Antologia Poética de Bertolt Brecht

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Antologia Potica de Bertolt Brecht

Antologia Potica de Bertolt BrechtSe os tubares fossem homensO Analfabeto Poltico

A Mscara Do MalPerguntas De Um Operrio Que L

A Troca da RodaEsse Desemprego

Aos que viro depois de nsO Vosso Tanque General, Um Carro Forte

Elogio da DialticaO Maneta No Bosque

A Exceo e a RegraNo Necessito De Pedra Tumular

O Nascido DepoisNo Segundo Ano De Minha Fuga

Para Ler De Manh e NoiteA Minha Me

A FumaaA Cruz de Giz

Os EsperanososAcredite Apenas

Expulso Por Bom MotivoEpitfio Para Gorki

Quem Se DefendeSe Fossemos Infinitos

Esse Desemprego!Tempos Sombrios

Nada Impossvel De MudarFerro

Refletindo Sobre O InfernoSobre a Violncia

Os que lutamAs Boas Aes

Poesia do ExlioOs maus e os bons

Precisamos De Voc.Privatizado

Com Cuidado ExaminoComo Bem Sei

De Que Serve A BondadeQuem No Sabe De Ajuda

Epstola Sobre O SuicdioDas Elegias De Buckow

Da Seduo Dos AnjosNo Muro Estava Escrito Com Giz

Elogio do RevolucionrioJamais Te Amei Tanto

Eu Sempre PenseiSoube

Um Homem PessimistaLendo Horcio

Na Morte De Um Combatente Da PazLouvor ao Estudo

Tambm O CuNa Guerra Muitas Coisas Crescero

A Cruz de GizEu sou uma criada. Eu tive um romanceCom um homem que era da SA.Um dia, antes de irEle me mostrou, sorrindo, como fazemPara pegar os insatisfeitos.Com um giz tirado do bolso do casacoEle fez uma pequena cruz na palma da mo.Ele contou que assim, e vestido paisanaanda pelas reparties do trabalhoOnde os empregados fazem fila e xingamE xinga junto com eles, e fazendo issoEm sinal de aprovao e solidariedadeD um tapinha nas costas do homem que xingaE este, marcado com a cruz branca apanhado pela SA. Ns rimos com isso.Andei com ele um ano, ento descobriQue ele havia retirado dinheiroDa minha caderneta de poupana.Havia dito que a guardaria para mimPois os tempos eram incertos.Quando lhe tomei satisfaes, ele jurouQue suas intenes eram honestas. Dizendo issoPs a mo em meu ombro para me acalmar.Eu corri, aterrorizada. Em casaOlhei minhas costas no espelho, para verSe no havia uma cruz branca....A Exceo e a RegraEstranhem o que no for estranho.Tomem por inexplicvel o habitual.Sintam-se perplexos ante o cotidiano.Tratem de achar um remdio para o abusoMas no se esqueam de que o abuso sempre a regra....A Fumaa A pequena casa entre rvores no lago.Do telhado sobe fumaaSem elaQuo tristes seriamCasa, rvores e lago....A Mscara Do MalEm minha parede h uma escultura de madeira japonesaMscara de um demnio mau, coberta de esmalte dourado.Compreensivo observoAs veias dilatadas da fronte, indicandoComo cansativo ser mal...A Minha MeQuando ela acabou, foi colocada na terraFlores nascem, borboletas esvoejam por cima...Ela, leve, no fez presso sobre a terraQuanta dor foi preciso para que ficasse to leve!...Acredite ApenasAcredite apenas no que seus olhos vem e seus ouvidosOuvem!Tambm no acredite no que seus olhos vem e seusOuvidos ouvem!Saiba tambm que no crer algo significa algo crer!...A Troca da RodaEstou sentado beira da estrada,o condutor muda a roda.No me agrada o lugar de onde venho.No me agrada o lugar para onde vou.Por que olho a troca da rodacom impacincia?...As Boas AesEsmagar sempre o prximono acaba por cansar?Invejar provoca um esforoque inchas as veias da fronte.A mo que se estende naturalmented e recebe com a mesma facilidade.Mas a mo que agarra com avidezrapidamente endurece.Ah! que delicioso dar!Ser generoso que bela tentao!Uma boa palavra brota suavementecomo um suspiro de felicidade!...Aos que viro depois de ns

IEu vivo em tempos sombrios.Uma linguagem sem malcia sinal deestupidez,uma testa sem rugas sinal de indiferena.Aquele que ainda ri porque ainda norecebeu a terrvel notcia.Que tempos so esses, quandofalar sobre flores quase um crime.Pois significa silenciar sobre tanta injustia?Aquele que cruza tranqilamente a ruaj est ento inacessvel aos amigosque se encontram necessitados? verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.Mas acreditem: por acaso. Nado do que eu faoD-me o direito de comer quando eu tenho fome.Por acaso estou sendo poupado.(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)Dizem-me: come e bebe!Fica feliz por teres o que tens!Mas como que posso comer e beber,se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome?se o copo de gua que eu bebo, faz falta aquem tem sede?Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.

Eu queria ser um sbio.Nos livros antigos est escrito o que a sabedoria:Manter-se afastado dos problemas do mundoe sem medo passar o tempo que se tem paraviver na terra;Seguir seu caminho sem violncia,pagar o mal com o bem,no satisfazer os desejos, mas esquec-los.Sabedoria isso!Mas eu no consigo agir assim. verdade, eu vivo em tempos sombrios!IIEu vim para a cidade no tempo da desordem,quando a fome reinava.Eu vim para o convvio dos homens no tempoda revoltae me revoltei ao lado deles.Assim se passou o tempoque me foi dado viver sobre a terra.Eu comi o meu po no meio das batalhas,deitei-me entre os assassinos para dormir,Fiz amor sem muita atenoe no tive pacincia com a natureza.Assim se passou o tempoque me foi dado viver sobre a terra.IIIVocs, que vo emergir das ondasem que ns perecemos, pensem,quando falarem das nossas fraquezas,nos tempos sombriosde que vocs tiveram a sorte de escapar.Ns existamos atravs da luta de classes,mudando mais seguidamente de pases que desapatos, desesperados!quando s havia injustia e no havia revolta.Ns sabemos:o dio contra a baixezatambm endurece os rostos!A clera contra a injustiafaz a voz ficar rouca!Infelizmente, ns,que queramos preparar o caminho para aamizade,no pudemos ser, ns mesmos, bons amigos.Mas vocs, quando chegar o tempoem que o homem seja amigo do homem,pensem em nscom um pouco de compreenso....Com Cuidado ExaminoCom cuidado examinoMeu plano: ele Grande, ele Irrealizvel....Como Bem SeiComo bem seiOs impuros viajam para o infernoAtravs do cu inteiro.So levados em carruagens transparentes:Isto embaixo de vocs, lhe dizem o cu.Eu sei que lhes dizem issoPois imaginoQue justamente entre elesH muitos que no o reconheceriam, pois elesPrecisamenteImaginavam-no mais radiante...Da Seduo Dos AnjosAnjos seduzem-se: nunca ou a matar.Puxa-o s para dentro de casa e mete-lhea lngua na boca e os dedos sem fretePor baixo da saia at se molharVira-o contra a parede, ergue-lhe a saiaE fode-o. Se gemer, algo crispadoSegura-o bem, f-lo vir-se em dobradoPara que do choque no fim te no caia.

Exorta-o a que agite bem o cManda-o tocar-te os guizos atrevidoDiz que ousar na queda lhe permitidoDesde que entre o cu e a terra flutue

Mas no o olhes na cara enquanto fodesE as asas, rapaz, no lhas amarrotes....Das Elegias De BuckowViesse um ventoEu poderia alar vela.Faltasse velaFaria uma de pano e pau....De Que Serve A Bondade1De que serve a bondadeSe os bons so imediatamente liquidados,ou so liquidadosAqueles para os quais eles so bons?

De que serve a liberdadeSe os livres tm que viver entre os no-livres?

De que serve a razoSe somente a desrazo consegue o alimento de que todos necessitam?2Em vez de serem apenas bons,esforcem-sePara criar um estado de coisas que torne possvel a bondadeOu melhor:que a torne suprflua!

Em vez de serem apenas livres,esforcem-sePara criar um estado de coisas que liberte a todosE tambm o amor liberdadeTorne suprfluo!

Em vez de serem apenas razoveis,esforcem-sePara criar um estado de coisas que torne a desrazo de um indivduoUm mau negcio....Elogio da DialticaA injustia passeia pelas ruas com passos seguros.Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.S a fora os garante.Tudo ficar como est.Nenhuma voz se levanta alm da voz dos dominadores.No mercado da explorao se diz em voz alta:Agora acaba de comear:E entre os oprimidos muitos dizem:No se realizar jamais o que queremos!O que ainda vive no diga: jamais!O seguro no seguro. Como est no ficar.Quando os dominadores falarem falaro tambm os dominados.Quem se atreve a dizer: jamais?De quem depende a continuao desse domnio?De quem depende a sua destruio?Igualmente de ns.Os cados que se levantem!Os que esto perdidos que lutem!Quem reconhece a situao como pode calar-se?Os vencidos de agora sero os vencedores de amanh.E o "hoje" nascer do "jamais"....Elogio do RevolucionrioQuando aumenta a represso, muitos desanimam.Mas a coragem dele aumenta.Organiza sua luta pelo salrio, pelo poe pela conquista do poder.Interroga a propriedade:De onde vens?Pergunta a cada idia:Serves a quem?Ali onde todos calam, ele falaE onde reina a opresso e se acusa o destino,ele cita os nomes. mesa onde ele se sentase senta a insatisfao. comida sabe mal e a sala se torna estreita.Aonde o vai a revoltae de onde o expulsampersiste a agitao....Epstola Sobre O SuicdioMatar-se coisa banal.Pode-se conversar com a lavadeira sobre isso.Discutir com um amigo os prs e os contras.Um certo pathos, que atraiDeve ser evitado.Embora isto no precise absolutamente ser um dogma.Mas melhor me parece, pormUma pequena mentira como de costume:Voc est cheio de trocar a roupa de cama, ou melhorAinda:Sua mulher foi infiel(Isto funciona com aqueles que ficam surpresos comessas coisasE no muito impressionante.)De qualquer modoNo deve parecerQue a pessoa davaImportncia demais a si mesmo...Epitfio Para GorkiAqui jazO enviado dos bairros da misriaO que descreveu os atormentadores do povoE aqueles que os combateramO que foi educado nas ruasO de baixa extraoQue ajudou a abolir o sistema de Alto a BaixoO mestre do povoQue aprendeu com o povo....Esse Desemprego!

Meus senhores, mesmo um problemaEsse desemprego!Com satisfao acolhemosToda oportunidadeDe discutir a questo.Quando queiram os senhores! A todo momento!Pois o desemprego para o povoUm enfraquecimento.Para ns inexplicvelTanto desemprego.Algo realmente lamentvelQue s traz desassossego.Mas no se deve na verdadeDizer que inexplicvelPois pode ser fatalDificilmente nos pode trazerA confiana das massasPara ns imprescindvel. preciso que nos deixem valerPois seria mais que temvelPermitir ao caos vencerNum tempo to pouco esclarecido!Algo assim no se pode conceberCom esse desemprego!Ou qual a sua opinio?S nos pode convirEsta opinio: o problemaAssim como veio, deve sumir.Mas a questo : nosso desempregoNo ser solucionadoEnquanto os senhores noFicarem desempregados!...Eu Sempre Pensei

E eu sempre pensei: as mais simples palavrasDevem bastar.Quando eu disser como eO coracao de cada um ficara dilacerado.Que sucumbiras se nao te defenderesIsso logo veras....Expulso Por Bom Motivo

Eu cresci como filhoDe gente abastada. Meus paisMe colocaram um colarinho, e me educaramNo hbito de ser servidoE me ensinaram a dar ordens. Mas quandoJ crescido, olhei em torno de mimNo me agradaram as pessoas da minha classe e me juntei gente pequena.AssimEles criaram um traidor, ensinaram-lheSuas artes, e eleDenuncia-os ao inimigo.Sim, eu conto seus segredos. FicoEntre o povo e explicoComo eles trapaceiam, e digo o que vir, poisEstou instrudo em seus planos.O latim de seus clrigos corruptosTraduzo palavra por palavra em linguagem comum,EntoEle se revela uma farsa. TomoA balana da sua justia e mostroOs pesos falsos. E os seus informantes relatamQue me encontro entre os despossudos, quandoTramam a revolta.Eles me advertiram e me tomaramO que ganhei com meu trabalho. E quando me corrigiEles foram me caar, masEm minha casaEncontraram apenas escritos que expunhamSuas tramas contra o povo. EntoEnviaram uma ordem de prisoAcusando-me de ter idias baixas, isto As idias da gente baixa.Aonde vou sou marcadoAos olhos dos possuidores. Mas os despossudosLem a ordem de prisoE me oferecem abrigo. Voc, dizemFoi expulso por bom motivo....FerroNo sonho esta noiteVi um grande temporal.Ele atingiui os andaimesCurvou a viga feitaA de ferro.Mas o que era de madeiraDobrou-se e ficou....Jamais Te Amei TantoJamais te amei tanto, ma soeurComo ao te deixar naquele pr do solO bosque me engoliu, o bosque azul, ma soeurSobre o qual sempre ficavam as estrelas plidasNo Oeste.Eu ri bem pouco, no ri, ma soeurEu que brincava ao encontro do destino negro -Enquanto os rostos atrs de mim lentamenteIam desaparecendo no anoitecer do bosque azul.Tudo foi belo nessa tarde nica, ma soeurJamais igual, antes ou depois - verdade que me ficaram apenas os pssarosQue noite sentem fome no negro cu...Lendo HorcioMesmo o diluvioNo durou eternamente.Veio o momento em queAs guas negras baixaram.Sim, mas quo poucosSobreviveram!...Louvor ao EstudoEstuda o elementar: para aquelescuja hora chegouno nunca demasiado tarde.Estuda o abc. No basta, masEstuda. No te canses.Comea. Tens de saber tudo.Ests chamado a ser um dirigente.Freqente a escola, desamparado!Persegue o saber, morto de frio!Empunha o livro, faminto! uma arma!Ests chamado ser um dirigente.No temas perguntar, companheiro!No te deixes convencer!Compreende tudo por ti mesmo.O que no sabes por ti, no o sabes.Confere a conta. Tens de pag-la.Aponta com teu dedo a cada coisae pergunta: "Que isto? e como ?"Ests chamado a ser um dirigente....Na Guerra Muitas Coisas CresceroFicaro maiores As propriedades dos que possuemE a misria dos que no possuemAs falas do guia*E o silncio dos guiados.*Fhrer...Na Morte De Um Combatente Da Paz memria de Carl von OssietzkyAquele que no cedeu Foi abatido O que foi abatido No cedeu. A boca do que preveniu Est cheia de terra. A aventura sangrenta Comea. O tmulo do amigo da paz pisoteado por batalhes. Ento a luta foi em vo? Quando abatido o que no lutou s O inimigo Ainda no venceu. ...Nada Impossvel De Mudar

Desconfiai do mais trivial , na aparncia singelo.E examinai, sobretudo, o que parece habitual.Suplicamos expressamente:no aceiteis o que de hbito como coisa natural,pois em tempo de desordem sangrenta,de confuso organizada, de arbitrariedade consciente,de humanidade desumanizada,nada deve parecer natural nada deve parecer impossvel de mudar....No Necessito De Pedra TumularNo necessito de pedra tumular, masSe necessitarem de uma para mimGostaria que nela estivesse:Ele fez sugestesNos as aceitamos.Por tal inscrioEstaramos todos honrados....No Muro Estava Escrito Com Giz:

Eles querem a guerra.Quem escreveuJ caiu....No Segundo Ano De Minha FugaNo segundo ano de minha fugaLi em um jornal, em lngua estrangeiraQue eu havia perdido minha cidadania.No fiquei triste nem alegreAo ver meu nome entre muitos outrosBons e maus.A sina dos que fugiam no me pareceu piorDo que a sina dos que ficavam....O Analfabeto Poltico

"O pior analfabeto o analfabeto poltico.Ele no ouve, no fala, nem participa dos acontecimentos polticos.Ele no sabe que o custo de vida, o preo do feijo,do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remdiodependem das decises polticas.O analfabeto poltico to burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeiaa poltica. No sabe o imbecil que da sua ignorncia poltica nasce a prostituta,o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que o poltico vigarista,pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Nada impossvel de Mudar

"Desconfiai do mais trivial, na aparncia singelo.E examinai, sobretudo, o que parece habitual.Suplicamos expressamente: no aceiteis o que dehbito como coisa natural, pois em tempo de desordemsangrenta, de confuso organizada, de arbitrariedade consciente,de humanidade desumanizada, nada deve parecer naturalnada deve parecer impossvel de mudar."

Privatizado

"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. da empresa privada o seu passo em frente,seu po e seu salrio. E agora no contente queremprivatizar o conhecimento, a sabedoria,o pensamento, que s humanidade pertence."...O Maneta No Bosque

Banhado de suor ele se curvaPara pegar o graveto.Os mosquitosEspanta com um movimento de cabea.Com os joelhosAmarra a lenha com dificuldade.GemendoSe apruma,ergue a moPara ver se chove.A mo erguidaDo temido Guarda SS....O Nascido DepoisEu confesso: euNo tenho esperana.Os cegos falam de uma sada. EuVejo.Aps os erros terem sido usadosComo ltima companhia, nossa frenteSenta-se o Nada....O Vosso Tanque General, Um Carro ForteDerruba uma floresta esmaga cemHomens,Mas tem um defeito- Precisa de um motoristaO vosso bombardeiro, general poderoso:Voa mais depressa que a tempestadeE transporta mais carga que um elefanteMas tem um defeito- Precisa de um piloto.O homem, meu general, muito til:Sabe voar, e sabe matarMas tem um defeito- Sabe pensar...Os EsperanososPelo que esperam?Que os surdos se deixem convencerE que os insaciveisLhes devolvam algo?Os lobos os alimentaro, em vez de devor-los!Por amizadeOs tigres convidaroA lhes arrancarem os dentes! por isso que esperam!...Os que lutam"H aqueles que lutam um dia; e por isso so muito bons;H aqueles que lutam muitos dias; e por isso so muito bons;H aqueles que lutam anos; e so melhores ainda;Porm h aqueles que lutam toda a vida; esses so os imprescindveis."...Os maus e os bons"Os maus temem tuas garrasOs bons se alegram de tua graca.Algo assim Gostaria de ouvirDo meu verso."...Para Ler De Manh E NoiteAquele que amoDisse-meQue precisa de mim.Por issoCuido de mimOlho meu caminhoE receio ser mortaPor uma s gota de chuva....Perguntas De Um Operrio Que L.Quem construiu Tebas, a das sete portas?Nos livros vem o nome dos reis,Mas foram os reis que transportaram as pedras?Babilnia, tantas vezes destruida,Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casasDa Lima Dourada moravam seus obreiros?No dia em que ficou pronta a Muralha da China para ondeForam os seus pedreiros? A grande RomaEst cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quemTriunfaram os Csares? A to cantada BizncioS tinha palciosPara os seus habitantes? At a legendria AtlntidaNa noite em que o mar a engoliuViu afogados gritar por seus escravos.O jovem Alexandre conquistou as IndiasSzinho?Csar venceu os gauleses.Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu servio?Quando a sua armada se afundou Filipe de EspanhaChorou. E ningum mais?Frederico II ganhou a guerra dos sete anosQuem mais a ganhou?Em cada pgina uma vitria.Quem cozinhava os festins?Em cada dcada um grande homem.Quem pagava as despesas?Tantas histriasQuantas perguntas...Poesia do ExlioNos tempos sombriosse cantar tambm?Tambm se cantarsobre os tempos sombrios.... Precisamos De Voc.Aprende - l nos olhos,l nos olhos - aprendea ler jornais, aprende:a verdade pensacom tua cabea.Faa perguntas sem medono te convenas sozinhomas vejas com teus olhos.Se no descobriu por sina verdade no descobriu.Confere tudo pontopor ponto - afinalvoc faz parte de tudo,tambm vai no barco,"a pagar o pato, vaipegar no leme um dia.Aponte o dedo, perguntaque isso? Como foiparar a? Por que?Voc faz parte de tudo.Aprende, no perde nadadas discusses, do silncio.Esteja sempre aprendendopor ns e por voc.Voc no ser ouvintediante da discusso,no ser cogumelode sombras e bastidores,no ser cenriopara nossa ao...Privatizado "Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. da empresa privada o seu passo em frente, seu po e seu salrio. E agora no contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que s humanidade pertence." ...Quem No Sabe De Ajuda

Como pode a voz que vem das casasSer a da justiaSe os ptios esto desabrigados?Como pode no ser um embusteiro aquele queEnsina os famintos outras coisasQue no a maneira de abolir a fome?Quem no d o po ao famintoQuer a violnciaQuem na canoa no temLugar para os que se afogamNo tem compaixo.Quem no sabe de ajudaQue cale....Quem Se DefendeQuem se defende porque lhe tiram o arAo lhe apertar a garganta,para este ha um paragrafoQue diz: ele agiu em legitima defesa.MasO mesmo paragrafo silenciaQuando voces se defendem porque lhes tiram o pao.E no entanto morre quem nao come,e quem nao comeo suficienteMorre lentamente.Durante os anos todos em que morreNao lhe e permitido se defender....Refletindo Sobre O InfernoRefletindo, ouo dizer, sobre o infernoMeu irmo Shelley achou ser ele um lugarMais ou menos semelhante a Londres.Eu Que no vivo em Londres, mas em Los AngelesAcho, refletindo sobre o inferno,que ele deve Assemelhar-se mais ainda a Los Angeles.Tambm no inferno Existem, no tenho dvidas, esses jardins luxuriantesCom as flores grandes como rvores, que naturalmente fenecemSem demora, se no so molhadas com gua muito cara.E mercados de frutas Com verdadeiros montes de frutos, no entantoSem cheiro nem sabor. E interminveis filas de carrosMais leves que suas prprias sombras, mais rpidosQue pensamentos tolos, automveis reluzentes, nos quaisGente rosada, vindo de lugar nenhum, vai a nenhum lugar.E casas construdas para pessoas felizes, portanto vaziasMesmo quando habitadas.Tambm as casas do inferno no so todas feiasMas a preocupao de serem lanados na ruaConsome os moradores das manses no menos queOs moradores do barracos...Se Fossemos InfinitosFossemos infinitosTudo mudariaComo somos finitosMuito permanece....Sobre A Violncia

A corrente impetuosa chamada de violentaMas o leito do rio que a contemNinguem chama de violento.A tempestade que faz dobrar as betulasE tida como violentaE a tempetasde que faz dobrarOs dorsos dos operarios na rua?...SoubeSoube queNas praas dizem de mim que durmo malMeus inimigos, dizem, j esto assentando casaMinhas mulheres pem seus vestidos bonsEm minha ante-sala esperam pessoasConhecidas como amigas dos infelizes.LogoOuviro que no como maisMas uso novos ternosMas o pior : eu mesmoObservo que me torneiMais duro com as pessoas....Tambm o Cu

Tambm o cu s vezes desmoronaE as estrelas caem sobre a terraEsmagando-a com todos ns.Isto pode ser amanh. ...Tempos Sombrios

Realmente, vivemos tempos sombrios!A inocncia loucura. Uma fronte sem rugasdenota insensibilidade. Aquele que riainda no recebeu a terrvel notciaque est para chegar.Que tempos so estes, em que quase um delitofalar de coisas inocentes,pois implica em silenciarsobre tantos horrores....Se os Tubares Fossem Homens Bertold Brecht Se os tubares fossem homens, eles seriam mais gents com os peixes pequenos. Se os tubares fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem gua sempre renovada e adotariam todas as providncias sanitrias cabveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que no moressem antes do tempo. Para que os peixinhos no ficassem tristonhos, eles dariam c e l uma festa aqutica, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos. Naturalmente tambm haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubares. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubares, deitados preguiosamente por a. Aula principal seria naturalmente a formao moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo o sacrifcio alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubares, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro s estaria garantido se aprendessem a obedincia. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinao baixa, materialista, egosta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubares se qualquer deles manifestasse essas inclinaes. Se os tubares fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus prprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubares existem gigantescas diferenas. Eles anunciariam que os peixinhos so reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes lnguas, sendo assim impossvel que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra lngua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o ttulo de heri. Se os tubares fossem homens, haveria entre eles naturalmente tambm uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubares seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubares.A msica seria to bela, to bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as guelas dos tubares sonhadores e possudos pelos mais agradveis pensamentos. Tambm haveria uma religio ali. Se os tubares fossem homens, eles ensinariam essa religio. E s na barriga dos tubares que comearia verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubares fossem homens, tambm acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso s seria agradvel aos tubares, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construo de caixas e assim por diante. Curto e grosso, s ento haveria civilizao no mar, se os tubares fossem homens. ***Um Homem PessimistaUm homem pessimista tolerante.Ele sabe deixar a fina cortesia desmanchar-se na lnguaQuando um homem no espanca uma mulherE o sacrifcio de uma mulher que prepara caf paraseu amadoCom pernas brancas sob a camisa -Isto o comove.Os remorsos de um homem queVendeu o amigoAbalam-no, a ele que conhece a frieza do mundoE como sbioFalar alto e convencidoNo meio da noite....Esse DesempregoMeus senhores, mesmo um problemaEsse desemprego!Com satisfao acolhemosToda oportunidadeDe discutir a questo.Quando queiram os senhores! A todo momento!Pois o desemprego para o povoUm enfraquecimento.Para ns inexplicvelTanto desemprego.Algo realmente lamentvelQue s traz desassossego.Mas no se deve na verdadeDizer que inexplicvelPois pode ser fatalDificilmente nos pode trazerA confiana das massasPara ns imprescindvel. preciso que nos deixem valerPois seria mais que temvelPermitir ao caos vencerNum tempo to pouco esclarecido!Algo assim no se pode conceberCom esse desemprego!Ou qual a sua opinio?S nos pode convirEsta opinio: o problemaAssim como veio, deve sumir.Mas a questo : nosso desempregoNo ser solucionadoEnquanto os senhores noFicarem desempregados!