CGCFN-1004 - Combatente Anfíbio

Embed Size (px)

Citation preview

  • CGCFN-1004 OSTENSIVO

    MANUAL DO COMBATENTE ANFBIO

    MARINHA DO BRASIL COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

    2008

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    MANUAL DO COMBATENTE ANFBIO

    MARINHA DO BRASIL

    COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

    2008

    FINALIDADE: BSICA

    1 Edio

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - II - ORIGINAL

    ATO DE APROVAO

    APROVO, para emprego na MB, a publicao CGCFN-1004 - MANUAL DO

    COMBATENTE ANFBIO.

    RIO DE JANEIRO, RJ.

    Em 12 de novembro de 2008.

    ALVARO AUGUSTO DIAS MONTEIRO Almirante-de-Esquadra (FN)

    Comandante-Geral ASSINADO DIGITALMENTE

    AUTENTICADO PELO ORC

    RUBRICA

    Em_____/_____/_____

    CARIMBO

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - III - ORIGINAL

    NDICE

    PGINAS

    Folha de Rosto ........................................................................................................ I

    Ato de Aprovao ................................................................................................... II

    ndice....................................................................................................................... III

    Introduo ............................................................................................................... IX

    CAPTULO 1 - ORGANIZAO

    1.1 - Generalidades ................................................................................................. 1-1

    1.2 - Fora de Fuzileiros da Esquadra..................................................................... 1-1

    1.3 - Diviso Anfbia (DivAnf)............................................................................... 1-1

    1.4 - Tropa de Reforo (TrRef) ............................................................................... 1-6

    1.5 - Batalho de Operaes Especiais de Fuzileiros Navais (BtlOpEspFuzNav) . 1-9

    1.6 - Comando da Tropa de Desembarque (CmdoTrDbq)...................................... 1-10

    1.7 - Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti (BFNRM) ...................................... 1-10

    1.8 - Fuzileiros Navais nos Distritos Navais........................................................... 1-11

    1.9 - Batalho de Operaes Ribeirinhas ................................................................ 1-12

    CAPTULO 2 - CARACTERSTICAS DE UMA REA DE OPERAES

    2.1 - Generalidades ................................................................................................. 2-1

    2.2 - Aspectos militares do terreno ......................................................................... 2-2

    2.3 - Condies climticas, meteorolgicas e aspectos astronmicos .................... 2-31

    2.4 - Influncia do terreno e das condies climticas e meteorolgicas nas

    operaes militares ........................................................................................ 2-41

    CAPTULO 3 - TCNICAS INDIVIDUAIS DE COMBATE

    3.1 - Generalidades ................................................................................................. 3-1

    3.2 - Utilizao do terreno no combate diurno e noturno ....................................... 3-1

    3.3 - Utilizao do terreno para observar................................................................ 3-25

    3.4 - Utilizao do terreno para atirar ..................................................................... 3-33

    3.5 - Camuflagem.................................................................................................... 3-37

    3.6 - Confeco de croquis, calcos e relatrios....................................................... 3-43

    CAPTULO 4 - OPERAES ANFBIAS

    4.1 - Generalidades ................................................................................................. 4-1

    4.2 - Modalidades de operaes anfbias ................................................................ 4-1

    4.3 - Propsitos das operaes anfbias .................................................................. 4-2

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - IV - ORIGINAL

    4.4 - Fases das operaes anfbias........................................................................... 4-2

    4.5 - MNT por superfcie e por helicpteros ........................................................... 4-4

    4.6 - Desembarque dos elementos de assalto .......................................................... 4-6

    4.7 - Aes em terra................................................................................................. 4-7

    4.8 - Grupo de Combate e Esquadra de Tiro na fase do embarque ......................... 4-7

    4.9 - Grupo de Combate e Esquadra de Tiro na fase da travessia ........................... 4-8

    4.10 - Grupo de Combate e Esquadra de Tiro na fase do assalto............................ 4-9

    4.11 - Execuo do assalto pelo PelFuzNav............................................................ 4-30

    4.12 - Apoio de fogo................................................................................................ 4-33

    CAPTULO 5 - OPERAES TERRESTRES

    5.1 - Generalidades.................................................................................................. 5-1

    5.2 - Operaes ofensivas........................................................................................ 5-1

    5.3 - Operaes ofensivas sob condies de visibilidade reduzida......................... 5-12

    5.4 - Operaes ofensivas em condies especiais ................................................. 5-12

    5.5 - Operaes defensivas ...................................................................................... 5-14

    5.6 - Outras operaes ............................................................................................. 5-25

    CAPTULO 6 - O GRUPO DE COMBATE E A ESQUADRA DE TIRO

    6.1 - Generalidades.................................................................................................. 6-1

    6.2 - Finalidade e organizao................................................................................. 6-1

    6.3 - Armamento...................................................................................................... 6-4

    6.4 - Apoio de fogo para o GC ................................................................................ 6-4

    6.5 - Tcnica de tiro................................................................................................. 6-5

    6.6 - Lanador de granadas M-203.......................................................................... 6-12

    6.7 - Comandos de tiro ............................................................................................ 6-15

    6.8 - Aplicao dos fogos ........................................................................................ 6-22

    6.9 - Formaes de combate .................................................................................... 6-30

    6.10 - Sinais ............................................................................................................. 6-41

    6.11 - Combate ofensivo.......................................................................................... 6-45

    6.12 - Combate defensivo........................................................................................ 6-67

    CAPTULO 7 - OPERAES SOB CONDIES DE VISIBILIDADE REDUZIDA

    7.1 - Generalidades.................................................................................................. 7-1

    7.2 - Propsitos das operaes ofensivas ................................................................ 7-1

    7.3 - Vantagens e desvantagens............................................................................... 7-1

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - V - ORIGINAL

    7.4 - Tipos de ataque noturno.................................................................................. 7-2

    7.5 - Caractersticas do ataque noturno................................................................... 7-3

    7.6 - Medidas de coordenao e controle................................................................ 7-4

    7.7 - Preparao para o ataque noturno................................................................... 7-6

    7.8 - Execuo do ataque noturno........................................................................... 7-7

    7.9 - Planejamento das operaes sob condies de visibilidade reduzida ............ 7-8

    7.10 - Equipamentos de viso noturna .................................................................... 7-12

    CAPTULO 8 - PATRULHAS

    8.1 - Generalidades ................................................................................................ 8-1

    8.2 - Organizao .................................................................................................... 8-2

    8.3 - Funes individuais em uma patrulha ............................................................ 8-3

    8.4 - Preparativos .................................................................................................... 8-5

    8.5 - Execuo da patrulha...................................................................................... 8-6

    8.6 - Patrulhas de reconhecimento .......................................................................... 8-10

    8.7 - Patrulhas de combate ...................................................................................... 8-12

    8.8 - Informaes e relatrios ................................................................................. 8-14

    8.9 - Crtica ............................................................................................................. 8-17

    CAPTULO 9 - MARCHAS E ESTACIONAMENTOS

    9.1 - Generalidades ................................................................................................. 9-1

    9.2 - Marchas a p ................................................................................................... 9-2

    9.3 - Marcha motorizada ......................................................................................... 9-7

    9.4 - Estacionamentos ............................................................................................. 9-9

    CAPTULO 10 - APOIO DE FOGO

    10.1 - Generalidades ............................................................................................... 10-1

    10.2 - Armas de apoio ............................................................................................. 10-1

    10.3 - Comparao das armas de apoio................................................................... 10-6

    10.4 - Centro de Coordenao de Apoio de Fogo (CCAF)..................................... 10-8

    10.5 - Conduo do apoio de fogo .......................................................................... 10-9

    10.6 - Princpios de coordenao do apoio de fogo ................................................ 10-10

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - VI - ORIGINAL

    CAPTULO 11 - OPERAES COM APOIO DOS MEIOS AREOS

    11.1 - Generalidades ............................................................................................... 11-1

    11.2 - Apoio dos meios areos ............................................................................... 11-1

    11.3 - Aeronaves da MB.......................................................................................... 11-2

    11.4 - Conceito de emprego das tropas helitransportadas ....................................... 11-4

    11.5 - Conceitos bsicos .......................................................................................... 11-4

    11.6 - Conduo das operaes helitransportadas................................................... 11-5

    11.7 - Execuo do assalto por He .......................................................................... 11-8

    11.8 - Embarque em avio....................................................................................... 11-9

    11.9 - Aeronaves de transporte da FAB .................................................................. 11-10

    CAPTULO 12 - COORDENAO CARRO-INFANTARIA

    12.1 - Generalidades................................................................................................ 12-1

    12.2 - Carro de Combate ......................................................................................... 12-1

    12.3 - Viaturas blindadas......................................................................................... 12-8

    12.4 - Carro Lagarta Anfbio ................................................................................... 12-11

    12.5 - Emprego dos blindados nas operaes ofensivas.......................................... 12-12

    12.6 - Emprego do conjugado carro-infantaria........................................................ 12-13

    12.7 - Proteo mtua.............................................................................................. 12-14

    12.8 - Utilizao dos CC para transporte da infantaria ........................................... 12-16

    12.9 - Comunicaes carro-infantaria ..................................................................... 12-16

    12.10 - Designao de alvos.................................................................................... 12-17

    12.11 - Segurana .................................................................................................... 12-18

    CAPTULO 13 - COMBATE EM AMBIENTES ESPECIAIS

    13.1 - Generalidades................................................................................................ 13-1

    13.2 - Selva ............................................................................................................. 13-1

    13.3 - Pantanal ......................................................................................................... 13-16

    13.4 - Montanha....................................................................................................... 13-21

    13.5 - Regies semi-ridas ...................................................................................... 13-26

    13.6 - Regies de clima frio .................................................................................... 13-31

    CAPTULO 14 - DEFESA CONTRA AGENTES QUMICOS

    14.1 - Generalidades................................................................................................ 14-1

    14.2 - Agentes qumicos .......................................................................................... 14-1

    14.3 - Propriedades gerais dos agentes qumicos .................................................... 14-2

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - VII - ORIGINAL

    14.4 - Classificao dos agentes qumicos.............................................................. 14-2

    14.5 - Utilizao da mscara contra gases .............................................................. 14-5

    14.6 - Descontaminao.......................................................................................... 14-8

    14.7 - Munies qumicas ....................................................................................... 14-9

    14.8 - Proteo ........................................................................................................ 14-10

    CAPTULO 15 - COMUNICAES

    15.1 - Sistema de Comunicaes da Marinha ......................................................... 15-1

    15.2 - Meios de comunicaes................................................................................ 15-1

    15.3 - Centro de mensagens .................................................................................... 15-2

    15.4 - Sistema de comunicaes fio........................................................................ 15-3

    15.5 - Sistema de comunicaes rdio .................................................................... 15-3

    15.6 - Sistema de comunicaes por mensageiro ................................................... 15-6

    15.7 - Procedimentos fonia ..................................................................................... 15-7

    CAPTULO 16 - APOIO LOGSTICO

    16.1 - Generalidades ............................................................................................... 16-1

    16.2 - Conceitos ..................................................................................................... 16-1

    16.3 - Funes logsticas......................................................................................... 16-1

    16.4 - Principais unidades de ApSvCmb ................................................................ 16-3

    16.5 - Apoio logstico nas OpAnf ........................................................................... 16-3

    16.6 - Apoio de abastecimento................................................................................ 16-8

    16.7 - Apoio de sade no assalto anfbio (AssAnf) ................................................ 16-11

    CAPTULO 17 - COMBATE CORPO A CORPO

    17.1 - Generalidades ............................................................................................... 17-1

    17.2 - Fundamentos do combate corpo a corpo ..................................................... 17-1

    17.3 - Programa de treinamento bsico................................................................... 17-25

    17.4 - Combate a baioneta....................................................................................... 17-56

    17.5 - Defesa desarmada contra os ataques com baioneta ...................................... 17-67

    17.6 - Combate corpo a corpo com armas de oportunidade.................................... 17-72

    CAPTULO 18 - CONTROLE DE DISTRBIOS CIVIS

    18.1 - Generalidades ............................................................................................... 18-1

    18.2 - Conceitos bsicos.......................................................................................... 18-1

    18.3 - Aes de uma turba ...................................................................................... 18-2

    18.4 - Material utilizado em CDC........................................................................... 18-3

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - VIII - ORIGINAL

    18.5 - Manuseio do fuzil no CDC ........................................................................... 18-4

    18.6 - Emprego do cassetete no CDC...................................................................... 18-10

    18.7 - O Peloto de Fuzileiros Navais (PelFuzNav) no CDC ................................. 18-14

    CAPTULO 19 - TREINAMENTO FSICO ESPECIALIZADO

    19.1 - Generalidades................................................................................................ 19-1

    19.2 - Treinamento em circuito ............................................................................... 19-1

    19.3 - Ginstica com armas ..................................................................................... 19-6

    19.4 - Ginstica com toros....................................................................................... 19-10

    19.5 - Corrida contnua............................................................................................ 19-15

    19.6 - Desportos....................................................................................................... 19-17

    19.7 - Grandes jogos................................................................................................ 19-17

    19.8 - Natao utilitria ........................................................................................... 19-18

    19.9 - Superao de obstculos do meio aqutico................................................... 19-46

    ANEXO A - Lista de Siglas e Abreviaturas ..................................................................... A-1

    ANEXO B - Modelo de Ordem Preparatria Patrulha................................................... B-1

    ANEXO C - Modelo de Ordem Patrulha ....................................................................... C-1

    ANEXO D - Modelo de Pedido de Tiro Inicial para o Apoio de Artilharia..................... D-1

    ANEXO E - Modelo de Pedido de Tiro para o Apoio de Fogo Naval ............................. E-1

    ANEXO F - Modelo de Pedido de Apoio Areo Aproximado (Simplificado)................. F-1

    ANEXO G - Principais Agentes Qumicos....................................................................... G-1

    ANEXO H - Procedimentos Especficos para Patrulhas .................................................. H-1

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - IX - ORIGINAL

    INTRODUO

    1. PROPSITO

    Esta publicao destina-se a proporcionar os conhecimentos bsicos sobre as

    tcnicas, as tticas e os procedimentos individuais e das pequenas fraes de tropa,

    necessrios ao Fuzileiro Naval (FN) no desempenho de suas funes de natureza operativa,

    nos primeiros postos ou graduaes da carreira.

    2. DESCRIO

    Esta publicao est dividida em 19 captulos e 8 anexos que enfocam desde a

    organizao das unidades operativas do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) at o treinamento

    fsico especializado do combatente anfbio, incluindo, entre outros de mesma importncia, as

    tcnicas individuais de combate, o grupo de combate (GC) e a esquadra de tiro (ET),

    patrulhas, apoio logstico e o controle de distrbios civis.

    3. RECOMENDAO

    Sua destinao primordial apoiar o desenvolvimento dos currculos dos Cursos de

    Formao de Soldados (C-FSD), Especializao (C-Espc), na parte comum a todas as

    especialidades, e o de Aperfeioamento de Sargentos (C-Ap), bem como a formao e

    especializao de oficiais FN na Escola Naval, no Centro de Instruo Almirante Wandencolk

    e no Curso de Especializao de Guerra Anfbia (C-EspGAnf), respectivamente.

    4. CLASSIFICAO

    Esta publicao classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicaes

    da Marinha, como: Publicao da Marinha do Brasil (PMB), no controlada, ostensiva, bsica

    e manual.

    5. SUBSTITUIO

    Esta publicao substitui a CGCFN-1103 - Manual do Combatente Anfbio, 1 reviso,

    aprovada em 31 de maio de 2006, preservando seu contedo, que ser adequado ao previsto no

    Plano de Desenvolvimento da Srie CGCFN (PDS-2008), quando de sua prxima reviso.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-1 - ORIGINAL

    CAPITULO 1

    ORGANIZAO

    1.1 - GENERALIDADES

    Este captulo apresenta a organizao das tropas operativas do CFN, constitudas pelas

    foras e unidades subordinadas Fora de Fuzileiros da Esquadra (FFE), e pelos

    Grupamentos de Fuzileiros Navais (GptFN), estes subordinados aos Distritos Navais.

    1.2 - FORA DE FUZILEIROS DA ESQUADRA

    A FFE uma fora organizada, treinada e equipada, cuja misso : desenvolver

    operaes terrestres de carter naval, a fim de contribuir para a aplicao do Poder

    Naval Brasileiro. Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.1 - Fora de Fuzileiros da Esquadra

    1.3 - DIVISO ANFBIA (DivAnf)

    A DivAnf tem por finalidade organizar e empregar Grupamentos Operativos de

    Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) que transcendam o nvel do Comando da Tropa de

    Desembarque (CmdoTrDbq), bem como contribuir para a formao dos GptOpFuzNav

    por ele empregados.

    Apresenta a seguinte organizao:

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-2 - ORIGINAL

    Fig 1.2 - Diviso Anfbia

    1.3.1 - Base de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador (BFNIG)

    A BFNIG tem a finalidade de contribuir para o aprestamento dos meios da DivAnf,

    provendo infra-estrutura s suas unidades subordinadas.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.3 - Base de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador

    1.3.2 - Batalho de Infantaria de Fuzileiros Navais (BtlInfFuzNav)

    O BtlInfFuzNav tem a finalidade de realizar operaes terrestres de carter naval,

    integrando GptOpFuzNav.

    O BtlInfFuzNav estruturado como Unidade de Combate, equilibrada em elementos

    de manobra e de apoio de fogo, sendo especialmente organizado, equipado e

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-3 - ORIGINAL

    adestrado para operaes terrestres de carter naval.

    O BtlInfFuzNav reforado por elementos de apoio ao combate e de apoio de servio

    ao combate constitui, na FFE, a unidade ttica bsica para o combate terrestre

    aproximado.

    No quadro das operaes anfbias, o BtlInfFuzNav atua enquadrado em um

    GptOpFuzNav, assume a organizao para o desembarque, sendo ento empregado

    como ncleo de um Grupamento de Desembarque de Batalho (GDB),

    desembarcando por superfcie ou helitransportado para realizar as aes iniciais em

    terra de acordo com o conceito da operao.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.4 - Batalho de Infantaria de Fuzileiros Navais

    1.3.3 - Batalho de Artilharia de Fuzileiros Navais (BtlArtFuzNav)

    O BtlArtFuzNav tem a finalidade de apoiar pelo fogo as manobras dos

    GptOpFuzNav. Para cumprir a sua finalidade, o BtlArtFuzNav deve:

    - apoiar as unidades de infantaria em primeiro escalo, por meio de suas baterias,

    usualmente colocadas em apoio direto, de forma a dar uma pronta resposta aos

    pedidos de apoio de fogo; e

    - apoiar, como um todo, os GptOpFuzNav, de modo a possibilitar ao comando destes

    influenciar a manobra pelo fogo.

    O BtlArtFuzNav uma unidade de apoio ao combate (ApCmb), especialmente

    organizada, equipada e adestrada para emprego em operaes anfbias e em outras

    operaes terrestres de carter naval. Em algumas situaes, visando tambm prover

    o apoio de fogo, como nos movimentos helitransportados, nos Grupamentos

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-4 - ORIGINAL

    Operativos Mecanizados (GptOpMec) e em apoio aos GptOpFuzNav nucleados por

    tropas de escalo menor do que BtlInfFuzNav, quando em aes isoladas ou

    independentes, poder ser ativada a Bateria de Morteiros 120mm (BiaMrt120mm). A

    sua guarnio ser constituda pelos integrantes de uma das BiaO105mm.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.5 - Batalho de Artilharia de Fuzileiros Navais

    1.3.4 - Batalho de Controle Aerottico e Defesa Antiarea (BtlCtAetatDAAe)

    O BtlCtAetatDAAe tem a finalidade de prover os meios para o controle areo e para

    o desdobramento em terra de meios areos, bem como realizar a defesa antiarea dos

    GptOpFuzNav.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.6 - Batalho de Controle Aerottico e Defesa Antiarea

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-5 - ORIGINAL

    1.3.5 - Batalho de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav)

    O BtlBldFuzNav tem a finalidade de integrar os GptOpFuzNav com carros de

    combate e viaturas blindadas, conferindo-lhes maior poder de fogo, capacidade de

    manobra ampliada, proteo blindada, melhores condies de desenvolver a defesa

    anticarro e meios para realizar aes de reconhecimento e segurana.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.7 - Batalho de Blindados de Fuzileiros Navais

    1.3.6 - Batalho de Comando e Controle (BtlCmdoCt)

    O BtlCmdoCt tem a finalidade de prover o apoio s atividades de inteligncia de

    sinais, comando e controle aos GptOpFuzNav. Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.8 - Batalho de Comando e Controle

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-6 - ORIGINAL

    1.4 - TROPA DE REFORO (TrRef)

    A TrRef tem a finalidade de prover elementos de ApCmb e apoio de servios ao

    combate (ApSvCmb) aos GptOpFuzNav, para a realizao de operaes anfbias e

    outras operaes terrestres de carter naval.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.9 - Tropa de Reforo

    1.4.1 - Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores (BFNIF)

    A BFNIF tem a finalidade de contribuir para o aprestamento dos meios da TrRef,

    provendo infra-estrutura s suas unidades subordinadas sediadas na Ilha das Flores.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.10 - Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-7 - ORIGINAL

    1.4.2 - Companhia de Polcia (CiaPol)

    A CiaPol tem a finalidade de prover a segurana interna dos Postos de Comando

    (PC) dos GptOpFuzNav e escoltas; guarnecer Postos de Coleta de Prisioneiros de

    Guerra (PColPG); guarnecer Postos de Coleta de Extraviados (PColExtv); e

    controlar o trnsito nos eixos de deslocamentos. Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.11 - Companhia de Polcia

    1.4.3 - Companhia de Apoio ao Desembarque (CiaApDbq)

    A CiaApDbq tem a finalidade de prover os meios para o apoio ao desembarque por

    superfcie e/ou helicptero dos GptOpFuzNav.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.12 - Companhia de Apoio ao Desembarque

    1.4.4 - Batalho de Viaturas Anfbias (BtlVtrAnf)

    O BtlVtrAnf tem a finalidade de contribuir no movimento navio-para-terra (MNT),

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-8 - ORIGINAL

    apoiar a manobra em terra e prover transporte de carter logstico aos GptOpFuzNav.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.13 - Batalho de Viaturas Anfbias

    1.4.5 - Batalho Logstico de Fuzileiros Navais (BtlLogFuzNav)

    O BtlLogFuznav tem a finalidade de prover o apoio de abastecimento de todas as

    classes de suprimentos, apoio de sade de campanha, os servios de manuteno de

    segundo escalo, apoio administrativo em campanha e o transporte motorizado aos

    GptOpFuzNav.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.14 - Batalho Logstico de Fuzileiros Navais

    De acordo com o tipo de grupamento constitudo, o BtlLogFuzNav pode ser

    empregado como um todo ou mediante a utilizao de parcelas de sua estrutura,

    organizadas por tarefas, constituindo o ncleo ou a totalidade da organizao por

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-9 - ORIGINAL

    tarefas de ApSvCmb.

    capaz de prover, por meio das suas subunidades, uma variada gama de servios

    atinentes s diversas funes logsticas.

    1.4.6 - Batalho de Engenharia de Fuzileiros Navais (BtlEngFuzNav)

    O BtlEngFuzNav tem a finalidade de prover apoio ao combate e de apoio de servios

    ao combate aos GptOpFuzNav, respectivamente, por meio do apoio cerrado,

    aumentando a mobilidade, a capacidade de medidas de proteo destes

    Grupamentos; reduzindo a mobilidade das foras inimigas; e provendo limitado

    apoio de engenharia de retaguarda e servios para melhoria das condies de bem

    estar da tropa.

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.15 - Batalho de Engenharia de Fuzileiros Navais

    1.5 - BATALHO DE OPERAES ESPECIAIS DE FUZILEIROS NAVAIS

    (BtlOpEspFuzNav)

    O BtlOpEspFuzNav tem a finalidade de destruir ou danificar alvos relevantes em reas

    defendidas, capturar ou resgatar pessoal ou material, retomar instalaes, obter

    informaes, despistar e produzir efeitos psicolgicos.

    Para cumprir a sua finalidade, o BtlOpEspFuzNav deve:

    - realizar operaes especiais, tais como: aes de comandos e incurses;

    - participar de operaes anfbias e ribeirinhas;

    - realizar operaes de contra-reconhecimento; e

    - executar aes de reconhecimento anfbio/terrestre e reconhecimento profundo com

    elementos pra-quedistas e mergulhadores autnomos.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-10 - ORIGINAL

    Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.16 - Batalho de Operaes Especiais de Fuzileiros Navais

    1.6 - COMANDO DA TROPA DE DESEMBARQUE (CmdoTrDbq)

    O CmdoTrDbq tem a finalidade de prover o componente de comando (CteC) dos

    GptOpFuzNav at o nvel Unidade Anfbia (UAnf) e nuclear o componente de combate

    terrestre (CCT) de uma Brigada Anfbia (BAnf). Apresenta a seguinte organizao:

    Fig 1.17 - Tropa de Desembarque

    1.7 - BASE DE FUZILEIROS NAVAIS DO RIO MERITI (BFNRM)

    Tem por finalidade contribuir para o aprestamento dos meios da FFE, provendo infra-

    estrutura em apoio s unidades aquarteladas na sua rea de jurisdio.

    Apresenta a seguinte organizao:

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-11 - ORIGINAL

    Fig 1.18 - Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti

    1.8 - FUZILEIROS NAVAIS NOS DISTRITOS NAVAIS

    Os Grupamento de Fuzileiros Navais (GptFN) e o Batalho de Operaes Ribeirinhas

    (BtlOpRib), subordinados aos Distritos Navais, so Unidades operativas destinadas a

    prover a segurana de instalaes navais, bem como conduzir operaes limitadas,

    compatveis com seus efetivos. Esto localizados nas cidades sede dos Distritos Navais.

    Fig 1.19 - Fuzileiros Navais nos Distritos Navais

    Os GptFN so organizados segundo as peculiaridades da rea onde se encontram,

    variando, portanto, a composio e estruturao de cada grupamento.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 1-12 - ORIGINAL

    Fig 1-20 - Grupamento de Fuzileiros Navais

    1.9 - BATALHO DE OPERAES RIBEIRINHAS

    Localizado na cidade de Manaus, o BtlOpRib tem a seguinte misso: realizar

    Operaes Ribeirinhas, prover guarda e proteo s instalaes navais e civis de

    interesse da MB na regio, realizar aes de Segurana Interna e formar Reservistas

    Navais, a fim de contribuir para a segurana da rea sob jurisdio do 9 Distrito Naval

    e para a garantia do uso dos rios Solimes, Amazonas e das hidrovias secundria

    atingveis a partir da calha principal desses rios.

    Alm das tarefas previstas na misso, o BtlOpRib cumpre ainda:

    - prover apoio de segurana s Inspees Navais; e

    - ministrar o Curso Expedito de Operaes Ribeirinhas.

    Fig 1-21 - Batalho de Operaes Ribeirinhas

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-1 - ORIGINAL

    CAPTULO 2

    CARACTERSTICAS DE UMA REA DE OPERAES

    2.1 - GENERALIDADES

    O estudo das caractersticas da rea de operaes (AOp), visando sua utilizao nas

    operaes militares, um assunto de elevada importncia para os combatentes anfbios.

    A histria est repleta de exemplos de batalhas perdidas ou ganhas por influncia nica

    e exclusiva do terreno. Linhas de Ao, formao de tropas, localizao das armas,

    posies a serem defendidas e etc. Vrias destas decises so grandemente

    influenciadas pelo terreno ou quando no ditadas totalmente por ele. O terreno o

    tabuleiro onde os oponentes se defrontam. Todo comandante, de qualquer escalo, leva

    em considerao, para tomar suas decises, fundamentalmente, alguns fatores:

    MISSO - fator bsico - o que dirige, ilumina e direciona as aes e seu

    planejamento; o INIMIGO - a incgnita - por mais que se busque informaes no se

    pode conhecer sua vontade portanto, no h como saber suas intenes e mesmo que se

    as suponha no seria confivel raciocinar em cima delas; MEIOS - os braos - tudo

    aquilo utilizado para cumprir as tarefas impostas, sendo tambm bastante variveis;

    TEMPO DISPONVEL - a moldura - est ligado prpria misso e, normalmente,

    ser imposto; finalmente, o TERRENO, que ser sempre constante e influenciar todos

    os outros fatores de uma maneira ou de outra.

    O estudo do terreno uma anlise dos acidentes naturais e artificiais da rea de

    operaes, envolvendo tambm as conseqncias dos efeitos das condies climticas e

    meteorolgicas sobre estes acidentes, com vistas a determinar sua influncia nas

    operaes militares dos contendores.

    O terreno exerce influncia sobre a ttica e a logstica. A ttica de uma campanha deve

    levar em considerao as barreiras impostas por pntanos, rios e lagos maiores,

    montanhas e bosques. J para as necessidades logsticas, dentro do estudo, dar-se-

    nfase s redes de estradas, vias fluviais, centros urbanos e de comunicaes, etc.

    No ataque, a utilizao adequada do terreno pode aumentar a eficincia do fogo e

    diminuir as perdas. As elevaes dominantes formam o ncleo do sistema de

    observao, o qual, por sua vez, determinar a eficcia das armas de apoio, facilitar o

    controle das foras atacantes, a seleo dos objetivos e o estabelecimento de medidas de

    segurana. O terreno acidentado, os bosques densos, as reas urbanizadas, os grandes

    aclives dificultam o emprego ofensivo das unidades blindadas, porm fornecem coberta

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-2 - ORIGINAL

    e abrigo s unidades de infantaria. A transitabilidade do solo, influenciado pelas

    condies do tempo, poder ser determinante na escolha do tipo de formao para o

    ataque ou nas vias de acesso a serem mobiliadas.

    A natureza do terreno , ainda, fator importante que influenciar o comandante na

    tomada de sua deciso quanto ao tipo de defesa que empregar: se de rea ou mvel, de

    acordo com o grau de influncia que o terreno exercer sobre a capacidade de manobra

    dos contendores. Deste estudo sairo, ainda, valiosos indcios quanto s provveis zonas

    de reunio (ZReu) inimigas, postos de observao (PO), posies das armas de apoio,

    vias de acesso para blindados, etc.

    A profundidade do estudo ser ditada pela misso e pelo escalo que planeja. Um

    comandante de grupo de combate (GC) ver o terreno de uma maneira e assim alguns

    acidentes oferecero ou no vantagens para o cumprimento de suas tarefas, ao passo que

    um comandante de batalho (Btl) ver com outros olhos o mesmo terreno abordado.

    Alm disso, quem defende utilizar o terreno de uma forma bastante diversa de quem

    ataca.

    O estudo do terreno ser sempre realizado antes das estimativas de Estado-Maior e

    somente ser precedido pela anlise da misso, realizada pelo comandante. Esse estudo

    concorrer, ainda, para vrias concluses que sero passadas ao Estado-Maior, como

    orientaes para o planejamento.

    Por fim, ao avaliar o terreno e suas influncias, com base nos conceitos disseminados

    nesta publicao, deve-se ter em mente que o estudo no baseado em REGRAS e sim

    em PRINCPIOS, os quais, quando inteligentemente aplicados, em cada situao,

    conduziro a uma soluo para o problema. O conhecimento e a aplicao desses

    princpios, por si s, no so suficientes, eles devero ser perfeitamente entendidos em

    sua essncia, de modo que quando existir a necessidade de viol-los, o planejador o far

    de maneira inteligente, ponderada e, muitas vezes, at surpreendendo o inimigo.

    2.2 - ASPECTOS MILITARES DO TERRENO

    O terreno sempre foi considerado como um dos fatores da deciso na guerra terrestre,

    no s devido influncia da natureza do solo e dos acidentes naturais - elevaes,

    depresses, cursos de gua, bosques, florestas, campinas, etc. - como pelos elementos

    artificiais, tais como vias de transporte, obras de arte, localidades, portos, aeroportos,

    etc.

    O terreno tem imensa influncia na aplicao do poder de combate, uma vez que

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-3 - ORIGINAL

    representa o cenrio onde as operaes ocorrero. Aquele que realizar uma adequada

    avaliao para sua utilizao poder assegurar para si substancial vantagem em relao

    ao seu oponente.

    A natureza da misso e o escalo considerado determinaro o enfoque sob o qual o

    estudo do terreno dever ser conduzido. Por exemplo, comandantes de subunidades e

    fraes preocupam-se com matas densas, pequenos cursos de gua e pequenas

    elevaes; enquanto que comandantes de unidades e escales superiores preocupam-se,

    principalmente, com redes de estradas, vales, linhas de crista, compartimentos, etc.

    Quer no ataque, quer na defesa, um estudo ttico do terreno deve ser executado, no s

    do ponto de vista do lado amigo, como do ponto de vista do inimigo. Cada comandante

    deve procurar entender o terreno como seu oponente o v, de modo a antecipar que

    influncia exercer sobre os planos de ambos.

    Alm de seus aspectos topogrficos - relevo, linhas dgua, vegetao, natureza do solo,

    vias de transporte, instalaes, etc., o terreno deve ser analisado de acordo com o seu

    valor militar, segundo seus aspectos tticos: observao e campos de tiro; cobertas e

    abrigos; obstculos; acidentes capitais; e vias de acesso (OCOAV).

    2.2.1 - Conceituao dos aspectos tticos

    No intuito de facilitar o entendimento deste captulo, so a seguir apresentados os

    conceitos pertinentes aos aspectos tticos do terreno. Assim, quando se falar das

    caractersticas da rea de operaes, poder-se- recorrer a estes aspectos tticos que

    so, na essncia, a motivao de todo o estudo.

    a) Observao e campos de tiro

    Tanto o atacante como o defensor tentar tirar o mximo proveito do terreno para

    que possam ter a mais profunda observao e, ao mesmo tempo, dificultar a do

    inimigo. A observao diz respeito influncia do terreno na capacidade de

    exercer vigilncia sobre determinada rea ou outra tropa. Em geral, o ponto mais

    alto determina uma melhor observao, mas nem sempre isso ocorre, uma vez que

    o prprio relevo poder estabelecer ngulos mortos e reas desenfiadas. A escolha

    dos PO ser precedida de um estudo baseado em reconhecimentos, nos perfis

    topogrficos verificados em cartas ou no exame estereogrfico de fotografias

    reas. A observao essencial para a realizao de fogo eficaz sobre o inimigo,

    para o controle da manobra das tropas amigas, bem como para negar surpresa ao

    inimigo. Quanto observao, o terreno mais vantajoso aquele que permite

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-4 - ORIGINAL

    tanto a observao em profundidade (das reas ocupadas pelo inimigo) quanto a

    aproximada, que visa a perceber a presena de elementos hostis nas imediaes da

    prpria posio. Habitualmente, a observao profunda, ou afastada,

    proporcionada por pontos prximos crista topogrfica e a observao

    aproximada em posies mais baixas em torno da crista militar. Estar na faixa da

    observao aproximada todo o terreno do ponto estao at a distncia de 1800 a

    2000m (alcance mdio de uma metralhadora leve). A faixa do terreno de 2000 at

    4000m est no mbito da observao afastada (distncia limite para conduo de

    fogos pelo observador de artilharia).

    O campo de tiro uma rea em que uma arma ou um grupo de armas pode cobrir,

    eficazmente, com fogo desde uma determinada posio. Quando se considera o

    terreno no tocante aos campos de tiro, o tipo de arma determinar quais os fatores

    exercero maior ou menor influncia. Variaes sero notadas ao se analisar a

    execuo do tiro para as armas de tiro com trajetria tensa, a conduo dos fogos

    das armas de tiro com trajetria curva e o lanamento de msseis. Embora a

    observao seja essencial, nem sempre o melhor PO ser o melhor local para o

    posicionamento das armas. Cabe ressaltar que a anlise da observao aproximada

    est intimamente ligada execuo dos fogos das armas de tiro tenso, a da

    observao afastada conduo dos fogos das armas de tiro de trajetria curva e a

    da observao direta, sem se vincular necessariamente a um PO, ao lanamento de

    msseis.

    b) Cobertas e abrigos

    Coberta a proteo contra a observao e abrigo a proteo quanto aos efeitos

    dos fogos. O terreno deve ser utilizado de forma a assegurar a mxima utilizao

    das cobertas e dos abrigos. O terreno sob controle do inimigo tambm ser

    estudado para determinar como as cobertas e abrigos a ele proporcionados

    podero ser anulados. No ataque, sero procurados itinerrios cobertos e

    abrigados que conduzam s posies inimigas de forma a reduzir ao mnimo o

    nmero de baixas e obter surpresa. Na defesa, as cobertas e os abrigos sero

    utilizados no s em benefcio dos abrigos individuais como na ocultao da

    fisionomia da frente, com vistas a surpreender (novamente) a tropa atacante.

    Quando se analisa o terreno do ponto de vista do abrigo que proporcionar, devem

    ser consideradas as caractersticas de todas as armas do inimigo. Isto inclui seus

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-5 - ORIGINAL

    alcances, tipos de munio e quantidade de peas. A topografia o principal fator

    que influi no abrigo. Os vales e as elevaes, de maneira geral, sero massas

    cobridoras que proporcionaro abrigo contra as armas de tiro tenso. Pequenos

    efetivos se valero de crregos, dobras do terreno, cortes de estradas, etc. O

    abrigo contra os fogos das armas de tiro de trajetria curva ser normalmente de

    difcil obteno. Os acidentes do terreno que oferecem abrigo proporcionam

    tambm coberta contra a observao terrestre. Quanto mais irregular o terreno,

    mais cobertas ele ir proporcionar. Pequenos escales se preocupam com a

    cobertura individual e dos veculos, armas e posies. medida que sobe o

    escalo, a anlise recai sobre a necessidade de cobertura dos postos de comando

    (PC), instalaes de apoio de servios ao combate (ApSvCmb) e grandes

    movimentos.

    c) Obstculos

    Obstculos (Obt) so acidentes do terreno, naturais ou artificiais, que: impedem,

    retardam, canalizam ou dissociam o movimento de tropas em uma AOp. Os Obt

    impeditivos so aqueles que por suas caractersticas impedem a tropa afetada de

    cumprir as tarefas impostas no tempo disponvel; ou seja, a tropa poder at

    transpor o obstculo, porm, calculada a cinemtica das aes, concluir-se que a

    mesma no chegar a tempo, no local devido. Os Obt que retardam, diminuem a

    velocidade de avano em maior ou menor grau. O canalizador procura fazer com

    que a tropa que com ele se depara escoe na direo desejada pelo inimigo e no na

    direo que vinha mantendo. O que ocorre que h uma tendncia natural da

    tropa escoar numa direo paralela ao Obt at conseguir ultrapass-lo. Diz-se

    que um Obt dissocia a tropa quando esta fica dividida; ou seja, parcela

    considervel de seu efetivo em um bordo do obstculo e o restante no outro bordo.

    Como j mencionado, os obstculos podem ser naturais ou artificiais. Os naturais

    so todos aqueles que j estavam presentes no terreno antes das operaes

    militares se iniciarem, a includos os rios, lagos, vegetao, edificaes, cortes de

    estradas, etc. Os artificiais so aqueles que foram construdos com fins militares;

    so eles os campos minados, abatises e toda sorte de barreiras. Os Obt devem

    estar intrinsicamente ligados ao Plano de Defesa e ao Plano de Apoio de Fogo,

    pois de nada valer um Obt se o mesmo no for batido por fogos.

    d) Acidentes capitais

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-6 - ORIGINAL

    Acidente capital (AcdtCap) qualquer acidente no terreno cuja posse, conquista,

    manuteno ou controle, assegure uma vantagem marcante a qualquer um dos

    contendores. Contudo, se algo no terreno oferea vantagem somente ao inimigo,

    mesmo assim ser assinalado como acidente capital. Convm ressaltar que a todo

    AcdtCap marcado dever corresponder uma ao da tropa que o marque, haja

    vista que se deve, ao menos, negar ao inimigo aquela vantagem. Uma vez que

    vantagem marcante no um termo preciso, necessrio ter muito critrio na

    marcao. Nem toda elevao ser um AcdtCap, nem s elas sero assinaladas

    como AcdtCap. A marcao dos AcdtCap variar de acordo com o escalo que

    realiza o estudo.

    e) Vias de acesso

    Via de acesso (VA) uma faixa no terreno, varivel com o escalo considerado,

    que permite ou favorece o movimento de determinada tropa em direo a um

    AcdtCap. As VA sero selecionadas levando-se em considerao principalmente a

    natureza da tropa que ir empreg-la e o efetivo que mobiliar aquela faixa do

    terreno. As VA so assinaladas e analisadas, em relao s peas de manobra do

    escalo considerado. Um batalho de infantaria selecionar e analisar as VA de

    valor Companhia, esta, por sua vez, selecionar e analisar as de Peloto. Da

    definio pode-se inferir que estradas, trilhas, caminhos etc. no constituem VA

    sob o ponto de vista militar, podendo, ou no, to-somente valorizar as VA.

    2.2.2 - Formas bsicas do terreno.

    A maioria dos acidentes geogrficos da superfcie terrestre resulta da eroso pela

    ao dos ventos, desgaste pelo degelo e drenagem da gua dos terrenos altos para os

    terrenos baixos. Assim, na maior parte das regies em que o terreno foi conformado

    pela ao das guas pluviais, apresenta a forma mais conveniente ao escoamento das

    mesmas. A superfcie da Terra, geralmente arredondada, pode ser substituda, para

    fins de interpretao esquemtica, por tantos planos tangentes quantos necessrios

    conservao aproximada do aspecto cncavo ou convexo que lhe prprio. Esses

    planos denominam-se encostas ou vertentes, pois que, no terreno, as guas

    efetivamente vertem ao longo delas. Vertente ou encosta , portanto, uma superfcie

    inclinada do terreno que forma um ngulo com o plano horizontal. Este grau de

    inclinao ser chamado de declive ou declividade.

    a) Formas simples ou elementares

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-7 - ORIGINAL

    I) Encostas

    So elementos que podem exercer acentuada influncia quanto observao,

    aos campos de tiro ou mesmo constiturem obstculos progresso. Assim, as

    encostas que tm sua crista militar numa posio dominante favorecem a

    observao; as encostas de declive suave e uniforme apresentam boas

    condies rasncia das armas de tiro de trajetria tensa; e, finalmente, as

    encostas ngremes podem constituir obstculos aos elementos mecanizados ou

    mesmo progresso de tropas a p.

    Tipos de vertentes ou encostas - so trs os tipos: as planas, as cncavas e as

    convexas.

    A encosta plana ou uniforme aquela que apresenta uma declividade

    constante. representada na carta por curvas de nvel igualmente espaadas.

    As encostas suaves tm curvas de nvel bem espaadas entre si, as ngremes, ao

    contrrio, so prximas (Fig 2.1)

    Fig 2.1 - Encosta plana ou uniforme

    A encosta convexa abaulada. A declividade aumentar medida que o

    terreno na elevao perde altura. As curvas de nvel so bem espaadas na

    crista e prximas no sop (Fig 2.2a)

    A encosta cncava tem sua curvatura voltada para cima. Ou seja a declividade

    diminui medida que se aproxima da base. Neste caso, as curvas de nvel so

    mais prximas na crista e mais afastadas no sop (Fig 2.2b).

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-8 - ORIGINAL

    Fig 2.2 - Encostas convexa (a) e cncava (b)

    As encostas sempre se ligam duas a duas. Se esta ligao um ngulo

    convexo, a encosta desse ngulo ser dominante e divisora de guas, formando

    uma linha de crista, de festo, linha de cumeada ou divisora de guas; se a

    ligao cncava ou dominada pelas encostas ser formada a linha de fundo,

    linha de reunio de guas ou talvegue. No caso da linha de crista, h dois

    conceitos importantes a esclarecer. O segmento mais alto da linha de crista ser

    chamado de crista topogrfica, j a crista militar ser o ponto da linha de crista

    que proporciona comandamento sobre todo o terreno frente da elevao, sem

    a presena de ngulos mortos. Poder coincidir com a crista topogrfica ou

    no. Nas encostas planas ou cncavas isto poder acontecer, j na convexa

    dificilmente.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-9 - ORIGINAL

    Fig 2.3 - Desenfiamento - crista militar

    As linhas de crista constituem as regies dominantes do terreno, ao longo das

    quais se pode ter observao contnua e profunda. Quando paralelas direo

    de movimento tornam-se acessos favorveis progresso da tropa,

    constituindo a linha seca e definindo uma compartimentao longitudinal no

    terreno. Quando dispostas em sentido transversal progresso de uma tropa,

    limitam a observao, mas servem, por outro lado, como massa cobridora,

    sendo favorveis defesa. Nesse segundo caso, as linhas de crista definem uma

    compartimentao transversal no terreno (Fig 2.4).

    Fig 2.4 - Linha de crista

    As linhas de fundo so ravinas ou linhas dgua, formadas pela linha inferior

    da vertente (encosta). So elementos naturalmente desenfiados, razo pela qual

    podem ser aproveitados militarmente em funo da proteo que oferecem (Fig

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-10 - ORIGINAL

    2.5).

    Fig 2.5 - Linhas de fundo

    A ligao de duas vertentes em ngulo convexo pode dar origem a trs formas

    bsicas do terreno: o espigo, a garupa e o esporo. Elas devem ser estudadas

    em funo da elevao a que pertencem. Tanto podem constituir um acesso

    favorvel ao movimento, como um elemento de dissociao, em face de sua

    altitude, facilidade de acesso, configurao, etc.

    O espigo a forma do terreno em que as vertentes so ngremes e uniformes.

    O ngulo por elas formado agudo, levando a uma representao das curvas de

    nvel cuneiforme, pontuda (Fig 2.6).

    Fig 2.6 - Espigo

    A garupa a forma do terreno em que as encostas so convexas. O ngulo

    entre elas obtuso, dando origem a uma linha de crista abaulada, sendo as

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-11 - ORIGINAL

    curvas de nvel representadas com formato arredondado (Fig 2.7).

    Fig 2.7 - Garupa

    O esporo a forma do terreno caracterizada por uma linha de crista com uma

    inflexo, ou seja, apresentando uma elevao de menor porte mais prxima ao

    sop (Fig 2.8).

    Fig 2.8 - Esporo

    Da reunio das vertentes surgiro ainda os seguintes elementos:

    A ravina, que um sulco ou mordedura na encosta da elevao, provocada pela

    ligao lateral de duas vertentes; normalmente servir como linha de reunio

    de guas. s vezes as ravinas correm de alto a baixo da elevao, fazendo com

    que a curva de nvel mais alta sofra as mesmas inflexes da mais baixa. A essa

    ravina mais alongada d-se tambm o nome de fundo.

    O n de crista o elemento resultante da reunio de vrias linhas de festo no

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-12 - ORIGINAL

    topo de uma elevao.

    b) Formas Isoladas

    I) Mamelo

    Tipo de elevao em que as vertentes so arredondadas e uniformes.

    Pela sua forma, suas encostas permitem, normalmente, ampla observao em

    qualquer direo (Fig 2.9).

    Fig 2.9 - Mamelo

    II) Colina

    Diferentemente do mamelo, a colina se alonga segundo uma direo definida.

    A colina tanto se presta instalao de armas e rgos de defesa, como pode

    valorizar uma via de acesso, se utilizada em funo do sentido de sua maior

    dimenso, quando esta se confunde com a direo de ataque, embora, algumas

    vezes, possa ser elemento dissociador desse ataque. Quando sua maior

    dimenso perpendicular direo do ataque, favorece ao defensor,

    instalao de armas e rgos de defesa (Fig 2.10).

    Fig 2.10 - Colina

    Assim, a colina difere do mamelo por ter formato alongado segundo uma

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-13 - ORIGINAL

    direo. Sua linha de crista, normalmente, tende a abaular-se, formando uma

    espcie de cela.

    As elevaes isoladas podem se apresentar, na sua parte superior, em forma de

    pico, zimbrio ou plat.

    Fig 2.11 - Pico, Zimbrio e Plat

    III) Quanto ao porte, as formas isoladas podem ser assim classificadas:

    - Montes - elevaes considerveis, geralmente abruptas, destacando-se do

    solo circunvizinho. Graficamente so representados por curvas de nvel que

    se fecham e mantm uma curvatura mais ou menos uniforme;

    - Morro - o mais comum, de porte mais modesto, quase sempre com a parte

    superior arredondada, em forma de zimbrio;

    - Outeiro - so ainda de menor porte que as colinas, se assemelhando,

    entretanto, a elas. Sua principal caracterstica, porm, a de se apresentar

    isolado nas plancies e planaltos; e

    - Dobras - so elevaes alongadas, cuja altura no atinge a cota da menor

    curva de nvel da carta considerada, capaz de furtar tropa da observao

    terrestre inimiga.

    c) Formas grupadas

    I) Montanha

    Termo genrico que exprime um aglomerado de elevaes de forma e natureza

    diferentes, numa extenso mais ou menos considervel, em que o comprimento

    excede a largura. A curvas de nvel que as representam, embora tambm

    fechadas, tm altura muito varivel e ocupam no desenho mais espao que as

    representativas dos montes.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-14 - ORIGINAL

    II) Cordilheira

    uma srie de montanhas que se sucedem numa grande extenso, sempre na

    mesma direo, dando origem a grandes linhas de cumeada e donde, em geral,

    se destacam, no sentido mais ou menos paralelo ao da direo principal,

    montanhas alongadas denominadas contrafortes, das quais, por sua vez, se

    destacam, em grande nmero, contrafortes secundrios ou espiges.

    III) Cadeia de montanhas

    So montanhas contguas, de forma mais ou menos alongada, que ocupam

    grande superfcie.

    IV) Serra

    Montanha de forma muito alongada, em cuja parte elevada aparecem pontos

    salientes, culminantes, em forma de dentes de serra, denominados vrtices,

    cumes ou cimos, em forma de picos ou agulhas.

    V) Macio

    um agrupamento de elevaes que se ramificam de diversas maneiras, em

    qualquer sentido, apresentando o aspecto de um crculo de elevaes em torno

    de um ponto culminante central.

    VI) Planalto

    Superfcie mais ou menos extensa e regular, situada a grande altura em relao

    do nvel do mar, em geral ondulada, com declividades suaves e algumas vezes

    acidentada, porm acessveis. Quando o planalto de grande extenso,

    chamado de chapada.

    As montanhas paralelas direo de progresso de uma tropa podem limitar ou

    impedir os movimentos laterais, porm protegem os flancos. As perpendiculares

    essa direo, so obstculos para o atacante e favorecem ao defensor.

    Quando as operaes se desenvolvem em terreno montanhoso, muitas vezes

    tomam carter especial, exigindo tropas e equipamentos especializados.

    d) Depresses

    As depresses so as formas opostas s elevaes e para onde vo ter as guas que

    se escoam das vertentes que as cercam e formam. Algumas depresses, embora

    raramente se apresentem isoladas e sem escoamento para as guas, tm forma de

    cume invertido e recebem a denominao de cuba, servindo em geral como fundo

    dos lagos.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-15 - ORIGINAL

    Vales - nome genrico de depresso que serve de leito para escoamento das guas,

    com a forma de sulcos alongados e sinuosos, de profundidade e largura variveis.

    Desfiladeiro - uma passagem mais ou menos longa, entre duas elevaes, cujas

    vertentes se prestam a uma organizao do terreno capaz de barrar a progresso

    inimiga, por ser uma passagem natural de tropas, ou ainda suscetvel de ter essa

    passagem impedida por uma posio defensiva localizada em um movimento do

    terreno que a enfie. As elevaes que o formam so de difcil acesso.

    Corredor - caracterizado por uma passagem entre elevaes de extenso

    aprecivel, podendo as elevaes que o forma serem ou no acessveis tropa. Se

    prestam excelentemente para defesa dada a canalizao do movimento para o seu

    interior.

    A garganta uma passagem estreita e curta entre elevaes.

    Fig 2.12 - Cuba, Desfiladeiro, Corredor e Garganta

    e) Plancies

    Forma intermediria entre as elevaes e depresses, so resultantes muitas vezes

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-16 - ORIGINAL

    do aterramento das depresses com detritos provenientes da eroso. So vastas

    extenses de terreno sensivelmente planas, situadas nas regies mais baixas da

    superfcie terrestre. Conforme o aspecto que apresentam e a situao em que se

    encontram, recebem as seguintes denominaes:

    - Vrzea - quando cultivadas ou a isso se prestarem;

    - Charneca - quando alm disso falta gua e vegetao;

    - Descampados - quando muito extensas;

    - Brejo ou Charco - quando baixas, sujeitas s invases das guas pluviais;

    - Baixada - quando situada entre as cubas de grandes elevaes e o mar; e

    - Pampas - so vastas plancies, quase sem relevo, montonas, cobertas por leivas,

    revestidas de prados, baixas e desabrigadas dos ventos.

    As plancies, em geral, diferem dos planaltos pela sua situao em relao ao

    nvel do mar, pois os planaltos nada mais so do que plancies situadas no alto das

    grandes cadeias de montanhas.

    2.2.3 - Classificao do Terreno

    a) Quanto ao relevo

    Plano - quando a diferena de nvel quase nula;

    Ondulado - quando apresenta dobras no superiores a 20 metros;

    Movimentado - quando apresenta elevaes e depresses, prximas umas das

    outras, e de altura entre 20 e 50 metros;

    Acidentado - quando as elevaes variam entre 50 e 100 metros;

    Montuoso - quando apresenta elevaes entre 100 e 1000 metros; e

    Montanhas - Quando as elevaes so superiores a 1000 metros.

    b) Quanto ao aspecto ttico

    I) Quanto s vistas

    Coberto - quando a observao terrestre limitada por obstculos (matas,

    bosques, construes);

    Descoberto - quando oferece vastos horizontes.

    II) Quanto ao movimento de tropa

    Livre - quando no terreno no h obstculo ao movimento de tropa;

    Cortado - quando apresenta obstculos ao movimento, tais como valas, fossos,

    muros, cercas, cursos dgua.

    III) Quanto aos fogos inimigos.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-17 - ORIGINAL

    Desenfiado - quando no pode ser batido pelos fogos diretos do inimigo; e

    Enfiado - quando est sujeito aos fogos inimigos. Diz-se, tambm, batido.

    IV) Quanto vegetao.

    Limpo - a vegetao existente no prejudica o movimento, a observao ou a

    ligao visual entre as tropas amigas; e

    Sujo - quando na situao inversa.

    V) Quanto praticabilidade das operaes militares.

    Praticvel - quando o terreno, na sua conformao geral, se presta ao

    desenvolvimento de uma operao militar; e

    Impraticvel - quando no se presta operao militar em vista.

    2.2.4 - Leis do Modelado

    Estas leis se referem s linhas de talvegue, s vertentes, s linhas de festos, os trs

    principais elementos que modelam o terreno. So regras que nada tm de absoluto,

    todas comportam excees. Variam como variam as superfcies do terreno a que se

    referem, dizem apenas a forma ideal para qual tendem os terrenos normalmente

    constitudos e sujeitos eroso regular das guas. O estudo dessas regras conduzir a

    concluses muito interessantes sobre os aspectos do terreno.

    a) Regras dos talvegues e cursos dgua

    I) De um ponto qualquer do terreno pode-se chegar ao mar sem nunca subir. a

    lei da continuidade dos declives.

    II) A declividade de uma linha de talvegue ou de um curso dgua decresce de

    montante para jusante.

    Fig 2.13 - Declividade de uma linha de talvegue

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-18 - ORIGINAL

    III) Desenvolvendo-se num mesmo plano o perfil de um curso dgua e de seus

    afluentes, a curva perfil desse curso dgua envolver todas as de seus

    afluentes, como conseqncia um rio corre mais em um certo nvel que seus

    afluentes. Assim, uma mesma curva de nvel, na vizinhana e a montante de

    uma confluncia, cortar o curso dgua principal mais longe dessa confluncia

    que o curso dgua secundrio (afluente), ou seja, a mesma curva de nvel

    penetrar mais no vale principal que na ravina lateral que nele desembocar.

    Fig 2.14 - Desenvolvimento de uma curva de nvel

    IV) A declividade nas curvas exteriores de um rio maior que nas interiores.

    De fato, em uma curva de rio a massa dgua agindo sob a influncia da fora

    centrfuga corri a margem exterior, alargando o leito desse rio e, no raras

    vezes, rasgando-lhe novo leito. Na margem interior, a velocidade do rio sendo

    muito menor, ocasiona a sedimentao de aluvies e o conseqente

    abrandamento do declive nessa margem. Assim, as curvas de nvel que

    envolvem uma sinuosidade so habitualmente mais prximas umas das outras

    que as envolvidas pelo curso dgua. Logo a margem situada na parte exterior

    tem comandamento sobre a interna.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-19 - ORIGINAL

    Fig 2.15 - Declives em relao a um curso dgua sinuoso

    Dessa regra surgem dois corolrios:

    - quando um curso dgua se divide em muitos outros sinuosos, formando ilhas

    irregulares, pode-se concluir que o vale largo e o talvegue pouco acidentado

    ou sensivelmente horizontal.

    Fig 2.16 - Vale largo e talvegue pouco acidentado

    - caso o curso dgua seja um brao nico quase retilneo, o vale estreito e o

    talvegue muito pronunciado e de grande inclinao.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-20 - ORIGINAL

    Fig 2.17 - Vale estreito e talvegue muito pronunciado

    V) O ngulo formado por dois talvegues na sua confluncia ser sempre menor

    que 90. Essa regra permite indicar a direo da corrente de um rio.

    Fig 2.18 - Direo da corrente de um rio

    VI) Uma confluncia assinalada geralmente por uma inflexo do curso dgua

    principal no sentido do afluente. Esta inflexo ser to mais pronunciada

    quanto mais importante for o afluente. Ou seja, o afluente muda a calha

    principal na sua direo.

    b) Regra referente s vertentes

    As curvas de nvel de mesma cota se fazem seguir sobre as duas partes de uma

    mesma encosta (vertente), separadas, uma da outra por um vale lateral. a lei da

    continuidade das vertentes.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-21 - ORIGINAL

    Fig 2.19 - Lei da continuidade das vertentes

    Na figura 2.19 as partes ab e cd da vertente no so modificadas pelo trabalho

    do afluente que cravou o leito entre b e c.

    c) Regras referentes s linhas de festo

    I) Uma linha de festo se ligar sempre a uma outra e esta a outra e assim

    sucessivamente.

    Fig 2.20 - Continuidade de uma linha de festo

    II) Quando uma linha de festo separa dois cursos dgua ela se abaixa quando eles

    se aproximam (confluncia) e se eleva quando se afastam. A distncia mxima

    corresponde geralmente a um mamelo ou esporo e a mnima a um colo.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-22 - ORIGINAL

    Fig 2.21 - Linha do festo em relao a dois cursos dgua

    III) Se uma linha de festo separa dois cursos dgua que correm em altitudes

    diferentes, ela estar mais prxima do mais elevado.

    Fig 2.22 - Cursos dgua em nveis diferentes

    IV) Se existirem duas nascentes opostas a uma mesma linha de festo, sobre a linha

    entre as nascentes ocorrer um colo.

    Fig 2.23 - Formao de colos

    V) Sempre ocorrer uma ramificao separando dois talvegues que nascem do

    mesmo lado de uma mesma linha de festo.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-23 - ORIGINAL

    Fig 2.24 - Talvegue de um mesmo lado de uma linha de festo

    VI) Quando uma linha de festo muda de direo, opostamente ao ngulo formado

    ocorrer uma ramificao.

    Fig 2.25 - Mudana de direo de uma linha de festo

    VII) Quando dois cursos dgua descem paralelamente de uma encosta e tomam

    depois direes opostas, a linha que separa os cotovelos indica a depresso

    mais profunda entre as duas vertentes e, portanto, a existncia de um colo.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-24 - ORIGINAL

    Fig 2.26 - Colo resultante de cursos dgua paralelos

    VIII) Quando dois cursos dgua se encontram, a linha de crista do saliente que os

    separa est sensivelmente na direo do prolongamento do curso dgua que

    resulta da juno dos dois.

    Fig 2.27 - Direo nica entre a linha de crista e o curso dgua resultante

    IX) Quando diversos cursos dgua partindo de um ponto central seguem direes

    diversas, h na origem um ponto culminante.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-25 - ORIGINAL

    Fig 2.28 - Ponto culminante na origem de diversos cursos dgua

    2.2.5 - Compartimentao do terreno

    Um compartimento uma rea enquadrada por acidentes do terreno que limitam a

    observao terrestre ou os tiros das armas de trajetria tensa para o seu interior.

    Ao se analisar um compartimento deve-se atentar para o seu interior, para os

    acidentes naturais ou artificiais que o delimitam e para as linhas limites. Estas so

    linhas imaginrias traadas ao longo dos acidentes j mencionados e a partir das

    quais a observao terrestre para o interior do compartimento fica comprometida.

    Os compartimentos so classificados de acordo com:

    - os acidentes que os constituem;

    - suas formas; e

    - a direo de deslocamento da tropa.

    Com relao aos acidentes que os constituem, podem ser:

    - formados pelo relevo, em que as linhas limites situam-se, normalmente, ao longo

    das cristas militares;

    - formados por vegetao ou acidentes artificiais, em que as linhas limites incluem

    parte de suas orlas a uma profundidade que depender da densidade dos mesmos; e

    - formados pela combinao dos anteriores.

    Com relao forma, os compartimentos podem ser simples ou complexos, em que

    um grande compartimento contm em seu interior compartimentos menores.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-26 - ORIGINAL

    Fig 2.29 - Compartimentos formados pelo relevo, bosque e localidade, e complexo

    Quanto direo prevista para o deslocamento da tropa no seu interior, eles sero

    denominados longitudinais ou corredores, quando seu eixo maior coincidir com a

    direo daquele movimento e transversais quando perpendiculares ou oblquos ao

    referido deslocamento.

    Geralmente os compartimentos longitudinais se constituem em vias de acesso

    favorveis, facilitando o ataque e dificultando a defesa. O atacante poder utilizar um

    corredor como via de acesso deslocando-se de dois modos: pelo vale ou pela crista.

    Neste tipo de compartimento, as cristas topogrficas dividem a observao terrestre e

    os campos de tiro das armas de trajetria tensa do defensor, dificultando ou mesmo

    impedindo-o de coordenar e emassar fogos, bem como de obter apoio mtuo. As

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-27 - ORIGINAL

    tropas posicionadas defensivamente nas encostas s dispem de observao para

    frente. Alm disso, perdendo o controle das cristas, o defensor deixa de dispor de

    observao para o interior do compartimento, no podendo, deste modo, coordenar

    os fogos para o seu interior. Por essas razes, os corredores so desfavorveis

    defesa.

    Fig 2.30 - Defesa nos compartimentos longitudinais

    Os compartimentos transversais so propcios defesa e no se constituem em vias

    de acesso favorveis.

    O defensor dispor de boa observao e bons campos de tiro, podendo, ainda,

    realizar a coordenao de fogos e desenvolver apoio mtuo lateralmente e em

    profundidade. Com isto ser estabelecida uma barragem de fogos densa, contnua e

    profunda frente da posio. Adicionalmente, a posio na encosta facilitar o

    desencadeamento dos fogos defensivos e permitir abrigar as reservas na contra-

    encosta.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-28 - ORIGINAL

    Fig 2.31 - Defesa de um compartimento transversal

    A tropa atacante, por sua vez, poder dispor, inicialmente, de observao, cobertas,

    abrigos e campos de tiro. Contudo, tais condies sero perdidas medida que o

    ataque se desenvolve, em virtude das vantagens de que dispe o defensor.

    2.2.6 - Natureza do solo

    O estudo da natureza do solo para fins militares visa, principalmente, determinar as

    possibilidades de trnsito atravs campo, sob condies meteorolgicas atuais ou

    previstas, e assume importncia especial para as unidades de blindados.

    Engenharia cabe a responsabilidade de organizar e distribuir cartas sobre as

    condies de resistncia do solo. Ao realizar esse estudo devem ser ressaltadas, na

    zona de ao, as reas do terreno cujo solo se apresenta firme e os trechos de pouca

    consistncia.

    O terreno arenoso, alagadio, o brejo, constituem embaraos ao movimento da tropa,

    podendo, conforme as circunstncias, impedi-lo inteiramente. Alguns solos podem

    ser impraticveis s viaturas blindadas aps chuvas prolongadas e intensas, como o

    caso de certos terrenos argilosos. O solo arenoso pode ser obstculo em tempo seco e

    ter a consistncia aumentada aps as chuvas. A organizao do terreno est tambm

    condicionada natureza do solo. O solo pedregoso ou extremamente duro dificulta

    as escavaes, enquanto o solo de pouca consistncia facilita esse trabalho, exigindo,

    porm, trabalhos especiais para evitar o desmoronamento dos taludes.

    2.2.7 - Cursos dgua

    So extenses de gua corrente que podem ser classificadas como perenes - as que

    correm todo o ano; intermitentes - as que se originam de uma fonte que falha

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-29 - ORIGINAL

    periodicamente; e a efmera - que depende totalmente da estao do ano. Onde os

    cursos dgua tenham grande velocidade e corram sobre materiais soltos, tais como

    cascalho, seixos e material mais duro, os fundos so estreitos e limpos. Quando o rio

    lento, o material mais fino, como saibro e argila, se deposita no fundo tornando-o

    lodoso. Se o rio corre em terreno firme, suas margens sero mais ngremes que nos

    terrenos de menor consistncia. A maior velocidade de um rio estar, normalmente, a

    meio do canal.

    bastante comum se observar lagunas costeiras formadas pelo depsito de saibro e

    areia na desembocadura de um rio. Normalmente no sero estreitas o suficiente para

    permitir serem atravessadas por pontes ou passadeiras, sendo comumente necessrias

    viaturas anfbias e botes.

    Os movimentos atravs de rea pantanosa so restritos tropa a p e mesmo para

    estas bastante desgastante.

    Os rios largos e profundos podero proporcionar boas condies para instalao de

    uma rea de Defesa debruada sobre eles. Quanto mais importante o rio, mais

    vantagens oferecer ao estabelecimento de uma posio defensiva nele apoiada. Em

    contrapartida, no ataque, a existncia de um curso dgua transversal sua direo

    geral ir com certeza causar-lhe embarao. Em alguns exigir um planejamento

    prvio para travessia, podendo chegar at a uma operao de transposio de curso

    dgua, um tipo de operao terrestre com planejamento especfico e complexo. Os

    rios com mais de 100m de largura so obstculos importantes.

    A ocorrncia de lagoas prximas s praias de desembarque, em um assalto anfbio,

    ir formar corredores estreitos que canalizaro o movimento da tropa, limitaro sua

    manobra e concentraro seus meios, tornando-a um bom alvo para a artilharia

    inimiga. Alm de restringir, posteriormente, o estabelecimento da rea de Apoio de

    Praia (AApP) e de Apoio de Servios ao Combate (AApSvCmb). Contudo, caso seja

    possvel o estabelecimento dessas reas, poder vir a favorecer a defesa das mesmas.

    Os conhecimentos necessrios a seguir mencionados, devero ser coletados ou

    buscados de forma a permitir a anlise do curso d gua e estabelecer para que tipos

    de meios ele ser obstculo e sua influncia sobre a manobra planejada: identificao

    e localizao; largura; natureza do leito (composio, profundidade e consistncia);

    velocidade da corrente; e caractersticas da margem (composio, estabilidade, altura

    e rampa). Os mesmos conhecimentos sero necessrios para a anlise dos lagos.

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-30 - ORIGINAL

    2.2.8 - Vegetao

    A localizao, tipo, dimenses, densidade e dimetro dos troncos constituem

    elementos que, analisados, determinam seu valor militar.

    a) Macegas

    So formadas por arbustos e gramneas, podendo existir rvores pequenas e

    esparsas. A macega considerada alta quando encobre o movimento de um

    cavaleiro e densa quando torna penosa a sua travessia. A macega rala e baixa

    carece de importncia militar, quer sob o ponto de vista do desenfiamento, quer da

    transitabilidade.

    b) Matas

    So formadas por rvores copadas de mdio ou pequeno porte. Considera-se mata

    rala desde que seja fcil o trnsito de tropa a p em qualquer direo.

    c) Florestas

    So caracterizadas pelo arvoredo copado e denso, de grande porte e formado por

    rvores normalmente seculares.

    d) Bosques

    So formados por rvores copadas, altas e regularmente dispostas. As florestas, as

    matas e os bosques podem impor caractersticas especiais operao a ser

    realizada.

    e) Culturas

    O terreno cultivado (caf, cana, arroz, etc.) pode permitir movimento com

    cobertura, mas embaraa a progresso.

    f) Vegetao ciliar

    aquela que normalmente borda as margens dos cursos dgua e possui uma

    tonalidade mais escura.

    2.2.9 - Construes e instalaes

    a) Localidades

    So designadas como localidades, quaisquer agrupamentos de edifcios destinados

    habitao, comrcio ou indstria, tais como povoaes, vilas, cidades e grandes

    fbricas. As localidades devem ser analisadas quanto sua localizao, dimenses

    e tipo de construo das edificaes (taipa, tijolo, alvenaria e concreto).

    As cidades e os agrupamentos de casas constituem, no terreno, uma zona de difcil

    progresso para a tropa. Obrigam a operao a tomar caractersticas especiais e

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-31 - ORIGINAL

    favorecem a defesa obstinada, palmo a palmo.

    Sempre que possvel devem ser evitadas, desbordando-as.

    b) Fortificaes de campanha

    Consistem nos trabalhos defensivos realizados quando um ataque inimigo for

    iminente ou durante a consolidao de um objetivo conquistado, como preveno

    de um contra-ataque. Busca, geralmente, aumentar o valor defensivo de um

    terreno, e inclue a construo de abrigos e obstculos, bem com os trabalhos de

    camuflagem.

    c) Instalaes diversas

    Instalaes no compreendidas nos itens acima e que possam ter interesse para o

    estudo a ser desenvolvido, como por exemplo porto, aeroporto, usina de energia,

    etc.

    2.2.10 - Vias de transporte

    As estradas de ferro ou de rodagem e os prprios caminhos so elementos

    importantes do terreno, uma vez que os suprimentos, de modo geral, e as

    evacuaes de baixas so executados utilizando esses eixos.

    A classe da estrada de rodagem, a bitola da estrada de ferro e a prpria natureza dos

    caminhos, so dados indispensveis estimativa da capacidade de transporte da via

    e so, normalmente, fornecidos por elementos de Engenharia.

    2.3 - CONDIES CLIMTICAS, METEOROLGICAS E ASPECTOS

    ASTRONMICOS

    As condies climticas e as meteorolgicas exercem um efeito significativo em todos

    os tipos de operaes militares. Elas afetam a trafegabilidade, o controle, a eficincia

    do pessoal, o funcionamento do material, o apoio areo, o alcance e o efeito das armas

    de apoio e o provimento do apoio logstico.

    Os dados referentes s condies climticas e meteorolgicas so, normalmente,

    fornecidos pelo escalo superior quele que planeja. Entretanto, em casos nos quais

    sejam necessrios outros dados alm dos fornecidos, ou nos casos em que os dados

    necessrios tenham sido omitidos, caber ao Oficial de Informaes a solicitao

    desses conhecimentos necessrios ao escalo superior ou ao rgo encarregado de

    fornec-las.

    2.3.1 - Clima

    O clima est relacionado com a variao da estao e os padres de temperatura,

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-32 - ORIGINAL

    precipitao, umidade do ar, nebulosidade, ventos e presso atmosfrica. Representa

    o estado da atmosfera de um determinado local durante um certo perodo,

    geralmente extenso, e normalmente caracteriza uma rea geogrfica. A fora e

    direo dos ventos, a quantidade de chuvas e as temperaturas mdias que reinaro

    em uma certa rea podem ser estabelecidos em termos mdios, com preciso regular,

    com base em dados estatsticos. Alm dos elementos climticos, esto presentes

    tambm os fatores climticos, que atuam indiretamente, modificando esses

    elementos: altitude, continentalidade, correntes martimas, latitude, massas lquidas,

    vegetao, etc.

    Existe vrios tipos de climas, cuja classificao varivel. Para o fim desta

    publicao so de interesse os seguintes.

    - Equatorial: quente, com temperaturas mdias acima de 25, elevada pluviosidade,

    no possui estao seca. Cu freqentemente oculto por nuvens pesadas.

    Caracterizado por floresta equatorial: mida, com grande variedade e quantidade

    de insetos e aves, bem como peixes e jacars.

    - Tropical: quente, com temperaturas e pluviosidade inferiores as do clima

    equatorial; duas estaes distintas: veres chuvosos e invernos secos. Apresenta

    regies com florestas de menos densidade que a equatorial, havendo

    predominncia de savanas (cerrados no Brasil). Ocorre a presena de animais de

    grande porte.

    - Semi-rido: clima misto, quente e seco, com chuvas no inverno, apesar da baixa

    pluviosidade. Na vegetao predomina a caatinga, caracterizada por sua

    heterogeneidade: matas fechadas de moitas isoladas, com cactceas e arbustos de

    galhos tortuosos. A fauna apresenta grande variedade de insetos, pssaros

    carnvoros e alguns rpteis.

    - Subtropical: temperatura suave, podendo baixar nas reas mais altas, onde h,

    tambm, possibilidade de neve no inverno. Chuvas bem distribudas durante o

    ano. A vegetao bastante variada, entre espcies tropicais e temperadas; as

    formaes so de fcil penetrao, como, por exemplo, os pinheirais do Paran.

    - Desrtico: quente e seco, com baixssima pluviosidade, ventos fortes, cu lmpido.

    Vegetao praticamente inexistente, podendo ocorrer osis com espcies

    caractersticas e capins rasteiros nas orlas dos desertos.

    - Mediterrneo: invernos brandos e midos, veres quentes e secos, pluviosidade

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-33 - ORIGINAL

    mdia. Bosques com vegetao pouco compacta so predominantes.

    - Temperado Ocenico: temperaturas suaves, com forte influncia da proximidade

    do mar, chuvas bem distribudas durante o ano, com forte incidncia. Florestas

    temperadas com rvores de grande porte.

    - Temperado Continental: invernos rigorosos, porm secos, e veres quentes.

    ndices pluviomtricos baixos, mas com chuvas em todas as estaes e neve no

    inverno. Predominam as pradarias.

    - Subpolar: inverno rigoroso, com vero frio e de curta durao. Baixa pluviosidade

    e sob a forma de neve. Prevalecem florestas de conferas.

    - Polar: inverno extremamente rigoroso e longo, baixa pluviosidade, ventos fortes.

    Na vegetao predomina a tundra.

    2.3.2 - Condies meteorolgicas

    a) Temperatura do Ar

    Temperatura do ar a quantidade de calor que circula livremente, medida por um

    termmetro protegido do sol. Em geral ser fornecida tropa uma mdia dos

    dados coletados em anos anteriores no mesmo perodo da operao.

    I) Gradiente de temperatura

    A diferena entre a temperatura do solo e a do ar originar a ocorrncia de

    correntes de ar verticais que tero influncia direta no planejamento do uso de

    fumgenos e agentes qumicos na rea de operaes (AOp). O gradiente a

    diferena entre a temperatura do ar medida 30cm e 180cm do nvel do solo.

    Trs casos so possveis. A INVERSO ocorre quando o ar mais prximo da

    terra mais frio que o ar superior. Quando ocorre a inverso, as condies

    atmosfricas e, conseqentemente, o ar mais baixo permanecem mais estveis

    com ventos de pouca velocidade, influenciando o emprego de meios na medida

    em que a poeira, a nebulosidade, a fumaa e agentes qumicos tendem a

    permanecer prximos a terra, reduzindo a visibilidade e a pureza do ar, levando

    tambm mais tempo para se dissipar. Estas condies de inverso favorecero

    o uso de fumgenos, cortinas de fumaa, agentes qumicos e bacteriolgicos.

    Desfavorecero, contudo, a observao, tendo em vista a reduo da

    visibilidade. O segundo caso o de NEUTRALIDADE - a temperatura

    permanece constante - uma situao intermediria e pouca ou nenhuma

    influncia tem sobre o estabelecimento de cortinas de fumaa, bem como na

  • OSTENSIVO CGCFN-1004

    OSTENSIVO - 2-34 - ORIGINAL

    observao. E, por fim, a LAPSE - a temperatura decresce com a altura na

    qual ocorrem condies atmosfricas instveis prximo ao solo, e, ao contrrio

    da inverso, faz com que o teto aumente (as nuvens sobem), contra-indicando o

    uso de fumgenos, cortinas de fumaa, agentes qumicos e bacteriolgicos,

    favorecendo a observao.

    II) Outros efeitos e consideraes

    A temperatura produzir, tambm, efeitos sobre a eficincia do pessoal,

    armamento, equipamento e materiais diversos. Alm disso, grandes variaes

    de temperatura causaro modificaes na natureza do solo e at mesmo nas

    normas de manuteno do material. Em relao aos bivaques na AOp

    propriamente dita, pode-se dizer que, geralmente, as superfcies (vertentes)

    cncavas facilitam a acumulao do ar frio no sop e as convexas favorecem a

    drenagem do ar para o alto. As temperaturas baixas fazem com que os agentes

    qumicos e bacteriolgicos tendam a se concentrar em depresses e lugares

    baixos e, ainda, que permaneam no ar por mais tempo.

    b) Presso atmosfrica

    a fora exercida sobre uma unidade de rea pelo peso da atmosfera. Geralmente,

    o ar frio que pesado e denso ocasiona alta presso, enquanto o ar quente que

    leve e mais rarefeito causa presses baixas. Os sistemas de alta presso so

    associados ao tempo bom e seco; os sistemas de baixa presso, por sua vez,

    associam-se s condies incertas e nebulosas. A presso no tem influncia

    direta ou marcante sobre as operaes militares, mas a sua medio e,

    particularmente, o seu acompanhamento trar indcios importantes na previso de

    variaes meteorolgicas bruscas.

    c) Ventos

    o ar em movimento e resulta das diferenas na presso atmosfrica. descrito

    pela sua direo e velocidade. A direo do vento a direo da qual ele est

    soprando (o vento vem). Um vento proveniente de sul classificado como um

    vento SUL. A velocidade estabelecida em km/h. Em terreno irregular, o vento

    no se desloca com fora e direo fixa, e sim em uma sucesso de rajadas e

    calmarias, de velocidade e diree