Click here to load reader

A Tempestade e Chegada à Índia Canto VI, estâncias 70-94 Profª Maria Rodrigues Os Lusíadas

Embed Size (px)

Citation preview

Os Lusadas

A Tempestade e Chegada ndiaCanto VI, estncias 70-94 Prof Maria RodriguesOs Lusadas

2Ultrapassado o Cabo das Tormentas, os Portugueses so atingidos pelo escorbuto antes de chegarem finalmente a Melinde. Finda a narrao da Histria de Portugal e da viagem ao rei de Melinde, a frota portuguesa parte com destino ndia (incio do Canto VI). Baco, que no Conslio no Olimpo se tinha manifestado contra os Portugueses, dirige-se ao palcio de Neptuno, deus dos mares. A forma-se novo Conslio, desta vez dos deuses marinhos que, inflamados pelo discurso de Baco, tomam uma deciso adversa aos Portugueses. olo, deus dos ventos, provoca uma enorme tempestade no marIn Paratextos 9, Porto Editora

A CARAVELA3

A CARAVELA4

A Tempestade e Chegada ndia5Episdio naturalista Trata-se do ltimo dos grandes perigos que o Gama teve de ultrapassar antes de cumprir a sua misso.Estrutura externa: Canto VI, est.70 -94Estrutura interna: NarraoNarrador: PoetaPlano narrativo: Plano da Viagem e plano mitolgico

Cames deve ter aproveitado a sua prpria experincia de viajante e de nufrago para nos oferecer uma descrio to realista no s da natureza em fria (relmpagos, raios, troves, ventos, ondas alterosas), mas tambm, e sobretudo, dos gritos, do temor e desacordo dos marinheiros, incapazes de controlar a situao, dada a violncia dos ventos que lutavam como toiros indmitos.1 parte: Aparecimento da tempestade e atuao do mestre (est. 70-73)6Estabelece-se a transio da tranquilidade anterior dos marinheiros para a movimentao desencadeada pelas ordens do mestre, que o motor de toda a movimentao a bordo. conjuno coordenativa adversativa mas (est. 70) anncio da tempestade: O vento torna-se progressivamente mais forte e aparece uma nuvem negra (est. 70)O mestre manda recolher as velas: primeiro os traquetes das gveas (70, v.6), depois a grande vela (71, v. 4) uso do imperativo (est. 70, 71 e 72) alerta/amainax2/alijax2 = medo e confuso a bordo

2 parte: A tempestade (est. 73-79)7 Ao ouvirem o mestre, os marinheiros obedecem-lhe, num misto de nimo, dureza, esforo e cooperao, recolhendo as velas, lanando a carga ao mar, dando bomba e meneando o leme.Assistimos ao desenrolar da tempestade vista do exterior das naus.sensaes auditivas: o apito, os gritos, os rudos de destruio de partes dos barcos, os troves, o vento,...sensaes visuais: correm logo os soldados/ A nau grande.../Quebrado leva o masto pelo meio,/ Quasi toda alagada (est. 75)2 parte: A tempestade (est. 73-79)8adjetivos: duros e forosos (est. 73) possante nau (est. 74)gritos vos (est. 75)Neptuno furibundo (est. 76)Funo dos adjetivos:descrever a violncia da tempestade,a reao dos marinheiros,o esforo desigual entre o homem e a Natureza.2 parte: A tempestade (est. 73-79)9verbos de ao: fere (est. 72)correm (est. 73)menear (est. 73)

grau superlativo absoluto sinttico: fortssima (est. 74, v. 4)altssimos (est. 74, v.5)

Descrevem a reao dos marinheiros tempestade.Marcam o ponto mximo da violncia da tempestade.2 parte: A tempestade (est. 73-79)10Hiprboles e oraes subordinadas consecutivas

Est. 74: Os ventos eram tais, que no puderam/ Mostrar mais fora dmpeto cruel,/ Se pera derribar ento vieram/ A fortssima Torre de Babel Est. 78:Nunca to vivos raios fabricou /Contra a fera soberba dos Gigantes/ O gro ferreiro srdido

2 parte: A tempestade (est. 73-79)11Anfora /Aliteraes

Est. 76: Agora sobre as nuvens os subiam/ As ondas de Neptuno furibundo;/ Agora a ver parece que desciam/ As ntimas entranhas do Profundo

Destaca a oscilao violenta a que eram submetidas as naus, ora elevadas at s nuvens, ora descendo ao Profundo.2 parte: A tempestade (est. 73-79)12 Anfora e AnttesesEst. 76: Agora sobre as guas os subiam/ As ondas de Neptuno furibundo; / Agora a ver parece que desciam

A noite negra e feia se alumia/ Cos raios, em que o Polo todo ardia!

Destaca a oposio entre o negrume da noite e o brilho intenso dos raios que rasgavam o cu e iluminavam o escuro.Sugesto do rpido movimento ascendente e descendente .2 parte: A tempestade (est. 73-79)13Atenta ainda:na influncia que a violncia da tempestade exerce sobre os animais marinhos, os quais fogem aterrorizados:

As Alcinias aves triste canto/Junto da costa brava levantaram,/ Lembrando-se de seu passado pranto,/ Que as furiosas guas lhe causaram./ Os delfins namorados, entretanto,/ L nas covas martimas entraram,/ Fugindo tempestade e ventos duros,/ Que nem no fundo os deixa estar seguros. (est.77)

2 parte: A tempestade (est. 73-79)14Atenta por ltimo:

nas consequncias destruidoras na natureza envolvente (est. 79):

Quantos montes, ento, que derribaram/ As ondas que batiam denodadas!/ Quantas rvores velhas arrancaram/ Do vento bravo as frias indinadas!.

O Realismo Descritivo15 uma tcnica de escrita que consiste em descrever a realidade com muitos pormenores, recorrendo a

vocabulrio especficoadjetivos expressivosgraus de adjetivosverbos de ao

para permitir ao leitor a visualizao do que se descreve.3 parte: Splica de Vasco da Gama (est. 80-83)16 VG temendo um fim trgico, suplica a Deus pela salvao dos marinheiros (Apstrofe: Divina guarda, anglica, celeste est. 81):

evoca o poder de Deus, que a tantos salvou (est. 81);refere que Deus abandonou os marinheiros, apesar destes irem em misso religiosa (est. 82);louva os que tiveram a sorte de morrer, lutando pela f crist (est. 83).

Uso de adjetivao expressiva

Ainda a descrio da tempestade (est. 84)17Apesar da splica de Vasco da Gama, a tempestade aumenta a sua violncia:os ventos que lutavam/ Como touros indmitos (Comparao)Feros troves que vm representando/ Cair o Cu dos eixos sobre a Terra,/ Consigo os Elementos terem guerra (Hiprbole)

4 parte: Interveno de Vnus (est. 85-91)18Plano Mitolgico;Vnus surge, acusando Baco de ser o responsvel pela tempestade;rene ento as ninfas e ordena que se embelezem, para seduzirem os ventos;Oritia diz a Breas que no voltar a am-lo se ele insistir naquela ferocidade (Antteses);Galateia faz o mesmo junto de Noto;Os ventos amansam e a tempestade acalma;Vnus, feliz, afirma que proteger os Portugueses.

A Chegada ndia e agradecimento de Gama Divina Guarda (est. 92-94)19Na manh seguinte, j num ambiente calmo, os marinheiros avistam terra 17 de maio de 1498 e, trs dias depois, a armada fundear em Calecut.J a menham clara* dava nos outeiros/(...) Enxergaram terra alta pela proa

Vasco da Gama agradece a Deus por ter livrado os Portugueses dos perigos da tempestade.

Resumo do episdioDepois de sarem de Melinde e j to perto da ndia, os marinheiros so surpreendidos por uma tempestade muito violenta.Trata-se de um episdio naturalista em que se faz uma descrio muito hiperbolizada dessa tempestade que parecia querer destruir a mquina do Mundo.Desesperado, o Mestre,Vasco da Gama, dirige-se Divina Guarda pedindo clemncia e apresentando argumentos, nomeadamente, que aquela uma viagem ao servio de Deus: Se este nosso trabalho no Te ofende,/ Mas antes Teu servio s pretende? (est. 82, vv.7 e 8).Vnus, protetora dos portugueses, apercebendo-se que so obras de Baco vai intervir mandando as Ninfas enfeitarem-se com coroas de flores e irem ao encontro dos ventos que, perante a sua beleza, logo desfalecem e se deixam seduzir: vista delas, logo lhe falecem/ As foras com que dantes pelejaram (est. 88, vv.1 a 3).Pela manh, avistam a ndia e Vasco da Gama agradece a Deus.21