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UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO Curso de Engenharia Mecatrônica Anibal Caetano Montanari Junior Geancarlo Sgorla AUTOMAÇÃO DE PROCESSO INDUSTRIAL PRODUÇÃO DE BIODIESEL CAMPO GRANDE 2008

Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

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Page 1: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

Curso de Engenharia Mecatrônica

Anibal Caetano Montanari Junior

Geancarlo Sgorla

AUTOMAÇÃO DE PROCESSO INDUSTRIAL

PRODUÇÃO DE BIODIESEL

CAMPO GRANDE

2008

Page 2: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

Curso de Engenharia Mecatrônica

Anibal Caetano Montanari Junior

Geancarlo Sgorla

AUTOMAÇÃO DE PROCESSO INDUSTRIAL

PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Monografia de trabalho de conclusão de curso

submetido como requisito parcial para obtenção do

grau de Engenheiro Mecatrônico

CAMPO GRANDE

Page 3: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

2008

DEDICATÓRIA

Aos nossos pais que sempre nos

apoiaram na busca dos nossos objetivos e

nos deram exemplos de luta e perseverança

para a conquista da vitória.

Page 4: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e sabedoria!

A minha mãe Terezinha que com seu carinho, força, e dedicação sempre me

mostrou que o melhor caminho é aquele que nos traz e nos permite semear

felicidade e esperança.

Ao meu pai Anibal, que com hombridade e muito esforço me guiou sempre

que precisei.

A minha família, avós, irmã, tios, primos, todos que de alguma forma

contribuíram, com sorrisos e alegrias.

A Aliny, que com amor e dedicação me ajudou a concretizar este sonho.

Ao orientador Jenner Luis Puia Ferreira pela compreensão e orientação

dedicada a esta pesquisa.

Aos professores Edson e Thiago que além de orientar no decorrer desse

desenvolvimento, se tornaram grandes amigos.

Ao Senhor Antônio Carlos Montanari, que nos cedeu o protótipo de uma

usina para realização desse projeto.

Aos amigos que conheci nesse período de formação, pessoas que sempre

quero ter ao meu lado.

Obrigado a todos pela amizade!

Anibal C. M. Junior

Page 5: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

A Deus, por estar sempre ao meu lado, me ajudando a superar os desafios da

vida.

Aos meus pais, que com muito carinho e compreensão não mediram esforços

para que eu chegasse até essa etapa da minha vida.

Ao professor e orientador Jenner Luis Puia Ferreira, que nos ajudou a

amadurecer os nossos conhecimentos, e nos levou a conclusão desta monografia.

Ao Sr. Antonio Carlos Montanari, que através de seus conhecimentos, e

parceria, possibilitou o sucesso deste projeto.

A todos amigos e pessoas que conheci nesses 5 anos, que de alguma forma

contribuíram para mina formação.

Aos meus amigos Bráulio Hiroshi e Rodrigo Conceição, por estarem sempre

ao meu lado nesses 5 anos dividindo as angustias das provas e as alegrias das

comemorações.

A todos, muito obrigado.

Geancarlo Sgorla

Page 6: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

RESUMO

Na tentativa de diminuir os danos causados pelo efeito estufa, a humanidade

tem criado novos métodos de geração de energia através de combustíveis de fontes

renováveis. A utilização de óleos vegetais como combustível se iniciou em 1890 pelo

alemão Rudolf Diesel, quando utilizou óleo de amendoim em um motor a

compressão. Com o passar dos anos percebeu-se que a utilização de óleos vegetais

ou animais diminuíam a vida útil do motor e reduziam o seu rendimento. Através de

estudos concluiu-se que as causas dos problemas gerados em motores a

compressão pela utilização de óleos em geral, se dava pela presença de glicerina,

mono e diglicerídeos. Com a criação do processo denominado transesterificação, a

remoção desses elementos se tornou possível, assemelhando as características do

chamado biodiesel em relação ao diesel derivado de petróleo. Atualmente a

produção de biodiesel é feita de forma manual, sendo mais lenta e possuindo menor

qualidade que o sistema automatizado. O objetivo deste projeto é criar um projeto de

automação para uma Mini – Usina de biodiesel, utilizando a modelagem por Redes

de Petri para contenção de erros e redundâncias. O processo é controlado por um

Controlador Lógico Programável, tendo como variáveis de entradas sensores de

nível, temperatura e cor, e variáveis de saída, bombas, válvulas solenóides, e moto

– redutores. O projeto também dispõe da lógica de programação em linguagem

ladder. Entrevistas em profundidade, levantamento documental, definição do CLP e

sua linguagem de programação foram alguns dos métodos utilizados na elaboração

desse projeto.

Palavras - chave: Automação. Biodiesel. Óleos. Transesterificação.

Page 7: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

ABSTRACT

In an attempt to reduce the damage caused by the greenhouse effect,

humanity has created new methods of generating energy through renewable sources

of fuel. The use of vegetable oil as fuel began in 1890 by German Rudolf Diesel,

when used peanut oil in an engine compression. Over the years realized that the use

of vegetable oil or animal undermined the life of the engine and reduced its yield.

Through studies concluded that the causes of the problems generated in the

compression engines for the use of oils in general, it was the presence of glycerin,

monoglycerides and diglycerides in its composition. With the creation of the process

called transesterification, the removal of these elements became possible,

resembling the characteristics of the so-called biodiesel in relation to diesel derived

from petroleum. Currently the production of biodiesel is made in a manual, being

slower and having less quality than the automated system. The objective of this

project is to create a project for automation of a Mini - Mill of biodiesel, using the

modeling by Petri nets to contain errors and redundancies. The process is controlled

by a Programmable Logic Controller, with a variable input level sensors, temperature

and color, and variable output, pumps, solenoid valves, and gear motors. The project

also has the logic programming language ladder. In-depth interviews, survey

documents, and the definition of the PLC and its programming language, were some

of the methods used in preparing this project.

Keywords: Automation. Biodiesel. Oils. Transesterification.

Page 8: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1 - Gráfico de tendência de ocupação de Mão de obra (SILVEIRA, 1999). .. 2

Figura. 4.1 – Processo de alcoólise (MEHER, 2004). ................................................. 9

Figura. 4.2 – Processo de alcoólise (MEHER, 2004). ............................................... 10

Figura 4.3 - Processo de Produção do Biodiesel (PARENTE, 2003). ....................... 12

Figura 4.4 - Controle lógico seqüencial (PRUDENTE, 2007). ................................... 13

Figura 4.5 – Níveis da arquitetura de automação (MORAES, 2007). ........................ 14

Figura 4.6 – Representação Redes de Petri (CHIOLA, 1993) ................................... 16

Figura 4.7 - Pré-set e pós-set (MORAES, 2007). ...................................................... 17

Figura 4.8 – Estrutura básica de um PLC (SILVEIRA, 2003). ................................... 18

Figura 4.9 - Programação em linguagem ladder (PEREIRA, 2006). ......................... 21

Figura 4.10 – Fluxograma de Operação de um CLP (GEORGINI, 2007). ................. 22

Figura 4.11 - Instruções de bit de I/O (PEREIRA, 2006). .......................................... 24

Figura 4.12 – Lógica em linguagem ladder (SILVEIRA, 1999). ................................. 25

Figura 4.13 – Chave de nível / Bóia Magnética (NIVETEC, 2008). ........................... 29

Figura 6.1 - Modelagem Redes de Petri da mini – usina. .......................................... 41

Figura A.1 - Planta Mini - Usina IN. ........................................................................... 49

Figura B.1 - Planta Mini - Usina Modificada OUT. ..................................................... 50

Figura C.1 – Diagrama lógico 1/3. ............................................................................. 51

Figura C.2 – Diagrama lógico 2/3. ............................................................................. 52

Page 9: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

Figura C.3 – Diagrama lógico 3/3. ............................................................................. 53

Figura D.1 - Esquema de montagem dos elementos de automação. ........................ 54

Figura AN.1 – Quadro de comando - externa............................................................ 55

Figura AN.2 – Quadro de comando - interna............................................................. 56

Figura AN.3 – Mini-usina de biodiesel. ...................................................................... 57

Figura AN.4 – Comparação entre usinas de biodiesel. ............................................. 58

Page 10: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................................. 1

1.1. Revolução industrial ............................................................................ 1

1.2. Histórico do biodiesel .......................................................................... 3

2. Contextualização ....................................................................................... 4

3. Objetivos .................................................................................................... 7

4. Fundamentação Teórica ............................................................................ 8

4.1. Transesterificação – Produção de Biodiesel........................................ 8

4.2. Arquitetura de automação ................................................................. 12

4.3. Redes de Petri ................................................................................... 15

4.4. Controlador Lógico Programável ....................................................... 17

4.4.1. Principio de funcionamento ..................................................... 18

4.4.2. A CPU ..................................................................................... 19

4.5. Linguagem de programação .............................................................. 20

4.6. Sensoreamento ................................................................................. 26

4.6.1. Termoresistências ................................................................... 26

4.6.2. Sensores de nível ................................................................... 28

4.6.3. Sensor de cor .......................................................................... 30

5. Metodologia ............................................................................................. 31

6. Análise ..................................................................................................... 33

6.1. Do processo de produção de biodiesel ............................................. 33

Page 11: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

6.1.1. Elementos da arquitetura de automação ................................ 36

7. Conclusão ................................................................................................ 43

REFERÊNCIA .................................................................................................. 45

APÊNDICE ....................................................................................................... 49

ANEXOS .......................................................................................................... 55

Page 12: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

1

1. Introdução

Neste capítulo introdutório serão abordados alguns aspectos que

caracterizam e justificam o trabalho realizado. Inicialmente, será tratado o

histórico e a evolução da automação a partir da revolução industrial, seguido

pelo histórico do biodiesel. Esses tópicos são apresentados para que se tenha

um entendimento mais preciso da importância da automação industrial, voltada

às usinas de biodiesel de pequeno e grande porte.

1.1. Revolução industrial

A Revolução industrial teve início na Inglaterra, em meados do século

XVIII estabelecendo assim o início da automação. A Inglaterra além de possuir

na época grande reserva de carvão mineral, principal fonte de energia utilizada

para mover máquinas e locomotivas a vapor, possuía ainda reservas de ferro,

sendo favorecida neste aspecto (CAPELLI, 2006).

O mesmo autor afirma que essa revolução trouxe como principal

característica a introdução de máquinas simples, que facilitavam e substituíam

o trabalho do homem. As máquinas evoluíram rapidamente, dando início na

Inglaterra, à era industrial.

Silveira (1999) classifica os setores de atividades em três grandes

categorias: primárias (atividade do tipo agrícola), secundárias (atividades

industriais) e terciárias (prestação de serviço, como o ensino, as artes,

consultorias, corte e costura, entre outros).

Page 13: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

2

A atividade terciária iniciou seu crescimento a partir do século XIX,

paralelamente a queda da agricultura, tendo ainda, como tendência atual o seu

crescimento. Na Figura 1.1 demonstra-se a ocupação de mão-de-obra do ano

de 1700 ao ano 2000 (SILVEIRA, 1999).

Figura 1.1 - Gráfico de tendência de ocupação de Mão de obra (SILVEIRA, 1999).

Silveira (1999) afirma ainda que o século XVIII foi marcado por avanços

tecnológicos, principalmente no setor de transportes, com o invento das

locomotivas, e os trens a vapor. Com a grande demanda de produtos devido ao

aumento da população nas cidades, a indústria da época teve que criar

métodos de produção mais eficazes. As máquinas foram sendo aperfeiçoadas,

com o objetivo de maior produção, e redução de custos.

Aos poucos a indústria evoluiu, e a implantação de sistemas

automáticos foi necessária, primeiramente comandada pelos painéis relés, e

após o fim da década de 60 com os Controladores Lógicos Programáveis

(CLPs) (CAPELLI, 2006).

Page 14: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

3

1.2. Histórico do biodiesel

A utilização de óleos vegetais como combustível é remota. O alemão

Rudolf Diesel, em 1890 utilizou o óleo de amendoim demonstrando um motor

com ignição por compressão.

Na década de 1910, Rudolf Diesel o já milionário inventor, foi um

visionário fazendo a seguinte afirmação:

"O motor a diesel

pode ser alimentado por óleos vegetais e ajudará no desenvolvimento agrário dos países que vierem a utilizá-lo...O uso de óleos vegetais como combustível pode parecer insignificante hoje em dia. Mas com o tempo (estes óleos) tornar-se-ão tão importantes quanto o petróleo e o carvão são atualmente" (GUNSTONE, 1997)”.

Atualmente, as mudanças climáticas associadas à liberação de gases

da queima de combustíveis fósseis, o alto preço internacional do petróleo e a

preocupação com o desenvolvimento sustentável começam a retomar a

intenção original de Diesel do emprego de óleos vegetais aos motores movidos

a óleo mineral (SCHUCHARDT et al, 2001).

Na primeira e segunda guerra mundial, óleos vegetais foram utilizados

como combustível de emergência. No início do século XX foi verificado que a

utilização direta de óleos vegetais em substituição ao óleo diesel causa

problemas aos motores (MA & HANNA, 1999).

Esses problemas poderiam ser resolvidos através da modificação dos

óleos vegetais por transesterificação. Um processo que realiza a separação da

glicerina do óleo, sendo assim, problemas como obstrução de canais e má

combustão seria solucionado (RANESES et. al, 1999).

Page 15: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

4

2. Contextualização

Com a busca da preservação da natureza, e a meta cada vez maior, da

redução da emissão dos gases poluentes, os combustíveis fósseis estão sendo

cada vez menos utilizados, substituídos por combustíveis alternativos para a

produção de energia (CASTRO, 2007).

Cerca de 40% de toda a energia consumida no mundo provém do

petróleo, do carvão e do gás natural. Essas fontes são limitadas e com

previsão de esgotamento no futuro, portanto, a busca por fontes alternativas de

energia é de suma importância. Neste contexto, os óleos vegetais aparecem

como uma alternativa para substituição ao óleo diesel em motores de ignição

por compressão, sendo o seu uso testado já em fins do século XIX, produzindo

resultados satisfatórios no próprio motor diesel (QUÍMICA NOVA, 2005).

Esta possibilidade de emprego de combustíveis de origem agrícola em

motores do ciclo diesel é bastante atrativa tendo em vista o aspecto ambiental,

por ser uma fonte renovável de energia e pelo fato do seu desenvolvimento

permitir a redução da dependência de importação de petróleo (QUÍMICA

NOVA, 2005).

O Brasil apresenta o maior potencial em apresentar alternativas viáveis

para substituir os combustíveis derivados de petróleo com fontes renováveis,

antes que o aquecimento do planeta afete a economia e a crescente escassez

da fonte de combustível fóssil, leve a aumentos ainda maiores de preço

(CASTRO, 2007).

Page 16: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

5

A substituição total ou parcial de combustíveis de origem fóssil, sempre

teve um claro apelo ambiental, pois é de domínio público que as emissões

derivadas de seu uso geram um aumento na concentração atmosférica dos

gases causadores do efeito estufa, chuva ácida e redução da camada de

ozônio (MOTHÉ, 2005 et. al).

A energia renovável é uma das formas de preservação do meio

ambiente, sendo esta em sua maioria proveniente da energia hidrodinâmica e

de biomassa, como o álcool, por exemplo, já consolidado em muitos lugares do

mundo, produzido em sua maioria com a utilização da cana de açúcar, e o

biodiesel mais atual, produzido através de óleos vegetais ou até mesmo animal

(FURLANETTI, 2007).

Segundo Furlanetti (2007) o biodiesel é um combustível biodegradável

derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por diferentes processos

como craqueamento, esterificação ou pela transesterificação, definida como

sendo etapa de conversão do óleo ou gordura, em ésteres metílicos ou etílicos

de ácidos graxos, que constituem o Biodiesel.

Atualmente frigoríficos utilizam o sebo gerado pelo cozimento de seus

subprodutos nos digestores para produção de biodiesel. O sebo bovino é a

matéria-prima mais barata dentre as disponíveis atualmente para a produção

de biodiesel no Brasil (BIODIESELBR, 2006).

Um dos motivos é o preço. Enquanto a mamona custa R$ 3.000 por

tonelada, o preço do sebo bovino é da ordem de R$ 1.120 por tonelada no

mercado, de acordo com dados da empresa Aboissa Óleos Vegetais. Esse

biodiesel além de utilizado em sua própria frota, para escoamento de produto, o

Page 17: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

6

sobressalente é vendido para distribuidoras de combustíveis (REVISTA

BIODIESEL, 2008)

Cada vez mais os biocombustíveis estão sendo inseridos de forma a

amenizar a emissão de gases poluentes. Nesta tentativa, o biodiesel tem se

destacado mais que os outros biocombustíveis, pois esse permite que haja um

ciclo fechado da emissão de CO2, o qual é absorvido quando a planta cresce,

e liberado durante sua queima, já o diesel por ser um combustível fóssil possui

maior emissão de gases poluentes, sendo o mais utilizado atualmente

(MICHELETTO, 2006).

Sua competitividade se da pela comercialização de seus co-produtos os

quais são gerados durante o processo de produção, tais como a glicerina,

adubo e ração protéica vegetal (REVISTA BIODIESEL, 2008).

Usinas de biodiesel têm sido instaladas no Brasil, porém o seu

processo de produção é ainda feito de forma manual. A automação desse

processo traz a melhoria, obtende um biodiesel de melhor qualidade,

aumentando a produção pela diminuição do tempo de processo.

Para que haja uma significativa diminuição da poluição proveniente da

queima de combustíveis fósseis, o consumo do biocombustível deve aumentar.

Para suprir esse aumento há duas soluções: aumentar o número de usinas, ou

automatizar as já existentes, como mostra o anexo AN.4. Este trabalho

pretende desenvolver a automação de uma Mini – Usina de biodiesel, anexo

AN.3, que consiste em melhorar a qualidade do produto, diminuindo prejuízos

relacionados a erros e desperdício, durante a separação do produto final.

Page 18: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

7

3. Objetivos

O objetivo deste trabalho é desenvolver um projeto de automação para

controle de produção em Mini - Usina de biodiesel, com o auxilio de conceitos

de engenharia, como Redes de Petri, CLP e linguagem Ladder, sensores e

atuadores.

Para que o objetivo principal possa ser alcançado, três objetivos

específicos foram relacionados a seguir:

• Caracterizar o processo de produção de biodiesel

• Descrever os elementos que compõem a arquitetura de automação

• Estruturar a lógica de controle

Page 19: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

8

4. Fundamentação Teórica

Será descrito neste capítulo a fundamentação teórica necessária para

a automação de uma Mini - Usina de biodiesel, tendo como base os conceitos

de arquitetura de automação e caracterização do processo junto a essa

arquitetura, modelagem por Redes de Petri, definições de CLP e

sensoreamento.

O processo de transesterificação também será brevemente comentado,

já que o objetivo das usinas é realizar tal fenômeno de forma rápida e eficaz.

4.1. Transesterificação – Produção de Biodiesel

Para formar o biocombustível necessita – se de uma biomassa, a qual

é a matéria prima vegetal que se desenvolve pela transformação da energia

solar, através do processo de fotossíntese.

O conceito de biodiesel ainda é discutido, o Ministério da Ciência e

Tecnologia definiu o conceito de biodiesel como sendo combustível obtido a

partir de misturas, em diferentes proporções, de diesel e ésteres de óleos

vegetais.

Para Meirelles (2003), o biodiesel é o éster alquílico de ácidos graxos,

obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídeo (óleo vegetal

ou animal) com álcool de cadeia curta (metanol ou etanol).

A National Biodiesel Board dos Estados Unidos considera o biodiesel

um éster monoalquílico que pode ser obtido a partir de óleos vegetais ou

Page 20: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

9

gordura animal e cuja utilização está associada à substituição de combustíveis

fósseis em motores de ignição por compressão.

A transesterificação é a maneira mais utilizada para a obtenção do

biodiesel, que consiste no processo de separação da glicerina do óleo vegetal.

A remoção da glicerina reduz a viscosidade do óleo. Os ésteres produzidos

pela reação de transesterificação têm características físico-químicas

semelhantes às do óleo diesel mineral (BIODIESELBR, 2006).

A transesterificação consiste na reação química de um óleo vegetal

com um álcool na presença de um catalisador. Como resultado, obtém – se o

éster (biodiesel), metílico ou etílico conforme o álcool utilizado, e a glicerina

(MEIRELLES, 2003).

Quando o processo de transesterificação é composto por um éster

original reagindo com o um álcool esta reação é denominada alcoólise, como

mostra a Figura 4.1 (MEHER, 2004).

Figura. 4.1 – Processo de alcoólise (MEHER, 2004).

Esta reação é reversível, e prossegue misturando os reagentes.

Utilizando – se um catalisador junto à reação, é possível além de acelerar o

processo de transesterificação, aumentar o seu rendimento. Este catalisador

pode ser ácido ou básico, sendo comumente utilizado hidróxido de sódio

Page 21: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

10

(NaOH) conhecida comercialmente como soda cáustica (SCHUCHARDT,

1998).

Utilizando-se óleos vegetais no processo de transesterificação, um

triglicerídeo reage com um álcool na presença de uma base, produzindo ao

final do processo uma mistura de ésteres de ácidos graxos e glicerol (MEHER,

2004). A Figura 4.2 demonstra o processo.

Figura. 4.2 – Processo de alcoólise (MEHER, 2004).

O processo geral da transesterificação é uma seqüencia de três etapas

de reações consecutivas, formando intermediariamente mono e

diacilglicerídeos (MEHER, 2004).

As etapas do processo de produção do biodiesel são descritos abaixo

com base no trabalho de Expedito José de Sá Parente, pioneiro na pesquisa no

Brasil.

O processo de produção de biodiesel consta das seguintes etapas:

preparação da matéria-prima, reação de transesterificação, separação de

fases, recuperação e desidratação do álcool, destilação da glicerina e

purificação do biodiesel.

Page 22: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

11

As matérias primas para a produção do biodiesel são: óleos vegetais,

gordura animal, óleos e gorduras residuais. Óleos vegetais e gorduras são

compostos de triglicerídeos, ésteres de glicerol e ácidos graxos.

Conforme Schuchardt (1998), utilizando – se uma proporção de 3:1

mols de álcool por triglicerídeo a transesterificação é considerada completa. O

agente trasesterificante (álcool) é utilizado em excesso para além de aumentar

o rendimento, permitir a separação do glicerol formado.

Na separação de matéria prima busca – se a melhor taxa de conversão

de reação de transesterificação, reduzindo a acidez e a umidade. A

recuperação do álcool contida na glicerina ocorre através do processo de

evaporação para eliminação de constituintes voláteis, que por sua vez podem

ser recuperados por liquefação.

Na purificação dos ésteres os mesmos são lavados por centrifugação e

desumidificados posteriormente para finalmente obter o biodiesel. A destilação

da glicerina ocorre à vácuo, onde elimina – se as impurezas transformando - os

em um produto líquido e transparente. Na figura 4.3 pode-se observar com

maior clareza todo o processo descrito acima.

Page 23: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

12

Figura 4.3 - Processo de Produção do Biodiesel (PARENTE, 2003).

4.2. Arquitetura de automação

A automação no meio produtivo tem por objetivo facilitar os processos,

utilizando componentes básicos, como sensores, controladores e atuadores. O

sistema automatizado visa sua otimização, aumentando a velocidade da

produção, precisão e qualidade, sendo aliada a esses itens, a diminuição de

custos (PRUDENTE, 2007).

Page 24: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

13

Há dois tipos de controle em automação: controle lógico e dinâmico. O

controle dinâmico utiliza medidas das saídas do sistema a fim de melhorar o

seu desempenho operacional, através de realimentação. Já o controle lógico, o

qual caracteriza o processo de produção, tema dessa monografia, utiliza redes

lógicas seqüenciais, com memória, temporizadores, entradas e saídas de

sinais, como demonstra a Figura 4.4, a seguir (PRUDENTE, 2007).

Figura 4.4 - Controle lógico seqüencial (PRUDENTE, 2007).

A automação industrial exige que várias funções sejam executadas ao

mesmo tempo, como leitura de entradas, atuação no processo e comunicação

entre controladores e PC juntamente a sistemas supervisórios, sendo assim,

estas funções são divididas em vários níveis nos quais ainda estão inclusos, os

setores de desenvolvimento de projetos, e gerência. Alguns autores utilizam

como forma representativa desses níveis, uma pirâmide, como mostrada na

Figura 4.5. (MORAES, 2007).

Page 25: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

14

Figura 4.5 – Níveis da arquitetura de automação (MORAES, 2007).

Nível 1 – Esse nível representa os transdutores, atuadores, e sensores

os quais estão ligados diretamente ao meio físico na captura de dados

discretos ou analógicos.

Nível 2 – Nível onde se encontram os controladores do processo, os

CLPs, FPGAs, microcontroladores, etc. Unidades pensantes que são

programados de acordo com as necessidades de automação.

Nível 3 – Nível onde se encontram os sistemas supervisórios,

responsáveis pelas coletas de dados, armazenamento dos dados coletados e

IHM, o qual é importante para que o usuário possa monitorar a todo instante o

processo, e identificar eventuais erros não reconhecidos pelo controlador.

Nível 4 – Nível responsável pelo planejamento, programação dos

controladores e logística de suprimentos. Visualizam dados obtidos e

armazenados em banco de dados, podendo assim elaborar melhoras de

Page 26: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

15

automação e possivelmente um aumento de produtividade e qualidade do

produto.

Nível 5 – Nível responsável pelo gerenciamento de toda indústria, onde

se encontram softwares de gerenciamento financeiro e setor de vendas.

4.3. Redes de Petri

As Redes de Petri possuem grande destaque na engenharia por ser

uma técnica de especificação de sistemas que possibilita representação gráfica

e por possuir mecanismos de análise poderosos. Estas têm como principal

característica ser graficamente expressiva, sendo de fácil utilização e

compreensão (MORAES, 2007).

Moraes (2007) afirma que Carl A. Petri foi o criador do método de

estudo dos sistemas dinâmicos a eventos discretos, em sua tese de doutorado.

As Redes de Petri atuais não são as mesmas originalmente criadas na década

de 60, foram padronizadas após os trabalhos de Holt e Commoner em 1970.

Em qualquer projeto de automação inclusive nos de automação

industrial, é de extrema importância que haja modelagem previa do processo

para contenção de erros e otimização. Sem esta modelagem muitas vezes o

processo já automatizado, não corresponde ao comportamento esperado,

desperdiçando assim tempo e dinheiro (MARSAN et. al, 1984).

Redes de Petri é uma técnica de especificação de sistemas que

possibilita representação matemática as quais pode - se definir por meios de

conjuntos, funções e também por grafos (AALST, 1998).

Page 27: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

16

Uma Rede de Petri é um grafo, que possuem transições e posições. Os

arcos partem das transições para as posições e vice-versa, determinando o

sentido do processo. Junto aos arcos são associados números, os quais

correspondem ao seu peso. Segue abaixo os desenhos representativos

utilizados em modelagem por Redes de Petri (Método dos Grafos) (Figura 4.6).

Figura 4.6 – Representação Redes de Petri (CHIOLA, 1993)

Os conceitos de pré-set e pós-set são fundamentais no entendimento e

estudo das Redes de Petri. Definição:

Pré-sets – O pré-set de t é o conjunto das posições em P a partir das

quais existe arco para a transição t.

Pós-sets – O pós-set de t é o conjunto das posições em P para as

quais existe arco oriundo da transição t. Na Figura 4.7 demonstram-se

exemplos representativos de pré e pós-set.

Page 28: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

17

Figura 4.7 - Pré-set e pós-set (MORAES, 2007).

4.4. Controlador Lógico Programável

Segundo Georgini (2000), os CLPs começaram a ser desenvolvidos no

fim da década de 60, devido à dificuldade que se tinha na época em criar linhas

de produção, ou até mesmo alterá-las, sendo assim o desenvolvimento destas

demandavam longo tempo de projeto.

Com o objetivo de facilitar a ampliação do processo de automação

industrial, foram desenvolvidos controladores automáticos podendo ser

programados em PC, substituindo assim os painéis de relés e possibilitando,

portanto maior facilidade na automação e criação de linhas de produção.

(SILVEIRA, 1999)

O mesmo autor afirma que o grande diferencial dos CLPs em relação

aos painéis de relés é a reutilização, em caso de troca de linha de produção,

podendo ser moldado ao sistema requerido, já os painéis de relés eram

substituídos por outros, causando assim maior demanda de tempo de projeto,

na troca da linha de produção.

Page 29: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

18

A partir dos CLPs, o processo de automação industrial teve mudança

expressiva exercida pela sua utilização, possuindo como principais

características, alta confiabilidade, menores dimensões, fácil manutenção e

programação, podendo ser programado em linguagem de alto nível (MORAES,

2007).

4.4.1. Principio de funcionamento

O CLP pode ser definido como um dispositivo de estado sólido, com

memória programável e processador, constituindo uma CPU.

Através da entrada de sinais elétricos a CPU toma decisões seguindo a

lógica de programação determinada pelo usuário, emitindo sinais elétricos em

sua saída, sendo possível portanto o controle de um processo. A Figura 4.8

compreende o digrama de blocos simplificado de um CLP, (SILVEIRA, 2003).

Figura 4.8 – Estrutura básica de um PLC (SILVEIRA, 2003).

As variáveis de entrada do CLP são emitidas por sensores, os quais

coletam as informações do processo e se comunicam com o CLP por meio de

sinais elétricos, podendo estes ser de natureza discreta (digital) ou numérica

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19

(analógica). Esses sensores podem ser do tipo indutivo, mecânico, fotoelétrico,

entre outros (NATALE, 2004).

4.4.2. A CPU

Segundo Silveira (2003) a sigla CPU tem por significado Unidade

Central de Processamento, podendo ser considerada como uma “unidade

pensante”, controlando todas as ações de saída do CLP, para determinadas

entradas de dados.

Como mencionado anteriormente a CPU é constituída por um

processador, memórias e barramento. As memórias são duas, RAM e Flash

podendo ser também EPROM ou E2PROM. É na memória RAM em que as

funções são executadas, e na Flash que o programa é armazenado. (NATALE,

2004).

O processador é responsável pelo gerenciamento de todo o sistema,

controlando os barramentos de endereços, de dados e de controle. Interpreta e

executa todos os comandos do programa de aplicação e controla a

comunicação com dispositivos externos (CAPELLI, 2006)

A CPU faz a leitura dos barramentos de entrada por meio dos Módulos

de I/O. Os status dos barramentos de entrada são gravados na memória RAM,

e executados pelo Programa de Aplicação, o qual é desenvolvido pelo usuário.

Após essa execução, a CPU atualiza os status dos dispositivos de saída do

CLP (GEORGINI, 2007).

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20

Os processadores nos CLPs são classificados quanto ao tamanho da

informação que podem processar, esses podem ser de 8, 16 ou 32 bits

(CAPELLI, 2006).

Processadores com maior clock possuem maior velocidade de

processamento, porém a velocidade não é apenas determinada por seu clock,

como também pelo tamanho da informação a ser executada. Portanto para que

haja alta velocidade no processamento de funções, os processadores

dependem do clock, e do tamanho da informação a processar (Silveira, 2003).

Segundo Georgini (2007) a CPU possui um sistema de memória, o qual

é composto pela Memória do Sistema de Operação (Firmware e Rascunho do

Sistema) e Memória de Aplicação.

A memória do sistema de operação compõe o Programa de Execução

desenvolvido pelo fabricante, conhecido como Firmware. Este programa é

responsável por definir como o sistema deve operar e também pela execução

do Programa de Aplicação desenvolvido pelo usuário. Por ser de alto nível, o

Programa de Aplicação é convertido pelo programa de execução para que

possa ser executado pela CPU (GEORGINI, 2007).

4.5. Linguagem de programação

A linguagem de programação ladder é a mais utilizada atualmente, isso

se deve a longa tradição dos engenheiros projetistas de quadros de comando

elétrico. Essa é uma linguagem gráfica baseada nos antigos diagramas

elétricos dos painéis de relés. Por ser uma representação lógica, o diagrama

Page 32: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

21

ladder trabalha apenas com símbolos, e não considera nenhum parâmetro

elétrico ligado a tensão ou a corrente (MORAES & CASTRUCCI, 2007).

Conforme Oliveira (1993) a programação em ladder inicia-se a partir de

duas linhas verticais, as quais são chamadas de barras de alimentação ou

linhas mestres. As linhas horizontais contêm as casualidades, e devem possuir

pelo menos um elemento a ser controlado, portanto deve possuir um conjunto

de contatos para seu controle. Na Figura 4.9 representa-se um modelo de

programação em ladder.

Figura 4.9 - Programação em linguagem ladder (PEREIRA, 2006).

As instruções da linguagem ladder são divididas em dois grandes

grupos, os das entradas e os das saídas. As variáveis de entrada são testadas

a todo instante, enquanto as saídas do CLP executam funções seguindo a

lógica de entrada (PEREIRA, 2006).

Page 33: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

22

A CPU do controlador executa a varredura do programa do usuário

começando pela primeira linha e primeira coluna, indo até o seu fim, essa

varredura é denominada SCAN. Caso o estado das variáveis de entrada seja

alterado durante o SCAN, serão detectados pela CPU apenas as linhas

seguintes, sendo as linhas anteriores detectadas somente no próximo SCAN

como é mostrado na Figura 4.10 (GEORGINI, 2007).

Figura 4.10 – Fluxograma de Operação de um CLP (GEORGINI, 2007).

Page 34: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

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Para Moraes & Castrucci (2007) as instruções básicas da maioria dos

CLPs podem ser agrupadas em sete categorias:

• Lógica de relé ou instrução de bit;

• Temporização e contagem;

• Aritmética;

• Manipulação de dados;

• Controle de fluxo;

• Transferência de dados;

• Avançada;

Segundo Moraes & Castrucci (2007) durante a execução do programa

de aplicação, o estado de um bit de uma instrução de entrada, referente a um

determinado endereço é analisado, alterando o estado do bit de uma instrução

de saída, seguindo a lógica da programação. Na Figura 4.11 são mostradas as

principais instruções de bit de entrada e saída em linguagem ladder.

Page 35: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

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Figura 4.11 - Instruções de bit de I/O (PEREIRA, 2006).

A lógica matemática ou simbólica visa superar as dificuldades e

ambigüidades de qualquer língua, devido a sua natureza vaga e equívoca das

palavras utilizadas, portanto, confuso o suficiente que poderia atrapalhar o rigor

lógico do raciocínio. Para evitar essas dificuldades, criou-se uma linguagem

lógica artificial (PEREIRA, 2006).

Page 36: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

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A lógica binária possui apenas dois valores que são representados por

0 e 1. Através desses dois símbolos pode-se construir uma base numérica

binária. A partir desses conceitos foram criadas as portas lógicas, que são

circuitos utilizados para combinar níveis lógicos digitais de formas específicas,

como demonstrado na figura 4.12.

Figura 4.12 – Lógica em linguagem ladder (SILVEIRA, 1999).

Para Capelli (2006), sensores são dispositivos utilizados na aquisição

de dados de um meio físico para o controle de um processo, através de sinais

Page 37: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

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elétricos, podendo estar associados à tensão ou à corrente. Esses sinais na

automação são enviados para controladores micro processados, com objetivo

de tratamento do sinal e tomada de decisões.

Capelli também afirma que a automação tem por objetivo executar

determinadas funções, a eventos do processo e para a consecução de tal

objetivo pode-se utilizar sensores discretos, que são dispositivos de detecção,

ou seja, trabalham apenas com nível lógico 0 e 1, detectando ou não um

evento ocorrido.

Para que o processo de produção de biodiesel seja automatizado, assim

como qualquer outra linha de produção, é necessária a aquisição de dados do

meio físico do processo, sendo esses: nível de reservatórios, temperatura dos

tanques de armazenamento e reatores, e cores dos líquidos para posterior

separação das misturas.

4.6. Sensoreamento

Neste tópico serão abordados, os sensores que serão utilizados na

aquisição de dados do meio físico, para posterior atuação no processo, sendo

eles, sensor de temperatura termoresistivo PT100, sensores de nível tipo chave

magnética e sensor de cor.

4.6.1. Termoresistências

Para a obtenção do biodiesel é necessário além dos compostos

químicos, níveis de temperatura adequada durante a reação química no reator.

Os níveis de temperatura serão coletados a todo instante por

Page 38: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

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termoresistências, controlando assim a faixa de temperatura ideal para o

processo.

A temperatura de um corpo é sua capacidade de transferir calor a

outro, ou ainda a capacidade de medição de efeitos desse fenômeno físico.

Para medir temperatura segundo os autores Sighieri & Nishinari (1973),

algumas dificuldades podem ser encontradas, pois a coleta dos dados pode ser

facilmente interferida por fatores externos. Medidas de outras variáveis, tais

como pressão, vazão e nível, são realizados instantaneamente, já para

temperatura, atrasos na resposta de sinais podem intervir na medição, sendo

assim o fator tempo deve ser analisado.

A medição de temperatura pode ser realizada por sistema físico ou

elétrico. Corpos que estão sofrendo variações térmicas podem dilatar ou até

mesmo contrair. Com base nesses acontecimentos existem três sistemas

físicos para medição, tais como, variação de volume, pressão e dilatação linear

do instrumento e cinco sistemas elétricos, termopares, termômetros de

resistência, termistores, termômetros de radiação e termômetros ópticos

(SIGHIERI & NISHINARI, 1973).

Os termômetros de resistência possuem no interior de seu bulbo,

bobinas enroladas de forma helicoidal, dentro ou em volta de armações

isolantes, podendo suportar a temperatura para qual foi projetada (SIGHIERI &

NISHINARI, 1973).

As termoresistências se baseiam no princípio de variação da

resistência ôhmica em função da temperatura. Sua resistência aumenta com a

elevação da temperatura sendo assim possível sua medição em forma de

resistência elétrica, calibrado para ser lido em graus (SOISSON, 2002).

Page 39: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

28

Segundo Soisson (2002) é desejável que haja a maior variação de

resistência possível por grau de temperatura, obtendo assim maior

sensibilidade na medição.

Os metais escolhidos para a construção dos termômetros resistivos

são sempre os de alta linearidade. Geralmente encontra-se a linearidade de

resistência com a temperatura requerida, em metais puros. Esses materiais

possuem alto grau de linearidade na faixa de temperatura para qual foi

projetado.

“Metais usados como sensores RTD (Resistance Temperature Detectors), na sua respectiva faixa linear, se reduz a:

onde α é o coeficiente de temperatura da resistência (CTR), calculada do valor medido da resistência, para duas referencias de temperatura (Ex: 0˚C e 100˚C):

α é muitas vezes denominado como relação de sensitividade e depende da referencia de temperatura.” (Pallas & Areny, 2001).

4.6.2. Sensores de nível

O processo de produção de bicombustível utiliza sensores de nível em

determinadas etapas, como por exemplo, no reator, tanques de

armazenamento, caixas d’água entre outros os quais serão listados na análise.

Existem várias maneiras de medir nível de reservatórios, os sensores

de nível podem ser do tipo capacitivo, óptico, magnético, ultra-sônico, pá

rotativa, entre outros. Vários fatores devem ser analisados para a escolha do

sensor a ser utilizado, porém o fator determinante é o tipo de líquido (FRADEN,

2003).

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29

Os sensores de nível empregados nesse projeto são do tipo Chave de

Nível – Bóia Magnética. Esse é um instrumento utilizado na detecção e controle

de nível em tanques ou reservatórios onde são armazenados materiais líquidos

como água, produtos químicos (agressivos ou não), óleos, entre outros

(NIVETEC, 2008).

Seu funcionamento baseia-se no movimento de uma bóia em

torno de uma haste onde estão definidos os respectivos pontos de atuação.

Quando a bóia atinge cada um desses pontos, a saída correspondente (contato

elétrico) é acionada. A chave permite a definição de até 5 pontos de atuação

que podem ser usados para funções de alarme ou controle (NIVETEC, 2008).

Como mostra a Figura 4.13.

Figura 4.13 – Chave de nível / Bóia Magnética (NIVETEC, 2008).

As partes molhadas (em contato direto com o processo) são fabricadas

em diferentes materiais como Aço Inox ou Polipropileno.

Possui fácil instalação, manuseio, funcionamento que não requer alimentação

elétrica, além de não ser afetado por determinadas características do processo

Page 41: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

30

como presença de espuma, gases/vapores, mistura de líquidos ou variações de

constantes dielétricas ou condutividade (NIVETEC, 2008).

4.6.3. Sensor de cor

Sensor de cor será utilizado na separação do produto final, identificando

o ponto de separação glicerina-biodiesel do processo, tornando assim mais

eficaz o processo de separação deste produto, sendo então direcionado aos

seus respectivos reservatórios.

A cor pode ser um importante fator na automação. Seja na identificação,

classificação, checagem ou avaliação de um produto. O sensor de cor é capaz

de detectar uma cor em um processo de forma rápida e precisa, seja sob luz

intensa, objetos opacos ou transparentes (FESTO, 2008).

Os sensores de cor funcionam pelo método especial das três cores. Eles

emitem luz (vermelha, azul, verde) sobre os objetos a serem inspecionados,

calculam as coordenadas de cromaticidade da radiação refletida e compara-as

com os valores de referência dos três estímulos previamente armazenados. Se

os valores dos três estímulos estiverem dentro da faixa de tolerância

determinada, é ativada uma saída de chaveamento (SICK, 2008).

Os sensores de cor podem detectar tanto as cores de objetos opacos

através de suas reflexões (luz incidente) como as de materiais transparentes

em luz transmitida, por onde é utilizado um refletor. O sensor pode perceber as

cores de objetos muito brilhantes como sendo acromáticas na luz incidente.

Este problema pode ser resolvido inclinando-se o sensor (SICK, 2008).

Page 42: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

31

5. Metodologia

Para a automação da mini-usina em questão, diversos parâmetros devem

ser analisados. Por ser um equipamento projetado para operar de modo

manual, ou seja, além de válvulas, tem-se o manuseio de um quadro de

comando, conforme anexo AN.1 e AN.2. Adaptações serão feitas para que se

possam instalar os equipamentos necessários para a automação.

Primeiramente foi feito uma entrevista em profundidade, com o projetista da

mini-usina, Sr. Antônio Carlos Montanari, caracterizando dessa forma as

modificações estruturais necessárias para sua automação.

Foi feito um levantamento documental da mini-usina, como manuais de

instrução dos elementos utilizados, com suas características técnicas. Estudo

dos elementos que caracterizam a arquitetura de automação, sendo eles sinais

de entrada e saída do controlador lógico programável, assim como os

elementos de aquisição de dados e atuadores do processo.

Levando em conta esses parâmetros, a etapa seguinte consistiu na

caracterização do CLP a ser utilizado no controle do sistema, bem como

elementos de interface entre sensores - CLP e CLP - atuadores

Foi definido a linguagem de programação e algoritmo a ser

implementado, com o desenvolvimento desse via Redes de Petri, para

posterior programação do controlador, evitando assim erros seqüenciais e

ambigüidade na programação.

Page 43: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

32

Como última etapa desenvolveu-se um esquema de montagem dos

elementos de automação (apêndice D), com todos os elementos sensoriais,

atuadores e controladores, para posterior simulação e teste.

Page 44: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

33

6. Análise

A partir dos objetivos específicos pode-se analisar o desenvolvimento

desse trabalho, confrontando-o com a teoria ao mesmo tempo em que se

estrutura o resultado a ser apresentado em seguida.

6.1. Do processo de produção de biodiesel

No processo de produção de biodiesel utilizando uma Mini-Usina ACM

BIO, há algumas alterações em relação ao descrito no tópico 4.1, por se tratar

de um combustível novo e ainda estar sob pesquisa, não foi definido o método

mais adequado para sua produção.

A mini usina apresenta algumas diferenças das propostas por Parente

(2003). Sendo composta pelos seguintes equipamentos: tanque reator,

recuperador de glicerol, reservatório de água, tanque para mistura de

catalisador com álcool (metóxido) e condensador de álcool com reservatório.

Os tanques considerados de armazenamento são os que retêm os

produtos finais e as matérias primas utilizadas no processo, tais tanques são

denominados: reservatório de biodiesel, glicerina, óleo cru, água, metanol e

metilato, onde serão controlados entradas, saídas e níveis.

A produção do biodiesel começa com a elaboração do metóxido,

seguindo as proporções adequadas para a quantidade de combustível que se

deseja produzir. Especificamente para esta Mini-Usina, a quantidade de

metóxido e óleo cru são sempre fixos, produzindo sempre a mesma quantidade

por batelada.

Page 45: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

34

O metilato é primeiramente inserido, e logo após, o metanol, até que

cada um atinja o seu respectivo nível, funcionando como um dosador. Essa

mistura é agitada por um período pré - definido para que haja homogeneidade.

Por se tratar de uma usina de pequeno porte, o reator além de efetuar

seu papel normal no processo, efetua ainda outras duas funções, sendo estas:

tanque de decantação e tanque de lavagem do biodiesel. Assim é possível

economizar espaço, tornando-a portátil.

Antes do início da transesterificação, o óleo cru já no reator, deve ser

secado, por essa razão deve ser primeiramente inserido. A secagem consiste

na elevação da temperatura para retirada de eventual umidade, a qual

prejudica a qualidade do biodiesel.

Durante esta etapa o óleo deve ser agitado, para garantir a mesma

temperatura em todos os pontos. A umidade evaporada deve ser evacuada,

neste caso realizado através de sucção.

Após esse procedimento, o óleo está aquecido, devendo ser resfriado

para que o processo continue. Caso isso não ocorra, o metanol presente no

metóxido é evaporado, fazendo com que a reação de transesterificação não

aconteça. O resfriamento do óleo é feito pela circulação de água em uma

serpentina interna ao tanque reator, a qual retorna ao seu reservatório.

Conforme a água resfria o óleo, ocorre ganho de calor. Com o passar

do tempo a troca térmica perde a eficiência, chegando a um ponto de equilíbrio

de temperatura. Prevendo esse fenômeno físico, o controle da temperatura é

um fator importante para o resfriamento do óleo, devendo ser controlada.

Page 46: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

35

Com o início do processo de transesterificação, o metóxido produzido

anteriormente deve ser inserido no reator. A proporção entre metóxido e óleo

cru é de extrema exatidão, portanto todo o metóxido produzido deve ser

transportado, inclusive o residual dos encanamentos. Com a mistura no reator,

a mesma deve ser agitada, e mantida aquecida por certo período, já detalhado

em tópicos anteriores.

Após o processo de transesterificação, a mistura permanece em

repouso até que a separação entre os componentes seja visível, requerendo

um determinado período, que não varia de uma reação para outra. A

decantação é necessária para que todo o glicerol juntamente aos monos e

diglicerídeos sejam totalmente separados do biodiesel.

Com o termino da decantação, biodiesel e glicerol são separados e

direcionados aos seus respectivos tanques. O glicerol permanece no fundo do

tanque, por possuir densidade maior que o biodiesel, portanto é

necessariamente direcionada primeiramente ao tanque recuperador de glicerol,

transferida apenas por diferença de pressão.

Durante a transesterificação, grande parte de metanol não é utilizado,

permanecendo no biodiesel e glicerol em alta concentração. O aquecimento de

ambos evapora o metanol excedente, efetuando-se assim o processo de

secagem. Nesta etapa o controle da temperatura, tempo de aquecimento e

sucção do metanol deve ser realizado.

O metanol evaporado é succionado e canalizado até o condensador

trocando calor e condensando-se, podendo ser reutilizado em um novo

processo. Efetuado a secagem, a glicerina é escoada sendo armazenada em

um reservatório externo a Mini - Usina.

Page 47: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

36

O biodiesel resultante do processo, ainda não pode ser utilizado, por

possuir material residual, devendo ser purificado com inserção de água. Os

líquidos então são agitados por período pré-determinado até que haja

homogeneidade. Passado esse período a mistura deve ser separada, sendo

anteriormente decantada. Esse processo deve se repetir por outras três vezes,

podendo então garantir um biodiesel de alta qualidade.

Livre de impurezas o biodiesel é então aquecido para que a umidade

decorrente da adição de água não interfira em sua qualidade. Alguns

parâmetros devem ser analisados nesta etapa, já que envolve o aquecimento

do biodiesel e evaporação da água em período determinado.

6.1.1. Elementos da arquitetura de automação

Para que a Mini-Usina em questão possa ser automatizada, alguns

dados deverão ser coletados do meio físico por meio do sensoreamento, para

que através de um controlador, as devidas decisões sejam tomadas.

Seguindo as etapas seguintes, junto à lógica de automação e as plantas

apresentadas no apêndice A e B, é possível ter total entendimento do

processo. Antes que se inicie a produção de biodiesel, o metóxido deve ser

elaborado, e as proporções entre catalisador e metanol devem ser respeitadas.

O tanque de metóxido terá um sensor de nível, com dois pontos de atuação,

um para demarcar o nível de metilato e outro para o nível de metanol.

O ponto de atuação do sensor que demarcará o nível de metilato será

fixado na posição cujo volume é a quantidade de catalisador necessária para a

produção de metóxido. O ponto de atuação do álcool demarcará o volume

Page 48: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

37

necessário de metanol para que haja a proporção exigida entre catalisador e

metanol. Esta proporção será fixa, sendo da ordem de 300 ml de metilato de

sódio (70% Metanol + 30% Soda cáustica) para 15L de metanol sendo também

proporcional a quantidade de biodiesel a ser produzida (75L) (PERMEAR,

2008).

Depois de bombeada as determinadas proporções um agitador acionado

por um moto-redutor garantirá a homogeneidade da mistura, a qual deverá

permanecer em movimento por 10 minutos.

Para que se possa iniciar o processo de transesterificação o óleo cru

deve ser bombeado para o reator, havendo comutação de válvulas referentes a

esse processo, como demonstra a imagem, do apêndice B. Óleo cru então é

secado, para eliminação de eventual umidade.

Por essa razão deve ser inserido antes do metóxido. A secagem

consiste na elevação da temperatura a 120°C através de uma resistência

elétrica, sendo controlado pelo CLP juntamente a um PT100, mantendo – se

constante por um período de 40 minutos.

Durante esta etapa um agitador acoplado a um motoredutor e uma

bomba de vácuo são acionados, para garantir a mesma temperatura em todos

os pontos de óleo e succionar todo o vapor de água, eliminando – a durante

sua secagem.

Ainda nesta etapa a temperatura do óleo deve ser reduzida à 58°C, para

que metanol composto no metóxido não entre em ebulição quando for

misturado ao óleo cru. O seu resfriamento será feito pelo acionamento de uma

bomba d’água e a comutação de válvulas, de tal que forma que a serpentina

Page 49: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

38

interna ao tanque reator seja abastecida, havendo circulação e retornando ao

seu reservatório, facilitando a troca térmica e resfriando-se em menor tempo.

A temperatura do reservatório de água também deverá ser controlada,

pois no decorrer do resfriamento, a água adquire calor. Para que este

resfriamento seja eficiente, a água que circula na serpentina não deve

ultrapassar a marca dos 45°C.

No momento em que temperatura atingir 45°C, haverá comutação entre

válvulas, permitindo que a água do reservatório geral seja bombeada para o

reservatório de água da Mini - Usina, trocando calor entre si e voltando ao

reservatório maior pelo uso de um ladrão. Para se iniciar o processo de

transesterificação, todo o metóxido produzido anteriormente deve ser inserido

no reator.

Por se tratar de proporções exatas, todo o metóxido deve ser

transportado. Com a utilização de bombas para o seu transporte, grande parte

da dose produzida ficaria nas tubulações, não sendo totalmente utilizada, e

conseqüentemente produziria biodiesel de má qualidade.

Portanto excepcionalmente o metóxido, será transportado por meio da

inserção de ar comprimido em seu reservatório, o qual é hermético, havendo o

aumento da pressão interna, sendo inteiramente deslocado, até mesmo o

excedente das tubulações.

O produto permanece no reator por um período de 30 min, a uma

temperatura de 58 ºC, sendo agitado por uma hélice acionada por um

motoredutor.

Page 50: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

39

Sua temperatura é mantida constante, utilizando-se uma resistência

elétrica, onde sua variação será coletada a partir de um sensor termoresistivo

PT100, instalada ao corpo do tanque, e sinal enviado ao CLP.

Após o processo de transesterificação, a resistência elétrica é desligada

e a mistura permanece em repouso por um período de 45 minutos, para que

toda a glicerina juntamente aos monos e diglicerídeos seja totalmente separada

do biodiesel.

Terminada a decantação, os produtos são separados e direcionados aos

seus respectivos tanques. O glicerol por ser mais denso permanece no fundo

do tanque, sendo assim é direcionada ao tanque recuperador de glicerol com a

comutação de válvulas, transferida apenas por diferença de pressão.

Para esta finalidade um sensor de cor, irá detectar a transição entre o

glicerol e o biodiesel, enviando este sinal ao CLP, o qual irá atuar no processo

comutando as válvulas necessárias para esse fim.

Para garantir a qualidade do biodiesel e também por questões

econômicas, o metanol deve ser recuperado. Biodiesel e glicerol são aquecidos

por uma resistência elétrica, efetuando-se assim o processo de secagem. A

temperatura desta etapa deve ser mantida a 70°C por 2 horas. O controle da

temperatura será feito por meio de sensores PT100 sendo também controladas

pelo CLP.

O metanol é evaporado e succionado pela bomba de vácuo, canalizado

até o condensador, onde troca calor em uma serpentina imersa em água

corrente a temperatura ambiente, bombeada a partir da caixa d’água,

Page 51: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

40

ocorrendo assim troca de calor, condensando-se, podendo ser reutilizado em

um novo processo.

Efetuado a secagem, apenas a glicerina é escoada e armazenada em

um reservatório externo a Mini - Usina. O biodiesel já seco deve ser lavado por

três vezes para a retirada de impurezas como, por exemplo, sólidos em

suspensão. Utilizando – se o sensor de nível magnético instalado ao tanque, a

quantidade a ser inserida deve atingir o nível máximo do reator em N4, os

líquidos então são agitados por uma hélice acoplada a um motor elétrico

durante 20 minutos, havendo homogeneidade.

Concluída esta etapa a nova mistura é decantada. A separação nesta

etapa também utiliza o sensor de cor. Sabendo que a resposta do sensor de

cor para o código fonte é “1” quando detecta biodiesel, e “0” quando não o

detecta, o seu escoamento é iniciado, sendo bloqueado somente com resposta

igual a “1” pelo fechamento da válvula 12.

Juntamente com a água, as impurezas são removidas e descartadas.

Essa etapa é repetida por mais três vezes, garantindo 99,9% de pureza. Nesta

etapa o biodiesel deve passar pelo processo de secagem, para eliminar

umidade. Novamente o biodiesel é aquecido a 120 °C, temperatura esta,

controlada a pelo CLP aliado ao PT100 do reator. Terminada esta fase o

biodiesel já esta pronto para ser utilizado e pode ser bombeado ao seu tanque

de armazenamento.

Com base nos conceitos de modelagem por Redes de Petri, uma

prévia representação do processo mencionado pode ser demonstrada de forma

lógica na figura 6.1.

Page 52: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

41

Figura 6.1 - Modelagem Redes de Petri da mini – usina.

O código desenvolvido utilizou ferramentas básicas da linguagem

Ladder, como as funções set/reset, uso de memórias internas para o

armazenamento de valores de entradas, timer, contador e subrotinas

As funções de set/reset foram empregadas para o acionamento e

desativação de saídas, sabendo que o software não permite duplicação de

bobinas, sendo utilizado em muitos casos apenas para solucionar esse

problema.

O uso de memórias internas se deu pela necessidade de armazenar

valores das entradas em determinados etapas do código correspondente ao

Page 53: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

42

processo, sabendo que todas as entradas mudam o estado com o seu

decorrer, e são novamente utilizadas em outros pontos do código/processo.

Algumas etapas da produção do biodiesel requerem certo tempo para

que sejam concluídas. O CLP em questão dispõe do uso de timer, podendo ser

utilizado para solução deste tipo de problema como, por exemplo, tempo da

transesterificação, recuperação do glicerol entre outros.

Como descrito anteriormente neste mesmo tópico, o biodiesel depois de

pronto ainda deve passar pelo processo de lavagem para a retirada de

impurezas. Esse processo consiste em lavar o biodiesel por três vezes para

garantir a sua pureza.

A situação descrita é um exemplo da utilização das funções de contador

e sub-rotina. Para este caso em especifico, uma memória é setada chamando

uma sub-rotina. Após de efetuar três vezes a lavagem o contador reseta esta

memória retornado ao código principal.

De acordo com o descrito na analise e as plantas desenvolvidas foi

possível desenvolver e projetar a automação da Mini-Usina de forma plausível.

Page 54: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

43

7. Conclusão

A caracterização do processo produtivo do biodiesel sugere que, por se

tratar de um combustível obtido a partir de diferentes tipos de óleos, tal como

aquele utilizado em cozinhas industriais, sua viabilidade pode ser atrativa em

face de tal diversidade de matéria-prima.

A flexibilidade da utilização de vários tipos de matéria – prima em sua

produção é mais um fator que torna o biodiesel um combustível de alta

competitividade no mercado, tendo em vista ainda a comercialização de seus

co – produtos, como a glicerina, adubo e ração protéica vegetal.

A entrevista em profundidade possibilitou a elaboração de um

descritivo detalhado do processo, essencial na elaboração de um croqui, assim

como a realização da visita ao local de utilização de uma mini-usina.

A facilidade em encontrar matéria prima e sua grande oferta no

mercado faz com que os custos em sua produção diminuam cada vez mais,

havendo grande crescimento neste setor com instalações de novas usinas e

investimentos em estudos para o desenvolvimento de novas tecnologias para

sua produção.

A análise documental permitiu a caracterização dos elementos da

arquitetura de automação e a identificação dos sinais de entrada e saída bem

como seu tipo de sinal (analógico/digital), tensão e corrente nominal. Nessa

etapa a análise dos dados técnicos mostrou-se uma importante fonte de

informações, auxiliando o detalhamento dos principais elementos.

Page 55: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

44

Adquirido conhecimentos suficientes sobre o ciclo de funcionamento de

todo o processo produtivo, pode-se caracterizar e modelar o sistema funcional,

com Redes de Petri, definindo a lógica de automação, e conseqüentemente

contribuindo para o desenvolvimento da lógica de programação em ladder.

A lógica de automação anexa a esse trabalho (apêndice C) foi

desenvolvida a partir da arquitetura de automação e do entendimento da

dinâmica do processo de produção de biodiesel.

Com as especificações dispostas na análise, pode-se definir os

componentes da arquitetura de automação adequados, os quais dão

funcionalidade autônoma para Mini-Usina, tais como: sensores, atuadores e

controlador.

A elaboração do programa desenvolvido em linguagem Ladder através

do software XG5000 facilitou o desenvolvimento do código por permitir

simulação em estado off-line e por possuir boa interface. Esses itens auxiliaram

no entendimento do código fonte no decorrer da simulação tendo em vista a

dificuldade de se encontrar softwares de programação em Ladder que

permitam simulação.

Desta forma o projeto de automação da Mini – Usina em questão foi

desenvolvido, não sendo possível a implementação devido aos altos custos

dos equipamentos e a falta de patrocinador.

Page 56: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

45

REFERÊNCIA

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[12] MORAES, CÍCERO C.: CASTRUCCI, P. de, 2007; Engenharia de

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[13] O Deputado MOACIR MICHELETTO (PMDB-PR) pronuncia. Disponível

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<http://www.biodieselbr.com/biodiesel/motor-diesel/motor-diesel.htm> Acesso

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[16] PARENTE, E.J. DE S. BIODIESEL: Uma aventura tecnológica num

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[18] PRUDENTE, FRANCESCO: Automação industrial - PLC: teoria e

aplicações, LTC, 2007.

[19] PNPUB – Programa Nacional De Produção e Uso de Bicombustível,

2006. Disponível em <http://biodiesel.gov.br> Acesso: 23 mai. 2008.

[20] RANESES, A. R. et al. Potential biodiesel markets and their

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[21] Retrospectiva analítica no contexto Histórico do Biodiesel. Disponível em

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[22] Sick Sensor Inteligence. Disponível em

<http://www.sick.de/home/factory/catalogues/industrial/coloursensors/applicatio

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[23] SILVEIRA, Paulo Rogério Da. Automação e controle discreto. São

Paulo: Érica, 2003. 229 p

[24] SILVEIRA, P. R., SANTOS, W. E. Automação e Controle Discreto.

Editora Érica. 1° edição. São Paulo, 1999.

[25] SCHUCHARDT, U. et al.; J. Braz. Chem. Soc. 1998.

[26] SCHUCHARDT, U.; Ribeiro, M. L.; Gonçalves, A. R.; Quim. Nova 2001,

24, 247

Page 59: Automao de Processo Industrial - Produo de Biodiesel

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[27] Solução de sistemas de medição. Disponivel em

<http://www.nivetec.com.br/nivetec2008/produto.asp?cat=1&pro=4> Acesso

em: 10 set. de 2008 (Nivetec, 2008).

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Planta Mini – Usina IN

Figura A.1 - Planta Mini - Usina IN.

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APÊNDICE B – Planta Mini – Usina OUT

Figura B.1 - Planta Mini - Usina Modificada OUT.

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APÊNDICE C – Diagrama Lógico

Figura C.1 – Diagrama lógico 1/3.

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Figura C.2 – Diagrama lógico 2/3.

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Figura C.3 – Diagrama lógico 3/3.

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APÊNDICE D - Esquema de montagem dos elementos de automação.

Figura D.1 - Esquema de montagem dos elementos de automação.

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ANEXOS

ANEXO 1 – QUADRO DE COMANDO - EXTERNA.

Figura AN.1 – Quadro de comando - externa.

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ANEXO 2 – QUADRO DE COMANDO - INTERNA.

Figura AN.2 – Quadro de comando - interna.

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57

ANEXO 3 – MINI-USINA DE BIODIESEL.

Figura AN.3 – Mini-usina de biodiesel.

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58

ANEXO 4 – COMPARAÇÃO ENTRE USINAS DE BIODIESEL.

Figura AN.4 – Comparação entre usinas de biodiesel.