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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Integradas Área de Concentração Odontologia MARIA CARMEN PALMA FARIA VOLPATO ANALISE DA OCORRÊNCIA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE COM MANIFESTAÇÃO BUCAL NO ESTADO DE MATO GROSSO POR MEIO DO GEORREFERENCIAMENTO Cuiabá, 2013

ANALISE DA OCORRÊNCIA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE … · patologia bucal do Laboratório Público do Estado de Mato Grosso do período compreendido entre 2005 e 2011. A base de dados

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas

Integradas Área de Concentração Odontologia

MARIA CARMEN PALMA FARIA VOLPATO

ANALISE DA OCORRÊNCIA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE COM MANIFESTAÇÃO

BUCAL NO ESTADO DE MATO GROSSO POR MEIO DO GEORREFERENCIAMENTO

Cuiabá, 2013

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas

Integradas Área de Concentração Odontologia

MARIA CARMEN PALMA FARIA VOLPATO

ANALISE DA OCORRÊNCIA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE COM MANIFESTAÇÃO

BUCAL NO ESTADO DE MATO GROSSO POR MEIO DO GEORREFERENCIAMENTO

Cuiabá, 2013

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MARIA CARMEN PALMA FARIA VOLPATO

ANALISE DA OCORRÊNCIA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE COM MANIFESTAÇÃO

BUCAL NO ESTADO DE MATO GROSSO POR MEIO DO GEORREFERENCIAMENTO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas Área de Concentração Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Artur Aburad de Carvalhosa

Cuiabá, 2013

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MARIA CARMEN PALMA FARIA VOLPATO

ANALISE DA OCORRÊNCIA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE COM MANIFESTAÇÃO

BUCAL NO ESTADO DE MATO GROSSO POR MEIO DO GEORREFERENCIAMENTO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas – Área de Concentração Odontologia.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Artur Aburad de Carvalhosa

__________________________________________ Membro Titular: Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges

__________________________________________ Membro Titular: Prof. Dr. Élcio Magdalena Giovani

Cuiabá,08 de Março de 2013

Conceito Final: _______________

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Bibliotecária: Patrícia Jaeger / CRB1-1736.

V931a Volpato, Maria Carmem Palma Faria.

Análise da ocorrência da paracoccidiodomicose com manifestação bucal no estado

de Mato Grosso por meio do Georreferenciamento / Maria Carmem Palma Faria Volpato –

Cuiabá: Universidade de Cuiabá - UNIC, 2013.

xxf.:Il.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências

Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC, para obtenção do título de

Mestre em Ciências Odontológicas Integradas - área de concentração Odontologias.

Orientadora: Prof. Drº Artur Aburad de Carvalhosa.

1. Odontologia 2. Paracoccidioidomicose - Infecção Fúngica. 3. Biologia Celular 4.

Diagnóstico Bucal. 5. Epidemiologia. 6. Patologia Bucal. 7. I. Título. II. Volpato, Maria

Carmem Palma Faria III. Universidade de Cuiabá - UNIC.

CDU: 616.314:616.992 (817.2)

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Ao Evaristo, à Maria Luiza e à Maria Julia

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por mais esta conquista e a todos que direta ou indiretamente

contribuíram para a conclusão deste trabalho, dentre os quais destaco:

Meu orientador e amigo Artur Aburad de Carvalhosa;

A equipe do MT-Laboratório: Marcelo Adriano, Mônica Mika, Silza Fátima,

Dilma, Maria Eugênia e Eduardo;

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso;

Os Professores Doutores Carlo Ralph De Musis e Peter Zeilhofer;

Os colegas Ana Thereza, Maísa, Maura, Kássia, Hévelin, Débora, Rafaele,

Maria Sônia, Hedilza, Tarcísio, Marcus Vinícius, Carlos Rodrigo, Carlos

Antunes, Waldinei, Wissem, Alessandro;

Os amigos do Departamento de Odontologia do Hospital do Câncer de Mato

Grosso;

O amigo Paulo Henrique de Souza Castro;

O amigo Ricardo Miguel Carrión Carracedo;

Meus pais Mauricio e Constança;

Meus sogros Luiz e Luiza.

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“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível e de repente

você estará fazendo o impossível.” São Francisco de Assis

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RESUMO

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RESUMO

VOLPATO, M. C. P. F. Análise da ocorrência da paracoccidioidomicose com manifestação bucal no estado de Mato Grosso por meio do georreferenciamento. 2013. Dissertação (Mestrado) – Universidade de

Cuiabá

A Paracoccidioidomicose é considerada a infecção fúngica mais importante da América Latina, sendo o Brasil um centro endêmico da doença. A procura por tratamento geralmente ocorre quando o paciente já apresenta manifestações bucais secundárias à infecção pulmonar. Assim, o cirurgião dentista exerce importante papel no diagnóstico e encaminhamento do paciente para tratamento. Face à morbidade associada à Paracoccidioidomicose e sua incidência emergente em Mato Grosso, é importante que se conheça melhor como a doença está distribuída no estado e se essa distribuição está relacionada com determinada variável socioambiental. Deste modo, foi analisada a ocorrência da Paracoccidioidomicose no Estado de Mato Grosso por meio do georreferenciamento buscando identificar características ambientais envolvidas. Para tal foi realizado estudo transversal, descritivo e retrospectivo com a utilização dos laudos das lesões bucais do serviço de patologia bucal do Laboratório Público do Estado de Mato Grosso do período compreendido entre 2005 e 2011. A base de dados dos casos foi então cruzada com a base espacial fornecida pelo servidor de mapas da Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral do Estado de Mato Grosso. Os resultados do estudo demonstraram um maior número de diagnósticos no ano de 2006 (25,6%), seguido dos anos de 2007 (18,4%) e 2009 (16,8%); 98 (78,4%) exames foram do tipo histológico; 123 casos (98,4%) eram de pacientes do sexo masculino; 77 casos (61,6%) tinham idade entre 41 e 60 anos. Os casos procederam de 53 municípios. A análise espacial utilizando o estimador de intensidade de Kernel permitiu a visualização de uma maior concentração dos casos nas regiões norte e sul do estado. Foi possível concluir que os casos estão distribuídos de forma heterogênea no estado, apresentando maior concentração nas regiões de maior desenvolvimento econômico, maior fluxo rodoviário e com presença de águas contaminadas. Não houve casos em reservas indígenas ou ecológicas. Palavras-chave: Biologia Celular. Brasil. Diagnóstico Bucal. /epidemiologia. Paracoccidioidomicose. Patologia Bucal.

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ABSTRACT

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ABSTRACT

VOLPATO, M. C. P. F. Analysis of the occurrence of paracoccidioidomycosis with oral manifestation in the State of Mato Grosso, Brazil, through georeferencing. 2013. Dissertation University of

Cuiabá.

Paracoccidioidomycosis is considered the most important fungal infection in

Latin America, with Brazil being an endemic center of the disease. The demand

for treatment usually occurs when the patient already has oral manifestations

secondary to pulmonary infection. Thus the dentist plays an important role in

diagnosing and referring patients for treatment. Given the morbidity associated

with paracoccidioidomycosis and its emerging incidence in Mato Grosso, it is

important to know better how the disease is distributed in the state and if this

distribution is related to particular environmental variable. So the occurrence of

paracoccidioidomycosis in Mato Grosso was analyzed by georeferencing,

seeking to identify environmental features involved. For this, a descriptive and

retrospective cross-sectional study was performed using the reports of oral

lesions in the oral pathology service of the Mato Grosso State Public Laboratory

between 2005 and 2011. The database of the cases was then crossed with the

spatial database provided by the maps server of the Planning and General

Coordination Mato Grosso State Secretariat. The study results demonstrated a

greater number of diagnoses in 2006 (25.6%), followed by the years of 2007

(18.4%) and 2009 (16.8%). 98 (78.4%) examinations were of histological type,

123 cases (98.4%) were male patients, 77 cases (61.6%) were aged between

41 and 60 years. The cases were from 53 municipalities. Spatial analysis using

kernel intensity estimator enabled visualization of a greater concentration of

cases in the north and south of the state. It was concluded that the cases are

distributed unevenly in the state, with higher concentrations in regions of greater

economic development, higher road flow and presence of contaminated water.

There were no cases in natives’ and ecological reserves.

Key-words: Brazil. Cell Biology. /epidemiology. Diagnosis, Oral.

Paracoccidioidomycosis. Pathology, Oral.

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso segundo o ano de diagnóstico, no período de 2005 a 2011.

34

Tabela 2 - Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso, segundo o sexo do paciente, no período de 2005 a 2011.

34

Tabela 3 - Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso, segundo a faixa etária do paciente, no período de 2005 a 2011.

35

Tabela 4 - Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso, segundo o tipo de exame anatomopatológico realizado, no período de 2005 a 2011.

35

Tabela 5 - Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso, segundo o município de procedência do paciente, no período de 2005 a 2011.

35

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa político do Brasil, mostrando a divisão por estados e regiões

22

Figura 2 - Mapa de intensidade de concentração dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca no Estado de Mato Grosso, no período de 2005 a 2011.

37

Figura 3 - Mapa do Sistema Viário do Estado de Mato Grosso. Fonte: Camargo, 2011.

45

Figura 4 - Mapa de usos preponderantes e comprometimento da qualidade das águas no Estado de Mato Grosso. Fonte: Camargo, 2011.

46

Figura 5 - Mapa das unidades socioeconômico-ecológicas do Estado de Mato Grosso. Fonte: Camargo, 2011.

47

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LISTA DE

ABREVIATURAS

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LISTA DE ABREVIATURAS

a.C. antes de Cristo

AMP cíclico monofosfato cíclico de adenosina

BR 163 Rodovia Federal 163 (Cuiabá – Santarém)

CEOPE Centro Estadual de Odontologia para Pacientes Especiais

Cm centímetros

CIE contraimunoeletroforese

DNA ácido desoxirribonucleico

°C graus Celsius

gp glicoproteína

HSP heat shock proteins ou proteína de estresse

IDD imunodifusão dupla em gel de ágar

IFI imunofluorescência indireta

Kda Kilodalts

Km quilômetros

KOH hidróxido de potássio

μm micrometros

MT Laboratório Laboratório Público do Estado de Mato Grosso

LS latitude Sul

Mb megabases

MT Mato Grosso

nº número

PCM Paracoccidioidomicose

P. brasiliensis Paracoccidioides brasiliensis

PS phylogenetical species ou espécie filogenética

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PCR polymerase chain reaction ou reação em cadeia da

polimerase

SES/MT Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso

SNC sistema nervoso central

SIG Sistemas de Informação Geográfica

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Sumário

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4

2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 26

2.1. HISTÓRICO ....................................................................................................... 26

2.2. SINONÍMIA ................................................................................................... 27

2.3. CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DO PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS .......... 27

2.4. PATOGÊNESE ............................................................................................... 29

2.5. CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS CLÍNICAS ........................................................ 32

2.5.1. Forma aguda ou subaguda (tipo juvenil) ................................................ 33

2.5.2. Forma crônica (tipo adulto) ................................................................... 33

2.5.3. Forma sequelar...................................................................................... 35

2.6. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO ........................................................................ 35

2.7. EPIDEMIOLOGIA ........................................................................................... 38

2.8. RELAÇÃO PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS E MEIO AMBIENTE E A DOENÇA40

2.9. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE ........................ 40

2.10. O ESTADO DE MATO GROSSO ....................................................................... 41

2.12 GEORREFERENCIAMENTO ............................................................................ 43

3. PROPOSIÇÃO ....................................................................................................... 49

2.11. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 49

4. MATERIAIS E MÉTODO ......................................................................................... 51

4.1. DESENHO DO ESTUDO .................................................................................. 51

4.2. POPULAÇÃO ................................................................................................. 51

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4.3. ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................... 52

4.4. PERÍODO DE ESTUDO ................................................................................... 53

4.5. ASPECTOS ÉTICOS ........................................................................................ 53

5. RESULTADOS........................................................................................................ 55

6. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 61

6.1. DISCUSSÃO DE MATERIAIS E MÉTODO ......................................................... 61

6.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 62

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 73

ANEXOS ...................................................................................................................... 79

Anexo 1 .................................................................................................................. 79

Anexo 2 .................................................................................................................. 81

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1. INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

A Paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica, descrita há

mais de 100 anos por Adolpho Lutz. Ocorre em regiões tropicais e subtropicais

e é considerada a infecção fúngica mais importante da América Latina. O Brasil

é considerado um centro endêmico dessa doença, com maior prevalência nas

regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (MALUF, 2003).

Nos últimos anos tem sido relatada a ocorrência de casos em áreas de

colonização mais recente, submetidas a desmatamento, como em partes da

Amazônia, atingindo áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Mato

Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas, onde pode ser considerada uma micose

sistêmica emergente (BRASIL, 2012).

O homem é o hospedeiro acidental. A maioria dos casos ocorre em

indivíduos que, por sua atividade, permanecem com mais frequência

diretamente em contato com vegetais e a terra, sendo geralmente

trabalhadores rurais (ARAÚJO et al., 2003).

A procura por tratamento da maior parte dos casos de

paracoccidioidomicose ocorre em fase adiantada da doença, quando esta já

apresenta manifestações bucais, secundárias à infecção pulmonar (VERLI et

al., 2005). Assim, o cirurgião dentista exerce um importante papel no

diagnóstico e encaminhamento para tratamento do paciente acometido por

essa micose (VERLI et al., 2005).

Diante do exposto, face à alta morbidade associada à PCM

(MARTINEZ, 2009) e a identificação de uma incidência emergente em Mato

Grosso, é importante que se conheça melhor a forma com que a doença está

distribuída no estado e se essa distribuição está relacionada com determinada

variável socioambiental. O Geoprocessamento e os Sistemas de Informações

Geográficas (SIG) são ferramentas que se mostram como instrumentos de

aperfeiçoamento da saúde, auxiliando no planejamento, na prestação e na

avaliação dos serviços à população, revelando-se útil para a gestão,

possibilitando análises de situações sanitárias,

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avaliação de risco populacional, construção de cenários que viabilizem

o planejamento de estratégias de intervenções nos diversos níveis de saúde

(BRASIL, 2006.

Os resultados deste trabalho poderão subsidiar o desenvolvimento de

políticas públicas voltadas para o controle dessa infecção e para a sua

prevenção, uma vez que possibilita identificar as áreas de maior incidência da

PCM e as características ambientais associadas.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. HISTÓRICO

Há mais de cem anos, Adolpho Lutz (1908) publicou o relato pioneiro

de uma enfermidade descrita como micose pseudococcídica (TOLENTINO et

al., 2010), onde fez a descrição inicial da doença e de seu agente etiológico

(MARQUES, 2008). Este foi caracterizado morfo e biologicamente por Alonso

Splendore (1912), denominando-o Zymonema brasiliensis (PALMEIRO et al.,

2005) e por Floriano Paulo de Almeida (1930), recebendo a denominação de

Paracoccidioides brasiliensis (P. brasiliensis) (MARTINEZ, 2009). O termo

paracoccidioidomicose só foi adotado oficialmente em 1971, na reunião de

micologistas das Américas em Medelín (Colômbia) (MARQUES, 1998).

O primeiro estudo sistematizado das lesões nas mucosas causadas

pelo P. brasiliensis foi realizado em 1936, cabendo à Aguiar Pupo a descrição

da estomatite moriforme, que posteriormente recebeu seu nome (MENDES,

2009).

O comprometimento pulmonar por PCM foi relatado pela primeira vez

em 1911. Oito anos depois foi descrito o primeiro caso com participação

pulmonar exclusiva, sem evidências clínicas de comprometimento

extrapulmonar (MENDES, 2009).

O comprometimento de linfonodos foi relatado no trabalho de Lutz, em

1919, a que seguia a observação de que quanto mais precoce e intenso o

comprometimento de linfonodos, pior era o prognóstico (MENDES, 2009).

Em 1940, na Venezuela, Guerra relatou o primeiro caso de lesão

arterial acometendo aorta e mesentérica superior (MARTINEZ et al., 1985).

Posteriormente, novos casos de aortite blastomicótica foram relatados por

Angulo-Ortega, 1948; Benaim Pinto, 1950; Brass, 1969; Robledo, 1972;

Robledo, 1975; Goncalves, 1977 (CALDEIRA et al., 2011).

Em 1980, Mendes et al. relataram um caso de paciente portador de

PCM falecido em decorrência de insuficiência renal aguda, com autópsia

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revelando acometimento vascular renal por poliarterite nodosa, sugerindo sua

possível correlação com a doença de base, sem, no entanto, confirmá-la

(CALDEIRA et al., 2011).

Em 1985, Martinez et al. relataram o primeiro caso de

comprometimento arterial de vasos de pequeno calibre por P. brasiliensis

(CALDEIRA et al., 2011).

Outros órgãos e tecidos também podem ser acometidos pela PCM,

como: fígado, baço, pele, rins, medula óssea, testículo, próstata, mama, olhos,

aparelho digestivo, etc. (MENDES, 2009).

2.2. SINONÍMIA

A PCM é, também, denominada doença de Lutz, blastomicose sul-

americana, blastomicose brasileira, moléstia de Lutz-Splendore-Almeida e

micose de Lutz (GOMPERTZ et al., 2008; PALMEIRO et al., 2005).

2.3. CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DO

PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS

O agente etiológico da PCM é o P. brasiliensis. Trata-se de um fungo

dimórfico (ALMEIDA, 2005), pois pode apresentar-se de duas formas distintas:

forma de micélio e forma da levedura (RAMOS-E-SILVA; SARAIVA, 2008), que

pertence ao Filo Ascomycota, Classe Eurotiomycetes, Ordem Onygenales e

Família Onygenaceae (MARTINEZ, 2009). Estudos genotípicos evidenciaram

três espécies crípticas de P. brasiliensis, relacionadas com a área geográfica

de origem: PS1 – isolados da Argentina, Brasil, Venezuela e Peru PS2 –

isolados do Brasil e da Venezuela e PS3 – amostras procedentes da Colômbia

(MARTINEZ, 2009).

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O genoma do fungo foi estimado em 26 a 35 Mb para células

uninucleadas, tendo conteúdo haploide de DNA, contido em 4 a 5

cromossomos (MARTINEZ, 2009).

É um fungo assexuado, porém foi sugerida a presença de genes

relativos à reprodução sexuada e também à recombinação gênica intraespécie

(MARTINEZ, 2009).

O fungo é considerado termodinâmico, pois cresce tanto em

temperaturas ambiente entre 19 a 28° como em temperaturas mais altas entre

33 a 37°C (PALMEIRO et al., 2005). Em temperatura ambiente apresenta-se na

forma de micélio (ARAÚJO; SOUZA, 2002; MARTINEZ, 2004) formando hifas

finas e septadas, com clamidoconídios terminais ou intercalados, uninucleadas,

apresentando macroscopicamente aspecto de colônia cotonosa constituída de

filamentos curtos de cor branca (ARAÚJO; SOUZA, 2002; MARTINEZ, 2004;

MARTINEZ, 2009) que parece crescer no solo como sapróbio permanente

(MALUF et al., 2003).

O crescimento do micélio é lento, surgindo colônias somente depois de

2 a 4 semanas de semeadura de amostras de pacientes (MARTINEZ, 2009).

A transformação do micélio em levedura é ativada pela temperatura, na

qual ocorre a modificação de certos genes e alterações bioquímicas, como o

aumento da AMP cíclico e acúmulo de substâncias, incluindo proteínas do

choque térmico HSP70 e HSP60, havendo uma reestruturação da parede

celular (MARTINEZ, 2009).

As leveduras consistem em uma adaptação do P. brasilienses à vida

parasitária (MARTINEZ, 2009). Nos tecidos infectados, nas secreções e pus

das lesões são encontradas leveduras arredondadas, medindo de 5 a 25 μm de

diâmetro, isoladas ou em pequenos grupamentos de células, exibindo parede

celular espessa e birrefringente, podendo apresentar único ou múltiplos

brotamentos, que podem estar ligadas à célula-mãe (GOMPERTZ et al., 2008;

PALMEIRO et al., 2005).

Em meio de cultura, a 35°C as leveduras formam colônias de cor

creme e aspecto crebriforme (GOMPERTZ et al., 2008). Microscopicamente,

são células arredondadas ou ovaladas, com parede de contorno duplo, com

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vesículas intracitoplasmáticas, formando agrupamentos de leveduras com

diferentes dimensões (MARTINEZ, 2009). Em geral as células são

multinucleadas (MARTINEZ, 2009).

A transformação dimórfica é fundamental para que o fungo sobreviva

ao ambiente hostil encontrado no organismo do hospedeiro, este, muito diverso

das condições do ambiente normal de sua vida na natureza (FERREIRA;

TELES FILHO, 2009).

O P. brasiliensis é desprovido de sistemas de mobilidade e

desenvolveu evolutivamente características antigênicas para permitir sua

adesividade e interação com os tecidos do hospedeiro, impedindo a defesa

efetiva e garantindo sua sobrevivência (MENDES-GIANNINI et al., 2008;

FORTES et al., 2011). Os mecanismos imunopatológicos pelos quais ocorre a

persistência da infecção latente, invasão intravascular e disseminação do fungo

pelo organismo não são completamente esclarecidos, apesar de inúmeras

pesquisas relativas à fisiopatologia da doença e da biologia do fungo

(MENDES-GIANNINI et al., 2008; FORTES et al., 2011).

A falta de surtos documentados e o longo período entre a encubação e

a infecção e o desenvolvimento da doença constituem em importantes

obstáculos ao entendimento do ciclo biológico do P. brasiliensis (FERREIRA;

TELES FILHO, 2009).

2.4. PATOGÊNESE

A infecção pelo P. brasiliensis é adquirida nas duas primeiras décadas

de vida, com o pico de incidência entre 10 e 20 anos de idade. A evolução para

doença é incomum nessas décadas, ocorrendo mais em adultos entre 30 e 50

anos, como reativação de foco endógeno latente (PALMEIRO et al., 2005) e

depende de fatores relacionados tanto ao agente infeccioso quanto ao

hospedeiro (MALUF et al., 2003). Os mecanismos relacionados à resistência

ou a suscetibilidade do homem ao P. brasiliensis ainda são desconhecidos

(ZAITZ et al.,2006).

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O homem é hospedeiro acidental do fungo. A maioria dos casos ocorre

em indivíduos que, por sua atividade, permanecem com mais frequência

diretamente em contato com vegetais e a terra, sendo geralmente

trabalhadores rurais (ARAÚJO et al., 2003).

A PCM pode resultar tanto da inalação de estruturas do fungo,

consideradas infectantes, como da reativação de algum foco preexistente

(GOMPERTZ et al., 2008).

O contágio do hospedeiro ocorre mais frequentemente pela inalação de

conídios e fragmentos micelianos, que alcançam os bronquíolos terminais e

alvéolos pulmonares, onde se transformam em células leveduriformes

(FORTES et al., 2011). No parênquima pulmonar esse fungo pode ser

destruído ou multiplicar-se e produzir foco de infecção, o qual é drenado para o

linfonodo regional localizado no hilo pulmonar, caracterizando, assim, o

complexo primário da PCM. No entanto essas lesões podem regredir

espontaneamente em indivíduos imunocompetentes, com destruição total ou

parcial do fungo, caracterizando a forma subclínica da doença (LOPEZ;

RESTREPO, 1983; LACAZ et al., 1959).

Eventualmente, os fungos contidos no complexo primário podem

disseminar por via linfática e/ou hematogênica, atingindo outros órgãos,

causando a forma juvenil ou aguda (LONDERO; DEL NIGRO, 1986). No

entanto, muitos indivíduos permanecem com o complexo primário cicatricial

contendo fungos viáveis, denominados de lesões quiescentes, que podem

evoluir para PCM crônica muitos anos após a infecção (FRANCO, 1986).

Após a infecção, a progressão da doença clinicamente aparente pode

depender da virulência e quantidade de inoculo da amostra inalada, assim

como da presença, da quantidade e da qualidade de defesa do organismo do

hospedeiro infectado (FERREIRA; TELES FILHO, 2009). Fatores

circunstanciais como o estado nutricional e socioeconômico, coinfecções,

terapêuticas imunossupressoras, alcoolismo e tabagismo podem favorecer o

aparecimento da doença (SAMPAIO; RIVITTI, 2007; PEREIRA et al., 2011),

assim como os casos de reexposição às fontes de contágio (CALDEIRA et al.,

2011).

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A associação da PCM com outras doenças granulomatosas ou

neoplasias tem sido observada, sendo a tuberculose a mais frequente

(FORTES et al., 2011).

Excepcionalmente, é possível a inoculação traumática do fungo, via

tegumentar (FORTES et al., 2011). Existem relatos de infecção através de

inoculação intradermica, mucosa ou via trato gastrintestinal, no entanto, as

mesmas parecem ser frustras ou autorresolutivas, haja vista o fungo não

cumprir o ciclo pulmonar (CALDEIRA et al., 2011).

Acreditava-se, no passado, que a implantação traumática do fungo na

mucosa oral, por meio de fragmentos de vegetais comumente usados para

limpeza dentária no meio rural, fosse a via de entrada desse agente infeccioso

em razão de muitos pacientes apresentarem ulcerações na boca (PALMEIRO

et al., 2005). Contudo, experimentos em animais não sustentam essa hipótese

(MARTINEZ, 2004; VERLI et al., 2005).

As lesões que comumente são vistas na mucosa bucal, retal, intestinal

e as cutâneas devem todas ser consideradas secundárias à disseminação

hematogênica do agente a partir dos pulmões (FERREIRA; TELES FILHO,

2009), embora as manifestações estomatológicas sejam o principal motivo da

consulta para tratamento (VERLI et al., 2005).

As lesões estomatológicas apresentam-se exulceradas e ulceradas, de

contornos e bordas irregulares, com superfície granulomatosa, de fundo

amarelado, entremeadas por pontos hemorrágicos que lhe conferem aspecto

moriforme (MARTINEZ, 2004). Estas são espontaneamente dolorosas durante

a mastigação, prejudicando a higiene oral e contribuindo efetivamente para a

depleção do quadro nutricional do paciente (VERLI et al., 2005). A cicatrização

das lesões provoca microstomia de intensidade variável como sequela da PCM

(VERLI et al., 2005).

O conhecimento dessa doença é de grande interesse odontológico,

uma vez que, entre suas manifestações, as lesões bucais concorrem para sua

caracterização clínica e condicionam a necessidade de participação do

cirurgião-dentista no diagnóstico e na terapêutica desta micose (VERLI et al.,

2005).

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2.5. CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS CLÍNICAS

Diversas classificações das formas clinicas da PCM já foram descritas

desde o descobrimento da doença. Todas se baseiam em diferentes critérios

(topografia das lesões, gravidade da doença, resultado de reações sorológicas,

historia natural, etc.) e nenhuma delas passou a ser adotada de forma

sistêmica pelos pesquisadores (FERREIRA, 2009).

Na década de 1960, Fava Neto sugeriu uma classificação simples que

dividia a doença em duas modalidades: a benigna, forma não disseminada da

micose, com baixa concentração de anticorpos nas reações sorológicas, e a

grave, disseminada, com grande numero de anticorpos, sempre detectados na

forma ativa da moléstia (FERREIRA, 2009).

Em fevereiro de 1986 em Medellín, Colômbia, foi apresentada uma

nova classificação no International Colloquiumon Paracoccidioidomycosis, que

correlaciona dados clínicos à história natural da moléstia, que, à semelhança

de outras micoses presumia a existência de infecção e doença (FERREIRA,

2009; SHIKANAI-YASUDA et al., 2006). A proposta foi:

Paracoccidioidomicose – infecção

Paracoccidioidomicose – doença

o Forma aguda ou subaguda (tipo juvenil)

Moderada

Grave

o Forma crônica (tipo adulto)

Unifocal

Leve

Moderada

Grave

Multifocal

Leve

Moderada

Grave

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Paracoccidioidomicose – residual ou sequelar

2.5.1. Forma aguda ou subaguda (tipo juvenil)

Atualmente não é utilizado o critério de idade para classificar o paciente

em “juvenil” ou “adulto” (FERREIRA, 2009).

Esta forma de apresentação clínica é responsável por 3 a 5% dos

casos da doença, predominando em crianças e adolescentes, mas podendo

eventualmente, acometer indivíduos até os 35 anos de idade. A distribuição da

forma aguda / subaguda é semelhante em crianças dos gêneros masculino e

feminino.

Esta forma clínica caracteriza-se por evolução mais rápida, onde o

paciente geralmente procura o serviço médico entre 4 a 12 semanas de

instalação da doença. Em ordem de frequência, podemos destacar a presença

de linfadenomegalia, manifestações digestivas, hepatoesplenomegalia,

envolvimento ósteo-articular e lesões cutâneas como as principais formas de

apresentação desta forma da micose. (SHIKANAI-YASUDA et al., 2006).

Formas pulmonares com envolvimento mucoso podem eventualmente

aparecer em adolescentes e adultos jovens (FERREIRA, 2009).

Não há formas leves do tipo juvenil (FERREIRA, 2009), bem como os

critérios de gravidade – moderado e grave – são subjetivos, podendo variar conforme

a análise individual do clínico (Brasil,2012).

2.5.2. Forma crônica (tipo adulto)

Esta forma clínica responde por mais de 90% dos pacientes, e

apresenta-se principalmente em adultos entre os 30 e 60 anos,

predominantemente, do sexo masculino. A diferença nessa distribuição por

sexo deve-se não a maior exposição do homem às fontes de infecção, mas sim

a fatores reguladores hormonais (FERREIRA, 2009). Acredita-se que essa

diferença marcante seja atribuída ao efeito protetor dos hormônios femininos

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(uma vez que o beta-estradiol inibe a formação de hifas dos micro-organismos

para a forma patogênica de leveduras) (NEVILLE, 2009). A doença progride

lentamente, de forma silenciosa, podendo levar anos até que seja

diagnosticada. As manifestações pulmonares estão presentes em 90% dos

pacientes (FERREIRA, 2009).

É chamada de apresentação unifocal quando a micose está restrita a

somente um órgão sendo a doença pulmonar isolada a mais comum, podendo

ser também isolada cutânea, com aparecimento de lesões sarcoidicas ou de

aspecto hansenóide e ainda, isolada ao sistema nervoso central (SNC),

manifestando-se com processos centro-encefálicos ou medulares (BRASIL,

2012; SHIKANAI-YASUDA et al., 2006; CALDEIRA et al., 2001).

No que se diz respeito à forma crônica multifocal, ocorre acometimento

conjunto de diversos órgãos e sistemas, entre eles pulmão, linfonodos, pele,

mucosas, trato respiratório alto, adrenais, ossos e SNC (CALDEIRA et al.,

2001).

O comprometimento adrenal tem sido registrado em cerca de 50% dos

casos; o SNC é comprometido em cerca de 6 a 25% dos casos, sendo mais

comuns às lesões expansivas, únicas ou múltiplas, em hemisférios do cérebro,

cerebelo ou de ambos. As manifestações de comprometimento linfático

(adenomegalia), adrenal (astenia, emagrecimento, hipotensão, escurecimento

de pele, dor abdominal), SNC (cefaleia, déficit motor, convulsões, alterações de

comportamento e/ou nível de consciência) e lesões ósteo-articulares, cujo

aspecto radiológico caracteriza-se por lesões líticas, também têm sido

relatadas (BRASIL, 2012).

Granulomas paracoccidioidomicóticos podem ser vistos ainda em

fígado, baço, intestinos, olhos, peritônio, pâncreas, ovários, útero, tireoide,

entre outros. Locais menos comumente descritos, porem acometidos, são os

vasos de grande, médio e pequeno calibre (CALDEIRA et al., 2001).

Para enquadrar um paciente da forma crônica nos subtipos unifocal ou

multifocal poderá ser necessária a realização de métodos propedêuticos mais

sofisticados, como por exemplo: exame de imagem (FERREIRA, 2009).

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Os critérios de gravidade – leve, moderado e grave – podem auxiliar no

planejamento da terapêutica do paciente; são subjetivos, podendo variar conforme a

análise individual do clínico. Entretanto, alguns parâmetros devem ser utilizados para

enquadrar de maneira correta cada doente dentro da classificação (comprometimento

do estado geral, perda de peso, tipo de linfadenopatia e gravidade do envolvimento

pulmonar) (BRASIL, 2012).

A anamnese e o exame físico devem obrigatoriamente incluir a

pesquisa de sinais e sintomas relacionados ao envolvimento pulmonar,

tegumentar e laríngeo (tosse, dispneia, expectoração muco purulenta, lesões

ulceradas em pele, mucosa de nasofaringe, odinofagia, disfagia, disfonia)

(BRASIL, 2012).

2.5.3. Forma sequelar

As sequelas caracterizam-se pelas manifestações cicatriciais que se

seguem ao tratamento da micose. Por ser uma doença sistêmica, cuja resposta

do hospedeiro ao agente infectante consiste em processo inflamatório

granulomatoso, que leva à fibrose. O acúmulo de colágeno associado à

formação de fibrose pode levar a alterações anatômicas e funcionais dos

órgãos acometidos durante a doença, particularmente os pulmões,

suprarrenais e sistema nervoso central. (BRASIL, 2012).

Além das sequelas relacionadas às lesões pulmonares, adrenais e do

sistema nervoso central, o processo de fibrose decorrente do envolvimento de

mucosas e pele pode causar alterações crônicas da voz (disfonia por lesão de

corda vocal), obstrução laríngea, com necessidade de traqueostomia, redução

da rima bucal e sinéquia de nádegas. Nas formas agudas, as sequelas mais

comuns são obstrução de linfáticos abdominais, com síndrome de má absorção

e perda de proteínas e quadros de icterícia obstrutiva (BRASIL, 2012).

2.6. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO

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O diagnostico laboratorial pode ser realizado a partir da demonstração

do agente etiológico por exame a fresco, biopsia ou histopatológico e

confirmado pelo isolamento e cultura do fungo e por técnicas sorológicas,

sendo estas, mais utilizadas no seguimento terapêutico e pós-terapêutico

(CALDEIRA et al., 2001), e mais recentemente por métodos moleculares

(GIANNINI et al., 2009).

O padrão ouro para o diagnóstico laboratorial desta micose consiste na

identificação do fungo pelo exame micológico, que compreende a análise do

esfregaço ou material biológico diretamente em lâmina e lamínula e a cultura

(BRASIL, 2012).

As amostras biológicas mais comuns são as do trato respiratório como

escarro, de gânglios, lesões cutâneas como pus e mucosas, coletadas

segundo a localização da doença e na maiora das vezes, o P. brasilliensis

pode ser observado por meio de microscopia direta. O fungo é, em geral,

nessas lesões abundante e facilmente reconhecido, sem necessidade de

coloração especial (GIANNINI et al., 2009; GOMPERTZ et al., 2008).

A obtenção apropriada da amostra biológica, bem como sua

manipulação correta sem a perda da viabilidade do agente etiológico e possível

contaminação, são aspectos fundamentais para o diagnóstico laboratorial,

principalmente para o isolamento do agente (GIANNINI et al., 2009).

A citologia esfoliativa pode contribuir para o diagnóstico dessas lesões

(ARAÚJO et al., 2003). Acresce que, com o emprego de colorações especiais,

aumenta a acurácia da citologia esfoliativa oral no diagnóstico desta micose

(ARAÚJO et al., 2003). Como as regiões periodontal e labial são as mais

acometidas nas formas orais crônicas da PCM, a utilização da citologia

esfoliativa pode ajudar muito no diagnóstico destas lesões (ARAÚJO et al.,

2003).

A sensibilidade do exame direto (exame a fresco, esfregaço e

histopatológico) varia de 80 a 100%, dependendo do laboratório (Giannini et al.,

2009).

O exame histopatológico é de grande valor não só para a visualização

das formas fúngicas (célula mãe e brotamento) por colorações comuns

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(hematoxilina eosina e tratamento pela prata), como também é indicado para

situações em que a amostra não permitiu a visualização do fungo, como no

líquor (baixa sensibilidade de técnica micológica) e quando clinicamente não há

focos que permitam o diagnóstico da doença sistêmica (BRASIL, 2012).

As biópsias de lesões orais extensas, ulcerativas e dolorosas são

pouco comuns na rotina da Odontologia, o que leva muitos casos da micose

serem diagnosticados tardiamente; levando a sérios prejuízos para o doente

(ARAÚJO et al., 2003; TOLENTINO et al., 2010).

Algumas situações que impossibilitam a coleta de material biológico,

como estado clínico do paciente e localização da lesão, emprega-se técnicas

sorológicas para o diagnóstico. As provas sorológicas específicas, pesquisam

o anticorpo específico anti-P. brasilliensis, e têm importância não apenas no

auxílio diagnóstico, como, particularmente, para permitir avaliação da resposta

do hospedeiro ao tratamento específico (BRASIL, 2012; FORJAZ et al.,1999).

Os testes sorológicos revelam a existência do microrganismo antes

mesmo dos exames cultural e histopatológico (PALMEIRO et al., 2005).

Usando-se técnicas padronizadas e antígenos adequados, esses testes

apresentam sensibilidade e especificidade entre 85 e 100% (GIANNINI et al.,

2009).

Testes sorológicos como Elisa, imunodifusão dupla em gel de agar

(IDD), contraimunoeletroforese (CIE) (Giannini et al., 2009) e

imunofluorescência indireta (IFI) (BRASIL, 2012) são utilizados e mostram-se

eficazes no diagnóstico da doença (Giannini et al., 2009). Entre essas inúmeras

técnicas sorológicas disponíveis, a IDD destaca-se pela simplicidade de

execução, baixo custo e alta sensibilidade e especificidade (FORJAZ et al.,

1999).

Por meio da técnica de identificação molecular polymerase chain

reaction (PCR) ou suas variantes, pode-se detectar fragmentos de DNA do P.

brasiliensis, com finalidade diagnóstica, com sensibilidade e especificidade

elevadas (Giannini et al., 2009). Essa metodologia apresenta maior

sensibilidade que os métodos de rotina (TOLENTINO et al., 2010).

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Essa investigação indireta é baseada numa glicoproteína (gp) de 43

Kilodalts (Kda), conhecida como gp43, que é um importante componente

exocelular secretado pelo P. brasiliensis durante a sua fase patogênica

(TOLENTINO et al., 2010). Corresponde ao componente antigênico majoritário

excretado para meios de cultura e pode ser usada no reconhecimento de

anticorpos séricos em pacientes comprometidos pela doença (TOLENTINO et

al., 2010). Outro antígeno expresso pelo fungo é a glicoproteína de 70 Kda, a

gp70, reconhecida por 96% dos soros de pacientes portadores de PCM no

momento do diagnóstico. Uma fração recombinante de 27 Kda foi também

reconhecida por 91% dos soros de paciente com PCM ativa em ensaio

immunoblotting, com especificidade de 100% (Giannini et al., 2009).

O método de diagnósticos por imagem tem contribuído para detecção

dos sítios comprometidos em vigência de disseminação da micose (Giannini et

al., 2009).

Casos com resultados falsos negativos, observados com quaisquer dos

testes, na maioria das vezes se associam com lesões muito localizadas e com

hospedeiros imunodeprimidos (BRASIL, 2012).

A realização de exames mais complexos está condicionada a suspeita

clínica ou alterações laboratoriais que indiquem comprometimento do SNC,

gastrintestinal, disfunção adrenal, insuficiência respiratória ou lesões ósteo-

articulares, entre outros (BRASIL, 2012).

2.7. EPIDEMIOLOGIA

Entre as doenças infecciosas e parasitárias, a PCM foi a oitava causa

de mortalidade no Brasil, no período de 1980 a 1995. A taxa média anual de

mortalidade da doença é maior em estados do Sul e Sudeste do Brasil,

alcançando até 3,8/milhão de habitantes (MARTINEZ, 2009).

Deve-se proceder a investigação epidemiológica frente à ocorrência

e/ou notificação de um ou mais casos do mesmo agravo, para que se

obtenham informações quanto à caracterização clínica do caso (incluindo a

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análise dos exames laboratoriais), quanto às possíveis fontes de infecção e

para a avaliação das medidas de controle cabíveis em cada situação (BRASIL,

2012).

A PCM não é uma doença de notificação compulsória, apesar de ser

uma micose profunda que se não tratada adequadamente leva o paciente a

óbito (SPOSTO et al., 1994; BRASIL, 2012). A inexistência de vigilância

epidemiológica de rotina (BRASIL, 2012) faz com que uma análise quantitativa

e qualitativa não possa ser determinada precisamente (SPOSTO et al.,1994).

Por esse motivo, sua prevalência tem sido estimada a partir de casuísticas já

publicadas (CARVALHOSA et al., 2012; FORJAZ et al.,1999; GOLDANI, 2011;

PANIAGO et al., 2003; TRAD et al., 2006) e de estatísticas de hospitais

universitários (MARTINEZ, 2009).

Estimou-se a incidência anual da doença de 1 a 3 casos por 100.000

habitantes de áreas endêmicas da América Latina (MARTINEZ, 2009).

O conhecimento sobre a epidemiologia da infecção baseia-se em

inquéritos com a reação intradérmica de leitura tardia, que é considerada uma

estratégia simples, adequada e de baixo custo para avaliar a prevalência

regional do patógeno (PALMEIRO et al., 2005). Embora existam relatos

mostrando a dificuldade de comparar os resultados desse exame face à

heterogeneidade dos antígenos, há dados que demonstram que esses testes

são positivos nas formas subclínicas e crônicas e negativos nas formas agudas

e subagudas (tipo juvenil) (PALMEIRO et al., 2005). A porcentagem de

indivíduos normais com teste positivo variou, em valores de 2 a 70%,

verificando-se maior reatividade em áreas endêmicas e na população rural

(MARTINEZ, 2009). Apesar da possibilidade de reação cruzada com outros

fungos, particularmente o Histoplasma capsulatum, a resposta imunológica

específica ao P. brasiliensis é identificável (MANGIATERRA et al., 1996).

De acordo com dados de inquéritos epidemiológicos realizados com

paracoccidioidina no Brasil, Venezuela, Colômbia e Argentina, acredita-se que

em torno de 50% dos habitantes de zonas endêmicas tenham sido expostos ao

agente desta micose. Uma pequena proporção de indivíduos expostos ao P.

brasiliensis desenvolve alguma manifestação clínica da micose. Esta micose

representa um importante problema de Saúde Pública devido ao seu alto

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potencial incapacitante e à quantidade de mortes prematuras que provoca

(SHIKANAI-YASUDA et al., 2006), quando não há intervenção terapêutica

oportuna (BRASIL, 2012). Isso é verdadeiro principalmente para segmentos

sociais específicos, como os trabalhadores rurais que ainda apresentam

grandes deficiências de acesso e suporte da rede dos serviços de saúde

favorecendo o diagnóstico tardio (SHIKANAI-YASUDA et al., 2006).

A maioria dos casos foi reportada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-

Oeste. Esta micose apresenta caráter endêmico entre as populações de zona

rural. Foi relatada a ocorrência de casos em áreas de colonização mais

recente, submetidas a desmatamento, como em partes da Amazônia, atingindo

áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Rondônia,

Acre e Amazonas, onde a PCM pode ser considerada uma micose sistêmica

emergente (BRASIL, 2012).

2.8. RELAÇÃO PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS E MEIO

AMBIENTE E A DOENÇA

A relação entre o P. brasiliensis e o meio ambiente ainda não está

completamente esclarecida (FORTES et al., 2011), mas acredita-se que o

fungo viva saprofiticamente no solo úmido, rico em proteínas, e em solos

cercados por rios, lagos e pântanos, onde as variações de temperatura são

mínimas (ARAÚJO et al., 2003; FORTES et al., 2011). Nestes ambientes, os

fungos crescem na fase de micélio, produzindo conídios que sobrevivem por

vários meses, possibilitando a dispersão aérea, fazendo com que propágulos

infectantes sejam inalados pelo homem até os alvéolos pulmonares, dando

origem a uma infecção subclínica que poderá se disseminar para outros órgãos

por via linfo-hematogênica (ORTEGA et al., 1996).

2.9. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA

PARACOCCIDIOIDOMICOSE

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A PCM tem distribuição geográfica limitada à América Latina onde se

estima que cerca de 10 milhões de pessoas estejam infectadas (ALMEIDA,

2005; ALMEIDA et al., 2003).

A incidência da doença no Brasil, maior detentor dos casos, é

considerada endêmica, sendo observada nos estados do Rio Grande do Sul,

Paraná (MALUF et al., 2003), São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais

(ARAÚJO et al., 2000), Mato Grosso do Sul (PANIAGO et al., 2003) e regiões

de cerrado de Goiás e Mato Grosso (VERLI et al., 2005). A doença é menos

frequente no Nordeste do País, principalmente nas regiões de clima árido

(MARTINEZ, 2009).

A distribuição geográfica da doença parece ter mudado nas últimas

décadas, afetando principalmente as regiões Norte e Centro-Oeste do país,

provavelmente devido à abertura de novas fronteiras agrícolas (SHIKANAI-

YASUDA et al., 2006; RAMOS-E-SILVA et al., 2008).

2.10. O ESTADO DE MATO GROSSO

Localizado no centro geodésico da América do Sul, e no Centro-Oeste

do Brasil, atrai contingentes populacionais de todas as regiões brasileiras com

destino principalmente às áreas de cerrados do planalto (CAMARGO, 2011).

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Figura 1. Mapa político do Brasil, mostrando a divisão por estados e regiões (Fonte: http://brazilbrazilian.blogspot.com.br/2010/08/mapa-politico-do-

brasil.html)

Todo processo de atração migratória do Estado sempre esteve ligado à

sua estrutura socioeconômica pautada no processo de colonização ligado à

exploração de recursos naturais e nas politicas governamentais com

programas de ocupação e desenvolvimento regional no Estado (CAMARGO,

2011).

Como consequência desta “colonização acelerada”, ocorreu a

multiplicação de diversos novos municípios nas áreas de fronteira, como é o

caso do norte de Mato Grosso, os quais sofrem até hoje com a ausência de

infraestrutura e serviços. São cidades pequenas, na maioria das vezes com

população variando entre 20 e 50 mil habitantes (CUNHA, 2006).

Nas ultimas décadas Mato Grosso vivência significativa transformação

socioeconômica que o projeta em destaque no cenário econômico nacional e

internacional (CAMARGO, 2011).

A economia de Mato Grosso baseia-se no agronegócio com 114.148

estabelecimentos agropecuários que somam 48.355.569 de hectares. Este

Estado amazônico possui 17.758.922 hectares de áreas de matas e florestas

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(Brasil, 2006). A vegetação predominante é o cerrado, além de ter em seu

território parte da maior planície inundável do planeta, o pantanal mato-

grossense.

O Estado conta com 141 municípios distribuídos em 903.357.908 km²

de extensão territorial, com uma população estimada de 3.115.336 (Brasil,

2012a) e abrange três bacias hidrográficas: a Bacia do Rio Amazonas, a Bacia

do Rio Tocantins e a Bacia do Rio Paraná (CAMARGO, 2011).

O território do Estado de Mato Grosso, localizado entre as latitudes de

8 à 18º LS, encontra-se dentro da faixa intertropical da porção central do

Continente Sul-Americano. Primeiro fato que se pode traduzir desta posição

são elevados totais de radiação solar global, incidentes na superfície do solo,

praticamente o ano todo. Comprimento do dia, através da insolação, indica

pequenas varações entre os solstícios de inverno e verão. Resulta assim, o

domínio de climas Equatoriais e Tropicais Quentes com pequena variação

térmica sazonal e anual. Em termos médios, amplitude diária varia de 10 à

14ºC e em termos absolutos pode se aproximar com muita frequência de

valores entre 16° a 20°C, enquanto que a amplitude térmica anual varia entre

1,5° e 4,0°C (TARIFA, 2011).

O campo de variação da temperatura média anual no estado é de 21 a

26ºC (TARIFA, 2011).

A variação mensal das temperaturas médias compensadas mostra um

ritmo de máximo aquecimento no equinócio de primavera (outubro-novembro),

esta característica é comum a todas as unidades climáticas (TARIFA, 2011).

Em Alta Floresta, Matupá, Cotriguaçu, Juína e Vilhena, apresentam

amplitude térmica anual muito parecida, com valores entre 1,9 e 2,5ºC.

Destaca-se outubro como mês mais quente com temperaturas variando de

25,3ºC a 26,1ºC, enquanto o mês mais frio é julho com 23,4º C a 23,8ºC

(TARIFA, 2011).

2.12 GEORREFERENCIAMENTO

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A influência do meio ambiente sobre as condições de saúde das

pessoas é uma preocupação antiga do ser humano. Ainda no século V a.C.,

Hipócrates já defendia a importância do espaço como o lócus de ocorrência

das doenças (MOREIRA et al., 2007).

Até os dias atuais, os epidemiologistas questionam se existe algum

padrão na distribuição da doença no espaço, se há alguma associação com

alguma fonte etiológica (água, poluição atmosférica, temperatura e violência

urbana, por exemplo), se há alguma evidência de transmissão e se houve

variação no tempo (MOREIRA et al., 2007).

Pessoas, lugar e tempo constituem a tríade básica da produção e

interpretação dos constructos epidemiológicos, podendo ser escrita como

pessoas em lugares/tempo, evidenciando o papel fundamental do espaço

(físico e histórico) na ocorrência de eventos em saúde. A visualização da

distribuição da tríade epidemiológica no espaço e a tradução dos padrões

existentes nesta distribuição vêm sendo cada vez mais refinadas com o

crescente uso dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) (MOREIRA et al.,

2007).

Para que sejam utilizadas como meio de análise, as bases de dados de

saúde devem ser georreferenciadas, integradas a dados ambientais e

socioeconômicos, e submetidas a procedimentos de avaliação de sua

distribuição espacial (BARCELLOS et al., 2008).

O objetivo destas análises é estudar a distribuição espacial dos pontos,

testando hipóteses sobre o padrão observado: se é aleatório, se apresenta-se

em aglomerados ou se os pontos estão regularmente distribuídos. O objeto de

interesse é a própria localização espacial dos eventos em estudo (CARVALHO;

CÂMARA, 2004).

Ao analisar padrões de distribuição de pontos, o interesse primário é

determinar se os eventos observados exibem algum padrão sistemático, em

oposição a uma distribuição aleatória. Busca-se detectar a existência de

padrão de conglomerados espaciais através da constatação de um número

acima do esperado de casos excessivamente próximos, considerando uma

distribuição estocástica, usualmente um processo de Poisson. Se um padrão

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de eventos pontuais apresentar desvios significativos do comportamento

esperado para uma distribuição de Poisson, isto indica a existência de uma

distribuição espacial diferente da completa aleatoriedade, que merece ser

objeto de maior análise (CARVALHO; CÂMARA, 2004).

O georreferenciamento de um dado com endereço é definido como o

processo de associação desse dado a um mapa e pode ser efetuado de três

formas básicas: associação a um ponto, a uma linha ou a uma área. O

resultado desse processo é a criação de elementos gráficos que podem ser

usados para a análise espacial (BARCELLOS et al., 2008).

Na área da Saúde, os SIG têm se tornado ferramentas de grande

utilidade. Sua capacidade de integrar diversas operações, como captura,

armazenamento, manipulação, seleção e busca de informação, análise e

apresentação de dados, auxilia o processo de entendimento da ocorrência de

eventos, predição, tendência, simulação de situações, planejamento e definição

de estratégias no campo da Vigilância em Saúde (BARCELLOS et al., 2008).

A incorporação dos SIG pela Saúde tem história relativamente recente

e ainda depende de um conjunto de bases tecnológicas e metodológicas em

fase de implementação. Os últimos anos vêm sendo marcados pela crescente

disponibilidade e facilidade de acesso e análise de dados mediante sistemas

computacionais simples (BARCELLOS et al., 2008), com isso observa-se o

crescimento no numero de trabalhos utilizando essa metodologia (CHIESA et

al.,2002, MOREIRA et al., 2011; CORREA, 2012).

Uma alternativa para analisar o comportamento de padrões de pontos

é estimar a intensidade pontual do processo em toda a região de estudo. Para

isto, pode-se ajustar uma função bi-dimensional sobre os eventos

considerados, compondo uma superfície cujo valor será proporcional à

intensidade de amostras por unidade de área. Esta função realiza uma

contagem de todos os pontos dentro de uma região de influência, ponderando-

os pela distância de cada um à localização de interesse, sendo denominada de

estimador de Kernel (CARVALHO; CÂMARA, 2004).

O estimador Kernel é um estimador de intensidade de padrões que

trabalha somente sobre as áreas onde a densidade de amostragem é grande,

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identificando sobre estas áreas as maiores incidências da variável (OLIVEIRA,

SANTOS, 2011). Ele inicia-se como um conjunto de pontos de eventos de

interesse. Quando houver mais de um caso no mesmo ponto, eles estarão

sobrepostos no mapa. Para estimar a densidade de casos numa posição (x,y),

conta-se o numero de eventos dentro de um raio r em torno de (x,y). Essa

contagem é ponderada pela distância de cada evento ao ponto de referência

(x,y) através da função de suavização (função de Kernel) (OLIVEIRA,

SANTOS, 2011).

É um método bastante útil para fornecer uma visão geral da

distribuição de primeira ordem dos eventos, de fácil uso e interpretação

(CARVALHO; CÂMARA, 2004).

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3. PROPOSIÇÃO

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3. PROPOSIÇÃO

Analisar através de georreferenciamento a ocorrência da PCM no

Estado de Mato Grosso buscando identificar características ambientais

envolvidas em sua incidência.

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Traçar o perfil dos casos de PCM segundo o sexo, idade e

ano de diagnóstico;

Analisar a distribuição espacial dos casos de PCM

correlacionando-a com as características ambientais e fatores sócios

geográficos do local de procedência dos casos através do uso de

técnicas de geoprocessamento.

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4. MATERIAIS E MÉTODO

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4. MATERIAIS E MÉTODO

4.1. DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal, descritivo e retrospectivo realizado

por meio de pesquisa documental. Como objeto de estudo foram eleitos os

laudos citológico e histopatológico das lesões bucais.

4.2. POPULAÇÃO

Foram utilizados como fonte de pesquisa os laudos citológicos e

histopatológicos do banco de lesões do serviço de patologia bucal do

Laboratório Público do Estado de Mato Grosso (MT Laboratório), referência na

realização de exames citológicos e histopatológicos de boca para os 1.255

estabelecimentos de saúde pertencentes ao SUS sediados em Mato Grosso

(CARVALHOSA et al., 2012).

Foram incluídos apenas exames de citologia esfoliativa bucal e biópsia

de lesões de boca, sendo excluídos os diagnósticos da PCM pelos métodos

micológico direto, cultura, exame sorológico e intradermorreação.

Os blocos de parafina do arquivo do MT Laboratório foram recortados,

e as novas lâminas foram coradas com coloração de rotina e especiais para

melhor evidenciação dos fungos.

O material de novos exames encaminhados durante o período de

estudo foi processado utilizando as técnicas histológicas de rotina para o

diagnostico, ou seja, fixação da peça cirúrgica, desidratação na cadeia

acedente do álcool, hidratação utilizando-se da cadeia descendente de álcool,

realizada no histotécnico (processador de tecidos). O material foi incluído em

parafina, e cortes de 5,0 cm foram realizados com micrótomo. Na sequência os

materiais dispostos nas lâminas foram corados e devidamente montados para

análise microscópica.

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Com a confirmação do diagnóstico laboratorial, e recolhidas as

informações acerca do paciente e de sua procedência, foi construída a base de

dados dos casos de PCM e esta cruzada com a base de dados espacial. A

base de dados espacial utilizada na pesquisa foi fornecida pelo servidor de

mapas da Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral do

Estado de Mato Grosso. A análise espacial utilizou o software ArcGIS 10.1

(ESRI, Redlands, Califórnia, E.U.A).

4.3. ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente foi realizada a análise descritiva dos casos de PCM

diagnosticados no MT Laboratório. As variáveis examinadas foram o método de

diagnóstico (citologia esfoliativa bucal ou biópsia); ano de diagnóstico; idade e

sexo do paciente e local de procedência do caso.

Dados como raça/cor de pele, ocupação e sítio anatômico da lesão não

foram incluídos, pois além de não estarem preenchidos em diversos laudos,

não vão ao encontro do objetivo deste trabalho.

Após a coleta e consolidação dos dados, foi realizada sua tabulação e

análise descritiva.

O processo de análise da distribuição espacial dos casos de PCM no

estado se deu pelo estudo do estimador de intensidade de Kernel, com

localização de maior ou menor concentração dos fenômenos no espaço.

A metodologia utilizada baseia-se em aplicação de técnicas de

estatística espacial e de geoprocessamento, através de ferramentas

computacionais dos SIG´s. Utilizando a técnica do estimador de Kernel foi

gerado uma grade com células e com processos pontuais da ocorrência dos

casos de PCM.

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4.4. PERÍODO DE ESTUDO

Foram analisados os laudos emitidos desde o início da implantação do

serviço de patologia bucal (Janeiro de 2005) até Dezembro de 2011.

4.5. ASPECTOS ÉTICOS

O presente trabalho é complementar a pesquisa anterior cujo projeto foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública de

Mato Grosso / Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, através do

parecer nº 439/2009.

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5. RESULTADOS

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5. RESULTADOS

Os resultados referentes ao número de casos diagnosticados no

período de estudo e à descrição do perfil dos pacientes correspondentes aos

laudos citológicos e histopatológicos do banco de lesões do serviço de

patologia bucal do MT Laboratório estão descritos na forma de tabelas a seguir.

Tabela 1. Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso segundo o ano de diagnóstico, no período de 2005 a 2011. Ano de diagnóstico n %

2005 12 9,6

2006 32 25,6

2007 23 18,4

2008 14 11,2

2009 21 16,8

2010 11 8,8

2011 12 9,6

Total 125 100,0

A distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados

através de lesões de boca em Mato Grosso no período abarcado pelo estudo

mostra um maior número de diagnósticos no ano de 2006 (25,6%), seguido dos

anos de 2007 (18,4%) e 2009 (16,8%). O ano que apresentou o menor número

de diagnósticos de PCM no período de estudo foi 2010 (8,8%) (Tabela 1).

Tabela 2. Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso, segundo o sexo do paciente, no período de 2005 a 2011. Sexo N %

Masculino 123 98,4

Feminino 2 1,6

Total 125 100,0

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Dentre os casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de

lesões de boca em Mato Grosso no período de 2005 a 2001, 123 casos

(98,4%) eram de pacientes do sexo masculino (Tabela 2).

Tabela 3. Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso, segundo a faixa etária do paciente, no período de 2005 a 2011. Idade N %

< 20 anos 2 1,6

21 – 40 anos 21 16,8

41 – 60 anos 77 61,6

61 – 80 anos 25 20,0

Total 125 100,0

Com relação à faixa etária, 77 casos (61,6%) eram de pacientes na

faixa etária compreendida entre 41 e 60 anos (Tabela 3).

Tabela 4. Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso, segundo o tipo de exame anatomopatológico realizado, no período de 2005 a 2011. Tipo de exame n %

Histológico 98 78,4

Citologia bucal 27 21,6

Total 125 100,0

Com relação ao tipo de exame anatomopatológico realizado, 98

(78,4%) destes eram exames histológicos (Tabela 4).

Tabela 5. Distribuição dos casos de paracoccidioidomicose diagnosticados através de lesões de boca em Mato Grosso, segundo o município de procedência do paciente, no período de 2005 a 2011. Município de procedência N %

Água Boa 1 0,8

Alta Floresta 10 8,0

Araputanga 1 0,8

Arenápolis 1 0,8

Brasnorte 5 4,0

Cáceres 1 0,8

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Município de procedência N %

Campo Novo do Parecis 2 1,6

Campo Verde 2 1,6

Carlinda 3 2,4

Castanheira 3 2,4

Chapada dos Guimarães 1 0,8

Cláudia 1 0,8

Colíder 7 5,6

Colniza 1 0,8

Conquista do Oeste 1 0,8

Cotriguaçú 4 3,2

Cuiabá 7 5,6

Diamantino 1 0,8

Dom Aquino 4 3,2

Feliz Natal 1 0,8

General Carneiro 1 0,8

Guarantã do Norte 5 4,0

Guiratinga 1 0,8

Indiavaí 2 1,6

Ipiranga do Norte 3 2,4

Itanhangá 1 0,8

Itiquira 1 0,8

Jaciara 3 2,4

Juína 1 0,8

Lucas do Rio Verde 4 3,2

Marcelândia 1 0,8

Nova Bandeirantes 2 1,6

Nova Canaã 3 2,4

Nova Lacerda 4 3,2

Nova Mutum 3 2,4

Nova Xavantina 1 0,8

Novo Mundo 2 1,6

Paranaíta 2 1,6

Paranatinga 1 0,8

Pedra Preta 1 0,8

Poconé 2 1,6

Porto Alegre do Norte 3 2,4

Poxoréu 2 1,6

Primavera do Leste 2 1,6

Rondonópolis 4 3,2

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Município de procedência N %

Santa Carmen 1 0,8

Santa Terezinha 1 0,8

Santo Antônio do Leverger 2 1,6

Sorriso 2 1,6

Tangará da Serra 1 0,8

Tapurah 2 1,6

Terra Nova do Norte 1 0,8

Várzea Grande 3 2,4

Total 125 100,0

Os casos de PCM identificados eram procedentes de 53 municípios

mato-grossenses diferentes. Os municípios com maior número de casos

diagnosticados foi Alta Floresta (n = 10, 8,0 %), Colíder e Cuiabá (n = 7, 5,6 %

cada município) (Tabela 5).

A partir da técnica de análise espacial utilizando o estimador de

intensidade de Kernel com o Raio de Influência (Tau) de 30 km, foi possível

identificar onde houve maior ocorrência de casos de PCM em Mato Grosso no

período de 2005 a 2011. Pode-se perceber uma maior concentração dos casos

de PCM nas áreas em vermelho (zona quente) nas regiões norte e sul do

estado, decaindo nos locais laranja, amarelo, respectivamente, até o verde,

onde não houve concentração, apenas alguns casos aleatórios (Figura 2).

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Figura 2 - Mapa de intensidade de concentração dos casos de paracoccidioidomicose

diagnosticados através de lesões de boca no Estado de Mato Grosso, no período de 2005 a 2011.

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6. DISCUSSÃO

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6. DISCUSSÃO

6.1. DISCUSSÃO DE MATERIAIS E MÉTODO

Este levantamento sobre a PCM no Estado de Mato Grosso além de

apresentar dados relacionados aos casos da infecção e a forma como foi

diagnosticada, inova ao distribui-los espacialmente no território do estado,

identificando os locais com maior ou menor concentração de casos utilizando o

estimador de intensidade de Kernel.

O levantamento inicial dos casos de PCM foi possível de ser realizado

devido à instituição da Politica de atenção às doenças da boca e da face

através das Leis Estaduais nº 8342/2005 e nº 8344/2005 (Anexos 1 e 2).

A Lei Estadual nº 8342/2005, publicada em 30 de junho daquele ano,

previa em seu Artigo 2º que o atendimento aos pacientes com lesões da boca e

da face deveria iniciar nas unidades básicas de saúde, as quais atuariam em

atividades preventivas e na realização de exames de diagnóstico das lesões

buco-faciais. Previa no artigo seguinte (Artigo 3º) que o MT Laboratório atuaria

como referência estadual para a realização de exames de patologia bucal - cito

e histopatologia.

A Lei Estadual nº 8344/2005 também publicada em 30 de junho de

2005, criou o Centro Estadual de Odontologia para Pacientes Especiais

(CEOPE) no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso

(SES/MT). Dentre as competências do CEOPE, está a de prestar serviço

permanente de diagnóstico das lesões bucais e das formas de prevenção das

doenças da boca e da face.

Como o MT laboratório passou a ser referência para o envio dos

exames histopatológicos e citológicos da boca e da face realizados nas

unidades públicas de saúde do Estado de Mato Grosso, ele passou a

concentrar em seus arquivos os diagnósticos das lesões de boca e face de

todo o estado, bem como dados referentes a esses casos como sexo, idade e

endereço de procedência do paciente bem como a unidade de saúde onde foi

realizada a biopsia e/ou citologia esfoliativa.

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A concentração dos laudos em apenas um laboratório facilitou o

levantamento dos mesmos para a realização do estudo. Já a utilização do

laudo histopatológico das lesões bucais é sustentada por este ser considerado

padrão ouro para o diagnóstico da PCM (QUEIROZ et al., 2003).

Martinez (2009) relatou a incidência anual de 1 a 3 casos de PCM por

100.000 habitantes. Mato Grosso tem uma população estimada para o ano de

2012 de 3.115.336 habitantes (Brasil, 2012), assim, seria esperado em torno de

31 a 93 casos novos de PCM por ano no estado. No entanto, a média de casos

anuais encontrada nos sete anos de estudo foi de 17,86.

Cabe lembrar que neste trabalho foram incluídos apenas os casos de

PCM diagnosticados através de lesões de boca. Este critério de inclusão

limitou o número de casos estudados, apesar da quantidade significativa de

diagnósticos de PCM. Entretanto, todo exame que identifica o agente etiológico

do agravo é considerado padrão ouro para o seu diagnóstico (BRASIL, 2012) e

a mucosa bucal é o sítio secundário da infeção mais utilizado para coleta de

amostra para análise da PCM (FERREIRA; TELES FILHO, 2009).

Casos de infecção primária de PCM no pulmão, sem manifestações

bucais, não estão incluídos neste levantamento. Assim, o número real de

indivíduos com PCM em Mato Grosso deve ser maior que o identificado. A

dificuldade na determinação da real incidência da PCM já foi relatada

anteriormente (SPOSTO et al., 1994). Dessa forma, é importante que mais

atenção seja dada a essa micose profunda potencialmente fatal (SPOSTO et

al., 1994; BRASIL, 2012) por parte das autoridades oficiais de saúde, e que

maiores esforços sejam empenhados na sua prevenção, vigilância e

tratamento.

6.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Não existe uma sistematização na busca pelos pacientes com PCM no

Estado de Mato Grosso. Para o seu diagnóstico é necessário que o paciente

busque espontaneamente tratamento e que o cirurgião dentista ou outro

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profissional de saúde realize a biópsia ou citologia esfoliativa em busca da

definição do diagnóstico da lesão.

Como a maior parte dos casos se dá em trabalhadores da zona rural

de municípios distantes da capital é possível que o acesso dessas pessoas ao

tratamento e mesmo ao diagnóstico da lesão seja dificultado, e por isso haja

essa variância no numero anual de diagnóstico encontrado.

A hipótese de subestimação da PCM já foi levantada anteriormente em

estudo conduzido em operários de duas cidades do noroeste do Paraná

(FORNAJEIRO et al., 2005).

Com a promulgação das Leis Estaduais 8342 e 8344 (Anexos 1 e 2),

foram realizados a partir de julho de 2005 a dezembro de 2007 campanhas de

prevenção do câncer de boca e diagnóstico de lesões de boca que

contemplaram todos os polos regionais de saúde do estado de Mato Grosso.

Durante essas campanhas eram atendidos diversas pessoas com lesões de

boca e simultaneamente eram capacitados os profissionais das regiões. É

possível que tais ações tenham contribuído para um maior número de

diagnósticos nesse período. Não significa que o número de pessoas

acometidas nos anos subsequentes diminuiu, mas que pode ter havido uma

falha na busca ativa destes doentes crônicos. A queda no número de casos de

PCM diagnosticados após o encerramento das campanhas de prevenção do

câncer de boca evidencia a importância dessa atividade e a necessidade de

sua continuidade ou, se não, do desenvolvimento de alguma outra ação que

possa vir a substituí-la.

Assim como foi identificado em estudos anteriores realizados em

diferentes regiões do Brasil, no presente trabalho a maioria absoluta dos casos

de PCM (98,4%) acometeu o sexo masculino (CARVALHOSA et al., 2012;

LOTH et al., 2011; PANIAGO et al., 2003; SPOSTO et al., 1994; VERLI et al.,

2005).

Apesar do trabalho de Loth et al. (2011), único a apontar uma

tendência para a redução da diferença na incidência da PCM entre os sexos,

que os autores creditaram à mudanças no comportamento das mulheres que

aumentariam sua exposição ao fungo como o consumo de tabaco, álcool e

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outras drogas e execução de atividades antes exclusivas ao sexo masculino,

no presente estudo a concentração dos casos se deu de forma quase absoluta

no sexo masculino.

Nos dois diagnósticos do sexo feminino, não se conseguiu averiguar se

as pacientes eram imunocompetentes ou se apresentavam algum distúrbio

endócrino justificando a manifestação da doença. Pesquisas sobre a ação de

hormônios esteroides em P. brasiliensis mostraram que o hormônio feminino

17-β-Estradiol induz alterações no perfil de síntese proteica inibindo a transição

do micélio ou conídio para a forma de levedura (SANTOS, 2007), justificando

assim menor número de mulheres acometidas por essa micose.

A Faixa etária de acometimento também é concordante com a literatura

pertinente (VERLI et al., 2005; PANIAGO et al.,2004; LOTH et al., 2011;

PANIAGO et al., 2003; SHIKANAI-YASUDA et al., 2006).

Deve-se lembrar de que existe a teoria que o fungo pode contaminar o

ser humano em idades precoces e ficar incubado por anos, e somente após

uma falha do sistema imunológico é que possibilita a manifestação da doença,

(LOTH et al., 2011; PANIAGO et al., 2003; SHIKANAI-YASUDA et al., 2006)

Sendo assim, apesar do contato inicial do homem com o fungo e a infecção

ocorrerem, muitas vezes, na infância, as manifestações clínicas da PCM, em

geral, são vistas em pacientes adultos.

Houve um diagnóstico de PCM em um paciente de cinco anos de

idade, caso isolado e fato raro, pois o esperado seria a manifestação aguda da

doença, ou seja, com acometimento visceral e ausência de comprometimento

pulmonar e da cavidade bucal, caso que promoveu um maior desvio padrão na

estatística referente à idade.

Deve-se considerar que essa doença acomete predominantemente

homens em idade produtiva, com a possibilidade de levá-los ao óbito ou grande

morbidade, pode-se concluir um enorme prejuízo sócio econômico para o

estado.

Apesar do exame de citologia bucal ser mais simples, foi observado

neste estudo que a maioria dos diagnósticos foi realizada através de biopsia.

Este fato pode estar associado a uma questão cultural regional, em que a

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biopsia é o exame de eleição em casos de lesão de boca, ou pelo fato dessa

lesão ser um dos diagnósticos diferencias do câncer de boca, que não é

diagnosticado pelo exame citológico.

Os casos de PCM foram oriundos de 53 dos 141 municípios mato-

grossenses. O território do Estado de Mato Grosso encontra-se dentro da faixa

intertropical da porção central do continente sul-americano com elevados totais

de radiação solar global incidentes na superfície do solo praticamente o ano

todo com o domínio de climas Equatoriais e Tropicais Quentes com pequena

variação térmica sazonal e anual. O território reúne, então, características

ambientais que favorecem o estabelecimento do P. brasiliensis de forma

saprofítica: solo úmido, rico em proteínas e solos cercados por rios, lagos e

pântanos onde as variações de temperatura são mínimas (ARAÚJO et al.,

2003; FORTES et al., 2011).

Apesar do registro de casos em 37,5% dos municípios do estado,

percebe-se a sua maior concentração em duas regiões principais distintas, uma

ao norte, englobando os municípios com maior número de casos como Alta

Floresta, Colíder e Guarantã do Norte; e a outra ao sul do estado envolvendo

desde a baixada cuiabana aos municípios no entorno de Rondonópolis. Além

destas, percebe-se também outra região com concentração de menor

intensidade que as regiões anteriores, no centro do estado englobando os

municípios de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Tapurah, como

pode ser visualizado na Figura 2.

Estas três manchas que correspondem às regiões com maior

incidência de casos apresentam-se de forma quase contígua, acompanhando o

trajeto da rodovia federal BR 163 (Figura 3). Pelo menos duas hipóteses

podem ser levantadas a partir dessa constatação. A primeira hipótese é que a

incidência da PCM em Mato Grosso estaria associada às áreas de pujante

desenvolvimento econômico do estado; a segunda hipótese é que os

moradores dessas regiões encontrariam maior facilidade de acesso à

assistência à saúde.

Assim, as pessoas residentes nas regiões economicamente mais

ativas, e que vêm experimentando um grande desenvolvimento no período

abarcado por este estudo, principalmente devido a atividades ligadas ao

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agronegócio e à extração de madeira (ou seja, atividades ligadas ao campo),

estariam mais expostas à contaminação pelo P. brasiliensis. Alguns indícios

apontam para a associação entre a incidência da PCM e a ocupação

desordenada da terra, como o número de casos diagnosticados em municípios

inseridos em áreas banhadas por águas contaminadas (Figura 4) e a ausência

de casos em áreas de reservas indígenas e reservas ecológicas (Figura 5).

Figura 3 - Mapa do Sistema Viário do Estado de Mato Grosso. Fonte: Camargo, 2011.

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Figura 4 - Mapa de usos preponderantes e comprometimento da qualidade das águas no

Estado de Mato Grosso. Fonte: Camargo, 2011.

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Figura 5 - Mapa das unidades socioeconômico-ecológicas do Estado de Mato Grosso. Fonte:

Camargo, 2011.

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Próximo do Rio Xingu existe uma extensa área indígena, localizada no

norte do MT, sem nenhum caso diagnosticado de PCM. Em área vizinha,

também no norte do estado, com as mesmas características geográficas,

também pertencentes à bacia do Rio Amazonas, exibindo as mesmas

variações de temperatura e com terras ricas, com características bioquímicas

muito semelhantes é a região de maior incidência de casos de PCM. A

característica que distingue a região sem casos diagnosticados e a região com

maior índice de PCM é o intenso desenvolvimento econômico recente.

A possibilidade dos residentes de municípios com menor dinamismo

econômico apresentarem menor número de casos diagnosticados também

pode estar relacionado a deficiências estruturais da rede de assistência à

saúde bem como a dificuldade de acesso do usuário a essa rede. Assim, não

haveria menos casos de PCM nesses municípios, mas os casos não estariam

sendo diagnosticados e consequentemente também não estariam sendo

tratados.

Este trabalho deve ser considerado um estudo inicial sobre a

epidemiologia da PCM no Estado de Mato Grosso e a sua relação com

determinantes socioambientais, porém ele sinaliza municípios e regiões de

maior incidência da doença e sugere variáveis que possam estar contribuindo

para essa distribuição espacial da doença.

Considerando a morbimortalidade associada à PCM bem como seu

custo financeiro e social, uma politica de atenção especial a essa micose

profunda faz-se necessária em Mato Grosso. O Governo estadual, através da

Secretaria de Estado de Saúde deveria determinar que os casos

diagnosticados como PCM fossem notificados compulsoriamente, promovendo

um acompanhamento mais acurado da sua ocorrência e subsidiando os

gestores e conselhos de saúde no estabelecimento de políticas publicas

específicas que permitissem direcionar de forma mais coerente e resolutiva as

ações e recursos públicos.

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7. CONCLUSÕES

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7. CONCLUSÕES

Através do levantamento dos casos de paracoccidioidomicose

diagnosticados no Laboratório Público de Mato Grosso através de exames em

lesões de boca e após o georreferenciamento desses casos no Estado de Mato

Grosso foi possível identificar que:

A doença afeta predominantemente indivíduos do sexo masculino

(98,4%); na faixa de 41 e 60 anos de idade (61,6%); com o diagnóstico

realizado principalmente nos anos de 2006 (25,6%), 2007 (18,4%) e

2009 (16,8%);

Os casos estão distribuídos de forma heterogênea no estado,

apresentando maior concentração nos municípios de regiões de maior

desenvolvimento econômico, maior fluxo rodoviário e com presença de

águas contaminadas. Por outro lado foi percebida a ausência de casos

em reservas indígenas e reservas ecológicas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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ANEXOS

Anexo 1

LEI Nº 8.342, DE 30 DE JUNHO DE 2005 - D.O. 30.06.05.

Autor: Poder Executivo

Institui a Política Estadual de Atenção às Doenças da Boca e da

Face, no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde - SES.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO,

tendo em vista o que dispõe o art. 42 da Constituição Estadual, aprova e o

Governador do Estado sanciona a seguinte lei:

Art. 1º Esta lei institui o Serviço Estadual de Atenção às Doenças da

Boca e da Face, no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde - SES.

Parágrafo único O Serviço Estadual de Atenção às Doenças da Boca

e da Face atuará como referência, no âmbito estadual, será regulado pela

Superintendência de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde - SES, para

a realização de exames de diagnóstico.

Art. 2º O atendimento aos pacientes com lesões da boca e da face

deverá iniciar nas unidades básicas de saúde, as quais atuarão em atividades

preventivas e na realização de exames de diagnóstico das lesões buco-faciais.

Art. 3º O MT Laboratório atuará como referência estadual para a

realização de exames de patologia bucal - cito e histopatologia.

Parágrafo único Os exames realizados nas unidades de saúde do

Estado de Mato Grosso poderão ser encaminhados para outros laboratórios de

anatomia patológica, devidamente credenciada pelos municípios.

Art. 4º É obrigatória a comunicação dos casos diagnosticados de

câncer bucal, conforme o Código Internacional de Doenças - CID, descrito no

Anexo Único, ao Programa de Avaliação e Vigilância da Coordenação de

Prevenção e Controle do Câncer da Secretaria de Estado de Saúde - SES,

pelos laboratórios de anatomia patológica credenciados.

Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio Paiaguás, em Cuiabá, 30 de junho de 2005.

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as) BLAIRO BORGES MAGGI

Governador do Estado

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Anexo 2

LEI Nº 8.344, DE 30 DE JUNHO DE 2005 - D.O. 30.06.05.

Autor: Poder Executivo

Cria o Centro Estadual de Odontologia para Pacientes Especiais -

CEOPE, no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde - SES.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO,

tendo em vista o que dispõe o art. 42 da Constituição Estadual, aprova e o

Governador do Estado sanciona a seguinte lei:

Art. 1º Fica criado o Centro Estadual de Odontologia para Pacientes

Especiais - CEOPE, no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde - SES.

Parágrafo único Considera-se paciente especial todo cidadão que

possui alterações físicas, orgânicas, intelectuais, sociais ou emocionais,

alteração essa aguda ou crônica, simples ou complexa.

Art. 2º Compete ao Centro Estadual de Odontologia para Pacientes

Especiais - CEOPE:

I - atuar como referência estadual na assistência odontológica aos

pacientes especiais que necessitam de educação especial e instruções

suplementares temporária ou terminantemente;

II - elaborar políticas de atendimento odontológico ao paciente especial

no Estado de Mato Grosso;

III - prestar serviço permanente de diagnóstico das lesões bucais e das

formas de prevenção das doenças da boca e da face;

IV - promover a capacitação profissional e educação continuada, em

parceria com a Escola de Saúde Pública da Secretaria de Estado de Saúde -

SES, para os dentistas do Estado de Mato Grosso, voltado ao atendimento do

paciente especial.

Art. 3º Ficam criados, no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde, os

seguintes cargos em comissão:

I - 01 (um) cargo de Diretor Geral, Nível DGA-4;

II - 01 (um) cargo de Coordenador Técnico, Nível DAS-4;

III - 01 (um) cargo de Coordenador Administrativo, Nível DAS-4;

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IV - 01 (um) cargo de Gerente de Apoio Logístico, Nível DAS-2.

Art. 4º As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão à

conta da Secretaria de Estado de Saúde - SES.

Parágrafo único (VETADO).

Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação

Palácio Paiaguás, em Cuiabá, 30 de junho de 2005.

BLAIRO BORGES MAGGI

Governador do Estado