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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ www.anuario.igeo.ufrj.br 281 Proposta Metodológica para o Mapeamento da Vulnerabilidade a Inundações Methodological Proposal for Flood Vulnerability Mapping Paola de Assis de Souza Ramos 1 ; Guilherme Garcia Oliveira 2 ; Mariana Madruga de Brito 3 & Luiz Carlos Pinto da Silva Filho 4 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto, Av. Bento Gonçalves, 9500, Agronomia, 91501-970, Campus do Vale, Porto Alegre, RS, Brasil 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento Interdisciplinar, Campus Litoral Norte, Rodovia RS-030, 11.700, Emboaba, 91501-970, Porto Alegre, RS, Brasil 3 University of Bonn, Department of Geography, Meckenheimer Allee, 166, 53115, Bonn, Alemanha 4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Engenharia, Av. Osvaldo Aranha, 9, Centro Histórico, 90035-190, Porto Alegre, RS, Brasil E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] Recebido em: 03/09/2018 Aprovado em: 16/10/2018 DOI: http://dx.doi.org/10.11137/2018_3_281_291 Resumo Esta pesquisa apresenta uma metodologia para mapear a vulnerabilidade à inundação em diferentes fases do ge- renciamento de desastres no município de Igrejinha, RS. Ao total, foram utilizados 10 indicadores distribuídos em 3 di- mensões de vulnerabilidade, os quais foram espacializados com o uso do método de mapeamento dasimétrico. Por meio do método Processo Analítico Hierárquico (AHP), solicitou-se a 21 especialistas que atribuíssem pesos de importância para cada um dos indicadores durante duas fases do gerenciamento de desastres: resposta e recuperação. Por fim, foram elaborados mapas comparativos, por meio de ferramentas de geoprocessamento disponíveis em Sistemas de Informação Geográfica. Destaca-se como resultado as diferenças apresentadas entre fases resposta e recuperação, nas dimensões e no mapa final de vulnerabilidade a inundações Palavras-chave: Método AHP; Indicadores de Vulnerabilidade; Setores Censitários Abstract This study presents a methodology to map the vulnerability to floods in different phases of the disaster manage- ment process at the municipality of Igrejinha, RS. A total of 10 indicators, distributed in 3 dimensions of vulnerability were used. They were spatialized through the use of the dasymetric method. By using the Analytic Hierarchy Process (AHP) method, 21 experts assigned weights of importance to each one of the indicators during two phases of disaster management: response and recovery. Finally, comparative maps were produced, using available geographic information system tools. As a result, it was possible to highlight the differences found between the phases of response and recovery, not only on each of the dimensions but also on the final flood vulnerability map. Keywords: AHP method; Vulnerability Indicators; Census Area Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ ISSN 0101-9759 e-ISSN 1982-3908 - Vol. 41 - 3 / 2018 p. 281-291

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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ www.anuario.igeo.ufrj.br

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Proposta Metodológica para o Mapeamento da Vulnerabilidade a InundaçõesMethodological Proposal for Flood Vulnerability Mapping

Paola de Assis de Souza Ramos1; Guilherme Garcia Oliveira2; Mariana Madruga de Brito3 & Luiz Carlos Pinto da Silva Filho4

1Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto, Av. Bento Gonçalves, 9500, Agronomia, 91501-970, Campus do Vale, Porto Alegre, RS, Brasil

2Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento Interdisciplinar, Campus Litoral Norte, Rodovia RS-030, 11.700, Emboaba, 91501-970, Porto Alegre, RS, Brasil

3University of Bonn, Department of Geography, Meckenheimer Allee, 166, 53115, Bonn, Alemanha4Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Engenharia,

Av. Osvaldo Aranha, 9, Centro Histórico, 90035-190, Porto Alegre, RS, BrasilE-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

Recebido em: 03/09/2018 Aprovado em: 16/10/2018DOI: http://dx.doi.org/10.11137/2018_3_281_291

Resumo

Esta pesquisa apresenta uma metodologia para mapear a vulnerabilidade à inundação em diferentes fases do ge-renciamento de desastres no município de Igrejinha, RS. Ao total, foram utilizados 10 indicadores distribuídos em 3 di-mensões de vulnerabilidade, os quais foram espacializados com o uso do método de mapeamento dasimétrico. Por meio do método Processo Analítico Hierárquico (AHP), solicitou-se a 21 especialistas que atribuíssem pesos de importância para cada um dos indicadores durante duas fases do gerenciamento de desastres: resposta e recuperação. Por fim, foram elaborados mapas comparativos, por meio de ferramentas de geoprocessamento disponíveis em Sistemas de Informação Geográfica. Destaca-se como resultado as diferenças apresentadas entre fases resposta e recuperação, nas dimensões e no mapa final de vulnerabilidade a inundaçõesPalavras-chave: Método AHP; Indicadores de Vulnerabilidade; Setores Censitários

Abstract

This study presents a methodology to map the vulnerability to floods in different phases of the disaster manage-ment process at the municipality of Igrejinha, RS. A total of 10 indicators, distributed in 3 dimensions of vulnerability were used. They were spatialized through the use of the dasymetric method. By using the Analytic Hierarchy Process (AHP) method, 21 experts assigned weights of importance to each one of the indicators during two phases of disaster management: response and recovery. Finally, comparative maps were produced, using available geographic information system tools. As a result, it was possible to highlight the differences found between the phases of response and recovery, not only on each of the dimensions but also on the final flood vulnerability map.Keywords: AHP method; Vulnerability Indicators; Census Area

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Proposta Metodológica para o Mapeamento da Vulnerabilidade a InundaçõesPaola de Assis de Souza Ramos; Guilherme Garcia Oliveira; Mariana Madruga de Brito & Luiz Carlos Pinto da Silva Filho

1 Introdução

O aumento demográfico e expansão das cida-des de maneira desordenada, modificam profunda-mente o espaço geográfico. Estas alterações impul-sionam o crescimento urbano em áreas inadequadas para moradia, como planícies de inundação (CEPE-D-RS/UFRGS, 2016a). As inundações são fenôme-nos naturais e correspondem ao transbordamento gradual de cursos d’água, geralmente após um perí-odo de chuvas prologadas (Brasil, 2016).

A expansão dos centros urbanos em planícies de inundação, sem o devido planejamento, aumenta a vulnerabilidade da população e, consequentemen-te, os impactos causados por esses processos. A vul-nerabilidade se refere às características e situações de um indivíduo ou grupo, que influenciam na capa-cidade de antecipar, lidar, resistir e recuperar-se dos impactos de eventos adversos (Wisner et al., 2003).

A gestão de riscos e o gerenciamento de desas-tres engloba um conjunto de ações que visam apri-morar a capacidade de enfrentamento de uma comu-nidade e reduzir os impactos causados por eventos adversos. A gestão de riscos é composta pelas eta-pas de prevenção, mitigação e preparação, enquanto que o gerenciamento de desastres é composto pelas etapas de resposta e recuperação (UNISDR, 2009; Copola, 2015).

O mapeamento da vulnerabilidade faz par-te do conjunto de medidas não estruturais. São importantes, pois permitem localizar e avaliar as características da população exposta a um determinado processo perigoso. Assim, tais mapas podem subsidiar a adoção de medidas para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência da socieda-de (Edwards et al., 2007).

Os mapas de vulnerabilidade podem ser cria-dos por meio de ferramentas de geoprocessamento em SIG. Essas ferramentas auxiliam na tomada de decisão e no planejamento estratégico para a gestão de riscos e o gerenciamento de desastres (CEPED--RS/UFRGS, 2016a).

Existem diversos métodos para estimar a vulnerabilidade, que variam de acordo com a esca-la e o tipo de perigo que a população está expos-

ta. Em grande parte dos estudos, o setor censitário é utilizado como unidade territorial (Alves, 2006; Goerl et. al., 2012; Silva, 2014). No entanto, quando se refere às inundações, essa metodologia apresenta limitações, visto que este procedimento mascara a densidade populacional real, pois mesmo as áreas não residenciais são incluídas no cálculo (Silveira et al., 2013). Dessa maneira, o método dasimétrico pode ser utilizado para descrever de maneira mais realista os indicadores vulnerabilidade. Esse método permite diminuir o efeito de suavização observado nos métodos tradicionais, em especial nas áreas onde os polígonos censitários são maiores.

Neste sentido, o objetivo desta pesquisa é apresentar uma metodologia para mapear a vulnera-bilidade à inundação nas fases de resposta e recupe-ração, a partir da utilização do método dasimétrico em ambiente SIG. O município de Igrejinha/RS fo utilizado para ilustrar a metodologia proposta, visto que é altamente suscetível a inundações, com um to-tal de 15 eventos registrados entre 1982 e 2016 (Ra-mos et al., 2016).

2 Área de Estudo

O município de Igrejinha situa-se no nordes-te do RS, na bacia hidrográfica do rio dos Sinos. A população do município é de 31.660 habitantes (IBGE, 2010), a qual se concentra na sub-bacia do rio Paranhana (Figura 1). A região apresenta uma grande amplitude altimétrica, sendo que a zona ur-bana está localizada em áreas baixas, (20 a 100 m), enquanto que no meio rural a altitude chega a 770 m (Bressani, 2014).

Segundo a classificação de Köppen, o município possui um clima subtropical úmido, com verão quen-te (Cfa). O número de dias de chuva por ano varia de 130 a 150, com precipitação acumulada anual de 1.650 mm (Rossato, 2011; Brubacher et al., 2012). O perí-odo entre os meses de junho e outubro é o mais chu-voso, em função do avanço de sistemas frontais, que resultam em precipitações mais longas e volumosas. De novembro a março, a precipitação é influenciada por sistemas convectivos, sendo mais intensas e loca-lizadas. As ocorrências de inundação se concentram nos meses de julho e agosto (Ramos et al., 2016).

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As características geográficas do município de Igrejinha estão intimamente ligadas à ocorrência de inundações e enxurradas. Esses processos estão as-sociados à forma do relevo, uso, cobertura e tipo de solo, hidrografia e regime de precipitação (Oliveira et al., 2013). Segundo Ramos et al. (2016), ocorre-ram 35 eventos hidrológicos entre 1982 e 2015, dos quais 20 são inundações do rio Paranhana, e 29 são enxurradas dos afluentes. Devido ao seu histórico de desastres, Igrejinha está entre os municípios priori-tários para mapeamento das áreas de risco, conforme consta no Plano Nacional de Gestão de Risco e Res-posta a Desastres Naturais (MP, 2012). E importante destacar que o município participa da campanha ci-dades Resilientes da ONU.

3 Material e Métodos

A metodologia foi desenvolvida com base nos trabalhos de Alves (2006), Goerl et al. (2012), Sil-va (2014), Schumann & Moura (2015) e CEPED/UFRGS (2016b). A Figura 2 mostra as etapas para o desenvolvimento desta pesquisa.

A unidade territorial utilizada se refere aos setores censitários do IBGE, porém com distribui-ção heterogênea da população no seu interior, com uso da técnica dasimétrica binária. Segundo Eicher e Brewer (2001), esse método permite refinar as in-formações espaciais por meio de dados auxiliares, desagregando informações contidas em uma área,

em unidades menores e homogêneas. Neste estudo, o refinamento foi obtido pelo mapeamento das áreas edificadas em cada setor, com uso de uma fotografia aérea adquirida em 2013, e disponibilizada pelo mu-nicípio. Foi realizada a vetorização para obtenção da mancha urbana. A Figura 3 sintetiza os dados que foram utilizados neste estudo, com 10 indicadores distribuídos em três dimensões.

Em relação à dimensão de demografia, o Adensamento Domiciliar refere-se à quantidade de

Figura 1 Localização de Igrejinha/RS e a mancha de inundação sobreposta à mancha urbana.

Figura 2 Fluxograma do estudo.

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residências dentro da mancha urbana de um setor censitário. No geral, quanto maior o adensamento, maior a vulnerabilidade. Além disso, o adensamen-to construtivo pode ocasionar a impermeabilização do solo, contribuindo para o agravamento dos pro-cessos hidrológicos extremos (Oliveira et al., 2015; CEPED/UFRGS 2016b). Como nem toda a popula-ção de um setor censitário está exposta ao perigo, foi utilizado também o indicador Exposição às Inunda-ções, que mensura a área urbana construída dentro do setor censitário exposta a inundações. O Núme-ro de residentes foi utilizado no intuito de avaliar a distribuição e concentração da população em cada setor. Quanto maior o número de pessoas, mais difí-cil se torna o gerenciamento, devido ao aumento da demanda de recursos para atender às necessidades da população durante a ocorrência de um desastre.

Na dimensão social, um indicador é a Ren-da, pois quanto maior o rendimento de uma família, mais recursos ela possui para lidar com o impacto das inundações (Maesterson, 2014). A definição das famílias de baixa renda foi realizada de acordo com o Decreto Federal n° 6.135/2007, sendo aquelas com renda mensal per capita de até 0,5 salários mínimos ou familiar inferior a 3 salários mínimos por mês (Brasil, 2007). Além desse indicador, foi conside-rado o número de Crianças, Idosos e Pessoas com Deficiência (PCD), em função de possíveis restri-ções na mobilidade, na autonomia e capacidade de decisão, muitas vezes necessitando de auxílio para fuga durante a ocorrência de uma inundação. Nes-te estudo, as definições de criança (< 12 anos) e de idoso (> 60 anos) estabelecidas pelos Estatutos da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990) e do Idoso foram utilizadas (Brasil, 2003).

A última dimensão avalia a infraestrutura e o saneamento. Os indicadores desta dimensão são a presença de Esgoto a Céu Aberto, a existência de Sistema de Drenagem e o Lixo no Logradouro. Es-tes indicadores refletem, respectivamente, os locais com domicílios sem rede adequada de esgoto, com possível exposição da população à água contami-nada e doenças de veiculação hídrica, os locais que não possuem bueiro e sistema de drenagem pluvial na face do domicílio e a existência de acúmulo de resíduos sólidos em frente ao domicílio, o que pode causar a obstrução do sistema de drenagem.

Uma vez que os indicadores possuem unida-des de medidas diferentes, foi realizada a padroniza-ção dos valores. Para tal, utilizou-se o método adota-do por Buzai (2014). Cada indicador foi escalonado com valores de 0 (menor vulnerabilidade) a 1 (maior vulnerabilidade), considerando uma tendência linear entre os valores mínimos e máximos observados.

Os pesos de cada dimensão e indicador de vulnerabilidade foram atribuídos por meio do mé-todo Processo Analítico Hierárquico (AHP), pro-posto por Saaty (1980). Nesta técnica, os indicado-res de vulnerabilidade foram comparados uns aos outros, em pares, por meio de uma escala pré-de-finida. Para tanto, foram consultados 10 pesquisa-dores do Grupo de Gestão de Riscos e Desastres (GRID-UFRGS), 5 especialistas na área de desas-tres e 6 membros da Oficina Regional Permanente de Proteção e Defesa Civil. A atribuição de pesos foi feita por meio de questionários.

Nesta pesquisa, adotou-se o princípio de que os indicadores de vulnerabilidade se relacionam entre si de forma diferente dependendo da fase do gerenciamento de um desastre (resposta e recupera-ção). A resposta se refere ao momento da ocorrência de um perigo, com ações de socorro e salvamento (UNISDR, 2009; Maesterson, 2014). Após, são realizadas as ações de recuperação, em que as famí-lias e indivíduos reparam, reconstroem ou recupe-ram o que foi perdido, além de adquirirem experiên-cia para reduzir o risco de futuros eventos adversos. Deste modo, considerando as particularidades de cada fase, solicitou-se que os entrevistados respon-dessem o questionário duas vezes, uma para a fase de resposta e outra para a fase de recuperação.

Figura 3 Dimensões, indicadores de vulnerabilidade e fontes de dados utilizadas.

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O cálculo de vulnerabilidade foi realizado por meio da Equação 1, fazendo o somatório dos pro-dutos entre o valor padronizado do indicador e seu respectivo peso médio, em cada dimensão, para pos-terior multiplicação pelo peso médio da dimensão. Esse cálculo foi realizado para cada unidade territo-rial em ambas as fases (resposta e recuperação), em planilhas eletrônicas. Posteriormente, os valores fo-ram transferidos para o arquivo vetorial da mancha urbana exposta a inundação, segmentada por setor censitário, em SIG. Por fim, os mapas gerados foram reclassificados em 5 classes iguais para permitir a comparação dos resultados (Figura 4).

4 Resultados e Discussão

A Figura 5 apresenta a média dos pesos ob-tidos segundo os 21 especialistas entrevistados em relação aos indicadores para resposta e recuperação. De modo geral, existe pouca diferença nos pesos para as fases de resposta e recuperação. A exceção se refere aos indicadores da Dimensão Social (Figura 5B), com maior variação, principalmente no indica-dor Renda. Nesta dimensão, o indicador de PCD foi o que apresentou o maior peso médio na fase res-posta, seguido pelos Idosos e Crianças. Já na fase de recuperação, o cenário se inverteu, com a Renda sendo o indicador mais importante.

De acordo com os especialistas, a renda não assume grande importância durante a ocorrência de uma inundação. Os outros indicadores da dimensão Social assumem importância maior, pois avaliam grupos que possuem dificuldade de locomoção ou capacidade de compreensão limitada, necessitado de ajuda especifica durante o evento. Os Coorde-nadores de Proteção e Defesa Civil indicaram que a maior dificuldade de salvamento está relacionada aos PCD, pois o tipo de ajuda varia segundo a ne-cessidade da pessoa.

Na dimensão Características Demográficas (Figura 5A) o maior peso atribuído foi para o indica-dor Número de Pessoas. Já na dimensão Saneamento e Infraestrutura (Figura 5C), o número de domicílios

(1)

Em que: é a vulnerabilidade final do setor k; é o valor do indicador i da dimensão j; é o peso do indi-cador i da dimensão j; é o peso da dimensão j.

Figura 4 Faixa de valores para classificação da vulnerabilidade.

Figura 5 Média dos pesos dos indicadores e dimensões, atribuídos pelos entrevistados.

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com esgoto a céu aberto foi considerado mais im-portante. Nessas dimensões, não foram verificadas diferenças significativas para as fases de resposta e recuperação.

Os mapas de vulnerabilidade gerados para cada dimensão são apresentados na Figura 6. Na di-mensão relacionada à demografia (Figuras 6A e 6B), observa-se que a vulnerabilidade é maior nos setores mais periféricos da cidade, localizados ao norte e ao sul. A porção central é a mais consolidada e antiga, com média vulnerabilidade.

Conforme Ramos et al. (2016), o bairro Cen-tro possui mais relatos sobre os danos e transtornos relacionados à inundação, ainda que apresente pou-cos moradores. É a área onde se concentram pontos comerciais, prédios governamentais e algumas in-dústrias. Cabe ressaltar que a localização da popula-ção varia durante o dia, dependendo do turno (diurno ou noturno), em função dos deslocamentos relacio-nados às atividades humanas como trabalho, estudo e lazer. No entanto, como o Censo do IBGE só re-gistra o local onde as pessoas moram, o mapa gerado só capta a vulnerabilidade demográfica relacionada à noite, destacando assim as zonas periféricas.

As diferenças entre as fases de resposta e re-cuperação na dimensão associada à demografia (Fi-guras 6A e 4B) se devem principalmente devido ao peso atribuído aos indicadores de Número de Resi-dentes (0,41) e exposição às inundações (0,30). Se-gundo Copola (2015) a resposta é a fase mais com-plexa do gerenciamento de um desastre. É realizada sob alto estresse e demanda muitos recursos para sal-var vidas e reduzir lesões. Quanto maior o número de pessoas expostas, mais recursos são necessários para responder adequadamente.

Na dimensão social, as áreas mais vulnerá-veis correspondem também as zonas periféricas da cidade (Figuras 6C e 6D). Ao norte, destaca-se uma área com alta vulnerabilidade, devido a grande con-centração de idosos, crianças e PCD. Já a área com alta vulnerabilidade no sul é explicada pela massiva presença de crianças, que correspondem a 1/3 da po-pulação daquela área.

Deve-se ressaltar que a vulnerabilidade das crianças provém de suas características fisiológicas,

sociais e do seu estágio de desenvolvimento. A de-pendência é um aspecto importante no que diz res-peito à vulnerabilidade. Bebês e crianças pequenas dependem dos seus cuidadores em suas necessidades básicas como alimentação e abrigo (Collins, 2012).

A dimensão social apresentou diferença entre as fases apenas em uma área no norte. Isto ocorreu por que os especialistas consideraram que as crian-ças e os PCD necessitam de maior atenção durante a resposta a um desastre. É importante mencionar que o indicador PCD, na fase de resposta, recebeu maior peso (0,38) em relação aos demais.

Segundo Ramsbottom et al. (2003) indiví-duos com restrições nas atividades diárias por defi-ciência ou doenças crônicas são vulneráveis por que podem ter dificuldade em proteger-se durante a ocor-rência de um desastre. A presença de um membro da família com deficiência exerce pressão sobre a or-ganização familiar e a recuperação das propriedades pode levar mais tempo.

Na dimensão Saneamento e Infraestrutura (Figuras 6E e 6F), a vulnerabilidade apresentou-se baixa ou muito baixa em quase toda cidade, com ne-nhuma diferenciação entre as fases. Ao norte, des-taca-se uma área com vulnerabilidade alta devido a esgoto a céu aberto e lixo no logradouro.O mapa de vulnerabilidade final às inundações está representa-do na Figura 7.

A vulnerabilidade final foi estimada por meio do somatório do produto entre a vulnerabilidade de cada dimensão e seu respectivo peso. No geral, a vulnerabilidade apresentou-se baixa em torno de 56% da mancha urbana exposta à inundação na res-posta e 66% na recuperação. Ao norte e no extremo sul, existem áreas de e alta vulnerabilidade corres-ponde a 7% para ambas as fases. Isto se deve ao peso atribuído aos indicadores relacionados à demografia e ao meio social.

A porção central apresentou muita baixa vul-nerabilidade. Corresponde à área mais antiga do mu-nicípio, onde iniciou o processo de ocupação. Existe uma concentração de parques e prédios comerciais e públicos, com poucas unidades habitacionais.

A dimensão que contribuiu menos para a vul-nerabilidade final foi o Saneamento e Infraestrutura,

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Figura 6 Mapa da vulnerabili-dade em relação às dimensões Características Demográfi-cas (A e B), Social (C e D) e Saneamento e Infraestrutura (E e F), de acordo com as fases de Resposta e Recuperação.

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pois o número de domicílios com os aspectos com-preendidos pelos indicadores desta dimensão era pe-queno. Assim, mesmo que a dimensão Saneamento e Infraestrutura possua um peso intermediário em relação à demografia e ao meio social, seus indica-dores acabaram não sendo tão representativos para a vulnerabilidade final.

Como mostra o mapa de vulnerabilidade final, existe diferença entre as fases de resposta e de recu-peração na porção sul do município, em função da redução do peso da dimensão demográfica na fase de recuperação, de 0,29 para 0,26.

Pode-se confirmar neste estudo que a utiliza-ção de dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010 para a estimativa da vulnerabilidade é uma al-ternativa interessante, no sentido de que existe uma metodologia clara e consistente para sua coleta, além de acelerar o processo de elaboração dos produtos cartográficos. Como o Censo é aplicado em todo o Brasil, isso possibilita a replicação desta metodolo-gia em outros municípios. Além disso, os mapas po-dem ser facilmente atualizados a partir do momento que novas informações se tornam disponíveis.

No entanto, cabe ressaltar que os dados do Censo não contêm variáveis específicas para o ma-peamento de vulnerabilidade a inundações. Dados relativos aos aspectos construtivos, localização dos serviços públicos, capacidade de resposta institu-cional, entre outros (CEPED-RS/UFRGS, 2016), também são importantes para avaliar a natureza multifacetada da vulnerabilidade da população às inundações. Assim, essas variáveis devem ser con-sideradas sempre que disponíveis.

Optou-se por utilizar não somente as variáveis do IBGE devido a disponibilidade de dados, visto que o município foi área de estudo em outras pesqui-sas relacionadas ao tema (OLIVEIRA et al., 2013; BRESSANI, 2014; CEPED-RS/UFRGS, 2016b; GUASSELI et. al., 2016). Desta forma, houve a ne-cessidade de reescalonamento dos dados para com-patibilizar com a escala utilizada pelo IBGE. Como exemplo, podemos citar os PCD e também a mancha de inundação com tempo de retorno de 50 anos.

Uma das vantagens da metodologia adotada é a possibilidade de utilização de diferentes dados para

Figura 7 Vulnerabilidade final às inundações em Igrejinha, RS, Brasil.

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A n u á r i o d o I n s t i t u t o d e G e o c i ê n c i a s - U F R JISSN 0101-9759 e-ISSN 1982-3908 - Vol. 41 - 3 / 2018 p. 281-291 289

Proposta Metodológica para o Mapeamento da Vulnerabilidade a InundaçõesPaola de Assis de Souza Ramos; Guilherme Garcia Oliveira; Mariana Madruga de Brito & Luiz Carlos Pinto da Silva Filho

compor novos indicadores, dependendo somente da compatibilização com a escala de setor censitário. Neste aspecto, há um avanço na presente pesquisa, pois a maioria das metodologias utilizadas faz uso somente dos dados do IBGE, o que pode limitar a análise, uma vez que a exposição às inundações não é verificada no Censo Demográfico.

Além disso, a utilização do método dasimétri-co tornou a espacialização na vulnerabilidade mais realista, pois considerou-se somente a área habitada exposta a inundação.

A distribuição da mancha urbana e a sua in-teração com a mancha de inundação foram aspec-tos levados em consideração na dimensão Caracte-rísticas Demográficas, no indicador de exposição às inundações. É importante ressaltar o conceito de vulnerabilidade adotado por esta pesquisa, que con-sidera vulnerável o indivíduo ou grupo exposto a um perigo específico (Wisner et al., 2003). Desta forma, a avaliação da vulnerabilidade foi realizada sobre as áreas com ocupação suscetíveis ao processo.

A utilização do método AHP foi bastante eficaz na definição dos pesos dos indicadores. As-sim como Brito & Evers (2016) concluíram em sua pesquisa, o método AHP mostrou-se como uma importante ferramenta no processo decisório, pois considera diferentes pontos de vista, dentro de um objetivo em comum. É uma técnica flexível, sendo aplicada em diversos trabalhos.

Contudo, o processo de aplicação dos ques-tionários mostrou-se oneroso, principalmente com pesquisadores ou especialistas que não conhecem o método. Dificuldades surgiram durante a etapa final, que foi a determinação do grau de consistência da matriz AHP. Os julgamentos tiveram que ser repen-sados algumas vezes por alguns dos entrevistados.

Em função da inexistência de critérios obje-tivos em nível nacional, optou-se neste estudo pela aplicação de uma escala de 0 a 1, para cada indicador de vulnerabilidade, em relação aos valores mínimos e máximos observados na área de estudo. Isso faz com que o mapa final apresentado reflita uma vulne-rabilidade relativa, identificando as áreas de maior vulnerabilidade, mesmo que a situação não seja pre-cária, quando confrontada a outro local do país.

Como exemplo, podemos citar o indicador de domicílios com lixo no logradouro. Dos 76 setores censitários utilizados, apenas oito possuíam lixo acumulado. O setor com a maior vulnerabilidade neste indicador possuía 25 domicílios com estas ca-racterísticas (<15% do total). Desta forma, a situação deste setor não é extremamente vulnerável, mas é a pior situação existente dentro do universo de dados.

Analisando por outro viés, esta limitação metodológica torna-se um fator positivo. Se ana-lisarmos a pesquisa feita por CEPED-RS/UFRGS (2016b), observamos que existem padrões estabele-cidos para baixa, média e alta vulnerabilidade. Dessa maneira, a pesquisa supracitada desconsidera o fato de que cada município possui uma realidade diferen-te da outra, estabelecendo um padrão do que é mais ou menos vulnerável. Não analisa dentro do contex-to do munícipio os locais que necessitam de atenção, pois considera apenas as três faixas específicas, que podem não ser aplicadas para identificar as zonas com menor capacidade de resposta aos desastres.

5 Considerações Finais

Esta pesquisa teve como objetivo principal propor uma metodologia, baseada na utilização de SIG, para mapeamento de vulnerabilidade à inun-dação, a partir da integração de dados censitários e de outras fontes, utilizando como estudo de caso, o município de Igrejinha, RS.

Pode-se concluir com esta pesquisa que as áreas de maior vulnerabilidade se encontram nas zonas periféricas do município, localizadas ao norte e ao sul. São áreas que possuem grande concentra-ção de população, com destaque para a presença em maior percentual de crianças, idosos e PCD.

A técnica dasimétrica, utilizada na elaboração dos mapas de vulnerabilidade, se mostrou eficaz para localizar a população residente dentro de um setor. O método binário, entre os demais é de aplicação sim-ples, no entanto não se consegue observar variações de densidade na mancha urbana. Também não possi-bilita diferenciar os usos das edificações, o que pode gerar distorções dependendo do que se está sendo

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avaliado. A área urbana é heterogênea e a presenta edificações de uso como residencial e comercial. O método binário não possibilita essa discriminar isto.

A aplicação dos questionários AHP consistiu em uma das etapas mais onerosas da metodologia proposta, levando-se em consideração que os pesos foram atribuídos para fases diferentes do geren-ciamento de um desastre: resposta e recuperação. Ainda que os especialistas consultados não tenham demonstrado um consenso em relação à diferencia-ção da importância dos indicadores entre as fases, considerou-se os resultados satisfatórios, pois o jul-gamento foi obtido de forma mais participativa e transparente, levando em consideração a opinião de especialistas em diferentes segmentos da gestão de risco e do gerenciamento de desastres.

O SIG foi fundamental para o processo de in-tegração das informações necessárias para represen-tar graficamente a vulnerabilidade na área estudada, pois permitiu a exposição dos resultados de maneira rápida e eficiente. Além disso, a espacialização dos indicadores e dimensões ajudaram a entender como os indicadores se inter-relacionam para composição da vulnerabilidade final.

É importante destacar o potencial inovador deste artigo, pois não existem outros trabalhos que se propuseram avaliar a vulnerabilidade nas fases de gerenciamento de um desastre.

Os dados do IBGE foram fundamentais na construção dos indicadores. No entanto, destaca-se a necessidade de outras informações para aprimorar a avaliação da vulnerabilidade. Fatores como capacida-de de resposta, aspectos construtivos das edificações, localização dos serviços públicos, entre outros, são também importantes para avaliar a vulnerabilidade, o que poderia ser incorporado em pesquisas futuras.

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