34
Mónica Inês, MSc Health Technology Assessment/Outcomes Research Manager Access & Communication Department Análise económica da contractura de Dupuytren: cirurgia ou abordagem farmacológica?

Análise económica da contractura de Dupuytren: … · A Contratura de Dupuytren Patologia progressiva, de origem fibroproliferativa não maligna que afecta a fáscia palmar, caracterizada

Embed Size (px)

Citation preview

Mónica Inês, MSc

Health Technology Assessment/Outcomes Research Manager

Access & Communication Department

Análise económica da contractura de Dupuytren: cirurgia ou abordagem farmacológica?

Agenda

Inovação Farmacológica em tempos de mudança

Avaliação económica de Xiapex®:

Dados clínicos de efectividade

Dados económicos

Conclusão

Inovação Farmacológica em tempos de mudança

Inovação Farmacológica em tempos de mudança

Contexto Portugal: Tempos de mudança - Crise Económica e Fiscal

Necessidade de Cortes Orçamentais – o caso dos medicamentos

Redução de custos:

– Redução de PVP de medicamentos comparticipados;

– Referenciação internacional anual de preços (Espanha, Itália, Eslovénia);

– Sistema de preços de referência nacional (GH – genéricos)

– Descontos hospitalares (correntes e retrospectivos)

– Acordos com a Industria Farmacêutica (por medicamento novo e globais em função do PIB)

Eficiência:

– Avaliação Económica de Medicamentos

versus indicadores de saúde: taxas de morbi-mortalidade (Anos de Vida; Anos de Vida ajustados

pela qualidade (QALYs))

Inovação Farmacológica em tempos de mudança

Avaliação Económica em Portugal:

Obrigatória para novos medicamentos desde 1999

(ambulatório) e desde 2007 (hospitalar);

“Pharmacoeconomics in times of crisis is even more relevant

in order to guarantee informed budget decisions, due to

increasing opportunity costs (…)”

Mark Sculpher - Professor of Health Economics, University of York

Inovação Farmacológica em tempos de mudança

O caso do Custo de Oportunidade

Recursos financeiros finitos, escassos:

– Investir na Saúde (tecnologia medicamento e.g.)?

– Investir na Educação?

– Investir no Apoio Social?

Eficiência: avaliação económica, quantificar custos e benefícios da

adopção da nova tecnologia:

– Necessidade de Investimento Sustentável: Custo-Efectividade ou Custo-

Utilidade (€/QALY)

– Sem investimento adicional, garantindo efectividade : Minimização de custos

Inovação Farmacológica em tempos de mudança

Avaliação Económica de Medicamentos em Portugal

Avaliação Prévia 2012:

– Apenas 3 novas DCI aprovadas versus 36 DCI em avaliação

Fonte: www.infarmed.pt consultado em Nov 2012

Inovação Farmacológica em tempos de mudança

Avaliação Económica de Medicamentos em Portugal

Avaliação Prévia 2012:

– 3 novas DCI aprovadas até Julho:

» Fingolimod (Esclerose Múltipla)

» Tafamidis (Paramiloidose)

» Fibrinogénio Humano + Trombina Humana (tratamento de apoio em cirurgia

para melhorar a hemostase)

– 1 nova DCI aprovada após Julho 2012:

» Colagenase de Clostridium histolyticum (contratura de Dupuytren) -

Xiapex

Fonte: www.infarmed.pt consultado em Nov 2012

Dados clínicos de efectividade

AVALIAÇÃO ECONÓMICA DE XIAPEX®

A Contratura de Dupuytren

Patologia progressiva, de origem fibroproliferativa não maligna que afecta a

fáscia palmar, caracterizada pela degeneração de fibras elásticas. Nesta

patologia o tecido conjuntivo da mão tende a espessar e a retrair levando a

uma contracção dos dedos em relação à palma da mão, a qual se vai

agravando progressivamente ao longo do tempo.

Este fenómeno é responsável por uma deformação da mão, a qual para

além do impacto estético resulta igualmente numa crescente incapacidade

funcional, condicionando as suas actividades diárias dos doentes, afectando

a qualidade de vida relacionada com a saúde assim como a capacidade de

trabalho.

A Contratura de Dupuytren

O actual tratamento standard para a

contratura de Dupuytren é a fasciectomia,

um procedimento invasivo, complexo que

requer hospitalização e que

frequentemente resulta em complicações

no pós-cirúrgico.

A colagenase de Clostridium histolyticum (Xiapex®) é o primeiro tratamento

farmacológico aprovado para o tratamento da contratura de Dupuytren em

doentes adultos com cordão palpável. Ensaios clínicos CORD I e CORD II.

Efectividade – Estudo Observacional

Afim de avaliar a efectividade do Xiapex foi realizado um estudo

observacional no qual 10 centros aceitaram proceder a uma revisão

retrospectiva dos dados de utilização de Xiapex desde o seu lançamento

em Março de 2010 até ao final de Dezembro de 2010.

Neste estudo foi recolhida informação referente a um total de 501 doentes

com contratura de Dupuytren e corda palpável, que receberam a primeira

dose de Xiapex antes do final de 2010.

Efectividade – População

População do estudo:

74% sexo masculino

Idade média da população: 65,3 anos (de 23 a 89 anos)

Idade média de diagnóstico da contractura de Dupuytren: 55,8 anos (de 10 a 86 anos)

48% dos indivíduos observados trabalhava

42% dos indivíduos observados encontravam reformados

7% n.d.

Nesta população o número médio de articulações afectadas, tendo somente em conta os dedos, médio, anular e mínimo por doente foi de 3,16.

Efectividade – Recursos consumidos

No total

680 injecções administradas, em

629 articulações pertencentes a um

universo de

501 doentes

Observou-se que o número de

injecções utilizadas no tratamento da

contratura de Dupuytren variou ao

longo do tempo

1,081 injecções por articulação

tratada

Verifica-se que a media de injecções

utilizadas por articulação não se manteve

constante ao longo do tempo, seguindo

uma tendência de uma curva de

aprendizagem por parte da equipa médica

responsável pelo procedimento.

1,07

1,17

1,2

1,13

1,27

1,05

1,08

1,05 1,03

1

0,9

0,95

1

1,05

1,1

1,15

1,2

1,25

1,3

Co

nsu

mo

méd

io d

e X

iap

ex p

or

art

icu

lação

tra

tad

a

•O consumo de ampolas por articulação tratada observado foi

substancialmente inferior ao observado nos ensaios clínicos CORD I e CORD II

1,081

1,6

1,8

1,7

0,9

1

1,1

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

1,8

1,9

Estudo observacional CORD I CORD II Média CORD I e II

Co

nsu

mo

méd

io d

e X

iap

ex p

or

art

icu

lação

tr

ata

da

Consumo de recursos Eficácia vs Efectividade

Efectividade - Consumo de recursos

Verificou-se igualmente que o número médio de visitas médicas efectuadas foi de

2,92 por injecção, variando entre um máximo de 1 a 7:

(Mackowiak 2011, Blazar 2011)

100,0%

88,5%

73,7%

22,4%

6,3% 1,1% 0,3%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

Injecção Extensão Follow-up 1 Follow-up 2 Follow-up 3 Follow-up 4 Follow-up 5

% d

e d

oen

tes

Número de visitas

Efectividade - Consumo de recursos

93,16%

5,72%

0,95%

0,16%

1 dose 2 doses

3 doses 4 doses

Número de administrações necessárias por articulação

Articulações

metacarpofalângicas (n=398)

Articulações interfalângicas

(n=231)

Injecção por articulação 1,06 1,12

Sexo Masculino 76% 62%

Dedo pequeno 44% 65%

Dedo anular 39% 22%

Outro dedo 17% 13%

Efectividade – Articulações tratadas

Em termos de articulações intervencionadas verifica-se:

Efectividade clínica

Em termos globais verificou-se:

Redução média da contractura existente:

De 48,7º (baseline) para cerca de 12,1º (IC95%:10,7º-13,5º)

Melhoria da contractura da ordem dos 36,6º±20,3º.

Melhoria da amplitude funcional:

De 44,3º para 81,3º (IC95%:79,5º-83,1º),

Melhoria da amplitude de utilização da ordem dos 37,2º±19,1º.

Em 67% dos casos a primeira injecção de Xiapex foi suficiente para a

obtenção de uma contractura inferior 5º, tendo 31% adicionais obtido

uma melhoria parcial da contractura.

37

75

12

37

81

38

79

12

37

81

36

71

17

39

76

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Alteração da contractura (°)

% de redução da contractura

Contractura final (°)

Alteração à amplitude de movimento

Amplitude final de movimento

CORD II CORD I Estudo observacional

Eficácia vs Efectividade clínica

Quando comparados com os dados dos ensaios clínicos:

Efectividade - Segurança

No decorrer do estudo observacional verificaram-se a ocorrência de um

total de 11 reacções adversas (em 680 administrações, 1,62%), nenhuma das

mesmas grave, encontrando-se o perfil encontrado de acordo com o

esperado (ver RCM).

Verifica-se que as complicações pós-cirúrgicas observadas no tratamento da

contratura de Dupuytren por fasciectomia são da ordem dos 0,2% para

rupturas de tendão, 1,7%-7,8% para lesões dos nervos e 1,9%-9,7% para

lesões das artérias, e 1%-10,6% para o risco de infecção, valores claramente

superiores aos estudados para Xiapex®.

Efectividade – Consumo de analgésicos

Dos 501 doentes tratados, 424 apresentaram registos clínicos completos,

sendo que desses 363 (85,3%) recorreram à utilização de anestesia local no

procedimento de extensão, ao contrário do ocorrido nos ensaios clínicos,

nos quais o uso de anestesia durante o procedimento de extensão da

articulação não era permitido.

Por outro lado, destes 424 doentes verificou-se que 15,8% dos mesmos (67

doentes) recorreram a medicação oral para controlo da dor no dia da

extensão ou nos que a antecederam.

Efectividade – Consumo de outros recursos

Utilização de uma tala após o

procedimento de extensão da articulação.

Em 659 das 680 administrações

ocorridas foi recolhida informação

sobre as recomendações relativas ao

uso de uma tala nocturna.

1-4 dias

7-21 dias

28-35 dias 60-72

dias

90 dias

120 dias

ANÁLISE DE MINIMIZAÇÃO DE CUSTOS DA UTILIZAÇÃO DO MEDICAMENTO XIAPEX® (COLAGENASE DE CLOSTRIDIUM HISTOLYTICUM) NO TRATAMENTO DA CONTRATURA DE DUPUYTREN EM PORTUGAL

Avaliação económica de Xiapex ®

Objectivo

Estimar os custos de Xiapex® quando comparado com a

fasciectomia no tratamento de doentes portugueses com

Contratura de Dupuytren.

Pressupostos (1)

Metodologia de análise de minimização de custos, assumindo que a

efectividade das duas alternativas é equivalente (Xiapex® vs Fasciectomia)

A utilização de recursos foi elicitada recorrendo a um painel de cinco

especialistas portugueses com extensa experiência clínica:

Hospital S. José

Hospital Fernando da Fonseca

Hospital Universitário de Coimbra

Hospital de Faro

Hospital do Outão

Pressupostos (2)

Foram incluídos os custos directos da fasciectomia, bem como os custos

decorrentes do pós-operatório: consultas de follow-up e fisioterapia

O custo da fasciectomia foi calculado pela média ponderada dos códigos

GDH atribuídos à contratura de Dupuytren (essencialmente 227, 228 e

229) de acordo com os dados da ACSS referentes a 2006 - 2008.

Em média:

5 consultas de follow-up

31 sessões de fisioterapia

Pressupostos (3)

Horizonte temporal: 6 meses, tempo considerado suficiente para se

poderem estimar os principais custos associados ás alternativas.

Intervenção em mais do que uma mão em 25% a 42% dos casos

Articulações afectadas:

Uma articulação em 42,8% dos doentes

Duas articulações em 31,55% dos doentes

Três articulações em 25,60% dos doentes

Pressupostos (4)

Os custos directos associados á opção por Xiapex® incluíram

O custo do fármaco

O custo da administração da injecção em regime de ambulatório

Uma consulta adicional

Os custos indirectos foram estimados pelo método do capital humano,

assentes na estimativa que cerca de 40% da população de doentes ainda se

encontrava activa (painel de peritos)

Resumo dos custos unitários utilizados

Tipo de custo Custo unitário

Fasciectomia

Custo da cirurgia (fasciectomia) 1.356,38 €

Custo de uma consulta médica de especialidade 56,03 €

Custo de uma sessão de fisioterapia 10,70 €

Xiapex®

Custo de uma ampola de Xiapex® 670,65 €

Custo da administração de Xiapex® 56,03 €

Resultados

€1.437 €1.479

€2.323

€3.441

-€886

-€1.963 -€2.200

-€1.200

-€200

€800

€1.800

€2.800

€3.800

Custos directos Custos totais

Xiapex Fasciectomia Xiapex vs fasciectomia

Conclusão

Conclusão (1)

O medicamento Xiapex constitui hoje em dia uma alternativa eficaz para o

tratamento da contratura de Dupuytren, com resultados de efectividade

clínica em tudo semelhantes aos observados na fasciectomia.

Quando comparado com a intervenção cirúrgica Xiapex apresenta

benefícios adicionais, quer em termos de segurança, quer em termos da

ausência da necessidade de realização de fisioterapia pós-intervenção, o que

se traduz em claros benefícios quer para o doente (QALYs), quer para o SNS.

Conclusão (2)

Para os prestadores de cuidados de saúde Xiapex apresenta ainda o

benefício adicional de libertar recursos, não requerendo qualquer tempo de

alocação de bloco cirúrgico e da equipa de suporte ao mesmo.

Estima-se que a utilização de Xiapex poderá estar associada a poupanças

de custos directos da ordem dos 886 € por doente tratado.

Tendo em conta a população portuguesa que foi alvo desta cirurgia nos

últimos anos (2 200 doentes) esta nova opção pode significar uma poupança

para o SNS da ordem de dois milhões de euros: -1 948 689€.