpios ticos da Investigao ..................................................................... 50

    CAPTULO III .............................................................................................................. 52

    3. A FASE EMPIRCA ............................................................................................. 53

    3.1 Apresentao e Interpretao dos Resultados ................................................ 53

    3.1.1 Caracterizao da populao..................................................................... 53

    3.1.2 Anlises de Contedo das Entrevistas ...................................................... 54

    CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 60

    REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 63

    ANEXOS ........................................................................................................................ 70

  • x

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Algoritmo do Acompanhamento das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente ..... 33

    Figura 2 - Seguimento do RN das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente ........................... 35

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Calendrio de Vacinao para as Grvidas em Cabo Verde .............................. 36

    Quadro 2 - Caracterizao da Populao .............................................................................. 53

    Quadro 3 - Categorias e Subcategorias ................................................................................. 54

    LISTA DE ANEXOS

    Anexo I - Declarao da Coordenadora do Curso para Autorizao de recolha de dados ... 71

    Anexo II - Requerimento de Autorizao para Recolha de Dados ....................................... 72

    Anexo III - Termo de Consentimento Informado ................................................................. 73

    Anexo IV - Guio de Entrevista s Grvidas do CSRBV ..................................................... 74

  • xi

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    AIDI Ateno Integrada s Doenas de Infncia

    Apud Citado em

    COMCV Comisso para a Organizao das Mulheres de Cabo Verde

    CSRBV Centro Sade Reprodutiva Bela Vista

    DGS Direco Geral de Sade

    DIU Dispositivo intra-uterino

    EMC Educao para Mudana de Comportamento

    FUNASA Fundao Nacional de Sade

    GVI Grvidas Vacinadas Inadvertidamente

    HBS Hospital Baptista de Sousa

    IgG Imunoglobulina Classe G

    IgM Imunoglobulina Classe M

    IST Infeces Sexualmente Transmissveis

    IVG Interrupo Voluntaria Gravidez

    OMS Organizao Mundial de Sade

    PAV Programa Alargado de Vacinao

    PCA Persistncia do Canal Arterial

    PMI/PF Proteco Planeamento Materno - Infantil e Planeamento Familiar

    PNI Plano Nacional de Imunizao

    PNSR Programa Nacional de Sade reprodutiva

    REPE Regulamento Profissional de Enfermagem

    SRC Sndrome da Rubola Congnita

    TCC Trabalho de Concluso de Curso

    TD Ttano/difteria

    TT Toxoide Tetnico

    UNICEF Fundao das Naes Unidas para a Infncia

    VIH Vrus da Imunodeficincia Humana

  • 12

    INTRODUO

    Este estudo de categoria cientfica subordinada ao tema A Assistncia de

    Enfermagem s Grvidas Vacinadas Inadvertidamente com a Dupla Vral, surge

    no mbito do curso de Licenciatura em Enfermagem, ministrada pela Universidade do

    Mindelo, como parte dos requisitos para a obteno do grau de Licenciatura em

    Enfermagem.

    Schutz, (2000, p.22) considera que:

    A assistncia de enfermagem cogita a sustentao das prticas de sade to

    necessrias no quotidiano do cliente, tendo em vista que o cuidar uma das

    ferramentas do processo de trabalho que o enfermeiro dispe para aplicao do

    conhecimento tcnico cientfico, imprescindvel a assistncia ao usurio e

    optimizao das suas aces.

    de extrema importncia prestar cuidados de qualidade quando se trata de uma

    mulher grvida, porque isso significa ter uma gravidez saudvel e garantindo assim o

    bem-estar materno-fetal.

    Para Ozaki e Shimo, (2007, p.194),

    A gestao e o parto so episdios sociais especiais que fazem parte da

    vivncia reprodutiva das mulheres, mas que tambm influenciam os homens, a

    famlia, a comunidade, profissionais de sade e instituies, alm disso,

    constante a preocupao das mulheres gestantes em relao sade do beb.

    Citando Pacheco (2011, p.194), no perodo gestacional, a mulher pode se

    precaver de vrias patologias que podero levar tanto a me quanto o recm-nascido ao

    bito. Muitas dessas doenas so passveis de imunizao prvias e evitveis.

    Esta pesquisa tem como objectivo o enriquecimento dos conhecimentos da

    temtica em estudo de modo a melhorar os cuidados as gestantes vacinadas

    inadvertidamente com a Dupla Viral, ser benfica na rea de enfermagem uma vez que

    este estudo tem como nfase analisar qual a assistncia de enfermagem as grvidas

    vacinadas inadvertidamente com a referida vacina.

    Como futura enfermeira importante atribuir o devido realce ao tema no intuito

    de dar a conhecer aos profissionais de enfermagem como o acompanhamento das

    gestantes vacinadas inadvertidamente importante para uma melhor avaliao e

    classificao do recm-nascido e delas.

  • 13

    O mtodo utilizado para levar a cabo esta investigao o mtodo descritivo

    com abordagem qualitativa, e o instrumento de colheita de dados usado a entrevista

    semi-estruturada, que ser aplicado s grvidas vacinadas inadvertidamente que

    frequentam o Centro de Sade Reprodutiva da Bela Vista.

    Assim, para alargar esta pesquisa, foi formulado a seguinte pergunta de partida:

    Quais as complicaes da vacina Dupla Vral quando administrada a uma

    gestante?

    Objectivos da Pesquisa

    Os objectivos de um estudo so, na ptica de Fortin (2009, p.100) os elementos

    chaves que vo orientar todo o processo de investigao. atravs dos objectivos que o

    investigador apresenta o que pretende fazer para obter respostas as questes de

    investigao.

    Assim, para dar resposta pergunta de partida formulada anteriormente, definiu-

    se os seguintes objectivos.

    Objectivo Geral

    O Objectivo Geral desta pesquisa consiste analisar a importncia da assistncia

    de enfermagem s grvidas vacinadas inadvertidamente com a Dupla Vral.

    Objectivos Especficos

    Para alcanar o objectivo geral proposto, foram definidos os seguintes objectivos

    especficos:

    Identificar as complicaes da vacina Dupla Vral quando aplicado a uma

    gestante.

    Identificar os efeitos iatrognicos da vacina na gestao no binmio Me - Filho;

  • 14

    Descrever possveis erros da campanha que culminaram com a vacinao

    inadvertida de algumas grvidas;

    Conhecer o nmero de grvidas inadvertidamente vacinadas com a Dupla Viral

    em So Vicente;

    Justificativas do Estudo

    A escolha do tema surgiu a partir da observao dos resultados da campanha

    Cabo Verde Livre do Sarampo e da Rubola realizada em Cabo Verde, que

    decorreu de 14 a 24 de Outubro de 2013, aps o trmino, ter aparecido vrios casos de

    mulheres que foram vacinadas inadvertidamente com a Dupla Viral. De acordo com os

    boletins de informao do Ministrio de Sade de Cabo Verde a mesma deve ser contra-

    indicada durante a gestao e com orientao para se evitar a gravidez por um perodo de

    30 dias aps a sua aplicao.

    Segundo o Ministrio de Sade o objectivo da campanha de vacinao era de

    vacinar mais de 95% da populao alvo, e deveria ter como resultado o aumento da

    imunidade de massa colectiva da populao de Cabo Verde, e consequentemente, a

    reduo do nmero de casos e de mortes devidos ao Sarampo e Rubola, bem como de

    casos de crianas atingidas por malformaes, devido ao Sndrome de Rubola

    Congnita.

    Com a iniciativa mundial/regional para a eliminao do Sarampo, Rubola e

    Sndrome da Rubola Congnita (SRC), o Ministrio da Sade em colaborao com a

    Organizao Mundial da Sado (OMS) e a Fundao das Naes Unidas para a Infncia

    (UNICEF), programaram para princpios do ms de Outubro do ano 2013, uma campanha

    de vacinao em todo o Pas, tendo como pblico-alvo, todos os indivduos de ambos os

    sexos com idade compreendida entre os 9 meses e os 25 anos de idade menos um dia, em

    que tinha preconizado vacinar um total de 261.559 pessoas durante a referida campanha.1

    Dados do Ministrio da Sade de Cabo Verde, 2013

    1

  • 15

    Para a realizao da campanha, havia postos da vacinao em todas as estruturas de

    sade, e as equipas de vacinao deslocaram a todos os jardins infantis, escolas, liceus,

    universidades, quartis, prises e hospitais2.

    Conforme a Ministra de Sade de Cabo Verde, Cristina Fontes Lima3, os

    objectivos foram alados, dos 95% dos jovens que tinha traado como meta

    ultrapassaram para 95,7%, ainda de acordo com a Ministra, esta foi uma campanha que

    partiu do pressuposto que era preciso atingir esta fasquia para podermos dizer que

    estaremos em condies de nos ver livre do Sarampo e da Rubola, fruto de um esforo

    enorme de todos os envolvidos.

    Segundo os dados disponibilizados pelo Centro Sade Reprodutiva Bela Vista

    (CSRBV), foram vacinadas inadvertidamente em So Vicente, cerca de 63 grvidas.

    Das grvidas vacinadas inadvertidamente, 28 prosseguiram com a gravidez e

    esto sendo acompanhadas, embora com o caso encerrado, entre estas, dois casos

    susceptveis de acompanhamento, das restantes algumas delas procuraram o CSRBV,

    porque optaram por fazer IVG (Interrupo Voluntaria de Gravidez), e tambm houve

    casos de aborto espontneo. Assim sendo, o estudo desta problemtica pertinente, na

    medida em que, traz contribuies adicionais, devido caracterstica da anlise proposta,

    englobar aspectos inovadores de conceitos metodolgicas e aces, tambm com este

    estudo pretende conduzi-lo para uma melhoria na realizao futura de uma campanha

    desta dimenso, e descartar possveis erros que culminaram na vacinao inadvertida de

    algumas gestantes e evitar complicaes futuras.

    Estrutura do Trabalho

    Em termos estruturais, o presente trabalho encontra-se dividido em trs

    captulos que, embora distintos, no deixam de ser interdependentes. O primeiro

    captulo est constitudo pelo referencial terico, onde se procura fundamentar com uma

    reviso bibliogrfica, a temtica em estudo.

    2 Dados do Ministrio da Sade de Cabo Verde, 2013

    3 Declaraes proferidas ao Jornal Expresso das Ilhas, edio on line de 24 Outubro 2013

  • 16

    O segundo captulo, denominado os processos metodolgicos da investigao

    ser a explicao metodolgica, descrevendo a metodologia escolhida, tendo em conta os

    objectivos a atingir.

    Num terceiro captulo, denominado fase emprica, foi feita a apresentao e

    discusso dos resultados. Por fim as consideraes finais, destacando as reflexes

    suscitadas em todo este processo. Assim, distingue as Palavras-chave: O Cuidado em

    Enfermagem, Rubola e a Gestao; Vacinao; o Sarampo; Imunizao; Dupla Vral.

  • 17

    CAPTULO I

    REFERENCIAL TERICO

  • 18

    1. REFERENCIAL TERICO DA PESQUISA

    Este captulo corresponde a um levantamento dos conceitos relacionados com a

    natureza da temtica em estudo, A Assistncia de Enfermagem s Grvidas

    Vacinadas Inadvertidamente com a Vacina Dupla Viral. Para dar mais sensibilidade

    pesquisa, ser feita uma explanao dos conceitos mais importantes relacionados com o

    tema abordado.

    De acordo com Fortin (2009, p.49):

    A fase conceptual a fase que consiste em definir os elementos de um

    problema. Do decurso desta fase, o investigador elabora conceitos, formula

    ideias e recolhe a documentao sobre um tema preciso, com vista a chegar a

    uma concepo clara do problema. (), a fase conceptual reveste-se de uma

    grande importncia, porque da investigao uma orientao e um objectivo.

    1.1 O Cuidar em Enfermagem

    A enfermagem como cincia e profisso autnoma, conforme Costa et al (2005,

    p.107), compreende conhecimentos cientficos e tcnicos, acrescido das prticas sociais,

    ticas e politicas vivenciadas no ensino, pesquisa e assistncia, estimulando os

    enfermeiros a adquirir qualificaes de maior nvel e especializaes em diversas reas

    de interveno.

    Na actualidade, a enfermagem ocupa um papel de destaque nas equipas de

    sade, constituindo o enfermeiro o elemento que mais tempo dedica ao utente, pelo que

    Helman (2003, p.59), defende que no se justifica a inexistncia da sua interveno, a

    preveno a doena.

    Segundo Heidegger (1989, p.51).

    O cuidar est enraizado no ser humano acompanhando todas as suas aces

    por intermdio dos sentimentos de querer e desejar, que so caractersticas

    humanas fundamentais, portanto, o cuidar engloba caractersticas do ser

    humano, do seu relacionamento, da sua existncia e da sua evoluo.

    Boff (1999, p.51), contribuiu com varias publicaes que enfatizam o cuidar e o

    descreve como um modo de ser, ou seja, a maneira como a pessoa humana se estrutura e

    se realiza no mundo com os outros demonstrando um valor maior que um simples acto

  • 19

    nico. O cuidar tem sido um imperativo no sentido de garantir a continuidade da vida e

    das espcies.

    Nessa viso, Sousa e Baptista (2005, p.23), consideram que:

    O acto de cuidar compreende agir com desvelo, solicitude, empenho, zelo e

    carinho. Tanto no mbito pessoal como no mbito social, o cuidado destaque-

    se pela aco de colocar-se no lugar do outro e na maneira de se relacionar com

    o outro em momentos especficos da vida em que se exige atitudes pessoais em

    relao ao prximo, como ao nascer, adoecer, morrer.

    Neste contexto, o cuidado de enfermagem se delineia por meio da busca

    primordial em promover e preservar a vida do ser humano, visando ampar-lo na dor e no

    sofrimento diante da doena, assim como na procura do bem-estar e conforto, necessrios

    a conservao da dignidade humana. Assim, segundo os mesmos autores, prestar

    cuidados, quer na dimenso pessoal quer na social, uma virtude que integra os valores

    identificadores da profisso de enfermagem (Ibid, p. 28).

    Na perspectiva de Collire (1999, p.27):

    Desde que surge a vida surge os cuidados, porque preciso `tomar conta da

    vida para que ela possa permanecer. Os homens como todos os seres humanos,

    sempre precisaram de cuidados, porque cuidar, tomar conta, um acto de vida

    que tem primeiro, e antes de tudo, como fim, permitir a vida continuar,

    desenvolver-se, e assim lutar contra a morte: morte do indivduo, morte do

    grupo, morte da espcie.

    A enfermagem uma cincia que lida com seres humanos, que tem por base

    cuidar, quando se presta os cuidados de enfermagem necessria uma viso holstica,

    sendo que estes cuidados devem ser de acordo com a cultura e a sociedade, pois cada

    indivduo tem um conceito muito prprio sobre a sade, a doena e o cuidar.

    Bollander (1998, p.6) enfatiza que:

    Hoje, a enfermagem um campo dinmico, enriquecido pelas profundas

    mudanas na sociedade e nos cuidados de sade (), a imagem da

    enfermagem tem variado ao longo da nossa histria. Como profisso na

    sociedade actual, a enfermagem tenta clarificar e melhorar a sua imagem, para

    que o trabalho e os profissionais possam receber um justo reconhecimento quer

    do sistema de cuidado de sade quer da sociedade em geral.

    Consequentemente, o cuidado na rea de enfermagem resulta da convergncia

    entre as aces profissionais ao bem-estar do indivduo, efectivando-se por meio de

    atitudes intuitivas e cognitivas advindas ate mesmo de outras cincias.

  • 20

    Crivaro et al (2007, p.249) afirmam que:

    A enfermagem, ento passa por profundas mudanas, buscando uma outra

    maneira de cuidar. Procura se afastar do assistencialismo e vislumbra um novo

    horizonte repleto de possibilidades, como por exemplo, o cuidar que preserva o

    indivduo na sua singularidade, integralidade e seu contexto de vida. Para dar

    forma a esse modo de ser e agir, retoma aspectos intrnsecos, tais como a

    solicitude, a sensibilidade, o contacto, a relao teraputica, recriando seus

    contornos com o trao marcante do artista que se desdobre.

    A enfermagem, como qualquer actividade humana, possui um conjunto de ideias

    e modo de actuar que constituem o conhecimento, o saber em que se baseia sua prestao

    de servio sociedade.

    O cuidar em enfermagem, um construto articulada a realidade da assistncia,

    incorporando concepes esquecidas voltadas ao zelo e a preocupao na medida, em que

    a profisso repensa e reformula os seus conceitos, nesta viso, Crivaro et al (2007, p.249)

    defende que:

    Para que o cuidado ocorra, imprescindvel que exista um outro ser, o que

    desenvolve as situaes de cuidar. O cuidador promove o cuidado, que

    estabelea as condies para que o outro cresa, valorizando-o na expectativa

    de que se desenvolva por si mesmo, favorecendo oportunidades para

    demonstrar suas capacidades, o que pressupe envolvimento, efectividade,

    empatia, sinceridade e dedicao como parte essenciais do cuidar.

    Para fundamentar, Souza e Baptista (2005, p.269), referem que o cuidar de

    enfermagem consiste na essncia da profisso e pertence a duas esferas distintas: uma

    objectiva, que se refere ao desenvolvimento de tcnicas e procedimentos, e uma

    subjectiva, que se baseia em sensibilidade, criatividade e intuio para cuidar de outro

    ser.

    Sendo a enfermagem, uma profisso necessita sistematizar o seu prprio

    conhecimento para melhorar o desempenho e para formar novos enfermeiros e fazer a

    continuao contnua dos existentes.

    1.2 A Rubola e a Gestao

    A Rubola uma doena, de etiologia Vral, que apresenta alta contagiosidade.

    Tem como agente infeccioso um vrus pertencente ao gnero Rubivirus, famlia

    Togaviridae (Brasil, 2005, p.69). Porm, na viso de S, GR et al, (2006, p.96),

  • 21

    considerada benigna na infncia. Quando acomete crianas ou adultos, geralmente

    apresenta manifestaes clnicas discretas, sendo assintomtica em 25 a 50% dos casos.

    Toscano e Kosim (2003, ps15-17) sublinham que:

    A Rubola uma doena muito contagiosa, provocada por um vrus que

    atinge principalmente crianas e provoca febre e manchas vermelhas na pele,

    comeando pelo rosto, couro cabeludo e pescoo e se espalhando pelo tronco,

    braos e pernas. transmitida pelo contacto directo com pessoas

    contaminadas. A importncia do controle e erradicao da Rubola esta

    relacionada, em sade publica aos efeitos teratogenicos que podem ocorrer

    quando a infeco adquirida nos primeiros meses da gravidez. A sndrome da

    Rubola Congnita uma importante causa de cegueira, surdez, doena

    cardaca congnita e retardo mental.

    Richttman (2008, p.24), considera que, a Rubola quando contrada durante o

    primeiro trimestre da gestao, representa alto risco ao feto.

    A transmisso vertical pode determinar a Sndrome da Rubola Congnita

    (SRC), que directamente proporcional a poca em que ocorreu a infeco materna.

    Quanto mais precoce for o perodo gestacional no momento da infeco, maior a

    probabilidade de acometimento fetal, (Ibidem).

    Segundo Dias et al (2008, p.58), a infeco do concepto pode resultar em aborto,

    nado-morto ou malformaes congnitas, no entanto certas complicaes podero

    manifestar-se tardiamente, o que se torna o diagnstico muito complexo. As ms

    formaes congnita que podem estar associadas SRC em crianas so:

    Oculares- catarata, glaucoma, retinopatia, alteraes na crnea;

    Auditiva surdez unilateral ou bilateral;

    Cardiovasculares- persistncia do canal arterial (PCA), estenose da artria

    pulmonar, estenose artica, defeitos nos septos;

    Neurolgicas - microencefalia, retardo psicomotor, meningo encefalite.

    Assim Miller et al (1982, ps13-14), evidenciam que:

    O risco de infeco fetal ocorre quando a Rubola acomete a mulher no

    primeiro trimestre de gestao, e em mdia de 81%. Porm a taxa de infeco

    fetal se reduz a metade quando a disposio ao vrus ocorre no segundo

    trimestre da gestao, no sendo ainda totalmente elucidados os mecanismos

    de teratogenecidade do vrus da Rubola. O processo comea com a infeco

    da placenta durante a viremia materna. A partir da placenta, o vrus se

    dissemina para as clulas do feto danificando-as e interferindo na diviso

    celular.

  • 22

    1.2.1 A Sndrome da Rubola Congnita

    A Sndrome da Rubola Congnita, constitui o somatrio de sinais e sintomas

    decorrentes da infeco do concepto pelo vrus da Rubola, (Costa, 2013, p.47). Assim

    quando precoce, a infeco (durante o primeiro trimestre da gestao), resulta anomalias

    de diversos rgos, sendo clssica, porm no patognomica, a trade de mal formao

    cardaca, catarata e surdez, (Ibidem).

    As consequncias da Rubola Congnita so imprevisveis e variadas, podendo

    acometer qualquer rgo, de maneira transitria ou permanente, (Neves, 2000, p.64).

    medida que o contgio atinge o concepto com idade gestacional mais

    avanada, o risco de anomalias fetais diminui. Entretanto, Anders et al, (1996, p.62)

    sublinham que ainda pode existir leses inflamatrias e degenerativas no feto,

    especialmente no sistema nervoso central e vsceras como corao, fgado e pulmes.

    Fescina et al, (2010, p.66) consideram que:

    Ainda que muitos Pases estejam caminhando para a eliminao da Rubola e

    da Sndrome da Rubola Congnita (SRC), em outros, ainda continua sendo

    um desafio. O objectivo para a erradicao do SRC, tentar garantir que toda a

    mulher em idade frtil receba a vacina Anti-Rubola antes de engravidar.

    A Sndrome da Rubola Congnita constitui importante complicao da infeco

    pelo vrus da Rubola durante a gestao, especialmente no primeiro trimestre, podendo

    comprometer o desenvolvimento do feto e provocar abortamento espontneo, natimorto

    ou nascimento de crianas com anomalias simples ou combinadas. Suas manifestaes

    clnicas podem ser transitrias (Prpura, Trombocitopenia, Hepatoesplenomegalia,

    Ictercia, Meningo encefalite, osteopatia radioluscente), permanentes (Deficincia

    Auditiva, Malformaes Cardacas, Catarata, Glaucoma, Retinopatia Pigmentar) ou

    tardias (retardo de desenvolvimento, Diabetes Mellitus). As crianas com SRC

    frequentemente apresentam sinais ou sintomas mltiplos, mas podem ter apenas um mal

    formao, sendo a Deficincia Auditiva a mais comum, (Brasil, 2005, p.2).

  • 23

    1.2.2 O Diagnostico de Infeco Materna por Rubola

    Os prdromos antecedem o quadro cutneo em 1 a 5 dias e se caracterizam pelo

    aparecimento de cefaleia, febre baixa, anorexia, conjuntivite leve, tosse e

    linfadenomegalia. O exantema tem uma distribuio centrfuga e dura de 1 a 5 dias

    podendo ser acompanhado de artralgia.

    A Rubola pode ser assintomtica em mais de 50% dos casos dos adulto

    infectados e, aproximadamente 50% dos diagnsticos clnicos, mesmo quando

    realizados por mdicos, no correspondem a infeco por este vrus, portanto o

    diagnostico deve ser sempre confirmada pela sorologia (Cooper e Prelub,

    1995, p.268).

    Alem da suspeita clnica e epidemiolgica, o diagnstico da Rubola Congnita ,

    sobretudo laboratorial.

    Para Castanho, (2013, p.54), devido ao facto da vacina ter sido constituda por

    vrus vivos, existe a preocupao com a possibilidade terica de SRC aps a

    administrao inadvertida durante a gravidez.

    O mesmo autor acrescenta que:

    na gestante, o diagnstico laboratorial feito por meio do isolamento do

    vrus ou por mtodos serolgicos para deteco de anticorpos especficos,

    sendo necessrio assegurar a colheita da amostra de sangue logo no primeiro

    atendimento. () como o diagnostico diferencial com outras doenas

    exantemticas difcil, os exames laboratoriais destacam-se pela importncia

    para a confirmao diagnostica (Ibid, p.64).

    O teste mais utilizado o ensaio imunoenzimatico (ELISA), para a deteco de

    anticorpos especficos IgM e IgG e ou pela identificao do vrus a partir de secreo da

    nazofaringe e urina, ate o stimo dia do inicio do exantema.

    1.3 O Sarampo

    De acordo com Toscano e Kosim et al, (2003, p.28):

    O Sarampo uma doena muito contagiosa, causada por um vrus que

    provoca febre alta, tosse, coriza e manchas avermelhadas pelo corpo.

    transmitida de pessoa a pessoa por tosse, espirro ou fala especialmente em

    ambientes fechados. Facilita o aparecimento de doenas respiratrias como a

    pneumonia e diarreias e pode levar morte, principalmente em crianas

    pequenas.

  • 24

    Segundo o Fundo Nacional da Sade do Brasil (FUNASA), (2002, ps728-729),

    o vrus do Sarampo pertence ao gnero Morbillivirus, famlia Paramyxoviridae, o

    homem o seu nico hospedeiro natural conhecido.

    Segundo Carneiro et al (2013: ps5-6), as manifestaes clnicas do Sarampo so

    divididas em trs perodos:

    1. Prodrmico: caracteriza-se por febre alta acima dos 38c, exantema maculo-

    papular generalizado, tosse seca irritativa, coriza, conjuntivite com fotofobia

    com durao de 1 a 7 dias;

    2. Manchas de Koplick: pequenos pontos brancos que aparecem na mucosa

    bucal, antecedendo ao exantema, com durao de 1 a 3 dias, desaparecendo

    aps o incio do exantema;

    3. Exantemtico: aparece o exantema cutneo maculo-papular de cor vermelha

    inicialmente na face (geralmente na regio retro auricular), depois se estende

    pelo tronco e membros, com durao de 4 a 6 dias.

    Carneiro et al (2013, ps5-6) acrescenta que, o perodo de incubao do

    Sarampo de 10 dias (variando de sete a 18 dias), desde a data da exposio ate o

    aparecimento da febre, e cerca de 14 dias at o aparecimento do exantema. Ainda,

    segundo o mesmo autor, (Ibid, p.15) a susceptibilidade ao vrus do Sarampo geral. Os

    lactentes cujas mes j tiveram Sarampo ou foram vacinadas possuem temporariamente,

    anticorpos transmitidos por via placentria, conferindo imunidade, geralmente ao longo

    do primeiro ano de vida, o que interfere na resposta a vacinao.

    Dados do FUNASA (2002, p.729) evidenciam que:

    O Sarampo uma doena que compromete a resistncia do hospedeiro,

    facilitando a ocorrncia de super Infeco Viral ou bacteriana, por isso so

    frequentes as complicaes principalmente nas crianas ate os dois anos de

    idade, em especial as desnutridas, e adultos jovens. A ocorrncia de febre, por

    mais de trs dias, aps o aparecimento do exantema, um sinal de alerta,

    indicado o aparecimento de complicaes, como: infeces respiratrias;

    desnutrio; doenas diarreicas, e neurolgicas.

    De acordo com Aranda et al (2000, ps13-14), o Sarampo at o final dos anos

    70, destacou-se entre as doenas infecto-contagiosas, como uma das principais causas de

    bitos, sobretudo de crianas menores de cinco anos, em decorrncia das complicaes,

    em especial a pneumonia. Porem, FUNASA (2008, p.810) considera que com a

    introduo efectiva da vacina contra o Sarampo o comportamento epidemiolgico da

  • 25

    doena vem mudando tanto nos pases desenvolvidos como aqueles em

    desenvolvimento. Ainda acrescenta que o diagnstico laboratorial realizado por meio

    da sorologia para deteco de anticorpos IgM especficos, portanto imprescindvel

    assegurar, logo no primeiro atendimento do utente, a colheita da amostra do sangue para

    a sorologia (FUNASA, 2008, p.810).

    Carneiro et al (2013, p.15) consideram que:

    No existe tratamento especfico para a infeco por Sarampo. O tratamento

    profilctico com antibitico contra indicado. O Sarampo afecta igualmente

    ambos os sexos. A incidncia, a evoluo clnica e a letalidade so

    influenciadas pelas condies socioeconmicas, o estado nutricional e

    imunitrio do doente, condies que so favorecidas pela aglomerao em

    lugares pblicas e em pequenas residncias, com grupo familiar maior que sua

    capacidade alm da promiscuidade existente em habitaes colectivas.

    Assim, a principal medida de controlo do Sarampo a vacinao dos

    susceptveis, que inclui: vacinao de rotina na rede bsica de sade, bloqueio vacinal,

    intensificao e campanhas de vacinao de seguimento, (Ibid, p.24).

    O Sarampo quando contrado durante a gravidez, h o risco de aborto

    espontneo, nado-morto, ou parto prematuro. Porm, o risco relativamente menor com

    os defeitos congnitos relativamente ao caso da Rubola.

    1.4 A Dupla Vral

    A vacina Dupla Vral uma vacina combinada, contendo vrus vivos atenuados

    em cultivo celular, que protege contra Sarampo e Rubola. Foi introduzida no Brasil

    entre 1992 e 2000 de forma gradual no calendrio bsico do Programa Nacional de

    Imunizaes (PNI, 2001, p.56).

    Os componentes da vacina so altamente imunognicos e eficazes. A proteco

    inicia-se duas semanas aps a aplicao e sua eficcia superior a 95% para Sarampo e

    Rubola. A proteco duradoura, provavelmente por toda a vida.

    Segundo a OMS (2005), a vacina combinada contra Rubola e Sarampo consiste

    num p liofilizado contendo dois antigenos: Sarampo e Rubola. O componente da

    vacina contra Sarampo e Rubola um vrus vivo atenuado. Os eventos adversos mais

    comuns so: febre, erupo cutnea, artralgias e artrites. As contra-indicaes so:

  • 26

    Antecedente de reaco analtica sistmica aps a ingesto de ovo de galinha (pois

    a vacina apresenta componentes do ovo);

    Gravidez;

    Administrao de gamaglobulina, sangue total ou plasma nos trs meses

    anteriores.

    importante ressaltar que as mulheres vacinadas devero evitar a gravidez por

    trinta dias aps a aplicao e caso ocorra a administrao de imunoglobulina humana

    normal, sangue total ou plasma nos catorze dias que se seguem vacinao, deve-se

    revacinar trs meses depois. (DGP, 2003, p.15). A via de administrao a via

    subcutnea. O esquema de vacinao por dose nica.

    1.4.1 A Vacinao

    A vacinao um recurso preventivo de extrema importncia para toda a

    populao, que confere alm da proteco individual, contra serias doenas, a proteco a

    comunidade, reduzindo a circulao de agentes infecciosos.

    De acordo com Vicente (2001, p.123):

    A vacinao o procedimento que visa a produzir anticorpos (mecanismos de defesa) no organismo, contra determinado agente infeccioso, antes que uma

    infeco seja causada por aquele agente. Dessa maneira, vale ressaltar que aps

    a aplicao da vacina e consequente produo dos anticorpos especficos, em

    caso de contacto natural com aquele agente infeccioso especfico, os anticorpos

    o neutralizaro antes que ele consiga produzir a doena.

    Uma vacina uma substncia derivada, ou quimicamente semelhante, a um

    agente infeccioso particular, causador de doena. Esta substncia reconhecida pelo

    sistema imunitrio do indivduo vacinado e suscita da parte deste uma resposta que o

    protege de uma doena associada ao agente. A vacina, portanto, induz o sistema

    imunitrio a reagir como se tivesse realmente sido infectado pelo agente.

    Dias (2008, p.59) considera que:

    A vacina altamente segura e eficaz e se apresenta na forma combinada com

    as vacinas contra o Sarampo, Rubola e a parotidite, (Dupla Vral). A grande

    preocupao em relao s mulheres que receberam a vacina inadvertidamente

    devido capacidade que o vrus da Rubola possui em atravessar a placenta e

    causar a infeco placentria, actuando como fonte de vrus para o feto.

  • 27

    Fundamentando a sua ideia, podemos dizer que a primeira resposta do sistema

    imunitrio, quer a uma vacina, quer ao agente infeccioso, em geral lenta e especfica.

    Porm, o facto de o agente no existir na vacina com capacidade para se multiplicar

    rapidamente e causar doena, d ao sistema imunitrio tempo precioso para preparar uma

    resposta especfica e memoriz-la. Toscano e Kosim (2003, p.18) consideram que no

    futuro, caso o vacinado seja realmente infectado, o sistema imunitrio responder com

    rapidez e eficcia suficiente para o proteger da doena.

    Para o avano das prticas em sade, importante que a enfermagem se

    actualize em conhecimentos, atitudes e habilidades para um bom cuidado,

    como no caso da vacinao. Nossa actuao como profissionais de

    enfermagem fundamental para efectivar o processo de armazenamento,

    conservao manipulao, distribuio e transporte dos imunobiolgicos.

    (Oliveira e Santos, 2003, p.75).

    Enfatizando a ideia, os mesmos autores analisa que a vacina considerada

    como o produto orgnico obtido a partir de pedaos de um agente infeccioso especfico,

    ou do agente morto por um tratamento qumico ou, ainda, do prprio agente aps

    tratamento por um processo que no, o mata, mas diminui sua capacidade agressiva,

    mantendo-o vivo, mas incapaz de produzir a doena (Ibidem).

    Segundo Toscano e Kosim (2003, p.10):

    A vacinao no apenas protege aqueles que recebem a vacina, mas tambm

    ajuda a comunidade como um todo. Quanto mais pessoas de uma comunidade

    ficarem protegidas, menor a probabilidade de contrair uma doena que pode

    ser erradicada por vacina.

    Ainda de acordo com os mesmos autores importante destacar que as vacinas

    no so necessrias apenas na infncia. Os idosos precisam se proteger contra gripe,

    pneumonia e Ttano, e as mulheres em idade frtil devem tomar vacinas contra Rubola e

    Ttano, que, se ocorrerem enquanto elas estiverem grvidas (Rubola) ou logo aps o

    parto (ttano), podem causar doenas graves ou at a morte dos seus bebs (Ibid, p.12).

    Desta forma importante salientar que, as mulheres em idade frtil precisam ser imunizadas principalmente contra a Rubola, pois esta doena quando

    contrada durante a gestao pode atingir o feto, que poder apresentar

    sequelas irreversveis, tais como glaucoma, catarata, malformao cardaca

    retardo no crescimento, surdez e microcefalia, entre outras. Caso a gestante no

    tenha sido imunizada anteriormente, esta dever receber a vacina aps o parto,

    porm, nos casos de Sarampo, as gestantes comunicantes, com condio

    imunitria desconhecida, devem receber imunizao passiva, (Brasil, 2001,

    p.87).

  • 28

    Os profissionais de sade, as pessoas que viajam muito e outros grupos de

    pessoas, com caractersticas especficas, tambm tm recomendaes para tomarem

    certas vacinas.

    A vacina estimula o corpo a se defender contra os organismos (vrus e bactrias)

    que provocam doenas. As primeiras vacinas foram descobertas h mais de duzentos

    anos. Actualmente, tcnicas modernas so utilizadas para prepara-los em laboratrios.

    Elas podem ser produzidas a partir de organismos enfraquecidos, mortos ou alguns de

    seus derivados, podendo ser aplicadas por meio de injeco ou por via oral.

    Toscano e Kosim (2003, p.12) consideram que, quando a pessoa vacinada,

    seu corpo detecta a substncia da vacina e produz uma defesa, os anticorpos. Esses

    anticorpos permanecem no organismo e evitam que a doena ocorra no futuro. Isso se

    chama imunidade.

    Rocha (2003, p.12), reala que:

    evidente a importncia das vacinas, consideradas umas dos principais

    avanos na sade pblica mundial, pois, provavelmente, salvam muito mais

    vidas do que qualquer outro tipo de medicamento. As vacinas protegem

    milhes de pessoas contra a dor, sofrimento e mesmo incapacitao

    permanente, reduzindo, assim, a velocidade de disseminao da doena.

    Citando o mesmo autor convincente ressaltar que o atendimento s chamadas

    do Ministrio da Sade para as campanhas de vacinao, pois uma campanha de

    vacinao significa a necessidade imediata de controlo epidemiolgico de uma ou mais

    doenas imunopreveniveis (Ibidem).

    Desse modo, significante salientar que o carto de vacinas de direito do

    indivduo vacinado e no deve, em hiptese alguma, ser retido por quaisquer motivos ou

    servios. Ele um documento fundamental e isso deve ser sempre orientado aos

    vacinados e/ou seus responsveis.

    O objectivo final da vacinao, ou seja, da administrao de um imunobiologico,

    no apenas a proteco do indivduo contra determinada doena, ou seja, no

    somente possibilitar a imunidade individual (Toscano e Kosim, 2003, p.13). Na verdade,

    a vacinao realizada pela rede de servios pblicos de sade, busca principalmente,

    produzir imunidade colectiva, o que vai permitir o controlo, a erradicao ou a

    diminuio e controle de vrias doenas.

  • 29

    Compete aos profissionais de sade, em particular aos enfermeiros o

    cumprimento do PNV. Para isso necessrio aproveitar todas as oportunidades de

    vacinao para sensibilizar, para a sua importncia. Porm a populao tem de estar

    receptvel e tomar as necessidades de se proteger contra as doenas, (DGS, 2006, p 61).

    Castillo et al, (2003, p.69) fundamentam que:

    Desde 1999, com o objectivo de acelerar o controlo da Rubola e a preveno

    da Sndrome da Rubola Congnita (SRC), e como parte do programa

    ampliado de imunizaes para as Amricas, vrios pases desencadearam

    campanha de vacinao em massa para a populao feminina de 12 a 39 anos,

    ou para ambos os sexos, de 5 a 39 anos sendo esta estratgia considerada a

    mais eficiente para a interrupo da transmisso de vrus da Rubola.

    A vacinao de rotina permitiu alcanar coberturas de vacina elevada na

    populao de 1 a 11 anos, deslocando a transmisso do vrus selvagem para os adultos

    jovens susceptveis, a semelhana do que ocorreu nos Pases Europeus e nos EUA,

    (WHO, 2000).

    Benefcios da vacinao

    Segundo a Organizao Mundial da Sade (OMS), os benefcios da vacinao

    englobam:

    Controlo de doenas;

    Poupanas para o sistema de sade e para a sociedade;

    Previne o desenvolvimento de resistncia a antibiticos;

    Oferece proteco aos viajantes comunidades migrantes;

    Promove o crescimento econmico.

    1.4.2 A Imunizao

    Imunizao o processo de induzir imunidade artificialmente e que pode ser

    obtido tanto pelo uso de vacinas como pelo uso de toxodes, que seriam responsveis pela

    imunizao activa.

    Para Carvalho, (2008, p.8):

    A Imunizao o processo de induzir artificialmente e que pode ser obtido

    tanto pelo uso de vacinas como pelo uso de toxodes, que seriam responsveis

    pela imunizao activa. Existe tambm a imunizao passiva que ocorre quanto

  • 30

    administramos os anticorpos contra as doenas. Do mesmo modo, na

    imunizao activa o organismo estimulado a produzir anticorpos e deflagra

    respostas imunes celulares mediadas por linfcitos T. Na imunizao passiva

    artificial ocorre uma proteco temporria atravs da administrao de

    anticorpos exgenos (imunoglobulinas). A imunizao passiva natural consiste

    na passagem de anticorpos por via transplacentaria para o feto do tipo IgG.

    Assim Grossman et al (2004, p.611), fundamentam que:

    A imunizao ativa resulta na produo de anticorpos dirigidos contra o

    agente infeccioso ou contra seus produtos txicos; alm disso, pode iniciar uma

    resposta celular mediada por linfcitos e macrfagos. Os anticorpos protetores

    mais importantes incluem os que inativam produtos proteicos txicos solveis

    de bactrias (antitoxinas), os que facilitam a fagocitose e a digesto intracelular

    de bactrias (opsoninas), os que interagem com os componentes do

    complemento srico para lesar a membrana bacteriana e, assim, provocar

    bacterilise (lisina) ou os que impedem a proliferao de vrus infecciosos

    (anticorpos neutralizantes).

    O Programa Nacional de Imunizao, (PNI), foi institudo em 1973 pela

    Fundao Nacional de Sade (FUNASA). De acordo com o manual de normas de

    vacinao (Brasil, 2001 p. 53), o PNI tem por objectivos: controlar a manuteno de

    estado de erradicao das doenas, contribuir para o controlo de outros agravos e

    coordenar o suprimento e a administrao de imunobiolgicos indicados para situao ou

    grupos populacionais especficos da cada doena/patologia.

    Conforme Toscano e Kosim (2003, p.14):

    As vacinas podem ser aplicadas por meio de injeco ou por via oral (pela

    boca). Quando a pessoa vacinada, seu corpo detecta a substncia da vacina e

    produz uma defesa, os anticorpos. Esses anticorpos permanecem no organismo

    e evitam que a doena ocorra no futuro. Isso se chama imunidade, assim

    Segundo Macedo et al, a imunizao se reveste de particular interesse, pois

    considera o perfil epidemiolgico das localidades, constituindo as vacinas

    benficas e de baixo custo um dos factores associados reduo da

    morbilidade e da mortalidade infantil.

    Com o desenvolvimento da cincia, a enfermagem veio a surgir para dar

    resposta s vrias necessidades ou demandas, que os seres humanos precisavam para

    manter a sade e recuperar da doena.

    Pereira e Barbosa, (2007, ps76-88) define que:

    A enfermagem exerce papel fundamental em todas as aces de execuo do

    programa Nacional de Imunizaes e tem como responsabilidades orientar e

    prestar assistncia ao usurio com segurana, responsabilidade e respeito.

    Provendo periodicamente as necessidades de material e imunobiolgicos,

    mantendo as condies ideais de conservao de imunobiolgicos e os

    equipamentos em boas condies de funcionamento, acompanhando as doses

    de vacinas administradas de acordo com a meta, buscando faltosos, realizando

  • 31

    avaliao e acompanhamento sistemtico das coberturas vacinais e buscando

    periodicamente actualizao tcnico-cientfica.

    De acordo com o PNI, a capacitao de recursos humanos faz parte das

    estratgias para o aperfeioamento do programa, assim como a cooperao tcnica, a

    superviso, o monitoramento e a avaliao das actividades que envolvem os

    imunobiolgicos em mbito federal, estadual e municipal.

    Segundo relatrio publicado em 2004 pela OMS, a imunizao representa uma

    das medidas chave em sade para que atinja essa meta, uma vez que aproximadamente

    um quarto da taxa de mortalidade de crianas menores de cinco anos de idade em 2002

    foi atribudo a doenas imunoprevenveis.

    Os programas de imunizao devem zelar pela aquisio de vacinas seguras e

    eficazes e so os profissionais de sade, responsveis pela execuo das aces de

    imunizao, que devem estar preparadas para atender a quaisquer questionamentos e ou

    preocupaes da populao.

    Actuao do profissional de enfermagem nas suas diversas categorias tem uma

    relao directa com o sucesso ou insucesso das actividades do PNI. Esses profissionais

    alm de actuarem directamente na rea de vacinao, tambm devem ser agentes

    multiplicadores da importncia e necessidade desta actividade na rotina dos servios de

    sade.

  • 32

    1.5 Avaliao Imunolgica da GVI para decidir Pelo Acompanhamento4

    1. IGM (Imunoglobulina Classe M), positivo (independentemente do IgG): a grvida

    ser acompanhada e a colheita de sangue do RN obrigatrio aps o nascimento,

    preferencialmente na maternidade.

    2. IgM negativo considerar a IgG: Se IgG (-), caso a colheita ocorre ate 45 dias aps a

    data da vacinao, realizar a segunda amostra de sangue. O intervalo entre a

    primeira e a segunda amostra de sangue devera ser de 20 a 30 dias.

    Se IgG (Imunoglbulina de classe G), positivo a grvida no dever ser

    acompanhada, gestante imune ou seja caso encerrado.

    Resultados da segunda colheita/amostra:

    1. Se IgM negativo a grvida ser acompanhada e a colheita de sangue do RN

    obrigatria aps o nascimento, preferencialmente na maternidade.

    2. Se IgM negativo e IgG negativo a grvida no ser acompanhada, porem devera

    receber a vacina Dupla Viral imediatamente aps o parto ou aborto. Grvida

    susceptvel, devendo ser vacinada no ps-parto.

    Segundo o Ministrio de Sade de Cabo Verde, as Grvidas Vacinadas

    Inadvertidamente detm os seguintes objectivos do acompanhamento:

    1. Investigar o perfil serolgico e acompanhar todas as grvidas vacinadas

    inadvertidamente (GVI) durante a campanha de vacinao contra a Rubola e

    mulheres que engravidaram dentro de 30 dias aps a vacinao;

    2. Acompanhar, avaliar e classificar o recm-nascido das GVI segundo a definio

    de infeco congnita por Rubola (IRC) e Sndrome da Rubola Congnita

    (SRC).

    4 Dados do Ministrio de Sade de Cabo Verde, 2013

  • 33

    O Algoritmo do Acompanhamento das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente

    Figura 1 - Algoritmo do Acompanhamento das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente

    Fonte: Ministrio de Sade. (2013, p.3), Praia, Cabo Verde

  • 34

    1.5.1 Conduta Diante da Notificao do RN

    De acordo com informaes do ministrio da Sade de Cabo Verde (2013, p.7),

    diante da notificao do RN, destacam-se as seguintes condutas:

    Preencher a ficha de notificao do RN pelo profissional de sade do local da

    assistncia ao parto.

    Recolher, de preferncia ate 30 dias aps o nascimento, uma amostra de sangue do

    RN para pesquisa de anticorpos IgM e IgG especficos para Rubola

    Encaminhar a amostra ao laboratrio para pesquisa de anticorpos especficos IgM e

    IgG, com a ficha de notificao.

    Enviar a ficha de notificao do RN para o servio de vigilncia epidemiolgica do

    Ministrio de Sade.

    Fazer avaliao clnica do RN e manter o acompanhamento em consultas de

    pediatria ate que os resultados de exames serolgicos sejam divulgados e

    analisados.

  • 35

    Seguimento do RN das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente

    Figura 2 - Seguimento do RN das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente

    Fonte: Ministrio de Sade. (2013, p.7), Praia, Cabo Verde

    1.5.2 Definio de Caso da SRC

    Toda criana menor de um ano que apresentar catarata congnita unilateral ou

    bilateral e/ou glaucoma congnita e/ou dfice auditivo e/ou malformao cardaca

    (persistncia do canal arterial, estenose artica, estenose da artria pulmonar e cardiopatia

    no especificada) associadas ao vrus da Rubola, (Ministrio Sade de Cabo Verde,

    2013, p 9).

  • 36

    1.6 Calendrio de Vacinao Recomendado para Grvidas em Cabo Verde

    Quadro 1 - Calendrio de Vacinao para as Grvidas em Cabo Verde

    Doses Intervalos Mnimos

    TT 1 ou Td 1 No primeiro contacto ou mais cedo possvel durante a gravidez

    TT2 ou Td 2 Intervalo mnimo de quatro semanas aps a primeira dose

    TT3 ou Td 3 De seis a doze meses aps a segunda dose ou durante uma

    gravidez posterior

    TT4 ou Td 4 De um a cinco anos aps a terceira dose ou durante uma gravidez

    posterior

    TT 5 ou Td 5 De um a 10 anos aps uma quarta dose ou durante uma gravidez

    posterior

    Fonte: eliminacion del ttanos neonatal. (2005). Guia prtica: publicao cientfica. 2 Edio.

    Os principais objectivos da vacinao, na gestante, so a proteco da mulher

    grvida, livrando-a de doenas e complicaes da gestao, e a proteco do

    feto, recm-nascido e/ou lactente, favorecendo-o com anticorpos para que

    possa resistir a infeces devido baixa resistncia do sistema imunolgico.

    Os clnicos gerais obstetras e enfermeiros esto habilitados para rever o estado

    de imunizao e recomendar estratgias de vacinao para as gestantes no

    imunizadas ou com atraso vacinal. (Santos e Albuquerque, 2005,

    p.195).

    A vacina antitetnica nas gestantes tem como finalidade a erradicao dos casos

    de Ttano Neonatal. Contudo, ainda uma meta a ser alcanada, pois alguns municpios

    Brasileiros ainda apresentam risco para esta patologia. Uma vez, que a imunidade s

    adquirida atravs da vacinao, de grande relevncia a aderncia desta prtica (Vieira;

    Oliveira; Lefvre, 2006, p.195).

    Embora no existam indcios de efeitos teratogenicos produzidos pela vacina,

    recomenda-se administrar as doses de reforo depois do quarto ms de gestao e no

    mnimo um ms antes da data prevista do parto, (Fescina et al, 2008, ps64-65).

    Aps as duas doses consegue em todas as pessoas uma eficcia contra o

    Ttano de 80 a 90 %, durante um mnimo de trs anos, eficcia que se eleva

  • 37

    quase a 100% e provavelmente para toda a vida, se tiverem sido recomendada

    as cinco doses recomendada, apenas uma dose de TT aplicada a mulher durante

    a gravidez, comprovou a sua eficcia na preveno do Ttano neonatal em

    80%, (Ibidem).

    1.7 Educao Para Sade e a Vacinao

    Educao e sade so lugares de produo e utilizao de saberes necessrias ao

    desenvolvimento humano.

    Desde a promoo da sade at a emergncia mdica, passando pelos aspectos

    relacionados com a preveno da doena, onde se inclui a vacinao, a sade uma

    responsabilidade partilhada por diversos actores sociais onde existe um lugar de destaque

    para o utente e o enfermeiro.

    As aces de promoo para sade podem situar-se no campo das estratgias

    passivas ou activas de promoo de sade.

    De acordo com Aboim, (2005, p.85), a educao em sade , tambm, um

    campo multifacetado, onde afluem concepes, quer da rea da educao, quer da rea da

    sade, onde se reflectem divergentes percepes que podem ser limitadas por vrias

    posies polticas e filosficas sobre o homem e a sociedade.

    dever do enfermeiro frisar a promoo da sade e mobilizar actividades de

    preveno da doena, como forma importante dos cuidados prestados. A rea de

    vacinao pode e deve ser palco destas iniciativas.

    Potter e Perry (2006, p.7) reala que:

    As aces de preveno da doena, como os programas de vacinao,

    protegem os utentes de ameaas, reais ou potenciais, a sua sade (), as

    aces de promoo da sade motivam as pessoas a actuarem positivamente,

    para alcanarem nveis de sade mais estveis (), cada vez mais os cuidados

    de sade tem o seu destaque na promoo da sade, no bem-estar e na

    preveno da doena.

    De entre todos os profissionais de sade, o enfermeiro tem um papel

    fundamental na implementao do PNV na populao e na preveno das doenas. da

    sua competncia:

    () divulgar o programa, motivar as famlias e aproveitar todas as

    oportunidades para vacinar as pessoas susceptveis, nomeadamente atravs da

  • 38

    identificao e aproximao a grupos de imigrantes ou outros, com o menor acesso a

    servios de sade () (DGS, 2006, p.63).

    O regulamento profissional de Enfermagem (REPE) considera que o enfermeiro

    um profissional habilitado com um curso de enfermagem legalmente reconhecido, a

    quem foi atribudo um ttulo profissional que reconhece competncias cientficas e

    humanas para a prestao de cuidados de enfermagem gerais ao indivduo, famlia,

    grupos e comunidade aos nveis de preveno primria, secundria e terciria.

    Diante do exposto, torna-se necessrio que o profissional de enfermagem, nas

    suas diversas categorias, esteja devidamente qualificado para a promoo da sade,

    atravs de educao em sade, tanto individual quanto colectiva. Para tanto,

    importante que os mesmos estejam sempre actualizados, uma vez que a vacinao um

    tema que est em constante processo de mudana e inovaes por ocasio das

    descobertas tecnolgicas, (Cavalcante, 2007, ps13-14).

    A educao para a sade assume, assim, um aspecto essencial, no desempenho

    de todos os profissionais. Para Redman (2001, p 4), a educao para sade efectuada

    segundo um processo de diagnstico e interveno, que envolve vrias etapas.

    Primeiro necessrio avaliar as necessidades de aprendizagem e a motivao do

    indivduo para aprender, estabelecendo metas em conjunto. Posteriormente planeada a

    interveno sendo o ensino-aprendizagem efectuado de acordo com as necessidades

    diagnosticadas. A avaliao a etapa que permite verificar se as metas esto a ser

    atingidas e ocorre ao longo de todo o processo.

    Desde o primeiro contacto com o utente o enfermeiro deve verificar com este, o

    seu esquema vacinal, verificar o porque da no adeso vacinao e aproveitar esse

    momento para vacinar. A elaborao de programas de preveno da doena atravs da

    convocao da populao e do esclarecimento necessrio face a dvidas apresentadas,

    prestam a informao complementar que julgam necessria para estimar a adeso

    vacinao e administrar vacinas. Pois, qualquer adiamento da vacinao constitui uma

    oportunidade perdida da vacinao, que pode vir a resultar em mais uma pessoa no

    vacinada (DGS, 2006).

    Numa perspectiva de promoo de sade, o aconselhamento assenta numa

    vertente da educao para a sade vocacionada para motivar a adopo de mudanas

  • 39

    voluntrias de comportamento com impacto positivo na sade (Greene e Kreuter, 1999,

    p.195).

    A promoo de sade, como uma das estratgias de produo de sade, contribui

    para a edificao de prticas que possibilitam responder s necessidades sociais em

    sade. As campanhas de informao e de educao para a sade so necessrias para

    permitir mulher reconhecer os sinais de complicaes, incentivando-a a adoptar

    comportamentos saudveis antes, durante e aps a gravidez e o parto (OMS, 1997,

    p.47).

    Drulhe (1996, p.62) destaca que o direito sade carece de ser, substitudo por

    uma obrigao moral que preserve a sua prpria sade, o que implica o direito a receber

    apoio sob forma de informao e criar condies de acesso a servios de sade de

    qualidade.

    A Carta de Ottawa (1986)5 , sem dvida, um dos documentos fundamentais dos

    movimentos de promoo de sade. Actualmente, a educao para a sade no tem,

    somente, como propsito a modificao de comportamentos e de hbitos relacionados

    com problemas de sade, aponta, tambm, para uma maior responsabilidade individual e

    colectiva no que diz respeito sade e ao bem-estar. O crescente desenvolvimento

    cientfico e tecnolgico tem exigido das enfermeiras um aperfeioamento constante que

    inclua os saberes oriundos de outras reas do conhecimento. A enfermagem foi

    conquistando progressivamente o seu espao e ao ser integrado no Sistema Educativo

    Nacional passou a ser socialmente reconhecida (Ferreira, 2003, p.88). Por outro lado,

    constata-se que, nos ltimos anos, o ensino de enfermagem especializada tem

    acompanhado uma importante viragem mundial na rea da sade que se traduz numa

    perspectiva valorizadora da sade na comunidade.

    5 A Carta de Ottawa um documento apresentado na Primeira Conferncia Internacional sobre Promoo

    da Sade, realizado em Ottawa, Canad, em Novembro de 1986. Trata-se de uma Carta de Intenes que

    busca contribuir com as polticas de sade em todos os pases, de forma equnime e universal.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_Internacional_sobre_Promo%C3%A7%C3%A3o_da_Sa%C3%BAdehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_Internacional_sobre_Promo%C3%A7%C3%A3o_da_Sa%C3%BAdehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ottawahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1http://pt.wikipedia.org/wiki/1986

  • 40

    1.8 A Situao Epidemiolgica do Sarampo e da Rubola em Cabo Verde

    No obstante o perfil epidemiolgico que o pas enfrenta, onde as doenas

    transmissveis tendem a superar, em frequncia a gravidade, as doenas infecto

    contagiosas, a necessidade de erradicar doenas como a Rubola e o Sarampo, tem sido

    reconhecido cada vez mais como prioridade de sade pblica, (Ministrio de Sade,

    2013, p.27).

    Cabo Verde viveu uma epidemia de Sarampo em1997-1998 que afectou todas as

    ilhas do Arquiplago sendo que foi notificado um Total de 8.873 casos e 49 bitos.

    Tambm em 2008/2009 o pas voltou a viver uma outra epidemia desta vez da Rubola

    que se estendeu a todas as ilhas tendo sido notificados 9.578 e 11.329 casos suspeitos

    respectivamente, de fcil transmisso, atravs de contacto, por via respiratria,

    grave nas mulheres grvidas, no primeiro trimestre de gestao, capaz de provocar morte

    fetal e m formao. Como consequncia dessa epidemia foram notificados um total de

    61 casos do Sndrome de Rubola Congnita (SRC), dos quais 20 caso oftalmolgico

    grave, 8 casos de cardiopatia congnita (HBS, 2010), interrupes voluntrias de

    gravidez, nados mortos, abortos espontneos, baixo peso ao nascer, partos prematuros,

    entre outros (Ministrio de Sade Cabo Verde, 2013, p.13). No entanto o

    acompanhamento das grvidas vacinadas inadvertidamente (GVI) ou de mulheres que

    engravidaram no perodo de 30 dias aps serem vacinadas fundamental para o controle

    e segurana destas grvidas e dos recm-nascidos. Alm do que importante se

    consolidar a segurana da vacina contra Rubola, (Ibidem).

    Assim, cientes da importncia da campanha nacional de vacinao contra a

    Rubola e o Sarampo, considerou-se oportuno abordar nesta edio a relevncia da

    vacinao na erradicao da Rubola e Sarampo, bem como as reaces adversas mais

    frequentes (Ministra de Sade, 2013, S/p).

    No pas, apesar da evoluo positiva e sustentada das taxas de cobertura

    vacinal onde, no caso do Sarampo passou de 94,2% em 2009 para 96,6% em 2011, a sua

    eliminao representa uma oportunidade impar de afastar do nosso pas estas doena de

    envergadura global, (Ibidem).

  • 41

    CAPTULO II

    OS PROCEDIMENTOS METODOLGICOS DA

    INVESTIGAO

  • 42

    2. EXPLICAO METODOLGICA

    Este captulo baseia-se na explicao metodolgica, da investigao em estudo,

    de modo a responder a questo formulada. Para a elaborao de um trabalho cientfico,

    este requer uma metodologia de modo a facilitar o pesquisador a alcanar os objectivos

    proposto e descrever como a pesquisa ser realizada.

    Para Quivy e Campenhout, (1998, p.12):

    Um trabalho de natureza cientfica requer a definio e a explicao prvia

    dos procedimentos metodolgicos de modo a orientar os passos do pesquisador

    e a facilitar a compreenso do processo por parte daqueles que cessaro o

    resultado do esforo empreendido ou mesmo que pretendem percorrer

    caminhos semelhantes ou no.

    Nesta ptica, Fortin, (2003, p.254), salienta que a fase metodolgica, diz

    respeito s etapas no decurso das quais foram tomada pelo investigador sobre a matria

    de responder as questes de investigao. Assim, Polit (2004, p.165), defende que

    nesta fase desenvolvido o desenho da investigao, onde o investigador planeia e

    adopta estratgias para desenvolver informaes precisas e interpretveis.

    Para fundamentar, Denker, (2001, p.18) afirma que:

    Refere que a metodologia a maneira correcta como se busca o conhecimento

    e o que fazemos para atingir esse conhecimento de maneira racional e eficiente,

    est relacionada com os objectivos e a finalidade do projecto e deve descrever

    todos os passos que sero dados para atingir o objectivo proposto.

    Nesta linha de ideias, Fortin (2003, p.40), salienta que no decurso da fase

    metodolgica o investigador determina o mtodo que utilizar para obter as respostas, as

    questes de investigao colocadas ou as hipteses formuladas. Quando se investiga

    um problema a escolha e o tipo de estudo bastante importante pois descreve a estrutura

    a utilizar para atingir os objectivos (Ibid, p.40).

    2.1 Tipo de Estudo

    Para Sterubert e Carpenter, (2006, p20), a escolha do mtodo de estudo

    depende da questo que est a ser colocada.

    Para a elaborao do presente trabalho a metodologia pretendida o mtodo

    descritivo com abordagem qualitativa, do mesmo modo Fortin (2000, p.28) explica que

    alm de possibilitar a obteno de dados descritivos mediante contacto directo com os

  • 43

    sujeitos do objecto de estudo, permite entender os fenmenos, segundo a perspectiva dos

    participantes da situao estudada e, a partir da, o pesquisador consegue estabelecer a

    sua interpretao e descrever os factos estudados,

    Optou-se pelo mtodo de abordagem qualitativa pois uma metodologia que

    serve para compreender o sentido da realidade social na qual se inscreve a aco, tem

    por objectivo chegar a uma compreenso alargada dos fenmenos, onde o investigador

    observa, descreve e aprecia o meio e o fenmeno tais como se apresentam, (Prodanov e

    Freitas, 2013, p.85).

    Na perspectiva de Fortin (2000, p.263):

    O mtodo de investigao qualitativo implica o interesse de uma

    compreenso absoluta e ampla do fenmeno a estudar. O investigador observa,

    descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenmeno tal como se apresentam,

    sem procurar control-los. A abordagem qualitativa pretende descrever ou

    interpretar mais do que avaliar.

    De acordo com a mesma autora, (1999, p.22), o mtodo de investigao

    qualitativa, observa, descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenmeno tal como se

    apresenta, sem procurar controla-los.

    Relativamente a isto, Sousa e Baptista, (2011, p.57) afirmam que:

    A metodologia qualitativa traz como vantagem do mtodo qualitativo o

    seguinte: possibilidade de gerar boas hipteses de investigao, devido ao facto

    de se utilizarem tcnicas como: entrevistas detalhadas, observaes

    minuciosas, e anlise de produtos escritos (relatrios, testes, composies). No

    entanto convm realar as desvantagens do mtodo em estudo, nomeadamente:

    existe problemas de objectividade que podem resultar da pouca experincia, da

    falta de conhecimentos e da falta de sensibilidade do investigador.

    Este estudo descritivo, a partir do ponto que identifica, compreende e descreve

    os procedimentos adoptados pelos Enfermeiros na assistncia as grvidas vacinadas

    inadvertidamente com a Dupla Vral. Fortin (1999, p.162) refora que o objectivo do

    estudo descritivo consiste em descriminar os factores determinantes ou conceitos que,

    eventualmente possam estar associados ao fenmeno em estudo.

    Para Rudio (2008, p.55) a questo fundamental na pesquisa descritiva que

    nesta modalidade o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade sem nela

    interferir para modifica-la.

    Optou-se inicialmente por fazer o levantamento em fontes bibliogrficos como

    livros, revistas, artigos, dissertaes e documentos na internet.

  • 44

    Conforme Marconi e Lakatos (2008, p.188)

    A pesquisa de campo aquela utilizada com o objectivo de obter informaes

    e ou conhecimento acerca de um dado problema, para a qual procura-se um

    resposta, ou hipteses, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos

    fenmenos ou ralaes entre eles. Consiste na observao de factos e

    fenmenos tal como ocorrem espontaneamente, na colecta de dados a eles

    referentes e no registo de variveis que se presume relevantes, para analisa-

    los.

    O presente estudo foi desenvolvido no Centro de Sade Reprodutiva da Bela

    Vista uma vez que todas as gestantes so encaminhadas a esse Centro a partir das trinta e

    seis (36) semanas de gestao sobretudo as que apresentam gravidez de risco. Para a

    autorizao da pesquisa foi necessrio uma Declarao da Coordenadora do Curso para

    Autorizao de recolha de dados, (anexo I).

    Procura-se desenvolver uma pesquisa baseada em observaes e, uma entrevista

    as grvidas do centro, do tipo semi-aberta de modo a conceder uma abertura as

    entrevistadas para expressar. Para ter acesso a esse meio foi necessrio, a realizao de

    um requerimento de autorizao para recolha de dados e o mesmo foi autorizado, pela

    directora do CSRBV. (Anexo II).

    2.2 Contextualizao e Caracterizao do Campo Emprico

    Tendo em conta a natureza desta pesquisa, considera-se pertinente esclarecer o

    meio em que este se desenvolveu. Assim segundo Fortin (2003, p.123), () os estudos

    conduzidos fora dos laboratrios tomam o nome de estudo em meio natural.

    O campo emprico apresentado corresponde o local onde foi realizado o estudo.

    A opo foi o Centro de Sade Reprodutiva da Bela Vista (CSRBV), fica situado na zona

    de Bela Vista, na ilha de So Vicente em Cabo Verde. um Centro de referncia com

    maior afluncia de grvidas e de outros utentes que procuram um servio diferenciado e

    nessa ptica esse foi o motivo da escolha.

    De acordo com o resumo do folheto informativo dos 35 anos do CSRBV, em

    1975 foi feito um trabalho de sensibilizao da populao na Zona de Bela Vista e

    arredores (ilha de S. Vicente) para a promoo e proteco da sade da me e da criana

    e planeamento familiar com o apoio dos servios dos assuntos sociais, Comisso para a

  • 45

    Organizao das Mulheres de Cabo Verde (COMCV) e de dois mdicos de servios de

    sade.

    Com a visita de tcnicos da Radda Barnen, da Sucia, as instalaes do CSRBV,

    seguida da visita a Sucia, de tcnicos nacionais ligados ao projecto, viria a surgir em

    1977 o Projecto de Proteco Materno-Infantil e Planeamento Familiar (1977-1990),

    financiado pela organizao no-governamental Sueca e que rapidamente se estendeu a

    todos os concelhos do pas, garantindo a proteco das mulheres e das crianas, incluindo

    ao acesso ao planeamento familiar.

    Na sequncia da realizao da conferncia internacional para o

    desenvolvimento, no Cairo em 1994, Cabo Verde adoptou a sade reprodutiva como um

    dos programas de sade de maior sucesso, garantindo o direito universal sade

    reprodutiva, que contribui para a melhoria da performance do pas em matria de

    indicadores de sade, sobretudo nos que se refere a reduo das taxas de mortalidade

    infantil. Em 2000 houve uma assuno, por parte do Governo do projecto PMI/PF com a

    sua integrao nos servios de sade.

    Em 2001 aconteceu a transio do Programa de Proteco Materno-Infantil e

    Planeamento Familiar (PMI/PF), para o Programa Nacional De Sade Reprodutiva

    (PNSR).

    O PNSR um programa da Direco Geral da Sade, do Ministrio da Sade de

    Cabo Verde, que visa promover o bem-estar geral, fsico, mental e social da pessoa para

    tudo o que diz respeito ao aparelho genital, suas funes, seu funcionamento e no

    somente ausncia de doena onde de uma forma geral o CSRBV tem tido uma enorme

    importncia.

    Segundo o Ministrio de Sade (2001, S/p), os componentes do PNSR e os

    servios prestados no CSRBV so:

    Maternidade sem risco - aconselhamento e consulta pr-concepo, vigilncia pr-

    natal, promoo do aleitamento materno exclusivo;

    Promoo e vigilncia do crescimento infantil, preveno por vacinao e Ateno

    Integrada s Doenas de Infncia (AIDI);

    Planeamento Familiar que abrange mulheres e homens na fase reprodutiva da vida:

    15 a 49 anos de idade e 15 a 59 anos respectivamente;

  • 46

    Contracepo e preveno da gravidez precoces e das indesejadas;

    Preveno e tratamento da Infertilidade;

    Preveno, atendimento e seguimento dos abortos e suas complicaes;

    Preveno e luta contra Infeces Sexualmente Transmissveis (IST) e VIH/SIDA;

    Preveno e tratamento dos Cancros da mama, do colo uterino e da prstata;

    Preveno e tratamento da disfuno sexual, das complicaes da menopausa e

    andropausa;

    Preveno e medidas contra a violncia fsica e sexual;

    Educao para Mudana de Comportamento (EMC) - visando a adopo de estilos

    de vida saudveis, a sexualidade humana (incluindo o aparelho genital e as

    alteraes fisiolgicas que ocorrem ao longo da vida), a maternidade e a

    paternidade responsveis, as questes de gnero e promoo da auto afirmao da

    Mulher o envolvimento e a responsabilizao dos Homens em SR.

    2.2.1 Organizao funcional do CSRBV

    O CSRBV trata-se de uma Instituio que presta servios de sade ateno

    bsica como Pr-natal, Ps-Parto, Planeamento Familiar, Exame de Citologia, consultas

    Mdicas, de Enfermagem, consultas de Nutrio, consultas de Psicologia, consultas de

    Fonoaudiologia, consultas de Sade Infantil, Atendimentos de Reabilitao Infantil.

    De acordo com o Plano Nacional de Sade de Cabo Verde (2001: S/p) () um

    Centro de Sade uma unidade Bsica do Servio de Sade que constitui como primeira

    responsvel pela Promoo e melhoria dos nveis de sade da populao onde est

    inserida. Tem como misso: Promoo, Preveno, Diagnstico, Tratamento e

    Reabilitao.

    O Centro encontra-se estruturado da seguinte forma:

    A Seco Maternal integrando o laboratrio para anlises de Citologia;

    A Seco Jovem; A Seco Infantil; O Servio de Nutrio;

    A Seco de Reabilitao Infantil integrando os servios de Psicologia, de

    Fonoaudiologia e de Fisioterapia;

    Secretaria; Gabinete da Directora do Centro; Copa;

  • 47

    Lavandaria;

    Um Depsito contendo arcas para armazenamento das vacinas;

    Uma casa de banho para utentes; Um pequeno depsito para stock de materiais

    logsticos, definido por Fernandes, (1981, p.1), como uma certa quantidade de

    itens mantidos em disponibilidade constante e renovados permanentemente, para

    produzirem lucros ou servios ().

    Seco Maternal: Comportando trs gabinetes mdicos, trs gabinetes de

    enfermagem, uma sala de apoio para pequenos procedimentos invasivos, um laboratrio

    para a realizao das citologias, uma sala ginecolgica, uma sala de recepo, duas casas

    de banho, devidamente equipadas, sendo uma para utentes e outra para os trabalhadores e

    um quarto pequeno para stock de materiais.

    Actividades desenvolvidas: Consultas Mdicas e ginecolgicas; Consultas de

    Enfermagem; Planeamento Familiar; Educao para a Sade; Insero de DIUS,

    insero de Jadell/Implant, atendimento pr-natal, consultas ps-parto e deslocaes s

    Comunidades s Quartas-feiras (Salamansa, Calhau, So Pedro),

    Seco Jovem - Comporta uma sala de espera e para palestras, uma sala para

    enfermeira, uma sala para auxiliar de enfermagem, uma arrecadao para stock, uma casa

    de banho.

    Actividades desenvolvidas: com ateno particular sobre IST/HIV/SIDA,

    aconselhamento em pr concepo e gravidez, contracepo e preveno da gravidez

    precoce e no desejadas, educao para a sade e a sexualidade, atendimento mdico de

    ginecologia, pr natal e planeamento familiar. Deslocaes s comunidades s Quartas-

    feiras.

    Seco Infantil composta por: uma sala para vacinao; uma sala para

    pesagem, medio, avaliao das crianas; um gabinete mdico; uma sala de espera; uma

    sala para auxiliar de Enfermagem.

    Actividades desenvolvidas: controle do crescimento e desenvolvimento da

    criana, PAV (imunizao), avaliao e o despiste precoce das malformaes congnitas,

    Educao para a Sade, deslocaes s Comunidades s Quarta-feira (Salamansa,

    Calhau, So Pedro), jardins e hospital (HBS para vacinar os recm-nascidos diariamente),

  • 48

    Consulta de Nutrio, incluindo o Aleitamento Materno Exclusivo at os 6 meses de

    vida.

    Seco de Reabilitao Infantil - composta por: uma sala grande preparada

    para Fisioterapia; dois gabinetes de Psicologia; um gabinete de Fonoaudiologia e uma

    casa de banho para os profissionais.

    Actividades desenvolvidas: unidade de referncia para atendimentos de

    crianas e adolescentes portadores de deficincias. Crianas com dificuldades de

    aprendizagem, alterao de conduta, atraso de linguagem, atraso do desenvolvimento

    psicomotor, Paralisia Cerebral, Sndromes e outras deficincias.

    Secretaria composta por: um gabinete para a chefe de secretaria; um

    gabinete para a Directora do Centro; uma sala pequena onde fica instalada a mquina

    fotocopiadora; uma casa de banho.

    Recursos Humanos: O staff do CSRBV constitudo por dois Mdicos, sete

    Enfermeiras, dois Psiclogos, um Nutricionista, um Fonoaudiloga, trs Auxiliares de

    Enfermagem, cinco Agentes de servios gerais, um Administrativo, um Recepcionista,

    dois Guardas que trabalham por turnos.

    A ttulo de informao, duas vezes por ms o Centro conta com o apoio de um

    Ginecologista/Obstetra do HBS para a realizao de Ecografias.

    2.3- Populao-alvo

    Qualquer que seja o estudo necessita de uma determinada populao, onde o

    investigador vai colher os dados de modo a obter as informaes necessrias para dar

    resposta a sua pesquisa.

    Para Fortin (2000, p.202), uma populao a coleco de elementos ou de

    sujeitos que partilham caractersticas comuns, definidos por um conjunto de critrios.

    Nesta mesma linha de ideias esta autora destaca que o elemento pode ser a

    famlia, uma comunidade, um comportamento ou uma organizao, (ibidem). Porem

    neste tipo de investigao as informaes teis, muitas vezes s podem ser obtidas junto

    dos elementos que constituem o conjunto, (Quivy e Campenhout, 1998, p.156). Ou

    seja a populao deve, portanto, ser aqui entendida no seu sentido mais lato o conjunto de

    elementos constituintes de um todo (Ibid, p.160).

  • 49

    Para fundamentar Fortin (1999, p.243) define que populao alvo constituda

    pelos elementos que satisfazem os critrios da seleco definidos, antecipadamente e para

    os quais o investigador deseja generalizaes.

    No presente estudo a populao um grupo de grvidas, que frequenta o

    CSRBV de So Vicente. Porm foi necessrio realizar o estudo com uma populao de

    cinco grvidas com a idade compreendida entre os 20 e 25 anos de idade, que foram

    vacinadas inadvertidamente durante a referida campanha de vacinao, em que permite

    uma anlise de dados mais profundos.

    2.3 Instrumento de Colheita de Dados

    A colheita de dados realiza-se segundo um plano pr-estabelecido, recolhe-se

    informaes junto dos participantes com o auxlio do instrumento de medida seleccionado.

    Para a realizao desta entrevista foi necessrio a elaborao de um termo de

    consentimento livre e esclarecido, que foi assinado pelas respectivas gestantes, em que

    neste encontra-se os objectivos da pesquisa (Anexo III).

    Denker (2001, p.137), define a entrevista como sendo uma comunicao verbal

    entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturao previamente definido, cuja

    finalidade a obteno de informaes de pesquisa. Nesta ptica Quivy et al, (1998,

    p.11), defende que as entrevistas servem para encontrar pistas de reflexo, ideias e

    hipteses de trabalho e no para verificar hipteses pr-estabelecidas.

    A entrevista como sendo um instrumento de colheita de dados, constitui uma

    importante ferramenta de suporte ao processo de investigao.

    Para Carpenter e Streubert (2002, p.141):

    A entrevista permite entrar no mundo de outra pessoa e uma excelente fonte

    de dados. A completa concentrao e a participao rigorosa no processo de

    entrevista aumentam o rigor, a confiana e a autenticidade dos dados. Contudo

    o investigador deve concentrar nas respostas, ouvir atentamente e evitar

    interrogar os participantes, tratando-os com respeito e sinceridade face a

    experiencia partilhada.

    Decidiu-se optar por uma entrevista semi-estruturada, pois segundo Fortin

    (2009, p.379):

    O investigador recorre a entrevista semi-estruturada nos casos em que deseja

    obter mais informaes particulares sobre um tema. A entrevista semi-

    estruturada principalmente utilizada nos estudos qualitativos, quando o

  • 50

    investigador quer compreender a significao de um acontecimento ou de um

    fenmeno vividos pelos participantes.

    Para o mesmo autor neste tipo de entrevista o entrevistador determina uma lista

    de temas a abordar, frmula questes respeitantes a estes temas e apresenta-se ao

    respondente numa ordem que ele julga apropriado (Ibidem).

    O mtodo de recolha de dados em principio, qualquer recurso que o

    investigador pode recorrer para conhecer os fenmenos e extrair deles a informao,

    (Vilelas, 2009, p.265).

    Foi realizado um guio que tem como objectivo servir de guia a entrevista,

    facilitando a recolha de informao de forma a orientar as respostas para o tema

    abordado. O guio dirigido as grvidas do SCRBV. (Anexo IV).).

    2.4 Princpios ticos da Investigao

    A realizao de qualquer pesquisa implica por parte do investigador o

    levantamento de questes morais e ticas. A tica coloca problemas ao

    investigador decorrentes das exigncias morais que, em certas situaes,

    podem entrar em conflito com o rigor da investigao, (Vilelas, 2009, p.371).

    Para Fortin (1999, p.326), a tica a cincia da moral que regula a nossa

    postura e o nosso comportamento () ou seja um juzo filosfico, acerca do que mais

    correcto, baseado em princpios usados para justificar aces e resolver problemas.

    A investigao que envolve seres humanos pode pr em causa os direitos e a

    liberdade da pessoa. Assim, para Fortin (2000, ps116-119), quando se inicia a

    investigao tem de respeitar:

    O direito a autodeterminao: baseia-se no princpio tico do respeito pelas

    pessoas, segundo o qual qualquer pessoa capas de decidir por ela prpria e tomar conta

    do seu prprio destino. Decorre deste princpio que o potencial sujeito tem o direito de

    decidir livremente sobre a sua participao ou no numa investigao.

    Direito a Intimidade: qualquer investigao junto de seres humanos constitui

    uma forma de intruso na vida pessoal dos sujeitos. O investigador deve assegurar-se que

    o seu estudo menos invasivo possvel e que a intimidade dos sujeitos esta protegida.

    O direito ao anonimato e a confidencialidade: respeitado se a identidade do

    sujeito no puder ser associad