Allan Kardec - Conselhos Reflexões e Máximas de Allan Kardec

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    www.autoresespiritasclassicos.com

    Conselhos, Reflexes e Mximas

    de

    Allan Kardec

    Fragmentos extrados dos doze

    primeiros anos da Revista Esprita

    Traduzido porPaulo A. Ferreira

    do originalConseils, Reflexions et Maximes

    dAllan Kardec

    editado porLe Centre Spirite Lionnais Allan Kardec

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    El Greco

    Apstolo Pedro e Paulo

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    Segundo disse M. de Buffon, com muita razo,o estilo o homem, e assim, para melhorapreciarmos Allan Kardec, estudemo-lo em suaobra, porque, dessa forma, quanto mais julgarmosos mritos deste profundo pensador, mais cresceronosso respeito e nossa afeio por ele. Dentro deste

    propsito, acreditamos dever reproduzir aquialgumas passagens extradas dos numerosos artigosque ele publicou na Revista Esprita de 1858 a1869; elas nos recordaro alguns dos princpiosfilosficos que freqentemente o mestre gostava defrisar. Meditando seus conselhos, suas mximas,aprenderemos a conhecer e amar melhor o fundador

    da Filosofia Esprita.

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    R. E. 1865, p. 328: Deus me guarde de ter a presuno de mecrer o nico capaz, ou mais capaz do que um outro, ou o nico

    encarregado de cumprir os desgnios da Providncia; no, esse pensamento est longe de mim. Neste grande movimentorenovador tenho a minha parte de atuao; no falo senodaquilo que me concerne; mas o que posso afirmar sem vfanfarrice que, no que me incumbe, nem a coragem, nem aperseverana, me faltaro. Nisso jamais falhei, mas hoje que vejoo caminho se aclarar de uma maravilhosa claridade, sinto minhasforas crescerem, no tenho mais dvida e graas s novas luzes

    que praza a Deus me dar, estou certo, e digo a todos os meusirmos, com toda a certeza que jamais tive: coragem eperseverana, porque um esplendoroso sucesso coroar vossosesforos.

    R. E. 1867, p. 40: O Espiritismo , como alguns o pensam, umanova f cega substituindo a uma outra f cega ou, dito de outraforma, uma escravido do pensamento sob uma nova forma?Para crer nisso seria preciso se ignorasse os seus primeiros

    elementos. Com efeito, o Espiritismo coloca, em princpio, queantes de crer preciso compreender; ora, para compreender, preciso usar de seu julgamento; eis porque ele procura se darconta de tudo em vez de nada admitir, em saber o porqu e ocomo de cada coisa; tambm os espritas so mais cticos doque muitos outros com relao aos fenmenos que saem docrculo das observaes habituais. Ele no repousa sobrenenhuma teoria preconcebida ou hipottica, mas sobre a

    experincia e a observao dos fatos; em vez de dizer: Creia emprimeiro lugar e se puder compreenda em seguida, ele diz:Compreenda em primeiro lugar, e creia em seguida se vocquiser. No se impe a ningum; diz a todos: Veja, observe,compare e venha a ns livremente se tal lhe convier. Falandoassim, ele se adianta e corta as chances da concorrncia. Semuitos vo a ele, porque os satisfaz muito, mas ningum oaceita de olhos fechados. queles que no o aceitam, ele diz:

    Voc livre, e no o quero; tudo que peo que me deixeminha liberdade, como eu lhe deixo a sua. Se procura me afastar,

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    por receio de que eu suplante voc, porque voc no est bemcerto de si.

    O Espiritismo, procurando no descartar nenhum dosconcorrentes dentro da lia aberta s idias que devemprevalecer no mundo regenerado, est dentro das condies daverdadeira liberdade de pensamento; e no admitindo nenhumateoria que no seja fundamentada sobre a observao, est, aomesmo tempo, dentro daquelas de mais rigoroso positivismo;enfim, tem sobre seus adversrios, de opinies contrriasextremas, a vantagem da tolerncia.

    queles que querem ver os fenmenos antes de crer noEspiritismo, Allan Kardec d estes sbios conselhos:

    R. E. 1861, p. 130: Seria, de resto, bastante inconveniente que a propagao da Doutrina ficasse subordinada publicidade denossas reunies: por mais numeroso que pudesse ser o auditrio,ele seria sempre fortemente restrito, imperceptvel, comparado massa da populao. Por outro lado ns sabemos, porexperincia, que a verdadeira convico no se adquire a no ser

    pelo estudo, pela reflexo e por uma observao sustentada, eno, assistindo a uma ou duas sesses, por mais interessantes queelas sejam, e isto to verdadeiro, que o nmero dos que cremsem nada terem visto, mas porque eles tm estudado ecompreendido, imenso. Sem dvida o desejo de ver muitonatural, e estamos longe de censurar, mas queremos que ofenmeno seja visto em condies de aproveitamento. Eis porquedizemos: Primeiramente estude, e em seguida veja, porque

    assim compreender melhor. Se os incrdulos refletissem sobreessa condio, eles extrairiam a melhor garantia, em primeirolugar, de nossa boa f, e em seguida da potncia da Doutrina.Aquilo que o charlatanismo mais teme ser compreendido; elefascina os olhos e no bastante tolo para se dirigir inteligncia que descobriria facilmente a sua farsa. OEspiritismo, ao contrrio, no admite confiana cega; quer verclaramente em tudo; quer que se compreenda tudo, que se leve

    em conta tudo; ento quando prescrevemos o estudo e ameditao, isto apelar ao concurso da razo, e provar que a

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    cincia esprita no teme o exame, pois que antes de crer nsfazemos do compreender uma obrigao.

    R. E. 1861 p. 377: Quem tem a inteno de organizar um grupoem boas condies deve antes de tudo se assegurar do concursode alguns adeptos sinceros, que levem a Doutrina a srio e cujocarter conciliador e benevolente lhe seja conhecido. Com essencleo formado, que seja de trs ou quatro pessoas, seestabelecer regras precisas, seja para as admisses, seja para adireo das reunies e para a ordem dos trabalhos, regras squais os recm chegados tero de se conformar... A primeira

    condio a impor, se no se deseja ser a cada instante distradopor objees ou questes ociosas, pois o estudo preliminar. Asegunda uma profisso de f categrica e uma adeso formal Doutrina do Livro dos Espritos e certas outras condiesespeciais que se julgar a propsito. Isto para os membrostitulares ou dirigentes; para os ouvintes, que vm geralmentepara adquirir um acrscimo de conhecimentos e de convices,se pode ser menos rigoroso; todavia, como existem os que podem causar problemas pelas observaes deslocadas, importante se assegurar de suas disposies; preciso sobretudo,e sem exceo, afastar os curiosos e todos os que no sejamatrados seno por um motivo frvolo.

    A ordem e a regularidade dos trabalhos so coisasigualmente essenciais. Ns consideramos como eminentementetil abrir a reunio pela leitura de qualquer passagem de O Livrodos Mdiuns e O Livro dos Espritos; por este meio, se ter

    sempre presente na memria os princpios da cincia e os meiosde evitar os escolhos que se encontram a cada passo na prtica.A ateno se fixar assim sobre uma multido de pontos queescapam freqentemente numa leitura particular, e podero darlugar a comentrios e a discusses instrutivas, s quais mesmo osEspritos podero tomar parte...

    R. E. 1861, p. 380: ...Tudo isso, como se v, de uma execuomuito simples, e sem acessrios complicados; mas tudo depende

    do ponto de partida, isto , da composio dos grupos primitivos.Se eles forem formados de bons elementos, sero tantas boas

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    razes que daro bons rebentos. Se, ao contrrio, so formados deelementos heterogneos e antipticos, de espritas duvidosos, seocupando mais da forma que do fundo, considerando a moral

    como a parte acessria e secundria, preciso se prever polmicas irritantes e sem desfecho, melindres desuscetibilidades, seguido de conflitos precursores dadesorganizao. Entre verdadeiros espritas, tais como oshavemos definido, vendo o propsito essencial do Espiritismo namoral, que a mesma para todos, haver sempre abnegao da personalidade, condescendncia e benevolncia, e, porconseqncia, certeza e estabilidade nos relacionamentos. Eis

    porque insistimos tanto nas qualidades fundamentais. Associedades numerosas tm sua razo de ser do ponto de vista dapropaganda, mas, para os estudos srios, prefervel se fazer usodos grupos ntimos.

    R. E. 1861, p. 347: De resto, qualquer que seja a natureza dareunio, quer seja numerosa ou no, as condies que devepreencher para atender o objetivo so as mesmas; nisso que preciso conduzir todos os seus cuidados e, aqueles que opreencherem, sero fortes, porque tero necessariamente o apoiodos bons Espritos. Estas condies so comentadas noLivro dosMdiuns n 341.

    Um capricho bastante freqente com alguns novos adeptos, o de crer se passarem a mestres aps alguns meses de estudo. O Espiritismo uma cincia imensa, como sabem, e cujaexperincia no se pode adquirir seno com o tempo, nisso

    como em todas as coisas. H nessa pretenso de no ter maisnecessidade dos conselhos de outrem e de se crer acima de todos,uma prova de insuficincia, pois que fracassa em um dos preceitos primeiros da Doutrina: a modstia e a humildade.Quando os maus Espritos encontram semelhantes disposiesem alguns indivduos, eles no falham em os superexcitar,distrair e persuadir de que somente eles possuem a verdade. um dos escolhos que se pode encontrar, e contra o qual creio

    dever prevenir, acrescentando que no suficiente se dizerEsprita para se dizer Cristo: preciso prov-lo pela prtica.

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    R. E. 1865 p. 376: O Espiritismo, tendo por objetivo a melhoriados homens, no vem em absoluto buscar os que so perfeitos,mas aqueles que se esforam por se transformar colocando em

    prtica os ensinos dos Espritos. O verdadeiro Esprita no aquele que chegou ao objetivo, mas aquele que quer seriamenteatingi-lo. Quaisquer que sejam ento seus antecedentes, ele serum bom esprita desde que reconhea suas imperfeies e queseja sincero e perseverante em seu desejo de se corrigir. OEspiritismo para ele uma verdadeira regenerao, porquerompe com seu passado; indulgente para com os outros comoqueria que o fossem para com ele, no sair de sua boca

    nenhuma palavra malevolente nem injuriosa para as pessoas.Aquele que em uma reunio se afastar da convenincia provarno somente uma falta de saber-viver e de urbanidade, mas umafalta de caridade; aquele que se melindra quando contrariado emsuas opinies e pretende impor sua pessoa ou suas idias, farprova de orgulho; ou, nem um nem o outro estar no caminho doverdadeiro Espiritismo, isto , do Espiritismo Cristo. Aqueleque cr ter uma opinio mais justa que os outros a faria mais

    bem aceita pela doura e pela persuaso; o azedume seria umgrande erro de sua parte.

    R. E. 1865, p. 92: O Espiritismo no est apenas na crena namanifestao dos Espritos. O erro daqueles que o condenam de crer que ele no consiste seno na produo de fenmenosestranhos, e isso porque, no se dando ao trabalho de estud-lo,dele no vem seno a superfcie. Esses fenmenos no soestranhos seno para aqueles que no lhes conhecem as causas,mas qualquer um que os aprofunde, neles no v seno os efeitosde uma lei, de uma fora da natureza que no se conhecia, e que,por isso mesmo, no so nem maravilhosos, nem sobrenaturais.Esses fenmenos, provando a existncia dos Espritos, que noso outros seno as almas daqueles que viveram, provam, porconseqncia, a existncia da alma, sua sobrevivncia aoscorpos, a vida futura com todas as suas conseqncias morais. Af no porvir, encontrando-se apoiada sobre as provas materiais,se torna inabalvel, e triunfa da incredulidade. Eis porque,quando o Espiritismo se tiver tornado a crena de todos no

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    R. E. 1864, p. 235: O Espiritismo uma f ntima; est nocorao e no nos atos exteriores, no prescreve nada que seja denatureza a escandalizar aqueles que no compartilham dessa

    crena, recomendando disso se abster por esprito de caridade ede tolerncia.

    R. E. 1864, p. 100: Se a Doutrina Esprita fosse uma concepo puramente humana, ela no teria por garantia seno as luzesdaquele que a houvesse concebido; ora, ningum aqui nestemundo poderia ter a pretenso de possuir sozinho a verdadeabsoluta. Se os Espritos que a revelaram tivessem se

    manifestado a um s homem, nada garantiria sua origem, porquese precisaria crer, sob palavra, naquele que dissera ter recebidoseu ensinamento. Admitindo-se uma perfeita sinceridade de sua parte, ele poderia no mximo convencer as pessoas de seucrculo: poderia fazer sectrios, mas jamais teria sucesso emreunir todo o mundo. Deus quis que a nova revelao chegasseaos homens por uma via mais rpida e mais autntica; por issoque encarregou os Espritos de irem conduzi-la de um plo aooutro, manifestando-se por toda parte, sem dar a ningum oprivilgio exclusivo de escutar sua palavra...

    R. E. 1864, p. 101: Sabe-se que os Espritos, por causa dadiferena que existe em suas capacidades, esto longe de estarindividualmente de posse de toda a verdade; que no dado atodos penetrar certos mistrios; que seu saber proporcional sua depurao; que os Espritos vulgares no sabem mais que oshomens, e mesmo menos que certos homens; que h entre eles,

    como entre os ltimos, os presunosos e os pseudo-sbios quecrem saber aquilo que no sabem; sistemticos que tomam assuas idias pela verdade... rbitros da verdade. Em semelhantecaso, que fazem os homens que no tm, neles mesmos, umaconfiana absoluta? Apegam-se opinio de maior nmero, e aopinio da maioria seu guia. Assim deve-se proceder emrelao aos ensinos dos Espritos que disso nos forneceram, elesmesmos, os meios.

    A concordncia dos ensinamentos dos Espritos ento omelhor controle; mas preciso que ela tenha lugar em certas

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    condies. A menos certa de todas quando um mdiuminterroga, ele mesmo, a vrios Espritos sobre um pontoduvidoso; bem evidente que se ele est sob o imprio de uma

    obsesso, e se estiver influenciado por um Esprito enganador,esse Esprito pode lhe dizer a mesma coisa sob nomes diferentes.No h, no mais, uma garantia suficiente na conformidade que podemos obter pelos mdiuns de um s centro, porque elespodem sofrer a mesma influncia.A nica garantia sria est naconcordncia que existe entre as revelaes feitasespontaneamente pela mediao de um grande nmero demdiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos pases.

    Concebe-se que no se trata aqui das comunicaes relativas ainteresses secundrios, mas daquelas que se relacionam aosprincpios mesmos da Doutrina...

    O primeiro controle , sem contradita, aquele da razo, qual necessrio submeter, sem exceo, tudo aquilo que venha dosEspritos; toda teoria em contradio manifesta com o bomsenso, com uma lgica rigorosa, e com os dados positivos que sepossui, mesmo que seja assinada por nome respeitvel, deve ser

    rejeitada. Mas esse controle incompleto em muitos casos,devido insuficincia de luzes de certas pessoas e da tendnciade muitos para manter seu prprio julgamento como rbitronico da verdade. A nica garantia sria est na concordnciaque existe entre as revelaes feitas espontaneamente pelamediao de um grande nmero de mdiuns estranhos uns aosoutros e em diversos pases.

    Tal a base sobre a qual ns nos apoiamos quandoformulamos um princpio da Doutrina; no porque esteja deacordo com nossas idias que o damos como verdadeiro; no noscolocamos de nenhuma maneira como rbitros superiores daverdade, e no dizemos a ningum: Cr em tal coisa, porque odizemos. Aos nossos olhos, nossa opinio no mais que umaopinio pessoal, que pode ser certa ou falsa, porque no somosmais infalveis que ningum. No mais porque um princpionos ensinado que para ns a verdade, mas porque recebeu a

    sano da concordncia.

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    R. E. 1864, p. 103: O controle universal uma garantia para aunidade futura do Espiritismo e anular todas as teoriascontraditrias. a que, no porvir, se buscar o critrio da

    verdade. O que fez o sucesso da Doutrina, formulada em O Livrodos Espritos e em O Livro dos Mdiuns, que, por toda parte,cada um pode receber diretamente dos Espritos a confirmaodaquilo que eles contm. Se, de todas as partes, os Espritostivessem vindo contradiz-los, esses livros teriam depois demuito tempo tido a sorte de todas as concepes fantsticas.Mesmo o apoio da imprensa no os teria salvado do naufrgio,enquanto que, mesmo privados desse apoio, no deixaram de

    fazer um caminho rpido, porque tiveram o apoio dos bonsEspritos cuja boa vontade compensou, e ultrapassou, a mvontade dos homens. Assim o ser de todas as idias emanadasdos Espritos e dos homens, que no puderem suportar a provadesse controle, do qual ningum pode contestar o poder.

    R. E. 1859, p. 176: Os Espritos so aquilo que so, e nopodemos mudar a ordem das coisas; no sendo todos perfeitos,no aceitamos suas palavras seno sob anlise e no com acredulidade das crianas; julgamos, comparamos, tiramos asconseqncias de nossas observaes, e mesmo seus erros sopara ns ensinamentos, porque no fazemos abnegao de nossodiscernimento.

    Essas observaes se aplicam igualmente a todas as teoriascientficas que os Espritos possam dar. Seria muito cmodo terapenas que os interrogar para encontrar a cincia toda feita, e

    para possuir todos os segredos industriais: no adquirimos acincia seno ao preo do trabalho e das pesquisas; sua missono de nos livrar desta obrigao. Sabemos alis, que nosomente nem todos no sabem tudo, mas que h entre eles, comoentre ns, falsos sbios, que crem saber aquilo que no sabem, efalam daquilo que ignoram com o mais imperturbveldesembarao. Um Esprito poderia ento dizer que o Sol quegira em torno da Terra e no o contrrio, e sua teoria no seria

    mais verdadeira porque vinda de um Esprito. Que aqueles quenos supem uma credulidade assim pueril, saibam pois quetomamos toda opinio exprimida por um Esprito por uma

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    exame e sem controle; no adoto uma idia a no ser que ela meparea racional, lgica, se est de acordo com os fatos e asobservaes, se nada de srio a vem contradizer. Mas meu

    julgamento no poderia ser um critrio infalvel; oconsentimento que tenho encontrado junto de uma multido degente mais esclarecida do que eu para mim uma primeiragarantia; encontro uma outra, no menos preponderante, nocarter das comunicaes que me tm sido feitas desde que meocupo com o Espiritismo; jamais, posso diz-lo, escapou umanica dessas palavras, um s desses sinais pelos quais se traemos Espritos inferiores, mesmo os mais astuciosos; jamais

    dominao; jamais conselhos equivocados ou contrrios caridade e benevolncia, jamais prescries ridculas; longedisso, no encontrei neles seno pensamentos grandes, nobres,sublimes, isentos de pequenez e mesquinharia; em uma palavra,suas relaes comigo, nas menores, como nas maiores coisas,tm sido sempre tais que, se tivesse sido um homem que mehouvesse falado, eu o teria pelo melhor, o mais sbio, o maisprudente, o mais moral e o mais iluminado. Eis, senhores, os

    motivos de minha confiana, corroborada pela identidade deensinamento dado a uma multido de outras pessoas, antes edepois da publicao de minhas obras...

    R. E. 1859, p. 182: Pode-se diferir de opinio sobre pontos dacincia sem se morder e se atirar pedras; mesmo muito poucodigno e muito pouco cientfico faz-lo. Busque de seu lado comobuscamos do nosso; o porvir dar razo quele de direito. Se nosenganamos, no tenhamos o tolo amor-prprio de nos obstinarcom idias falsas; mas h princpios sobre os quais se est certode no se enganar: so o amor do bem, a abnegao, a abjuraode todo sentimento de inveja e cime; esses princpios so osnossos, e com esses princpios pode-se sempre simpatizar sem secomprometer; o lao que deve unir todos os homens de bem,qualquer que seja a divergncia de suas opinies: somente oegosmo coloca entre eles uma barreira intransponvel.

    R. E. 1859, p. 183: Onde quer que chegue, minha vida estconsagrada obra que empreendemos, e serei feliz se meus

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    esforos puderem ajudar a faz-la entrar na via sria que suaessncia, a nica que poder assegurar seu porvir. O objetivo do Espiritismo fazer melhores aqueles que o compreendem;

    tratemos de dar o bom exemplo e de mostrar que para ns aDoutrina no letra morta; em uma palavra sejamos dignos dosbons Espritos, se queremos que os bons Espritos nos assistam .O bem uma couraa contra a qual viro sempre se quebrar asarmas da malevolncia.

    R. E. 1865, p. 66: As idias do homem so em razo do que elesabe; como em todas as descobertas importantes, a da construo

    dos mundos deveu dar-lhes um outro curso. Sob o imprio dessesnovos conhecimentos, as crenas devem se modificar; o cu foitransferido. A regio das estrelas sendo sem limites no podemais lhe servir. Onde ele est? Diante desta questo, todas asreligies permanecem mudas. O Espiritismo vem resolv-lademonstrando o verdadeiro destino do homem. A natureza desteltimo e os atributos de Deus sendo tomados por ponto departida, se chega concluso.

    O homem composto do corpo e do Esprito. O Esprito oser principal, o ser da razo, o ser inteligente; o corpo oenvelope material que reveste temporariamente o Esprito para ocumprimento de sua misso sobre a Terra e a execuo dotrabalho necessrio ao seu avano. O corpo usado se destri e oEsprito sobrevive a essa destruio. Sem o Esprito, o corpo no seno uma matria inerte, como um instrumento privado dobrao que o faz agir; no corpo, o Esprito tudo: a vida e a

    inteligncia. Deixando o corpo, ele reentra no mundo espiritualde onde tinha sado para se encarnar.

    H ento o mundo corpreo, composto dos Espritosencarnados, e o mundo espiritual, formado dos Espritosdesencarnados. Os Espritos so criados simples e ignorantes,mas com a aptido de tudo adquirir e a progredir em virtude deseu livre-arbtrio. Pelo progresso, adquirem novosconhecimentos, novas faculdades, novas percepes e, em

    conseqncia, novos gozos desconhecidos aos Espritosinferiores; eles vem, ouvem, sentem e compreendem o que osE i d d i i

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    nem compreender. A felicidade est em razo do progressoalcanado; de sorte que, de dois Espritos, um pode no estar tofeliz quanto o outro, unicamente porque no to avanado

    intelectualmente e moralmente, sem que tenham necessidade deestar cada um num lugar distinto. Ainda que estando ao lado umdo outro, um pode estar nas trevas, ao passo que tudo resplendente ao redor do outro, absolutamente como para umcego e um vidente que se do a mo; um percebe a luz, que nocausa nenhuma impresso sobre seu vizinho. A felicidade dosEspritos sendo inerente s qualidades que possuem, eles ahaurem por toda parte onde se encontrem, na superfcie da Terra,

    no meio dos encarnados ou no espao.R. E. 1865, p. 37: A Doutrina Esprita muda inteiramente amaneira de encarar o porvir. A vida futura no mais umahiptese, mas uma realidade; o estado das almas aps a morteno mais um sistema, mas um resultado da observao. O vufoi levantado; o mundo invisvel nos aparece em toda suarealidade prtica; no so os homens que o descobriram poresforo de uma concepo engenhosa; foram os prprioshabitantes desse mundo que vieram nos descrever sua situao.Ns os vemos em todos os graus da escala espiritual, em todas asfases de felicidade ou de infelicidade; assistimos a todas asperipcias da vida de alm-tmulo. A est para os espritas acausa da calma com a qual eles encaram a morte, a serenidade deseus derradeiros instantes sobre a Terra. O que os sustenta no somente a esperana, a certeza; sabem que a vida futura no seno a continuao da vida presente em melhores condies, e aesperam com a mesma confiana que esperam o alvorecer do Soldepois de uma noite de tempestade. Os motivos dessa confianaesto nos fatos de que so testemunhas e na concordncia dessesfatos com a lgica, a justia e a bondade de Deus e as aspiraesntimas do homem.

    R. E. 1865 p. 41: O Espiritismo no se afastar da verdade eno ter nada a temer das opinies contraditrias, uma vez que

    sua teoria cientfica e sua doutrina moral so uma deduo dosfatos escrupulosamente e conscienciosamente observados, sem

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    preconceitos nem sistemas preconcebidos. diante de umaobservao mais completa que todas as teorias prematuras earriscadas, eclodidas na origem dos fenmenos espritas

    modernos, caram e vieram se fundir na imponente unidade queexiste hoje e contra a qual no se vem mais seno rarasindividualidades que diminuem todos os dias. As lacunas que ateoria atual pode ainda encerrar se completaro da mesmamaneira. O Espiritismo est longe de haver dito sua ltima palavra quanto s suas conseqncias, mas est inabalvelnesta base, porque esta base se assenta sobre os fatos.

    Que os espritas fiquem, pois, sem receio: o porvir para

    eles; que deixem seus adversrios se debater sob o peso daverdade que os ofusca, porque toda negao impotente contra aevidncia que triunfa inevitavelmente pela fora das coisas. uma questo de tempo, e neste sculo o tempo caminha a passosde gigante sob o impulso do progresso.

    R. E. 1868, p. 209: O Espiritismo, por sua natureza e seusprincpios, essencialmente pacfico; uma idia que se infiltra

    sem rudo, e se encontra numerosos adeptos, porque agrada; jamais fez declamaes, nem propaganda, nem qualquerencenao; forte pelas leis naturais sobre as quais se apia, se vcrescer sem esforos nem abalos, no vai atrs de ningum; noviolenta nenhuma conscincia; diz aquilo que , e espera quevenham a ele. Todo o rudo que feito ao seu redor obra deseus adversrios; se atacado, deve se defender, mas sempre ofez com calma, moderao e apenas pelo raciocnio, jamais se

    afastou da dignidade que prpria de toda causa que tem aconscincia de sua fora moral; jamais usou de represliasrestituindo injrias com injrias, maus procedimentos com mausprocedimentos. No esse, convenhamos, o carter ordinrio dospartidos inquietos por natureza, fomentando a agitao, e a quemtudo bom para atingir aos seus fins? Mas desde que lhe demoseste nome de partido o aceita, certo que no o desonrar pornenhum excesso; porque repudiaria qualquer um que disso se

    prevalecesse para suscitar o menor problema.O Espiritismo prosseguia em sua rota sem provocar nenhumaif bli i d l bli id d

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    lhe davam seus adversrios; quanto mais sua crtica fossezombeteira, acerba, virulenta, mais excitava a curiosidadedaqueles que no o conheciam, e que, para saber que opinio se

    ter sobre essa, assim dizendo, nova excentricidade, iamsimplesmente se informar na fonte, isto , nas obras especiais; seestudava, e se encontrava totalmente outra coisa que no aquiloque se estava pretendendo dele dizer. um fato notrio que asdeclamaes furiosas, os antemas e as perseguies ajudaramfortemente sua propagao, porque, em lugar de dissuadir, provocavam o exame, no fosse isso que atrai um frutodefendido. As massas tm sua lgica; dizem que se uma coisa

    nada fosse, dela no se falaria, e medem sua importnciaprecisamente pela violncia dos ataques de que so objeto e peloesforo que causa a seus antagonistas.

    P, E. 1866, p. 114: Inscrevendo no frontispcio do Espiritismo alei suprema do Cristo, abrimos a via do Espiritismo Cristo;fomos pois institudos a lhe desenvolver os princpios, comotambm os caracteres do verdadeiro esprita sob esse ponto devista. Que outros possam fazer melhor do que ns, no iremoscontra, porque jamais dissemos: Fora de ns no h verdade.Nossas instrues sendo, pois, para aqueles que as acham boas,so aceitas livremente, e traamos uma rota sem restries,segue-a quem quer; damos conselhos queles que no-los pedem,e no queles que crem poder dispens-los; no impomos nadaa ningum, no temos qualidade para isso.

    Quanto supremacia, ela toda moral, e na adeso dos que

    partilham nossa maneira de ver, no somos investidos, por issomesmo, de nenhum poder oficial, no solicitamos nemreivindicamos nenhum privilgio; no nos concedemos nenhumttulo, e o nico que tomamos com os partidrios de nossas idias aquele de irmo em crena; se nos consideram como seu chefe, em conseqncia da posio que nos do nosso trabalho e noem virtude de uma deciso qualquer. Nossa posio aquela quecada um podia ter antes de ns; nosso direito, aquele que todo

    mundo tem de trabalhar como entende e de correr o risco dojulgamento pblico.

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    habitualmente sabem explorar uma falta de jeito. No seria poisexcessivo recomendar aos espritas para refletir maduramenteantes de agir; em tal caso, manda a prudncia o no referir-se

    sua opinio pessoal. Hoje, que de todos os lados se formamgrupos ou sociedades, nada mais simples que se harmonizarantes de agir. O verdadeiro Esprita, no tendo em vista seno obem da coisa, sabe fazer abnegao do amor-prprio; crer em suaprpria infalibilidade, recusar se render opinio da maioria e persistir em um caminho que se demonstra mau ecomprometedor, no a postura de um verdadeiro esprita; istoseria fazer prova de orgulho se no for de fato uma obsesso.

    Allan Kardec no pra de nos colocar em guarda contra ascomunicaes de certas categorias de Espritos e nos recomendaa cada instante a sempre passar todos os seus ditados pelocadinho da conscincia e da razo.

    R. E. 1863, p. 75: Esses falsos sbios falam de tudo, reavivandoos sistemas, criando utopias, ou ditando as coisas maisexcntricas, e ficam felizes de encontrar intrpretes

    complacentes e crdulos que aceitem suas elucubraes de olhosfechados. Esse tipo de publicaes so inconvenientes muitograves, porque o mdium, tendo enganado a si mesmo, seduzidomais freqentemente por um nome apcrifo, as d como coisassrias; do que a crtica se apodera com empenho para denegrir oEspiritismo, ao passo que, com menos presuno, seria suficientetomar conselhos de seus colegas para ser esclarecido. muitoraro que, nesse caso, o mdium no ceda injuno de um

    Esprito que quer - ai de mim! - como certos homens, dequalquer modo se impor; com mais experincia, saberia que osEspritos verdadeiramente superiores aconselham, mas no seimpem nem nunca se envaidecem, e que toda prescrioimperiosa um sinal suspeito.

    R. E. 1863, p. 159: No se saberia pois, em relao publicidade, trazer muita circunspeco, nem calcular comsuficiente cuidado o efeito que pode ser produzido sobre o leitor.Em resumo, um grave erro o se crer obrigado a publicar tudoque dizem os Espritos porque se os h bons e iluminados os h

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    maus e ignorantes; importante fazer uma escolha muitorigorosa de suas comunicaes e de descartar tudo que intil,insignificante, falso ou de natureza a produzir uma m

    impresso. preciso semear, sem dvida, mas semear os bonsgros e no momento oportuno.

    nesse tipo de trabalho medianmico que notamos mais ossinais de obsesso, dos quais um dos mais freqentes ainjuno da parte do Esprito de os fazer imprimir, e mais de um pensa erradamente que esta recomendao suficiente paraencontrar um editor empenhado de se encarregar disso.

    R. S. 1863, p. 158: Em toda obra medinica, convm primeiramente descartar tudo aquilo que, sendo de interesseprivado, no interessa seno quele que lhe concerne; depois,tudo aquilo que vulgar pelo estilo dos pensadores, ou puerilpelo assunto; uma coisa pode ser excelente em si mesma, muitoboa para fins de instruo pessoal, mas aquilo que deve chegarao pblico exige condies especiais; infelizmente, o homemest inclinado a imaginar que tudo aquilo que lhe agrada deve

    agradar aos outros; o mais hbil pode se enganar; o que importade tudo se enganar o menos possvel. H Espritos que seaprazem em manter essa iluso junto a certos mdiuns: por issoque no seria excessivo recomendar a esses ltimos de no serender em absoluto a seu prprio julgamento, e nisso que osgrupos so teis, por causa da multiplicidade de pareceres que sepermite recolher; aquele que, neste caso, recusasse a opinio damaioria, crendo ter mais luzes que todos, provaria de forma

    superabundante a m influncia sob a qual se encontra.R. E. 1864, p. 323: um fato constatado que o Espiritismo mais entravado por aqueles que o compreendem mal do que poraqueles que no o compreendem de todo, e mesmo por seusinimigos declarados; e de se notar que aqueles que ocompreendem mal tm geralmente a pretenso de o compreendermelhor do que os outros; no raro de ver novatos pretender, nofim de alguns meses, admoestar queles que tm experincia, por

    eles adquirida por estudos srios. Essa pretenso, que trai o

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    orgulho, ela mesma uma prova evidente da ignorncia dosverdadeiros princpios da Doutrina.

    A um amador, muito crdulo, que se acreditava iludido porum mdium assalariado, e que pedira a Allan Kardec que oentregasse justia dos homens, espera de que fosse punidopela de Deus, o mestre respondeu:

    R. E. 1865, p. 88: Lamento que voc tenha podido pensar queeu serviria, no que quer que seja, a seus desejos vingativos,tomando providncias para levar os culpados justia. Istosendo, voc se equivoca singularmente sobre meu papel, meu

    carter e minha compreenso dos verdadeiros interesses doEspiritismo. Se voc realmente, como voc o diz, meu irmoem Deus, creia-me, implore Sua clemncia e no Sua clera;porque aquele que chama essa clera sobre outro, corre o riscode a fazer cair sobre si mesmo.

    R. E. 1869, p. 354: Esses fenmenos, trazidos moda peloatrativo da curiosidade, se tornaram uma diverso, e tentaram acupidez das gentes sob o pretexto de que isso seria novidade, naesperana de encontrar uma porta aberta. As manifestaespareciam uma matria maravilhosamente explorvel, e mais deum sonhava em se fazer um auxiliar de tal indstria; outros viamuma variante da arte de adivinhao, um meio talvez mais seguroque a cartomancia, a borra de caf, etc..., para conhecer o porvire descobrir as coisas ocultas, porque, segundo a opinio deento, os Espritos deviam tudo saber.

    Desde que essa gente viu que a especulao escorregava desuas mos e tendia mistificao, que os Espritos no vinhamlhes ajudar a fazer fortuna, lhes dar os bons nmeros de loteria,lhes ler a sorte verdadeira, lhes fazer descobrir tesouros ourecolher as heranas, lhes dar qualquer uma boa invenofrutuosa e patentevel, suprir a sua ignorncia e lhes dispensar detodo trabalho intelectual e material, ento os Espritos noserviriam para nada, suas manifestaes no seriam seno

    iluses. Da mesma forma que eles haviam promovido oEspiritismo, enquanto que eles tiveram a esperana de lhe retirarum lucro qualquer da mesma forma o denegriram quando veio o

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    desapontamento. Mais de um crtico que o escarneceu oretrataria nas nuvens se lhe houvesse feito descobrir um tio naAmrica ou ganhar na Bolsa.

    R. E. 1866, p. 78: Diremos primeiramente que o Espiritismono podia ser responsvel pelos indivduos que tomamindevidamente a qualidade de mdium, no mais que a cinciaverdadeira no responsvel pelos escamoteadores que se dizemfsicos. Um charlato pode pois dizer que opera com a ajuda deEspritos, como um prestidigitador diz que opera com a ajudapsquica; um meio, como outro, de lanar poeira aos olhos;

    tanto pior para os que nisto se deixam prender. Em segundolugar, o Espiritismo condena a explorao da mediunidade, comocontrria aos princpios da Doutrina do ponto de vista moral, edemonstrando que no deve nem pode ser um ofcio nem umaprofisso; todo mdium que no tire de sua faculdade algumlucro direto ou indireto, ostensivo ou dissimulado, descarta, porisso mesmo, at a suspeio de trapaa ou charlatanismo; desdeque no seja solicitado por algum interesse material, omalabarismo seria sem propsito. O mdium que compreende oque h de grave e de sagrado em um dom dessa natureza, creriaprofan-lo, ao faz-lo servir s coisas mundanas para si e para osoutros, ou se dele fizesse um objeto de divertimento e decuriosidade; respeita os Espritos como quereria que se orespeitassem quando se tornar um Esprito, e no os colocaria emostentao. Por outro lado, sabe que a mediunidade no pode serum meio de adivinhao; que ela no pode descobrir os tesouros,as heranas, nem facilitar o xito nas chances aleatrias, e no la sorte, nem por dinheiro nem por nada; ento ela no ter jamaisde desembaraar-se com a justia. Quanto mediunidade decura, ela existe, isto certo; mas est subordinada a condiesrestritas, que excluem a possibilidade de se ter uma sala aberta sconsultas, e sem suspeita de charlatanismo, uma obra dedevotamento e sacrifcio, e no de especulao. Exercida comdesinteresse, prudncia e discernimento, e encerrada nos limitestraados pela Doutrina, ela no pode cair sob o golpe da lei.

    Em resumo, o mdium, segundo os objetivos da Providnciae do Espiritismo quer seja arteso ou prncipe porque dela h no

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    palcio e nas choupanas, recebeu um mandato que cumprereligiosamente e com dignidade; no v em sua faculdade senoum meio de glorificar Deus e de servir a seu prximo, e no um

    instrumento para servir seus interesses ou satisfazer sua vaidade;se faz estimar e respeitar por sua simplicidade, sua modstia esua abnegao, o que no o fato com aqueles que procuramdela fazer um degrau.

    R. E. 1867, p. 300: O desinteresse material, que um dosatributos essenciais da mediunidade curadora, ser tambm umadas condies da medicina medianmica? Como ento conciliar

    as exigncias da profisso com uma abnegao absoluta? Istodemanda algumas explicaes, porque no o mesmo caso.A faculdade do mdium curador no lhe custou nada; no

    exigiu dele nem estudo, nem trabalho, nem despesas; ele arecebeu gratuitamente para o bem de outro, e deve us-lagratuitamente. Como precisa antes de tudo viver, se no tem, porsi mesmo, recursos que o faa independente, deve procurar osmeios no seu trabalho ordinrio, como o havia feito antes de

    conhecer a mediunidade; ele no d ao exerccio de suafaculdade seno o tempo que lhe pode consagrar. Se toma essetempo de seu repouso, e se emprega, para se tornar til a seussemelhantes, o que seria consagrado s distraes mundanas, por devotamento verdadeiro, e disso no tem seno mais mrito.Os Espritos no lhe pedem mais, e no exigem nenhumsacrifcio no razovel. No se poderia considerar como devooe abnegao o abandono de seu status para se entregar a um

    trabalho menos penoso e mais lucrativo. Na proteo que lheconcedem, os Espritos, aos quais no se pode impor, sabemperfeitamente distinguir os devotamentos reais dos devotamentosfictcios.

    Fraudes Espritas

    R. E. 1859, p. 94: De que h charlates que vendem drogas empraas pblicas, de que h mesmo mdicos que, sem ir praa

    pblica, enganam a confiana alheia, se segue que todos osmdicos so charlates, e o corpo mdico nisso seja atingido emid ? D h d i

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    vinho, se segue que todos os vendedores de vinho sofraudadores e que no h nenhum vinho puro? Se abusa de tudo,mesmo das coisas mais respeitveis, e pode-se dizer que a fraude

    tambm tem o seu gnio. Mas a fraude tem sempre um propsito,um interesse material qualquer; onde no h nada a ganhar, noh nenhum interesse a enganar. Tambm dissemos, a propsitodos mdiuns mercenrios, que a melhor de todas as garantias um desinteresse absoluto.

    R. E. 1869, p. 42: Estigmatizando a especulao, como ns otemos feito, temos a certeza de ter preservado a Doutrina de um

    verdadeiro perigo, perigo maior que a m vontade de seusantagonistas confessos, porque dela no restaria nada menos queseu descrdito; por isso mesmo, ela lhes teria oferecido um ladovulnervel, no entanto tm se detido ante a pureza de seus princpios. No ignoramos que temos suscitado contra ns aanimosidade dos especuladores, e que temos alienado seusparticipantes; mas que nos importa! Nosso dever manter sobmo a causa da Doutrina e no os interesses deles; e esse dever,ns o cumpriremos com perseverana e firmeza at o fim.

    R. E. 1864, p. 78: Mas no somente contra a cupidez que osmdiuns devem se manter em guarda; como os h em todas asfaixas da sociedade, a maior parte est sob essa tentao; mas hum outro perigo, de outro modo bem grande, porque todos lheesto expostos, que o orgulho, onde se perde o maior nmero; contra esse escolho que as mais belas faculdades vmfreqentemente se quebrar. O desinteresse material sem

    proveito se no estiver acompanhado do mais completodesinteresse moral. Humildade, devotamento, desinteresse eabnegao so as qualidades do mdium amado pelos bonsEspritos.

    R. E. 1867, p. 8: preciso se figurar que estamos em guerra,que os inimigos esto nossa porta, prestes a segurar a ocasiofavorvel, e que dirigem as inteligncias no local.

    Nesta circunstncia, que h a fazer? Uma coisa bastantesimples: se restringir estritamente dentro do limite dos preceitosd D t i f d t l

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    prprio exemplo, e declinar toda solidariedade com aquilo que poderia ser feito em seu nome que fosse de natureza adesacredit-la, porque isso no costuma ser o feito de adeptos

    srios e convictos.No basta se dizer esprita: aquele que o decorao o prova por seus atos. A Doutrina, no pregando senoo bem, o respeito s leis, a caridade, a tolerncia e a benevolncia com todos; repudiando toda violncia feita conscincia do outro, todo charlatanismo, todo pensamentointeresseiro no que concerne s relaes com os Espritos, e todacoisa contrria moral evanglica, aquele que no se afasta dalinha traada no pode incorrer em nenhuma censura justa, ou

    demandas legais; bem mais que isso, quem toma a Doutrina porregra de conduta, no pode seno se conciliar estima e considerao das pessoas imparciais; diante do bem, at mesmoa incredulidade zombeteira se inclina, e a calnia no pode sujaraquele que sem mancha. dentro dessas condies que oEspiritismo atravessar os temporais que se amontoam sobre suarota e que sair triunfante de todas as lutas.

    R. E. 1864, p. 5: A situao do Espiritismo em 1863 pode seresumir assim: ataques violentos, multiplicao dos escritoscontra e a favor; movimentao das idias, expanso notvel daDoutrina, mais sinais exteriores de natureza a produzir umasensao geral, as razes se estendem, produzem brotos, esperade que a rvore desdobre seus ramos. O momento de suamaturidade ainda no chegou.

    R. E. 1864, p. 3: A moderao dos espritas o que assombra e

    contraria mais seus adversrios; tentaro tudo para os fazer delasair, mesmo a provocao; mas sabero frustrar essas manobraspor sua prudncia, como j fizeram em mais de uma ocasio, eno caram nas ciladas que se lhes prepararam; vero, alis, osinstigadores se prenderem em seus prprios laos, porque impossvel que cedo ou tarde no revelem seus propsitos. Este um momento mais difcil de passar do que aquele da guerraaberta, onde se v o inimigo face a face: mas por mais rude seja

    prova, maior ser o triunfo.

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    De resto, essa campanha teve um imenso resultado, o deprovar a impotncia das armas dirigidas contra o Espiritismo; oshomens mais capazes do partido oposto entraram em lia; todos

    os recursos de argumentao tm sido desdobrados e, nada tendosofrido o Espiritismo, cada um saiu convicto de que no sepoderia lhe opor nenhuma razo peremptria, e a maior prova da penria de boas razes que se recorreu ao triste e ignbilrecurso da calnia; mas aparentando uma boa vontade,pretendeu-se que o Espiritismo dissesse o contrrio daquilo queele diz: a Doutrina est l, escrita em termos to claros quedesafiam toda falsa interpretao, assim que a odiosidade da

    calnia recai sobre aqueles que a empregam e os convence dasua impotncia.

    R E. 1864, p. 198: A oposio que se faz a uma idia estsempre em razo de sua importncia; se o Espiritismo tivessesido uma utopia, dele no se teria ocupado mais do que de tantasoutras teorias; a animosidade da luta um ndice certo que se otoma a srio. Mas se h luta entre o Espiritismo e o clero, ahistria dir quem tm sido os agressores. Os ataques e ascalnias de que tem sido objeto o foraram a devolver as armasque se lhe lanaram e mostrar o lado vulnervel de seusadversrios. Isto, importunando-os, detiveram sua marcha? No,este um fato aceito. Se os tivssemos deixado quietos, o nomemesmo do clero no teria sido pronunciado, e talvez elestivessem ganho. Atacando-os em nome dos dogmas da Igreja,foram forados a discutir o valor das objees, e por isso mesmoa entrar num terreno que no tinham a inteno de abordar. Amisso do Espiritismo de combater a incredulidade pelaevidncia dos fatos, de conduzir a Deus aqueles que odesconhecem, de provar o porvir queles que no crem emnada; por que ento a Igreja joga antemas queles a quem ele dessa f, ainda mais quando no criam em nada? Rejeitar aquelesque crem em Deus e em sua alma, constrang-los a procurarum refgio fora da Igreja. Quem, primeiramente, proclamou queo Espiritismo era um nova religio, com seu culto e seus padres,seno os clrigos? Onde voc v, at o presente, o culto e os

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    padres do Espiritismo? Se algum dia se tornar uma religio, oclero quem o ter provocado.

    No tendo o auto de f de Barcelona saciado o dio do clerocontra o Espiritismo e os espritas, a Congregao de Romacolocou no Index O Livro dos Espritos, O Livro dos Mdiuns,e AImitao do Evangelho Segundo o Espiritismo. Longe de seentristecer com esta nova prova de intolerncia clerical, AllanKardec se alegrou:

    R. E. 1864, p. 217: Qualquer que seja a razo, os livrosespritas foram colocados no Index. Tanto melhor! Porque

    muitos daqueles que ainda no os leram os devoraro; tantomelhor! Porque de dez pessoas que os folhearem, pelo menossete ficaro convencidas, ou fortemente abaladas e desejosas deestudar os fenmenos espritas; tanto melhor! Porque nossosadversrios mesmos, vendo que seus esforos no chegam senoa resultados diametralmente contrrios aos que esperavam, sereuniro a ns, se possuem a sinceridade, o desinteresse e asluzes que seu ministrio comporta. Assim o quer alis a lei de

    Deus; nada no mundo pode permanecer eternamenteestacionrio, mas tudo progride, e a idia religiosa deve seguir oprogresso geral se no quiser desaparecer.

    R. E. 1865, p. 187: Jamais uma Doutrina filosfica dos temposmodernos causou tanta comoo quanto o Espiritismo, jamaisalguma tem sido atacada com tanta animosidade; esta a provaevidente de que se lhe reconhece mais vitalidade e razes maisprofundas que s outras, porque no se pega um enxado para searrancar uma haste de erva. Os espritas, longe de se espantarem,devem se alegrar, pois isso prova a importncia e a verdade daDoutrina. Se ela no fosse seno uma idia efmera e semconsistncia, uma mosca que voa, no se lhe atiraria projteis deartilharia; se fosse falsa, se lhe bateria intensamente comargumentos slidos que teriam j triunfados; mas desde quenenhum daqueles que se lhe opuseram, a puderam deter, porque ningum encontrou defeito na couraa; no foi, noentanto, nem o talento nem a boa vontade que faltaram a seusantagonistas

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    R. E. 1865, p. 190: O Espiritismo marcha atravs de numerososadversrios que, no o tendo podido pegar pela fora, tentampeg-lo pela astcia; eles se insinuam por toda parte, sob todas as

    mscaras, e at nas reunies ntimas, na esperana desurpreender um fato ou uma palavra que freqentemente eleshouveram provocado, e que esperam explorar em seu benefcio.Comprometer o Espiritismo e torn-lo ridculo, tal a ttica pormeio da qual esperam, a princpio, desacredit-lo, para ter maistarde um pretexto de interditar, se isso for possvel, seu exerccio pblico. Esta a armadilha contra a qual preciso estar emguarda, porque armada de todos os lados, e qual, sem o saber,

    do a mo aqueles que se deixam levar pelas sugestes dosEspritos zombeteiros e mistificadores.

    R. E. 1869, p. 357: Trabalhemos para compreender, paracrescer nossa inteligncia e nosso corao; lutemos com osoutros; mas lutemos com caridade e abnegao. Que o amor aoprximo, inscrito sobre nossa bandeira, seja nossa divisa: apesquisa e a verdade, de qualquer parte que ela venha, nossopropsito nico! Com tais sentimentos, desafiemos as zombariasde nossos adversrios e as investidas de nossos competidores. Senos enganamos, no tenhamos o tolo amor prprio de nosobstinar nas idias falsas; mas estamos certos de que hprincpios sobre os quais jamais podemos nos enganar: o amorao bem, a abnegao, a abjurao de todo sentimento de inveja ecime. Esses princpios so os nossos; vemos neles o lao quedeve unir todos os homens de bem, qualquer que seja adivergncia de sua opinio; somente entre eles o egosmo e a mf colocam barreiras intransponveis.

    Mas qual ser a conseqncia desse estado de coisas? Semcontradita, os conluios dos falsos frades podero trazermomentaneamente algumas perturbaes parciais. Por isso preciso fazer todos os esforos para os frustrar tanto quantopossvel. Mas, necessariamente, no o faro seno por um tempoe no podero ser prejudiciais para o porvir: primeiramente

    porque so uma manobra da oposio que cair pela fora dascoisas; por outro, qualquer que seja que digam e que faam, nopodero suprimir da Doutrina seu carter distintivo: sua filosofia

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    racional lgica, sua moral consoladora e regeneradora. Hoje, asbases do Espiritismo esto colocadas de uma maneira inabalvel;os livros escritos sem equvocos e colocados disposio de

    todas as inteligncias sero sempre a expresso clara e exata doensino dos Espritos e a transmitiro intacta queles que virodepois de ns.

    No precisamos perder de vista que estamos em um momentode transio, e que nenhuma transio se opera sem conflito. No preciso pois se admirar de ver se agitarem certas paixes; asambies, os compromissos, os interesses contrariados, as pretenses decepcionadas; mas pouco a pouco tudo isso se

    extingue, a febre se acalma, os homens passam e as novas idiaspermanecem. Espritas, se querem ser invencveis, sejambenevolentes e caridosos; o bem uma couraa contra a qualsempre vm se quebrar as manobras da malevolncia.

    R. E. 1865, p. 264: Por ora faamos o maior bem possvel comajuda do Espiritismo: faamo-lo mesmo a nossos inimigos; ser pagos com a ingratido o melhor meio de vencer certas

    resistncias e de provar que o Espiritismo no to negro comoalguns o pretendem.

    R. E. 1864, p. 326: O Espiritismo, repito, em demonstrando,no por hiptese, mas por fatos, a existncia de um mundoinvisvel e o porvir que nos espera, muda totalmente o curso dasidias; d ao homem a fora moral, a coragem e a resignao,porque no trabalha mais somente para o presente, mas para ofuturo; sabe que se no desfruta hoje, desfrutar amanh.

    Demonstrando a ao do elemento espiritual sobre o mundomaterial, amplia o domnio da cincia e abre, por isso mesmo,uma nova via ao progresso material. O homem ter ento uma base slida para o estabelecimento da ordem moral sobre aTerra; compreender melhor a solidariedade que existe entre osseres deste mundo, posto que esta solidariedade se perpetuaindefinidamente; a fraternidade no um palavra v; ela destrio egosmo em lugar de ser destruda por ele e, muito

    naturalmente, o homem imbudo dessas idias conformar a elassuas leis e suas instituies sociais.

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    R. E. 1864, p. 26: A caridade e a fraternidade se reconhecem por suas obras e no por suas palavras; uma medida daapreciao de que no se pode enganar seno aqueles que se

    cegam com seus prprios mritos, mas no aos terceirosdesinteressados; a pedra de toque qual se reconhece asinceridade dos sentimentos; e quando se fala de caridade, emEspiritismo, se sabe que no se trata s daquela que d, mastambm e sobretudo daquela que esquece e perdoa, que benevolente e indulgente, que repudia todo sentimento de cimee de rancor. Toda reunio esprita que no estiver fundamentadasobre o princpio da verdadeira caridade, ser mais nociva que

    til causa, porque tender a dividir em vez de reunir, levandoalm disso, em si mesma, seu elemento destruidor. Nossassimpatias pessoais sero ento sempre cedidas a todos aquelesque provarem, por seus atos, o bom esprito que os anima,porque os bons Espritos no podem inspirar seno o bem.

    R. E. 1867, p. 278: Um ltimo carter da revelao esprita, eque ressalta das condies mesmas nas quais foi feita, que,apoiando-se sobre os fatos, ela no pode ser senoessencialmente progressiva, como todas as cincias deobservao. Por sua essncia, contrai aliana com a cincia que,sendo a exposio das leis da natureza, em uma certa ordem dosfatos, no pode ser contrria vontade de Deus, o autor dessasleis.As descobertas da cincia glorificam a Deus em lugar de Orebaixar, elas no destroem seno o que os homens tmconstrudo sobre as idias falsas que se tem feito de Deus.

    O Espiritismo no coloca ento, como princpio absoluto,seno aquilo que demonstrado pela evidncia, ou que ressaltalogicamente da observao. Tocando em todos os ramos daeconomia social, aos quais prestou o apoio de suas prpriasdescobertas, assimilar sempre todas as doutrinas progressivas,de qualquer ordem que elas sejam, chegadas ao estado deverdades prticas, e sadas do domnio da utopia, sem isso sesuicidaria; em cessando de ser o que ele , mentiria sua origem

    e ao seu objetivo providencial. O Espiritismo, marchando com o progresso, no ser jamais ultrapassado, porque, se novasdescobertas lhe mostrarem que est em erro sobre um ponto ele

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    se modificar nesse ponto; se uma nova verdade se revela, ele aaceita.

    R. E. 1869, p. 258: O Espiritismo no mais solidrio comaqueles que prazam em se dizerem espritas, do que a medicina o com os charlates que a exploram, nem do que a saudvelreligio o com os abusos ou mesmo com os crimes cometidosem seu nome. No reconhece por seus adeptos seno os quecolocam em prtica seus ensinamentos, isto , que trabalhampara sua prpria melhora moral, esforando-se em vencer suasms inclinaes, ser menos egostas e menos orgulhosos, mais

    doces, mais humildes, mais pacientes, mais benevolentes, maiscaridosos para com o prximo, mais moderados em todas asquestes, porque este o sinal caracterstico do verdadeiroEsprita.

    R. E. 1869, p. 25: O conhecimento das leis que regem oprincpio espiritual se relaciona de uma maneira direta questodo passado e do porvir do Homem. Sua vida est limitada existncia atual? Entrando neste mundo sai ele do nada, e reentra

    no nada ao deix-lo? J tinha vivido antes e viver outra vez?Como viver e em que condies? Em uma palavra, de onde veioe para onde ir? Por que est sobre a Terra e por que sofre? Taisso as questes que cada um se pe porque tm, para todomundo, um interesse capital, e que nenhuma doutrina deu aindauma soluo racional. Isto que d o Espiritismo, apoiado emfatos, satisfazendo s exigncias da lgica e da justia maisrigorosa, uma das causas principais da rapidez de sua

    propagao.O Espiritismo no uma concepo pessoal nem o resultado

    de um sistema preconcebido. a resultante de milhares deobservaes feitas em todos os pontos do globo e que convergempara o centro que os colige e coordena. Todos os seus princpiosconstituintes, sem exceo, so deduzidos da experincia. Aexperincia sempre tem precedido a teoria. O Espiritismo, assimse pensa, desde seu incio, tem razes por toda parte; a histria

    no oferece nenhum exemplo de uma doutrina filosfica oureligiosa que tenha, em dez anos, reunido um to grande nmero

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    de adeptos; e entretanto no empregou, para se fazer conhecer,nenhum dos mtodos vulgarmente em uso; propagou-se por simesma, pelos simpatizantes que encontrou.

    ainda evidente que a propagao do Espiritismo seguiu,desde sua origem, uma marcha constantemente ascendente,malgrado tudo que se fez para o entravar e desnaturar seucarter, visando desacredit-lo na opinio pblica. mesmonotvel que tudo que se fez com esse propsito lhe favoreceu adifuso; o barulho que foi feito na ocasio levou as pessoas, quenunca haviam escutado dele falar, a conhecerem-no; quanto maisse o h difamado ou ridicularizado, quanto mais as declamaes

    tenham sido violentas, mais se instigou a curiosidade; e como spodia sair ganhando no exame, resultou que seus adversrios sefizeram, sem o querer, os seus ardentes propagadores; se asdiatribes no lhe trouxeram nenhum prejuzo, foi porque,estudando-o em sua fonte verdadeira, se encontrou tudo diferentedaquilo que havia sido sustentado. Na luta que sustentou, aspessoas imparciais constataram sua moderao: nunca usou derepreslias contra os seus adversrios nem devolveu injria com

    injria.O Espiritismo uma Doutrina filosfica que tem

    conseqncias religiosas, como toda filosofia espiritual; por issomesmo, toca nas bases fundamentais de todas as religies: Deus,a alma e a vida futura; mas no neste ponto uma religioconstituda, visto que no h culto, nem rituais, nem templo, eque, entre seus adeptos, no h nenhum padre ou bispo. Essasqualificaes so pura inveno da crtica. S esprita quemsimpatiza com os princpios da Doutrina, e quem nela conformasua conduta. uma opinio, como qualquer outra, que cada umdeve ter o direito de professar, como se o tem de ser judeu,catlico, protestante, fourierista, sansimoniano, voltariano,cartesiano, desta e mesmo materialista.

    O Espiritismo proclama a liberdade de conscincia como umdireito natural, e a reclama para os seus, como para todo omundo. Respeita todas as convices sinceras, e demanda para sia reciprocidade. Da liberdade de conscincia decorre o direito aolivre exame em matria de f O espiritismo combate o princpio

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    da f cega, que impe ao homem a abdicao de seu prpriojulgamento; diz que toda f imposta sem raiz. por isso queinscreveu na lista de suas mximas: No h f inabalvel seno

    aquela que pode enfrentar a razo face a face em todas aspocas da humanidade. Conseqente com seus princpios, oEspiritismo no se impe a ningum; ele quer ser aceitolivremente e por convico. Expe suas doutrinas e recebeaqueles que vem a ele voluntariamente. No procura tirarningum de suas convices religiosas; no se dirige queles quetm uma f e a quem essa f satisfaz, mas queles que, noestando satisfeitos do que se lhes foi dado, procuram qualquer

    coisa melhor. 0

    Para completar este estudo sobre Allan Kardec e sua obra, eprecisar o propsito que o mestre queria assinar ao Espiritismo,cremos ser til reproduzir, para terminar, as passagens seguintesdo ltimo captulo deA Gnese Os tempos so chegados:

    N 14: 1 A vida espiritual a vida normal e eterna do Esprito, e aencarnao no seno uma forma temporria de sua existncia.Exceto pela vestimenta exterior, h, pois, identidade entre osencarnados e os desencarnados; so as mesmas individualidadessob dois aspectos diferentes, pertencendo tanto ao mundo visvel,quanto ao mundo invisvel, se reencontrando seja num, seja nooutro, convergindo num e no outro ao mesmo propsito, pelosmeios apropriados sua situao. Desta lei decorre aquela daperpetuidade da relao entre os seres; a morte no os separa e

    no d trmino s suas relaes simpticas nem aos seus deveresrecprocos. Da a SOLIDARIEDADE do todos por um, e de um portodos, da tambm a FRATERNIDADE. Os homens no vivero felizessobre a Terra seno quando esses dois sentimentos tiverementrado em seus coraes e nos seus costumes, porque ento oconformaro a suas leis e suas instituies. Isto ser um dosprincipais resultados da transformao que se opera.

    Mas como conciliar os deveres de solidariedade e dafraternidade com a crena de que a morte tornaria todos oshomens estranhos uns aos outros? Pela lei da perpetuidade das

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    relaes que une todos os seres, o Espiritismo funda este duploprincpio sobre as prprias leis da natureza. Ele fez disso no sum dever mas uma necessidade. Por aquela da pluralidade das

    existncias, o homem se relaciona a tudo que fez e a tudo quefar, aos homens do passado e aos homens do porvir; no podemais dizer que no tem nada em comum com aqueles quemorreram, uma vez que uns e outros se reencontram sem cessar,neste mundo e no outro, para ascenderem juntos a escada doprogresso e se prestarem um apoio mtuo. A fraternidade no mais circunscrita a alguns indivduos que o acaso rene durante adurao efmera da vida; ela perptua como a vida do Esprito,

    universal como a humanidade, que constitui uma grande famliaem que todos os membros so solidrios uns aos outros,qualquer que seja a poca na qual morreram.

    Tais so as idias que ressaltam do Espiritismo, e que elesuscitar entre todos os homens quando estiver universalmentedisseminado, compreendido, ensinado e praticado. Com oEspiritismo, a fraternidade, sinnima da caridade pregada peloCristo, no mais uma palavra v; ela tem sua razo de ser. Do

    sentimento da fraternidade nasce aquele da reciprocidade e dosdeveres sociais, de homem a homem, de pessoa a pessoa, de raaa raa; estes dois sentimentos bem compreendidos forosamentefaro as instituies mais proveitosas ao bem estar de todos.

    N 15:A fraternidade deve ser a pedra angular da nova ordemsocial; mas, no h fraternidade real, slida, efetiva, se noestiver assentada sobre uma base inabalvel; essa base a f, no

    a f em tais ou tais dogmas particulares, que mudam com ostempos e os povos e que se apedrejam mutuamente, porque, emse anatematizando, alimentam o antagonismo; mas a f nosprincpios fundamentais que todo o mundo pode aceitar: Deus, aalma, o porvir, O PROGRESSO INDIVIDUAL, INDEFINIDO, A PERPETUIDADEDASRELAESENTREOSSERES. Quando todos os homens estiveremconvencidos de que Deus o mesmo para todos, de que esseDeus, soberanamente justo e bom, no pode querer nada de

    injusto, que o mal vem dos homens e no dele, se considerarocomo os filhos do mesmo Pai e se estendero as mos. Essa a fque o Espiritismo d e que ser daqui por diante o eixo em torno

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    do qual girar o gnero humano, quaisquer que sejam seusmodos de adorao e suas crenas particulares, que o Espiritismorespeita, mas de que no se ocupa. Somente desta f pode sair o

    verdadeiro progresso moral, porque somente ela oferece umasano lgica aos direitos legtimos e aos deveres; sem ela, odireito determinado pela fora; o dever, um cdigo humanoimposto pela presso. Sem ela que o homem? Um pouco dematria que se dissolve, um ser efmero que s passa; mesmo ognio no mais que uma chama que brilha um instante para seextinguir para sempre; no h, certamente, motivo para valoriz-lo a seus prprios olhos.

    Com tal pensamento, onde esto realmente os direitos e osdeveres? Qual o objetivo do progresso? Somente essa f fez ohomem sentir sua dignidade pela perpetuidade da progresso deseu ser, no em um porvir mesquinho e circunscrito personalidade, mas grandioso e esplndido: esse pensamento oeleva acima da Terra; ele se sente crescer sonhando que possuisua parte no universo; que esse universo seu domnio que ele poder percorrer um dia, e que a morte no far dele uma

    nulidade, ou um ser intil a si mesmo e aos outros.O progresso intelectual, realizado at este dia nas mais largas

    propores, um grande passo, e marca uma primeira fase daHumanidade; mas sozinho impotente para regener-la;enquanto o homem estiver dominado pelo orgulho e o egosmo,utilizar sua inteligncia e seus conhecimentos para proveito desuas paixes e de seus interesses pessoais; por isso que os aplicano aperfeioamento de meios de prejudicar os outros e de sedestruir entre si.

    SOMENTE O PROGRESSO MORAL PODE ASSEGURAR AOS HOMENS AFELICIDADENA TERRA, COLOCANDO UMFREIO SPAIXESMS; SOMENTEELE PODE FAZER REINAR ENTRE OS HOMENS A CONCRDIA, A PAZ, AFRATERNIDADE. ele que derrubar as barreiras entre os povos, quefar cair os preconceitos de casta e calar os antagonismos deseitas, ensinando os homens a se considerarem irmos chamadosa se auxiliarem mutuamente e no a viver custa uns dos outros.Ser ainda o progresso moral, secundado aqui pelo progresso dainteligncia que reunir os homens numa mesma crena

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    estabelecida sobre as verdades eternas, no sujeitas acontrovrsias e, por isso mesmo, aceita por todos.

    A unidade de crena ser o lao mais forte, o fundamentomais slido da fraternidade universal, ferida desde todos ostempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e asfamlias, que fazem ver no prximo inimigos a serem evitados,combatidos, exterminados, em vez de irmos a serem amados.

    0

    Notas:

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    1 Este item 14 no corresponde ao item de mesmo nmero da verso emportugus (37 edio da FEB, 5 edio francesa), no tendo sido mesmoencontrado em nenhuma parte da Gnese. O item 15 que se seguecorresponde aos itens 17 a 19 da Gnese. (Nota do tradutor)