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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Altino Teixeira Neto AVALIAÇÃO DA SAÚDE BUCAL EM USUÁRIOS DE COCAÍNA E/OU CRACK EM TRÊS ÁREAS DA CIDADE DE SALVADOR Taubaté – SP 2009

AVALIAÇÃO DA SAÚDE BUCAL EM USUÁRIOS DE COCAÍNA …livros01.livrosgratis.com.br/cp119447.pdf · SB2000 Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no ano 2000 42 Figura

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Altino Teixeira Neto

AVALIAÇÃO DA SAÚDE BUCAL EM USUÁRIOS DE COCAÍNA E/OU CRACK EM TRÊS ÁREAS DA

CIDADE DE SALVADOR

Taubaté – SP 2009

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Altino Teixeira Neto

AVALIAÇÃO DA SAÚDE BUCAL EM USUÁRIOS DE COCAÍNA E/OU CRACK EM TRÊS ÁREAS DA

CIDADE DE SALVADOR

Taubaté – SP 2009

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Odontologia do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Área de concentração: Dentística Orientador: Prof. Dr. Marcos Augusto do Rego

ALTINO TEIXEIRA NETO

Data: ________________________________

Resultado: ___________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. _________________________________Universidade de Taubaté

Assinatura:_______________________________

Prof. Dr. _________________________________Universidade__________

Assinatura:_______________________________

Prof. Dr. _________________________________Universidade__________

Assinatura:_______________________________

Dedicatória

A Bel, minha amada companheira, parceira em todos os

momentos da vida, que com seu amor, sua paciência,

compreensão, dedicado incentivo e colaboração compartilho este

trabalho.

AGRADECIMENTOS

A Deus, Criador e Pai, por me oportunizar num espaço-tempo de encontros

possíveis, a realização deste trabalho;

Aos meus amados filhos, Andréa, Cezar, Daniel, Flávia e Lenita, por comporem essa

família com alegria, harmonia e incentivo;

Aos meus queridos e dedicados pais, Therezinha e Raymundo, o amor, exemplo,

incentivo e compreensão, fundamentais para a formação do homem de hoje;

Aos meus irmãos, Amélia, Fátima e Pedro, por participarem dessa torcida

juntamente com meus cunhados Eduardo e Nair e meus sobrinhos;

Aos meus sogros, Regina e Nereu, pelo carinho, acolhimento e estímulo,

fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho;

Ao Prof. Dr. Luiz Erlon A. Rodrigues pela amizade, incentivo e colaboração, sempre

com uma paciente solução para os momentos mais atribulados;

Aos meus colegas e amigos, professores do Curso de Especialização da ABO-BA,

Ceres Mendonça Fontes, André Mallmann, Denise Cerqueira Oliveira, Isabel Garcia

e Paula Mathias de Moraes Canedo, pela fundamental colaboração e incentivo;

Aos meus colegas e amigos da UFBA, Professores. Maria das Graças Alonso, Ana

Rosa Amado Bacellar, Marilene Colaço Costa, Ismar Barbosa Nascimento, Ivanise

Sodré, Rosangela Goes Rabelo, Maria Cristina T. Cangussu, Antonio Pitta Correia,

Roberto Almeida de Azevedo, Gilma Teixeira de Azevedo;

A colaboração prestativa dos amigos e Professores. Marcia Brandão e Leonardo

Costa;

Ao Prof. Dr Tarcísio Matos de Andrade, coordenador da ARD-FC (Aliança de

Redução de Danos Fátima Cavalcante), por tornar possível este trabalho;

Aos agentes redutores da ARD-FC, em especial, a Benimário Santos Silva, pela

atenção e ajuda, na elaboração dessa pesquisa;

Ao amigo, Prof. Dr Annibal Muniz Silvany Neto, pelo precioso tempo dispensado na

avaliação e orientação estatística;

Aos pacientes carentes de carinho e acolhimento, pela oportunidade de aprendizado

e compreensão maior do ser humano.

À Universidade de Taubaté, em nome da Reitora Prof. Dra. Maria Lucila Junqueira

Barbosa;

À Coordenadora do programa de Mestrado e Doutorado em Odontologia Profa. Dra.

Ana Christina Claro Neves, de quem recebi o primeiro convite para fazer esse

mestrado;

Ao meu orientador Prof. Dr. Marcos Augusto do Rego, pela atenção e

especialmente, por acreditar neste trabalho;

A todos os Professores que fizeram parte desta minha formação, Ana Christina

Claro Neves, Celso da Silva Queiroz, Davi Quirino, Débora Pallos, Denise Pontes

Raldi, Edna Maria Querido de Oliveira Chamon, Gilson César Nobre Franco, José

Roberto Cortelli, Laís Regiane da Silva Concílio, Leonardo Gonçalves Cunha,

Lucilene Hernandes Ricardo, Maria Rozeli de Souza Quirino, Mariella Vieira Pereira

Leão, Marinella Holzhausen, Mauro Antônio Pires Dias da Silva, Maximiliano Piero

Neisser, Sandra Marcia Habitante, Sheila Cavalca Cortelli, Silvana Soléo Ferreira

dos Santos e Wilson Abraão Saad;

Em especial aos professores da Dentística, Profa. Dra. Priscila Christiane Suzy

Liporoni, Profa. Dra. Vanessa Cavalli Gobbo e Prof. Dr. Marcos Augusto do Rego,

pelo acolhimento, incentivo, orientação e amizade;

A amizade, união, solidariedade e alegria dessa turma composta por Adriana,

Alexandre, Carol, Cláudio, Rodrigo, Esdras, Juliana, Lilibeth, Manuel, Mariana,

Marília, Patrícia, Paulo e Zilla, que certamente contribuíram para a conclusão desse

trabalho e em especial, a Manuel, que com sua atenção e alegria ajudou a driblar os

momentos difíceis desse curso;

Ao pessoal da secretaria em nome da secretária Adriana Peloggia, a bibliotecária

Regina Márcia Cuba e a todos os funcionários da Odontologia;

E a todos, que direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste

trabalho, meus sinceros agradecimentos!

Teixeira Neto A. Avaliação da saúde bucal em usuários de cocaína e/ou crack em três áreas da cidade de Salvador [Dissertação de mestrado]. Taubaté: Universidade de Taubaté, Departamento de Odontologia, 2009. 88p.

RESUMO

A cocaína, alcalóide extraído das folhas da Erythroxylon coca, planta nativa das regiões andinas, vem sendo consumida a cada dia com maior frequência e em camadas etárias cada vez menores. As vias de auto-administração podem ser intranasal, oral, intravenosa e respiratória. As consequências bucais da sua utilização são observadas na redução da capacidade tampão da saliva, índice CPOD elevado, xerostomia, bruxismo, doença periodontal, halitose e estomatites. As alterações bucais, como lesões de cárie, desgaste dentário, retração gengival, lesões na mucosa, são ocorrências comuns, proveniente da sua ação vasoconstritora e da diminuição do pH da saliva. Objetivos: Este estudo descritivo de corte transversal avaliou a saúde bucal de usuários de cocaína e/ou crack em três áreas da cidade de Salvador, utilizando-se dos índices CPOD (dentes cariados, perdidos e obturados), PIP (perda de inserção periodontal) e CPI (avaliação periodontal comunitário). Método: A amostra constituiu-se de 52 usuários de cocaína e/ou crack, com idade média de 30,96 anos, assistidos pela Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti (ARD-FC). Realizou-se a análise descritiva e exploratória da população estudada segundo: características sociodemográficas, características biológicas gerais e de saúde bucal, características comportamentais e assistência odontológica. Resultados: Os usuários apresentaram baixo nível sociodemográfico caracterizado pela baixa escolaridade, alta taxa de desemprego e falta de moradia fixa. A associação concomitante com tabaco, álcool e maconha foi evidente; a principal via de administração para cocaína foi intranasal enquanto que para o crack, a via fumada; revelou-se alto consumo de açúcar, refrigerantes e café. Verificou-se a ocorrência de xerostomia (36,5%) e refluxo gastroesofágico (32,7%). O índice CPOD foi em média de 14,81, com 61,5% de indivíduos examinados com cálculo dental e 46,1% de indivíduos com perda de inserção gengival de 4 a 5mm. Conclusões: Os dados obtidos indicam que não apenas o uso da cocaína e/ou crack, mas a associação com outros indicadores avaliados é determinante para o baixo índice de saúde bucal.

Palavras-chave : Cocaína; Índice CPOD; Saúde bucal; Erosão dental.

Teixeira Neto A. The evaluation of dental health in cocaine and/or crack users in three greas in Salvador city [Dissertação de mestrado]. Taubaté: Universidade de Taubaté, Departamento de Odontologia, 2009. 88p.

ABSTRACT Cocaine, an alkaloid extracted from the leaves of the Erythroxylon coca, a plant originated in the regions of the Andes heights, has been consumed more and more frequently and by younger and younger age groups as well. Its intake occurs in different ways such as, intranasal, oral, intravenous and respiratory. The buccal consequences derived from its use are noticed by means of reducing the saliva buffer capacity, high DMFT index, xerostomia, grinding of teeth, periodontal disease, halitosis and stomatitis. Buccal alterations such as decay lesion, wear of teeth, gingival retraction, mucosal legions are common occurrences resulting not only from cocaine vasoconstrictor action but also from saliva PH decrease. Objectives: This cross-section descriptive study aimed mainly at evaluating the three different areas of Salvador City using the DMFT indices (decayed teeth, either lost or filled), PIP (losing of periodontal insertion) and CPI (communitarian periodontal insertion index). Method: The sample consisted of 52 subjects, all of them cocaine and/or crack users, aged 30,96 years old in average, assisted by the “Aliança de Redução de Danos Fatima Cavalcanti” (ARD-FC). A descriptive and exploratory analyses of the population were studied according to socio-demographic characteristics, general biological characteristics and those of dental health, dental behavior characteristics and dental assistance as well. Results: The users showed a low socio-demographic level characterized by poor schooling, high unemployment rate and permanent homelessness. The concomitant association with tobacco, alcohol and marijuana was quite evident; the main channel for cocaine intake was the intranasal one whereas the one for crack was that by means of smoking it. A high absortion of sugar, softdrinks and coffee was revealed. An occurrence of xerostomia (36,5%) and another of gastroesophageal reflux (32,7%) were detected. The index of DMFT was 14,81 in average: 61,5% of the subjects who were examined had dental calculi and 46,1% and loss of 4-5mm gingival insertion. Conclusions: The data obtained in this study point out that not only the use of cocaine and/or crack alone but also its association with other evaluated indicators is determinant of the low dental health index.

Keywords: Cocaine; Index of DMFT; Dental health; Dental erosion.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 -

Distribuição das características sóciodemográficas entre usuários de cocaína e/ou crack, em três áreas de Salvador

50

Tabela 2 –

Distribuição das características biológicas gerais entre usuários de cocaína e/ou crack

51

Tabela 3 –

Distribuição por faixas etárias segundo primeiro uso de cocaína e/ou crack

51

Tabela 4 –

Distribuição das características comportamentais entre usuários de cocaína e/ou crack

52

Tabela 5 - Distribuição das características comportamentais: motivos de uso entre usuários de cocaína e/ou crack.

53

Tabela 6 - Distribuição das características comportamentais: frequência de uso e grau de dificuldade de obtenção da cocaína e/ou crack

54

Tabela 7 - Utilização de outras substâncias entre usuários de cocaína e/ou crack

55

Tabela 8 - Distribuição das vias de administração de consumo entre usuários

de cocaína e/ou crack

56

Tabela 9 - Distribuição das características nutricionais entre usuários de

cocaína e/ou crack 57

Tabela 10 - Avaliação odontológica entre usuários de cocaína e/ou crack 58

Tabela 11 - Características odontológicas entre usuários de cocaína e/ou crack

59

Tabela 12 - Perda de unidades dentais referidas pelos usuários de cocaína e/ou crack, em três áreas de Salvador

60

Tabela 13 - Distribuição de alguns fatores relacionados a ATM e desgaste

dentário em usuários de cocaína e/ou crack 62

Tabela 14 - Uso de medicamentos e testes sorológicos entre usuários de cocaína e/ou crack

63

Tabela 15 - Distribuição das características biológicas de saúde bucal: índice

CPOD entre usuários de cocaína e/ou crack 63

Tabela 16 - Distribuição das características biológicas de saúde bucal (índice CPI): número e percentagem de pessoas segundo o maior grau de condição periodontal no indivíduo, entre usuários de cocaína e/ou crack

64

Tabela 17 - Distribuição das características biológicas de saúde bucal (índice PIP): número e percentagem de pessoas segundo o maior grau de condição de inserção periodontal no indivíduo, entre usuários de cocaína e/ou crack

64

Tabela 18 - Distribuição das características biológicas de saúde bucal: número e percentagem de outras avaliações, entre usuários de cocaína e/ou crack

64

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Resumo dos códigos para cárie dentária/Projeto SB2000 Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no ano 2000

41

Figura 2 - Resumo dos códigos para necessidade de tratamento/Projeto SB2000 Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no ano 2000

42

Figura 3 - Esquema de sonda CPI, com suas respectivas medidas 43

Figura 4 - Divisão da arcada em sextantes e destaque dos dentes índices para CPI e PIP

43

Figura 5 - Distribuição da amostra quanto ao uso de escova de dentes, pasta

dental e fio dental

60

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ARD-FC Aliança de Redução de Danos - Fátima Cavalcante

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

ATM Articulação Temporomandibular

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CD Cirurgião dentista

CPI Community Periodontal Indice - Índice Periodontal Comunitário

CPOD Dentes Cariados, Perdidos e Obturados

COC Cocaína

COC-HCL Cloridrato de cocaína

DMFT Decayed Missing Filling Teeth = CPOD

EUA Estados Unidos da América

FOUFBA Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia

HIV Human Immunodeficiency Virus – Vírus da Imunodeficiência Humana

ISTs Infecções Sexualmente Transmissíveis

JCE Junção cemento-esmalte

LSD Lysergic Acid Diethylamid - Dietilamida do ácido lisérgico

OMS Organização Mundial de Saúde

PIP Índice de Perda de Inserção Periodontal

SNC Sistema Nervoso Central

SPSS Statical Package for Social Sciences – Programa Estatístico

UFBA Universidade Federal da Bahia

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

14

2 REVISÃO DE LITERATURA

18

2.1 COCAÍNA: HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS 18 2.2 VIAS DE EXPOSIÇÃO 23 2.3 FARMACOLOGIA 24 2.4 EFEITOS SISTÊMICOS 25 2.5 ALTERAÇÕES DENTÁRIAS 27

3 PROPOSIÇÃO

37

4 MÉTODO

38

4.1 TIPO DE ESTUDO 38 4.2 CAMPO DE ESTUDO 38 4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO 38 4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 39 4.5 PROCEDIMENTOS DE BIOSSEGURANÇA 44 4.6 VARIÁVEIS DE ESTUDO 44 4.7 ANÁLISE DOS DADOS 46

5 RESULTADOS

48

6 DISCUSSÃO

65

7 CONCLUSÕES

72

REFERÊNCIAS

73

APÊNDICES 80

ANEXOS 86

14

1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde define toxicomania ou toxicofilía como “um

estado de intoxicação periódico ou crônico, nocivo ao indivíduo ou à sociedade,

produzida pelo repetido consumo de uma droga natural ou sintética” (Zorzetto,

2007).

Segundo Moreau (1996) a toxicomania tem como características a

necessidade de consumir a droga, aumentar a dose, podendo causar dependência

psíquica e física, sendo a dependência à droga, definida como o condicionamento

do indivíduo a ela e que na falta da mesma, desencadeia a crise ou síndrome de

abstinência. A consequência é a busca rápida por uma nova dose, aumentando a

frequência e a quantidade de uso. De acordo com o autor, as principais drogas

utilizadas pelos usuários de substâncias entorpecentes ou alucinógenas, são

maconha, morfina, heroína, dietilamida do ácido lisérgico (LSD), anfetaminas

(Ecstasy) e cocaína.

A cocaína é um potente anestésico local e atua como poderoso agente

simpatomimético com efeitos estimulantes no sistema nervoso central (SNC), sendo

considerado o mais potente estimulante central de ocorrência natural, razão pela

qual é utilizada como fármaco de abuso (Chasin & Salvadori, 1996), ou seja, uma

substância de estrutura química definida que quando em contato ou introduzida em

um sistema biológico, cujo uso persistente e excessivo, modifica uma ou mais de

suas funções (Moreau, 1996). É um alcalóide extraído das folhas da Erythroxylon

coca, planta nativa de regiões andinas da América do Sul. Há séculos, os povos

nativos, devido as suas propriedades estimulantes, a utilizam em forma de chás ou

Introdução____________________________________________________________________ 15

mascam a folha de coca in natura, como fonte adicional de resistência à fadiga,

fome, sede e frio (Driscoll, 2003; Motta et al., 2004; Blanksma & Brand, 2005).

Após séculos de uso foi isolada e caracterizada por Albert Niemann em 1859

e atribui-se a Sigmund Freud a popularização da cocaína no meio científico, sendo

famosos seus escritos de 1884 sobre como aliviar a depressão e curar a

dependência à morfina (Chasin & Salvadori, 1996). O aumento de seu uso levou, em

1891, aos primeiros relatos sobre intoxicações relacionadas à cocaína, incluindo 13

mortes e, em 1914, uma lei federal nos Estados Unidos, decretou a ilegalidade do

uso da cocaína, salvo nos limites da prática médica (Friedlander & Gorelick, 1988;

Driscoll, 2003).

Entretanto, segundo Pedreira et al. (1999), o consumo de drogas entre

jovens e adultos, fenômeno conhecido como drogadição, vem ocorrendo com maior

freqüência e de acordo com Costa Leite & Andrade (1999) em faixas etárias cada

vez mais precoces.

A cocaína pode ser utilizada introduzida diretamente nas mucosas, por via

oral, respiratória ou intravenosa (Chasin & Salvadori, 1996), podendo apresentar

efeitos diretos sobre as estruturas da boca, mucosa, dente e língua (Ribeiro et al.,

2002). Segundo Pedreira et al. (1999) os principais achados bucais em pacientes

que usam drogas são: xerostomia, índice CPOD elevado, redução da capacidade

tampão da saliva, queilite angular, bruxismo, perdas dentais, doença periodontal,

halitose e estomatites.

A aplicação tópica de cocaína, diretamente na boca ou por via nasal, ao

entrar em contato com a saliva, o pó transforma-se num poderoso ácido capaz de

desmineralizar a hidroxiapatita do esmalte e da dentina, representando um fator

etiológico de corrosão nas áreas cervicais dos dentes adjacentes ao seu local de

Introdução____________________________________________________________________ 16

aplicação na gengiva (Kapila & Kashani, 1997; Maurício et al., 2002; Driscoll, 2003;

Grippo et al., 2004; Blanksma & Brand, 2005).

O aumento da prevalência de lesões decorrentes do desgaste dentário em

indivíduos de várias faixas etárias, muitas vezes, devido aos novos hábitos da

sociedade moderna, tem sido o foco de interesse para a comunidade científico-

odontológica (Amaechi & Higham, 2005).

O desgaste dentário pode ser definido como uma perda gradual não-cariosa

da estrutura dos dentes e, por ter etiologia multifatorial pode levar ao “colapso

oclusal”, articular e periodontal, comprometendo seriamente a estética e a função

(Litonjua et al., 2003). As alterações provocadas pela perda de estrutura dentária

resultam em lesões que variam na etiologia, extensão, características individuais,

podendo estar associadas com processos fisiológicos ou patológicos e que

tradicionalmente, são classificadas em atrição, abrasão, erosão, abfração, fricção

funcional e reabsorção (Mondelli, 2003). Em função disso, o tratamento do desgaste

dental mostra-se complexo e para o sucesso do planejamento, a excelência da

etiologia e do diagnóstico é fundamental (Nixon et al., 2002).

Segundo Grippo et al. (2004), apesar de o termo erosão ser frequentemente

utilizado, deve ser substituído pelo termo corrosão, uma vez que representa mais

apropriadamente a dissolução química da estrutura dental, por ácidos extrínsecos ou

intrínsecos, sem envolvimento bacteriano (Levitch et al., 1994).

De acordo com Pedreira et al. (1999) as contribuições trazidas pela

odontologia têm possibilitado a atuação de um maior número de profissionais no

tratamento especializado ao paciente toxicômano ou drogadito, que por suas

características locais constitui uma nova categoria especial de paciente. Entretanto,

apesar da literatura odontológica apresentar escassa produção sobre o assunto,

Introdução_____________________________________________________________________17

observa-se uma preocupação em desmistificar o tratamento odontológico a

pacientes usuários de drogas, apresentando seu perfil e os principais cuidados a

serem tomados durante o tratamento.

Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar por meio de um estudo

transversal, a saúde bucal de usuários de cocaína e/ou crack, em três áreas de

diferentes bairros da cidade de Salvador, Bahia, assistidos pela Aliança de Redução

de Danos Fátima Cavalcanti da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da

Bahia (ARD-FC).

18

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 COCAÍNA: HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS

As folhas da Erythroxylon coca planta nativa da região andina são utilizadas

há séculos, mesmo por civilizações anteriores aos incas, como fonte adicional de

resistência à fadiga, à fome, sede e ao frio (Driscoll, 2003; Motta et al., 2004;

Blanksma & Brand, 2005) e também para induzir uma sensação de euforia (Brand et

al., 2008).

O hábito de mascar folhas de coca por índios do Peru não apresenta

referências a efeitos colaterais como ataques cardíacos ou choques, uma vez que a

quantidade de cocaína na corrente sanguínea não é o bastante para determinar a

sua toxicidade, já que existe a limitação da quantidade de folhas mastigadas. Para

produzir uma reação tóxica seria necessária uma enorme quantidade de folhas a ser

mastigada para se extrair a cocaína necessária (Karch, 1999).

Segundo Chasin & Salvadori (1996), Albert Niemann, em 1859, extraiu o

alcalóide a partir das folhas de coca criando então, o termo cocaína e tendo o seu

uso em vários produtos. As folhas, após a maceração, são convertidas em pasta de

coca, que constitui a forma de tráfico e que é, eventualmente, utilizada para produzir

o cloridrato de cocaína (COC HCl), sal mais comumente empregado na auto-

administração. Estima-se que 100Kg de folhas de coca dão origem a 1000g de pasta

de coca e 800g do respectivo cloridrato.

Cregler & Mark (1986) relataram que o primeiro registro da cocaína como uso

Revisão de Literatura_________________________________________________19

medicinal, data de 1596 e foi utilizada por médicos espanhóis. Karch (1999) reporta

que por volta de 1860, na Europa, o hábito de ingerir tônicos e vinhos possuindo

coca na composição era comum. As bebidas continham entre 150 a 300mg de

cocaína por litro sendo que dois copos do vinho mais popularmente conhecido na

época poderiam conter até 50mg da droga, o equivalente a uma “carreira” de

cocaína. Todavia, como não há relatos de toxicidade, acredita-se que se deva a

baixa concentração de cocaína nestas bebidas.

Schroff e Demarle, em 1862, observaram que a cocaína produzia analgesia

da língua e passaram a utilizá-la para alívio da dor na laringe, fato que contribuiu

para a popularização de seu uso na Inglaterra e na América (Gay et al., 1975).

De acordo com Albertson et al. (1995), John Stife Pimperton registrou nos

Estados Unidos, em 1885, o “French Wine Cola” renomeando anos depois, o

produto de “Coca-Cola”.

Durante o século XIX, a purificação da cocaína permitiu sua utilização na

medicina, como estimulante, na terapia de determinadas desordens psíquicas e no

tratamento de narcoviciados, sendo Freud um dos primeiros estudiosos a

experimentar e a difundir o seu uso, pois acreditava que a cocaína pudesse tratar

uma variedade de complicações como alcoolismo sífilis, asma, histeria e exaustão

nervosa (Cregler & Mark, 1986; Lee et al., 1991). Koller introduziu a droga em 1884,

como o primeiro anestésico local na oftalmologia e, nesse mesmo ano, Halsted e

Hall na odontologia (Isaacs et al., 1987; Lee et al., 1991; Brown & Johnson, 1994;

Karch, 1999; Calatayud & González, 2003).

Entretanto, em 1891, o aumento do uso levou aos primeiros relatos sobre

intoxicações relacionados à cocaína (Chasin & Salvadori, 1996), como,

comportamento psicótico, dependência, convulsões e mortes, levando seu uso

Revisão de Literatura_________________________________________________20

médico a declinar (Herculiani, 2007) e em 1914, tornou-se ilegal nos EUA, exceto,

pela sua limitada utilização como anestésico local nas áreas médicas (Friedlander &

Gorelick, 1988; Lee et al., 1991; Brown & Johnson, 1994; Driscoll, 2003).

De acordo com Moreau (1996), fármaco é uma substância de estrutura

química definida que, quando em contato ou introduzida em um sistema biológico,

modifica uma ou mais de suas funções, enquanto droga é a matéria prima de origem

mineral, animal ou vegetal que contém um ou mais fármacos. Assim de acordo com

esses conceitos, o etanol, a cocaína são fármacos, a folha da coca e a maconha são

drogas.

A cocaína foi gradualmente sendo substituída, nos anos 50, pelas

anfetaminas sendo essa situação revertida somente nos anos 70 (Albertson et al.

1995). À volta ao consumo generalizado da cocaína ocorreu na década de 70

devido, em parte, ao conceito infundado de ser a cocaína segura e desprovida da

propriedade de causar dependência, quando utilizada recreacionalmente (Chasin &

Salvadori, 1996), estando também relacionada a fatores como restrições à

comercialização das anfetaminas e em razão de sua ação ultracurta, ser

considerada perfeita para a utilização no meio social (Costa Leite & Andrade, 1999).

O uso da cocaína apresenta-se como um grave problema mundial de

consumo de drogas ilícitas. A “National Survey on Drug Use and Health” em 2003,

declarou que nos Estados Unidos, 14,7% da população com 12 anos de idade ou

mais, já experimentaram a cocaína, ao menos uma vez. Na Europa, esta

porcentagem, em 2004, atingiu 5,2% (Prinzleve et al., 2004). Nos últimos anos no

Brasil, a cocaína só é suplantada pelo álcool, quanto a internações por uso de

drogas ilícitas (Luft & Mendes, 2007). O maior responsável por este aumento de

consumo foi o surgimento do crack, desenvolvido na segunda metade dos anos 80,

Revisão de Literatura_________________________________________________21

quando as características da cocaína foram alteradas para ser fumada (Terra Filho

et al., 2004).

Fatores como custo mais barato, se comparado a outras drogas, a não

necessidade de material para injetar a droga, obtenção quase imediata de seus

efeitos por via circulação pulmonar, têm contribuído para o aumento do uso do crack

nos últimos anos (Costa Leite & Andrade, 1999; Driscoll, 2003; Blanksma & Brand,

2005).

O termo abuso refere-se ao uso de uma droga ou fármaco, geralmente por

auto-administracão, de uma maneira que se desvie dos padrões médicos ou sócio-

culturais. Pelo conceito de abuso, se uma pessoa se expõe à cocaína uma única

vez, só para experimentar, este uso é considerado “abusivo” porque o consumo de

cocaína no Brasil é ilegal. E, de maneira inversa, o uso compulsivo de tabaco ou

álcool é considerado como não “abusivo” (Moreau, 1996).

A cocaína ou benzoilmetil-ecognina (C17H21NO4) é um alcalóide extraído da

planta Erythroxylon coca (Brand et al., 2008). Quando suas folhas verdes são

tratadas por solventes orgânicos e depois pelo ácido clorídrico o resultado é o

cloridrato de cocaína, de pH 4,5, quando puro (Krutchkoff et al., 1990). Ou seja, a

obtenção de cocaína para o consumo, envolve um processo em que as folhas da

planta são colocadas em recipientes com um solvente do tipo éter, querosene ou

mesmo gasolina, formando-se uma pasta com 40 a 85% de sulfato de cocaína. Após

este procedimento, é adicionado a esta pasta, ácido clorídrico a fim de se refinar o

produto, eliminando as impurezas remanescentes do processo anterior e obtendo-se

um pó branco, o cloridrato de cocaína. Este pó que é inodoro, cristalino, ou de

cristais higroscópicos transparentes, constitui a formulação legal da cocaína e

geralmente, da ilícita (Chasin & Salvadori, 1996), utilizado para inalação ou como

Revisão de Literatura_________________________________________________22

solução por via intravenosa podendo, ocasionalmente, ser misturado com heroína

(Haim et al., 1995). Entretanto, como possui ponto de fusão a 1960C, não pode ser

fumada por se decompor nesta temperatura (Haim et al., 1995; Chasin & Salvadori,

1996).

Devido ao seu alto preço no mercado, e também ao alto risco quando usada

em estado puro, a cocaína é misturada (“cortada”), frequentemente com outras

substâncias (adulterantes), como pó de mármore, giz, talco, farinha, lactose, cafeína,

lidocaína, efedrina, fenciclidinina, quinina, sacarose e sais de baixo custo, como

bicarbonato de sódio e sulfato de magnésio, sendo os teores de COC variáveis entre

15 a 90%, constituindo-se no produto conhecido por “cocaína ou droga de rua”

(Jatlow, 1987; Chasin & Salvadori, 1996; Costa Leite & Andrade, 1999).

A partir de uma solução de cloridrato de cocaína e água tratada por uma

substância alcalina como o bicarbonato de sódio, obtêm-se após aquecimento e

resfriamento dessa mistura, um precipitado na forma de massa sólida, pequenos

pedaços cristalinos conhecidos por crack (Isaacs et al., 1987; Haim et al., 1995;

Chasin & Salvadori, 1996). Recebe este nome devido ao som de estourar quando os

cristais ou pedras são queimados (Lee et al., 1991; Brand et al., 2008). Com

aproximadamente 90% de base livre pura de cocaína (Isaacs et al., 1987; Terra Filho

et al., 2004), esta forma, com ponto de fusão a 980C possui a característica de poder

ser fumada (Haim et al., 1995; Chasin & Salvadori, 1996), geralmente em pequenos

cachimbos (chamados de maricas, os quais muitas vezes são improvisações de

latas, papel de alumínio, canos e conexões hidráulicas) (Zorzetto, 2007), ou

misturadas a cigarros de maconha ou tabaco (Isaacs et al., 1987; Haim et al., 1995;

Chasin & Salvadori, 1996). A pasta de coca pode também ser utilizada da mesma

forma por conter cocaína na proporção de 70 a 85% e, portanto apresentar

Revisão de Literatura_________________________________________________23

propriedades similares ao crack (Chasin & Salvadori, 1996).

2.2 VIAS DE EXPOSIÇÃO

A cocaína utilizada recreacionalmente é via de regra, o cloridrato de cocaína,

cujas formas mais comuns de administração é a intranasal (aspiração nasal),

denominada popularmente como prática de “cafungar” cuja mucosa entra em contato

direto com a droga e a intravenosa em que a cocaína é dissolvida em água e

injetada (devido à constrição local no músculo, a injeção de cocaína pode causar

necrose). Pode também ser utilizado por via oral, o que não é muito comum. Na

segunda metade dos anos 80, surgiu à prática da administração da cocaína na

forma de base livre, vulgarmente denominada de crack ou pedra, através do ato de

fumar, atravessando a membrana alveolar pulmonar, uma mucosa ricamente

vascularizada (Haim et al., 1995; Chasin & Salvadori, 1996; Karch, 1999; Terra Filho

et al., 2004).

As vias fumadas e intravenosas resultam numa absorção mais rápida da

cocaína, levando a uma intensa euforia, maior potencial para o vício e maior risco a

reações tóxicas (Lee et al., 1991). Enquanto a inalação da cocaína necessita de três

a cinco minutos para atingir a circulação cerebral, pela via fumada, a cocaína requer

de seis a oito segundos e pela via intravenosa entre 16 a vinte segundos (Haim et

al., 1995). O tempo médio da cocaína na circulação sanguínea varia de sessenta a

noventa minutos, de acordo com a via de administração (Egred & Davis, 2005).

Dentre as vias de introdução pelas quais ocorre à auto-administração de cocaína, a

Revisão de Literatura_________________________________________________24

intranasal é uma das mais utilizadas e consiste em se dispor os cristais de cloridrato

de cocaína enfileirados em superfície lisa com 10 a 30mg por fileira de droga, que

são aspiradas de tal forma que a absorção ocorre pela mucosa nasal. A

administração da cocaína pela via pulmonar, na forma de base livre ou crack, pode

ser comparada à via intravenosa em termos de velocidade de absorção, pico de

concentração plasmática, duração e intensidade de efeitos. Daí a mudança de

padrão de uso verificada nos últimos anos, pois a não estigmatização relacionada ao

uso de agulhas e a possibilidade de busca imediata de doses adicionais do fármaco

constituem um componente particular de reforço (Chasin & Salvadori, 1996).

2.3 FARMACOLOGIA

A cocaína, estimulante do sistema nervoso central, apresenta habilidade em

interagir com neurotransmissores como norepinefrina e dopamina podendo, resultar

desta interação, alterações na comunicação interneural normal (Isaacs et al., 1987).

Após sua utilização, uma elevação temporária das concentrações de dopamina e

norepinefrina com subsequente redução a valores abaixo dos normais,

concentrações estas, relacionáveis respectivamente, com os estados de euforia e

depressão experimentados pelos usuários da droga (Chasin & Salvadori, 1996).

O provável mecanismo de ação do SNC é o bloqueio da recaptação pré-

sináptica da dopamina, resultando em excesso desses neurotransmissores nos

sítios receptores pós-sinápticos e tendo como consequência, a sensação de prazer e

euforia transientes. Da mesma forma, a estimulação adrenérgica parece ocorrer pelo

Revisão de Literatura_________________________________________________25

mesmo mecanismo sendo que no uso crônico de cocaína, tanto a norepinefrina

quanto a dopamina se tornam significativamente reduzidas no cérebro (Lee et al.,

1991; Brown & Johnson, 1994; Chasin & Salvadori, 1996; Lancaster et al., 2000;

Motta et al., 2004; Bains & Hosseini-Ardehali, 2005; Blanksma & Brand, 2005;

Glauser & Queen, 2007). A diminuição da dopamina cerebral pode resultar em

anormalidade das vias dopaminérgicas, desenvolvendo, por exemplo, a disforia

observada durante a abstinência do uso da droga (Lee et al., 1991) ou ainda,

levando a complicações psiquiátricas (Chasin & Salvadori, 1996),

A depleção da dopamina está relacionada com o comportamento de busca

uma vez que o usuário crônico se auto-administra repetidamente para aumentar os

níveis de dopamina. A cronicidade, ou seja, reforço/comportamento de busca,

expresso por aumento/diminuição dos níveis de dopamina, constitui a base

bioquímica do ciclo euforia/disforia, caracterizando o desenvolvimento da

farmacodependência à cocaína (Chasin & Salvadori, 1996).

Ambas as formas de cocaína, cloridrato e base livre (crack), têm alto potencial

de desenvolver o vício (Luft & Mendes, 2007). E segundo Gossop (1987), não há

nenhuma forma de se prever se o indivíduo será capaz de manter o controle ou se

tornará dependente. O autor afirma que a cocaína demonstra um potencial maior do

que a heroína de produzir dependência.

2.4 EFEITOS SISTÊMICOS

A cocaina é absorvida através de todas as áreas do corpo, em especial nas

Revisão de Literatura_________________________________________________26

membranas mucosas. Na presença de inflamações, esta absorção é aumentada;

desta forma, os efeitos sistêmicos podem também aumentar (Lee et al., 1991).

Os efeitos provocados pela cocaína independem da via de administração,

pois tanto o crack quanto o pó apresentam efeitos semelhantes, diferindo quanto à

duração e magnitude dos efeitos (Friendlander & Gorelick, 1988; CEBRID, 2008).

Uma variedade de complicações sistêmicas também está relacionada ao uso

da cocaína, como por exemplo: psicoses, alterações renais, pulmonares, digestivas,

complicações mãe-feto (anormalidades congênitas, gestação de curta duração,

maior risco da síndrome da morte súbita infantil entre outras), midríase; contrações

musculares; tremores das extremidades; convulsões; hipertermias (por ação central);

reações alérgicas. Os efeitos mais intensos ocorrem no sistema cardiovascular,

causando arritmias, seguidas por ataques e colapsos cárdio-pulmonares, infartos,

taquicardias, hipertensão e acidente vascular cerebral (Isaacs et al., 1987; Lee et al.,

1991; Brown & Johnson, 1994; Glauser & Queen, 2007).

A cocaína quando fumada segundo Glauser & Queen (2007) pode ser

indutora de perfuração intestinal. Entretanto, as manifestações gastrointestinais não

parecem ser influenciadas pela rota de administração. Outras complicações

intestinais resultantes do uso da cocaína incluem ulcerações gástricas, fibrose

retroperitoneal e enfarte visceral.

Devido ao efeito anestésico e vasoconstrictor da droga, o uso exacerbado de

cocaína pela via inalatória, pode causar necrose do septo nasal e do palato,

podendo resultar em perfuração desses tecidos (Kapila & Kashani, 1997; Lancaster

et al., 2000; Driscoll, 2003; Bains & Hosseini-Ardehali, 2005; Glauser & Queen,

2007). Em geral, a perfuração do septo nasal ocorre primeiro e é seguida meses

depois por uma lenta perfuração palatal (Brand et al., 2008) podendo causar

Revisão de Literatura_________________________________________________27

perfuração no palato duro e mole (Bains & Hosseini-Ardehali, 2005). Segundo

Blanksma & Brand (2005), a maioria dos pacientes com necrose do palato induzida

por cocaína são mulheres (72%) a despeito do fato de que mais homens do que

mulheres utilizam cocaína. Entretanto, acredita-se que as mulheres são mais

susceptíveis a estas complicações do uso da droga (Lancaster et al., 2000).

A rota de administração fumada na forma de crack ou base livre são mais

associadas a complicações pulmonares com relatos por parte dos usuários de dor

nos pulmões e expectoração de sangue e de material escuro resultado da inalação

de resíduos dos produtos da combustão (Gossop, 1987; Haim et al., 1995; Terra

Filho et al., 2004).

A fumaça produzida pelo crack é instantaneamente absorvida pelos pulmões

chegando rapidamente ao sistema nervoso central. Os primeiros efeitos aparecem

de dez a 15 segundos e como a duração dos efeitos é menor (em média vinte

minutos), o usuário passa a utilizar a droga com mais frequência, tornando-o

dependente muito mais rápido (Isaacs et al., 1987; CEBRID, 2008).

2.5 ALTERAÇÕES DENTÁRIAS

Devido ao seu alto preço no mercado, e também ao alto risco quando usada

em estado puro, a cocaína é misturada (adulterada), frequentemente com sacarose

e com cremor tártaro (bitartarato de potássio), substâncias amórficas, mas,

altamente cariogênicas e que não interferem no efeito anestésico durante o “teste do

sabor” efetuado pelos usuários da droga (Driscoll, 2003; Blanksma & Brand, 2005).

Revisão de Literatura_________________________________________________28

Este teste é quase sempre efetuado quando da verificação da pureza da cocaína e

consiste em esfregar o pó na mucosa gengival com o dedo indicador, em geral nas

regiões de canino e dentes adjacentes. Por meio deste procedimento, em curto

espaço de tempo, podem surgir lesões cariosas nos dentes das regiões citadas,

como também eritemas, ulcerações e necroses nas mucosas (Krutchkoff et al., 1990;

Kapila & Kashani, 1997; Driscoll, 2003; Blanksma & Brand, 2005). Alguns pacientes

podem acusar dor, retração gengival e muitas vezes apresentar um filme

esbranquiçado facilmente removível recobrindo a gengiva (Kapila & Kashani, 1997;

Blanksma & Brand, 2005).

Segundo Cone (1993), a cocaína é hidrolisada pela esterase sérica e pelo

fígado gerando dois metabólitos principais, a benzoilecgonina e éster metilecgonina.

Neste trabalho, este pesquisador faz referência a série de estudos por ele

conduzido, quando foi analisada a concentração de cocaína e seus metabólitos na

saliva, em diferentes tempos de ação e rotas de administração. Esses metabólitos

por serem ácidos têm a capacidade de atacar a hidroxiapatita do esmalte e da

dentina (Brown & Johnson, 1994; Krutchkoff et al., 1990; Blanksma & Brand, 2005).

O termo erosão é derivado do latim erosum (corroer) e descreve a destruição

gradual da superfície, geralmente por um processo químico ou eletrolítico (Imfeld,

1996; Litonjua et al., 2003), sem envolvimento de bactérias e que resultam na

dissolução da hidroxiapatita e fluorapatita constituintes do esmalte dental (Amaechi

& Higham, 2005; Magalhães et al., 2005). Segundo Grippo et al. (2004) o termo

erosão deve ser substituído pelo termo corrosão o qual representa mais

apropriadamente a dissolução química da estrutura dental.

De acordo com alguns autores, como nem sempre os pacientes relatam

serem usuários de drogas, os cirurgiões dentistas devem estar atentos aos sinais

Revisão de Literatura_________________________________________________29

característicos de uso como: midríase, comportamento agitado, taquicardia, defeitos

do septo nasal e devido a trombocitopenia, sangramento gengival espontâneo

(Isaacs et al., 1987; Motta et al., 2004; Blanksma & Brand, 2005; Robinson et al.,

2005; Brand et al., 2008).

Usuários que utilizam grande quantidade de cocaína, frequentemente

apresentam bruxismo severo, o que resulta em desgastes e planificações das

cúspides de pré-molares e molares, além de poderem apresentar xerostomia,

principalmente se seu uso estiver associado ao uso do álcool. A associação com

álcool representa alta taxa de destruição dental, grande número de dentes perdidos,

doença periodontal avançada e xerostomia (Friedlander & Gorelick, 1988; Lee et al.,

1991; Brown & Johnson, 1994; Pedreira et al., 1999; Blanksma & Brand, 2005;

Robinson et al., 2005).

De acordo com Pedreira et al. (1999) a literatura odontológica é bastante

escassa em relação a trabalhos relacionados a pacientes usuários crônicos de

cocaína, devido às dificuldades em se realizar pesquisas com os referidos pacientes.

Para Glauser & Queen (2007) os trabalhos existentes são provenientes de relatos de

casos clínicos e não de pesquisas clínicas randomizadas.

Krutchkoff et al. (1990) descreveram dois casos clínicos em que o uso crônico

de cocaína promoveu desgaste do esmalte dentário. O paciente inicialmente

aplicava cocaína diretamente na mucosa nasal, porém, com a perfuração do septo

nasal, passou a aplicar a droga diretamente na gengiva e no vestíbulo bucal de

áreas adjacentes aos dentes relatados com desgaste do esmalte. A perda do tecido

dentário foi localizada, ocorrendo apenas nos dentes adjacentes ao local de

aplicação da droga. No segundo caso, embora o paciente administrasse a droga por

via nasal, afirmou que a inalação da droga provocava sabor azedo ou amargo na

Revisão de Literatura_________________________________________________30

boca. Constataram-se clinicamente, lesões cervicais generalizadas, consistentes

com corrosões dentais de esmalte, com superfícies lisas e cristalinas e com aspecto

fino.

Brown & Johnson (1994) descreveram três casos clínicos nos quais relataram

que restaurações com ligas metálicas a base de ouro, sofreram corrosão resultante

do uso de crack, evidenciado após exame clínico e confirmado por dois dos

pacientes. Os autores enfatizam a importância da declaração dos pacientes

confirmando o uso da droga, em razão da confiança adquirida e do comportamento

de não julgamento.

Segundo os mesmos autores, devido à instabilidade química entre as ligas

dentais, duas ocorrências distintas, corrosão e manchamento, alteram a superfície

dos metais quando utilizados na cavidade oral. A corrosão envolve a dissolução

eletroquímica do metal ou formação de produtos reacionais superficiais, enquanto

que o manchamento, uma forma específica de corrosão, promove a descoloração

superficial causada pela formação de produtos da reação.

Kapila & Kashani (1997) constataram poucos relatos demonstrando que a

aplicação tópica da cocaína na mucosa oral pode causar destruição de tecidos duros

e moles ao redor do dente. Os autores descreveram um caso clínico cujo paciente

revelou recessão gengival bilateral e erosão cervical nas superfícies vestibulares de

pré-molares e dentes anteriores, com menor envolvimento das superfícies

vestibulares dos anteriores inferiores, em decorrência da aplicação de cocaína na

gengiva.

A cocaína bloqueia a condução nervosa similarmente a alguns anestésicos

locais utilizados na odontologia, a exemplo da lidocaína, xilocaina e articaína; além

disso, sua ação vasoconstrictora aumenta a resposta a epinefrina, que

Revisão de Literatura_________________________________________________31

frequentemente, é utilizada como vasoconstrictor nesses anestésicos (Isaacs et al.,

1987; Friedlander & Gorelick,1988; Driscoll, 2003; Bains & Hosseini-Ardehali, 2005;

Blanksma & Brand, 2005). Consequentemente, após o uso recente de cocaína, a

administração de anestésicos locais à base de epinefrina e até mesmo o uso de fios

retratores impregnados com esse vasoconstictor, pode provocar um aumento agudo

da pressão sanguínea seguida de uma crise de angina, infarto do miocárdio ou

acidente vascular cerebral. A combinação com a lidocaína também aumenta o risco

de convulsões (Friedlander & Gorelick, 1988; Driscoll, 2003; Blanksma & Brand,

2005; Brand et al., 2008). Segundo Blanksma & Brand (2005) experimentos com

animais demonstraram que a associação de cocaína com anestésicos locais

contendo epinefrina pode ser fatal e a realização de qualquer tratamento dentário

que exija anestesia, deverá ser realizado após 24 horas de uso da cocaína a fim de

permitir a eliminação da droga (Friedlander & Gorelick, 1988).

De acordo com Mair et al. (1996) o desgaste dentário pode ser definido como

uma consequência da interação entre as superfícies dentárias que se movem em

contato, resultando na remoção gradual de material dessas superfícies. Como este

processo é multifatorial, a etiologia envolve a combinação de forças mecânicas e de

degradação química (Yip et al., 2004), observando-se, frequentemente, desgastes

do tipo abrasivo, erosivo ou corrosivo e por fadiga (Mair et al., 1996). A associação

destes diferentes processos é o principal fator para o entendimento do mecanismo

de desgaste, sendo extremamente difícil diferenciá-los clinicamente (Grippo et al.,

2004; Magalhães et al., 2005).

Como a prevalência da erosão dental ainda é desconhecida na população,

uma vez que depende de diferentes causas, as porcentagens podem variar de 2 a

77%, e embora, a ocorrência mais frequente seja em pessoas idosas (Meurmann et

Revisão de Literatura_________________________________________________32

al., 1994; Muñoz et al., 2003), a doença afeta, também pessoas mais jovens (Bartlett

et al., 1996; Yip et al., 2002), sendo que a taxa mais alta, refere-se a indivíduos com

dietas estritamente, vegetarianas (Meurman et al., 1994).

A erosão dental pode ser desencadeada pela ação de ácidos provenientes

tanto do meio interno, como do meio externo. Todo ácido com pH inferior a 5,5 em

contato com a estrutura dental, é potencialmente capaz de desmineralizar os tecidos

duros (Grippo et al., 2004). As erosões de origem endógena estão presentes em

pacientes bulímicos, anoréxicos, com distúrbios gastroesofágicos, que regurgitam

e/ou vomitam com frequência, expondo assim as superfícies dentais à ação do ácido

gástrico. Os ácidos de origem extrínseca, capazes de provocar erosões dentais, são

provenientes da dieta alimentar, do meio ambiente ou de medicamentos (Seraidarian

& Jacob, 2002; Grippo et al., 2004; Amaechi & Higham, 2005; Magalhães et al.,

2005).

Dentre os fatores etiológicos extrínsecos, os ácidos presentes na dieta

alimentar, proveniente da ingestão de sucos de frutas cítricas e bebidas acidificadas,

como refrigerantes, refrescos de frutas, bebidas isotônicas para esportistas, doce de

frutas cítricas; chá de limão parecem ser os principais fatores etiológicos da corrosão

dental. A erosão dos dentes devido ao meio ambiente, como, por exemplo, o fator

ocupacional, pode ocorrer durante a exposição a gases industriais, como ácidos

usados na galvanização e na manufatura de baterias, munições; fábricas de

refrigerantes e de fertilizantes. Outras profissões concorrem para a exposição

persistente do indivíduo ao meio ácido, como as dos pintores, provadores de

alimentos ácidos e vinhos e também os nadadores. Os medicamentos como

aspirina, tabletes de vitaminas C, e até mesmo produtos de higiene oral podem

conter ácidos capazes de provocar erosões dentais (Amaechi et al., 1999;

Revisão de Literatura_________________________________________________33

Seraidarian & Jacob, 2002; Grippo et al., 2004).

Como a solubilidade do esmalte é dependente do pH, qualquer solução com

um baixo pH pode causar erosão, particularmente, se o contato for extenso e

intermitente, consequentemente, desmineralizando a matriz dental inorgânica por

meio de ácidos de diferentes origens (Meurman & Ten Cate, 1996; Litonjua et al.,

2003).

Além do pH, outros fatores interferem na estabilidade dos cristais de apatita

no esmalte: as concentrações de íons cálcio, fosfato e flúor na saliva, as quais

variam no próprio e entre os diferentes indivíduos, dependendo da taxa do fluxo e

das proporções de saliva proveniente das glândulas salivares (Sobral et al., 2000).

Com a queda do pH, a solubilidade da apatita do esmalte aumenta drasticamente, já

que a queda de uma unidade, dentro da faixa de pH de 7,0 a 4,0, representa um

aumento de sete vezes na solubilidade da hidroxiapatita (Smith & Shaw, 1987). O

valor do pH crítico, entre 5,2 e 5,5, depende das concentrações de cálcio e fosfato

na saliva e mesmo quando a saliva está subsaturada de hidroxiapatita, ainda assim,

pode permanecer supersaturada de fluorapatita (Sobral et al., 2000). Entretanto, em

pH 4,0, a saliva apresenta-se subsaturada de ambas as apatitas perdendo portanto,

a capacidade mineralizante. O risco de desmineralização do esmalte envolve um pH

abaixo de 5,5 e para a dentina e o cemento radicular, abaixo de 6,2 (Meurman & Ten

Cate, 1996; Johansson et al., 2002).

Os potenciais corrosivos dos ácidos, aos quais os indivíduos estão expostos

são fortemente influenciados pela capacidade tampão salivar, propriedades de

quelação do cálcio, frequência e duração da exposição ao ácido e temperatura

(Amaechi et al.,1999; West et al., 2000; Grippo et al., 2004). A ação dos ácidos pode

ser exacerbada por situações clínicas como bruxismo e xerostomia, a qual tem

Revisão de Literatura_________________________________________________34

importante papel no tamponamento dos ácidos. A xerostomia pode ocorrer devido à

ação de medicamentos, como tranquilizantes, anti-histamínicos, antieméticos

(Seraidarian & Jacob, 2002; Puy, 2006), condições sistêmicas fisiológicas ou

patológicas ou uso de substâncias tóxicas, como a cocaína, ecstasy e álcool

(Amaechi & Higham, 2005; Puy, 2006), tornando dessa forma, o indivíduo

susceptível à erosão dental.

Segundo Puy (2006) a saliva protege os dentes da corrosão dental diluindo e

eliminando substâncias corrosivas através da capacidade tampão, balanceamento

dos processos de remineralização e desmineralização e formação da película

adquirida. Entretanto, quando o fluxo salivar é menor, o tampão de fosfato assume

papel essencial, uma vez que a capacidade de diluir e eliminar substâncias sobre os

dentes fica extremamente reduzida. Quando o pH atinge o nível crítico, 5,5, a

hidroxiapatita começa a se dissolver, liberando cálcio e fosfatos que tentam restaurar

o equilíbrio. Isto é dependente dos íons cálcio e fosfato contidos no meio circundante

salivar e, somente quando a saliva se torna subsaturada desses íons, e o ambiente

bucal continua ácido, o esmalte dental começa a dissolver. Os fatores que regulam o

equilíbrio da hidroxiapatita são o pH e a concentração de íons cálcio livres, fosfatos e

fluoretos. Tanto a saliva quanto o biofilme são supersaturados desses íons, os quais

protegem os dentes e recuperam a hidroxiapatita. Algumas proteínas salivares

também se ligam a hidroxiapatita inibindo a precipitação espontânea de cálcio e

fosfato e mantendo a integridade dos cristais de esmalte.

Amaechi et al. (1998) verificaram a influência da saliva artificial e do suco de

laranja na erosão do esmalte de incisivos bovinos, utlizando-se de

microrradiografias. Os resultados sugeriram que a saliva artificial, saturada em

relação ao cálcio e ao fosfato, reduziu o grau de erosão e remineralizou a perda

Revisão de Literatura_________________________________________________35

de mineral associada à lesão.

Fushida & Cury (1999) realizaram estudo in situ para avaliar a capacidade

biológica da saliva na reversão de lesões dentárias corrosivas resultantes da

ingestão frequente de refrigerantes. Os resultados mostraram redução da dureza

dos tecidos dentais, em diferentes frequências de ingestão do refrigerante. A

porcentagem de recuperação de dureza pela ação da saliva foi parcial, porém,

significativa. Segundo os autores, em função da frequência da ingestão de Coca-

Cola, ocorrem perdas proporcionais e irreversíveis da estrutura superficial tanto do

esmalte como da dentina.

Nixon et al. (2002) avaliaram a prevalência do desgaste dental em dois

grupos ambos compostos de 13 estudantes cada, sendo um de usuários de drogas

recreacionais e o outro, o grupo controle, de não usuários. O critério de inclusão no

grupo de usuários consistiu no uso regular da droga acima de dez vezes durante

suas vidas. Outros fatores que influenciam o desgaste dental bem como o grau de

utilização das drogas foram verificados por meio de um questionário que incluíram

variáveis como: frequência na ingestão de frutas e sucos ácidos, bebidas

gaseificadas, presença de bruxismo, xerostomia, refluxo gastroesofágico,

participação em competições esportivas, uso de tabaco, álcool, maconha,

anfetaminas, ecstasy e cocaína. De acordo com os resultados, o grau de severidade

do desgaste nos primeiros molares inferiores foi significativamente maior no grupo

dos usuários de drogas quando comparado com o grupo controle. Não houve

diferença estatística em relação aos dentes anteriores sugerindo-se que ocorreu

maior grau de atrito e apertamento no grupo de usuários. Os autores concluíram que

o uso regular de drogas poderia estar associado ao aumento de desgaste dos

dentes posteriores.

Revisão de Literatura_________________________________________________36

Scheutz (1984a) investigou a saúde dental de 134 usuários de drogas

intravenosas, com idade média de 25 anos (mínimo de 18 e máximo de 37 anos),

examinados entre 1977 a 1981, em Aarhus, na Dinamarca e concluiu que a higiene

oral deficiente desses pacientes está associada não apenas ao consumo de drogas,

mas também, ao baixo nível de educação e status social.

Também, Scheutz (1984b) descreveu as experiências e os resultados de

cinco anos de atendimento dentário gratuito a usuários de drogas em uma clínica

municipal em Aarhus, na Dinamarca, destacando como uma das principais

dificuldades, a impossibilidade de se manter um tratamento dentário regular, devido

a instabilidade social do referido grupo. O índice de CPOS foi de 50.2, sendo o

aumento de cáries por ano de 2.5 (1.3 em superfícies novas e 1.2 em superfícies

com cáries recorrentes). Os resultados também indicaram aumento maior de cáries

entre o sexo feminino, entretanto sem diferença estatística. Uma maior ou menor

presença de leucoqueratose na região de palato, cerca de 100%, foi verificada entre

os fumantes inveterados. As injúrias traumáticas na região orofacial foram

frequentes e preponderantes no sexo masculino. Na fase inicial do tratamento

dentário, a duração do tempo envolvido foi de cinco horas por indivíduo,

decrescendo para uma-duas horas por indivíduo, anualmente. O número de

restaurações foi de 8.2 por indivíduo na fase inicial de tratamento e 1.7 por ano,

individualmente, na fase de manutenção. O autor concluiu que a deficiente saúde

dental dos usuários de drogas parece estar associada ao estilo de vida e que a

odontologia tem importante função tanto na eliminação da dor e desconforto dos

pacientes como também na reabilitação dos mesmos, promovendo melhora na

aparência e auto-estima.

37

3 PROPOSIÇÃO

O objetivo deste trabalho foi avaliar, por meio de um estudo transversal, a

saúde bucal de usuários de cocaína e/ou crack, em três áreas de diferentes bairros

da cidade de Salvador, Bahia, assistidos pela Aliança de Redução de Danos Fátima

Cavalcanti da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (ARD-FC).

38

4 MÉTODO

4.1 TIPO DE ESTUDO

O presente trabalho é um estudo epidemiológico de corte transversal ou de

prevalência, de caráter descritivo.

4.2 CAMPO DE ESTUDO

O campo de estudo utilizado abrangeu três áreas da cidade de Salvador

(APÊNDICE C):

a) Fonte Nova (na rua);

b) Engenho Velho da Federação (na Associação de Moradores);

c) Água de Meninos (na sede do projeto Levanta-te e Anda), e o Serviço de

Extensão Permanente Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (ARD-FC).

4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO

Método____________________________________________________________39

Foram avaliados 52 usuários cocaína e/ou crack assistidos pela ARD-FC,

com idades entre 17 a cinquenta anos, e idade média de 28.72, de ambos os

gêneros, sendo 67,3% de usuários do gênero masculino e 32,7% do feminino. Um

dos critérios de inclusão no grupo de usuários da droga consistiu no uso da cocaína

e/ou crack ao menos uma vez ao mês, durante o último ano.

Respeitando-se o protocolo de pesquisa aceito pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia,

FOUFBA, anteriormente às avaliações, cada indivíduo firmou seu consentimento em

participar do projeto, embora, não tenha sido utilizado o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido autorizando sua inclusão na pesquisa, uma vez que por tratar-se

de uma classe de pacientes especiais, com características peculiares, a

desconfiança e o medo dificultaram qualquer comprometimento de ordem oficial.

As pessoas que aceitaram o convite foram agendadas nas três diferentes

áreas utilizadas na referida pesquisa e assistidas pela ARD-FC.

4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

A presente pesquisa teve o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal da Bahia, sob registro da CAAE (Certificado de

Apresentação para Apreciação Ética) 0006.0.368.000-09FR – 244024, em 12 de

março de 2009 (ANEXO A).

Método____________________________________________________________40

Após a apresentação e esclarecimento do estudo e anteriormente ao exame

clínico, foi utilizado como instrumento para coleta de dados sociodemográficos,

biológicos, características odontológicas e médicas, um formulário (APÊNDICE A),

contendo informações referentes à: idade, cor da pele, estado civil, escolaridade,

atividade atual, renda, especificações sobre o uso da cocaína e/ou crack (idade de

início, obtenção, fator inicial, vias de administração), uso de tabaco, álcool, outras

drogas, hábitos alimentares (frequência na ingestão de frutas e sucos ácidos,

bebidas gaseificadas, uso de açúcar), hábitos de higiene bucal, presença de

bruxismo, xerostomia, refluxo gastroesofágico, assistência odontológica e

medicamentos utilizados.

A ficha de exame clínico (APÊNDICE B) para coleta de dados sobre a

condição dentária e periodontal seguiu o mesmo padrão da utilizada pelo Ministério

da Saúde, em 2000, para o levantamento epidemiológico das condições de saúde

bucal da população brasileira no país, descritos no Manual do Examinador e no

Manual do Anotador, produzidos pela equipe de coordenação do Projeto SB Brasil,

2000. Os códigos e critérios de classificação estão baseados nos parâmetros

adotados pelo Ministério da Saúde e descritos detalhadamente no ANEXO B (Brasil,

2001).

Os exames intrabucais foram realizados após a entrevista inicial e o

preenchimento do formulário, sempre com iluminação natural, apenas por um

avaliador, cirurgião-dentista examinador, como forma de padronização dos exames e

um auxiliar-anotador sob responsabilidade do primeiro, em uma ficha de exame

clínico (APÊNDICE B). Os exames clínicos foram baseados na inspeção visual. Os

instrumentos, cuja finalidade foi auxiliar no exame visual e táctil dos tecidos bucais,

foi o espelho bucal plano, espátulas de madeira e a sonda periodontal CPI.

Método____________________________________________________________41

Foram avaliados três aspectos em cada espaço dentário: as condições da

coroa e da raiz e a necessidade de tratamento baseado em Brasil (2001) (Figuras 1

e 2).

CÓDIGO

CONDIÇÃO /ESTADO DENTES PERMANENTES

COROA RAIZ

0 0 HÍGIDO

1 1 CARIADO

2 2 RESTAURADO MAS COM C ÁRIE

3 3 RESTAURADO E SEM CÁRIE

4 Não se aplica PERDIDO DEVIDO À CÁRIE

5 Não se aplica PERDIDO POR OUTRAS RAZÕES

6 Não se aplica APRESENTA SELANTE

7 7 APOIO DE PONTE OU COROA

8 8 NÃO ERUPCIONADO - RAIZ EXPOSTA

T Não se aplica TRAUMA (FRATURA)

9 9 DENTE EXCLUÍDO

Figura 1 - Resumo dos códigos para cárie dentária/Projeto SB2000 - Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no ano 2000

Método____________________________________________________________42

CÓDIGO TRATAMENTO

0 NENHUM

1 RESTAURAÇÃO DE 1 SUPERFÍCIE

2 RESTAURAÇÃO DE 2 OU MAIS SUPERFÍCIES

3 COROA POR QUALQUER RAZÃO

4 FACETA ESTÉTICA

5 PULPAR + RESTAURAÇÃO

6 EXTRAÇÃO

7 REMINERALIZAÇÃO DE MANCHA BRANCA

8 SELANTE

9 SEM INFORMAÇÃO

Figura 2 - Resumo dos códigos para necessidade de tratamento/Projeto SB2000 Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no ano 2000

A condição periodontal foi avaliada com a utilização de dois indicadores: os

índices CPI e PIP.

O Índice Periodontal Comunitário (CPI) permite avaliar a condição periodontal

quanto à higidez, sangramento e presença de cálculo ou bolsa.

Para realizar o exame utilizou-se sonda específica, denominada sonda CPI,

com esfera de 0,5mm na ponta e área anelada em preto situada entre 3,5mm e

5,5mm da ponta. Outras duas marcas na sonda permitem identificar distâncias de

8,5mm e 11,5mm da ponta do instrumento (Figura 3).

Método____________________________________________________________43

Figura 3 – Esquema de sonda CPI, com suas respectivas medidas Fonte: Brasil (2001)

A boca foi dividida em sextantes definidos pelos dentes: 18-14, 13-23, 24-28,

38-34, 33-43 e 44-48, segundo Brasil (2001) (Figura 4). A presença de dois ou mais

dentes sem indicação de exodontia (por exemplo, comprometimento de furca,

mobilidade etc.), foi pré-requisito ao exame do sextante. Sem isso, o sextante foi

cancelado (quando, por exemplo, existia um único dente presente).

Figura 4 – Divisão da arcada em sextantes e destaque dos dentes índices para CPI e PIP Fonte: Brasil (2001)

Método____________________________________________________________44

O PIP, índice Perda de Inserção Periodontal, é basicamente um complemento

do CPI e permite avaliar a condição da inserção periodontal, tomando como base a

visibilidade da junção cemento-esmalte (JCE). Os mesmos sextantes e dentes-

índices são considerados, sob as mesmas condições. Entretanto, cabe alertar que o

dente-índice onde foi encontrada a pior condição para o CPI pode não ser o mesmo

com a pior situação para o PIP. Este índice permite comparações entre grupos

populacionais e não há intenção de descrever a situação de indivíduos considerados

isoladamente, Projeto SB (Brasil, 2001).

4.5 PROCEDIMENTOS DE BIOSSEGURANÇA

Foram utilizadas as normas de biossegurança possíveis em um atendimento

na rua, tais como utilização de equipamentos de proteção individual e instrumentais

previamente esterilizados em autoclave.

4.6 VARIÁVEIS DE ESTUDO

Com o intuito de descrever a prevalência de cárie, unidades ausentes e

restauradas e as condições periodontais dos usuários de cocaína dos assistidos

pela ARD-FC, bem como avaliar as características sócio-demográficas,

Método____________________________________________________________45

características comportamentais e dados sobre assistência odontológica executou-

se, portanto, um estudo exploratório cujas variáveis não foram consideradas para se

testar hipóteses de associação.

O índice CPOD utilizado para descrever a condição dentária foi obtido num

indivíduo, pela soma do número de dentes permanentes cariados, perdidos e

obturados, podendo variar, portanto, de zero a 32. Acrescentaram-se os

componentes “C”, “P” e “O” que se referiam, respectivamente, aos dentes que no

momento do exame, apresentaram-se cariados, perdidos e obturados e, em uma

população, o valor do índice corresponde à média do grupo. O índice foi realizado

baseando-se em Narvai (2000).

Variáveis analisadas:

• Características sociodemográficas: gênero, escolaridade, religião, fonte

de renda, situação conjugal, com quem e onde viveu (últimos seis

meses).

• Características biológicas gerais: idade, cor da pele.

• Características biológicas de saúde bucal: índice CPOD, CPI e PIP,

incluindo presença de cálculo, biofilme visível, retração gengival,

facetas de desgaste.

• Características comportamentais: tabagismo, consumo de bebidas

alcoólicas, associação com outras drogas, vias de administração da

droga, fator inicial de uso, grau de dificuldade para obtenção da droga,

Método____________________________________________________________46

• Características nutricionais: consumo de café, sucos ácidos,

refrigerantes e açúcar.

• Assistência odontológica: última visita ao dentista, tipo de assistência

odontológica, orientação recebida sobre higiene bucal, comunicação

ser usuário de droga, uso de escova, pasta e fio dental, frequência

diária de escovação.

• Características gerais: uso de medicação e realização de exames para

hepatite B e C e HIV.

4.7 ANÁLISE DOS DADOS

Utilizou-se o software SPSS (Statical Package for Social Sciences), na versão

15.0 para processamento dos dados e análise estatística dos mesmos, consistindo

em:

a) descrição dos indivíduos estudados, utlizando-se os procedimentos usuais

da estatística descritiva tais como: cálculo de frequências, de medidas de

tendência central e de dispersão;

b) comparação das médias da variável CPOD para subgrupos dos indivíduos

investigados, conforme variáveis independentes de interesse. Não foi feita

inferência estatística porque a amostra estudada não foi selecionada

aleatoriamente. No entanto, os resultados obtidos poderão ser

generalizados por inferência não estatística, caso os indivíduos para os

Método____________________________________________________________47

quais se deseje generalizar os resultados aqui obtidos, tenham

características muito semelhantes aos indivíduos investigados no presente

estudo.

48

5 RESULTADOS

Durante o período de março a junho de 2009, 52 indivíduos foram avaliados,

segundo as características sociodemográficas especificadas na Tabela 1, verificou-

se a participação de 67,3% de usuários do gênero masculino (n=35) e 32,7% do

feminino (n=17). A situação conjugal observada foi de 50% de solteiros (n=26),

42,3% de casados ou de união livre (n=22) e 7,7% de separados ou divorciados

(n=4).

Em relação à religião, 46,2% (n=24) afirmaram que eram católicos não

praticantes, 28,8% (n=15) que nunca tiveram religião, enquanto que 9,6% (n=5)

declararam que foram protestantes / evangélicos, como também, 9,6% (n=5) já

participaram do culto afro brasileiro e apenas 5,8% (n=3) como outra opção religiosa.

Para a pergunta “com quem viveu nos últimos seis meses”, as respostas

indicaram que 30,8% (n=16), permanecem com a família de origem, 25% (n=13)

vivem com a própria família, 23,1% (n=12) sozinhos, 19,2% (n=10) com colegas ou

amigos e 1,9% (n=1) com outros parentes.

Quando questionados sobre a moradia dos últimos seis meses, 48,1% (n=25)

responderam que moravam na rua, enquanto que 26,9% (n=14) na casa dos pais,

15,4% (n=8) na própria casa, 7,6% (n=4) tanto na casa de outros parentes quanto

em outros locais e 1,9% (n=1) em instituição.

O baixo nível de escolaridade foi evidente, uma vez que, 69, 2% (n=36) não

completou o primeiro grau. Quando questionados sobre ocupação atual e fonte de

renda, a maioria (75,0%, n=39) referiu não ter emprego regular, apenas um trabalho

temporário; 7,7% (n=4) vivem com a ajuda de parentes enquanto os outros

Resultados_________________________________________________________49

relataram: emprego regular (5,8%, n=3), autônomo (5,8%, n=3),

benefício/aposentadoria (1,9%, n=1), roubos (1,9%, n=1) e outras atividades (1,9%,

n=1).

Resultados_________________________________________________________50

Tabela 1 - Distribuição das características sociodemográficas entre usuários de cocaína e/ou crack, em três áreas de Salvador

Características sociodemográficas n Freqüência % Frequência

acumulativa %

Sexo Feminino 17 32,7 32,7 Masculino 35 67,3 100,0

Total 52 100,0

Estado civil Solteiro 26 50,0 50,0 Casado 22 42,3 92,3 Separado/Divorciado 4 7,7 100,0

Total 52 100,0 Religião Católica 24 46,2 46,2 Protestante 5 9,6 55,8 Afro Brasileira 5 9,6 65,4 Outra 3 5,8 71,2 Não tem 15 28,8 100,0

Total 52 100,0

Com quem viveu (últimos 6 meses) Sozinho 12 23,1 23,1 Família de origem 16 30,8 53,8 Outros parentes 1 1,9 55,8 Colegas/Amigos 10 19,2 75,0 Própria família 13 25,0 100,0

Total 52 100,0

Onde viveu (últimos 6 meses) Na sua própria casa 8 15,4 15,4 Casa dos pais 14 26,9 42,3 Casa de outros parentes 2 3,8 46,2 Na rua 25 48,1 94,2 Em instituição 1 1,9 96,2 Outros 2 3,8 100,0

Total 52 100,0

Escolaridade Analfabeto/1grau incompleto 36 69,2 69,2 1grau completo 4 7,7 76,9 2grau incompleto 6 11,5 88,5 2grau completo 6 11,5 100,0

Total 52 100,0

Fonte de renda (últimos 6 meses) Emprego regular 3 5,8 5,8 Trabalho temporário 39 75,0 80,8 Autônomo 3 5,8 86,5 Benefício/Aposentadoria 1 1,9 88,5 Ajuda de parentes 4 7,7 96,2 Roubos 1 1,9 98,1 Outras atividades 1 1,9 100,0

Total 52 100,0

Em relação às características biológicas gerais, como os participantes

demonstraram dificuldade na auto-referência da cor da pele, optou-se pela arguição,

verificando-se que 67,3% (n=35) classificaram-se em mulatos ou pardos. As idades

Resultados_________________________________________________________51

do grupo estudado variaram de 17 a cinquenta anos sendo que a média de idade foi

de 28.72 anos (Tabela 2). A Tabela 3 mostra a idade de início do uso da cocaína e

do crack. O uso de ambas as drogas começa na infância, com oito anos de idade

entretanto, a cocaína no período de oito a 21 anos apresenta 61,5% de usuários

enquanto o crack, na mesma faixa etária, 36,3%.

Tabela 2 - Distribuição das características biológicas gerais entre usuários de cocaína e/ou crack

Características biológicas gerais n Freqüência % Frequência

acumulativa %

Cor Negra 15 28,8 28,8 Branca 2 3,8 32,7 Mulata/Parda 35 67,3 100,0

Total 52 100,0

Idade dicotomizada 17 a 25 anos 18 34,6 43,6 26 a 32 anos 17 32,7 67,3 33 a 52 anos 17 32,7 100,0

Total 52 100,0

Tabela 3 - Distribuição por faixas etárias segundo o primeiro uso de cocaína e/ou crack Características Comportamentais

COCAÍNA CRACK

n Freqüência % N Freqüência %

Idades 1 uso 8 a 16 anos 16 30,7 7 13,3 17 a 21 anos 16 30,8 12 23,0 22 a 30 anos 7 13,3 13 24,9 31 a 44 anos 1 1,9 3 5,7

Na Tabela 4, observam-se dentre as características comportamentais dos

usuários de cocaína e/ou crack, a obtenção das drogas citadas, quando utilizadas

pela primeira vez. Em relação à cocaína, verificou-se que 46,2% (n=24) dos usuários

obtiveram a droga com amigos; 13,5% (n=7) com colegas de escola / trabalho;

13,5% (n=7) com traficante; 1,9% (n=1) com companheiro; 1,9% (n=1) com parentes

e 1,9% (n=1) com desconhecido. Quanto à obtenção do crack pela primeira vez, os

Resultados_________________________________________________________52

resultados indicaram 30,8% (n=16) com amigos; 11,5% (n=6) com traficante; 7,7%

(n=4) com companheiro; 7,7% (n=4) com colegas de escola / trabalho; 3,8% (n=2)

com desconhecido; 3,8% (n=2) com outro e 1,9% (n=1) com parentes.

Tabela 4 - Distribuição das características comportamentais entre usuários de cocaína e/ou crack

Características obtenção cocaína e/ou crack n Freqüência % Frequência

acumulativa %

Cocaína (obtenção 1ª vez) Companheiro 1 1,9 1,9 Parentes 1 1,9 3,8 Amigos 24 46,2 50,0 Colegas de escola/trabalho 7 13,5 63,5 Traficante 7 13,5 76,9 Desconhecido 1 1,9 78,8 Nunca usou 11 21,2 100,0

Total 52 100,0

Crack (obtenção 1ª vez) Companheiro 4 7,7 7,7 Parentes 1 1,9 9,6 Amigos 16 30,8 40,4 Colegas de escola/trabalho 4 7,7 48,1 Traficante 6 11,5 59,6 Desconhecido 2 3,8 63,5 Outro 2 3,8 67,3 Nunca usou 17 32,7 100,0

Total 52 100,0

Na Tabela 5, observam-se os principais motivos relacionados ao início de uso

da cocaína e/ou crack relatados pelos usuários. Ambas as drogas tiveram a

curiosidade com o maior número de respostas, 75,6% (n=31) para a cocaína e 65,7

(n=23) para o crack, seguida pela ordem, por influência de amigos e problemas

familiares.

Resultados_________________________________________________________53

Tabela 5 - Distribuição das características comportamentais: motivos de uso entre usuários de cocaína e/ou crack Características Comportamentais

COCAÍNA CRACK

n Freqüência %* N Freqüência %*

Motivo 1º uso Para sentir prazer 1 2,4 1 2,9 Devido problemas familiares 3 7,3 6 17,1 Buscar autoafirmacão 1 2,4 Curiosidade 31 75,6 23 65,7 Influência da mãe 1 2,9 Influência de amigos 14 34,2 10 28,5 Influência de outros parentes 2 4,9 2 5,7 Diminuir dificuldades de relacionamento 1 2,4 Outros 1 2,4 2 5,7

* Total não é 100% porque um mesmo indivíduo pode ter relatado mais de um motivo

Os dados referentes à frequência de uso e ao grau de dificuldade para

obtenção, tanto da cocaína quanto do crack, estão descritos na Tabela 6. Verificou-

se que 23,1% (n=12) utilizam a cocaína dois a três dias por semana e 15,4% (n=8)

menos de uma vez por mês. As respostas para o uso do crack indicaram 30,8%

(n=16) dois a três dias por semana e 17,3% (n=9), pelo menos uma vez ao dia. O

questionamento sobre o grau de dificuldade para obtenção da droga, cocaína ou

crack, a depender do usuário, mostrou que 48,1% (n=25) consideram fácil; 42,2%

(n=22), muito fácil; apenas 3,8% (n=2), difícil e 5,8% (n=3), não sabem.

Resultados_________________________________________________________54

Tabela 6 - Distribuição das características comportamentais: frequência de uso e grau de dificuldade de obtenção da cocaína e/ou crack

Freqüência uso / grau de dificuldade n Freqüência % Frequência

acumulativa %

Cocaína Nunca usou 12 23,1 23,1 Menos de uma vez por mês 8 15,4 38,5 1 a 3 dias por mês 4 7,7 46,2 1 dia por semana 3 5,8 51,9 2 a 3 dias por semana 12 23,1 75,0 4 a 6 dias por semana 2 3,8 78,8 Não usa mais 11 21,2 100,0

Total 52 100,0

Crack Nunca usou 16 30,8 30,8 1 a 3 dias por mês 3 5,8 36,5 1 dia por semana 2 3,8 40,4 2 a 3 dias por semana 16 30,8 71,2 4 a 6 dias por semana 2 3,8 75,0 Pelo menos 1vez ao dia 9 17,3 92,3 Não usa mais 4 7,7 100,0

Total 52 100,0

Grau de dificuldade de obtenção da droga Difícil 2 3,8 3,8 Muito fácil 22 42,3 46,2 Fácil 25 48,1 94,2 Não sabe 3 5,8 100,0

Total 52 100,0

A Tabela 7 revela o uso concomitante com outras drogas uma vez que, 98,1%

(n=51) revelaram utilizar outras substâncias além de cocaína e crack. A associação

de uso do tabaco foi frequente, 51,9% (n=27), como também, com o álcool (40,4%,

n=21) e com a maconha (40,4%, n=21).

Resultados_________________________________________________________55

Tabela 7 - Utilização de outras substâncias entre usuários de cocaína e/ou crack

Outras substâncias utilizadas n Freqüência % Frequência

acumulativa %

Além de cocaína e/ou crack Sim 51 98,1 98,1 Não 1 1,9 100,0

Total 52 100,0

Tabaco Nunca usou 17 32,7 32,7 1 a 3 dias por mês 1 1,9 34,6 1 dia por semana 1 1,9 36,5 2 a 3 dias por semana 3 5,8 42,3 4 a 6 dias por semana 2 3,8 46,2 Pelo menos 1vez ao dia 27 51,9 98,1 Não usa mais 1 1,9 100,0

Total 52 100,0

Álcool

Nunca usou 8 15,4 15,4 1 a 3 dias por mês 2 3,8 19,2 1 dia por semana 5 9,6 28,8 2 a 3 dias por semana 21 40,4 69,2 4 a 6 dias por semana 9 17,3 86,5 Pelo menos 1vez ao dia 7 13,5 100,0

Total 52 100,0

Maconha

Nunca usou 16 30,8 30,8 < de 1vez por mês 1 1,9 32,7 1 dia por semana 2 3,8 36,5 2 a 3 dias por semana 6 11,5 48,1 4 a 6 dias por semana 3 5,8 53,8 Pelo menos 1vez ao dia 21 40,4 94,2 Não usa mais 3 5,8 100,0

Total 52 100,0

Pitilho

Nunca usou 39 75,0 75,0 < de 1vez por mês 3 5,8 80,8 1 a 3 dias por mês 1 1,9 82,7 1 dia por semana 2 3,8 86,5 2 a 3 dias por semana 4 7,7 94,2 Pelo menos 1vez ao dia 3 5,8 100,0

Total 52 100,0

Outra droga Nunca usou 42 80,8 80,8 < de 1vez por mês 3 5,8 86,5 1 dia por semana 1 1,9 88,5 2 a 3 dias por semana 1 1,9 90,4 Pelo menos 1vez ao dia 1 1,9 92,3 Não usa mais 4 7,7 100,0

Total 52 100,0

Quanto às vias de administração, a Tabela 8 revela que a principal via de

administração da cocaína, atualmente ou durante o último ano (88,6%, n=31) é a

Resultados_________________________________________________________56

intranasal (cheirada), seguida pela engolida ou esfregada na gengiva, e para o

crack, a fumada, 87,5% (n=28), também referente ao último ano de uso.

Tabela 8 - Distribuição das vias de administração de consumo entre usuários de cocaína e/ou crack Características Comportamentais

COCAÍNA CRACK

n Freqüência %* N Freqüência %*

Vias de administração Cheirada 40 100,0 1 2,9 Injetada na veia 1 2,5 Fumada (misturada ao tabaco ou maconha) 11 30,0 33 97,1 Engolida/esfregada na gengiva 16 40,0 1 2,9 Outros 1 2,5 1 2,9

Vias de administração / último ano Cheirada 31 88,6 1 3,1 Fumada (misturada ao tabaco ou maconha) 3 8,6 28 87,5 Engolida/esfregada na gengiva 1 2,8 3 9,3

* Total não é 100% porque um mesmo indivíduo pode utilizar mais de uma via

Os indivíduos quando questionados sobre seus hábitos nutricionais relataram

em sua maioria: consumir açúcar pelo menos uma vez ao dia (36,5% n=19),

consumir frutas ácidas, de uma a três vezes por semana, (36,5% n=19), utilizar

refrigerantes, de uma a três vezes por semana, (53,8% n=28) e ingerir café / chá,

pelo menos uma vez ao dia, (73,1% n=38) (Tabela 9).

Resultados_________________________________________________________57

Tabela 9 - Distribuição das características nutricionais entre usuários de cocaína e/ou crack

Características nutricionais / consumo n Frequência % Frequência

acumulativa %

Açúcar Não utilização 13 25,0 25,0 1 a 3 dias por semana 20 38,5 63,5 Pelo menos 1 vez ao dia 19 36,5 100,0

Total 52 100,0

Frutas ácidas Não utilização 17 32,7 32,7 < de 1 vez por mês 1 1,9 34,6 1 a 3 dias por mês 6 11,5 46,2 1 a 3 dias por semana 19 36,5 82,7 Pelo menos 1 vez ao dia 9 17,3 100,0

Total 52 100,0

Refrigerantes Não utilização 9 17,3 17,3 1 a 3 dias por mês 5 9,6 26,9 1 a 3 dias por semana 28 53,8 80,8 Pelo menos 1 vez ao dia 10 19,2 100,0

Total 52 100,0

Café / chá Não utilização 9 17,3 17,3 1 a 3 dias por semana 5 9,6 26,9 Pelo menos 1 vez ao dia 38 73,1 100,0

Total 52 100,0

Os dados referentes à assistência odontológica estão descritos na Tabela 10.

A última visita ao cirurgião dentista ocorreu a mais de cinco anos, em 39,2% (n=20)

dos casos; quem nunca foi, representa 13,7% (n=13); entre três a cinco anos, 11,8%

(n=6) e tanto de um a dois anos quanto de dois a três anos, 7,8% (n=4) para cada

variável. Quanto ao motivo da consulta, 66,7% (n=30) afirmaram ser dor de dente,

20% (n=9), prevenção ou limpeza e 13,3% (n=6) relataram outros motivos. A cárie

representou o motivo principal da dor (75% n=24) e as brigas (40% n=2) e outros

motivos (40% n=2) foram as principais respostas para o trauma. A maioria dos

entrevistados relatou como local de tratamento odontológico, os postos de saúde

(53,3% n=24).

Resultados_________________________________________________________58

Tabela 10 - Avaliação odontológica entre usuários de cocaína e/ou crack

Consultas odontológicas n Frequência % Frequência

acumulativa %

Última visita ao cirurgião-dentista Nunca foi 7 13,7 13,7 < de 1 ano 10 19,6 33,3 1 a 2 anos 4 7,8 41,2 2 a 3 anos 4 7,8 49,0 Entre 3 e 5 anos 6 11,8 60,8 Mais de 5 anos 20 39,2 100,0

Total (*1 dado perdido) 51 100,0

Motivo da ida Dor de dente 30 66,7 66,7 Prevenção / limpeza 9 20,0 86,7 Outros 6 13,3 100,0

Total (*7 dados perdidos) 45 100,0

Motivo da dor Trauma 3 9,4 9,4 Cárie 24 75,0 84,4 Outros 5 15,6 100,0

Total (*20 dados perdidos) 32 100,0

Motivo trauma Brigas 2 40,0 40,0 Alimentos 1 20,0 60,0 Outros 2 40,0 100,0

Total (*47 dados perdidos) 5 100,0

Local do tratamento Posto de saúde 24 53,3 53,3 Faculdades 3 6,7 60,0 Consultório particular 11 24,4 84,4 Outros 7 15,6 100,0

Total (*7 dados perdidos) 45 100,0

Na Tabela 11, verificou-se que 51,1% (n=23) receberam orientação sobre

higiene bucal, 46,7% (n=21) não receberam nenhuma orientação e 2,2% (n=1), não

se lembra. Quando questionados sobre frequência de escovação, 32,7% (n=17)

relataram realizá-la apenas uma vez ao dia. Em relação a falar para o cirurgião

dentista sobre ser usuário de drogas, 60,9% (n=28) não contaram sendo que 75%

(n=21) dos participantes, alegaram que o profissional não perguntou. Dentre os

usuários que responderam sim (26,1% n=12), ou seja, contaram, 58,3% (n=7)

relataram que o profissional recebeu a informação com naturalidade. A maioria dos

examinados não utilizava fio dental (94,2% n=49) (Figura 5).

Resultados_________________________________________________________59

Tabela 11 - Características odontológicas entre usuários de cocaína e/ou crack

Higiene bucal n Frequência % Frequência

acumulativa %

Recebeu orientação Sim 23 51,1 51,1 Não 21 46,7 97,8 Não lembra 1 2,2 100,0

Total (* 7 dados perdidos) 45 100,0

Frequência de escovação 1 vez ao dia 17 32,7 32,7 2 vezes ao dia 9 17,3 50,0 3 vezes ao dia 13 25,0 75,0 1 a 3 vezes por semana 7 13,5 88,5 Não sabe 1 1,9 90,4 Não escova 5 9,6 100,0

Total 52 100,0

Falar para CD sobre uso da droga Sim 12 26,1 26,1 Não 28 60,9 87,0 Não lembra 1 2,2 89,1 Não usava na época 5 10,9 100,0

Total (*6 dados perdidos) 46 100,0

Se SIM, reação do CD Recebeu a informação com naturalidade 7 58,3 58,3 Recebeu a informação com indiferença 1 8,3 66,7 Mostrou má vontade 1 8,3 75,0 Outras reações 3 25,0 100,0

Total (*40 dados perdidos) 12 100,0

Se NÃO, qual motivo? Receio de não ser mais atendido 1 3,6 3,6 CD não perguntou 21 75,0 78,6 Outros 5 17,9 96,4 Receio de não ser aceito 1 3,6 100,0

Total (*24 dados perdidos) 28 100,0

Uso escova de dentes Sim 44 84,6 84,6 Não 8 15,4 100,0

Total 52 100,0

Uso pasta dental Sim 42 80,8 80,8 Não 10 19,2 100,0

Total 52 100,0

Uso fio dental Sim 3 5,8 5,8 Não 49 94,2 100,0

Total 52 100,0

Resultados_________________________________________________________60

84,6 80,8

5,815,4 19,2

94,2

0

20

40

60

80

100

ESCOVA PASTA FIO DENTAL

SIM NÃO

Figura 5 – Distribuição da amostra quanto ao uso de escova de dentes, pasta dental e fio dental

Verificou-se a perda de unidades dentais por cárie, em 82,3% (n=42) dos

examinados, seguido de trauma (17,6% n=9), outros fatores (5,8% n=3) e por

piorréia (1,9% n=1), dados referidos pelos usuários de drogas (Tabela 12).

Tabela 12 - Perda de unidades dentais referidas pelos usuários de cocaína e/ou crack, em três áreas de Salvador Características dentais n Frequência %* Dentes Perdidos Sim por cárie 42 82,3 Sim por trauma 9 17,6 Sim por outros fatores 3 5,8 Sim piorréia 1 1,9 Não 7 13,7

* Total não é 100% porque um mesmo indivíduo pode ter relatado mais de um motivo

Ao serem questionados sobre problemas na articulação temporomandibular

(ATM), 65,4% (n=34) não relataram sintomatologia dolorosa, 17,3% (n=9) admitiram

sentir dor de um a três dias por semana, 9,6% (n=5) de um a três dias por mês,

5,8% (n=3) menos de uma vez por mês e 1,9% (n=1) de quatro a seis dias por

semana. As respostas afirmativas tanto para dor de ouvido quanto para crepitação

Resultados_________________________________________________________61

não foram significativas. Quanto ao ranger de dentes, (bruxismo excêntrico), 19,2%

(n=10) dos participantes realiza pelo menos uma vez ao dia enquanto que, 21,2%

(n=11), apertam os dentes de um a três dias por semana; 88,5% (n=46) não

apresentaram dificuldade de abertura de boca; 36,5% (n=19) relataram xerostomia

de um a três dias por semana; 32,7% (n=19) revelaram frequência de regurgitação

(refluxo gastroesofágico) de um a três dias por semana e 78,8% (n=41) afirmaram

não ocorrer vômito frequentemente (Tabela 13).

Resultados_________________________________________________________62

Tabela 13 – Distribuição de alguns fatores relacionados a ATM e desgaste dentário em usuários de cocaína e/ou crack

Fatores n Frequência % Frequência

acumulativa %

Dor na ATM Não 34 65,4 65,4 < de 1vez por mês 3 5,8 71,2 1 a 3 dias por mês 5 9,6 80,8 1 a 3 dias por semana 9 17,3 98,1 4 a 6 dias por semana 1 1,9 100,0

Total 52 100,0

Dor de ouvido Não 45 86,5 86,5 < de 1vez por mês 1 1,9 88,5 1 a 3 dias por mês 6 11,5 100,0

Total 52 100,0

Crepitação

Não 44 84,6 84,6 < de 1vez por mês 1 1,9 86,5 1 a 3 dias por mês 3 5,8 92,3 1 a 3 dias por semana 2 3,8 96,2 4 a 6 dias por semana 1 1,9 98,1 Pelo menos 1vez ao dia 1 1,9 100,0

Total 52 100,0

Ranger de dentes (bruxismo excêntrico)

Não 31 59,6 59,6 1 a 3 dias por mês 2 3,8 63,5 1 a 3 dias por semana 6 11,5 75,0 4 a 6 dias por semana 3 5,8 80,8 Pelo menos 1vez ao dia 10 19,2 100,0

Total 52 100,0

Apertar dentes (bruxismo cêntrico)

Não 32 61,5 61,5 < de 1vez por mês 1 1,9 63,5 1 a 3 dias por semana 11 21,2 84,6 4 a 6 dias por semana 3 5,8 90,4 Pelo menos 1vez ao dia 5 9,6 100,0

Total 52 100,0

Dificuldade abertura de boca

Não 46 88,5 88,5 < de 1vez por mês 3 5,8 94,2 1 a 3 dias por mês 1 1,9 96,2 1 a 3 dias por semana 1 1,9 98,1 4 a 6 dias por semana 1 1,9 100,0

Total 52 100,0

Secura de boca (xerostomia) Não 13 25,0 25,0 1 a 3 dias por mês 2 3,8 28,8 1 a 3 dias por semana 19 36,5 65,4 4 a 6 dias por semana 4 7,7 73,1 Pelo menos 1vez ao dia 14 26,9 100,0

Total 52 100,0

Regurgitação freqüente

Não 24 46,2 46,2 < de 1vez por mês 1 1,9 48,1 1 a 3 dias por mês 2 3,8 51,9 1 a 3 dias por semana 17 32,7 84,6 4 a 6 dias por semana 3 5,8 90,4 Pelo menos 1vez ao dia 5 9,6 100,0

Resultados_________________________________________________________63

Total 52 100,0

Fatores n Frequência % Frequência

acumulativa %

Vômito frequente Não 41 78,8 78,8 1 a 3 dias por mês 2 3,8 82,7 1 a 3 dias por semana 6 11,5 94,2 4 a 6 dias por semana 2 3,8 98,1 Pelo menos 1vez ao dia 1 1,9 100,0

Total 52 100,0

Na Tabela 14, pode-se observar que 82,7% (n=43) dos participantes, não

relataram uso de medicamentos; quanto aos testes sorológicos, 82,7% (n=43) não

realizaram teste anti-HIV; 86,5% (n=45) e 88,5% (n=46) não realizaram os testes

para hepatite B e C, respectivamente.

Tabela 14 – Uso de medicamentos e testes sorológicos entre usuários de cocaína e/ou crack

Uso de medicamentos / Exames n Frequência % Frequência

acumulativa %

Utilização de medicamentos Sim 9 17,3 17,3 Não 43 82,7 100,0

Total 52 100,0

Teste anti-HIV Não 43 82,7 82,7 Sim negativo 9 17,3 100,0

Total 52 100,0

Teste Hepatite B Não 45 86,5 86,5 Sim negativo 6 11,5 98,1 Sim positivo 1 1,9 100,0

Total 52 100,0

Teste Hepatite C Não 46 88,5 88,5 Sim negativo 6 11,5 100,0

Total 52 100,0

Tabela 15 – Distribuição das características biológicas de saúde bucal: índice CPOD entre usuários de cocaína e/ou crack Características n Média Desvio Padrão Fonte Nova CPOD 11 17,64 8,274

Engenho Velho CPOD 20 13,15 7,569

Água de Meninos CPOD 21 14,90 6,220

Total CPOD 52 14,81 7,263

Resultados_________________________________________________________64

Tabela 16 – Distribuição das características biológicas de saúde bucal (índice CPI): número e percentagem de pessoas segundo o maior grau de condição periodontal no indivíduo, entre usuários de cocaína e/ou crack Códigos Sadio Sangramento Cálculo Bolsa 4-5mm Bolsa 6mm + Excluído

Características n % n % n % n % n % n % Fonte Nova CPI 0 0,0 2 18,2 8 72,7 0 0,0 0 0,0 8 72,7

Engenho Velho CPI 0 0,0 2 10,0 10 50,0 7 35,0 1 5,0 5 25,0

Água de Meninos CPI 0 0,0 0 0,0 14 66,6 6 28,5 1 4,7 9 42,8

Total CPI 0 0,0 4 7,7 32 61,5 13 25,0 2 3,8 22 42,3

Tabela 17 – Distribuição das características biológicas de saúde bucal (índice PIP): número e percentagem de pessoas segundo o maior grau de condição de inserção periodontal no indivíduo, entre usuários de cocaína e/ou crack

Códigos Perda inserção

0-3mm Perda inserção

4-5mm Perda inserção

6-8mm Perda inserção

9-11mm Perda inserção

12mm +

Características n % n % n % n % n % Fonte Nova PIP 3 27,2 4 36,3 2 18,2 1 9,0 0 0,0

Engenho Velho PIP 4 20,0 9 45,0 5 25,0 1 5,0 1 5,0

Água de Meninos PIP 5 23,8 11 52,4 4 19,0 0 0,0 1 4,7

Total PIP 12 23,0 24 46,1 11 21,1 2 3,8 2 3,8

Tabela 18 – Distribuição das características biológicas de saúde bucal: número e percentagem de outras avaliações, entre usuários de cocaína e/ou crack Características n % Dentes cariados indicados exodontia 116 28,0

Dentes perdidos trauma 34 11,9 Dentes fraturados 11 2,6

Perda de estrutura incisal 98 33,7 Perda de estrutura oclusal 180 61,8

Perda de estrutura vestibular/lingual 13 4,47

65

6 DISCUSSÃO

Como a presente pesquisa é um estudo epidemiológico de corte transversal e

de caráter descritivo, segundo Pereira (2003) estes estudos adquirem importância,

uma vez que auxiliam na investigação da situação de saúde atual de determinada

população. O caráter descritivo objetiva desvelar os problemas de saúde-doença na

coletividade (Rouquayrol & Barreto, 2003).

Os problemas decorrentes do uso de amostras clínicas de conveniência são

conhecidos e as estimativas produzidas nesses estudos podem não corresponder à

verdadeira frequência na população, porém, as pesquisas que utilizam amostras não

aleatórias são úteis para verificar se um determinado problema existe no universo

em que estão inseridos (Ferri et al., 1997).

Outro grande problema enfrentado durante o desenvolvimento da aplicação

do questionário é a veracidade das informações obtidas, já que de acordo com

Ferreira Filho et al. (2003), a cocaína tem como característica “embotar” a realidade

dos fatos, e a prática do uso de drogas ilícitas pode impor aos viciados a não dar

informações sinceras e verídicas.

O uso da cocaína é um problema com implicações orgânicas e sociais

(Ribeiro et al., 2002), e segundo Pedreira et al. (1999), o baixo poder aquisitivo,

direciona o consumo do usuário médio para drogas como maconha e crack.

A análise do questionário aplicado aos usuários de cocaína e/ou crack, em

relação às características sociodemográficas, que compuseram a amostra deste

trabalho, apresenta concordância com a literatura, uma vez que fatores como

desemprego, trabalho temporário, baixo nível de escolaridade, condições precárias

Discussão__________________________________________________________66

de moradia auxiliaram na caracterização do baixo nível sociodemográfico

encontrado neste estudo.

O baixo nível de escolaridade foi evidente, uma vez que, 69,2% dos

entrevistados, não completaram o primeiro grau, e segundo Nappo et al. (1994) o

uso da droga impede que o usuário exerça qualquer atividade que dependa de

atenção, compreensão e responsabilidade.

Combinando com o fato dos participantes deste trabalho apresentarem um

baixo nível de escolaridade e alta taxa de desemprego, a dependência das drogas é

apenas um dos muitos fatores envolvidos com a etiologia da doença cárie e

periodontal; o que poderia implicar na tendência de se atribuir à severidade da

deficiente saúde bucal exclusivamente às drogas o que segundo Scheutz (1984b),

seria simplificar o relacionamento de causa e efeito multifatorial.

Para Friedlander & Mills (1985) os consumidores de drogas são pessoas

jovens, com idade variando entre 15 e 35 anos. A variação das idades do grupo

estudado foi de 17 a cinquenta anos, com a média de idade de 30,61 anos o que

está de acordo também, com outros trabalhos (Molendijk et al., 1996; Pedreira et al.,

1999; Nixon et al., 2002; Ribeiro et al., 2002; Ferreira Filho et al., 2003), que

mostram faixas semelhantes e revelam que o grande número de usuários de baixa

idade se explica pela maior exposição e grande penetração das drogas entre os

jovens.

Em torno de 75% dos usuários da amostra referiram não ter emprego regular,

apenas um trabalho temporário, enquanto que 48,1% declararam serem moradores

de rua, fato mais frequente entre os usuários de crack, como afirmaram Ferreira

Filho et al. (2003). Nappo et al. (1994) mostraram que 76% dos usuários de crack

não tinham fonte de renda e que como a droga dificulta qualquer atividade

Discussão__________________________________________________________67

que demande responsabilidade, seu usuário em pouco tempo, abandona o trabalho.

Quanto aos principais fatores relacionados ao início do uso da cocaína e/ou

crack relatados pelos usuários, ambas as drogas apresentaram a curiosidade como

motivo com maior número de respostas, 75,6% para a cocaína e 65,7% para o

crack, seguida pela ordem, por influência de amigos e problemas familiares, em

concordância com os dados obtidos por Pedreira et al. (1999).

Os resultados revelaram que os usuários da amostra (98,1%) utilizam outras

substâncias concomitantemente com a cocaína e o crack, evidenciando-se a

associação com o tabaco (51,9%), com o álcool (40,4%) e com a maconha (40,4%).

Entre os usuários de cocaína cheirada, o álcool parece representar um alívio para a

hiperatividade provocada pela droga, imediatamente após o seu uso (Ferreira Filho

et al., 2003). Entretanto, essa interação com o álcool pode resultar em efeitos

cardiovasculares mais acentuados que os observados com cada agente em

separado (Chasin & Salvadori, 1996).

Em relação aos efeitos na cavidade bucal, Lee et al. (1991) afirmaram que a

associação com álcool representa uma alta taxa de destruição dentária, grande

número de dentes perdidos, doença periodontal avançada e xerostomia.

O maior percentual de dentes perdidos em usuários de drogas associadas

com álcool é possivelmente explicado pela atuação direta do álcool no periodonto de

sustentação, uma vez que existe um efeito tóxico direto entre álcool e periodonto,

resultando em doença periodontal e elevada perda dentária (Miers & Smith, 1989).

Um dos problemas mais graves que envolvem os usuários de cocaína é o

risco de contaminação com o vírus da AIDS ou da hepatite, devido ao

compartilhamento de seringas (CEBRID, 2008); fato não observado neste trabalho,

uma vez que a totalidade dos usuários declarou como via principal de administração

Discussão__________________________________________________________68

a intranasal.

Os hábitos alimentares da amostra estudada indicaram um maior consumo de

doces, frutas ácidas, refrigerantes e café com açúcar. Alguns usuários relataram o

uso associado da cocaína e/ou crack com a maconha e um aumento do apetite para

doces. O uso de drogas pode suprimir o apetite, segundo Robinson et al. (2005)

provocando uma ansiedade por açúcar. Para Scheutz (1984a), uma das explicações

para o alto nível de cáries em pacientes viciados em drogas pode ser o alto consumo

de doces ou o excessivo uso de balas em paralelo ao uso das drogas.

O maior risco de cárie destes pacientes pode também ser explicado pelo

menor número de visitas ao cirurgião-dentista, fato observado em alguns trabalhos

(Ribeiro et al., 2002; Robinson et al., 2005) e de acordo com os resultados deste

estudo, uma vez que 39,2% dos indivíduos relataram a última visita há mais de cinco

anos.

Quanto à higiene oral, 94,2% dos usuários não apresentaram o hábito do uso

diário do fio dental, em concordância com os dados obtidos por Ribeiro et al. (2002).

Pela análise dos fatores relacionados ao desgaste dentário, foi observado que

36,5% dos indivíduos relataram xerostomia e 32,7% revelaram frequência de

regurgitação (refluxo gastroesofágico). Segundo alguns autores, (Amaechi &

Higham, 2005; Puy, 2006), o uso de substâncias tóxicas, como a cocaína, ecstasy e

o álcool, tornam o indivíduo susceptível à erosão dental. Dentre as drogas que

provocam a xerostomia, hábitos como tabaco, uso de bebidas alcoólicas (inclusive

enxaguatórios bucais com álcool) e bebidas contendo cafeína, podem provocar

secura na boca (Scully, 2003). O mesmo autor relata que embora a cocaína

apresente efeitos simpaticomiméticos, parece não haver dados relacionados entre o

uso da cocaína e xerostomia.

Discussão__________________________________________________________69

Scheutz (1984b) afirmou que a maior frequência de cáries em usuários de

drogas pode ser explicada em parte, pelos efeitos farmacológicos das drogas.

Muitas delas promovem um decréscimo da secreção salivar podendo ocorrer a

destruição das superfícies dentárias, principalmente se a dieta, os hábitos

alimentares, a higiene oral e outras medidas preventivas forem inadequadas.

Indivíduos que apresentam secreção salivar diminuída ou ausente,

frequentemente, experimentam um aumento de cárie dentária e consequentemente,

uma rápida destruição dos dentes (Newbrun, 1988). Confirmando estes resultados,

Molendijk et al. (1996) afirmaram que os usuários de drogas apresentam alta

prevalência de cáries e saúde periodontal deficiente quando comparados com

grupos de não viciados.

Analisando-se a presença de parafunções, como por exemplo, o bruxismo, a

literatura revela que os usuários crônicos que utilizam grande quantidade de

cocaína, frequentemente apresentam bruxismo, o que resulta em desgastes e

planificações das cúspides de pré-molares e molares (Friedlander & Gorelick, 1988;

Lee et al., 1991; Nixon et al., 2002; Brown & Johnson, 1994; Pedreira et al., 1999;

Villa, 1999; Blanksma & Brand, 2005; Robinson et al., 2005) e que se encontra em

concordância com nossos resultados, já que encontramos perda de estrutura oclusal

em 180 unidades dentais.

Para Di Cugno et al. (1981) o alto CPOD verificado nos pacientes usuários de

drogas é decorrente da diminuição do fluxo salivar e da capacidade tampão, além da

diminuição das concentrações de cálcio e fosfato, insuficientes para equilibrar a

queda de pH e formação de cristais de hidroxiapatita bem como a dieta altamente

cariogênica.

Os dados obtidos com esta amostra de usuários demonstraram que a

Discussão__________________________________________________________70

ação local da cocaína e/ou crack na cavidade bucal resultou em níveis aumentados

de cárie dentária e perdas dentais. O alto CPOD encontrado (14,81) foi compatível

com a literatura (Ribeiro et al., 2002), ressaltando-se, entretanto, que o CPOD na

população adulta é elevado e o que o diferencia nos usuários de drogas é a maior

proporção de componentes cariados ou perdidos, reflexo tanto do reduzido acesso à

assistência odontológica quanto da reduzida auto-estima.

O índice CPI considerando o maior escore por indivíduo, resultou em

presença de doença periodontal moderada a severa, com presença de 61,5% de

cálculo e 25% de bolsa periodontal de 4 a 5mm, além de se verificar 46,1% de

indivíduos com perda de inserção periodontal de 4 a 5mm. A quantidade de

sextantes excluídos por não apresentar nenhum dente ou apenas um dente

funcional, diminui a prevalência de doença periodontal severa.

Molendijk et al. (1996) afirmaram que viciados em drogas têm

significantemente mais cáries, mais dentes perdidos e poucas restaurações quando

comparados ao grupo de não viciados. Segundo o autor, é no estado de abstinência

da droga que o paciente usuário apresenta maior dor de dente, devendo o

tratamento ser planejado, se possível, antes do referido período.

De acordo com Friedlander & Mills (1985), há um mascaramento da dor em

usuários de drogas, devido ao efeito analgésico dos narcóticos. Em consequência,

estes conseguem conviver com sérios problemas dentais.

No que se refere ao contar para o cirurgião dentista sobre ser usuário de

drogas, 60,9% dos usuários, não contaram sendo que 75% dos participantes,

alegaram que o profissional não perguntou.

Segundo Blanksma & Brand (2005) experimentos com animais demonstraram

Discussão__________________________________________________________71

que a associação de cocaína com anestésicos locais contendo epinefrina pode ser

fatal e a realização de qualquer tratamento dentário que exija anestesia, deverá ser

realizado após 24 horas de uso da cocaína a fim de permitir a eliminação da droga

(Friedlander & Gorelick, 1988; Yagiela, 1999). O uso regular da cocaína aumenta a

chance da anestesia local induzir convulsões (Driscol, 2003).

Diante disso, o Cirurgião dentista deve ficar atento à anamnese e ao exame

clínico prévios ao atendimento, pois como a cocaína pode provocar morte súbita

por parada cardiorespiratória, infarto do miocárdio ou pela diminuição de atividade

de centros cerebrais que controlam a respiração (CEBRID, 2008), nenhum

tratamento odontológico é aconselhável enquanto o paciente estiver sob efeito da

droga.

E como a cocaína é absorvida em todas as áreas do corpo, em especial nas

membranas mucosas, a presença de inflamações pode aumentar a absorção

resultando em um maior efeito sistêmico (Lee et al., 1991).

72

7 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos neste trabalho, podemos concluir que:

É imprescindível que o profissional da Odontologia busque conhecer o

mecanismo de ação, os efeitos tóxicos sistêmicos e as manifestações bucais

específicas da cocaína e outras drogas, a fim de reduzir possíveis riscos oriundos

até de um tratamento rotineiro.

A baixa condição de saúde bucal entre os usuários de cocaína e/ou crack é

consequência também, dos hábitos comportamentais, estilo de vida, condição social,

baixa escolaridade e ambiente insalubre em que vivem.

Indiscutivelmente, o cirurgião-dentista assume uma importante função na

reabilitação destes pacientes, não apenas no tratamento em si, eliminando a dor e o

desconforto, como também, contribuindo para aumentar a auto-estima e

favorecendo a inclusão social.

O aumento do consumo das drogas, especialmente da cocaína e do crack,

exige a implantação de um programa de educação e reabilitação destes indivíduos,

envolvendo não apenas uma equipe multidisciplinar, mas sensibilizando a sociedade

como um todo.

73

REFERÊNCIAS1

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80

APÊNDICES APÊNDICE A – Formulário de pesquisa

AVALIAÇÃO DA SAÚDE BUCAL EM USUÁRIOS DE COCAÍNA

NA CIDADE DE SALVADOR

QUESTIONÁRIO Nº

Entrevistador: _____________________________________________ Data: ___/___/___ Entrevistado: ______________________________________________ (nome, apelido ou NI – Não Informou) Bairro onde foi contatado: _______________________________ Local da entrevista: ____________________________________ (ex: rua, associação, etc.) I. DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS 1. SEXO 2. DATA

NASCIMENTO 4. QUAL SUA COR 5. ESTADO CIVIL

ATUAL 7. COM QUEM VIVEU / ÚLTIMOS 6 MESES

Feminino Masculino

___/___/___

Negra Branca Mulata / Parda Amarela / Asiática

Solteiro (a) Casado (a) Viúvo (a) Separado / Divorciado (a)

Sozinho (a) Família de origem (pais, irmãos) Outros parentes Colegas/amigos Própria família (companheiro (a), filhos) Outros__________________

3. IDADE

____ anos

6. QUAL A SUA RELIGIÃO

Católica Afro-brasileira Protestante Outra _________________

8. ONDE VIVEU A MAIOR PARTE DO TEMPO / ÚLTIMOS 6 MESES

9. ESCOLARIDADE 10. NOS ÚLTIMOS 6 MESES QUAL A SUA PRINCIPAL FONTE DE RENDA

Na sua própria casa Casa dos pais Casa de outros parentes Casa de amigos Na rua Em instituição _________________________ Outros_________________

Não alfabetizado/1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo Superior incompleto Superior completo Pós-graduado Não sei

Emprego regular Trabalho temporário (bico) Trabalho da própria família Autônomo Benefício/ Aposentadoria Ajuda de parentes Comércio de drogas Programas (Troca de sexo por dinheiro ou drogas) Roubos Outras atividades ilegais ____________________________

(especificar)

81

II. CONSUMO DE DROGAS 11. Com que idade usou cocaína ou crack pela primeira vez? COCAÍNA ____ anos CRACK ____ anos NUNCA USOU _______ (ENCERRAR A ENTREVISTA - agradecer e explicar porque ele ou ela não é elegível). 12. Como você conseguiu esta(s) substância(s) na primeira vez que usou COCAÍNA: ()Companheiro(a) ()Parentes ()Amigos ()Colegas de escola/ trabalho ()Traficante () desconhecido ()Outro __________________________________()Nunca usou CRACK: ()Companheiro(a) ()Parentes ()Amigos ()Colegas de escola/ trabalho ()Traficante () desconhecido ()Outro __________________________________()Nunca usou 13. Que motivo(s) levou (levaram) você a experimentar pela primeira vez estas substâncias?

MOTIVO COCAÍNA CRACK Para se desinibir Para Relaxar Para sentir Prazer Devido a Problemas familiares Para buscar Auto-afirmação Por Curiosidade Por Influência da mãe Por Influência do pai Por Influência de amigos Por Influência de outros parentes Para diminuir a ansiedade Para ter sensação de Poder Para diminuir a dificuldade de se relacionar socialmente em grupo

Outros: Não tive nenhuma influência

14. Com que freqüência você usa estas substâncias? COCAÍNA: () nunca ()menos de 1 vez por mês () 1 a 3 dias por mês () 1 dia por semana () 2 a 3 dias por semana () 4 a 6 dias por semana () pelo menos 1 vez ao dia- () não usa mais CRACK: () nunca () menos de 1 vez por mês () 1 a 3 dias por mês ()1 dia por semana () 2 a 3 dias por semana () 4 a 6 dias por semana () pelo menos 1 vez ao dia- () não usa mais 15. Além de COCAÍNA/ CRACK você usa outras substâncias ? Sim _________ Não ________ 16. Se você Respondeu Sim. Assinale abaixo a freqüência para cada Substância utilizada: TABACO (Cigarro) () nunca ()< de 1 vez por mês ()1 a 3 dias por mês ()1 dia por semana ()2 a 3 dias por semana ()4 a 6 dias por semana ()pelo menos 1 vez ao dia- () não usa mais ÁLCOOL ()nunca ()< de 1 vez por mês ()1 a 3 dias por mês ()1 dia por semana ()2 a 3 dias por semana ()4 a 6 dias por semana ()pelo menos 1 vez ao dia- () não usa mais MACONHA ()nunca ()< de 1 vez por mês ()1 a 3 dias por mês ()1 dia por semana ()2 a 3 dias por semana ()4 a 6 dias por semana ()pelo menos 1 vez ao dia- () não usa mais PITILHO ()nunca ()< de 1 vez por mês ()1 a 3 dias por mês ()1 dia por semana ()2 a 3 dias por semana ()4 a 6 dias por semana ()pelo menos 1 vez ao dia- () não usa mais

82

OUTRA DROGA _____________________________________()nunca ()< de 1 vez por mês ()1 a 3 dias por mês ()1 dia por semana ()2 a 3 dias por semana ()4 a 6 dias por semana ()pelo menos 1 vez ao dia- () não usa mais 17. Quais as vias de administração já utilizadas por você para consumir COCAÍNA. ()Cheirada ()Injetada na veia ()Fumada (misturada ao tabaco (cigarro) ou maconha (mesclado) ()Engolida/ Esfregada na gengiva ( )Outras ________________________________________ 18. Quais as vias de administração já utilizadas por você para consumir CRACK. ()Cheirada (triturada a pedra e cheirada) ()Injetada na veia (triturada a pedra e injetada) ()Fumado ()Engolida/ Esfregada na gengiva (triturar a pedra, ou usar a borra do crack para engolir ou esfregar na gengiva) ( )Outras ________________________________________ 19. Qual a via de administração mais utilizada no último ano para consumir COCAINA/CRACK? ()Cheirada ()Injetada na veia ()Fumado ()Engolida/ Esfregada na gengiva ( )Outras ________________________________________ 20. Qual o grau de dificuldade pra a obtenção da droga? ()Muito difícil () difícil () Muito fácil () fácil ()Não sabe

21. DADOS NUTRICIONAIS SIM SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA? (em dias, semanas, meses?)

NÃO

Consome açúcar (doces, balas ...) ( ) ( ) Frutas ácidas (laranja...) comer e/ou beber ( ) ( ) Refrigerantes ( ) ( ) Café / chá ( ) ( )

III. ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA 22. A última visita ao dentista aconteceu há: ()nunca foi ()menos de 1 ano ()1 a 2 anos ()2 a 3 anos ()entre 3 e 5 anos ()mais de 5 anos 23. Qual o motivo da ida ao dentista? ()dor de dente ()prevenção/ limpeza ()outros ____________________________________ 24. Qual o motivo da dor? ()trauma ()cárie ()outros ______________________________________ 25. Se houve trauma, qual o motivo? ()briga ()alimentos ()outros ___________________________________ 26. Qual o local do tratamento odontológico? ()Posto de saúde ()Faculdades ()Consultório particular ()Outros ______________________________________ 27. Recebeu orientação sobre higiene oral? ()Sim ()Não ()Não lembra 28. Você falou para o dentista sobre o seu uso da droga? ()Sim ()Não ()Não lembra Se SIM qual foi a reação do destista?: ()Não quis mais lhe atender () Recebeu a informação com naturalidade/foi simpático () Recebeu a informação com indiferença ()Mostrou má vontade () outras reações______________________________________ Se NÂO falou, qual foi o motivo?: () teve receio de não ser mais atendido () teve receio de não se sentir aceito/acolhido () teve receio do dentista demonstrar indiferença () teve receio do dentista demonstrar má vontade () outros ()Não usava na época

83

29. Você usa escova, pasta (creme dental) e fio dental? Escova de dentes: ()Sim ()Não Pasta (creme dental): ()Sim ()Não Fio dental: ()Sim ( )Não 30. Você já perdeu algum dente? ()Sim por cárie ()Sim por trauma ()Sim por piorréia (doença da gengiva) ()outros __________________ ()Não

31. OUTROS PROBLEMAS SIM SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA? (em dias, semanas, meses?)

NÃO

Dor na ATM (articulação da boca)

Dor de ouvido

Crepitação (areia) na articulação

Ranger os dentes (bruxismo)

Apertar dentes

Dificuldade de abrir a boca

Secura de boca (xerostomia)

Regurgitação freqüente (arrotar)

Vômito freqüente

32. MEDICAMENTOS Utiliza algum medicamento? ( )Sim ( )Não

Freqüência de uso:

Se SIM: Qual ?_______________________________________________________

Motivo e tempo de uso: ________________________________________________

( )regular ( )eventual

33. TESTES Realização dos exames Resultado SIM NÃO NEGATIVO POSITIVO Hepatite B Hepatite C Anti-HIV

84

APÊNDICE B – Ficha de exame clínico Paciente: _______________________________________________ Data ___/___/___

Facetas de desgaste: ___________________________________________________________________________

85

APÊNDICE C – Fotografias

Grupo da ARD-FC Fonte Nova

Associação de moradores Engenho Velho

Água de Meninos

86

ANEXOS

ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa

87

ANEXO B – Códigos e critérios de classificação da doença cárie e da condição

periodontal segundo parâmetros adotados pelo Ministério da Saúde.

Códigos e Critérios para classificação da Cárie Den tária:

0 - Coroa hígida . Não há evidência de cárie. Estágios iniciais da doença não são levados em

consideração. Os seguintes sinais devem ser codificados como hígidos: manchas esbranquiçadas;

descolorações ou manchas rugosas resistentes à pressão da sonda CPI; os sulcos e fissuras do

esmalte socavado ou amolecimento das paredes detectáveis com a sonda CPI; áreas escuras,

brilhantes, duras e fissuradas do esmalte de um dente com fluorose moderada ou severa e as lesões

que, com base na sua distribuição ou história ou exame táctil/visual resultem de abrasão.

Raiz Hígida . A raiz está exposta e não há evidência de cárie ou de restauração (raízes não expostas

são codificadas como 8).

Nota: Todas as lesões questionáveis serão codificadas como dente hígido.

1 - Coroa cariada . Sulco, fissura ou superfície lisa apresenta cavidade evidente, ou tecido amolecido

na base ou descoloração do esmalte ou de parede ou há uma restauração temporária. A sonda CPI

deve ser empregada para confirmar evidências visuais de cárie nas superfícies oclusal, vestibular e

lingual. Na dúvida, considerar o dente hígido.

Raiz Cariada. Lesão pode ser detectada com sonda CPI. Se há comprometimento radicular discreto,

produzido por lesão proveniente da coroa, a raiz só é considerada cariada se há necessidade de

tratamento radicular em separado.

Nota: Quando a coroa está completamente destruída pela cárie, restando apenas a raiz, será

colocado o código 1 correspondendo a coroa e o código 9 correspondendo a raiz.

2 – Coroa restaurada mas cariada . Há uma ou mais restaurações e ao mesmo tempo uma ou mais

áreas estão cariadas. Não há distinção entre cáries primárias e secundárias, ou seja, se as lesões

estão ou não em associação física com a(s) restauração (ões).

Raiz Restaurada mas Cariada. Idem coroa restaurada mas cariada. Em situações onde coroa e raiz

estão envolvidas, a localização mais provável da lesão é registrada como restaurada mas cariada.

Quando não é possível avaliar essa probabilidade, tanto a coroa quanto a raiz são registradas como

restauradas mas com cárie.

3 – Coroa Restaurada e sem Cárie. Há uma ou mais restaurações definitivas e inexiste cárie

primária ou recorrente. Um dente com coroa colocada devido à cárie inclui-se nessa categoria. Se a

coroa resulta de outras causas como suporte de prótese, é codificada como 7.

88

Raiz Restaurada e sem Cárie. Idem coroa restaurada e sem cárie. Em situações onde coroa e raiz

estão envolvidas a localização mais provável da lesão primária é registrada como restaurada. Quando

não é possível avaliar essa probabilidade, tanto a coroa quanto a raiz são registradas como

restauradas.

4 – Dente perdido devido à Cárie. Um dente que foi extraído por causa de cárie e não por outras

razões. Esse dado é registrado na coroa. Em relação a raiz classifica como 7 ou 9.

5 – Permanente perdido por outra razão. Ausência se deve a razões ortodônticas, periodontais,

traumáticas ou congênitas.

6 – Selante. Há selante na fissura ou a fissura oclusal foi alargada para receber um compósito. Se o

dente possui selante e está cariado, prevalece o código 1.

7 - Apoio de Ponte ou Coroa. Dente é parte de uma prótese fixa. Esse código é usado também em

coroas instaladas por outras razões que não cárie como facetas estéticas. Dentes extraídos e

substituídos por elemento de prótese fixa são codificados como 4 ou 5 na coroa e 9 na raiz.

8 – Coroa Não Erupcionada. Restrito a dente permanente por inexistência deste no espaço livre.

Raiz não Exposta . Não há exposição radicular nem retração gengival.

T – Trauma (fratura). Parte da superfície coronária foi perdida por trauma e não há evidência de

cárie.

9 – Dente Excluído. Aplicado a qualquer dente permanente que não possa ser examinado (bandas

ortodônticas, hipoplasias severas). Braquetes não inviabilizam o exame e, quando há 5 ou mais

dentes com bandas, o portador(a) será excluído(a) da amostra.

Em relação à condição periodontal, também serão utilizados os critérios descritos em Brasil (2001).

São os seguintes os códigos utilizados no CPI:

0 – sextante hígido;

1 – sextante com sangramento (observado diretamente ou com espelho, após sondagem);

2 – cálculo (qualquer quantidade, mas com toda a área preta da sonda visível);

3 – bolsa de 4 mm a 5 mm (margem gengival na área preta da sonda);

4 – bolsa de 6 mm ou mais (área preta da sonda não está visível);

X – sextante excluído (menos de 2 dentes presentes);

9 – sextante não examinado.

São os seguintes os códigos utilizados no PIP:

0 – perda de inserção entre 0 e 3 mm (JCE não visível e CPI entre 0 e 3).

89

Ou seja: se o CPI for igual a 4, não há possibilidade de o PIP ser 0 (zero).

Se a JCE não está visível e o CPI é 4, ou se a JCE está visível, então:

1 – perda de inserção entre 4 mm e 5 mm (JCE visível na área preta da sonda CPI);

2 – perda de inserção entre 6 mm e 8 mm (JCE visível entre limite superior da área preta da sonda CPI e a marca de 8,5 mm);

3 – perda de inserção entre 9 mm e 11 mm (JCE visível entre as marcas de 8,5 mm e 11,5 mm);

4 – perda de inserção de 12 mm ou mais (JCE visível além da marca de 11,5 mm);

X – sextante excluído (menos de 2 dentes presentes);

9 – sem informação (JCE nem visível nem detectável).

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial

desta obra, por qualquer meio convencional ou

eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que

citada a fonte.

Altino Teixeira Neto

Taubaté, 30 de setembro de 2009.

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