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IMPERMEABILIZAÇÃO O que é, onde se aplica e quem faz o serviço? APRESENTAÇÃOA tecnologia pauta projetos ousados e prevê instalações inteligentes. Progredimos muito desde a época em que nossos ancestrais se abrigavam nas cavernas. No entanto, ainda sofremos com os mesmos inimigos silenciosos – a umidade, a água das chuvas e o vapor –que mancham nossas paredes, causam goteira em nossas lajes, estragam a pintura e os azulejos. Às vezes, até parece que eles são invencíveis. A boa notícia é que você pode, sim, evitar ou sanar os estragos que os vilões causam. Basta usar a impermeabilização como arma. O QUE É IMPERMEABILIZAR Impermeabilizar éproteger uma estrutura contra os efeitos da umidade. Isso se faz com produtos que impedem a passagem da água através das lajes e paredes – os chamados impermeabilizantes –e outros acessórios para arrematar a vedação, caso do selante aplicado ao redor de janelas. E não se pode descuidar de nenhum detalhe ao montar a sua armadilha contra a umidade. “Se o piso de um banheiro estiver muito bem instalado e impermeabilizado, mas houver falhas na colocação do ralo, ocorrerá infiltração ”, ensina Jefferson Gabriolli, coordenador do Programa Brasileiro de Impermeabilização.COMO FUNCIONA Segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que rege a seleção e projeto da impermeabilização (NBR 9575/2003), há duas maneiras de barrar a entrada da água. Uma é com os chamados sistemas rígidos – em que a massa usada como reboco recebe polímeros, cristalizantes ou hidrofugantes e, dessa forma, evita que a água se infiltre nos poros do concreto. A outra, dos sistemas flexíveis, compõe-se de mantas (as famosas mantas negras de asfalto, que vêm prontas de fábrica) ou membranas moldadas na obra – ambas contam com

APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

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Page 1: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

IMPERMEABILIZAÇÃO

O que é, onde se aplica e quem faz o serviço?

APRESENTAÇÃOA tecnologia pauta projetos ousados e prevê instalações

inteligentes. Progredimos muito desde a época em que nossos ancestrais se

abrigavam nas cavernas. No entanto, ainda sofremos com os mesmos inimigos

silenciosos – a umidade, a água das chuvas e o vapor –que mancham nossas

paredes, causam goteira em nossas lajes, estragam a pintura e os azulejos. Às

vezes, até parece que eles são invencíveis. A boa notícia é que você pode, sim,

evitar ou sanar os estragos que os vilões causam. Basta usar a impermeabilização

como arma.

O QUE É IMPERMEABILIZAR

Impermeabilizar éproteger uma estrutura contra os efeitos da umidade. Isso se faz

com produtos que impedem a passagem da água através das lajes e paredes – os

chamados impermeabilizantes –e outros acessórios para arrematar a vedação,

caso do selante aplicado ao redor de janelas. E não se pode descuidar de nenhum

detalhe ao montar a sua armadilha contra a umidade. “Se o piso de um banheiro

estiver muito bem instalado e impermeabilizado, mas houver falhas na colocação

do ralo, ocorrerá infiltração ”, ensina Jefferson Gabriolli, coordenador do Programa

Brasileiro de Impermeabilização.COMO FUNCIONA

Segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que rege

a seleção e projeto da impermeabilização (NBR 9575/2003), há duas maneiras de

barrar a entrada da água. Uma é com os chamados sistemas rígidos – em que a

massa usada como reboco recebe polímeros, cristalizantes ou hidrofugantes e,

dessa forma, evita que a água se infiltre nos poros do concreto. A outra, dos

sistemas flexíveis, compõe-se de mantas (as famosas mantas negras de asfalto,

que vêm prontas de fábrica) ou membranas moldadas na obra – ambas contam

com asfalto em sua composição e formam uma camada sobre a superfície a ser

protegida.

ESTÁ NA BÍBLIA

Procure no Gênesis, capítulo 6, versículo 14. Lá se encontra a primeira referência

à impermeabilização da história. Durante as instruções para a construção da

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grande arca de Noé, Deus teria dito: “Faze para ti uma arca de madeira resinosa:

farás compartimentos e a revestirás de betume por dentro e por fora”. Essas

ordens foram providenciais para gerar um barco seguro e salvar as espécies no

dilúvio.

TIRA-DÚVIDASColocar uma lona plástica entre a terra e o concreto das sapatas

impede que a água do solo suba pelas paredes? Não.“Esse tipo de material não

cumpre a função de vedar”, afirma o tecnólogo Jefferson Gabriolli. “Estruturas em

contato com o solo devem ser impermeabilizadas com argamassa aditivada,

cimento polimérico ou membrana asfáltica”, completa. Mas, antes disso, chame um

especialista para realizar a sondagem do terreno.

BONS MOTIVOS PARA IMPERMEABILIZAR

Além dos problemas com segurança das estruturas – já imaginou se a armação da

laje enferruja? –, os desgastes provocados pela água trazem chateações como

goteiras que atormentam nos dias de chuva e a necessidade de constantes

reformas e novas pinturas para aquela parede que vive manchada ou fofa. Outra

razão para manter a umidade bem longe é a saúde dos moradores.A turma do

espirra-espirra não suporta a presença de bolor.

O cronograma dos preparativos

Quanto mais cedo, mais barato. O ideal é incluir esse item na fase de projeto.Se

você não fez isso e está sentindo os primeiros ataques da umidade, apresse-se. A

progressão abaixo mostra que sanar o problema custa 15 vezes mais que preveni-

lo.

Page 3: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

UMIDADE SEM LEI

É preciso conhecer o inimigo antes de travar a batalha. O que significa, nesse

caso, saber de onde ele vem antes de corroer as estruturas, provocar manchas de

bolor e goteiras. Há quatro caminhos básicos:1.UMIDADE DO

SOLO. Ela é natural da terra.Absorvida pelo concreto da

fundação, sobe e causa prejuízos como

descolamento do piso ou bolor em

rodapés.2.ÁGUA DE

PERCOLAÇÃO. Geralmente é a chuva que cai

e escorre (ou seja, não exerce pressão sobre a

superfície). Provoca, por exemplo, infiltração na laje da

varanda.3.CONDENSAÇÃO. Sabe o vapor que fica no banheiro

depois de uma chuveirada e deixa a superfície dos azulejos

úmida? Eis o culpado pelo bolor no forro.

4.ÁGUA SOB PRESSÃO. Ela aplica certa força sobre a laje ou a

parede. Em piscinas, é chamada de água sob pressão positiva

pois empurra a camada protetora de dentro para fora e, se

encontrar falha, gera vazamento. Há também a água sob

pressão negativa, que vem da terra e provoca bolor em paredes

no subsolo.

TIRA-DÚVIDASComo classificar a umidade que passa do piso do andar de

cima para o teto do andar de baixo em apartamentos ou sobrados?

Page 4: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

“Essa umidade, geralmente causada por vazamento, encaixa-se no item água de

percolação, segundo a norma ”, explica o engenheiro civil e perito Richard Robert

Springer, de São Paulo.

Ao comprar o apê.

Confira no memorial descritivo do apartamento o tipo de impermeabilização

utilizado nas áreas molhadas – banheiros, cozinha e área de serviço. Se seu

imóvel estiver no último andar, investigue também a proteção dada à laje de

cobertura. Essas garantias costumam encarecer o bem, mas podem poupá-lo de

futuras dores de cabeça.

Alicerce, parede, piso e muro de arrimo.

PRODUTOS QUE VÃO PROTEGER SUA CASA

Podemos optar por dois tipos de sistemas: os sistemas rígidos e os flexíveis. São

dois grupos de produtos e os nomes já indicam como é seu funcionamento. Os

primeiros atendem a superfícies que não sofrem movimentação causada pela

variação de temperatura ou acomodação das estruturas – piscinas enterradas, por

exemplo. “Os produtos desse grupo possuem cimento na composição ”, explica o

pesquisador Rubens Vieira, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de

São Paulo (IPT).

SISTEMA RÍGIDO

HIDROFUGANTEEste

líquido confere à argamassa

normal a propriedade de

repelir a água .Trata-se de

um mecanismo químico que

impede as gotas de ficarem

pequenas o suficiente para

penetrar nos poros do

CRISTALIZANTEDepois de

misturar um componente

adesivo e um cimentício, a

massa ganha consistência de

pasta e é aplicada sobre a

superfície úmida. Essa

umidade forma cristais

que,secos,bloqueiam a

passagem da água.

ARGAMASSA

POLIMÉRICAÉ do tipo

bicomponente: um

composto de cimento e

uma emulsão de

polímeros. Este último

ingrediente gera

resistência e até um

pouco de flexibilidade.

Ela vira uma camada

que não deixa a

Page 5: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

concreto.

umidade passar.

SISTEMA FLEXÍVEL

Já os flexíveis agüentam melhor o encolhe-e-dilata do substrato, pois possuem asfalto e

polímeros em sua composição.Servem às lajes, às fundações do tipo radier e aos pisos de

terrenos instáveis. Atenção ainda a duas subdivisões desse time: existem as mantas, que são

produtos industrializados, e as membranas, que são moldadas na construção. Nas fotos

abaixo, três tipos de produtos de sistema flexível. Não se espante ao encontrar uma terceira

categoria, os semiflexíveis. Quase sempre será a argamassa polimérica, que na verdade é do

grupo dos rígidos.“O termo é anterior à norma e alguns fabricantes ainda mantêm a

denominação ”, comenta a arquiteta Leonilda Ferme, da Denver Global, de Suzano, SP.

MEMBRANA ASFÁLTICA

(QUENTE)Usa blocos de

asfalto derretido a altas

temperaturas (entre 180 e

200ºC) no canteiro de obras.

Seu recheio é feito com

estruturante (tela de poliéster)

e a espessura final varia entre

3 e 5 mm. 

MEMBRANA ASFÁLTICA (FRIA)Há

dois produtos,com aparência de uma

past preta: emulsões e soluções. Os

primeiros têm base aquosa e os

segundos se diluem em solvente. Em

alguns casos, dispensam o

estruturante. 

MANTA

ASFÁLTICAExiste uma

infinidade de tipos nas

prateleiras. Elas variam

quanto a espessura, tipo

de asfalto e de recheio.O

mais comum para

emprego em residências

são aquelas de 3 e 4 mm,

com estruturante de

poliéster.

Como guardar: os materiais em pó devem ficar longe da umidade e do sol; os líquidos,

protegidos da luz e com a embalagem bem fechada para não evaporarem. A melhor posição

para as bobinas das mantas não deformar é em pé.

A PROTEÇÃO DA CASA COMEÇA NO ALICERCE

Page 6: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

SE NÃO ESTIVER BEM IMPERMEABILIZADA, A FUNDAÇÃO PODE VIRAR UM ELEVADOR

PARA A UMIDADE.

SAPATAEla sustenta o peso da casa na base das paredes. Se correr por toda a extensão da

alvenaria, chama-se sapata corrida; se estiver apenas nos pontos específicos das colunas, é a

sapata isolada (veja ilustração acima). Nos dois casos pode-se associar produtos do sistema

rígido e do flexível. Os primeiros aplicam-se nas partes em contato com a terra, tanto no

concreto armado quanto na argamassa para assentar os tijolos que revestem o baldrame. “Ali

há muita umidade e pouca movimentação do solo”, diz a engenheira civil Eliene da Costa, da

Otto Baumgart, em São Paulo. Sobre o baldrame, na altura do contra piso, o melhor recurso

são os sistemas flexíveis, ou seja, mantas e membranas que acompanham a movimentação da

estrutura. RADIEREsse tipo de

fundação se parece com uma laje – ela suporta toda a construção e também serve como

contrapiso. Por ser uma área extensa e, por isso, mais sujeita às fissuras, o melhor é optar

pelas mantas. Elas devem envolver o lastro como um lençol de elástico protegendo um

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colchão. Os especialistas aconselham a colocação de britas diretamente sobre o solo, onde se

erguerá o berço de concreto. As pedras servirão como drenante. Outro detalhe: entre a

impermeabilização e o contrapiso, alguns aplicadores costumam colocar folhas de papel

kraft.“Assim, a manta ou a membrana ficam protegidas, caso seja necessário quebrar o piso

numa reforma ”, explica o engenheiro civil Marcelo Ming, da Lwart, de Lençóis Paulistas.

SONDAGEMMuita gente dispensa o estudo do terreno (que inclui levantamento topográfico)

sem saber como essas informações são valiosas na hora de determinar o tipo de fundação e

de impermeabilização a serem utilizadas. É fundamental saber se há lençol freático e variação

de permeabilidade.

E AS ESTACAS?

Em solo pouco firme ou em terreno muito inclinado, pilares de concreto adentram a terra – é

um outro tipo de fundação. Mas eles não sofrem com a ação da água, portanto, dispensam

proteção.“Para ocorrer a corrosão das barras de aço das estruturas, seria necessário que elas

ficassem ora expostas ao oxigênio, ora cobertas de água ”, diz o engenheiro civil Paul Sérgio

Oliveira, da Sika, em São Paulo.

SEM FUROS

Não custa lembrar: muitas vezes, durante a instalação de conduítes, as mantas

impermeabilizantes acabam perfuradas, dando espaço para infiltração. Previna-se analisando

todas as informações ainda no projeto .E quando for preciso rasgar parede ou piso preveja

nova impermeabilização para o ponto.

SIGA À RISCA

Está na embalagem? Obedeça. Henrique Setti, gerente de marketing da Viapol, aponta: aplicar

menos quantidade de produto que o necessário é um erro comum.“Fique atento ao consumo

de material para verificar se as especificações estão sendo seguidas”, diz. Os fabricantes são

responsáveis pelas informações fornecidas. Se você cumprir o recomendado e tiver problemas,

pode acioná-los nos órgãos de defesa do consumidor.

A PROTEÇÃO DA CASA COMEÇA NO ALICERCE PISO

O que chamamos de piso, aqui,é na verdade o piso que está em contato com a terra – ou

seja,o contrapiso. Portanto, quem tem fundação radier,que você anteriormente, e adotou

aqueles procedimentos já está protegido. Para casas com outros modelos de fundação, o

produto a ser utilizado depende das características do solo – viu como é útil encomendar o

estudo do terreno? Se for pouco estável, ou seja, sujeito a movimentações e umidade, parte-se

para os impermeabilizantes flexíveis. Eles mantêm a casa protegida mesmo se o vai e vem

acabar ocasionando pequenas fissuras. Em solos compactos e secos, pode-se utilizar os

Page 8: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

produtos do sistema rígido. Neste caso, na argamassa do contrapiso usa-se cristalizante,

hidrofugante ou argamassa polimérica.

PAREDENas fachadas, elas sofrem com a umidade do solo e com a de percolação, causada

pelas chuvas. Proteja-a dos dois lados com produtos do sistema rígido. Comece assentando as

quatro primeiras fiadas de tijolo com argamassa impermeabilizante. Depois, do lado externo,

aplique reboco com impermeabilizante até a altura de 1 m, se a casa tiver beiral. Caso

contrário, suba a proteção até a cobertura. Do lado de dentro, há quem recomende o mesmo

tipo de reboco até o teto. “Sugiro aplicar apenas até 1,40 m de altura, pois nessa faixa surgem

as fissuras responsáveis pela passagem da água de fora para dentro”, diz o químico Rolando

Infanti, da Betumat, em Salvador. Paredes internas pedem só 50cm de impermeabilização –

pois os pisos protegidos neutralizam os efeitos da umidade ascendente.

JARDIM SUSPENSO

Alguns modelos de blocos para muro de arrimo vêm com pequenos nichos onde se podem

cultivar flores e outras plantinhas. Nesse caso, dispensam a impermeabilização, pois o sistema

deve ficar úmido o tempo todo.

PAREDE DE ENCOSTA E MURO DE ARRIMO

Garagem no subsolo, porão e muro encostado no solo do terreno vizinho são os alvos mais

comuns daquela umidade que chega com um empurrãozinho da terra. “Para ficar 100% livre do

bolor, o melhor é usar os sistemas flexíveis na face da parede que toca o solo”, diz Jefferson

Gabriolli. Isso exige um corte cuidadoso no terreno vizinho. Nem tente colocar uma manta ou

membrana pelo interior da construção – a umidade empurraria o material, descolando-o. Se a

obra estiver terminada ou não for possível cortar o terreno devido a sua alta inclinação, uma

solução seria aplicar cristalizantes e hidrofugantes do lado de dentro. “Mas o resultado fica só

70% satisfatório”, avisa Gabriolli.

Page 9: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

TIRA–DÚVIDASO revestimento de

madeira é uma alternativa quando a parede descasca a 50 cm do solo? E o lambri de

PVC?

“Se o foco de umidade não for sanado,a madeira apodrece”, afirma o arquiteto Sérgio

Pousa,consultor e projetista de impermeabilização. Em casos assim, provavelmente o

problema vem do solo. Já o revestimento de PVC é impermeável, “mas a umidade pode brotar

entre as juntas,assim como aconteceria se as paredes fossem revestidas de cerâmica”, pontua.

Minha casa tem fachada de tijolinho. O que devo fazer para protegê-la da umidade?

O tijolo, assim como as pedras naturais, são revestimentos porosos e tendem a absorver água.

“É importante pulverizar a superfície com um produto hidrófugo”, recomenda Eliene da Costa,

da Otto Baumgart, em São Paulo. “Há também soluções arquitetônicas,como beirais largos,que

resguardam essas paredes da água da chuva”, diz. Mas atenção: esse tratamento não elimina

a necessidade de impermeabilizar o alicerce.

Textura sana a umidade nas paredes? E massa corrida?

“Em alvenarias não impermeabilizadas,a umidade chega até a textura ou a massa e pode

danificá-las”, afirma Josias Marcelino da Silva, químico da Divisão de Engenharia Civil do IPT.

Alguns acabamentos desse tipo trazem hidro-repelentes na composição, porém eles só

protegem contra respingos.

3.Piscina e Reservatório

PROTEÇÃO PARA UM MERGULHO SEM FURO

O mundo da impermeabilização, se divide entre os produtos do sistema rígido e do sistema

flexível.Qual deles vai nadar na sua piscina? Para um resultado 100% confiável, recomenda-se

Page 10: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

o uso de ambos, ao mesmo tempo, principalmente em tanques com mais de 20 mil litros

d’água, ou seja, cerca de 10 x 2 m , com 1 m de profundidade. Os flexíveis, neste caso, são as

mantas. Pré-fabricadas, elas garantem uma camada protetora uniforme – entre 4 e 5 mm – e,

melhor, resistente a impactos. Isso vale ouro na obra, pois pequenos incidentes, como queda

de material, não a danificam. Elas também acompanham leves movimentações do berço sem

rachar. Mas, como a manta não suporta a umidade do solo (e com a ação dos lençóis freáticos

pode até descolar), ela só deve ser aplicada em berços que tenham recebido algum produto do

sistema rígido (argamassas impermeabilizantes). Há, sim, casos em que um sistema dispensa

o outro. Por exemplo: nas piscinas elevadas (veja ilustração), quando houver certeza de que

não existe umidade vinda de fora para dentro do tanque, pode-se abdicar das argamassas

impermeabilizantes e ficar só com as mantas. Já nas piscinas enterradas (veja ilustração) com

berço de concreto (veja ilustração), quem está dispensada é a manta, segundo a norma NBR

9575/2003. Mas, na prática, poucos construtores se arriscam a seguir essa instrução. Para

eles, não há como garantir que a estrutura seja tão bem executada que não sofra fissuração,

pois é difícil controlar a qualidade da concretagem e o tempo de cura. “Fica mais caro investir

num concreto dessa qualidade que apostar no uso das mantas ”, comenta o engenheiro civil

Lourenço Granato, da Casa Seca Impermeabilizações, de São Paulo. Por isso mostramos a

combinação dos dois sistemas, que gera um custo de apenas 3% do valor total da piscina. Só

não requerem proteção as piscinas de fibra e de vinil, materiais impermeáveis. Mesmo assim,

atenção: se a sua piscina for de vinil, mas o terreno tiver lençol freático, você vai precisar usar

os dois sistemas de impermeabilização.

POSIÇÕES NO TERRENO

ELEVADA São os tanques que não ficam totalmente

enterrados. Por exemplo, modelos instalados no térreo com garagens no subsolo ou erguidos

em terreno inclinado com uma lateral sem contato com a terra. Sempre pedem proteção

flexível.

Page 11: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

ENTERRADA O nome já diz tudo – as laterais e a base da

piscina ficam apoiadas no solo. São os tipos mais comuns em residências. Cava-se um buraco

para construí-la e a impermeabilização dependerá do tipo de berço escolhido.

TIPOS DE BERÇO

CONCRETO ARMADO

A estrutura moldada na obra com armação de ferro tem alta

resistência. Prefira concreto usinado, para ter massa mais homogênea. Se for enterrada em

solo firme, pode receber proteção apenas com argamassas do sistema rígido.

ALVENARIA MISTA

As paredes são erguidas com tijolos ou blocos (alvenaria)

intercalados com cintas e pilares de concreto armado. Costuma sair mais em conta que o

tanque feito totalmente de concreto. Sempre requer impermeabilização flexível.

APLICAÇÃO DA MANTA EXIGE CUIDADOS

Já sabemos que a manta é presença garantida em quase todas as piscinas. Mas sua

colocação e os detalhes que antecedem esse momento são decisivos para garantir

estanquidade absoluta. Primeiro, é preciso cortar possíveis pontas da armação do concreto que

tenham ficado aparentes, pois elas podem furar a manta, segundo o engenheiro civil Daniel

Wertheimer, da Viapol, em São Paulo. Depois começa a regularização. Em cima da

regularização aplica-se uma camada de 0,5 cm de argamassa impermeabilizante – pode ser a

cristalizante ou a polimérica. Ainda não chegou a hora da manta. Antes, ralos, retornos,

aspiração e dispositivos de iluminação devem estar chumbados e com os reforços de

impermeabilização já executados. Esses pontos costumam dar bastante problema.

Page 12: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

Quando todos os pontos estiverem prontos, aplica-se primer, espécie de tinta asfáltica que sela

a superfície, garantindo a boa aderência da manta. Os fabricantes recomendam caprichar no

seu consumo – em média 360g por m². Respeite o tempo de secagem de quatro a 12 horas

(deve estar seco ao toque). Quando a manta for colocada sobre a tinta, o maçarico vai aquecer

os dois produtos, que serão fundidos. Por isso, o correto é comprar ambos de uma mesma

marca. Como as mantas têm largura de no máximo 1 m, o instalador deve respeitar à risca a

sobreposição de 10 cm nas emendas e também no encontro entre duas paredes ou entre a

parede e o piso. Isso é um reforço para que a proteção não se rompa no caso de a estrutura se

movimentar. “Os 10 cm representam boa margem de segurança, determinada pela norma de

mantas, a NBR 9952/98 ”, diz o engenheiro civil André Fornasaro, da Contrim Engenharia, de

São Paulo. Além disso, o aquecimento deve ser suficiente para que as pontas se unam,

evitando infiltrações futuras. A finalização, feita com uma colher de pedreiro bem quente,

chama-se biselamento e arremata essa sobreposição.

REGULARIZAÇÃOEssa camada de 2 cm de argamassa deixa o berço bem lisinho e nivelado.

Ela é feita sem cal. “A cal pode desidratar os produtos do sistema rígido, que você aplica

depois, impedindo a sua cura e fazendo até com que eles se destaquem”, explica a arquiteta

Leonilda Ferme, da Denver Global, de Suzano, SP. O recomendado, portanto, é usar só

cimento e areia, na proporção 3:1. Faça um acabamento arredondado nos cantos entre piso e

parede – meia-cana (ilustração abaixo). “Esse encontro sofre muita tensão devido ao peso da

água, e com essa estratégia diminuímos o risco de fissura ou rachadura”, explica o engenheiro

civil Daniel Wertheimer.

TEST-DRIVEHá dois testes que devem ser feitos antes da finalização

da piscina. O primeiro, de carga, não é obrigatório e, portanto, muita gente o deixa de lado.

Exija-o de seu instalador. “Assim que o berço ficar pronto, antes de fazer a regularização,

encha-o de água por 72 horas. Depois esvazie e verifique se ocorreram fissuras”, ensina

Leonilda Ferme. Eventuais problemas poderão ser consertados antes da colocação da manta.

Além do mais, o peso da água fará o berço movimentar e se acomodar – é bom que isso ocorra

antes da impermeabilização. O segundo teste, de estanquidade, é obrigatório. Logo após a

colocação da manta, enche-se novamente o tanque por 72 horas. Se o nível continuar o

mesmo, a impermeabilização está aprovada. Só então a piscina é esvaziada e começa-se a

Page 13: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

preparação para colocar o revestimento. Em ambos os testes, evite desperdício de água,

planejando sua reutilização. Tenha consciência ecológica.

ANTES DA MANTA, UM REFORÇO NECESSÁRIO

“A boa impermeabilização prima pelos detalhes ”, afirma o engenheiro civil Paulo Sérgio

Oliveira, da Sika, de São Paulo. A frase nos faz lembrar que a água é danada – ela está

sempre procurando um caminho por onde passar. No caso das piscinas, ela não perdoa as

microfrestas ao redor de ralos, retornos, aspiração e luminárias (identifique a posição

convencional desses itens na ilustração abaixo). Como vimos anteriormente, quando chegar a

hora de colocar a manta, a área em torno dos equipamentos já deve estar muito bem

impermeabilizada. Compre os dispositivos antes de começar a fazer o berço, preferindo os

modelos com conexões rosqueáveis, que apresentam melhor fixação à estrutura, e de metal,

pois são mais resistentes ao calor do maçarico (usado para colar a manta). Quando o berço

começar a ser montado, siga a orientação do engenheiro civil Gilmar Camera, da Camera

Engenharia, de São Paulo: “Quando faço a concretagem, as tubulações já estão posicionadas

em seus devidos lugares.” Depois da cura do concreto, o instalador usa talhadeira para fazer

um rebaixo de 40 x 40 cm e 1 cm de profundidade ao redor dos ralos, retornos e aspiração ou a

partir de 22 cm ao redor dos dispositivos de iluminação (direita). Daí vem o primer. Só então

preenche-se o rebaixo com duas camadas de manta. Repare, nas ilustrações, na presença dos

mastiques, que selam o espaço entre manta e dispositivos mesmo se houver movimentação

nesses pontos. Sobre a manta, faz-se um chapisco para começar a aplicação da argamassa de

proteção mecânica estruturada com tela plástica ou galvanizada. Atenção: “Passam-se 3 cm de

espessura de proteção mecânica e só então coloca-se a tela, pois se ela estiver muito junto da

manta a camada de proteção pode se destacar com o tempo, estragando manta e

revestimento”, adverte a engenheira química Maria Amélia Silveira, de São Paulo. Essa

argamassa estruturada deve preencher todas as paredes do tanque e subir nas bordas,

avançando 50 cm sobre o piso ao redor da piscina – isso funcionará como uma ancoragem

para todo o revestimento. O fundo da piscina dispensa a tela, portanto os ralos têm

impermeabilização idêntica à dos retornos, mas sem o estruturante na camada de proteção.

Onde ficam os dispositivos

Page 14: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

TIRA-DÚVIDAS Como faço para instalar iluminação

depois que a piscina ficou pronta?

Quem cometeu a falha grave de não prever antes os pontos de iluminação deverá

esvaziar a piscina, retirar o revestimento nos pontos da no a instalação e cavar a

argamassa até encontrar a impermeabilização. “Elimine a proteção num raio de 5

cm ao redor do local onde o dispositivo será instalado. Encaixe os tubos e

reimpermeabilize com os mesmos produtos da impermeabilização original”,

recomenda o engenheiro civil André Fornasaro, de São Paulo. Não se esqueça

dos mastiques.

O nível da água está baixando. Como se localizam os vazamentos?

Observe em que altura o vazamento se estabiliza. “Na maior parte dos casos, o

problema se situa ao redor dos pontos de tubulação ou de iluminação”, diz o

engenheiro civil Danilo Oliveira, da Sika, de São Paulo. Se a estrutura de concreto

do berço tiver sido mal executada e trincar, principalmente nos encontros entre

pisos e paredes, também podem ocorrer vazamentos que a impermeabilização

não conseguiria deter. Nesse caso, será preciso consertar a estrutura e

reimpermeabilizar.

Os azulejos estão descolando. Isso é culpa da impermeabilização?

Nem sempre. “Até dez anos atrás, não tínhamos os rejuntes flexíveis e, por isso, é

relativamente comum encontrar piscinas antigas com os azulejos descolando ”,

conta o engenheiro paulistano Gilmar Camera. As argamassas utilizadas eram

rígidas e não acompanha movimentação dos acabamentos. Mas também é

possível que a proteção mecânica das paredes não tenha sido estruturada e esteja

caindo ou, ainda, que tenha havido falha na impermeabilização e a umidade do

solo esteja empurrando a manta.

Page 15: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

ÁGUA DE CHUVA

Sua idéia é fazer um tanque para armazená-la?

Recomenda-se que ele seja de concreto, com tampa. Normalmente fica na laje de

cobertura, pois assim a gravidade manda água até as torneiras, dispensando

bomba. Deve ser impermeabilizado com argamassa polimérica, que acompanha

eventuais fissuras da estrutura. Três demãos desse produto, aplicadas em

sentidos cruzados, garantem a proteção.

ÁGUA BEM PROTEGIDA NOS PRÉDIOS

Prédios têm reservatórios no subsolo que garantem o abastecimento por até dois

dias. Esses tanques costumam ser de concreto e sua construção segue a norma

NBR 5626/98 – ele deve ser erguido como uma caixa sem tampa com duas

pequenas janelinhas. É por elas que o instalador entra para aplicar membranas de

polímeros e cimento flexíveis, passadas com broxa. Usar manta é uma opção.

Porém, como o instalador trabalha enclausurado, há necessidade de garantir a

renovação do oxigênio durante a instalação no interior do reservatório com uma

espécie de ventilador .“As emulsões asfálticas podem contaminar a água, por isso

estão descartadas ”, diz Rolando Infanti, da Betumat, de Salvador.

POR DENTRO DO RESERVATÓRIO

Telhado e laje de Cobertura.

Page 16: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

FIQUE LIVRE DAS GOTEIRAS

Como é a cobertura da sua casa? Se você tem laje, mesmo que protegida por um

belo telhado, precisa investir em impermeabilização. Assim, ainda que a água

infiltre por uma telha trincada ou desencaixada, as gotículas não vão passar da laje

– e você estará livre de manchas de bolor e pinga-pinga. Se você usa a laje de

cobertura como terraço ou solário – e, portanto, ela fica descoberta –, redobre a

atenção. A água vai incidir diretamente sobre a superfície e, nesse caso, além das

indesejáveis goteiras, a umidade pode penetrar na estrutura, corroer o ferro e

colocar a obra em risco. Embora o concreto tenha aquele aspecto forte e

impenetrável, ele sempre apresenta fissuras – a maioria nem se vê a olho nu. “A

laje também protege outras estruturas da casa, como as paredes”, completa o

engenheiro civil carioca João Jordy. Vimos que o sistema mais indicado para

impermeabilização de superfícies que se movimentam, como as lajes, é o flexível,

porque ele acompanha esse vai-e-vem. Uma alternativa são as mantas, indicadas

para áreas com mais de 20 m² – há alguns tipos com diferentes características. Já

as emulsões são de fácil aplicação. Dependendo do produto, você terá de assentar

argamassa para salvaguardá-lo das intempéries (proteção mecânica).

A LAJE SE MOVIMENTA

Expostas a frio e calor, laje e parede se mexem. Com isso, o concreto pode rachar.

Aí, o caminho está livre para a água.

MANTA MANTA MANTA

Page 17: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

ASFÁLTICANo caso de

áreas com mais de 20m²,

as mantas têm bom

rendimento na aplicação.

Avalie se há muitos ralos e

antenas, pois seus

arremates tomam

tempo. Pede camada de

proteção mecânica.

ASFÁLTICA COM

GRÂNULOS

MINERAISIndicada para

lajes sem trânsito de

pessoas. Os grãos de

granita ou ardósia protegem

a massa asfáltica do sol,

dispensando a argamassa

de proteção mecânica.

ASFÁLTICA

ALUMINIZADAO

alumínio reflete os raios

solares, livrando a manta

desse desgaste. Por

tabela, melhora o conforto

térmico da casa. Também

não requer proteção.

MEMBRANA

ASFÁLTICAA

FRIOAplicadas como se

fossem pintura, as

emulsões e soluções são

práticas em lajes

pequenas ou se há

interferências, como

antenas. Sobre elas, é

preciso argamassa de

proteção.

MEMBRANA

ASFÁLTICAA

QUENTERequer time bem

treinado para executar o

serviço, pois pede uso de

caldeira. Oferece melhor

proteção que os tipos a

frio e vai bem em áreas

pequenas. Exige proteção.

MEMBRANA

ACRÍLICAAplicada como

tinta, é indicada para lajes

sem trânsito de pessoas.

Como não resiste a

empoçamento de água, o

caimento da superfície deve

ser de 2% em direção ao

ralo. Não pede proteção.

RESTO DE MATERIAL

Após a aplicação, os produtos que sobrarem podem ser guardados para eventuais

emendas e reaplicações – mas isso só enquanto eles estiverem dentro da data de

validade. Vencido esse prazo, descarte-os. No caso das mantas asfálticas, o

cuidado é com o armazenamento. As bobinas devem ficar em pé para evitar

deformações.

MANTAS ASFÁLTICAS: NÃO TEM ERRO

Page 18: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

No quesito confiabilidade, elas ocupam o topo da lista. É que, pré-fabricadas,

oferecem maior garantia de qualidade e de uniformidade. Por exemplo, ao comprar

um modelo de 4 mm, certamente toda a extensão do pano terá a mesma

espessura. Outra vantagem é o rendimento do serviço. A aplicação de uma bobina

cobre 8,70 m² e é feita em 30 minutos, por dois aplicadores experientes, numa laje

sem interferências. Além disso, não é preciso esperar a secagem do material,

como no caso das membranas. Mas o sistema tem um calcanhar-de-aquiles: a

mão-de-obra deve ser bem treinada. Como escolher? Peça indicação aos

fabricantes ou busque os filiados ao Instituto Brasileiro de Impermeabilização

(www.ibibrasil.org.br). A garantia do serviço é de pelo menos cinco anos. Mas a

vida útil da proteção com manta pode completar 25 primaveras, dependendo da

quantidade de camadas e do tipo de produto especificado, segundo a arquiteta

Leonilda Ferme, da Denver Global, de Suzano, SP. Muita atenção ao acabamento

dos ralos – o reforço deve ser feito antes da aplicação completa da manta.

ANTENADOAntes de impermeabilizar,

deixe a tubulação de metal (por onde passará o fio da antena de TV ou o pára-

raios) chumbada na laje e reforce com dupla camada de manta ao seu redor, como

na ilustração. DETALHES DE ACABAMENTO

A manta deve subir 30 cm e ficar embutida na parede. Depois, recebe argamassa

estruturada. O topo da platibanda (mureta) pede proteção: se escorrer água por

trás da manta, o produto descola.

PRIMEIRO CUIDE DOS RALOS

Page 19: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

PASSO 1 Enrola-se um

canudo de manta, que deve ficar 10 cm

para dentro do cano e outros 10 cm para

fora. Com uma colher de pedreiro

aquecida, coleta manta da parte inferior

(processo de biselamento).

PASSO 2 Com um

estilete, cortam-se tiras na porção da

manta que ficou na superfície e faz-se o

biselamento. Nessa etapa, a manta se

parece com uma flor, por isso o arremate

é chamado de margarida.

PASSO 3 Recortar mais

um quadra do de manta (40 cm), e

sobrepô-lo ao ralo. Com estilete, divide-

se o centro como se fossem fatias de

pizza. O diâmetro da área trabalhada

deve coincidir com a abertura do ralo.

PASSO 4 Empurram-se as

pontas (fatias de pizza) para dentro do

cano e faz-se o seu biselamento com a

colher de pedreiro aquecida. Só então

pode-se iniciar a impermeabilização do

resto da laje.

CANTOS ARREDONDADOS E PRIMER

Na hora de regularizar a laje,peça ao pedreiro que deixe um caimento de 1% em

direção ao ralo. No encontro entre laje e mureta, o canto precisa ficar arredondado.

Quando a superfície estiver lisa e limpa, passe o primer, essencial para a manta

aderir ao concreto. Prefira aqueles à base de solvente, que costumam trazer

melhor resultado.

A TODA PROVA

Como nas piscinas, aqui também tem teste de estanquidade. Cola-se um pedaço

de asfalto nas aberturas dos ralos, enche-se a laje com uma lâmina de 5 cm de

água e esperam-se 72 horas. Se o nível da água descer, é sinal de vazamento.

Também vale procurar manchas de umidade no teto pelo interior da casa. “Assim

se detectam falhas nas emendas ”,explica a engenheira civil Eliene Ventura, da

Otto Baumgart, de São Paulo.

Page 20: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

MOLDADA NA OBRA, EMULSÃO É PRÁTICA

Aplicadas como tinta, as membranas são alternativas boas quando a área é

pequena, menos de 20 m², ou tem muitas interferências – vários ralos e entradas

para antenas. A impermeabilização pode ser feita com asfalto derretido, soluções

asfálticas, emulsões acrílicas e asfálticas. Todas resultam em espessura final com

cerca de 4 mm após várias demãos. As emulsões acrílicas e asfálticas são à base

de água e, por isso, atóxicas. Somada à fácil aplicação, essa característica faz

delas as queridinhas dos aplicadores de primeira viagem. No entanto,é comum

esses mesmos iniciantes serem generosos em cada demão, para chegar logo à

espessura final. Erro crasso. Assim, eles propiciam a formação de bolhas, pontos

frágeis para rompimento. É preciso cuidar também do intervalo entre as aplicações

– a camada anterior deve estar totalmente seca ao toque. “Em média, aplicam-se

duas demãos num dia”,diz o químico Rolando Infanti,da Betumat,de Salvador.

Pronta, a membrana pede proteção mecânica e, sobre ela, vem o revestimento. Se

você quiser que essa argamassa seja o acabamento,ela deve ser feita com traço

de 1:5 (areia e cimento) e espessura de 4 cm. Para evitar trincas, deixam-se

sulcos desenhando quadrados de 1,50 m. Depois,esses sulcos são preenchidos

com uma mistura de partes iguais de emulsão e areia.

PRIMEIRO CUIDE DOS RALOS

PASSO 1 A

superfície – regularizada –

deve estar com uma

demão de primer. Então,

com uma broxa ou trincha,

faz-se a primeira camada

da emulsão, em pinceladas

sempre no mesmo sentido.

PASSO 2

Cerca de 30 minutos

depois, desenrola-se a tela

que servirá de

estruturante. Siga as

recomendações do

fabricante da emulsão na

escolha da tela, pois há

muitos tipos no mercado.

PASSO 3

Após a secagem total (12

horas), uma nova demão é

aplicada em sentido

perpendicular ao anterior.

Depois que ela seca,

passa-se mais uma demão.

Isso é feito até se chegar ao

consumo total por m² .

Se houver muretas ou platibandas,a emulsão deve cobri-las. Depois de a

membrana estar pronta,faz-se a camada separadora (filme de polietileno ou papel

kraft), a proteção mecânica e assenta-se o revestimento.

Page 21: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

PASSO 4

ARREMATE DO RALO

TELADepois da primeira demão, colocar a tela

(estruturante). PINTURAA seguir, aplica-se

novamente a emulsão ao redor da abertura.

CONTROLE DE ESTOQUE

Uma dica aos que forem fiscalizar a obra: verifique na embalagem a quantidade de

material exigida em cada etapa e o libere em parcelas. Somente depois do período

de secagem, cerca de 12 horas, forneça mais um lote de produto, garantindo que

intervalos e quantidades sejam respeitados.

DUPLA DINÂMICA

Quer uma superproteção? Se não houver trânsito de pessoas sobre a laje, use a

emulsão acrílica e a asfáltica juntas, com vantagens. A primeira a ser aplicada é a

asfáltica, em seis demãos (4 mm). Em vez de argamassa, duas demãos (0,5 mm)

de emulsão acrílica servem de proteção mecânica. Além de resistente, a

Page 22: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

associação melhora o conforto térmico porque o acabamento é branco e reflete os

raios solares.

MAIS UMA PROTEÇÃO PARA A COBERTURA

Dispensou a impermeabilização da cobertura porque havia um telhado sobre ela

ou simplesmente não havia laje? O ideal, nesses dois casos, é usar a sub

cobertura. “Ela é um sistema complementar”, define a engenheira Lilian Gelio, da

Dryko, de Guarulhos, SP, “e funciona como barreira extra para a água que se

infiltrar pelas telhas”. Também bloqueia insetos e atenua ruídos externos. Pode ser

de polietileno ex- pandido, não-tecido de polietileno, papel aluminizado ou massa

asfáltica. Quem define o melhor tipo para o seu caso é o engenheiro ou o

telhadista, pois cada modelo oferece uma qualidade específica. Outra

recomendação: deixe espaço de 2 a 3 cm entre a subcobertura e o forro para se

formarem colchões de ar que melhoram o isolamento térmico.

ONDE FICA A SUB COBERTURA

TIRA–DÚVIDASA impermeabilização pede

manutenção?

Depende do sistema utilizado. Se você optou por emulsão acrílica, os especialistas

recomendam três novas demãos do produto a cada três anos. Como esse produto

fica exposto (sem argamassa de proteção mecânica), a reaplicação não exige

quebra-quebra. Já no caso das mantas e das demais membranas, só haverá

conserto se aparecer algum problema. Como quase todos os outros sistemas

ficam sob a argamassa, fique de olho nela – aparecendo trincas ou desgastes,

reforce-a. “Mas, se houver vazamentos, é melhor remover tudo e realizar o serviço

novamente”, aconselha o engenheiro civil Danilo Oliveira, da Sika, de São

Paulo.Como posso proteger o telhado?

Page 23: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

Além das mantas e subcoberturas, existem os hidro-repelentes, que podem ser

passados diretamente sobre as telhas. “São substâncias à base de silicone, que

impedem que a cerâmica absorva água”, explica o engenheiro civil Daniel

Wertheimer, da Viapol, de São Paulo. Eles não evitam as goteiras, mas protegem

a telha contra o bolor.

Vou colocar cerâmica na laje. Mesmo assim, preciso de impermeabilização?

Sim, respondem, em coro, os especialistas da área. “Apesar de terem baixa

absorção de água, cerâmica e rejunte não impermeabilizam a superfície”, explica o

engenheiro civil Marcelo Ming, da Lwart, de Lençóis Paulista, SP. Aliás, não há

revestimento que substitua essa proteção. Quanto ao sistema mais adequado, a

regra se mantém. Expostas às intempéries, essas estruturas são altamente

sujeitas a fissuras, uma vez que seus materiais ficam à mercê das mudanças de

temperatura e sofrem dilatação constantemente.Os melhores produtos, nesses

casos, são os flexíveis – mantas e membranas –, pois eles suportam esse vai-e-

vem sem se romper.

QUAL É MELHOR?

Conte com a ajuda de um profissional para escolher o material de subcobertura

que mais combina com seu telhado. Por exemplo, se você quer reduzir o calor,

recomendam-se os tipos que possuem face aluminizada. As de não-tecido barram

a entrada de água, mas deixam o vapor sair por microporos – assim, o ar dentro

da casa não fica impregnado de umidade.

TIPOS1.Papel aluminizado

2.não-tecido de polietileno

Page 24: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

3.polietileno expandido

Cozinha, Banheiro, área de serviço, varanda e jardineira

CERQUE OS PONTOS CRÍTICOS DA CASA

Quem mora em prédio sabe: vazamento traz a maior chateação. Seja você a

vítima ou o culpado. E o cenário são sempre banheiros, cozinhas e lavanderias,

que – não por acaso – também são chamados de áreas molhadas. Alguns

construtores estão dispensando a proteção desses locais pois consideram que

eles não deveriam ser lavados. Mas nem sempre isso fica claro para o comprador

do imóvel. Em banheiros, mesmo as paredes pedem cuidado, pois estão sujeitas à

água de percolação – aquela que escorre pela parede depois do seu banho. Essas

superfícies devem ser protegidas até, no mínimo, 1,90 m de altura, conforme a

norma brasileira NBR 9575/2003. Os materiais do sistema flexível são os mais

recomendados, segundo a arquiteta Leonilda Ferme, da Denver Global, de

Suzano, SP. Manta ou membrana? Depende. Só um profissional pode avaliar se a

estrutura se movimenta demais – e, portanto, pede mantas asfálticas – ou se há

muitos pontos de tubulação passando pelo piso – exigindo o uso de membranas,

que, moldadas in loco, dispensam recortes. Em áreas menores, a argamassa

polimérica também é uma opção.

BANHEIRO COM MEMBRANA

Opção com manta

Page 25: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

Opção com argamassa

Fama de fácil

Materiais rígidos são proibidos na proteção dos banheiros? Não. A argamassa

polimérica faz sucesso na impermeabilização dessas áreas. Além de ser fácil de

aplicar, tem a vantagem de não aumentar a espessura do piso. Sua camada é de

no máximo 2 mm e sobre ela pode-se assentar o revestimento diretamente, sem

utilização de argamassa de proteção mecânica. Porém, lembre-se: ela é rígida. Se

ocorrer fissura na laje entre o seu apartamento e o do vizinho de baixo, tchau,

tchau, proteção.

Porta de boxe

É comum danificar a impermeabilização durante fixação da porta do boxe.

Recomende ao instalador que restrinja os parafusos às paredes para não furar o

piso. A proteção também sofre quando o morador decide mudar as tubulações de

lugar durante a obra ou em uma reforma – sempre que fizer tais alterações, peça

novo projeto de impermeabilização.

Ralo da banheira

Antes de usar a manta ou a membrana na base e na parede ao redor da banheira,

proteja o ralo de escoamento, que fica sob ela, ao redor de tubulações de

hidráulica – e elétrica, no caso da hidromassagem – faça um reforço com cimento

Page 26: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

asfáltico elastomérico. Isso vale para apartamentos e para sobrados com

banheiros no piso superior.

CUIDADOS NOS RALOS E VASO SANITÁRIO

Na linguagem da impermeabilização, as tubulações que atravessam a superfície

protegida se chamam interferências. Normalmente são os ralos e o tubo que dá

vazão à descarga do vaso. Para ter 100% de proteção, você deve exigir que o

caimento do piso seja de 1% em relação ao ralo. Em seguida, o aplicador precisa

caprichar no arremate ao redor desses pontos. O jeito certo de fazer isso depende

do tipo de impermeabilizante escolhido. Como você já sabe, os sistemas flexíveis

(asfálticos) são mais convenientes nos banheiros, mas, se optar pela argamassa

polimérica, não economize nos mastiques – esses produtos flexíveis, de

poliuretano ou silicone, evitam que se formem fissuras no encontro entre os

diferentes materiais. Opção com membrana

Opção com argamassa

PASSO

1Separe um pedaço de

manta que envolva o cano,

com largura de 60 cm. Com

um estilete, corte tiras de

30 cm.

PASSO

2Envolva o cano com a

manta. aqueça as tiras,

com maçarico, e cole-as no

chão (que deve estar com

primer).

PASSO

3Use mais um pedaço de

manta e faça um recorte

para que ela se encaixe no

cano. Cole-a com

maçarico.

Page 27: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

Para os sobrados

Na construção de casa com dois ou mais pavimentos, a tubulação de hidráulica

deve ser posicionada na laje ainda na fase de concretagem. Se você não fez isso,

chumbe os canos com graute, mistura mais fluida de pedriscos e concreto.

Execute a impermeabilização e, depois de o serviço pronto, exija o teste de

estanquidade. Ele é feito assim: tampam-se os canos e ralos, coloca-se água a 2

cm de altura e esperam-se 72 horas para saber se a estrutura e a proteção não

apresentam vazamentos. Só então coloque o revestimento.Jeitos de fazer

Já vimos como arrematar ralos com manta e membrana asfáltica. Se você elegeu

a argamassa polimérica, o acabamento consiste na colocação de um véu de

poliéster (estruturante) entre duas demãos do produto, como na ilustração abaixo.

Para facilitar a vida dos aplicadores, duas empresas

de tubos e conexões, a Tigre e a Akros, lançaram um dispositivo que fica abaixo

Page 28: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

do ralo e ampara a impermeabilização com manta (foto abaixo).

PISO É FOCO NA ÁREA DE SERVIÇO E COZINHA

Nesses ambientes, as paredes dispensam proteção, pois a ação da umidade não é

tão intensa como nos banheiros. Mas cabe impermeabilizar o piso dessas áreas –

principalmente se você gosta de lavar tudo com baldes de água. Nem sempre,

porém as construtoras fazem isso. Na hora de comprar apartamento, verifique no

memorial descritivo se a proteção está apenas ao redor dos ralos e tubos ou em

toda a extensão das áreas molhadas. Esse poderá ser o diferencial que

determinará sua compra. Também é importante saber que material foi utilizado,

pois em caso de reparos deve-se reaplicar o mesmo tipo de produto. Nas

reformas, não se esqueça do teste de estanquidade, recomenda o engenheiro civil

Danilo Oliveira, da Sika, de São Paulo.

Como já aprendemos, numa casa térrea o problema que atinge o piso da cozinha

e da área de serviço é a umidade ascendente. A impermeabilização deve ser feita

no alicerce – manta ou membrana asfáltica no radier e nos baldrames; no caso de

sapatas corridas ou isoladas, usa-se cristalizantes ou hidrofugantes.

Olha o nível

Na hora de assentar o revestimento, os pedreiros marcam o nível, ou seja, batem

dois pregos – um em cada extremidade do cômodo – e passam uma linha de lado

Page 29: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

a lado. O engenheiro civil Daniel Wertheimer, da Viapol, de São Paulo, ensina uma

estratégia para evitar que eles furem a impermeabilização nesse momento: peça

que os pregos sejam batidos sobre pedacinhos de madeira e, depois, cole

provisoriamente essa madeira no piso usando um pouco de argamassa.

Troca de revestimento

Se decidir atualizar o piso de qualquer área molhada, considere também o custo

de refazer a impermeabilização. Não importa qual o sistema utilizado, é

praticamente impossível retirar revestimentos e contrapiso sem danificar a

proteção contra umidade. De preferência, reaplique os mesmos produtos usados

originalmente.

VedantesSele o vão entre bancada da pia e parede com silicone. Dê preferência

àqueles aditivados com fungicida, que impedem o aparecimento de bolor.

PRESERVE VARANDAS E FLOREIRAS

Eis dois pontos que pouca gente se lembra de impermeabilizar. E, aí, depois de

uma chuva ou de um tempo de uso, a água penetra na estrutura. O resultado pode

ser manchas na parede (em que está a floreira) ou pinga-pinga sob a varanda.

Para evitar contratempos, use produtos do sistema flexível nos dois casos. Ambas

as situações estão muito suscetíveis a trincas devido à exposição ao sol e à chuva

– a variação de temperatura as leva a contrair e a dilatar, provocando as

famigeradas rachaduras.

A situação é ainda mais crítica nas estruturas em balanço, como em algumas das

sacadas. Entre os produtos que suportam esse vai-e-vem, existe uma preferência

pelas membranas asfálticas moldadas na obra, pois normalmente essas áreas são

pequenas. No caso das mantas, os operários necessitariam de ferramentas

especiais, como maçaricos e espaço para fazer a aplicação. Também vale cuidar

do caimento do piso – que deve ser em direção ao ralo, caso contrário, a água da

chuva escorre para o piso de salas e quartos. Impermeabilize também a soleira

das portas de acesso ao interior do apartamento.

Floreiras e jardineiras têm impermeabilização diferente devido aos seus tamanhos.

Mas ambas pedem sistema de drenagem. Nas primeiras, que são menores, use

membrana asfálticas. Já nas jardineiras, eleja mantas do tipo anti-raiz. É

Page 30: APOSTILA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

importante que o projeto de paisagismo preveja flores e arbustos sem raízes

profundas para não forçar a impermeabilização. Assim não tem erro.

COMO PROTEGER A SACADA

Ralo da floreira

Dreno da jardineira

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