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Rev. SBPH v. 12 n. 2, Rio de Janeiro, dez., 2009 114 A ludoterapia na doença crônica infantil 1 Play therapy in chronic childhood Danielle Marotti de Souza Barros 2 Maria Alice Lustosa 3 Pós-graduação em Psicologia Hospitalar e da Saúde, Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro RESUMO O presente trabalho procura mostrar a importância do brincar na infância e enumerar as questões relacionadas na doença crônica, referentes às implicações que esta doença possa trazer neste período da vida. Dentre estas, destacam-se as conseqüências emocionais da enfermidade precoce para a criança e também para a sua família, como as dificuldades dos familiares ao tentar lidar com a criança na tentativa de readaptá-la ao contexto social, as questões implicadas nos casos de hospitalização e a importância da equipe interdisciplinar em todo o processo. Como opção para minimizar as conseqüências desta doença apresenta-se, a utilização da ludoterapia no contexto hospitalar, usando-se como formas: a brinquedoteca hospitalar, a arteterapia, dentre outras. Palavras-chave: Brincar; Doença crônica infantil; Aspectos psicossociais; Humanização hospitalar. ABSTRACT This study sought to list the issues in chronic disease, especially in childhood, for the implications that this disease can bring to this period of life. Among these, was posted the emotional consequences of early disease for children and their families, the difficulties of family members trying to cope with the child in attempt to readjust it to the social context and issues involved in cases of hospitalization. As an option to minimize the consequences of this disease it was present the toy libraries inside the hospital, the art therapy, among others. Keywords: Play; Chronic disease; Children; Psychological aspects; Humanization hospital. Introdução O presente trabalho procura apresentar a importância do brincar criança no contexto da hospitalização da doença crônica de forma significativa. 1 Monografia apresentada como conclusão do Curso de Pós Graduação em Psicologia Hospitalar e da Saúde, da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. 2 Aluna do Curso de Pós Graduação em Psicologia Hospitalar e da Saúde, da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. 3 Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Psicologia Hospitalar e da Saúde, da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro; orientadora da Monografia.

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A Ludoterapia Na Doença Crônica Infantil

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    A ludoterapia na doena crnica infantil1 Play therapy in chronic childhood

    Danielle Marotti de Souza Barros2 Maria Alice Lustosa3

    Ps-graduao em Psicologia Hospitalar e da Sade, Santa Casa da Misericrdia do Rio de Janeiro

    RESUMO

    O presente trabalho procura mostrar a importncia do brincar na infncia e enumerar as questes relacionadas na doena crnica, referentes s implicaes que esta doena possa trazer neste perodo da vida. Dentre estas, destacam-se as conseqncias emocionais da enfermidade precoce para a criana e tambm para a sua famlia, como as dificuldades dos familiares ao tentar lidar com a criana na tentativa de readapt-la ao contexto social, as questes implicadas nos casos de hospitalizao e a importncia da equipe interdisciplinar em todo o processo. Como opo para minimizar as conseqncias desta doena apresenta-se, a utilizao da ludoterapia no contexto hospitalar, usando-se como formas: a brinquedoteca hospitalar, a arteterapia, dentre outras.

    Palavras-chave: Brincar; Doena crnica infantil; Aspectos psicossociais; Humanizao hospitalar.

    ABSTRACT

    This study sought to list the issues in chronic disease, especially in childhood, for the implications that this disease can bring to this period of life. Among these, was posted the emotional consequences of early disease for children and their families, the difficulties of family members trying to cope with the child in attempt to readjust it to the social context and issues involved in cases of hospitalization. As an option to minimize the consequences of this disease it was present the toy libraries inside the hospital, the art therapy, among others. Keywords: Play; Chronic disease; Children; Psychological aspects; Humanization hospital.

    Introduo

    O presente trabalho procura apresentar a importncia do brincar criana no contexto da hospitalizao da doena crnica de forma significativa.

    1 Monografia apresentada como concluso do Curso de Ps Graduao em Psicologia Hospitalar e da Sade, da Santa Casa da

    Misericrdia do Rio de Janeiro. 2 Aluna do Curso de Ps Graduao em Psicologia Hospitalar e da Sade, da Santa Casa da Misericrdia do Rio de Janeiro.

    3 Coordenadora do Curso de Ps Graduao em Psicologia Hospitalar e da Sade, da Santa Casa da Misericrdia do Rio de Janeiro;

    orientadora da Monografia.

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    Sabe-se que o ser humano em todas as fases de sua vida est sempre descobrindo e aprendendo atravs da interao com o outro e o meio em que vive sendo um ser participativo critico e criativo.

    Tm-se a conscincia que os brinquedos e brincadeiras no so meros divertimentos, mas servem como suporte para que a criana atinja seu desenvolvimento scio - emocional e cognitivo. Propicia criana a interao dos contedos nas diferentes formas de pensar, facilitando a assimilao e entendimento de muitos conceitos.

    Quando a criana esta brincando ela recria o mundo ao seu redor, refazendo os fatos para adequ-los a sua capacidade de assimilao. Enquanto brinca, seu conhecimento do mundo se amplia, porque ela pode expressar tudo que sente e v durante essa interao.

    A brincadeira estabelece um vnculo entre o real e o imaginrio, e atravs do faz-de-conta a criana tem a possibilidade de trabalhar com a imaginao, pois organizar o seu pensamento atravs das vivncias simblicas elaborando o seu real. A brincadeira constitui-se em um momento de aprendizagem onde a criana tem possibilidade de viver papis, elaborar conceitos e exteriorizar o que pensa da realidade que vivencia. Portanto, a brincadeira uma atividade humana e social, produzida a partir de seus elementos culturais, deixando de ser encarada como inata. (Vygotsky, 2000).

    J o brincar, no caso das doenas crnicas, pode ser de muita ajuda, pois, estas doenas podem trazer consequencias tardias ou irreversveis no curso normal do desenvolvimento infantil.

    Contudo, sabe-se que o brincar no hospital pode ajudar muito, e no s a criana e, mas quem a acompanha, seus familiares, toda equipe interdisciplinar que est a sua volta, enfim, podendo contribuir positivamente no todo ambiente, podendo ajudar no processo de internao, do curso do tratamento e na sua alta hospitalar.

    A influncia da brincadeira no desenvolvimento infantil De acordo com Queiroz, Maciel e Branco (2006), a maioria das sociedades

    contemporneas caracteriza a infncia pelo brincar, que parte das culturas tpicas ainda que se encontre reduzida nas classes mais pobres por conta do trabalho, ou nas classes mais elevadas por conta das inmeras atividades e cursos extracurriculares.

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    A brincadeira permite criana vivenciar o ldico e descobrir-se a si mesma, apreender a realidade, tornando-se capaz de desenvolver seu potencial criativo. (Queiroz et. al., 2006, p. 169). A maioria dos grupos sociais entende a brincadeira como uma atividade essencial no desenvolvimento das crianas e historicamente a atividade ldica sempre esteve vinculada educao infantil o nico nvel que, segundo as autoras citadas, admite a atividade ldica.

    Dessa forma, a brincadeira cada vez mais entendida como uma atividade que promove o desenvolvimento global da criana e promove uma srie de capacidades pessoais, sociais e cognitivas.

    Segundo Kishimoto, (1998, p. 139) A brincadeira uma atividade que a criana comea desde seu nascimento no mbito familiar. A princpio a brincadeira no tem um objetivo educativo pr-determinado.

    De acordo com Queiroz et. al. (2006) a maioria dos autores afirma que a brincadeira tem incio simplesmente pelo prazer que proporciona criana, mas uma atividade que tambm permite que a criana interaja com adultos e pares e explore o ambiente ao seu redor. A brincadeira uma das principais atividades da infncia e no s pela freqncia com que ela acontece nessa fase da vida, mas tambm e principalmente pela importncia que esta atividade tem no desenvolvimento da criana, promovendo a criao de zonas de desenvolvimento proximal e, conseqentemente saltos qualitativos no desenvolvimento e na aprendizagem da criana.

    Ao longo do desenvolvimento, portanto, as crianas vo construindo novas e diferentes competncias, no contexto das prticas sociais, que iro lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no mundo. A brincadeira das crianas evolui mais nos seis primeiros anos de vida do que em qualquer outra fase do desenvolvimento humano e neste perodo, se estrutura de forma bem diferente de como a compreenderam tericos interessados na temtica. (Queiroz et. al., 2006, p. 171).

    Segundo Cordazzo e Vieira (2007), o desenvolvimento infantil e humano como um todo no deve ser estratificado, da mesma forma que a anlise da importncia da brincadeira no desenvolvimento humano no pode ser fragmentada, j que est uma atividade extremamente complexa. certo que por ser o brincar um comportamento complexo, os pesquisadores tendem a priorizar apenas alguns aspectos da brincadeira em seus estudos, seja na sua estrutura ou na sua funcionalidade.

    Apesar desse recorte nas teorias facilitar a compreenso do tema, fundamental no perder de vista a noo de totalidade, j que o brincar promove o desenvolvimento

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    da criana sob todos os aspectos, fsico, intelectual, cognitivo, psquico, emocional, social e compreender a influncia da brincadeira no desenvolvimento infantil de forma fragmentada compreender tambm o desenvolvimento humano de forma fragmentada. De acordo com os autores, por compreender o desenvolvimento humano como um todo que Elkonin (1998) e Leontiev (1994) ampliaram a teoria de Vygostky ao afirmarem que durante a brincadeira ocorrem as transformaes mais importantes no desenvolvimento psquico da criana, a brincadeira , para eles, um caminho que conduz a criana a nveis psquicos mais elevados. Em suma, Cordazzo e Vieira (2007) atribuem a importncia da brincadeira para o desenvolvimento da criana ao carter social dessa atividade que atua como uma mola propulsora no desenvolvimento da criana. Atravs da atividade ldica a criana descobre e se apropria das relaes interpessoais, alm de conseguir, na brincadeira avaliar as suas habilidades e compar-las com as dos outros. na brincadeira que a criana se apropria de cdigos culturais e papis sociais, por isso que, segundo Elkonin (1998) a histria do brinquedo caminha prxima histria da humanidade e os brinquedos se transformam conforme as modificaes sociais e mesmo brinquedos que continuam sendo utilizados como bonecas, por exemplo, so confeccionadas com materiais mais modernos, possuem atributos tecnolgicos, mas nem por isso deixam de serem bonecas e imitarem o padro esttico valorizado pela sociedade. Segundo os autores, independentemente do brinquedo, ou de suas caractersticas, o simples fato de brincar j suficiente para que o desenvolvimento da criana seja estimulado, tanto que as primeiras brincadeiras dos bebs tm como objeto o prprio corpo.

    Como visto anteriormente, a brincadeira se desenvolve juntamente com a criana e aos poucos o brincar deixa de ser uma deformao ldica e se aproxima de uma representao imitativa da realidade, deixando de ter como enfoque o smbolo e enfocando a regra. De acordo com Cordazzo e Vieira (2007), a brincadeira seja simblica ou com regras estimula diversos aspectos fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e emocional da personalidade da criana. Para Friedmann (1998) a criana, ao brincar elabora uma srie de conflitos e emoes como agressividade, angstia e experincias traumticas, de modo que a brincadeira uma forma de vlvula de escape para as emoes.

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    De acordo com Kishimoto (1998), o ato de brincar permite que a criana amplie suas experincias e estabelece contatos sociais importantes no s com os seus pares, mas tambm com os cdigos sociais em situaes agradveis. Cordazzo e Vieira (2007, p. 94) afirmam que a brincadeira tambm estimula a comunicao, porque mesmo brincando sozinha a criana se imagina conversando e, com isso, a linguagem desenvolvida com a ampliao do vocabulrio e o exerccio da pronncia das palavras e frases.

    De acordo com Friedmann (1998) as capacidades intelectuais e cognitivas podem ser desenvolvidas atravs do jogo quando este permite que a criana teste a relao causa-efeito que dificilmente pode ser feita na vida real devido ao risco de acidentes. No jogo a criana pode experimentar vontade e testar inmeras possibilidades de ao, como as aes interferem no resultado do jogo, importante que a criana planeje estratgias para vencer, quando o jogo individual a criana pode testar as suas prprias concepes e relacion-las com os resultados, mas quando o jogo coletivo, necessrio um planejamento que aproveite as possibilidades e diminua as limitaes do grupo, assim alm de desenvolver a capacidade de planejar, a criana tambm aprende a se relacionar com os outros e lidar com os conflitos sociais que surgem no decorrer da brincadeira. Essas habilidades sero fundamentais e utilizadas ao longo da vida. Por ser uma atividade to complexa quanto importante, Queiroz et. al. (2006) diz que muito difcil uma concluso consensual sobre o que a brincadeira, isso porque, no existem critrios para classificar uma atividade como tal, de modo que em alguns contextos ou momentos, uma atividade poderia ser considerada uma brincadeira, dependendo da relao com a situao e do significado para quem brinca. A mesma autora diz que a brincadeira e o jogo so considerados espaos de construo de conhecimentos pelas crianas conforme elas se apropriam de maneira especfica dos significados que transitam pela atividade ldica. Visto que, a brincadeira permite que a criana transformar e produzir novos significados e se bem estimulada a criana rompe a relao de subordinao ao objeto, o que expressa um carter ativo no seu prprio processo de desenvolvimento. Segundo Valsiner (1988), outro fator importante que deve ser considerado na relao brincadeira/desenvolvimento infantil so os ambientes onde acontecem as atividades ldicas que tm a sua estrutura fsica determinada segundo as concepes culturais das pessoas responsveis pela criana.

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    O mesmo autor afirma que a criana ativa na organizao de suas atividades e constri uma verso pessoal dos acontecimentos culturais que lhes so transmitidos pelos mais velhos. A criana expressa o seu entendimento do mundo atravs da ao e cada grupo social tm um sistema de significao cultural prprio, conforme as prticas do grupo. Nesse sentido, Queiroz et. al. (2006) destacam a importncia de interpretar a brincadeira considerando os contextos sociais em que elas se desenvolvem, bem como o valor e o lugar que cada cultura atribui a ela, pois s assim possvel observar o significado do brincar no desenvolvimento das crianas.

    A Criana com Doena Crnica e a Famlia Pode-se dizer que a doena crnica aquela que no resolvida em curto tempo,

    como definido usualmente pela medicina, em trs meses. Este tipo de doena no pe em risco a vida da pessoa em curto prazo, e sim, ao longo prazo, e com isso, no denominada de emergncia mdica.

    As doenas crnicas so extremamente srias, podendo causar outras doenas, estas podendo ser tambm crnica, podendo levar o indivduo morte.

    Tambm so conhecidas como doenas de uma evoluo bastante prolongada e permanente, mas na maioria das vezes no h cura. Afeta de forma negativa a sade do doente. Existe apenas tratamento pra controle, para amenizar o problema, a fim de melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doena crnica atravs do cuidado dirio, por toda a vida.

    Sem cura, no existe uma perspectiva de recuperao. Aos pacientes, por exemplo, muda-se a sua viso do eu para com o mundo, h dificuldade na aceitao da doena, necessidade de adaptao e readaptao sua nova condio, renncias diversas, incerteza da morte, enfim, o indivduo passar por mudanas significativas devido doena.

    Neste tipo de enfermidade, infelizmente os sintomas aparecem quando o problema encontra-se agravado. Instala-se e a maioria no percebe, ou por falta de informao, acaba no procurando ajuda mdica, ou at por motivos financeiros. Por isso, quanto mais cedo o diagnstico for feito, melhor ser o controle sobre a doena.

    Como qualquer outra doena existem alguns fatores de risco comuns, como: colesterol elevado, presso arterial alta, obesidade, tabagismo, consumo de lcool, cigarro, m alimentao, enfim, relaciona-se com o estilo de vida do indivduo.

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    Como h fatores de risco, h formas de tentar prevenir ou reduzir esse tipo de doena de forma a melhorar o estilo de vida, alterando sua dieta alimentar diria, ao iniciar uma atividade fsica para manter o peso adequado para idade e a altura.

    As doenas crnicas crescem a cada dia devido s mudanas de vida da sociedade em todo o mundo, causas maiores do sedentarismo e do estresse dirio, principalmente nos pases subdesenvolvidos e pobres no s por causa dos precrios sistemas de sade implantados nestes pases, mas como o aumento de casos de doenas infecciosas.

    Segundo Santos e Sebastiani (2003), estima-se que no Brasil h em torno de 25 milhes de pacientes portadores de alguma patologia crnica.

    Se no houver adeso ao tratamento desde o diagnstico, a doena pode complicar-se e, podendo diminuir at a capacidade funcional do indivduo, passando este a no conseguir sequer realizar suas principais atividades dirias como: vestir-se, comer, tomar banho, locomover-se e outros.

    Silva (2001) comenta que nos dias de hoje existe uma ateno especial nos estudos em relao s crianas portadoras de doenas crnicas, devido aos avanos cientficos que propiciam maior sobrevida a elas, e tambm, pelo fato de que uma considervel parcela da populao tenha alguma doena crnica.

    Segundo Santos e Sebastiani (2003), a partir dessa ateno especial, foi criada na Europa a European Association for Palliative Care, formada por um grupo de profissionais de diferentes especialidades e pases, a fim de estudar sobre a qualidade de vida e cuidados paliativos aos pacientes portadores de doenas crnicas.

    Segundo Silva (2001), o conceito atual mais aceito para a definio de doena crnica na infncia se baseia como desordem de base biolgica, psicolgica ou cognitiva com durao mnima de 1 ano e produzindo seqelas de limitao de funo ou atividade, dependncia de medicao e cuidados pessoais e mdicos.

    Seja qual for o tipo, evoluo e prognstico, o papel do mdico importante no processo diagnstico e, este profissional deve de estar preparado para lidar neste momento, a fim de poder transmitir a informao de forma correta e adequada, na forma de perceber como cada famlia se estrutura, principalmente quando o doente uma criana. importante tambm neste momento, dar nfase criana e no somente doena da criana, pois isso pode acarretar danos, como por exemplos, a negao e a fantasia da criana e de seus responsveis em relao de como lidar com processo de adoecimento.

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    Segundo Graa, Burd e Mello Filho (2000, p. 205) a partir do sentido do adoecimento que se cria a conscincia de ser portador de uma doena crnica, a qual exige alteraes substanciais no estilo de vida (restries alimentares, testes freqentes de urina e sangue, necessidade de exerccios fsicos regulares e uso de medicamentos).

    Como em qualquer doena, cada criana tem sua maneira peculiar de reagir emocionalmente, mas pode-se existir um padro diferenciado e especfico a cada doena crnica a nvel psicolgico, devido s peculiaridades dos sintomas de cada uma. Quando a doena crnica acomete crianas em fase de desenvolvimento, pode gerar danos ou atrasos irreversveis para o longo de toda a sua vida, como processos de autonomia e de independncia. Pode tambm, acarretar alteraes fsicas e mentais. Ao longo, a criana vai se habituando s experincias de dor, tratamentos invasivos, uso de medicamentos em horrios pr-determinados e a passar por longos perodos de internao. Em alguns casos, se confrontam com suas limitaes em relao s outras

    crianas de sua idade, mas o pior confronto lidar e aprender a aceitar que tem uma doena crnica. Mesmo vivenciando a enfermidade crnica de forma negativa, em alguns casos, sendo o doente uma criana ou adulto, em alguns casos acaba-se tirando proveito da doena como ganho secundrio.

    Contudo, todos esses problemas implicados doena no afetam s a criana, mas seus pais, familiares, cuidadores, enfim, a todos que estejam em torno do paciente.

    De acordo com Silva, (2001, p. 31), Em crianas e adolescentes, as repercusses atingem no somente o paciente, mas todo o universo familiar, podendo trazer problemas complexos e implicaes em longo prazo, que iro se traduzir em prejuzo na qualidade de vida de todo o grupo.

    Segundo Vieira e Lima (2002, p. 555). Desde o incio dos sintomas at a definio do diagnstico e tratamento, eles vivenciam uma fase de crise, caracterizada como um perodo de desestruturao e incertezas, precisando aprender a lidar com os sintomas, procedimentos diagnsticos e teraputicos, para, assim, reorganizarem suas vidas.

    Na famlia de criana adoecida, alguns papis podem ser trocados, tendo novas incumbncias, novos hbitos, afastamento do emprego, abrir mo de projetos em curto prazo, lidar com perdas financeiras, sociais e outros.

    Em alguns casos familiares, assim que descobrem que um membro est com alguma doena crnica, sobretudo quando uma criana, optam primeiramente em se

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    isolar socialmente para que outros familiares mais distantes e/ou amigos no saibam da existncia ou gravidade da doena, pelo fato de acharem que a criana possa passar por algum constrangimento, com isso, deixando ou mudando totalmente a sua rotina social.

    De acordo com Gngora (1998), o isolamento social ocorrido na famlia de um portador de uma doena crnica, pode deixar o paciente mais vulnervel a transtornos emocionais, perpetuar ainda mais o estigma da doena e causar problemas no enfrentamento de sua enfermidade.

    Para Walsh (2005), a doena grave na famlia tambm pode ser experimentada como um despertar para a vida, podendo aumentar e alterar a percepo do grupo familiar em relao s prioridades. Pode obrig-los a fazerem mudanas em seus padres de vida, esperanas e sonhos. Ela aponta que a doena grave traz consigo uma srie de desafios para os familiares, requerendo uma considervel resilincia para que seja possvel o seu enfrentamento e adaptao. E afirma que os cuidadores devem ser encarados como pessoas com necessidades humanas que devem ser entendidas e validadas em sua forma singular de perceber e expressar a experincia da doena. Com todas essas experincias negativas ou positivas, a prpria doena crnica acaba impondo ao paciente e sua famlia uma readaptao frente s novas situaes e necessidades de elaborar estratgias para enfrentar esta situao. Para readquirir o equilbrio depender muito da posio em que se encontra o doente na famlia, da complexidade, da gravidade, da fase da doena, e de que forma estruturada essa famlia. Se no caso, esta famlia tiver uma boa estrutura emocional, e estiverem ajudando a criana em todas as adversidades, ajudar a ela superar as mais diversas situaes que apresentaro ao longo da doena, tornando-a resiliente.

    A criana e a Hospitalizao Quando se ouve a palavra hospitalizao, arremete-se a um impacto na vida da

    pessoa em questo, pelo fato de que ocorrem mudanas significativas durante o perodo de internao. Se o caso em questo for uma criana, e acometida por uma doena crnica, esse impacto poder ser ainda mais devastador, pois nestes casos, podero passar por vrias internaes prolongadas, durante toda a sua infncia, fazendo com que ela passe por situaes das quais podero ser muito traumticas a essa criana.

    De acordo com Faquinello, Higarashi e Marcon (2007, p. 610), A hospitalizao uma situao crtica e delicada na vida de qualquer ser humano, e tem

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    contornos especiais quando se trata de um acontecimento na vida de uma criana, pois implica na mudana de rotina de toda a famlia.

    Segundo as autoras, a internao hospitalar pode ser uma experincia muito difcil para uma criana, podendo gerar ansiedade pela exposio da criana, devido a ser um ambiente estressante, onde o apoio para lidar com esses sentimento bastante restrito, que em alguns casos, a nica fonte de segurana da criana est apenas nos seus pais.

    O papel da criana pode ser sufocado pelas rotinas e prticas hospitalares que a tratam como uma paciente, sendo aquele que inspira e necessita de cuidados mdicos, que precisa tambm ficar imobilizado e alheio a tudo o que est ocorrendo ao seu redor.

    O sofrimento da criana j comea quando sabe que est doente e, tendo que passar por uma internao, o sofrimento aumenta, pois dentro do contexto hospitalar ela pode se sentir invadida, reduzida e aceita apenas pela sua prpria doena, deixando-se de ser ela mesma, isto , passar por um processo de despersonalizao. Neste sentido, importante perceber que o sofrimento vai muito alm do aspecto fsico.

    Ao ser internada, seria importante a criana e/ou acompanhante compor seu territrio de acordo com a sua identidade na enfermaria, ou seja, seu leito, suas roupas de cama e vesturio, uma mesa de cabeceira, enfim, deixar o seu espao do seu jeito, fazendo com que o local possa se tornar acolhedor, sem burlar as regras da instituio.

    A rotina hospitalar bastante desgastante, pois frequentemente so submetidas s condutas teraputicas: visitas, exames, ingesto de medicamentos, atividades, e a algumas situaes variadas como: normas e rotinas rgidas de horrios de alimentao, repouso, impossibilidade de locomover-se, morte, necessidade de colaborao de outras pessoas, que podem agravar seu estado clnico, sua condio psicolgica e social, dificultando desta forma sua adaptao durante esta fase. neste sentido aonde a famlia pode ajudar.

    Segundo Chiattone (2003), o tipo de internao pode ser tambm um ponto determinante de como essa criana e sua famlia iro passar por este momento. Se ela vier de um pronto-socorro, a prpria situao de sofrimento trar ainda mais ansiedade e medo devido situao vivida. De outra forma, pelo tempo de preparo e elaborao dos acontecimentos, a internao poder ser mais tranqila.

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    A mesma autora diz que existem outros aspectos que podem influir nas conseqncias nocivas da hospitalizao. So eles: a idade da criana; situao psicoafetiva da criana; o relacionamento prvio com a me e/ou substituta; personalidade da criana, capacidade de adaptao; atitudes da equipe hospitalar; rotinas hospitalares; experincias vividas durante a hospitalizao; a durao da hospitalizao e a natureza da doena.

    Devido a todos esses efeitos nocivos e estressantes que podem surgir numa internao infantil, pior pode ser a sensao de abandono pela ausncia materna.

    A privao materna traz muita angstia durante a hospitalizao, exagerada necessidade de amor, sentimentos de vingana, culpa e depresso. A criana que privada de sua me ou familiares, no tem ainda por si mesma, condies de sustentar a motivao pessoal para se estimular a prosseguir no seu desenvolvimento, pois o esforo familiar que recebe por cada conquista a estimula a prosseguir. A institucionalizao dificulta o desenvolvimento desse impulso interno de motivao pessoal. (Alcantara, 2008, p. 41).

    Percebe-se que quando h separao do cuidado materno, pode ocorrer perda de estmulo, aderncia ao tratamento, problemas em adaptao do meio hospitalar, pois a presena da me pode ajudar a criana se sentir mais confortvel e segura num ambiente desconhecido, diferente, invasivo e s vezes at mesmo hostil para ela. Mesmo sendo importante a me estar com a criana, figura paterna esquecida pelo sistema. Como outra pessoa de outro sexo, no pode dormir com ela, s vezes s pode estar com ela nos horrios de visitas, com isso, enfraquecendo o elo paterno da criana.

    Seria necessria para me a presena mais significativa do pai, pois poderia fazer revezamento, diminuindo assim, a sobrecarga da forma como acontece normalmente. Pires (2004) identificou num estudo que no caso das crianas que tiveram um maior acompanhamento dos pais, foram as que passaram menos tempo internadas. Enfim, a presena ativa e constante dos pais e famlia imprescindvel para que a criana se torne mais segura e ajude a diminuir os efeitos negativos da internao. Mas para isso ocorrer de forma correta, os pais precisam saber se comportarem dentro do hospital. Alguns pais tm dificuldades em se adaptar s normas de um hospital, como respeitar o horrio de visitas, a alimentao da criana, as restries da criana, a medicao, enfim, todas as normas vigentes dentro da enfermaria. Essa falta de comportamento por parte dos pais uma queixa dos profissionais de sade que trabalham na enfermaria em questo. Reclamam que eles no os respeitam

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    que fazem o que querem e atrapalham o andamento do trabalho. J os pais reclamam das limitaes, das exigncias da enfermaria, da privao dos horrios, dentre outros.

    Infelizmente, nem sempre ambas as partes percebem que so os pontos principais de apoio da criana neste momento to perturbador e que no podem ficar de lados opostos apenas discutindo, e sim, fazendo algo produtivo em conjunto para o bem estar da criana.

    A psicologia e a Equipe Interdisciplinar Como se sabe, o processo de hospitalizao to devastador para as crianas e

    seus familiares imprescindvel a participao da equipe interdisciplinar. Esta equipe pode ser composta por: mdicos, enfermeiros, tcnicos de enfermagem, psiclogos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudilogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, dentre outros.

    A participao desta equipe deu-se a partir dos avanos de conhecimentos em todas essas profisses. Devido a isto, viu-se a necessidade de agrupar os conhecimentos especficos em prol em ajudar pacientes internados em UTI, CTI e enfermarias. Segundo Cachapuz (2006), as intervenes de cada profissional devem-se a partir de um planejamento que contemple diferentes conhecimentos pertinentes a cada realidade. Dentre estes profissionais, o psiclogo, tem um papel importante na integrao

    da equipe interdisciplinar com os pais, familiares e cuidadores. Esta integrao pode ser chamada de rede de apoio ao paciente. Nesses casos de internao, o trabalho do psiclogo o de dar assistncia ao pacientes e sua famlia, como: acolhendo, ajudando a lidar com a forma mdica de comunicao, a lidar com inmeros profissionais em torno desta criana, as regras e limites impostos pelo hospital para o funcionamento da enfermaria, a compreender e a lidar com a doena e em alguns casos, prepar-los para uma possvel interveno cirrgica e, tambm a uma possvel morte deste paciente.

    De acordo com Azzi e Andreoli (2008) o foco de assistncia criana e sua famlia deve ser: na manuteno dos vnculos afetivos entre pais e criana hospitalizada; o bom controle da dor, como elemento disruptivo; trazer informaes providas em linguagem diferenciada para possibilitar a compreenso das crianas de qualquer faixa etria; manuteno do dilogo com a criana de maneira simples e honesta; ter

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    disponibilidade de um lugar onde a criana possa dar continuidade ao seu desenvolvimento e manter seu lado saudvel o ldico, o criativo e o exploratrio e a promoo de condies para a continuidade escolar, quando a criana desejar e mostrar condies estveis do seu quadro clnico.

    Como dito anteriormente, essa relao bilateral entre equipe interdisciplinar e famlia de grande ajuda a essa criana. Sem essa relao, fica mais difcil, pois preciso que todos estejam em harmonia. A mediao entre essa relao dada tambm pela psicologia.

    Dada essa relao de forma positiva, os pais podem ajudar a melhorar o trabalho destes profissionais, devido capacidade de conhecer a criana, isto , saber no momento se ela est feliz, ou no, se sente dores, ou no, isto , de ser um tradutor dos sentimentos desta criana. Alm do mais, nos casos de doena crnica infantil, implica num vnculo entre eles, devido ao tempo de hospitalizao e as vrias internaes ao longo do tempo. Mesmo assim, o trabalho do psiclogo no termina. Faz parte tambm do seu papel, estabelecer a relao dos profissionais envolvidos na equipe interdisciplinar, fazendo a unio destes, atravs do conhecimento de cada rea, para que possa tornar uma deciso, seja ela qual for a uma deciso unnime. Mas para isso acontecer, precisa-se que haja uma demanda, seja ela mdica ou de qualquer outro membro da equipe. Para Ribeiro, Arajo, Mesquita, Machado, Carreiro e Cal (2004), o reconhecimento da necessidade de interveno ocorre a partir do julgamento particular de um profissional de outra rea ao encaminhar para outro profissional.

    Isso ajuda a diminuir o peso da responsabilidade do mdico, pois se sabe que a deciso de qualquer procedimento em relao criana dele. Desta forma, pode-se ocorrer em alguns casos, dependendo da unio da equipe, ajudar reduzir a sensao do status hierrquico estabelecido institucionalmente. Essa relao, tambm propicia a conhecer mais sobre cada profisso, sua competncia e importncia da participao de cada um no processo de uma hospitalizao.

    Aps a formao da unio entre os membros da equipe, podem atuar ajudando as crianas e familiares no processo de internao e doena, no momento da alta orientando-os para o que se deve fazer aps a alta hospitalar e sobre a continuidade do tratamento fora do hospital.

    Segundo Azzi e Andreoli (2008), Compete equipe de sade facilitar essa comunicao, render esforos na compreenso das particularidades das crianas e seus

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    familiares, permanecendo prxima e receptiva, pois, no contexto da doena, a famlia pode no ser a cura, mas sua presena e participao so valiosas para a recuperao da criana. p. 100

    Brinquedoteca Hospitalar Atualmente, a brinquedoteca hospitalar tornou-se uma realidade devido lei de n 11.104 de 24 de maro de 2005, na qual se obriga a instalao de brinquedotecas em unidades de sade que atendam crianas em regime de internao. Esta lei originou-se a partir do movimento de humanizao hospitalar, sabendo da importncia do brincar no desenvolvimento infantil, mostrou que o brincar dentro o hospital ajuda terapeuticamente s crianas e aos adolescentes em todo o processo de internao.

    Sabendo-se de todos os efeitos que uma hospitalizao pode ocasionar a uma criana, percebe-se que o brinquedo o instrumento a ser utilizado para ajudar a essa criana com doena crnica a ter uma experincia positiva durante este processo. A brinquedoteca hospitalar um local especfico do hospital para se utilizar os brinquedos apropriadamente. Este ambiente de grande ajuda, pois facilita a criana a esquecer por alguns momentos de que ela se encontra internada no hospital.

    Segundo Paula e Foltran (2007), quando uma criana ou um adolescente brinca ou tem alguns momentos de distrao e de divertimento no contexto hospitalar, podem conseguir mergulhar em um universo de possibilidades, pois com a ajuda destes espaos eles recriam e enfrentam situaes vividas por eles no seu cotidiano. Com isso, usufruem dos benefcios emocionais, intelectuais e culturais que as atividades ldicas proporcionam.

    De acordo com Macedo (2007), a brinquedoteca hospitalar permite: a interiorizao e a expresso de vivncias da criana doente pela atividade ldica; auxiliar na recuperao da criana hospitalizada; ameniza os traumas psicolgicos ocorridos na internao; estimula o desenvolvimento global da criana; enriquece as relaes familiares; desenvolve hbitos de responsabilidade e trabalho; d condies para que as crianas possam brincar de forma espontnea; ajuda a despertar interesse por uma nova forma de animao cultural que possa diminuir a distncia entre geraes; cria um espao de convivncia de interaes espontneas e desprovidas de qualquer preconceito; provoca um tipo de relacionamento que respeite as preferncias das crianas e que assegure os seus direitos.

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    Para Cunha (2007), a brinquedoteca hospitalar um espao mgico, diferente, que faz as crianas brincarem de faz-de-conta, devendo haver vrios brinquedos, desde casinhas de bonecas a jogos de armar. Pode tambm ter um espao para que a criana possa matar saudades de sua casa, como uma saleta para assistir televiso, livros de histrias, revista de quadrinhos, jogos de quebra-cabeas com vrios graus de dificuldade, teatrinho de fantoches, e outros. Deve apresentar, tambm, um espao para desenvolver atividades como artes plsticas ou artesanato. A brinquedoteca hospitalar tem de ser um local colorido, divertido, atraente para as crianas, a fim de estimular o prazer da criana de brincar sozinha ou em grupo. Esse local composto por uma equipe de profissionais, dentre eles, um tendo formao de brinquedista. Viegas e Cunha (2007), dizem que para a equipe da brinquedoteca deveria conter um coordenador, um brinquedista, um psiclogo e um pedagogo. O coordenador seria o responsvel principal pelo funcionamento da brinquedoteca hospitalar. O brinquedista o mediador do brincar. O psiclogo trabalharia questes psicossociais relacionadas doena e internao, pela forma da criana ao brincar, e o pedagogo teria o destaque na aprendizagem atravs dos brinquedos ou at mesmo, dando suporte ao material ensinado pela escola, quando h casos de crianas internadas por um longo perodo. O brinquedista trabalha como um facilitador para a criana ao ajud-la a explicando regras de um jogo, dizer onde est o brinquedo, mediar s brincadeiras em grupo, ou mesmo sendo o seu companheiro numa brincadeira. Esse profissional tem de ter conhecimento sobre o estado de sade da criana para poder orient-la sobre as brincadeiras mais adequadas para ela. Alm disso, ele pode funcionar como ele atravs do brincar da criana com a sua rede de apoio. Nos casos onde a criana no tenha como ir at a brinquedoteca, estando impossibilitada de sair do seu leito, o brinquedista levaria alguns brinquedos para ela, para que ela possa continuar brincando. Nestes pacientes, outra forma seria a de emprstimos de livros, CDs, dentre outros. Essa equipe que trabalha na brinquedoteca hospitalar deve estar preparada para trabalhar para o envolvimento de mdicos, enfermeiros, enfim, facilitar a aceitao do processo de humanizao hospitalar destes profissionais.

    Segundo Viegas e Cunha (2007), para a criao e/ou funcionamento da brinquedoteca hospitalar, precisa-se de alguns critrios, estes vivenciados pela

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    experincia da Associao Brasileira de Brinquedoteca. So os critrios: apoio da direo do hospital; disponibilidade de espao fsico; recursos materiais para a sua execuo; definio dos objetivos da brinquedoteca dentro do contexto hospitalar local; equipe responsvel pela brinquedoteca; planejamento dos locais onde sero desenvolvidas as atividade do projeto; planejamento destas atividades na brinquedoteca hospitalar; recursos humanos interessados nesta participao; participao da famlia na brinquedoteca; respeito s regras do hospital; preveno da contaminao hospitalar por meio de brinquedos; anlise da repercusso da brinquedoteca na qualidade de vida dos pacientes atendido e suas famlias.

    Dentre estes critrios, h um ponto que no muito conhecido pelos profissionais: as formas de prevenir a contaminao hospitalar atravs dos brinquedos, pois existem normas de preveno a infeces.

    De acordo com Viegas e Cunha (2007), atravs do uso compartilhado de brinquedos, possvel serem veculos de transmisso de infeces pelas mos, respirao e saliva. Outra coisa haver a proibio de algum membro da equipe, familiares, ou pacientes que estejam com alguma infeco. Mostrando a importncia da existncia de uma brinquedoteca hospitalar por todos os envolvidos, tendo respeito s normas e horrios, sempre adaptar s rotinas hospitalares, prevenir a contaminao por meio dos brinquedos, averiguar de tempos em tempos a repercusso da brinquedoteca dentro do hospital, faz com que este ambiente tenha vida longa no hospital.

    Atividades na Brinquedoteca Hospitalar

    Como visto anteriormente, a brinquedoteca um local ldico, do qual a criana pode brincar com suas fantasias, medos, desejos, enfim, tudo o que ela quiser no mundo do faz-de-conta. Dentro deste ambiente, podem-se utilizar as mais diversas tcnicas e formas de brincar como: arteterapia, dramatizaes, musicoterapia, brinquedos diversos e educativos, atividades especiais e comemoraes de datas festivas. A arteterapia uma forma teraputica de trabalhar as artes em prol da sade do paciente. Segundo Coutinho (2007), diz que no trabalho da arteterapia com crianas pode-se trabalhar diversos materiais como papis, dobraduras, lpis, hidrocor, giz de cera, pastel seco, tinta, pincis, cola colorida, massinha de modelar, argila, sucata e reaproveitamento de materiais, fantoches, mscaras, colagem, dentre outros.

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    Para Valladares e Carvalho (2005), a arteterapia pode oferecer criana diversas oportunidades que possam ajudar a lidar melhor com as situaes desfavorveis, facilitando s rotinas hospitalares, estimulando seu desenvolvimento saudvel e restabelecendo o equilbrio emocional. E em relao s crianas que no conseguem comunicar verbalmente os seus desejos e necessidades facilmente, a pintura seria a defesa dos seus direitos, principalmente da criana hospitalizada.

    A dramatizao pode ajudar dramatizar diversas situaes, decorrentes da hospitalizao. Segundo Chiattone (2003), em algumas situaes, a criana podem se vestir com roupas usadas pela equipe de sade, e usarem materiais como mscaras, aventais, seringas, enfim, usando estes materiais possvel a criana conseguir espelhar as condutas dos profissionais de sade.

    Essa atividade talvez a mais rica em termos de expresso e elaborao dos sentimentos das crianas internadas. Todas tm a oportunidade de vivenciar ou mesmo de assistir situao real que vivenciam a cada dia no hospital. E isso essencial. a oportunidade, o espao que a criana conquista para se expressar. a oportunidade de se posicionar, de lutar contra seus receios, de mostrar sua raiva, de sofrer menos. Para a equipe de sade tambm ocorre a oportunidade de se espelhar e refletir sobre nossas prprias atitudes perante as crianas. (Chiattone, 2003, p. 67).

    A musicoterapia uma forma de tratamento teraputico que utiliza a msica como instrumento na ajuda no tratamento de problemas, tanto de ordem fsica quanto de ordem emocional ou mental. A msica consegue trabalhar os hemisfrios cerebrais, promovendo o equilbrio entre o pensar e o sentir, resgatando o indivduo em seus pensamentos e sentimentos. A melodia trabalha o emocional, a harmonia, o racional e a inteligncia. A fora organizadora do ritmo provoca respostas motoras, que, atravs da pulsao d suporte para a improvisao de movimentos, para a expresso corporal e proporcional momentos de prazer ao paciente. Essa tcnica pode ajudar as crianas internadas nas formas de socializao, diminuio do estresse, criatividade e relaxamento.

    Na brinquedoteca hospitalar deve-se haver diversos brinquedos para entreter as crianas. Podem ser jogos de tabuleiros, de montar, bonecas, bolas, artesanais, educativos, fabricados atravs de sucatas pelas prprias crianas, brinquedos especiais ou adaptados para crianas com movimentos limitados devido sua enfermidade, para crianas cegas, com dificuldades de fala e escuta, e at para crianas que esto isoladas no hospital, dentre outros brinquedos. As brincadeiras podem ser escolhidas pelas

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    crianas, sem a interferncia de outras pessoas, ou brincadeiras pr-determinadas pelo brinquedistas, por exemplo, para as crianas brincarem.

    As atividades especiais e as comemoraes de datas festivas so atividades realizadas variando a rotina hospitalar. Segundo Chiattone (2003), o objetivo destas atividades o quebrar o ritmo normal da rotina diria das atividades impostas pela equipe da brinquedoteca hospitalar. Podem ser atividades surpresas ou para comemorar datas festivas anuais e aniversrias das pessoas envolvidas.

    Estas so apenas algumas atividades que ocorrem dentro de uma brinquedoteca hospitalar. Pode haver muitas outras e at algumas que so criadas e existentes em uma determinada brinquedoteca. A qualidade de uma brinquedoteca hospitalar vai variar de acordo com a criatividade e empenho de sua equipe.

    Concluso e Consideraes finais A infncia a fase mais importante pelo qual o ser humano passa ao longo da

    vida, pois onde se comea o processo de construo da personalidade de um indivduo.

    Como o brincar faz parte do cotidiano das crianas, este instrumento se faz necessrio para se conseguir uma infncia com o desenvolvimento normal e saudvel.

    no brinquedo que ela brinca com o real, estabelecendo sua personalidade, suas escolhas, necessidades e sentimentos. A partir disso, a criana inicia o seu processo de relao com outras crianas, e assim, ser inserida num contexto social ao qual ela faz parte.

    No mundo do faz-de-conta, consegue-se aprender a lidar com os relacionamentos do mundo sua parte, com a aplicao de suas experincias atravs das brincadeiras.

    Mesmo sabendo da importncia do brincar no desenvolvimento infantil, alguns especialistas de diversas reas alertam para o fato de que esta atividade deve ser valorizada, estimulada e levada a srio. Entretanto, na prtica no se ocorre da mesma forma.

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    Durante essa fase, podem acontecer alguns desafios. Um deles o ter que lidar com uma doena. Sendo que uma doena crnica muito pior, pois uma doena que no tem cura, conseguindo apenas tratamento da mesma.

    muito difcil para uma criana conseguir lidar com uma doena, pois dependendo da sua idade, ela no capaz de ter uma compreenso real do que est acontecendo com ela. Neste caso, aderindo ao tratamento, consegue-se prevenir problemas ainda piores em outras fases de sua vida.

    Nestas circunstncias, dependendo da gravidade de uma doena, sendo crnica, ou no, ela pode ser levada inmeras vezes para um hospital.

    Com isso, o papel da me, do pai, e ou cuidador indispensvel estar ao lado desta criana, durante todo o processo de internao, pois ajuda a amenizar as dificuldades da criana, fazendo com que esta tenha os traumas atenuados e mais experincias positivas ao longo de todo este perodo.

    Resumindo, quando h uma hospitalizao, ela privada de sua prpria vida. neste ponto que h a importncia da brinquedoteca hospitalar para esta criana. Este um meio ao qual ela poder se aproximar de sua vida normal e continuar utilizando o brincar tanto sozinha, quanto acompanhada, sendo de grande ajuda para super-la dos problemas adquiridos neste processo de internao.

    Neste momento indispensvel o apoio da famlia, do cuidador, da equipe que acompanha essa criana, especialmente o psiclogo. Se no houver a colaborao de todos, dificilmente ela conseguir superar facilmente este processo.

    Mesmo assim, h problemas de relao entre os pais e/ou cuidadores com alguns profissionais de sade, pois os pais apresentam dificuldades em se adaptar s rotinas determinadas pela instituio ou outras impostas pela prpria enfermaria ou CTI. J os profissionais de sade, so funcionrios desta instituio, sendo assim, tendo que seguir as normas impostas. Com isso, os pais reclamam destes profissionais por no os ajudarem, ao mudarem os horrio de visitas, e a entrada dos pais ao mesmo tempo no CTI, por exemplo, fazendo uma relao negativa entre os dois lados, e s o psiclogo pode ajudar a melhorar esta relao, facilitando a comunicao dos envolvidos. Isto um processo de humanizao hospitalar.

    Neste processo de humanizao hospitalar, o brincar utilizando a brinquedoteca hospitalar, ajuda na facilitao da comunicao: profissionais - pais - criana.

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    Por exemplo, pode-se incluir a entrada de profissionais, pais e/ ou cuidadores envolvidos com a criana dentro da brinquedoteca hospitalar, a fim de ser estreitar laos da relao entre eles.

    Na brinquedoteca, o papel do psiclogo e do pedagogo so os principais. O psiclogo ajuda dando suporte psicolgico criana, e o pedagogo o ajuda no processo educacional. Dependendo da situao, este profissional, pode trabalhar sendo o suporte escola, dando reforo escolar, utilizando este ambiente como facilitador.

    Em relao ao tema escolhido, foi percebido que h pouco material sobre a doena crnica de forma geral, pois s h textos referindo-se a apenas uma determinada doena.

    Alm do mais, nos dias de hoje existe pouco interesse dos profissionais da rea de sade em estudar sobre criana. Inclusive, percebe-se que na maior parte do material, h apenas pesquisas realizadas por mdicos e enfermeiros, mas pouco material escrito pelos psiclogos.

    Seria de extrema importncia para a psicologia em poder ter mais estudos sobre diversos temas, mas focando principalmente sobre o universo infantil, pois, poderia ser de grande ajuda ao entender os problemas que afligem os adultos.

    No trabalho apresentado, foi proposta uma sntese sobre os materiais publicados recentemente sobre o tema.

    Mesmo assim, por se tratar de uma monografia, que geralmente tem-se pouco tempo para ser elaborada e pela infinidade de atividades a serem desenvolvidas dentro de uma brinquedoteca, seria necessrio um novo trabalho direcionado prpria brinquedoteca hospitalar.

    Foi percebido tambm, que o processo de incluso de uma brinquedoteca num hospital no uma coisa fcil. Faz-se necessrio da criao de um projeto bastante apurado, dando ateno a inmeros detalhes, estes se podendo utilizar de alguns critrios da Associao Brasileira de Brinquedoteca.

    Espera-se que este trabalho seja de grande ajuda na divulgao da importncia da ludoterapia no desenvolvimento infantil.

    Tendo em vista diversos nmeros de artigos publicados sobre o tema exposto, o trabalho apresentado espera contribuir para um maior incentivo e interesse pelo tema por parte dos psiclogos e que os mesmos se interessem em um dia trabalhar numa brinquedoteca, sendo esta hospitalar, ou no.

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