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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAU – UVA LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA A teoria histórica aplicada ao ensino de História no Ensino Médio JOÃO LACERDA BIDÔ FILHO MARCELO GONÇALVES

A teoria histórica aplicada ao ensino de História no Ensino Médio.doc

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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAU UVALICENCIATURA PLENA EM HISTRIAA teoria histrica aplicada ao ensino de Histria no Ensino MdioJOO LACERDA BID FILHOMARCELO GONALVESItaporanga PB

2010

JOO LACERDA BID FILHO

MARCELO GONALVESA teoria histrica aplicada ao ensino de Histria no Ensino MdioTrabalho de concluso da disciplina Metodologia do Trabalho Cientfico apresentado ao curso de Licenciatura Plena em Histria da Universidade Vale do Acarau como pr-requisito de avaliao final, sob orientao da professora Andreza Andrade.

Itaporanga PB

2010

ResumoO presente trabalho enfatiza o ensino de Histria no Ensino Mdio. Demonstramos que perfeitamente possvel e necessrio aos professores de Histria estarem preocupados em transmitir para os educandos as teorias bsicas que norteiam a construo da Histria enquanto cincia subjetiva, no esttica e construda a partir de processos que se desenrolam ao longo de dcadas at a exploso das revolues. Sendo necessrio conscientiz-los da existncias de concepes histricas que comeam com o trabalho do historiador que escolhe o fato a ser estudado e que ao debruar sobre seu objeto de estudo o interpreta no de forma neutra, to pouco imparcial. Nosso trabalho foi inspirado nos Referenciais Curriculares para o Ensino Mdio da Paraba, alm de fundamentarmos nas novas teorias sobre a histria que vem sendo desenvolvidas desde o inicio do sculo XX, quando surgiu a Escola dos Annales propondo uma abertura de paradigmas na construo e entendimento dos estudos histricos, desta feita procuramos contribuir para reflexo em torno de um ensino de Histria voltado para o desenvolvimento de competncias e habilidades correspondentes ao que propem os PCNs e os PCN+.Palavras-chave:

Teoria da Histria Ensino Mdio Referenciais Curriculares - PCNs Introduo Como tem se comportado o professor de Histria no contexto da sala de aula mediante as transformaes que o mundo de hoje nos apresenta?. essa uma das nossas preocupaes nesse espao de debate. Mais do que nunca nossos educandos desinteressam-se pelo ensino da Histria enquanto disciplina do currculo normal do Ensino Fundamental, no vem sentido num mundo distante de um passado de grandes heris, generais e governantes muitas vezes sanguinrios.

A passagem da sociedade industrial para a sociedade de informao nos apresenta um novo modelo de pensar as relaes. Nesse contexto, deve existir o questionamento sobre qual novo papel da escola e num sentido mais especifico o nosso papel enquanto professores de Histria tropeiros do passado.

Com a promulgao da Lei n 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes para a educao nacional e todos os atos administrativos decorrentes desta, muitas mudanas foram previstas e autorizadas, e estas enfatizam uma nova relao da escola com a sua comunidade, com seus profissionais, com seu entorno e, sobretudo, com sua prtica pedaggica.

necessrio, enquanto professores, propiciar aos nossos alunos, nos dias atuais uma viso sistmica de educao para vida. A escola no est isolada, mas inserida em uma realidade e com esta deve atuar e interagir. Devemos buscar no debate os subsdios para o planejamento coerente com nosso mundo. Alm disso, devemos pensar em inovao e identificar as premissas que envolvem a realidade; estar interconectados e entender que sempre o todo ser muito maior que somente a somas das partes.

No contexto atual, o profissional da livre docncia na disciplina de Histria, mais do que qualquer outro profissional, pela dimenso que nos apresenta o estudo e ensino nessa rea, deve primar pela construo de uma sociedade democrtica e participativa; ou em processos de educao informal, que complementam e agregam valor aos conhecimentos adquiridos pelas pessoas.

Nesse cenrio, entendemos que as competncias do professor, lhe conferem uma identidade que lhe d o sentimento de pertencimento, de tornar-se membro, de conexes e inter-relaes que determinam uma trajetria com um movimento contnuo de renovao e buscas. A compreenso do atual cenrio da sociedade brasileira, inserida em um mundo globalizado, o ponto de partida para um processo de formao que d conta de responder aos anseios contemporneos.

A relao entre professor de Histria, sua formao e cotidiano, rendeu ao longo de anos debates encarnados nos encontros, congressos e seminrios cujo principal objetivo era a necessidade de serem realizadas mudanas pra superao do ensino tradicional de Histria. Desses, duas linhas se seguiram: a modernizao dos currculos do ensino fundamental e superior e a qualificao e atualizao de professores de Histria.

H muito se fala da rudeza do ofcio de professor e isto se aplica com pertinncia ao professor de Histria. A sua formao no se restringe a um curso de Histria, engloba ainda rea das Cincias Humanas, como Filosofia, Cincias Sociais etc. Em geral, essa formao comea e termina no curso de graduao. (SCHMID, 2002 p.55)

Por isso no se enganem os pretensos formandos de graduao em Histria, em sala de aula de quando em vez so levados a discernir sobre assuntos das cincias acima citadas por Maria Auxiliadora Schmidt, quando no, at mesmo se d a explicaes de Biologia, Matemtica, Qumica, Fsica, afinal estamos lidando com uma cincia dita universal e que versa sobre a trajetria da humanidade em todas as suas dimenses.

Mediante o exposto, as transformaes prprias da vida humana sobre a terra, principalmente no ltimo quartel do sculo XX e nos primeiros anos do sculo XXI, tem causado perplexidade a todos e todas mas especialmente a ns professores. Nossos alunos tem a seu alcance uma imensido global propiciada pela tecnologia. Passamos ento a questionar a eficcia dos nossos livros, dos professores como agentes de ensino e das propostas curriculares ligadas s realidades nacional e local.

DesenvolvimentoA Histria no uma sucesso de fatos no tempo, no uma evoluo temporal das coisas e dos homens nem o progresso de suas idias; mas o modo como os homens criam os meios e as formas de sua existncia social, que econmica, poltica e cultural. Marilena Chau

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE L.

(Bertolt Brecht)

Quem construiu a Tebas das sete portas?

Nos livros constam os nomes dos reis

Os reis arrastaram os blocos de pedra?

E a Babilnia tantas vezes destruda

Quem a ergueu outras tantas?

(...)

Para onde foram os pedreiros

Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?

A grande Roma est cheia de arcos do triunfo.

Quem os levantou?

Sobre quem triunfaram os csares?

(...)A HISTRIA CONTADA PELOS VITORIOSOS

Faz pouco tempo que os historiadores se deram conta que a histria sempre interpretada e escrita pelos vitoriosos. E, neste processo, os derrotados so sempre silenciados. E isto porque o fato de terem sido derrotados faz com que eles sejam alinhados ao lado da mentira.

(...)

Sobre as vtimas se coloca o estigma do erro. Assim acontece com as bruxas (que nunca se chamaram de bruxas), com os anabatistas (seita protestante), com as civilizaes pr-colombianas, com as culturas ndias, com os negros, com os pobres, com aqueles que inventaram novas maneiras de pensar. Os estigmas tm os sons mais variados. Mas todos eles sugerem a sua distncia da verdade: tipos exticos; primitivos; atrasados; supersticiosos... difcil ouvir sua fala como portadores de uma verdade que somos incapazes de entender.

(Rubem Alves: Variaes sobre a vida e a morte. So Paulo, Paulinas, 1982, p.118-9)

O poema de Beltolt Brecht, e o texto de Rubem Alves, o que eles nos diz? Procura investigar trabalhar, escrever a Histria fugindo do foco do vilo e heri, bastante presente no ensino das sries iniciais e no mdio. A histria poltica tem contribudo para essa perspectiva de vislumbrar apenas a histria dos vencedores, ao mesmo tempo que esconde e escamoteia os grupos e culturas dos vencidos.

O grande lema da disciplina histria tem sido a verdade. O que a verdade em Histria? Nos apegamos muito na idia de que deveramos reproduzir os fatos tal qual estivesse ocorrido, numa viso bastante positivista preocupada com a objetividade da cincia histrica em meio a avalanche cientifica do sculo XIX. Desta feita era preciso no debruarmos sobre analises subjetivas do historiador que no caso estaria corrompendo o documento original, verdadeiro.

A verdade histrica estava indubitavelmente enraizada no passado das grandes civilizaes antigas e clssicas como principais construtoras da Histria e vanguarda do legado cultural do mundo atual. A Histria era ensinada como matriz de causa e conseqncias. Os documentos, principalmente escritos passam a ser fundamentais, so eles os mentores da verdade pois encerravam em si a prova, a comprovao, a nica forma de verificar hipteses, seria o suporte necessrio para definirmos que estvamos reconstrudo os fatos histricos.

Essa mais concepo positivista, onde o suporte terico filosfico da Histria abandonado, e o sujeito histrico inexiste, resta apenas a causalidade como meio explicativo da Histria dependendo do aporte cronolgico para explicar o embrincamento dos fatos relacionados um ao outro pelas causas e conseqncias do outro. Durante os cursos de graduao em Histria, a disciplina Introduo se preocupava com a veracidade dos documentos, colocando a necessidade da crtica interna e externa, isso nos vem demonstrar a preocupao documental. a crtica a essa perspectiva aconteceu, essencialmente, com os cursos de ps-graduao nas dcadas de 60/70 (...) e representou um modo de ruptura na produo historiogrfica... (FENELLON, 2008 p.122)

Durante essa dcada 70, Hlio Viana e Srgio Buarque de Holanda vieram colocando uma outra perspectiva, no caso de Buarque sua produo era mais ensasta do que uma grande investigao histrica alm do levantamento de novos temas. na dcada de 70 que o debate em torno da teoria histrica se acalora enfatizando a necessidade do suporte terica para o melhor discernimento quanto ao acontecimento na Histria.

De forma mais geral, para o materialismo histrico a construo do conhecimento antes de tudo social, sendo assim o historiador no pode se furtar ao envolvimento com o objeto de estudo a partir mesmo do seu presente, isso quer dizer que as paixes, os tabus, os preconceitos, o entendimento sobre a vida e sobre o mundo devem esta presentes na interpretao dos fatos pelo historiador. Essa concepo de Histria deve ser colocada para nossos alunos, eles no podem estar alijados do entendimento de que a histria antes de tudo resultado de um processo construdo cotidianamente por todos os homens, independentemente de sua etnia, credo, opo poltica, em fim.

Segundo Carr a objetividade na Histria esta caracterizada pelo senso comum quando vem os fatos histricos como algo imutvel e consensuais dos quais se pode extrair significados absolutos, mas isso no a realidade do saber e estudar histrico, os fatos jamais falam por si na verdade so sempre interpretados e esto diretamente relacionados com o presente do historiador se assim no o fosse, as correntes historiogrficas inexistiriam. O olhar do historiador determina a importncia do objeto de estudo:

Nem mesmo existem fatos consensualmente tidos como importantes, um historiador pode selecionar um evento para estudo que passe totalmente desapercebido por outro, ou seja, no apenas a interpretao pessoal, mas a prpria escolha dos fatos. Assim sendo eu poderia reescrever a histria da Segunda Guerra Mundial pelo ponto de vista das Testemunhas de Jeov que sofreram nos campos de concentrao nazista como mostrado na exposio Tringulos Roxos h cerca de um ano, ao invs do ponto de vista dos Judeus que tiveram a mesma sorte, ou mesmo sobre o ponto de vista dos homossexuais. (CARR, 1996 p.53 )Isso define que a construo da Histria antes de tudo interpretativa, subjetiva cabendo a cada um dar sua verso do fato, os fatos no tm voz em si mesmos, como diziam os positivistas. Evidentemente que as fontes so a base da interpretao e precisam passar pelo processo de critica.

Na sala da aula, em especial no Ensino Mdio devemos desenvolver nos alunos a capacidade do aprender a Histria desvinculada da concepo positivista que contribuiu para o desenvolvimento da idia do decoreba, a partir das novas concepes ser possvel desenvolver as habilidades cognitivas que permitam o raciocnio histrico, o pensar historicamente, e no apenas o conhecimento de uma histria acontecida que acaba sendo a histria oficial. (FENELLON, 2008 p.134)

Somente atravs do conhecimento histrico podemos analisar, entender e transformar a nossa histria. Somente ela (a Histria) pode conscientizar a todos ns, para que juntos ou individualmente possamos transformar nossa dura, triste e fascinante realidade... Ser que essa idia de Histria que temos passado aos nossos estudantes? E at que ponto isso real? Outro dia a revista Veja acusou os professores de Histria de estarem veiculando uma histria de cunho marxista. Ora vejamos: ao nos debruarmos sobre o passado partindo da realidade concreto do nosso mundo capitalista a quem recorrer se no ao Karl Marx. Ns bem sabemos que o grupo Abril uma empresa capitalista e como tal defensora assdua do liberalismo portanto, de forma alguma aceita qualquer colocao fundamentada no materialismo histrico.

o fazer que identifica a classe, com homens reais, vivendo suas experincias cotidianas. E essas experincias, absolutamente, no podem ser todas elas traduzidas apenas atravs de movimentos polticos, ou no partido, associao ou sindicatos etc. (THOMPSON, 1987 p. 87)

Antes de fornecer respostas definitivas, o estudo comprometido da disciplina Histria, luz da discusso histrica e da narrativa, deve propor tpicos e interpretaes que sirvam como um primeiro esboo para a discusso da realidade.

Peter Burke, um dos componentes da Escola dos Annales francesa, no seu livro O que Histria Cultural (Zahar, 2005) procura explicar a emergncia, a partir da dcada de 70, de um modo peculiar de compreender a Histria, tomando os aspectos culturais do comportamento humano como centro privilegiado do conhecimento histrico.

Esta emergncia vincula, segundo ele, ao que chama de virada cultural: uma guinada sofrida pelos estudos histricos, abandonando um esquema terico generalizante e movendo-se em direo aos valores de grupos particulares, em locais e perodos especficos.

Dessa forma, antigos conceitos, como luta de classes e civilizao so abandonados em prol de categorias explicativas de carter regionalizado, em que as distines culturais assumem importncia maior que os elementos polticos e econmicos. A dimenso simblica e suas interpretaes passam a constituir o terreno comum se voltam os historiadores multiplicando os mtodos e os objetos investigados.

As diretrizes curriculares, bem como os PCNs para o Ensino Mdio, possuem uma caracterstica comum: foram organizados a partir da definio de competncias e habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Logo, tanto para as diretrizes curriculares como para os PCNs, mais importante do que aprender um contedo relativo a uma rea de conhecimento desenvolver procedimentos que permitam ao aluno aprender a conhecer.

O importante a ressaltar que no h consenso entre os educadores brasileiros no que diz respeito organizao de currculos a partir de competncias e habilidades. H fortes dvidas acerca de como, consensualmente, defini-las em reas menos procedimentais, como o caso de Histria. Em outras disciplinas como Portugus e Matemtica, os resultados esperados so mensurveis.Quando se refere ao ensino de Histria no Ensino Mdio, os PCN se inicia com uma discusso das razes do seu ensino, o que e como ensinar, as competncias e as habilidades especficas a serem desenvolvidas: representao e comunicao, investigao e compreenso e contextualizao sociocultural

Os PCN+ no que diz respeito Histria, se iniciam por conceitos estruturadores, em sua historicidade: o passado como dimenso permanente da conscincia humana e a sua relao com o presente; a produo historiogrfica como resultante do seu tempo (presente), mas tambm de muitas tradies do pensamento; a articulao entre a micro e a macro histria, do singular com o geral; a ampliao do conceito de cultura, abrindo novas perspectivas para o conceito de identidade; a construo de identidades sociais e pessoais de forma constextualizada e relacionada memria; os lugares de memria e a ampliao das fontes documentais; o tempo como construo humana e o tempo histrico como construo cultural, bem como as diferentes formas de vivenciar, apreender e registrar o tempo, e, ainda, a durao como forma de apreender as continuidades e as descontinuidades; os trs tipos de durao, tais quais formulados por Fernand Braudel.

Em maio de 2005, foi divulgada nova verso dos Parmetros de Histria para o Ensino Mdio, intitulada Parmetros Curriculares Nacionais Histria (verso 2005). Em linhas gerais, trata-se de uma reelaborao do texto de dezembro de 2004, eliminando-se a parte referente aos comentrios sobre os PCN e PCN+. O documento traa, na primeira parte, uma discusso sobre a Identidade da disciplina Histria, compreendendo a sua importncia e a relao entre currculo de Ensino Mdio e a disciplina, em que h referncias a competncias, com destaque para a interdisciplinaridade e a contextualizao.

Na segunda parte A Histria no Ensino Mdio -, no item Questes de contedo, est explicita a adoo dos conceitos bsicos como parmetros, aps o que se seguem os conceitos: Histria, Processo histrico, Tempo, Sujeitos histricos, Trabalho, Poder, Cultura, Memria, Cidadania. No item Questes metodolgicas, abordada a articulao entre conceitos estruturadores e competncias centrais prprias Histria, apresentada em quadro intitulado Articulao: conceitos competncias atividades didticas.

Na terceira parte, denominada de Perspectivas de Ao Pedaggica, so feitas consideraes sobre a seleo e organizao dos contedos a partir dos objetivos do Ensino Mdio, competncias a desenvolver, carter interdisciplinar dos conhecimentos mobilizados, sentidos atribudos no esforo da contextualizao, conceitos estruturadores da disciplina e articulao com as competncias especificas do conhecimento histrico. Neste item, ainda se explicita que os contedos no constituem um fim em si mesmos, mas meios bsicos para constituir competncias cognitivas ou sociais, priorizando-as sobre as informaes (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio, Art. 5, I). So considerados maios para a aquisio de capacidades que auxiliem os educandos a produzir bens culturais, sociais e econmicos e deles usufruir.

Observamos um salto qualitativo no procedimento de se lidar com a Histria, que infelizmente ainda no chegou at nossas escolas, no sculo XX superamos velhas barreiras, mas isso j comea no sculo XIX, no com a mesma caracterstica e profuso do sculo subseqente. Houve a preocupao de tudo historicizar, de escrever, a propsito de cada coisa, uma histria geral, de remontar incessantemente no tempo e de repor as coisas mais estveis na liberao do tempo.

Costuma-se se dizer que, com o sculo XIX, cessou a pura crnica dos acontecimentos, a simples memria de um passado povoado somente de indivduos e de acidentes, e que se buscaram as leis gerias do devir. De fato, nenhuma histria foi mais explicativa, mais preocupada com leis gerias e com constantes que as da idade clssica. A partir do sculo XIX, o que vem luz uma forma nua da historicidade humana o fato de que o homem enquanto tal est exposto ao acontecimento.

Da o fato de definir a histria a partir do fato de que o homem vive, de que o homem trabalha, de que o homem fala e pensa: e tm-se as interpretaes da Histria a partir do homem considerado como espcie viva, ou a partir das leis da economia, ou a partir dos conjuntos culturais.

Quais os objetivos da Histria no Ensino Mdio? Segundo os Referenciais Curriculares seria formar indivduos capazes de compreender o mundo em que vivem para sua insero ativa na sociedade contempornea. Como em todas as reas de conhecimento, resguardada as especificidades: capacidade de se apropriar de conhecimentos, articulando-os, integrando-os, reelaborando-os; de dominar tecnologias da informao e mltiplas linguagens para fins de representao e comunicao; de mobilizar os conhecimentos aprendidos para utiliz-los no exame e compreenso de problemas, acontecimentos e situaes novas. Em sendo assim acreditamos na possibilidade da formao de sujeitos crticos e autnomos, que, por sua vez, constituem a base de uma efetiva cidadania e o preparo par o mundo do trabalho. (PARAIBA/SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAO E CULTURA COORDENADORIA DE ENSINO MDIO 2006, p. 134).

Pode-se considerar que o educando atingiu o conhecimento histrico a partir do momento que ele ou ela seja capaz de realizar pesquisas histricas; confrontar verses e situaes histricas; desenvolver trabalhos com diversos tipos de documentos, extraindo deles informaes que possibilitem estabelecer relaes e comparaes entre problemticas atuais de outros tempos; problematizar o seu prprio tempo e buscar respostas para os questionamentos, entre outra aes. Concluso

As discusses aqui apresentadas esto longe de esgotar o debate sobre o ensino de Histria no Ensino Mdio, estamos propondo uma reflexo a todos aqueles que de uma forma ou outro esto envolvidos no ato de educar e mais especificamente preocupados com o ensino-aprendizagem, para isso entendemos ser crucial o levantamento de questes que exponha o quanto importante passarmos para nossos educandos como o processo histrico construdo.

A Histria antes de tudo dinmica e no esttica como muitos acreditam, quem assim o faz desconsidera o processo como fator inerente a construo da Histria e por continuam tendo uma viso destorcida sobre ela.

O grande desafio ao sistematizar uma proposta que aborde os nem to novos conceitos e abordagem metodolgica do ensino de Histria acreditar na contribuio para construo de uma prtica e que esta seja efetiva. Portanto s ter sentido os esforos colocados na sistematizao deste material se os professores da rea se apropriar das informaes apresentadas e utiliz-las em sua relao cotidiana, contribuindo com o processo no qual interage.Muitas so as dificuldades da educao nos dias atuais, a iniciar pelos obstculos no acesso a uma formao de qualidade para professores e a dissociao que existe entre os contedos apresentados e a prtica realizada.

Por isso acreditamos que este trabalho seja mais uma contribuio para o desenvolvimento da prtica docente em especial dos professores que ministram aula de Histria no Ensino Mdio tanto na rede pblica quanto na privada. Devemos estar atentos, pois at as universidades j comeam a trilhar essa concepo de ensino de Histria aqui na Paraba, seguindo os Referenciais Curriculares para o Ensino Mdio da Paraba.

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