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DIARRÉIA A diarréia é uma das doenças mais conhecidas pela população. Isso porque, além de ser muito freqüente, ela é responsável pela morte e um número muito grande de crianças no Brasil e no mundo. É uma doença perigosa, pois pode levar a desidratação e comprometer o estado de nutrição, colocando a criança de tornar-se desnutrida ou mesmo de morrer (Ministério da Saúde, 1994). Em algumas regiões do Brasil, principalmente, no Norte e Nordeste, a diarréia é a principal causa de morte em crianças menores de cinco anos de idade(Ministério da Saúde, 1994). No mundo inteiro, a diarréia é mais freqüente nas regiões menos desenvolvidas e mais pobres. Ela ocorre, principalmente, nas crianças de famílias com menos recursos, que moram em casas sem condições adequadas de saneamento (água e esgoto), que não conseguem ter uma boa alimentação e que têm grandes dificuldades de obter assistência à saúde (Ministério da Saúde, 1994). Quando a diarréia ocorre numa criança bem nutrida, proveniente de uma família com recursos, com boa assistência médica e condições de garantir o tratamento adequado, a doença costuma ser leve e de curta duração (Ministério da Saúde, 1994). Exatamente o contrário quando a diarréia ocorre numa criança desnutrida, que mora em lugares onde não há água tratada e sistema adequado para o destino das fezes e do lixo, com grandes deficiências de assistência à saúde e onde as pessoas não têm condições para seguir um tratamento adequado. Nessas crianças é comum que a doença se prolongue por até várias semanas. Também é freqüente a desidratação, levando a internação e muitas vezes a morte (Ministério da Saúde, 1994).

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DIARRÉIA

A diarréia é uma das doenças mais conhecidas pela população. Isso porque, além de ser muito freqüente, ela é responsável pela morte e um número muito grande de crianças no Brasil e no mundo. É uma doença perigosa, pois pode levar a desidratação e comprometer o estado de nutrição, colocando a criança de tornar-se desnutrida ou mesmo de morrer (Ministério da Saúde, 1994).

Em algumas regiões do Brasil, principalmente, no Norte e Nordeste, a diarréia é a principal causa de morte em crianças menores de cinco anos de idade(Ministério da Saúde, 1994).

No mundo inteiro, a diarréia é mais freqüente nas regiões menos desenvolvidas e mais pobres. Ela ocorre, principalmente, nas crianças de famílias com menos recursos, que moram em casas sem condições adequadas de saneamento (água e esgoto), que não conseguem ter uma boa alimentação e que têm grandes dificuldades de obter assistência à saúde (Ministério da Saúde, 1994).

Quando a diarréia ocorre numa criança bem nutrida, proveniente de uma família com recursos, com boa assistência médica e condições de garantir o tratamento adequado, a doença costuma ser leve e de curta duração (Ministério da Saúde, 1994).

Exatamente o contrário quando a diarréia ocorre numa criança desnutrida, que mora em lugares onde não há água tratada e sistema adequado para o destino das fezes e do lixo, com grandes deficiências de assistência à saúde e onde as pessoas não têm condições para seguir um tratamento adequado. Nessas crianças é comum que a doença se prolongue por até várias semanas. Também é freqüente a desidratação, levando a internação e muitas vezes a morte (Ministério da Saúde, 1994).

O QUE É

A diarréia é uma doença, na maioria das vezes, muito contagiosa, causada por agentes infecciosos como vermes, bactérias e vírus. Essa doença se espalha, rapidamente, em condições precárias de vida e em pessoas com menos defesas, como as crianças desnutridas e as de baixa idade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define diarréia aguda como alteração repentina do hábito intestinal, caracterizada pela ocorrência de evacuações líquidas em três ou mais episódios em 24 horas, ou uma única semi-líquida contendo muco e sangue em 12 horas. Muitas vezes com cheiro/odor diferente das fezes habituais. A duração da mesma não deve exceder 15 dias (Vitória, 1994).

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Independente da sua causa, a diarréia aguda tem uma tendência a ser auto-limitada, com uma duração que varia de horas a poucos dias (quatro a sete, até o máximo de 15 dias). O prolongamento por mais de sete dias sugere a presença de fatores agregados modificadores de sua evolução natural. É considerada diarréia persistente quando estende-se por mais de 15 dias (ALVES, 2003).

As crianças com diarréia ficam abatidas e fracas, podem ter cólicas, vômitos ou febre. Logo perdem o apetite e se a diarréia é mais intensa, rapidamente começam a perder peso. Quando a diarréia se torna mais intensa, a criança perde muita água e sais minerais pelas fezes ou vômitos, podendo ficar desidrata. Além disso, no caso da criança desnutrida, a doença é mais grave, piorando a desnutrição e aumentando o risco de morte (Ministério da Saúde, 1994).

O número de evacuações por dia considerado normal varia com a dieta e a idade da criança. A percepção materna é extremamente confiável na identificação da diarréia de seus filhos, descrevendo as fezes líquidas com terminologias regionais (BRASIL, 2003).

Os lactentes amamentados em forma exclusiva geralmente têm fezes amolecidas e esverdeadas, não devendo isto ser considerado diarréia. A mãe de uma criança que mama no peito pode reconhecer a diarréia porque a consistência ou a freqüência das fezes é diferente da habitual (BRASIL, 2003).

É bom lembrar que no primeiro ano de vida, principalmente no recém-nascido, é normal a criança evacuar várias vezes por dia, com fezes líquidas e até esverdeadas. Isso é mais freqüente, ainda, nas crianças em aleitamento materno. Também algumas crianças até os dois ou três anos, mesmo sem diarréia, podem evacuar em número maior de vezes. A diferença é que essas crianças não parecem estar doentes, comem bem e estão ganhando peso. Isso, portanto, não é diarréia (Ministério da Saúde, 1994).

Curiosidade: As viroses são a causa mais comum de diarréia aguda são a causa mais comum nos países desenvolvidos, o rotavírus é o agente mais comum nos primeiros dois anos de vida (ALVES, 2003).

COMO É QUE OCORRE A TRANSMISSÃO DA DIARRÉIA

A transmissão ocorre através de vermes, bactérias e vírus. As pessoas que tem diarréia (sejam elas adultos, crianças ou bebês) eliminam esses agentes infecciosos pelas fezes. Quando as fezes são despejadas no solo ou nos córregos e rios, esses micróbios podem contaminar as pessoas, quando, por exemplo, usam a água contaminada para irrigar hortas ou lavar as mãos e alimentos (Ministério da Saúde, 1994).

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As moscas, também, agentes de transmissão da diarréia, pois pousam em locais contaminados, carregando os micróbios. Assim, ao pousar nos alimentos acabam contaminando-os (Ministério da Saúde, 1994).

O lixo acumulado nas proximidades das casas da comunidade faz com que ocorra a proliferação de bactérias e moscas e, consequentemente, a transmissão da diarréia (Ministério da Saúde, 1994).

Pode-se dizer, portanto, que o destino adequado das fezes e do lixo e o tratamento da água são fatores indispensáveis para evitar a transmissão da diarréia (Ministério da Saúde, 1994).

Cabe lembrar, entretanto, que as comunidades que vivem em precárias condições de saneamento ficam prejudicadas até mesmo no que diz respeito aos cuidados de higiene pessoal, pois, com freqüência, não dispõem de água sequer para lavar as mãos após a evacuação. Mesmo quando têm, de alguma forma, acesso a água, é comum ela não estar tratada, fazendo com que, por exemplo, alimentos e mamadeiras fiquem contaminados por micróbios que causam diarréia, infectando a criança (Ministério da Saúde, 1994).

SITUAÇÕES DE RISCO PARA CRIANÇA TER DIARRÉIA

Onde não existe saneamento básico, isto é, água tratada e em quantidade suficiente, destino adequado das fezes do lixo, é mais difícil manter as condições de higiene pessoal necessárias para evitar que ocorra a diarréia (Ministério da Saúde, 1994).

Dependendo das condições de saneamento básico de uma comunidade, os episódios de diarréia serão mais ou menos freqüentes. Por isso, verifica-se que em algumas comunidades existem mais casos de diarréia do que em outras (Ministério da Saúde, 1994).

Sem disponibilidade de água, é difícil para as pessoas se manterem limpas, lavarem sempre as mãos e os alimentos. É difícil também cuidar dos alimentos quando se mora em casa sem geladeira, nem armários ou quando não se dispõe nem mesmo de vasilhas para que o alimento não fique exposto às moscas (Ministério da Saúde, 1994).

Nessas situações, é muito comum, quando a criança não está sendo amamentada, que no preparo da mamadeira ocorra contaminação com germes que causam diarréia (Ministério da Saúde, 1994).

Uma alimentação não é inadequada apenas quando não se tem os alimentos necessários à boa nutrição. O preparo e a conservação dos alimentos são muito importantes quando se avaliam as condições de alimentação, pois são

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momentos onde pode haver contaminação, levando a muitas doenças (Ministério da Saúde, 1994).

Para o ACS desenvolver a ação “Controle da Diarréia”, torna-se necessário conhecer a situação da comunidade quanto às condições sanitárias e identificar se as famílias têm banheiro, fossa, rede de esgoto ou o que elas fazem em relação às evacuações: onde evacuam e o destino que dão as fezes. É importante saber, ainda, qual a fonte da água utilizada e o que se faz com o lixo (Ministério da Saúde, 1994).

Os conhecimentos que o ACS possui sobre a comunidade permitem-lhe avaliar os riscos que ela apresenta de ter casos de diarréia (Ministério da Saúde, 1994).

O ACS precisa ser de fato, um parceiro da comunidade para discutir e realizar as ações que são necessárias ao controle da diarréia. Essas ações exigem a participação coletiva (Ministério da Saúde, 1994).

SITUAÇÕES DE RISCO PARA A CRIANÇA TER DIARRÉIA (Ministério da Saúde, 1994)

Falta de água tratada e encanada;

Ausência de esgoto ou destino inadequado das fezes;

Destino inadequado do lixo;

Condições de habitação inadequadas;

Desmame precoce;

Condições de alimentação inadequadas;

Crianças com baixo peso ao nascer (menos de 2.500g) ou nas crianças que são desnutridas, a doença diarréica costuma ser muito mais grave, com perigo maior de a criança desidratar e morrer;

As crianças convalescentes de outras doenças infecciosas, principalmente de sarampo e AIDS, apresentam quadros mais graves de diarréia, que freqüentemente levam à morte.

PREVENÇÃO (Ministério da Saúde, 1994)

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As principais condições que favorecem o aparecimento da diarréia só podem ser combatidas de forma coletiva, isto é, com a participação social da comunidade na luta pelo acesso a serviços de saneamento básico, como: abastecimento de água tratada e em quantidade suficiente, rede de esgoto, destino adequado do lixo.

São essas conquistas, inclusive, que permitirão que as famílias tenham maiores possibilidades de colocar em prática muitos cuidados de higiene necessários à conservação da saúde da criança.

O aleitamento materno, as práticas adequadas de desmame e a imunização são, também, medidas importantes de prevenção da diarréia.

QUANDO NÃO HÁ ÁGUA TRATADA

Quando não há água tratada e encanada as chances de ela estar contaminada são muito grandes. Alguns cuidados podem diminuir o risco de contaminação da água pelos germes que causam as doenças diarréicas:

- Procurar na região qual a fonte mais limpa de água;

- Verificar se esta fonte não está sendo contaminada por fossas ou fezes de animais;

- Guardar a água trazida para casa em depósitos limpos e bem tampados;

- Retirar água desses depósitos com conchas ou latas limpas;

- Evitar que os animais cheguem perto desses depósitos.

Mesmo uma água com aspecto muito limpa pode conter milhões de germes causadores da diarréia. Como esses germes não podem ser vistos sem o uso de aparelhos especiais deve-se filtrar e clorar a água que vai ser bebida.

Para clorar a água basta colocar em um litro de água em duas gotas de hipoclorito de sódio, que é disponibilizado pela vigilância ambiental do município de Anchieta.

Quando não se tem o hipoclorito de sódio, e se for possível, é bom ferver a água de beber.

HIGIENE PESSOAL

- Deve-se lavar as mãos após as evacuações, antes de preparar alimentos e antes de comer, assim como depois de trocar as fraldas ou limpar as crianças após evacuarem.

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- Cabe a comunidade como um todo estar atenta para que a fossa de uma família não contamine o poço da família vizinha.

- CUIDADOS COM AS FEZES

No caso de construção de fossa, esta deve ser construída há 15 metros (no mínimo) de distância de rios e deve estar em nível mais elevado do mesmo.

CUIDADOS COM O LIXO

O lixo significa sujeira e é uma fonte de insetos. Em algumas comunidades não há um local adequado para se jogar o lixo, nem há serviço público de coleta de lixo. Dessa forma, é comum as pessoas se livrarem do lixo caseiro, jogando-o na rua ou em outros lugares públicos.

Desse modo, o ACS tem um papel importante na discussão com as pessoas sobre o sentido de responsabilidade que cada um tem para com o bem-estar do outro.

As soluções para o problema da água, do esgoto e do lixo são necessariamente coletivas, isto é, requerem a participação de toda a comunidade. Essa participação diz respeito tanto à resolução de problemas que cabem à própria comunidade, como também às soluções que devem ser realizadas pelo governo.

TRATAMENTO

Vide desidratação.

SINAIS E SINTOMAS DE DESIDRATAÇÃO (Ministério da Saúde, 1994)

- Sede;

- Olhos fundos;

- Boca e língua secas;

- Moleira funda (RN);

- Ausência de lágrimas;

- Pulso rápido e fraco ou pulso muito fraco ou ausente;

- “Sinal de Prega” (“Beliscando-se” de leve a pele da barriga da criança a prega que se forma na pele desaparece lentamente);

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- Enchimento capilar (o examinador comprime com a própria mão, a mão fechada da criança, durante 15 segundos, solta e verifica o tempo em que volta a coloração normal da palma da mão da criança – normal até 3 segundos; prejudicado, de 3 a 5 segundos; muito prejudicado, mais de 5 segundos); é um sinal importante, principalmente, em crianças desnutridas, em que, os sinais da desidratação são de difícil apreciação.

O Ministério da Saúde elaborou um esquema de Avaliação do Estado de Hidratação da criança, que procura facilitar a classificação e conduta nos casos de crianças com diarréia. Apresenta-se, a seguir uma adaptação do referido esquema.

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AVALIAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO-CLASSIFICAÇÃO E CONDUTA NOS CASOS DE DIARRÉIA

O

B

S

E

R

V

E

Aspecto da criança:

Alerta; Irritado; Largado, deprimido;

Olhos: Normais; Fundos; Muito fundos;

Lágrimas: Presentes; Ausentes; Ausentes;

Boca e Língua: Úmidas; Secas; Muito secas;

Sede: Bebe normalmente;

Sedento, bebe rapidamente;

Bebe mal ou não consegue beber;

E

X

P

L

O

R

E

Sinal de Prega: Desaparece rapidamente;

Desaparece lentamente;

Desaparece muito lentamente;

Pulso: Cheio; Rápido e fraco; Muito fraco ou ausente;

Enchimento capilar:

Normal (até 3 segundos);

Prejudicado (de 3 a 5 segundos);

Muito prejudicado (mais de 5 segundos);

D

E

C

I

D

A

Não tem desidratação;

Tem algum grau de desidratação se apresentar dois ou mais dos sinais acima;

Tem desidratação grave, se apresentar dois ou mais dos sinais acima;

T

R

A

T

E

Aumentar líquidos e manter a alimentação;

Hidratar com soro de reidratação oral;

Iniciar a reidratação oral, manter a alimentação e encaminhar, com urgência ao serviço de saúde;

Usar preventivamente soro de reidratação oral;

Manter o aleitamento dos bebês e a alimentação das crianças;

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Encaminhar ao serviço de saúde.

PREPARAÇÃO DO SORO CASEIRO COM A COLHER- MEDIDA

- Encher um copo de 200 ml com água limpa fervida ou clorada;

- Coloque uma medida pequena e rasa de sal;

- Coloque duas medidas grandes e rasas de açúcar;

- Mexa bem e ofereça a criança a vontade.

PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE REIDRATAÇÃO ORAL (SRO)

- Dissolver o conteúdo de um pacote de sal reidratante em um litro de água;

- Usar água limpa, fervida ou clorada, em temperatura ambiente;

- Depois de pronto, o soro pode ficar à temperatura ambiente até 24 horas. Após esse período, joga-se fora e prepara-se um novo soro;

- Os sais do pacote só podem ser dissolvidos em água, não se pode acrescentar açúcar ou outras substâncias, visando melhorar seu gosto.

ORIENTAÇÕES

Os pais devem procurar o serviço de saúde nas seguintes situações:

- Se a criança apresentar sangue e muco nas fezes;

- Se a criança vomitar tudo que bebe ou não aceitar beber nada;

- Se a diarréia piorar muito;

- Se a febre da criança continuar, mesmo depois de a criança estar hidratada;

- Se a criança já estava doente ou desnutrida, antes de a diarréia começar.

Além disso, os pais devem estar orientados para procurar imediatamente o hospital, na presença dos seguintes sinais de gravidade:

- Se a criança, mesmo tomando soro, ficar sem urinar mais de 6 horas;

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- Se a criança tiver convulsões, durante a doença;

- Se a criança estiver muito largada, sonolenta, mesmo depois de hidratada;

- Se o abdômen continuar distendido.

Uso de medicamentos

Em geral, no tratamento da diarréia não deve ser usado nenhum medicamento. Em casos mais graves, onde há necessidade de usar antibióticos, este só pode ser indicado por um médico.

Existe uma preocupação muito grande das pessoas para cortar a diarréia. Elas costumam ir à farmácia e tomar os conhecidos remédios para diarréia. Tais medicamentos não devem ser dados nunca, pois, além de não melhorarem a diarréia, podem ter efeitos prejudiciais como:

- dar sonolência, dificultando para a criança tomar o soro oral (elixir paregórico);

- Diminuir os movimentos intestinais, facilitando o crescimento dos germes no intestino (como o Imosec);

- Ao endurecer as fezes podem dar uma falsa idéia de que a diarréia está melhorando, quando se suspende o remédio, geralmente voltam as evacuações diarréicas.

Também não se deve ter remédio para febre baixa ou vômitos, quando a criança está desidratada, porque esses remédios dão sono e prejudicam a reidratação da criança. Além disso, conforme a criança vai sendo hidratada, a febre e os vômitos desaparecem.

CONTROLE DAS INFECÇÕES RESPEIRATÓRIAS AGUDAS

Introdução

As infecções Respiratórias Agudas (IRA) e as doenças diarréicas, são as duas causas

mais freqüentes de atendimento nos serviços de saúde, estando entre as principais

causa de morte de crianças, no Brasil.

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As infecções respiratórias agudas nem sempre são doenças graves. O nome “aguda”

significa que a doença é de curta duração, com evolução média de sete dias.

Nos países onde as condições de vida e de assistência à saúde são adequadas, as

crianças têm menos complicações em conseqüência das infecções respiratórias.

As condições anteriores de saúde da criança determinam, também, como ela irá reagir

à doença respiratória. Por exemplo: a criança desnutrida costuma ter quadros mais

graves.

O que são as Infecções Respiratórias Agudas?

São as infecções do sistema respiratório, que podem afetar o nariz, a garganta, os

ouvidos, a laringe, os brônquios e os pulmões.

Sinais/Sintomas

A criança com IRA pode ter tosse, obstrução nasal (nariz entupido) ou coriza (nariz

escorrendo), dor de ouvido, dor de garganta, chiado no peito ou dificuldade para

respirar. Além disso, a criança pode apresentar perda de apetite, pode ficar muito

irritada e chorosa. Algumas ficam com os olhos vermelhos e lacrimejando. Crianças

maiores reclamam de dor de cabeça e dores no corpo.

Transmissão

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As pessoas pegam infecções respiratórias quando têm contato com alguém que está

com a doença. Isso acontece porque quando o doente fala, tosse ou espirra, ele

elimina os germes que causam as infecções respiratórias.

Em geral, são os vírus que causam a maioria das infecções respiratórias. Mas podem

ocorrer infecções por bactérias, que costumam ser mais graves. Contra os vírus não

se tem um remédio específico. Contra as bactérias podem ser usados os antibióticos.

Situações de Risco para a Criança ter IRA

Crianças que moram nas cidades podem ter de 05 a 08 episódios de IRA por ano,

enquanto crianças que moram na zona rural têm cerca de 04 episódios por ano.

Nas cidades, as crianças normalmente vivem em ambientes fechados, com pouca

circulação de ar, o que facilita as infecções respiratórias. Além disso, a fumaça dos

veículos e a poluição contribuem para que as crianças adoeçam mais.

No campo, o ar é menos poluído, mas às vezes as fumaças dos fogões à lenha dentro

das casas pode ser um fator que aumenta as IRAs nas crianças. O hábito de fumar

dos pais, é muito prejudicial, pois afeta não só quem fuma, mas também todos que

estão no meio ambiente.

As condições de moradia são muito importantes: pessoas vivendo e dormindo no

mesmo ambiente, contribuem para a disseminação da doença, casas com muita

umidade, paredes com mofo, sem ventilação, onde não bate sol, favorecem as

infecções respiratórias.

Situações de Risco para a Criança ter Infecção Respiratória Aguda

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Condições precárias de vida;

Aglomeração de pessoas num mesmo quarto;

Poluição ambiental;

Alterações climáticas bruscas;

Vida em creche;

Fumaça de cigarro ou de fogão à lenha dentro de casa.

Situações de Risco de Agravamento da Infecção Respiratória Aguda

Baixo peso ao nascer;

Desnutrição;

Crianças menores de 02 meses;

Desmame precoce;

Vacinação incompleta;

Condições precárias de assistência à saúde.

OBS: Nos primeiros meses de vida as defesas contra as infecções ainda não estão bem

desenvolvidas, tornando as crianças, nessa fase, mais propensas a terem

infecções mais graves. Crianças com baixo peso ( peso menor que 2.500 kg),

apresentam um risco maior de ter doenças.

Prevenção das Infecções Respiratórias Agudas

Melhoria das condições de vida e de habitação da população;

Aleitamento materno exclusivo até os seis meses;

Atualização do cartão de vacinas das crianças;

Melhoria das condições de assistência à saúde;

Melhoria da qualidade do ar dentro das casas.

Sugestões ao ACS para a Identificação da Situação e Prevenção das Infecções

Respiratórias Agudas na Comunidade

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Procurar identificar:

Por que tantas crianças têm infecções respiratórias?

Quais são os tipos de infecções respiratórias mais freqüentes na comunidade?

Por que algumas crianças têm apenas resfriados e outras pneumonia?

Como são as condições de moradia das famílias onde as crianças adoecem

mais?

O quê as famílias sabem e o que costumam fazer, no que diz respeito às

infecções respiratórias agudas?

Orientar os pais a levarem rapidamente os filhos ao serviço de saúde se:

A criança estiver respirando mais depressa que o normal;

A parte inferior do peito da criança (abaixo das costelas) afundar quando

estiver inspirando;

Caso o bebê não consiga mamar;

No caso de crianças maiores, quando não estiverem conseguindo beber

líquidos;

A criança estiver anormalmente sonolenta ou difícil de despertar;

O bebê menor de dois meses apresentar febre ou temperatura baixa;

Resfriado Comum

O resfriado comum é uma doença viral na qual os sintomas de coriza e obstrução

nasal são proeminentes. Há também tosse mas não há tiragem ou retração subcostal

ou taquipnéia (respiração rápida). Sintomas sistêmicos como mialgia (dor muscular) ou

febre estão ausentes ou são leves. É um quadro autolimitado.

Ocorrem durante todo o ano, mas a incidência é maior no início do outono até o

final do inverno. Crianças que freqüentam creche durante o primeiro ano de vida

apresentam 50% mais resfriados do que as crianças que são criadas somente em

casa.

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A transmissão ocorre através do contato direto e por meio de gotículas de saliva.

O tratamento, após avaliação médica, é basicamente sintomático: febre: antipirético;

obstrução nasal e coriza: limpeza nasal com soro fisiológico; garganta irritada: não é

severa, se necessário analgésicos; tosse: sua supressão não é necessária.

Orientar ingesta hídrica, consumo de alimentos e caso haja piora dos sinais/sintomas

procurar a Unidade Básica de Saúde para nova avaliação.

Sinusite

A sinusite é uma doença que se manifesta quase sempre como complicação de

infecção de vias aéreas superiores.

É a inflamação das mucosas dos seios da face, região do crânio formada por

cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos.

Os seios da face dão ressonância à voz, aquecem o ar inspirado e diminuem o

peso do crânio, o que facilita sua sustentação. São revestidos por uma mucosa

semelhante à do nariz, rica em glândulas produtoras de muco e coberta por

cílios dotados de movimentos vibráteis que conduzem o material estranho

retido no muco para a parte posterior do nariz com a finalidade de eliminá-lo.

Fatores predisponentes para a sinusite incluem: infecções virais de trato respiratório

superior, rinite alérgica e exposição à fumaça de cigarros.

Caracteriza-se por queixas inespecíficas de congestão nasal, secreção nasal

(unilateral ou bilateral), febre e tosse. Sintomas menos comuns são: diminuição da

sensação dos odores, halitose (mal hálito) e edema periorbital. Queixas de dor facial e

cefaléia são raras em crianças, mas comum em adolescentes e adultos.

As sinusites podem ser divididas em agudas e crônicas.

a) Sinusite aguda:

Costuma ocorrer dor de cabeça na área do seio da face mais comprometido

(seio frontal, maxilar, etmoidal e esfenoidal). A dor pode ser forte, em pontada,

pulsátil ou sensação de pressão ou peso na cabeça. Na grande maioria dos

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casos, surge obstrução nasal com presença de secreção amarela ou

esverdeada, sanguinolenta, que dificulta a respiração. Febre, cansaço, coriza,

tosse, dores musculares e perda de apetite costumam estar presentes.

b) Sinusite crônica:

Os sintomas são os mesmos, porém variam muito de intensidade. A dor nos

seios da face e a febre podem estar ausentes. A tosse costuma ser o sintoma

preponderante. É geralmente noturna e aumenta de intensidade quando a

pessoa se deita porque a secreção escorre pela parte posterior das fossas

nasais e irrita as vias aéreas disparando o mecanismo de tosse. Acessos de

tosse são particularmente freqüentes pela manhã, ao levantar, e diminuem de

intensidade, chegando mesmo a desaparecer, no decorrer do dia.

Orientações Gerais:

O mais importante é diluir a secreção para que seja eliminada mais facilmente.

Na vigência de gripes, resfriados e processos alérgicos que facilitem o

aparecimento de sinusite, beba bastante líquido (pelo menos 2 litros de

água por dia) e goteje de duas a três gotas de solução salina nas

narinas, muitas vezes por dia (soro fisiológico) que ajudam a eliminar as

secreções;

Controle ambiental (Evite o ar condicionado. Além de ressecar as

mucosas e dificultar a drenagem de secreção, pode disseminar agentes

infecciosos -especialmente fungos- que contaminam os seios da face;

fumo, fumaça de fogão a lenha)

Procure um médico se os sintomas persistirem. O tratamento

inadequado da sinusite pode torná-la crônica.

Faringoamigdalite

Faringite é o termo dado à inflamação da faringe, enquanto que, amigdalite é a

inflamação das amígdalas. Ambas se manifestam como dor de garganta e como

normalmente ocorrem simultaneamente, denominamos esse quadro como

faringoamigdalite. Apesar de inflamarem juntas, algumas pessoas tem

predominantemente amigdalite, enquanto outras, faringites.

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Pode ter etiologia viral, geralmente em menores de 3 anos, ou bacteriana, em

crianças maiores. A diferenciação se faz através de critérios clínicos e exame físico. A

maioria dos casos é de origem viral, causada por vários tipos diferentes de vírus.

O quadro clínico típico das amigdalites/ faringites são: Dor de garganta, febre, dores

pelo corpo, dor de cabeça, prostração.

Todos os sintomas acima são comuns às infecções virais e bacterianas. Porém,

alguns outros podem indicar se o patógeno é de origem viral ou bacteriana.

Normalmente as faringites virais são acompanhadas de outros sinais de infecção

respiratória alta, como tosse, espirros, constipação nasal, conjuntivite e rouquidão.

Já as amigdalites bacterianas, além de não causarem os sintomas descritos acima,

costumam apresentar pontos de pus nas amígdalas e aumento dos linfonodos do

pescoço (ínguas). A febre da infecção bacteriana costuma ser mais alta, mas isso não

é uma regra. A faringite bacteriana também pode causar edema da úvula e petéquias

no palato (pontos hemorrágicos).

O principal meio de adquirir a infecção é pelo contato com o indivíduo doente, uma vez

que este elimina no ar pequenas partículas contendo os agentes causais. Quando a

pessoa sadia entra em contato com essas partículas passa a ser colonizada pelos

agentes, os quais podem conseguir vencer as barreiras naturais de defesa do

organismo e crescerem a ponto de desencadear um processo inflamatório.

O contato com objetos tocados pelo indivíduo doente também pode ser uma fonte

potencial de transmissão, pois o hábito de coçar o nariz ou colocar a mão na frente da

boca ao tossir faz com que os agentes causadores sejam conduzidos pela mão

contaminada até copos, talheres, pratos ou outros objetos de uso pessoal e coletivo.

A faringoamigdalite viral é um quadro autolimitado, devendo ser tratada com

medicamentos que atenuam os sintomas. Comumente são prescritos analgésicos e

antitérmicos.

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As infecções bacterianas, além de receber terapia sintomática, são tratadas com o uso

de antibióticos capazes de matar as bactérias causadoras do processo.

Os casos graves e atípicos devem receber atenção hospitalar, onde as condutas

adequadas são tomadas conforme os diagnósticos firmados.

Lembre-se, somente o médico poderá orientar o tratamento de seu filho portador desta

condição.

ASMA

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, com diversos

fatores associados, de alta prevalência com recorrência frequente, que

acomete indivíduos em todas as faixas etárias e sexos, principalmente

crianças, independentemente da área geográfica (AGUIAR et al,2004 ).

As principais características da asma são: obstrução ao fluxo aéreo reversível,

inflamação, aumento da reatividade (esforço respiratório) das vias aéreas,

episódios recidivantes de falta de ar, aperto no peito, chiado e tosse,

particularmente à noite e pela manhã, e ao acordar.

TRATAMENTO

Os objetivos são:

- Reduzir a freqüência e a gravidade das exarcebações, a doença e a morte.

-Controlar a hiper-reatividade brônquica. Por definição, a expressão

“hiperreatividade brônquica” indica a existência de resposta broncoconstritora

exagerada frente a determinados estímulos que têm pouco, ou nenhum efeito,

sobre indivíduos normais (NUNES, 2002).

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-Normalizar a inflamação crônica e manter normais as funções pulmonares e a

prática de esportes.

-Propiciar uma qualidade de vida adequada.

-Educar o paciente e os familiares sobre a asma e seu manejo.

A doença pode ser controlada em quase todos os pacientes e para que os

objetivos sejam alcançados é necessário seguir as orientações médicas

(VITÓRIA, 2004).

A) BEROTEC (Fenoterol) (AME, 2006)

Usos: via oral e inalatório.

Indicações: Anti-ásmatico e broncodilatador.

Cuidados:

1. A medicação deve ser administrada exatamente conforme recomendado e o tratamento não deve ser interrompido, sem o conhecimento do médico, ainda que o paciente alcance melhora.

2. No caso de gravidez ou ainda se a paciente estiver amamentando, o médico deverá ser comunicado imediatamente. Recomenda-se cautela também nos casos de cardiopatias, hipertensão, epilepsia, hipertiroidismo e pacientes idosos.

3. Informe ao paciente as reações adversas mais frequentemente relacionadas ao uso da medicação e que, diante a ocorrência de qualquer uma delas, principalmente, aquelas incomuns ou intoleráveis, o médico deverá ser comunicado imediatamente.

4. Recomende ao paciente aumentos na ingestão de líquidos para facilitar a fluidificação das secreções, durante a terapia.

5. Pode causar boca seca.

6. Pode causar tontura. Recomende que o paciente evite dirigir e outras atividades que requerem estado de alerta, durante a terapia.

7. Recomende ao paciente que evite o tabagismo, como também o uso de qualquer outra droga, ou medicação, sem o conhecimento do médico, durante a terapia.

B) ATROVENT (Ipratrópio) (AME, 2006)

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Uso: inalatório.

Indicações: Corisa e sobretudo nas renites crônicas e vasomotoras.

1. A medicação deve ser administrada exatamente conforme recomendado e o tratamento não deve ser interrompido, sem o conhecimento do médico, ainda que o paciente alcance melhora.

2.Deve ser usada com cuidado na gestação e lactação. Se a paciente estiver amamentando, o médico deverá ser consultado.

3.As reações de hipersensibilidade são raras.

4. Pode causar boca seca.

5. Pode causar visão turva e tontura. Recomende que o paciente evite dirigir e outras atividades que requerem estado de alerta, durante a terapia.

Cuidados gerais da criança com problemas respiratórios

CUIDADOS GERAIS DA CRIANÇA COM PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS: COMO EVITAR EXPOSIÇÃO AOS FATORES DE RISCO E AGRAVAMENTO DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS PRINCIPALMENTE AS ALÉRGICAS (TERRA, 2011).

Um dos principais fatores de risco e de agravamento que podem ser evitados no domicílio é o fumo. A fumaça de cigarro é extremamente nociva à criança asmática ou rinitica. Cabe salientar que o fumo no interior da casa, mesmo na ausência da criança, pode prejudicá-la, uma vez que a nicotina impregna os tecidos em geral e é suficiente para desencadear o problema na criança.

São medidas importantes para o paciente: evitar aglomeração, manter o ambiente bem ventilado, sem umidade que favoreça o desenvolvimento de mofo.

Evitar também outras fontes de fumaça dentro da casa é importante tais como: queima de madeira ( lareira, fogão à lenha) aquecedores de ambiente à base de querosene.

Outros poluentes ambientais externos ao domicílio, como resíduos produzidos por fábricas e indústrias e despejados no ambiente, e gases produzidos por veículos que trafegam em ruas e avenidas de trânsito intenso, contribuem para o desenvolvimento de agravos respiratórios infantis.

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Fungos, ácaros, partículas da pele, pêlos ou penas de animais, pólen e baratas são os principais fatores desencadeantes de alergias respiratórias na infância. A eliminação completa destes fatores é difícil, mas medidas para reduzir a exposição da criança aos mesmos têm se mostrado eficientes no controle da asma e rinite alérgica (limpeza de ambiente). Neste sentido, cabe apontar que o material de construção da casa é importante sendo melhores as moradias de alvenaria, com teto de laje, paredes e pisos laváveis pois permitem limpeza freqüente. Além disso, é recomendável que a ventilação dos banheiros seja feita para o exterior (janela).

O cuidado com o ambiente doméstico deve começar pelo dormitório da criança, onde ela passa aproximadamente um terço do dia. Entre os cômodos disponíveis na casa, escolha o mais arejado e quente para este fim. O quarto infantil deve conter o mobiliário mínimo necessário para o bem-estar dos ocupantes, como cama e guarda-roupa.

Prateleiras, caixas e cestos, entre outros, são locais propícios ao acúmulo de poeira e à presença de ácaros. A cama é considerada a principal fonte de exposição da criança aos ácaros, considerando-se que a criança permanece nela por várias horas. Por este motivo, os cuidados com colchão, travesseiros, lençóis e cobertas assumem elevadíssima importância e devem ser rigorosos.

Cuide também dos sofás e estofados onde a criança tem hábito de permanecer. Assim, é essencial que o colchão e o travesseiro da criança sejam revestidos de material impermeável aos alérgenos, como plástico ou tecidos mais confortáveis identificados como tal.

O travesseiro deve ser preenchido de material sintético, tipo polyester. Quando não for possível efetuar nenhuma destas medidas, lavar o travesseiro semanalmente. Além disso, sempre que possível, recomenda-se a exposição ao sol do colchão e travesseiro, o que diminui a umidade e possibilita a destruição dos ácaros.

Deve-se ainda, proceder a aspiração para a remoção de vestígios alergênicos provenientes dos ácaros, mesmo mortos. Lençóis e cobertores devem ser trocados uma vez por semana, lavados, se possível, em água quente, secos ao sol e passados a ferro, também com o intuito de matar os ácaros.

Outro aspecto importante é usar cobertores que não soltam pelos, do tipo edredom, que possam ser lavados com frequencia. Entretanto, antes de usar um cobertor guardado há algum tempo, é imprescindível a sua lavagem.

Outros cuidados importantes devem ser observados quando há uma criança com algum sintoma respiratório. São eles:

1-Prevenir disseminação da infecção.

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•Manter o ambiente ventilado. • Lavar freqüentemente as mãos dos cuidadores e das crianças e, especialmente após limpeza nasal, para limpeza nasal usar lenço de papel ou papel higiênico. • Deixar a criança dormir em quarto ou cama separados.

2-Manter a alimentação e hidratação.

• A criança com problema respiratório tem uma diminuição do apetite. No entanto, se surgirem sinais de gravidade tais como: não conseguir ingerir líquidos, para os maiores de dois meses; diminuir a aceitação alimentar, para os menores de dois meses, os pais devem levar esta criança para atendimento médico. É importante que a mãe saiba que uma diminuição do apetite é esperada e temporária. Deve-se aumentar a freqüência e diminuir o volume das refeições, aumentar a oferta de calorias da dieta.

3-Inalação. • Poderá ser realizada no serviço de saúde ou no domicílio, se houver disponibilidade de aparelhagem adequada. A inalação pode ser feita apenas com soro fisiológico, quando se pretende somente fluidificar as secreções, se a criança faz uso de medicações inalatórias estas podem ser administradas.

As medidas e as orientações gerais são importantes, pois visam auxiliar os familiares no controle das doenças respiratórias.

OTITE MÉDIA AGUDA (BIÉ, 2009)

A otite média é uma infecção ou inflamação no ouvido médio. Essa inflamação

geralmente começa quando infecções causam dor de garganta, resfriado ou

problemas respiratórios se espalham para o ouvido médio. Essas infecções

podem ser virais ou bacterianas. Em torno de 75% das crianças experimentam

pelo menos um episódio de otite média até os três anos de idade. Quase

metade dessas crianças terão 3 ou mais infecções no ouvido durantes seus 3

primeiros anos de vida. Embora a otite média seja principalmente uma doença

de crianças pequenas, ela também pode afetar adultos.

À medida que o fluido aumenta, a criança pode ter problemas de audição. Se a

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infecção piorar, a criança pode ter forte dor.

A otite média não só causa dor severa, mas pode também resultar em

complicações sérias se não for tratada. Uma infecção não tratada pode viajar

do ouvido médio para partes próximas da cabeça, incluindo o cérebro. Embora

a problemas para escutar provocados pela otite média sejam geralmente

temporários, o não tratamento da infecção pode causar permanente dano à

audição. Fluido persistente no ouvido médio e otite média crônica podem

reduzir a audição da criança numa época que ele é crítica para o

desenvolvimento da linguagem.

SIMTOMAS

A otite média é muitas vezes difícil de detectar porque a maioria das crianças

afetadas não tem a linguagem suficientemente desenvolvida para dizer o que a

está incomodando. Sinais comuns para se procurar são: irritabilidade incomum;

dificuldade para dormir;

febre; escoamento de fluidos pelo ouvido; perda de equilíbrio; não responder a

sons mais baixos ou outros sinais de dificuldade de audição como parecer ter

falta de atenção.

PREVENÇÃO

Atualmente não estão disponíveis estratégias específicas de prevenção

aplicáveis a todas as crianças, como imunização contra infecções respiratórias

virais ou especificamente contra bactéria que causa otite média.

Porém, sabe-se que crianças que são cuidadas em grupos infantis (como

creches), e as que vivem com adultos que fumam, têm maiores probabilidades

de sofrer infecções no ouvido. Desta forma, a criança que tem tendência a

desenvolver otite deve evitar contato com colegas doentes e ambientes no qual

fumam-se. Crianças que foram amamentadas geralmente têm menos episódios

de otite média.

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TRATAMENTO

Muitos médicos recomendam o uso de antibiótico quando há infecção ativa no

ouvido médio. Se a criança estiver sofrendo dor, o médico também pode

receitar analgésico. Seguir as instruções do médico é muito importante. Uma

vez começado o uso de antibiótico, ele deve ser continuado até o seu término.

Antibióticos também podem causar efeitos colaterais como náusea, diarréia e

erupções. Depois que a infecção sarar ainda pode permanecer fluido no ouvido

médio por vários meses. O fluido que não está infectado geralmente

desaparece depois de 3 a 6 semanas. Se o fluido persistir por mais de 3 meses

associado a perda de audição, procurar atendimento médico. A audição deve

ser plenamente restaurada assim que o fluido for removido.

RECOMENDAÇÕES

• Evite o uso de cotonetes, pois podem retirar a cera protetora do ouvido ou

empurrá-la para dentro do canal auditivo ou até mesmo machucá-lo;

•Utilize protetores macios para evitar a entrada de água quando for nadar;

• Limpe, com freqüência, as secreções nasais provocadas por gripes e

resfriados, para evitar que o catarro se acumule no nariz e na garganta. Essa

recomendação vale especialmente para bebês e crianças pequenas;

• Nunca amamente seu bebê deitado. Essa posição favorece a entrada de

líquidos em seu ouvido que predispõe infecções;

• Não introduza objetos que possam ferir a pele para limpar ou coçar o ouvido;

• Enxugue a orelha com cuidado, usando uma toalha macia enrolada na ponta

do dedo;

• Cuidado com a automedicação e não siga sugestões de conhecidos para

aliviar a dor de ouvido (leite de peito, ervas, azeite não devem ser colocados

dentro do ouvido);

• Procure atendimento médico sempre que apresentar dor de ouvido, coceira

intensa ou diminuição de audição.

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REFERÊNCIAS

AGUIAR FILHO AS, LOPES NETO EPA, SARINHO ESC. Conceitos de asma

e instrumentos de levantamentos epidemiológicos de prevalência. Revista

Portuguesa de Pneumologia. Ano X, p. 319-329. 2004.

ALVES, Claudia Regina Lindgren; VIANA, Maria Regina de Almeida. Saúde da

Família: cuidando de crianças e adolescentes. Belo Horizonte: Coopmed,

2003. 282p.

AME. Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem. 4ª

edição. Editora de Publicações Biomédicas Ltda. 2006.

BIÉ, Alexandre. Otite Média, prevenção e cuidados (2009). Diponível em:

http://www.e-familynet.com/phpbb/otite-media-prevenco-e-cuidados--

vt269057.html. Acesso em: 26 de Abril de 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. AIDPI Atenção Integrada às Doenças

Prevalentes na Infância: curso de capacitação: avaliar e classificar a

criança de 2 meses a 5 anos de idade: módulo 2 / Ministério da Saúde,

Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde. – 2.

ed. rev – Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ações Básicas de Saúde e Desenvolvimento da

Criança. Texto de Apoio ao trabalho do Instrutor Supervisor na Capacitação do

Agente Comunitário de Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Programa de

Agentes Comunitários de Saúde. Brasília, 1994.

NUNES, Inês Cristina Camelo. Asma e Hiperreatividade Brônquica.

Levantamento bibliográfico 1960-2000. Rev. bras. alerg. imunopatol.

25(2):42-50. 2002.

TERRA, Viviane Mandarino. Cuidados gerais da criança com problemas

respiratórios. Associação Brasileira de Asmáticos. Disponível em:

http://www.sbasp.org.br/jornaldet.asp?id=48. Acesso em: 26 de Abril de 2011.

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VITÓRIA. Protocolo de saúde da criança de 0 a 6 anos de idade. Prefeitura

Municipal de Vitória. Secretaria Municipal de Saúde. Espírito Santo. 2004.