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03 December 2018 | Version 1.0 (Draft) Janeiro de 2019 Edição n.º 1 Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

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Page 1: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

03 December 2018 | Version 1.0 (Draft)

Janeiro de 2019

Edição n.º 1

Anuário do Setor da

Produção Audiovisual

em Portugal

Page 2: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│1

Capítulo 1: Setor da produção audiovisual em Portugal: realidade atual e evolução recente

3 Introdução

4 Principais tendências

6 Grandes números do setor em Portugal

8 Produtores independentes de televisão

10 Comparação com países europeus de referência

12 Apoios financeiros aos projetos do setor

14 Alterações regulamentares com impacto no setor

Capítulo 2: Barómetro do setor de produção audiovisual em Portugal

17 Key findings

18 Atividade e apoios

20 Clientes e mercados

22 Evolução e tendências

24 Estratégia e perspetivas futuras

Índice

Page 3: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

Setor da produção

audiovisual em

Portugal: realidade

atual e evolução

recente

Capítulo 1

Page 4: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│3

Esta é a primeira edição do Anuário do

Setor da Produção Audiovisual em

Portugal, com particular enfoque nos

produtores independentes.

A televisão mantém um papel central na

vida quotidiana dos portugueses, que

permanecem fieis a formas de consumo

mais tradicionais, mantendo-se várias

horas por dia em frente ao ecrã a assistir

a programação linear dos canais

generalistas portugueses, que ainda

respondem por cerca 48% de share.

No entanto, as tendências nos mercados

pioneiros na adoção de novas tecnologias

e mais liberais em termos de organização

económica como os EUA, fazem

antecipar mudanças estruturais nos

mercados de consumo audiovisual,

designadamente através de alterações

profundas na forma de consumo, com

impacto forte no modo de organização de

toda a cadeia de valor dos produtos

audiovisuais.

Em Portugal, tendências como o cord-

cutting, a relevâncias dos serviços de

VoD, o consumo em cross-platform ou off-

platform, a produção de originais

nacionais para plataformas de VoD ou a

inovação na monetização dos conteúdos

dão sinais ainda muito ténues quando

comparados com o mercado americano.

Contudo, já ocorreram tentativas claras de

verticalização da cadeia de valor,

encabeçada pela Altice, sendo que as

principais empresas de telecomunicações

já são detentoras de alguns dos

conteúdos mais valiosos do mercado,

nomeadamente, conteúdos desportivos.

Nos últimos anos, verificou-se ainda a

entrada no mercado nacional de novos

serviços de VoD, tais como a Netflix, a

Amazone Prime ou o Foxplay, os quais,

ao que tudo indica, serão seguidos pelo

HBO Now e pelo Disney+.

De mais ou menos rápida implementação

no mercado europeu e nacional, e muito

dependente da evolução da

regulamentação europeia, estas

tendências só se deverão acentuar no

mercado nacional nos próximos anos.

Nessa medida, e por forma a antecipar

essas transformações, inicia-se este

anuário com a apresentação das

principais tendências no setor audiovisual

mundial (não exaustivo).

O setor de produção audiovisual nacional

está identificado na principal

nomenclatura estatística de atividades

económicas nacional e europeia (CAE

5911 e NACE 5911), a partir da qual se

compilaram os grandes números de

caracterização do setor para o último ano

disponível (2017, e 2016 no caso da

comparação com países europeus), bem

como a evolução dos mesmos nos últimos

anos. Paralelamente, apresenta-se a

evolução da restante cadeia de valor do

produto audiovisual, incluindo as

atividades de pós-produção, distribuição e

emissão de obras audiovisuais em

televisão.

Desde a crise económica e financeira,

cujo impacto no mercado publicitário

foi muito forte, provocando uma forte

pressão sobre a atividade de produção

audiovisual, que o setor tem

recuperado de forma consistente. As

empresas de produção independente

associadas da APIT, em particular,

apresentaram um crescimento

significativo, sobretudo em termos de

emprego criado.

Neste anuário, apresenta-se também uma

comparação das características do setor

em Portugal com os principais países

europeus, demonstrando a baixa

relevância destas atividades nos

mercados que evidenciam maiores

dificuldades em se afirmarem num

contexto internacional dominado por

players de elevado porte financeiro e

mercados nacionais de maior dimensão,

capazes de tornar rentável a produção de

obras com orçamentos significativos.

O poder de influência e impacto que as

obras audiovisuais têm nas populações,

fazem com que a diversidade cultural e

criativa seja uma característica essencial

neste setor. Como tal, é imprescindível a

existência de mecanismos de apoio que

permitam fortalecer a qualidade e

inovação das obras audiovisuais

produzidas em Portugal. Assim, neste

anuário, analisam-se os apoios

concedidos pelo ICA no ano de 2017 a

partir da publicação de resultados deste

instituto no seu website.

Em linha com recomendações de vários

quadrantes, os incentivos financeiros

operacionalizados pelo ICA foram

complementados por um novo regime de

incentivos fiscais.

Este regime apoia a produção de obras

audiovisuais e cinematográficas,

mostrando-se alinhado com as práticas

europeias neste domínio (e.g. cash

rebate).

O Programa Europa Criativa –

Subprograma Media é o instrumento de

política europeia por excelência para a

produção audiovisual. No entanto, como

ficará evidente neste anuário, a adesão a

este programa por parte das empresas

portuguesas tem-se mostrado muito

baixo.

A regulamentação desempenha um papel

muito relevante na atividade de produção

audiovisual. Talvez por isso, a revisão da

Diretiva “Serviços de Comunicação Social

Audiovisual” (“AVMSD Directive”) está a

encontrar um forte eco nos meios de

comunicação social, antecipando-se o

alargamento de obrigações de

investimento/ transmissão/

disponibilização de obras de produção

europeias, nacionais e/ou independentes,

aos serviços de VoD e serviços de

comunicação social, além do mais

apertado controlo dos direitos de autor em

vídeos de plataformas de partilha como o

Youtube.

O Barómetro do Setor de Produção

Audiovisual, publicado conjuntamente

com o presente anuário e no âmbito do

qual foi auscultada a maioria dos

associados da APIT, evidencia

expectativas positivas para o ano de

2019, fazendo antecipar que o cenário de

recuperação económica no setor se

venha a manter e consolidar. Evidencia,

igualmente, que os empresários estão

cientes das transformações no mercado

audiovisual e que as tendências

emergentes estão a ser introduzidas nas

suas estratégias empresariais.

Introdução

Page 5: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

4 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

Principais tendências

Entrada das tecnológicas na

transmissão de conteúdos

Cord cutting e relevância das

plataformas de VoD

Consumo em cross-platform e

off-platform

O consumo de conteúdos audiovisuais

na internet cresceu com as redes sociais

e agora está a verificar-se um número

significativo de aquisições de conteúdo

premium por parte das grandes

empresas tecnológicas. Numa fase

inicial, os conteúdos desportivos estão a

ser os alvos mais cobiçados, mas é

provável que se venham a alargar a

outros tipos de conteúdos transmitidos,

fruto do processo de integração vertical

que está a ocorrer, sobretudo nos EUA.

Algumas destas empresas já lançaram

serviços de VoD (e.g. YouTube TV). A

maior personalização, comodidade e

interatividade destas plataformas atrai

um número crescente de espectadores e

investimento publicitário. A capacidade

de escala do conteúdo é uma vantagem

comparativa face aos canais televisivos.

O cord cutting (redução de subscritores

de serviços de televisão por cabo) é já

uma realidade nos EUA, mas uma

tendência futura que marcará o mercado

na Europa e em Portugal, com a entrada

de novos serviços de VoD.

Apesar da penetração de serviços como

o Amazon Prime, Netflix ou o FoxPlay

ainda permanecer baixa, a sua

notoriedade é cada vez mais elevada.

As gerações mais jovens estão a

aprofundar a deslocação do consumo de

conteúdos audiovisuais da televisão

linear para as plataformas de VoD ao

ponto de se verificar já nos EUA o

fenómeno de cord nevers, que dizem

respeito às pessoas que nunca tiveram

subscrição de televisão por cabo, mas

apenas subscrevem serviços de

streaming de vídeo como o Netflix.

O consumo de conteúdos audiovisuais

está a ser feito num número cada vez

maior de aparelhos eletrónicos e a

utilização de conteúdos cross-plataform

(e.g. app móvel) é uma realidade cada

vez mais presente em programas

televisivos com grandes audiências.

As gerações mais jovens estão a usar

crescentemente não só os smartphones,

mas também as consolas de videojogos

e outros aparelhos de media para

consumir conteúdo audiovisual.

Por outro lado, o alargamento da oferta

passa ainda pela disponibilização de

conteúdos offline, possibilitado pelo

aumento da capacidade de

armazenamento dos dispositivos

eletrónicos. A ligação à internet no

momento do consumo deixou de ser

uma barreira.

Facebook comprou os direitos de

transmissão dos 380 jogos da Liga

Inglesa das épocas 2019 a 2022 para o

Cambodja, Laos, Tailândia e Vietname

por £200m

Amazon adquiriu os direitos de

transmissão do torneio de ténis US Open

no Reino Unido por £30m

Número de obras originais no Facebook

Watch é crescente

Direitos televisivos dos clubes de futebol

portugueses são detidos maioritariamente

pelas duas principais empresas de

telecomunicações portuguesas (NOS e

Altice) Fonte: Anacom (valores relativos ao 3T2017)

Fonte: Nielsen, “The Total Audience Report”, Q2

2012 e Q2 2017

A maior fragmentação na transmissão

de conteúdos traz novos desafios aos

produtores de conteúdos, mas também

novas oportunidades.

A escala da transmissão dos conteúdos

é o elemento mais relevante para as

empresas tecnológicas investirem em

conteúdos originais.

A capacidade de internacionalização do

conteúdo produzido é crítica.

É expectável que o aumento do

consumo dos serviços de VoD venha

retirar força à transmissão televisiva.

A menor audiência tenderá a aumentar a

pressão exercida pelos operadores de

TV sobre os produtores, tanto ao nível

do preço como da qualidade.

Contudo, as exigências de produção

europeia e em língua portuguesa

tendencialmente aplicável aos serviços

de VoD poderá abrir novas

oportunidades.

A fragmentação do tempo gasto pelos

consumidores entre dipositivos de media

é crescente, o que coloca um maior

desafio para os produtores conseguirem

monetizar as suas obras.

Como tal, os produtores têm que ser

capazes de criar conteúdos

multiplataforma (além da simples

visualização multiplataforma), para

aumentar o engagement do consumidor

e, por esta via, aumentar a rentabilidade

do conteúdo.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

AmazonPrime

Netflix FoxPlay Nplay

Notoriedade e subscrição de serviços OTT em Portugal

Notoriedade Subscrição

0

40

80

120

160

200

2-11 12-17 18-24 25-34 35-49 50-64 65+

minMobile ComputadorConsola Outros Multimedia

Aumento do tempo gasto por semana no

consumo de media nos EUA 2012-2017

Page 6: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│5

Maior orientação dos serviços de

VoD para a produção de originais

Direct-to-consumer e

verticalização da cadeia de valor

Novas formas de monetização do

conteúdo e de publicidade

O modelo de negócios dos serviços de

VoD tem um denominador comum:

capacidade de escalar o consumo dos

conteúdos. Se esse fator foi suficiente

para os first movers no mercado, a

entrada de novos serviços está a fazer

com que a qualidade e exclusividade

dos conteúdos presentes nas

plataformas seja a principal proposta de

valor a apresentar ao consumidor.

Nesse sentido, após a expansão

internacional dos principais serviços de

VoD, os players com maior penetração

no mercado como o Netflix estão a

apostar crescentemente na produção de

conteúdos originais e exclusivos.

Paralelamente, está a verificar-se uma

aposta em produções locais, para

responder a questões regulamentares e

especificidades dos consumidores.

Os operadores de televisão deparam-se

com várias plataformas OTT a distribuir

conteúdos de qualidade a preços baixos.

Em resposta, começou a verificar-se

uma tendência de concentração vertical

de produtores e distribuidores de

conteúdos com o objetivo de apresentar

ofertas competitivas. Em Portugal temos

o exemplo da tentativa de aquisição da

Media Capital pela Altice, enquanto a

nível internacional podem ser

referenciados os casos da integração da

21st Century Fox, Disney e Comcast ou

da AT&T e Time Warner.

Em paralelo, alguns produtores estão a

criar as suas plataformas de VoD,

ultrapassando todo o circuito de

distribuição tradicional. Exemplo disso é

o lançamento do HBO Now ou da

Disney+.

A nível global, a televisão já não possui

a fatia mais importante das receitas

publicitárias, tendo sido ultrapassada

pelo digital / internet. Em Portugal, no

entanto, esse cenário ainda não se

verifica.

A diminuição das receitas publicitárias

coexiste com um aumento da exigência

na qualidade dos conteúdos produzidos

(e respetivos custos) e com uma maior

fragmentação do consumo.

Assim, todos os intervenientes na cadeia

de valor têm um desafio de criar novas

fontes de valor para o consumidor

associado aos conteúdos produzidos

tais como merchandising e conteúdos

complementares para redes sociais, mas

também comercializar licenças de

transmissão noutras geografias, entre

outros.

Peso do investimento em originais da

Netflix e Hulu

Fonte: SL Kagan, 2016

+30 p.p. foi o crescimento do share de

audiência nos canais de cabo e outros na

última década (Fonte: Marktest)

103€ é o custo mensal para a subscrição

dos serviços de cabo (tripleplay), canais

premium de séries e desporto e serviços

de VoD disponíveis em Portugal (Fonte:

website dos operadores)

A Netflix está no "caminho certo" para

atingir o objetivo ['guidance'] de 30% do

mercado em Portugal em sete anos

(daqui a 4 anos) (Diretor de Tecnologia e

Comunicação da Netflix para a EMEA em

declarações à Lusa em 2018)Fonte: Omnicom Media Group

A escala internacional dos serviços de

VoD pode contribuir para o crescimento

do setor de conteúdos audiovisual

europeu e, também, português, de forma

mais ou menos repentina, tendo em

conta a evolução da regulamentação

europeia.

Obras como “Narcos” ou “La Casa de

Papel” (exclusivos Netflix) são sucessos

recentes à escala internacional

produzidos em países com menor

tradição na produção de séries.

O impacto sobre a produção audiovisual

independente é incerto e existe uma

maior probabilidade de acontecerem

novas tentativas de concentração

vertical na Europa e em Portugal.

No entanto, um maior achatamento da

cadeia de valor pode permitir aos

produtores aproximarem-se dos

consumidores e aceder a informação

importante sobre o seu perfil, o que pode

ser utilizado subsequentemente no

desenvolvimento de novas obras.

Os orçamentos cada vez mais apertados

na produção para televisão têm

direcionado a produção de obras

nacionais para géneros com maior

extensão (como telenovelas com mais

do que uma temporada).

O product placement, a criação de

conteúdos em redes sociais ou a

comercialização de merchandising estão

a ser as ferramentas mais utilizadas

para aumentar o engagement e

aumentar a rentabilidade dos projetos.

16%

29%Netflix

2020 2016

3%10%

hulu

2020 2016

52%

56% 54%

2%

12%

20%

€908,3m

€473,5m

€570,7m

2007 2013 2017

Evolução do mercado publicitário por meio em Portugal

Cinema

Imprensa

Rádio

Outdoor

Internet

Televisão

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6 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

Grandes números do setor em

PortugalSetor de produção audiovisual

(CAE 5911)

Número de

Empresas

Empresas cuja atividade principal se insere na

CAE 5911: produção de filmes e outras

produções audiovisuais destinados a ser

projetados em salas de cinema ou a ser

difundidos em televisão. Empresas da restante

cadeia de valor inseridas nas atividades

identificadas na página seguinte.

1.911empresas

Pessoal

ao Serviço

Pessoas que participaram na atividade da

empresa, ligadas por um contrato de trabalho,

proprietários-gerentes, familiares não

remunerados. Não estão incluídos os

profissionais liberais que prestam serviços às

empresas numa base não recorrente.

3.719trabalhadores

Volume de

Negócios

Quantia líquida das vendas e prestações de

serviços respeitantes às atividades normais

das entidades, consequentemente após as

reduções em vendas e não incluindo nem o

IVA nem outros impostos diretamente

relacionados com as vendas e prestações de

serviços.

355,6milhões de euros

Valor Acrescentado

Bruto

Valor bruto da produção (incluindo subsídios à

exploração, variação dos inventários de

produção, trabalhos para a própria empresa)

deduzido do custo das matérias-primas e de

outros consumos no processo produtivo, tais

como os fornecimentos e serviços externos.

93,8milhões de euros

Gastos

com Pessoal

Gastos com pessoas ligadas por um contrato

de trabalho e proprietários-gerentes, registado

como tal na contabilidade da empresa,

incluindo encargos sociais.

57,3milhões de euros

Excedente Bruto de

Exploração

Diferença entre, por um lado, o valor

acrescentado bruto e por outro, os custos com

o pessoal e os impostos sobre produtos

líquidos de subsídios. Sintetiza a totalidade do

valor afeto à remuneração do fator capital.

47,7milhões de euros

Resultado

Líquido

Resultado líquido do exercício das empresas,

após o apuramento dos impostos sobre o

rendimento das sociedades ou empresas em

nome individual.

n.d.milhões de euros

Formação Bruta de

Capital Fixo

Engloba as aquisições líquidas de cessões de

ativos fixos e determinadas mais valias dos

ativos não produzidos através da atividade

produtiva da empresa. Os ativos fixos são

ativos corpóreos ou incorpóreos utilizados, de

forma repetida ou continuada, em processos

de produção.

26,7milhões de euros

1 446 1 498 1 685 1 847 1 911

2013 2014 2015 2016 2017

7,2%

+3,5%

TCMA Variação

2016-2017

3 007 3 172 3 476 3 607 3 719

2013 2014 2015 2016 2017

5,5%

+3,1%

275,2 324,4 323,8 331,0 355,6

2013 2014 2015 2016 2017

6,6%

+7,4%

77,3 86,4 88,6 88,3 93,8

2013 2014 2015 2016 2017

4,9%

+6,2%

48,9 51,6 52,5 54,5 57,3

2013 2014 2015 2016 2017

4,0%

+5,2%

33,241,3 43,3 43,2 47,7

2013 2014 2015 2016 2017

9,5%

+10,4%

-5,1

5,710,6 9,5

n.d.

2013 2014 2015 2016 2017

n.d.

n.d.

8,617,9 19,4 22,6

26,7

2013 2014 2015 2016 2017

32,8%

+18,5%

TCMA = taxa de crescimento média anual

Fonte: INE

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│7

Restante cadeia de valor(CAE 5912, 5913, 5914 e 6020)

Cadeia de valor

Produção de filmes, de vídeos e de

programas de televisão

(CAE 5911)

Atividades técnicas de pós-

produção

(CAE 5912)

Distribuição de filmes, de vídeos e

de programas de televisão

(CAE 5913)

Atividades de televisão

(CAE 6020)

Projeção de filme e de vídeos

(CAE 5914)

Em 2017 existiam 1.911 empresas

registadas com CAE principal “Produção

de filmes, de vídeos e de programas de

televisão”, sendo a esmagadora maioria

microempresas. Existe apenas uma

empresa produtora não independente para

televisão, e uma série restrita de

empresas com produção independente

assídua e relevante para televisão.

O setor emprega mais de 3.700 pessoas

(excluindo a contratação de trabalhadores

independentes, a recibos-verdes).

Registou um volume de negócios de

€355m, do qual resulta um valor

acrescentado bruto de €94m.

No ano de 2017, o setor continuou o

período de recuperação económica

vivenciado desde 2013, tanto em termos

de volume de atividade como ao nível dos

resultados económicos. Embora o valor

dos resultados líquidos ainda não esteja

disponível, o excedente bruto de

exploração sinaliza essa recuperação.

O investimento em capital fixo e a criação

de postos de trabalho (incluindo o

crescimento dos gastos com pessoal)

mantiveram a sua trajetória ascendente, o

que demonstra o otimismo dos

empresários do setor em relação à

atividade no futuro.

Estas perspetivas são confirmadas pelos

resultados do Barómetro do Setor, no qual

se identifica uma evolução positiva da

atividade em 2017 e renovadas

expectativas otimistas para 2019.

482449 460 474

511

2013 2014 2015 2016 2017

1,5%

+3,5%

3 204 3 1344 246 4 240 4 146

2013 2014 2015 2016 2017

6,7%

-2,2%

657,0 664,4815,8 848,2 874,4

2013 2014 2015 2016 2017

7,4%

+3,1%

288,1 268,5338,1 359,6 383,3

2013 2014 2015 2016 2017

7,4%

+6,6%

84,7 85,4119,5 118,6 121,5

2013 2014 2015 2016 2017

9,4%

+2,5%

202,9 182,8 218,2 240,7 261,7

2013 2014 2015 2016 2017

6,6%

+8,7%

25,7

-34,4

40,1

75,6

n.d.

2013 2014 2015 2016 2017

n.d.

n.d.

103,1127,9 138,2 147,3 150,9

2013 2014 2015 2016 2017

10,0%

+2,4%

Núm

ero

de

Em

pre

sas

Pessoal

ao s

erv

iço

Volu

me d

e

negócio

s

Valo

r acre

scenta

do

bru

to

Gasto

s c

om

pessoal

Excedente

bru

to d

e

explo

ração

Resultado

líquid

oF

orm

ação b

ruta

de

capital fixo

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8 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

A partir da classificação de empresas

efetuada no Estudo Estratégico da

Produção de Conteúdos Audiovisuais em

Portugal, conclui-se que mais de metade

do volume de negócios gerado em 2017

resultou da atividade de produtores

independentes. Destes produtores

independentes, cerca de 80% dedicam-se

maioritariamente à produção de obras

transmitidas em televisão.

A relevância dos outros fornecedores de

meios técnicos e serviços é influenciada

pela empresa Media-Luso que, além da

produção de conteúdos desportivos tem

uma atividade relevante no fornecimento

de meio técnicos.

Uma vez que o esforço de classificação

das empresas privilegiou as empresas de

maior dimensão e as que produzem obras

para televisão, uma parte significativa das

empresas da CAE 5911 não foram

classificadas. No entanto, é possível

afirmar que uma parte significativa das

empresas não classificadas dizem

respeito a empresas de comunicação que

não se dedicam à produção de obras nem

de cinema nem de televisão.

A APIT é a associação representativa das

empresas de produção audiovisual

independente para televisão, as quais

representam cerca de 29% do setor de

produção audiovisual.

No entanto, analisando apenas as

empresas classificadas como

produtoras independentes

maioritariamente para televisão, as

empresas associadas da APIT

representam cerca de 94% do volume

de negócios, o que demonstra a sua

relevância no setor.

Produtores independentes de

televisão

Relevância dos produtores independentes no âmbito das empresas cuja atividade principal se enquadra na

“Produção de filmes, de vídeos e de programas de televisão” (CAE 5911) | 2017

29%

7%

1%6% 5%

21%

31%

14%

5%0% 2% 1%

4%

74%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Produtorindependente

de TV

Produtornão independente

de TV

Produtor decinema

Produtor depublicidade

Operadorde TV*

Outros fornecedoresde meios técnicos

e serviços*

nãoclassificados

Volume de negócios Emprego

94%Volume de negócios gerado pelos produtores independentes de televisão

associados da APIT no total dos produtores independentes de televisão

* - a empresa Media-Luso foi classificada como “outro fornecedor de meios técnicos e serviços”, sendo a empresa mais representativa dessa categoria; enquanto a Fox

Networks Group Portugal foi classificada como “operador de TV” por ter um baixo nível de produção em Portugal.

As empresa com período de reporte das contas diferente do ano civil considera-se o ano do final do período de reporte (e.g. reporte entre 01/07/2016 e 30/06/2017, é

considerado como reporte para o ano 2017).

Fonte: Sabi e INE

Page 10: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│9

262369 375 383

458

2013 2014 2015 2016 2017

Nº de Trabalhadores

15,0%

A recuperação registada pelas empresas

associadas da APIT* no ano de 2014 não

conheceu uma continuidade nos anos

subsequentes, pelos menos com o

mesmo fulgor. Em 2015, a faturação das

empresas voltou a cair com significado,

mas nos últimos três anos tem-se

verificado um incremento consistente do

volume de atividade.

O vínculo entre os produtores

independentes e os recursos humanos

está a aprofundar-se. De facto, o número

de trabalhadores aumentou a uma taxa

média de 15% por ano entre 2013 e 2017.

Este resultado é explicado, por um lado,

pela recuperação da atividade e, por outro

lado, pelo maior nível de contratos por

conta de outrem realizados em

substituição das contratações de

trabalhadores independentes.

As exportações das empresas associadas

da APIT quase duplicou nos últimos 5

anos, mas partindo de um nível muito

baixo. Com efeito, em 2017, a intensidade

exportadora global não ultrapassou os

5%.

Contudo, em termos de resultados

operacionais, verificou-se alguma

oscilação entre os 6,9 milhões de euros e

os 8,7 milhões de euros, com uma

tendência descendente, decorrente das

dificuldades que o principais canais

generalistas (e principais clientes dos

produtores independentes) têm tido no

seu processo de recuperação da crise.

Evolução da atividade, do emprego, das exportações e dos resultados das empresas associadas da APIT nos

últimos 5 anos

8,77,3 8,5

6,9 7,6

2013 2014 2015 2016 2017

EBITDA (€m)

-3,2%

2,53,9

2,8

4,5 4,5

2013 2014 2015 2016 2017

Exportações (€m)

15,4%

79,299,1 85,4 90,1 97,1

2013 2014 2015 2016 2017

Volume de negócios (€m)

5,2%

* - foram consideradas na análise as empresas atualmente associadas da APIT com informação disponível na base de dados da fonte utilizada.

As empresa com período de reporte das contas diferente do ano civil considera-se o ano do final do período de reporte (e.g. reporte entre 01/07/2016 e 30/06/2017, é

considerado como reporte para o ano 2017).

Fonte: Sabi

Page 11: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

10 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

Comparação com países europeus

de referência

Portugal representa apenas uma pequena

parte do setor de produção audiovisual

europeu. Segundo dados do último ano

disponível do Eurostat (2016), o volume

de negócios das empresas portuguesas

cuja atividade principal é a “Produção de

filmes, de vídeos e de programas de

televisão” foi 0,8% do total da UE28. Este

resultado é explicado pela dimensão do

mercado doméstico e pela reduzida

internacionalização da produção nacional.

No entanto, olhando para a relevância das

atividades de produção na cadeia de valor

do audiovisual, Portugal é um dos países

onde esta atividade tem maior peso.

Portugal é um dos países em que a

dimensão média das empresas é mais

reduzida, mas onde o número de horas de

produção de ficção é mais elevada. Por

outro lado, a elevada taxa de investimento

resulta da recuperação da atividade no

mercado português.

Existe uma clara orientação das

empresas portuguesas para obras de

ficção de longa duração, não só pela

maior preferência do consumidor

português para este formato, mas

também como forma de rentabilizar as

produções em território nacional.

França, Reino Unidos e Dinamarca são os

países com valores globalmente mais

positivos em termos de produtividade e

rentabilidade operacional.

1 847

5 676

16 439

4 177

5 983

18 869

6 670

1 768

926

5 908

1 607

Portugal

Espanha

França

Itália

Alemanha

Reino Unido

Suécia

Dinamarca

Finlândia

Polónia

Roménia

Número de empresas

3 607

19 669

48 085

13 917

33 918

76 526

8 480

5 146

3 135

8 531

4 056

Pessoal ao serviço

331

1 944

5 918

2 149

5 499

14 914

1 923

833

278

823

169

Volume de negócios

98

989

4 168

1 026

2 188

6 110

420

434

136

202

56

VAB

Caracterização geral do setor de produção audiovisual nos países europeus de referência para a análise de

benchmarking para o ano de 2016

Nota: valores relativos ao ano de 2016, último disponível à data de publicação deste relatório

Fonte: Eurostat

Número médio anual de horas de ficção televisiva produzidas e número de médio de horas produzidas por ano

e por obra na EU | 2015-2016

1 1361 509

568 472 1892 156 675

101709

103

3921 12 11 6 6 5 5 12

Portugal Espanha Polónia Itália Finlândia Alemanha Reino Unido Suécia França EU28

Nº médio anual de horas de ficção produzidas Nº médio de horas de produção por ano e por obra

Fonte: European Audiovisual Observatory (2017, “TV Fiction Production in the European Union”

Page 12: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│11

28%20%

26%20%

28%33%

73%

39%

26%19% 23%

31%

1%13%

7%

2%

3%

5%

5%

2%

2%

2%3%

5%9%11% 12%

11%

10%

20%

12%

9%

8% 17% 8%

13%8%

7% 7%

7%

8%

5%10%

9%

11% 7%9%

7%

54%49% 47%

60%51%

38%46%

41%

53% 54% 57%

44%

Portugal Espanha França Itália Alemanha ReinoUnido

Suécia Dinamarca Finlândia Polónia Roménia UE28

Produção Pós-produção Distribuição Projeção Atividades de televisão

Peso das atividades de produção de conteúdos no total da cadeia de valor dos conteúdos audiovisuais para

televisão (incluindo atividade de transmissão televisiva) nos países europeus de referência

Nota: valores relativos ao ano de 2016, último disponível à data de publicação deste relatório

Fonte: Eurostat

Comparação das características de competitividade das empresas do setor da produção de conteúdos

audiovisuais nacional face a outros países europeus de referência

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

0% 5% 10% 15% 20% 25%

Dimensão média(nº trabalhadores por empresa)

Produtividade

ajustada(VAB / Gastos pessoal)

Intensidade de

criação de valor(VAB / Volume de negócios)

Resultados

operacionais brutos(Excedente bruto de exploração /

Volume de negócios)

Taxa de

investimento(Formação bruta de capital fixo /

VAB)

Legenda:

Portugal Espanha França Itália Alemanha Reino Unido Suécia Dinamarca Finlândia Polónia Roménia UE28

Page 13: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

12 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

Apoios financeiros aos projetos

do setorA produção de conteúdos audiovisuais em

Portugal dispõe de um quadro restritivo de

apoios. Em 2017, os apoios concedidos

pelo ICA para o setor audiovisual de

televisão foram de €3,3m, apenas 3,5%

do VAB gerado pelo setor nesse ano.

Atendendo à procura verificada (€15,8m),

as necessidades do setor estão longe de

ser satisfeitas.

Em 2018, o montante atribuído foi mais

baixo, porque alguns concursos abertos

ainda estão a decorrer.

O peso dos apoios direcionados para os

instrumentos audiovisuais tem estado

próximo dos 20% do total dos apoios

concedidos pelo ICA, cumprindo as regras

de consignação da receita do ICA ao

apoio à produção audiovisual e

multimédia definida no Artigo 13.º, nº 3 da

Lei nº 55/2012. No entanto, não se verifica

qualquer aumento gradual até ao limite de

30% como previsto no nº 4 do Artigo 13.º

do mesmo diploma.

A maior parte da procura e dos fundos do

ICA para o audiovisual foram concedidos

nos instrumentos dedicados à produção

de obras audiovisuais e multimédia.

A ficção e os telefilmes são os tipos de

projetos com maior relevo nos apoios

concedidos nas medidas de apoio à

produção audiovisual do ICA, enquanto os

apoios nas medidas de escrita e

desenvolvimento e de inovação foram

distribuídos de forma mais equitativa

pelos diferentes géneros.

Apoios financeiros concedidos pelo ICA nas medidas de apoio ao audiovisual e multimédia

Relevância dos apoios

ao setor audiovisual

Apoios concedidos nas medidas

direcionadas para o audiovisual 2017

Taxa de sucesso nas medidas

de apoio ao audiovisual 2017

Escrita e

desenvol.

4

€0,45m

Inovação

8

€0,35m

Produção

de obras

14

€2,5m

Nº de projetos Montante concedido

Géneros das obras apoiadas nas medidas

direcionadas para o audiovisual 2017

Operadores de TV envolvidos nos projetos

de produção de obras audiovisuais e

multimédia 2017

43%

18%

10%

4%

5%

19%

Montantesolicitado

RTP NOS L. TV SIC

Cinemundo Meo Consórcios

Outros

31%26%

23%

14%

12%

46%

26%

58%

23%

11%

23%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Escrita eDesenvolvimento

Inovação Produção deObras

Unitários Telefilme

Unitários Especial Animação

Unitários Documentário

Séries Ficção

Séries Documentário

Séries Animação

15%

32%

26%

Escrita edesenvolv.

Inovação Produçãode obras

Nº de projetos

€.2,9m

€.3,4m€.3,8m

€.3,3m

€.0,5m

20% 19%20%

18%

5%

2014 2015 2016 2017 2018

Montante Atribuído Peso nos apoios do ICA

Fonte: ICA

Page 14: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│13

32% 31% 29% 27% 26%

18%19% 18%

16% 16%

13%

20%

16%17%

18%

13%

13%13% 20%

18%7%

8%6%

8% 8%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

2014 2015 2016 2017 2018

€m

Evolução dos apoios do Subprograma Media por medida específica Video-GamesDevelopment Support

On-line Distribution

Market Access Support

Film Education

Festivals Support

Coproduction Funds

Capacity Building/TrainingSupport

Audience Development

TV Programming Support

Análise dos apoios financeiros concedidos no Programa Europa Criativa – Subprograma Media

entre 2014 e 2018

1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

França Reino Unido Suécia Dinamarca Alemanha Noruega Bélgica Itália Islândia Espanha Outros Portugal

€m

Apoios Concedidos Nº projetos coordenados Nº projetos em que participa

O Subprograma Media do Programa

Europa Criativa é o principal mecanismo

de apoio ao desenvolvimento e produção

de obras audiovisuais independentes

europeias, promovidas em consórcio com

vários Estados-Membro. No entanto, essa

obrigatoriedade de coprodução parece

estar a inibir as empresas portuguesas de

participar nos concursos lançados desde

2014.

De facto, dos projetos apoiados na

medida “TV Programming Support” desde

2014, apenas um contou com a

participação de uma empresa portuguesa.

França, Reino Unido, Suécia e Dinamarca

são os países que melhor capitalizaram

até ao momento estes apoios, muitas das

vezes como coordenadores dos projetos

apoiados.

Verifica-se uma participação

insignificante de produtores

portugueses nos projetos apoiados na

medida de “TV Programming Support”.

Analisando o montante solicitado e o

montante concedido, verifica-se que a

taxa de sucesso não difere muito dos

níveis de sucesso nos concursos

nacionais lançados pelo ICA.

Fonte: Programa Europa Criativa

Page 15: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

14 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

Alterações regulamentares com

impacto no setor

No ano de 2018 foram introduzidas

alterações ao quadro regulamentar com

impacto no setor de produção audiovisual

português, em particular ao nível fiscal,

com a revogação do benefício fiscal

existente e a sua substituição por um

regime tendencialmente mais favorável

(Fundo de Apoio ao Turismo e ao

Cinema).

No entanto, as atenções estão viradas

para a revisão da Diretiva “Serviços de

Comunicação Social Audiovisual” (AVMS),

que, tendo em conta os desenvolvimentos

ao longo do processo de revisão, poderá

ter um impacto significativo na

organização e funcionamento da cadeia

de valor do audiovisual na Europa.

As alterações introduzidas no regime do

trabalho independente em Portugal, que

entram em vigor em 2019, terão impacto

nos custos da contratação de pessoal por

parte das empresas produtoras, na

medida em que a atividade não regular

(ou por projeto) exige que muitas das

relações laborais no setor audiovisual caia

neste regime.

Fundo de Apoio ao

Turismo e ao Cinema

Em 2018 foi lançado o Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema (Decreto-Lei

n.º 45/2018), com um capital inicial de €30m (podendo ser aumentado até €50m), revogando o

benefício fiscal existente, com o objetivo de o substituir por um novo regime, que se espera

mais favorável, através da implementação de um sistema de reembolso de despesas de

produção (cash-rebate). As empresas beneficiárias têm agora a possibilidade de obter apoio

financeiro para obras produzidas total ou parcialmente em Portugal, podendo o mesmo variar

entre 25% a 30% do total das despesas elegíveis (pagamento de remunerações ao pessoal

afeto à produção, honorários pagos a prestadores de serviços, compra de materiais,

equipamentos e serviços fornecidos por empresas). O reforço deste regime de incentivos

segue a tendência verificada em outros países europeus.

Novo regime

contributivo para os

trabalhadores

independentes

Em 2019 começam a ser aplicadas alterações significativas na forma contributiva dos

trabalhadores independentes com impacto não só nos próprios prestadores de serviço, mas

também nas empresas contratantes. Além das alterações em matéria de declaração (que

passa a ser trimestral), da obrigatoriedade dos trabalhadores que acumulem rendimentos de

trabalho dependente em contribuir a partir de certo montante de rendimento recebido do

trabalho independente, e das alterações das taxas contributivas, também as contribuições das

empresas que representarem mais de 80% do rendimento total de um trabalhador

independente subirá de 5% para 10%, tendo-se adicionado um novo escalão contributivo para

as empresas que representarem mais de 50% no total dos rendimentos do trabalhador

independente (7%).

Page 16: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│15

Um dos principais desafios do setor

audiovisual a nível europeu prende-se

com as diferenças de enquadramento

regulatório nos vários Estados-Membros.

A ERC sustenta que existem cerca de 300

canais estrangeiros a emitir para Portugal

sem qualquer supervisão. Por essa razão

não estão sob a alçada do

enquadramento regulatório português,

criando desigualdades no mercado, na

medida em que não estão obrigados a

cumprir as obrigações de apoio ao cinema

e audiovisual português ou quotas de

produção europeia e independente

transmitida, bem como os requisitos

legais em matéria de publicidade e

patrocínios.

Por outro lado, as novas formas de

produção e consumo de conteúdos

audiovisuais através de plataformas de

VoD e de partilha de vídeos

(convergência de meios audiovisuais)

torna a atual regulamentação obsoleta,

não só ao nível no controlo e proteção

dos direitos de autor, mas também do

cumprimento das quotas de produção

europeia e independente.

A revisão da Diretiva “Serviços de

Comunicação Social Audiovisual”

(AVMSD) pretende introduzir alterações

relevantes no sentido de responder

principalmente a estes dois desafios

(harmonização e convergência de meios).

A Diretiva Revista criará condições mais

equitativas para a promoção de obras

europeias ao obrigar os serviços de VoD

a reservar uma percentagem de pelo

menos 30% para obras europeias nos

seus catálogos e a atribuir-lhes uma

posição de relevo adequada (artigo 13.º,

n.º 1).

O artigo 13.º, n.º 2, permitirá ainda que os

Estados-Membros imponham

contribuições financeiras (investimentos

diretos ou taxas destinadas a fundos

nacionais) aos serviços de VoD sob a sua

jurisdição, bem como, em certas

condições, aos estabelecidos noutro

Estado-Membro mas que visam os seus

públicos nacionais. O mesmo ponto abre

ainda a possibilidade de alargar estas

obrigações de investimento aos

fornecedores de serviços de comunicação

social que visem audiências situadas no

território do Estado-membro, isto é, os

canais estrangeiros presentes nos

pacotes de televisão por cabo.

Contudo, excluem-se as empresas com

um baixo volume de negócios ou baixas

audiências nesse mercado.

Em 2018, aproveitando o momento de

revisão da AVMSD, a EY, a pedido da

APIT, desenvolveu um estudo de

identificação e sustentação de propostas

legislativas e regulamentares com

impacto no setor audiovisual.

O estudo pretende contribuir para uma

revisão da regulamentação nacional do

setor audiovisual mais sustentada e

informada por parte do legislador

nacional, quando se iniciarem os

trabalhos para a transposição da revisão

da AVMSD para Portugal.

Estando em linha com as orientações

decorrentes no processo de revisão da

AVMSD, o estudo da EY dá ênfase a

outras medidas tais como a melhoria dos

mecanismos de cumprimento das quotas

de emissão de obras de produção

independente, bem como o seu

incremento, a reformulação dos incentivos

fiscais à produção de obras de cinema e

audiovisuais e o aumento da proporção

do audiovisual e multimédia nos apoios

concedidos pelo ICA.

Revisão da Diretiva “Serviços de Comunicação Social Audiovisual”

Page 17: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

Barómetro do Setor da

Produção Audiovisual

em Portugal

Capítulo 2

Page 18: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│17

Caracterização e elementos diferenciadores

O setor de produção de conteúdos audiovisuais, maioritariamente composto por produtores independentes, ainda está pouco

focado no desenvolvimento de conteúdos para multiplataforma e na resposta às novas formas de consumo. Por outro lado, apesar

da fase de transformação que o setor vive, são poucas as empresas recetoras de apoios públicos à inovação. Acresce neste setor

a forte dependência das empresas em relação a um número muito restrito de clientes.

43% 46% 57%das empresas produz conteúdos

para multiplataforma

das empresas não receberam

apoios públicos nos últimos 12

meses

das empresas teve um cliente

com um peso superior a 75% no

seu volume de negócios

Ambiente competitivo e de negócios

Os últimos 12 meses não foram particularmente positivos para o setor da produção de conteúdos audiovisuais em Portugal: um

número significativo de empresas que o integram, incluindo as mais importantes, reportaram uma estagnação ou mesmo

contração da atividade. A procura dos mercados internacionais foi particularmente bem vinda, dada a contração do mercado

doméstico, e os sinais dados pelos empresários em termos de investimento em capital humano e capital fixo são positivos.

52% 43% 48%das empresas reduziu o volume

de negócios nos últimos 12

meses

das empresas aumentou o

número de trabalhadores com

contrato por conta de outrem

das empresas considera que o

nível de procura no mercado

doméstico caiu nos últimos 12

meses

Estratégia e outlook

As novas formas de consumo de conteúdos audiovisuais são vistas por alguns produtores como oportunidades de negócio,

embora os empresários temam que as principais tendências de transformação tenham um impacto negativo na atividade. A

inovação e a cooperação assumem um papel preponderante nas estratégias das empresas. As perspetivas para o próximo ano

são positivas, corroborando a tendência de aceleração nas contratações de trabalhadores.

20% 56% 70%das empresas espera que o

aumento do consumo em

multiplataforma terá impacto

positivo na sua atividade

das empresas considera que a

inovação de produto ou formato

e as parcerias são cruciais na

sua estratégia

das empresas espera aumentar

o volume de negócios

internacional nos próximos 12

meses

Key findings

Page 19: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

18 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

Menos de metade das empresas de audiovisual realiza produção para

multiplataforma e são poucas as que estão integradas verticalmente

A produção de conteúdos audiovisuais para televisão é a atividade core das empresas inquiridas, sendo a que gera a maior parte

da sua faturação. Ainda assim, 43% das empresas, principalmente de pequena dimensão, afirma estar presente no mercado dos

conteúdos para cinema. A produção multiplataforma é uma realidade em algumas empresas mas não é fenómeno generalizado.

Os resultados deste barómetro setorial, como melhor explicado na página 26, resultaram de respostas de empresas com

características muito distintas. Com efeito, para melhor refletir a realidade dos setor, em algumas questões, as respostas foram

ponderadas pela dimensão da empresa, estando em cada gráfico identificado a metodologia adotada.

Que atividades são desenvolvidas pela empresa?Qual é a atividade principal da empresa em termos

de faturação, tendo em conta os últimos 12 meses?

Quando questionadas sobre os três géneros mais relevantes nos projetos desenvolvidos no último ano, a ficção de curta duração

foi o género selecionado com mais frequência, seguido do entretenimento e da cultura e conhecimento. No entanto, ponderando a

dimensão das empresas, o género ficção de longa duração (telenovela) e entretenimento ganham bastante relevância.

Quais os principais géneros em que a empresa desenvolveu projetos durante os últimos 12 meses?

Atividades desenvolvidas pelas

empresas e géneros das obras

Q: Q:

93%

43%

43%

39%

39%

14%

11%

4%

18%

98%

24%

25%

18%

35%

9%

10%

1%

20%

Produção para televisão

Produção para multiplataforma

Produção para cinema

Produção para publicidade

Pós-produção

Aluguer de equipamentos

Distribuição

Projeção

Atividades de televisão

Não ponderado

Ponderado

91%

Produção para televisão

Produção multiplataforma

Produção para cinema

Produção para publicidade

Atividades de televisão

NS/NR(respostas ponderadas pela

dimensão das empresas)

42%

50%

4%

35%

19%

4%8%

4%

54%

35%

24%22%

13%

2% 1% 0%

Entretenimento Ficção de curtaduração

Ficção de longaduração

Cultural /conhecimento

Informativo Infantil / juvenil Institucional /religioso

Desportivo

Não ponderado

Ponderado

Q:

Nota: soma dos valores superior a 100%, na medida em que cada empresa poderá ter mais do que um género principal. Por exemplo, se a empresa produziu 50% de obras de entretenimento e

40% de obras de ficção de longa duração, a empresa considera esses dois géneros como principais.

Page 20: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│19

Cerca de metade das empresas produtoras de conteúdos audiovisuais

não recebeu qualquer apoio público nos últimos 12 meses

Quase metade das empresas inquiridas afirmou não ter recebido qualquer apoio à produção nos últimos 12 meses. As empresas

que os receberam, captaram os fundos maioritariamente junto do ICA (73%), enquanto um terço angariou fundos provenientes de

Câmaras Municipais. Apenas uma empresa afirmou ter recebido apoios do Programa Europa Criativa.

Que apoios obteve nos últimos 12 meses?

Apoios recebidos nos últimos

meses

Q:

73%

13%

33%

20%

52%

33%28%

2%

ICA Turismo CâmarasMunicipais

Outrosorganismos

públicos

Não ponderado

Ponderado

Sim54%

Não46%

(respostas não ponderadas pela

dimensão das empresas)

Page 21: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

20 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

As empresas do setor estão focadas no mercado doméstico e ainda são

poucas as que se aventuram nos mercados internacionais

Três quartos das empresas inquiridas registaram um peso das exportações no volume de negócios muito reduzido ou inexistente

nos últimos 12 meses, incluindo as empresas mais relevantes do setor. No entanto, 3 pequenas empresas apresentaram uma

intensidade exportadora superior a 50%, sobretudo concentrada nos mercados de Espanha e França.

Qual a intensidade exportadora da empresa nos últimos 12 meses?

O reduzido número de empresas exportadoras reflete-se numa baixa diversificação dos mercados geográficos, embora se tenham

registado vendas em três continentes. No entanto, é mais frequente as empresas explorarem oportunidades em mercados

próximos geográfica e culturalmente, como Espanha, França e Itália.

Principais mercados de exportação

Exportações e principais mercados

internacionais

Q:

46%

39%

4%

0%

11%

30%

67%

1%

0%

2%

Sem exportações

Menos de 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 50%

Mais do que 50%Não ponderado

Ponderado

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│21

Dependência de clientes chave é uma realidade bem presente no setor,

mesmo para as empresas de maior dimensão

Quase metade das empresas tem um cliente com um peso superior a 75% da sua faturação total. O facto de 4 das 6 maiores

empresas estarem nessa situação, torna o resultado das respostas ponderadas pela dimensão ainda mais significativo. A essas

empresas, podem juntar-se mais 28% das empresas em que a relevância dos dois principais clientes é superior a 50% do volume

de negócios nos últimos 12 meses.

Quantos clientes representaram mais de 25% do

total da faturação da empresa ao longo dos últimos

12 meses?

Algum cliente representou mais de 75% da

faturação da empresa nos últimos 12 meses?

Situação da carteira de clientes

Q: Q:

Nenhum cliente

4%

Um cliente65%

Dois clientes

28%

Três clientes

4%

(respostas ponderadas

pela dimensão das empresas)

57% Sim

43% Não

(respostas ponderadas

pela dimensão das empresas)

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Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

Embora uma parte relevante das empresas tenha aumentado as

contratações com vínculo mais duradouro, a atividade no setor contraiu

As respostas dos empresários não evidenciam uma tendência clara em nenhum dos indicadores analisados na sua evolução

recente, incluindo no grupo das empresas de maior dimensão. Cerca de metade das empresas viu a atividade reduzir-se, com

impacto similar ao nível dos lucros. Ao nível do pessoal, verificou-se um efeito de “substituição” dos vínculos de trabalho do regime

de prestação de serviços para contratos por conta de outrem.

Qual a variação ocorrida nos últimos 12 meses nas seguintes variáveis?

Nº de

respostas

Volume de negócios total 26

Volume de negócios internacional 17

Nº de clientes 28

Nº de trabalhadores da empresa com

contrato por conta de outrem27

N.º de colaboradores da empresa em

regime de prestação de serviços26

Investimento em capital fixo

(instalações, equipamentos)28

Rentabilidade / resultados 26

A opinião sobre o nível de procura no mercado doméstico não foi particularmente positiva, registando-se uma evolução mais

favorável em relação à procura vinda dos mercados internacionais. Já a disponibilidade de pessoal no mercado de trabalho terá

aumentado, enquanto os apoios financeiros e fiscais orientados para as empresas do setor registaram uma estagnação.

Como evoluiu o contexto onde a empresa atua em relação às seguintes variáveis?

Nível de procura no mercado

doméstico

Nível de procura nos

mercados internacionais

Disponibilidade de pessoal no

mercado de trabalho

Apoios financeiros e fiscais

(ICA e outros)

Aumentou Manteve-se Reduziu

Apreciação da evolução do setor no

passado recente

Q:

Q:

52%

15%

33%

4%

46%

22%

50%

41%

70%

64%

53%

34%

66%

36%

7%

15%

3%

43%

20%

12%

14%

Reduziu Manteve-se Aumentou(respostas ponderadas pela dimensão das empresas)

13%

48%

44%

21%

29%

19%

21%

21%

(respostas ponderadas pela dimensão das empresas)

Page 24: Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal · anuário com a apresentação das principais tendências no setor audiovisual mundial (não exaustivo). O setor de produção

│23

A novidade e incerteza do processo de transformação no mercado dos

conteúdos audiovisuais é vista com pessimismo pelos produtores

A visão dos empresários do setor, especialmente nas empresas de maior dimensão, sobre o impacto das tendências de

transformação do consumo de conteúdos audiovisuais na sua atividade é negativa. Quase dois terços das empresas consideram

que as redes sociais são verdadeiras ameaças. No entanto, o consumo multiplataforma é visto como uma oportunidade para 20%

das empresas. Pensa-se que a integração vertical no setor (em operações como a aquisição do Grupo Media Capital pela Altice,

que acabou por fracassar), terá um impacto menos relevante em comparação com as restantes tendências analisadas.

Qual o impacto das tendências na atividade da empresa?

Nº de

respostas

Aumento do consumo de VoD 26

Aumento do consumo de conteúdos

audiovisuais OTT (via internet)17

Aumento do consumo de conteúdos

multiplataforma28

Redes sociais como transmissores

exclusivos de conteúdos audiovisuais27

Integração vertical no setor (e.g.

empresas de telecomunicações

adquirirem operadores, produtores, etc.)

26

Principais tendências com impacto

no setor

Q:

37%

48%

50%

59%

16%

60%

43%

30%

36%

69%

6%

18%

13%

Muito negativo Negativo Neutro Positivo Muito positivo

(respostas ponderadas pela dimensão das empresas)

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24 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

Inovação dos conteúdos e estabelecimento de parcerias são domínios

estratégicos relevantes para responder aos novos desafios de consumo

Os empresários do setor estão bem cientes da importância que a inovação (em produtos e formatos) e a cooperação têm para o

sucesso no mercado: praticamente todos os inquiridos afirmaram incorporá-los nas suas estratégias. Em contrapartida, a adoção

de novas tecnologias de produção é, neste momento, pouco relevante para as empresas, que se encontram atualizadas nesta

vertente. Por outro lado, a internacionalização é uma vertente estratégica para 74% das empresas, e assume especial relevância

para as de menor dimensão. Já o crescimento ou consolidação via operações de fusão ou aquisição não é uma das prioridades das

empresas do setor, embora metade das empresas as considerem na sua estratégia.

Qual o grau de relevância dos domínios na estratégia da empresa?

Nº de

respostas

Aposta em novos produtos / serviços /

formatos27

Aposta na internacionalização 26

Aposta em novos segmentos de mercado 27

Aquisição / adoção de novas tecnologias

de produção (e.g. digitais)26

Adequação da oferta ao novo perfil do

consumidor26

Estabelecimento de novas parcerias 27

Fusões e aquisições de empresas 23

Domínios relevantes na estratégia

dos produtores de conteúdos

Q:

17%

17%

43%

9%

20%

55%

12%

7%

44%

28%

26%

16%

38%

39%

44%

56%

46%

54%

11%

50%

59%

6%

Nada relevante Pouco relevante Relevante Muito relevante

(respostas ponderadas pela dimensão das empresas)

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│25

Após uma quebra da atividade do setor nos últimos 12 meses, as

expectativas para o ano de 2019 são positivas

O cenário perspetivado para o ano de 2019 pelos produtores de conteúdos é positivo, considerando os resultados alcançados nos

últimos 12 meses: são mais os que esperam um incremento da atividade do que os que revelam o contrário. A procura nos

mercados internacionais sentida pelas empresas tenderá a produzir efeitos de forma mais evidente em 2019, suportando o

alargamento da carteira de clientes. Em termos financeiros, as empresas esperam que os encargos subam ligeiramente, apesar de

preverem que o nível de endividamento venha a permanecer praticamente inalterado. Importa ainda realçar a expectativa positiva

das empresas em relação aos resultados gerados pela atividade.

Qual a perspetiva para os próximos 12 meses?

Nº de

respostas

Volume de negócios total 28

Volume de negócios internacional 22

Nº de clientes 28

Nº de trabalhadores da empresa (contrato

por conta de outrem)28

N.º de colaboradores da empresa em

regime de prestação de serviços28

Peso dos encargos financeiros no volume

de negócios27

Endividamento 25

Rentabilidade / Lucros / Resultados 27

Perspetivas do setor para o

futuro

Q:

26%

12%

13%

14%

21%

27%

38%

27%

39%

69%

65%

47%

62%

31%

36%

70%

59%

19%

22%

38%

17%

42%

Reduzir Manter Aumentar

(respostas ponderadas pela dimensão das empresas)

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26 │

Anuário do Setor da Produção Audiovisual em Portugal

Edição n.º 1 – Janeiro de 2019

O Barómetro Setorial da Produção

Audiovisual em Portugal caracteriza de

forma sucinta o tipo de atividades

desenvolvidas pelas empresas produtoras

de conteúdos audiovisuais no nosso país,

a sua situação competitiva, bem como a

evolução da atividade no passado recente

e as perspetivas dos empresários para o

futuro próximo.

Esta é a primeira edição de uma

barómetro que pretende tornar-se uma

referência para os empresários do setor,

como um instrumento de teste e medição

às suas próprias perspetivas sobre o setor

e as tendências com potencial impacto na

atividade das empresas.

Em paralelo, este barómetro serve ainda

para aproximar as empresas em torno da

sua associação (APIT), que lhes

proporciona, deste modo, mais um

momento de auscultação sobre o seu

sentimento, dificuldades e expectativas

futuras, desta feita de forma mais

estruturada e comparável com os seus

pares.

O inquérito que sustentou a construção

deste barómetro foi realizado e

operacionalizado pela EY, em estreita

parceria com a APIT, tendo decorrido

entre a última semana do mês de outubro

e a terceira semana do mês de novembro:

► Foram obtidas 28 respostas válidas,

sobretudo de empresas associadas da

APIT.

► A grande maioria das empresas

respondentes tem sede na região de

Lisboa, seguindo-se a região Norte.

► O inquérito abrangeu empresas de

dimensões muito diversas, com maior

preponderância das micro e pequenas

empresas, de acordo com o panorama

geral do setor em Portugal.

► A distribuição das empresas

respondentes por escalão do volume

de negócios foi a seguinte: inferior a

500 mil euros (39%), entre 500 mil

euros e 1 milhão de euros (18%), entre

1 e 5 milhões de euros (21%), entre 5 e

10 milhões de euros (14%), e superior

a 10 milhões de euros (7%).

► Devido à forte concentração do volume

de negócios gerado num número

pequeno de empresas, optou-se pela

apresentação das respostas

ponderadas pela dimensão da empresa

(medida pelo volume de negócios e

número de trabalhadores) na maioria

das questões, o que se encontra

devidamente identificado ao longo do

documento.

Sobre este barómetro

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│27

Associados APIT

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Rui Ferreira

Senior Consultant | Corporate Finance Strategy | EY-AM&A

+351 932 599 300

[email protected]

Hermano Rodrigues

Director | Corporate Finance Strategy | EY-AM&A

+351 932 596 144

[email protected]

Helder Oliveira

Strategic Consultant | Corporate Finance Strategy | EY-AM&A

+351 963 039 441

[email protected]

Daniel Costa

Consultant | Corporate Finance Strategy | EY-AM&A

+351 937 949 328

[email protected]

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