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Carboxiterapia no tratamento de atrofia linear cutânea Viviane Nascimento Silva 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Meija 2 Pós-graduação em Fisioterapia em Dermato Funcional Faculdade FAIPE Resumo As estrias são alterações cutâneas, definidas como cicatrizes lineares visíveis que se dispõem paralelamente umas as outras, podendo ser raras ou numerosas e indicam uma lesão na pele, pois ocorre um desequilíbrio elástico localizado. Acomete uma grande parte da população, são frequentemente observadas em homens e mulheres, porém esse problema dermatológico é mais comum no sexo feminino. Há o rompimento das fibras elásticas da derme. Há evidências que o seu aparecimento seja multifatorial, não somente fatores mecânicos e endocrinológicos, mas também predisposição genética e familiar. Inicialmente elas surgem escuras e posteriormente clareiam com o passar do tempo, as lesões são geralmente paralelas, mas podem surgir em sentidos diferentes, tanto na horizontal, quanto na vertical. Esta revisão bibliográfica descreveu a utilização do recurso: carboxiterapia, buscou-se por meio de livros e artigos científicos com a finalidade de relatar a eficácia desse recurso na restauração do aspecto da pele estriada. Neste trabalho, demonstra-se que a utilização de recurso terapêutico objetiva a melhora do aspecto físico e psicológico de pacientes acometidos pelas estrias. Palavras-chave: Estrias; Carboxiterapia; Atrofia linear cutânea; Dióxido de carbono. 1. Introdução As estrias são classificadas como uma atrofia adquirida, e possuem várias outras denominações decorrentes de diferentes idiomas, prováveis etiologias e aspecto macroscópico da pele: vergetures, atrophoderme strieé, macules atrophiques lineaires, striae distensae, strech maks, lash marks, striae albicantes,striae gravidarum, striae infectiosae, estrias atróficas e víbices. Seu aspecto linear, algo sinuosa, em estrias de um ou mais milímetros de largura, a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas). Raras ou numerosas, dispõem-se paralelamente uma às outras e perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado, caracterizando, portanto, uma lesão da pele. As estrias são ditas atróficas pelas características que apresentam, já que atrofia é a diminuição de espessura da pele, decorrente da redução do número e volume de seus elementos e é representada por adelgaçamento, pregueamento, secura, menor elasticidade, rarefação dos pêlos. Vários tratamentos são utilizados para as estrias, mais iremos abordar somente um: a carboxiterapia obtendo um melhor resultado, se podemos acabar com as estrias, ou somente atenuar sua aparência. A carboxiterapia é uma técnica nova utilizada nas disfunções dermatológicas e estéticas, caracteriza-se pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal com 99,9% de pureza administrado de forma subcutânea (percutânea) tendo como objetivo 1 Pós Graduando em Fisioterapia Dermato-funcional 2 Orientadora: Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Bioética e Direito em Saúde. Doutoranda em Saúde Pública.

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Carboxiterapia no tratamento de atrofia linear cutânea

Viviane Nascimento Silva1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Meija2

Pós-graduação em Fisioterapia em Dermato Funcional – Faculdade FAIPE

Resumo As estrias são alterações cutâneas, definidas como cicatrizes lineares visíveis que se dispõem

paralelamente umas as outras, podendo ser raras ou numerosas e indicam uma lesão na pele,

pois ocorre um desequilíbrio elástico localizado. Acomete uma grande parte da população,

são frequentemente observadas em homens e mulheres, porém esse problema dermatológico é

mais comum no sexo feminino. Há o rompimento das fibras elásticas da derme. Há evidências

que o seu aparecimento seja multifatorial, não somente fatores mecânicos e

endocrinológicos, mas também predisposição genética e familiar. Inicialmente elas surgem

escuras e posteriormente clareiam com o passar do tempo, as lesões são geralmente

paralelas, mas podem surgir em sentidos diferentes, tanto na horizontal, quanto na vertical.

Esta revisão bibliográfica descreveu a utilização do recurso: carboxiterapia, buscou-se por

meio de livros e artigos científicos com a finalidade de relatar a eficácia desse recurso na

restauração do aspecto da pele estriada. Neste trabalho, demonstra-se que a utilização de

recurso terapêutico objetiva a melhora do aspecto físico e psicológico de pacientes

acometidos pelas estrias.

Palavras-chave: Estrias; Carboxiterapia; Atrofia linear cutânea; Dióxido de carbono.

1. Introdução

As estrias são classificadas como uma atrofia adquirida, e possuem várias outras

denominações decorrentes de diferentes idiomas, prováveis etiologias e aspecto macroscópico

da pele: vergetures, atrophoderme strieé, macules atrophiques lineaires, striae distensae,

strech maks, lash marks, striae albicantes,striae gravidarum, striae infectiosae, estrias atróficas

e víbices. Seu aspecto linear, algo sinuosa, em estrias de um ou mais milímetros de largura, a

princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas). Raras ou

numerosas, dispõem-se paralelamente uma às outras e perpendicularmente às linhas de fenda

da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado, caracterizando, portanto, uma lesão

da pele. As estrias são ditas atróficas pelas características que apresentam, já que atrofia é a

diminuição de espessura da pele, decorrente da redução do número e volume de seus

elementos e é representada por adelgaçamento, pregueamento, secura, menor elasticidade,

rarefação dos pêlos.

Vários tratamentos são utilizados para as estrias, mais iremos abordar somente um: a

carboxiterapia obtendo um melhor resultado, se podemos acabar com as estrias, ou somente

atenuar sua aparência. A carboxiterapia é uma técnica nova utilizada nas disfunções

dermatológicas e estéticas, caracteriza-se pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal

com 99,9% de pureza administrado de forma subcutânea (percutânea) tendo como objetivo

1Pós Graduando em Fisioterapia Dermato-funcional

2 Orientadora: Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Bioética e Direito em Saúde. Doutoranda em Saúde Pública.

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uma vasodilatação periférica e melhora da oxigenação tecidual, provoca um processo, e

consequentemente a pele responde com edema e hiperemia a fim de aumentar a replicação

dos fibroblastos e produção de colágeno e elastina, e ainda aumenta a nutrição local, esse

método provoca uma pequena agressão na epiderme sobre as estrias. Esse trabalho foi

proposto com a finalidade de realizar uma revisão de literatura sobre o método de

carboxiterapia no tratamento para as estrias, com o intuito de esclarecer e fornecer mais fontes

de pesquisa para fisioterapeutas, haja vista a escassez de artigos que relatam o aludido

assunto.

2. Fundamentação Teórica

2.1 Sistema Tegumentar

O tegumento recobre toda a superfície do corpo e é constituído por uma porção epitelial, a

epiderme, e uma porção conjuntiva, a derme. E em continuidade com a derme está à

hipoderme, tela subcutânea, que embora tenha a mesma origem e morfologia da derme não

faz parte da pele, a qual é formada apenas por duas camadas (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

2.2 Pele

A pele é composta de três camadas principais: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo.

Cada camada possui características e funções específicas. No futuro, o estudo desses

componentes tenderá a conduzir a uma melhor compreensão do envelhecimento da pele e dos

efeitos dos produtos tópicos sobre a função biológica da pele (BAUMANN, 2004).

É composta de duas camadas principais: a epiderme, camada superficial composta de células

epiteliais intimamente unidas e a derme, camada mais profunda composta por tecido

conjuntivo denso irregular. Apresenta múltiplas funções, entre as quais a proteção contra

agentes físicos, químicos e biológicos do ambiente, e ser relativamente impermeável, graças à

camada de queratina (córnea) que recobre a epiderme (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

A pele é formada por tecidos de origem ectodérmica e mesodérmica que se arranjam em três

camadas distintas: a epiderme, a derme e a hipoderme. Esta última não é considerada por

muitos autores como parte integrante da pele, embora seja estudada dentro do sistema

tegumentar (KEDE, SABATOVICH, 2004).

2.3 Epiderme

É a camada mais superficial da pele. Ela é muito importante do ponto de vista cosmético

porque é essa camada que dá à pele sua textura e umidade e contribui para a sua cor. Se a

superfície da epiderme for seca ou áspera, a pele parece envelhecida (BAUMANN, 2004).

A epiderme é formada pelas células epiteliais, ceratinócitos, onde reside uma das principais

defesas do órgão contra a penetração de produtos exteriores. Integradas na epiderme

encontram-se ainda os melanócitos, as células de Langherans que constituem a primeira linha

de identificação imunitária das substâncias que franqueiam a epiderme e células sensoriais

denominadas células de Merkel (TOMA, 2004).

As camadas da epiderme recebem suas denominações de acordo com essas características

típicas. Por exemplo, a primeira camada é a camada basal, porque está localizada na base da

epiderme. As células basais soam de forma cubóide.

As células basais unem-se com outras células basais e às células espinhosas sobrejacentes por

meio de desmossomos para formar a membrana basal. Esses ceratinócitos basais contêm as

ceratinas 5 e 14 e mutações resultam em uma doença hereditária chamada edermólise bolhosa

simples. Admite-se que as ceratinas 5 e 14 estabeleçam um citoesqueleto que permite a

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flexibilidade das células. Esta flexibilidade permite às células moverem-se para fora da

camada basal e migrarem superficialmente, desse modo sofrendo o processo de ceratinização.

As células basais são responsáveis pela manutenção da epiderme, por meio da renovação

contínua da população celular. Da camada basal, 10% das células são células-tronco, 50% são

células amplificadoras e 40% são células pós-mitóticas que se movem superficialmente para

se tornarem células suprabasais. Vale notar que as células basais produzem antígenos

penfigóides bolhosos, os quais são proteínas que podem conduzir ao desenvolvimento da

doença penfigóide bolhoso, se o corpo produzir anticorpos correspondentes (BAUMANN,

2004).

A camada seguinte é a camada espinhosa que tem de cinco a dez camadas de células basais à

custa de um citoplasma amplo e eosinofílico, de formato poliédrico. Esta camada é assim

denominada devido ao aspecto celular periférico que parece emitir espinhos considerados,

antes da microscopia eletrônica, como comunicações intercelulares, mas que foram

identificados como desmossomas, responsáveis pela grande coesão celular dos epitélios,

resistentes a grandes trações e pressões. Os desmossomas não são estruturas fixas,

demonstrado pela diferente velocidade de progressão de queratinócitos, quando marcados pela

tiamina triatiada (KEDE; SABATOVICH, 2004).

A camada mais superficial da epiderme é o estrato córneo (EC) ou camada córnea. Os

ceratinócitos que residem nessa camada são os mais maduros e completaram o processo de

ceratinização. Esses ceratinócitos não possuem organelas, e a sua disposição assemelha-se a

uma parede de tijolos. O EC é composto de corneócitos ricos em proteínas, incluídos em uma

matriz lipídica em bicamada disposta à maneirade “tijolos e argamassa”. Os “tijolos” são

compostos pelos ceratinócitos, e a “argamassa” é composta pelo conteúdo expelido dos

grânulos lamelares, incluindo lipídios e proteínas. O estrato córneo é descrito como a

“camada morta” de células porque estas células não demonstram síntese de proteína e não

respondem à sinalização celular. A camada córnea funciona como uma barreira protetora.

Uma das suas funções protetoras é evitar perda de água trans-epidérmica (PATE). Os

aminoácidos e seus metabólitos, que são subprodutos formados da decomposição da filagrina,

constituem uma substância conhecida como fator hidratante natural (NMF- natural

moisturizing factor). O NMF localizado intracelularmente e lipídios liberados pelos grânulos

lamelares, localizados extracelularmente, desempenham um papel importante na hidratação,

elasticidade e flexibilidade da pele.

A camada lúcida é constituída por várias camadas de células, achatadas e intimamente

ligadas, das quais a maioria apresenta limites indistintos e perde todas as suas inclusões

citoplasmáticas, exceto as fibrilas de queratina e algumas gotículas de eleidina. Esta é

transformada em queratina assim que as células desta camada tornam-se parte da camada

córnea. A camada lúcida é mais proeminente em áreas de pele espessa e pode estar ausente

em outros locais. Não é observada com facilidade. Quando visível, tem o aspecto de uma

linha clara, brilhante e homogênea; daí sua denominação (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

Na camada granulosa os ceratinócitos habitam a principal camada viável da epiderme. Os

“grânulos” representam grânulos ceratoialinos, os quais contêm profilagrina, o percursor da

filagrina. As filagrinas cruzam com filamentos de ceratina, proporcionando resistência e

estrutura. As proteínas do envelope de células cornificadas (involucrina, seratolina,

pancornulina e loricrina) são cruzadas nessa camada com a enzima transglutaminase cálcio-

dependente para formar o envelope celular. As células granulares exibem propriedades

anabólicas como a síntese de filagrina, proteínas cornificadas do envelope celular e ceratinas

de alto peso molecular. Elas também mostram eventos catabólicos, como a dissolução dos

núcleos e organelas celulares. (BAUMANN, 2004).

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2.4 Derme

A derme é uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre o qual se apoia a epiderme,

comunicando esta com a hipoderme. A derme está conectada com a fáscia dos músculos

subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme. Na derme situa-se as

fibras elásticas e reticulares, bem como muitas fibras colágenas, e elas são supridas por vasos

sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Também contém glândulas especializadas e órgãos do

sentido. A derme apresenta variação considerável de espessura nas diferentes partes do corpo,

sendo que sua espessura média é de aproximadamente 2 milímetros. Sua superfície externa é

extremamente irregular, observando-se papilas dérmicas (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

A derme situa-se entre a epiderme e a gordura subcutânea. Uma vez que ela é responsável

pela espessura da pele, desempenha um papel-chave na aparência cosmética. A espessura da

derme varia nas diferentes partes do corpo, e duplica entre as idades de 3 e 7 anos e

novamente na puberdade. Com o envelhecimento, essa camada básica diminui de espessura e

hidratação. A derme, que é cheia de nervos, vasos sanguíneos e glândulas sudoríparas,

consiste principalmente em colágeno. A parte mais superior dessa camada, que se situa

embaixo da epiderme, é conhecida como derme papilar, e a parte inferior é conhecida como

derme reticular (BAUMANN, 2004).

2.4.1 Camada Papilar

A camada papilar é delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo, e assim denominada

porque as papilas dérmicas constituem sua parte mais importante (saliências que acompanham

as reentrâncias correspondentes da epiderme). Admitem alguns que a função das papilas é

aumentar a zona de contato derme-epiderme, trazendo maior resistência à pele. Esta camada

estende-se pouco abaixo das bases da papila, onde se une à camada reticular. Muitas papilas

contêm alas capilares, outras contêm receptores sensoriais especializados que reagem a

estímulos externos, como mudança de temperatura e pressão (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

2.4.2 Fibroblastos

Os fibroblastos são particularmente ativos durante o processo de reparação. A atividade

fibroblástica é influenciada por vários fatores, tais como regimes dietéticos e níveis de

hormônio esteroide. Na deficiência em vitamina C existe uma dificuldade na formação do

colágeno (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

Os fibroblastos retêm a capacidade de se dividirem e assim como o tecido epitelial, o

conjuntivo também é capaz de se regenerar. Na estria, esta célula está quiescente, entretanto o

estímulo elétrico de baixa intensidade mostrou-se eficiente para aumentar a sua replicação

bem como das fibras e substâncias produzidas por ela mesma. No tocante à

neovascularização, os efeitos da inflamação aguda e da corrente contínua se somam,

promovendo um leve edema e uma hiperemia bastante pronunciada. A regeneração propicia

o retorno de todas as funções inerentes à pele, inclusive a sensitiva, que normalmente se

encontra diminuída e, neste caso, especificamente, a sensibilidade dolorosa, pois à medida

que ocorre a regeneração a sensibilidade tende a chegar a níveis próximos do normal

(BORGES, 2010).

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2.4.3 Fibras elásticas

São delgadas, sem estriações longitudinais, ramificando-se de forma semelhante a uma rede

de malhas irregulares. De cor amarelada, têm como componente principal a elastina, uma

escleroproteína muito mais resistente do que o colágeno, e a microfibrila elástica, formada por

uma glicoproteína especializada. Estas fibras cedem facilmente a trações mínimas, porém

retornam facilmente à sua forma original, tão logo cessem as forças deformantes. Suportam

grandes trações (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

2.4.4 Fibras colágenas

As fibras colágenas são as mais frequentes do tecido conjuntivo, sendo constituídas por uma

escleroproteína denominada colágeno, que proporciona o arcabouço celular para todos os

organismos pluricelulares (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

As fibras de colágeno são sempre vistas no estado final, maduro, em contraste com a elastina,

cujas fibras não-maduras são vistas na derme superficial e cujas fibras mais maduras são

vistas na camada mais profunda da derme. Cada tipo de colágeno é composto de três cadeias.

O colágeno é sintetizado nos fibroblastos e uma forma precursora chamada pró-colágeno. Os

resíduos de prolina na cadeia do pró-colágeno são convertidos em hidroxiprolina pela enzima

prolil hidroxilase. Essa reação requer a presença de Fe++, ácido ascórbico (vitamina C) e α-

cetoglutarato. Os resíduos de lisina na cadeia do pró-colágeno também são convertidos em

hidroxilisina; nesse caso, pela enzima lisil hidroxilase. Essa reação também exige a presença

de Fe++, àcido ascórbico e α-cetoglutarato. É interessante assinalar que uma deficiência de

vitamina C, que é essencial para a ocorrência dessas reações, leva ao escorbuto, uma doença

caracterizada por produção diminuída de colágeno (BAUMANN, 2004).

2.5 Hipoderme

Segundo Guirro e Guirro (2004), o tecido sobre o qual a pele repousa, formado por tecido

conjuntivo que varia do tipo frouxo ou adiposo ao denso nas várias localizações e nos

diferentes indivíduos. A hipoderme conecta frouxamente a pele e a fáscia dos músculos

subjacentes, o que permite aos músculos contraírem-se sem repuxar a pele. A hipoderme

(hipo = abaixo de ) não faz parte da pele, mas é importante porque fixa a pele à estruturas

subjacentes, sendo também conhecida como tela subcutânea, tecido subcutâneo ou fáscia

superficial. Dependendo da região em estudo e do grau de nutrição do organismo, a

hipoderme pode ter uma camada variáel de tecido adiposo, sendo que nele se deposita a maior

parte dos lipídios nas pessoas obesas. Como os mamíferos consomem energia de modo

contínuo, mas se alimenta com intermitência, entende-se a importância de um reservatório de

energia, representado pelo tecido adiposo. A distribuição da gordura não é uniforme em todas

as regiões do corpo. Nos indivíduos normais, algumas regiões nunca acumulam gordura,

como a pálpebra, a cicatriz umbilical a região esternal, o pênis, e as dobras articulares. Em

outras regiões pelo contrário, há maior acumulo de tecido adiposo: a porção proximal dos

membros, a parede abdominal, especialmente as porções laterais.

2.6 Atrofia Linear Cutânea – Estrias

As estrias caracterizam-se por afecções dermatológicas, em sua grande maioria desagradáveis

do ponto de vista estético. São lesões atróficas lineares paralelas, em geral obedecendo às

linhas de clivagem da pele. Inicialmente são eritematovioláceas, para mais tarde se tornarem

esbranquiçadas. Surgem com maior frequência na puberdade e, sobretudo, no sexo feminino.

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Pode ocorrer em pessoas com obesidade grave (striae distensae), no período da gestacional

(striae gravidarun) e nos estados infecciosos (striae infectiosae). Pode estar relacionada ainda

a algum comprometimento hormonal caracterizado pelo aumento de glicocorticoides,

podendo ser evidenciado, por exemplo, na síndrome de cushing e nas corticoterapias

intensivas (gerais ou locais). Podendo ocorrer ainda como uso tópico ou sistêmico de

esteroides, em tumores suprarrenais, em atividades físicas vigorosas ou haja aumento

excessivo de massa muscular, no crescimento intenso e rápido na adolescência (BORGES,

2010).

As atrofias lineares cutâneas, clinicamente, se caracterizam pela morfologia em geral linear,

aspecto atrófico e superfície por vezes discretamente enrugada, com pequenas rugas

transversais ao seu eixo que desaparecem à tração. Inicialmente, são eritematosas, ou mesmo

violáceas. Nessa fase, podem ser discretamente elevadas devido ao edema gerado pelo

processo inflamatório, o que justificaria uma esporádica queixa de prurido. Após meses,

adquirem uma tonalidade branco-nacarada (AZULAY; AZULAY, 2004).

As estrias são disfunções estéticas, cuja etiologia é considerada complexa, não havendo, na

literatura específica, um aprofundamento sobre a certeza de suas causas ou eficácia de

tratamentos sugeridos (BRAVIM e KIMURA, 2007).

As estrias são classificadas como uma atrofia adquirida, e possuem várias outras

denominações decorrentes de diferentes idiomas, prováveis etiologias e aspecto macroscópico

da pele: vergetures, atrophodeme strieé, macules atrophiques lineaires, striae distensae, strech

marks, lash marks, striae albicantes, striae gravidarum, striae infectiosae, estrias atróficas e

víbices. A estria, além de ser desagradável aos olhos do ponto de vista estético, acarreta

grandes problemas emocionais. O fato que não se pode contestar é a grande incidência dessa

afecção, em ambos os sexos, especialmente nas mulheres.

As estrias são inicialmente rosadas, prosseguindo para um tom púrpuro e depois de algum

tempo, apresentam coloração clara ou branca (albas). Sendo as estrias vermelhas diferentes

das albas, pois as primeiras apresentam estado inflamatório e vasodilatação. As albas se

encontram sem inflamação e com aspecto cicatricial, tendo assim aparência esbranquiçada.

É uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear, algo sinuosa, em estrias de um ou mais

milímetros de largura, a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas

(nacaradas). Raras ou numerosas dispõem-se paralelamente umas às outras e

perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado,

caracterizando, portanto, uma lesão da pele. Apresentam um caráter de bilateralidade, isto é,

existe uma tendência da estria distribuir-se simetricamente em ambos os lados.

As estrias são atrofias da pele adquirida devido ao rompimento de fibras elásticas e colágenas,

a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas), há evidências

que o seu aparecimento seja multifatorial, não somente fatores mecânicos e endocrinológicos,

mas também predisposição genética e familiar, levando ao desequilíbrio das estruturas que

compõem o tecido conjuntivo. Surgem principalmente nas coxas, nádegas, abdômen, mamas

e dorso do tronco (AZEVEDO, TEIXEIRA e SANTOS, 2009).

As estrias são ditas atróficas pelas características que apresentam, já que atrofia é a

diminuição de espessura da pele, decorrente da redução do número e volume de seus

elementos e é representada por adelgaçamento, pregueamento, secura, melhor elasticidade,

rarefação dos pelos (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

As estrias, portanto, são causadas por atrofias tegumentares adquiridas de aspecto linear, de

aparência sinuosa com diâmetro de mais ou menos dois milímetros de largura,

perpendicularmente às linhas de fenda da pele, sendo considerada, principalmente, uma lesão

da pele. As estrias são ditas atróficas, em função de serem causadas pela ruptura das fibras

colágenas e elásticas da pele e, muitas vezes, com perda da coloração no local.

Frequentemente são observadas em indivíduos obesos, durante a gravidez, em conexão com a

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Síndrome de Cushing ou em pacientes tratados com corticóides (RODRIGUES, 2004).

A atrofia linear cutânea possui várias denominações, decorrentes de diferentes idiomas

prováveis etiologias e aspectos macroscópicos da pele como: Estrias atróficas, Estriae cútis

distensae, Strech marks, Estrias Vergetures, Víbices, Striae albicantes, Striae gravidarum

(MIGUEL, 2004).

O aparecimento de estrias está relacionado a diferentes situações clínicas como, por exemplo,

o crescimento e/ou aumento de peso repentino, gravidez, alterações endocrinológicas,

especialmente as associadas a corticóides e ao estrógeno, exercício vigoroso e algumas

infecções como febre tifóide e hanseníase (MILANI, 2006).

2.7 Etiologia

A etiologia da estria é bastante controversa, existindo portanto três teorias que tentam

justificá-la:

- teoria mecânica

- teoria endocrinológica

- teoria infecciosa

- Teoria Mecânica

A teoria mecânica tem sido comumente aceita, e acredita-se que a excessiva deposição de

gordura no tecido adiposo, especialmente a que ocorrer repentinamente, com subsequente

dano às fibras elásticas e colágenas da pele, seja o principal mecanismo do aparecimento das

estrias, striae distensae. As estrias também são consideradas como sequelas de períodos de

rápidos crescimentos, daí as denominações de strech maks também designadas stricae cútis

distensae ou simplesmente striae distensae. O estiramento da pele, com consequente ruptura

ou perda de fibras elásticas dérmicas, é tido como fator básico da origem das estrias. É deste

modo que os adeptos dessa teoria explicam o seu aparecimento. Com base nestes fatos, eles

afirmam que a distensão abdominal promovida pelo crescimento do feto causa estria na

gestante, assim como o “estirão de crescimento” na puberdade causaria estrias nos

adolescentes, bem como a deposição de gordura no obeso. Não há evidências comprovadas de

que a hidratação da pele por meio de cosméticos possa prevenir o aparecimento de estrias.

(GUIRRO e GUIRRO, 2004).

- Teoria Endocrinológica

Essa teoria demonstra, através de fatos, que a teoria mecânica é muito simplista ao afirmar

que o estiramento da pele, que por crescimento ou deposição de gordura, seja a causa para o

aparecimento das estrias.

A etiologia da estria parece estar relacionada fortemente com as alterações hormonais,

especificamente com os hormônios corticoides. Silva et all. Concordam com essa hipótese,

uma vez que das 102 pacientes avaliadas e tratadas pelas autoras, a maior incidência de

aparecimento das estrias foi na adolescência (45,5%), seguido pela obesidade (30,5%),

gravidez (19,5%) e medicamentos (4,5%).

A origem mais provável das estrias baseia-se na teoria endocrinológica que, conforme foi

visto, postula que um hormônio esteroide está presente de forma atuante em todos os quadros

em que as estrias surgem ( obesidade, adolescência, gravidez), não podendo deixar de ser

mencionado o seu aparecimento com o uso de medicamentos à base de corticoides tópicos ou

não, incluindo anabolizantes. Esse hormônio, denominado de 17- cetosteróide, é o principal

andrógeno adrenal, apresentando ampla ação no tecido conjuntivo, aumentando o catabolismo

proteico, e ainda, atuando sobre a célula formadora das fibras e da substância fundamental

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amorfa, o fibroblasto. Sendo assim, conforme citado anteriormente, as estrias são

classificadas como uma atrofia adquirida, ou seja, diminuição do volume e número dos

elementos da pele (daí seu aspecto em depressão), decorrente da ação hormonal sobre o

fibroblasto (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

- Teoria Infecciosa

Essa teoria não tem muitos adeptos, já que os estudiosos partidários da teoria endocrinológica

conseguem explicar o surgimento das estrias em decorrência do tratamento efetuado à base de

corticoides, sendo o tratamento, portanto, o verdadeiro fator desencadeante do processo de

formação de estrias. Alguns medicamentos podem também promover hiperpigmentação das

estrias, como por exemplo, a bleominicina, um antibiótico e antitumor, que em altas doses

pode promover ainda outros efeitos como: esclerose, gangrena, pregueamento e eritema. A

pigmentação inicial é semelhante à que acontece na Síndrome de Cushing, ou seja, violácea, e

permanece neste estágio por muitos meses. A coloração pode então evoluir para uma

tonalidade marrom-escura, incomum em processos que promovem a pigmentação de estrias,

presente nos casos de Síndrome de Cushing, conforme referido anteriormente e após

processos inflamatórios. (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

Fatores como hereditariedade, hormônios da adolescência, crescimento rápido, aumento

exagerado de peso e excesso de musculação, são alguns dos motivos pelos quais as estrias

surgem (MACEDO, 2006).

2.8 Prevalência

As estrias atróficas são encontradas em ambos os sexos, com predominância no feminino,

principalmente a partir da adolescência. A maior incidência de estrias em meninas ocorre

entre doze e quatorze anos, e nos meninos, de doze a quinze anos. Entretanto estrias foram

notadas em todos os grupos etários do experimento. O mesmo autor, em um segundo

experimento, observou no estudo sistemático de cem crianças com até dez anos de idade se as

estrias poderiam estar presentes. Estas observações indicaram que as estrias raramente

ocorrem em crianças normais durante os primeiros cinco anos de vida. Elas não foram

notadas em bebês extremamente obesos e nem em crianças obesas de até seis anos. O período

de surgimento das estrias pode variar. Para Basak, elas ocorrem entre as idades de 10 a 16

anos para o sexo feminino e de 14 a 20 anos para o masculino, sendo que a incidência dentro

desses grupos etários indica um intervalo de 21 a 72% para as meninas e de 6 a 40% para os

meninos. Na mulher adulta saudável a incidência de estrias é 2,5 vezes mais frequente que no

homem nas mesmas condições. A incidência de estrias em homens foi levantada a partir do

exame de 3.278 homens normais das Forças Armadas, onde foi constatado que 361 (11%)

apresentavam a referida afecção. Nenhuma alteração significativa como altura, peso etc. foi

encontrada entre os portadores e os não-portadores. Somente uma pequena porcentagem de

portadores poderia ter possíveis fatores desencadeantes relacionados ao surgimento de estrias,

tais como: ganho ou perda rápida de peso, atividades físicas estressantes ou doenças severas.

Quanto à localização das estrias pode-se observar uma incidência maior nas regiões que

apresentam alterações teciduais como glúteos, seios, abdome, coxas, região lombossacral

(comum em homens), podendo ocorrer também em regiões pouco comuns como a fossa

poplítea, tórax, região ilíaca, antebraço, porção anterior do cotovelo (GUIRRO e GUIRRO,

2004).

A maior prevalência das estrias ocorre na faixa etária dos 14 aos 20 anos (55-65% em

mulheres e 15 – 20% em homens), ou seja, é cerca de três a seis vezes mais frequente em

mulheres do que em homens. Na mulher, as localizações predominantes são nádegas, abdome

e nas mamas, nos homens predominam no dorso, região lombosacra e parte externa das coxas.

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Surgem perpendicularmente ao eixo de maior tensão da pele e acompanham as linhas de

clivagem da pele (linhas de Langer), tendem a simetria e a bilateralidade (KEDE;

SABATOVICH, 2003).

Segundo Brandi et al (2004) destacam que as características físicas negativas associadas ao

acúmulo de gordura têm suscitado maiores pesquisas para determinar os tratamentos mais

favoráveis. As causas mais comuns para o aparecimento das estrias são na adolescência ou

com o aumento de peso, ocasionado com a obesidade.

2.9 Abordagem Terapêutica

2.9.1 Carboxiterapia

Na época a aplicação era feita de forma tópica, sob a forma de banhos secos ou em água

carbônica sendo observada a melhora do fluxo sanguíneo da região (LOPEZ;

WORTHINGTON, 2006).

A carboxiterapia tem a administração de gás carbônico de forma subcutânea é uma técnica

inovadora para o tratamento de estrias, por meio do trauma obtido pelas pontuações da

agulha, somando ao microdeslocamento da pele, gera uma inflamação e vasodilatação local,

com consequente aumento do fluxo vascular, oxigenação tecidual, a micro-circulação,

estimulando a formação de colágeno e de novas fibras elásticas (JAHARA, 2010).

A primeira via de utilização do CO2 foi a percutânea, por meio dos banhos em água

enriquecida com gás carbônico termal ou industrial. A via subcutânea foi utilizada

secundariamente por Wollina et al., que observaram diminuição da infecção local em feridas

crônicas, assim como a antecipação da cicatrização dessas feridas após aplicação do gás

(ABRAMO; TEIXEIRA, 2011).

Em 1777, Pierre Lalouette expôs portadores de úlceras crônicas ao primeiro método de

tratamento sistêmico do gás carbônico. O tratamento era caracterizado pelo uso de uma

cadeira de formigação, que canalizava vapores de combustão de sais mercuriais

(PIAZZOLLA, 2011).

Em 1953, após 20 anos de experiência, o cardiologista Jean Baptiste Romuef publicou os

resultados do uso terapêutico por via subcutânea. O tema permaneceu por quatro décadas no

esquecimento, sendo retomado nas décadas de 1980 e 1990, com alguns trabalhos

direcionados para a cirurgia vascular (FERREIRA, 2012).

Na Alemanha em 87, Grosshans A e Gensch H, abordaram o uso da terapia em tratamentos de

patologias dolorosas em ortopedia e sistema locomotor. Hartman e cols. da Universidade de

Freiburg – Alemanha publicaram em 89, 91 e 97 os resultados positivos do tratamento com

CO2 percutâneo em pacientes com arteriopatia periférica, demonstrando melhora na

claudicação intermitente e descrevendo o mecanismo de ação farmacológico do gás:

vasodilatação e aumento da pressão parcial de oxigênio (PO2) devido a diminuição do local da

afinidade da hemoglobina pelo oxigênio (potencialização do efeito Bohr), resultando em

maior disponibilidade deste para o tecido (LOPEZ, 2005).

O uso do dióxido de carbono (CO2) iniciou com os banhos de água carbonada em piscinas

naturais, há registros da sua utilização terapêutica desde 1151. Estudos comprovam que os

banhos de imersão em água carbonada aumentam o fluxo sanguíneo nas regiões submersas,

quando comparadas a água natural (DURAES, 2012).

A carboxiterapia é utilizada como recurso viável para estrias comparado a outros tratamentos

como eletrolifting, peeling químico e dermotonia que, por meio de um estímulo elétrico,

químico e traumático, respectivamente, provocam um processo inflamatório na estria que

responde com o aparecimento de leve edema e hiperemia, a fim de aumentar a capacidade de

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replicação dos fibroblastos e, consequentemente, a produção de fibroblastos, elastoblastos e

angioblastos (BORGES, 2010).

Os benefícios gerados pela carboxiterapia seriam atribuídos a vasodilatação arteriolar,

neoangiogênese, potencialização do efeito Bohr, aumento da velocidade microcirculatória e

ativação de barorreceptores cutâneos provocados pela aplicação do gás (SILVA, 2009).

A carboxiterapia é uma técnica nova utilizada nas disfunções dermatológicas e estéticas.

Caracteriza-se pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal com 99,9% de pureza

administrado de forma subcutânea tendo como objetivo uma vasodilatação periférica e

melhora do oxigênio tecidual (BORGES, 2010). De acordo com o autor, ele afirma que nas

estrias, o gás carbônico provoca um processo inflamatório, que responde com o aparecimento

de um leve edema e hiperemia, a fim de aumentar a capacidade de replicação dos fibroblastos

e, consequentemente a produção de fibras colágenas e elásticas na pele estriada.

Os resultados da carboxiterapia são relativamente rápidos. Estudos revelam que se podem

notar os efeitos depois da quarta apliação, sendo que o tratamento inicial costuma ser de 10

aplicações até o desaparecimento da lesão, geralmente com frequência de duas a três vezes

por semana. Além disso, a pessoa pode retornar às suas atividades normais ao final de cada

sessão. A execução do método é não cirúrgica. Do ponto da aplicação, o dióxido de carbono

se difunde facilmente em tecidos adjacentes (DOMINGUES, 2006).

Sua utilização iniciou-se na década de 1930, na Estação Thermal de Royat, na França, onde a

carboxiterapia era denominada terapia com gás carbônico. Foi quando começou a ser estudada

na forma de balnearioterapia, em que pessoas de toda Europa migravam ao Spy de Royat para

realizar tratamento de arteriopatias obliterantes e em feridas, posteriormente, utilizavam-se

câmaras de gás, por meio do usopercutâneo do gás até chegar forma injetável do gás.

Descrevemos o Co2 como sendo um gás inodoro, incolor e atóxico. O gás carbônico não

provoca embolia gasosa, pois trabalhamos com um volume máximo seguro e, além disso, a

partir do momento em que o gás é injetado, vai sendo rapidamente absorvido e eliminado pela

respiração. A carboxiterapia chegou ao Brasil no início desse século e foi direcionada à área

da estética (gordura localizada, celulite, flacidez e estria). Atualmente, também é utilizada

como coadjuvante no tratamento de cicatrizes estéticas, na cicatrização de úlceras, em casos

de pós-lipospiração, alopecias, psoríases, microvarizes, olheiras, acúmulo de edemas em

pálpebras, sequela de queimados etc (BORGES, 2010).

Ação no tecido conjuntivo: na carboxiterapia temos o trauma mecânico ocasionado pela

agulha e o trauma provocado pelo gás. Um processo inflamatório irá ocorrer seguido de todas

as etapas inerentes a ele. Como resultado teremos a proliferação de fibroblastos com posterior

síntese de colágeno, elastina e vasos sanguíneos (BORGES, 2010).

Os efeitos obtidos pela carboxiterapia são em decorrência da ação vasomotora do gás

carbônico que atua, sobretudo, na microcirculação vascular do tecido conectivo, promovendo

uma vasodilatação e um aumento da drenagem veno-linfática (LOPEZ, 2005).

2.9.2 Técnica de Aplicação

O efeito terapêutico da carboxiterapia depende do local anatômico onde vai ser aplicado o gás

carbônico. Precisamos traçar objetivos de tratamentos antes de iniciarmos as aplicações. A

técnica envolve diferentes volumes de gás, com fluxos e frequências individuais para cada

disfunção estética. O procedimento de carboxiterapia requer um equipamento próprio, que

possua controle de fluxo e volume total injetado, cilindro de gás carbônico puro medicinal,

equipo carboxi com filtro biológico e agulha descartável de 0,30 x 13 mm ou 30 G 1∕2 (agulha

de insulina). Antes de iniciar o tratamento, todas as informações devem ser fornecidas ao

paciente sobre a técnica com relação ao seu mecanismo de ação e verificar se ele mesmo

possui sinais de contraindicações severas. Ele também deverá ser questionado quanto aos seus

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objetivos específicos, evitando assim conflitos com o profissional com relação a expectativas

irrealistas no decorrer das sessões.

O paciente deverá adotar uma posição confortável com a área a ser tratada exposta e livre de

qualquer pressão como vestimentas apertadas. Deve-se realizar a assepsia com álcool 70% ou

solução alcoólica com Clorexidine a 0,5% onde serão realizadas as punturas. As áreas a serem

tratadas deverão ser demarcadas com lápis ou caneta demográfica com o paciente de pé. É

comum ocorrer perda do corte da agulha durante o procedimento, para isso basta trocar as

agulhas quantas vezes forem necessárias, isso deixa a aplicação mais confortável para o

paciente (BORGES, 2004).

3. Metodologia

A metodologia utilizada neste estudo foi à pesquisa bibliográfica, pois a mesma oferece meios

que auxiliam na definição e resolução dos problemas já conhecidos, como também permite

explorar novas terapêuticas da fisioterapia dermatofuncional, como a carboxiterapia; e

analisar sobre o tratamento da atrofia linear cutânea no tratamento com a carboxiterapia

produzindo novas conclusões. Nesta revisão de literatura quantitativa seguiu-se o seguinte

roteiro: foram pesquisadas 25 fontes literárias, compreendidos entre o período de 2003 à

2012, visando um amplo estudo sobre o tratamento de estrias. O material foi organizado e

ordenado de acordo com o seu conteúdo e finalmente permitindo analisar os dados e chegar a

conclusões satisfatórias sobre a técnica de carboxiterapia na atrofia linear cutânea.

Para a busca, foram utilizadas ainda, outras fontes como revistas científicas especializadas,

anais, teses, dissertações e livros relacionados.

Os critérios de inclusão foram artigos que versam: a temática correspondente ao

reconhecimento da fisioterapia dermatofuncional e seus recursos terapêuticos, em foco a

utilização e resultados da carboxiterapia nas patologias da pele, seu histórico e indicações,

bem como estudos a respeito da atrofia linear cutânea e seu tratamento convencional. Dessa

forma, foram incluídos trabalhos com abordagem direta e indireta do tema, incluindo artigos

originais e artigos de revisão.

4. Resultados e Discussão

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de demonstrar a importância da fisioterapia

dermatofuncional com o uso da carboxiterapia no tratamento das estrias, sendo demonstradas

pesquisas científicas que comprovam ou não a eficácia desse recurso.

A fisioterapia dermatofuncional é referida como responsável pela manutenção da integridade

do sistema tegumentar como um todo, incluindo as alterações superficiais da pele. A

responsabilidade do fisioterapeuta está não somente em manter e promover a ótima função

física, mas também o bem estar e a qualidade de vida (MILANI et al., 2006).

A carboxiterapia por ser uma técnica acessível, de ampla indicação terapêutica, baixo custo,

poucos efeitos adversos, e pequeno índice de complicações fatais, fez com que ganhasse

popularidade tornando-a cada vez mais utilizada em patologias inflamatórias e procedimentos

estéticos. (COSTA et al., 2011).

Quanto à incidência, as atrofias lineares cutâneas são encontradas em ambos os sexos. O seu

período de surgimento pode variar, ocorrendo principalmente entre as idades de 10 a 16 anos

para o sexo feminino, onde a incidência dentro desses grupos etários indica um intervalo de

21% a 72% (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

Na maior parte das literaturas pesquisadas sobre o processo de reparo tecidual em estrias,

estas são tidas como lesões irreversíveis. Essa irreversibilidade está embasada em exames

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histológicos, que mostram redução no número e volume dos elementos da pele, com

rompimento de fibras elásticas, pele delgada, redução da espessura da derme, com fibras

colágenas separadas entre si. No centro da lesão há poucas fibras elásticas, enquanto na

periferia estas, encontram-se onduladas e agrupadas (LIMA e PRESSI, 2007).

A carboxiterapia gera inflamação, levando um processo de reparação tecidual

econsequentemente estimula produção de fibroblastos, elastoblastos e angioblastos por meio

do trauma mecânico da agulha e do gás. É indicado para todo tipo de estrias, relata também

que quanto mais tempo permanecer esse eritema a resposta trófica do organismo será melhor.

Não há um volume máximo estipulado para a infusão, deve se respeitar intervalo entre as

sessões de pelo menos 21 dias, pois é o tempo em que o colágeno leva para se formar e

maturar. (SCORZA E JAHARA, 2010).

Conclusão

Nesse estudo observou-se que a carboxiterapia no tratamento da atrofia linear cutânea –

estrias é um método bastante utilizado, apesar de não se ter protocolos definidos são certos

afirmar que o método traz melhora ao aspecto da pele tratada. A carboxiterapia tem sido

bastante eficaz, uma técnica capaz de amenizar a aparência de um tecido estriado ou até

mesmo recuperá-lo. Esses resultados são possíveis devido ao efeito fisiológico do gás dióxido

de carbono no tecido infundido através de uma agulha, estimulando a síntese de colágeno e

elastina, aumentando o aporte sanguíneo e causando um leve processo inflamatório local,

proporcionando ao paciente bem estar físico, psiquicosocial e melhora da autoestima.

No entanto, literaturas variadas identificam a síntese de colágeno como um processo rápido e

harmônico onde, segundo Guirro e Guirro (2004), tem seu inicio com uma lesão intersticial e

se estende até o final da fase de cicatrização, quando ocorre a remodelação dos tecidos.

Para outros autores, observa-se que, na definição geral, as estrias são consideradas alterações

cutâneas, e correspondem a cicatrizes, indicando, frequentemente, uma lesão na pele

(RODRIGUES, 2004).

Atualmente técnicas seguras e efetivas são encontradas no tratamento das estrias recentes ou

tardias, mesmo que os resultados algumas vezes não alcancem um desaparecimento total das

estrias.

Devido a falta de literaturas relacionadas à acupuntura clássica no tratamento de reparo

tecidual das estrias, torna-se difícil afirmar que esta seria a melhor opção de tratamento,

mesmo acreditando em sua eficácia.

É possível reverter o quadro de estrias através da acupuntura, no entanto, constata-se que

existe uma carência significativa de obras que contemplem este objeto de estado.

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