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CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: [email protected] • Ano 43 • Nº 437 • Janeiro - Fevereiro 2011 A união espiritual na fundação de São Paulo. Pág. 7 T endo como fim a transformação moral do homem, o espiritismo enfrenta o gran- de desafio de se fazer presente na sociedade não apenas pelos fenômenos, mas por seu objetivo maior: combater o materialismo. Ser espírita é ter uma nova visão, é ser cidadão do mundo hoje, ainda que o conhecimento sobre a imortalidade da alma nos faça sonhar com as conquistas no mundo espiritual. O tempo de semear é agora. Somos parte de uma sociedade, cuja moralidade se adianta ou estaciona, fruto de nossas atitudes individuais e coletivas. As leis humanas também devem progredir rumo à lei divina, que tem como um de seus princípios a preservação da vida. Para que esse direito natural seja garantido também pelos homens cabe a cada um realizar a sua parte. Assim deve ser tratada a questão do aborto no Brasil, onde a vontade popular de defender a vida ainda no ventre materno dá indícios de avançado progresso moral. Afinal, quando uma sociedade se orga- niza para fazer o bem, é sinal de que os novos tempos realmente se aproximam. Págs. 4 e 5 A força social em defesa da vida ISSN 2176-2104 Anchieta, Paulo e Nóbrega Acesse o nosso site: www.correiofraterno.com.br E também siga-nos no TWITTER: www.twitter.com/correiofraterno A lição das chuvas A escritora Lygia Barbié- re Amaral lembra como as chuvas de janeiro inundaram as casas de todos nós. Entre as imagens da água descendo, barrancos caindo e pessoas desesperadas em busca de seus familiares, o bairro mais devastado chamava-se Posse. Pág. 13 A arena do Big Brother e o circo romano O reality show, que mobiliza telespectadores e polariza opi- niões, traz à tona os padrões da sociedade. Para a filósofa Rita Fo- elker, “o povo descarrega a insatis- fação da vida por meio do circo, independentemente da época”. Pág. 9 CIDADANIA

Correio Fraterno 437

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

P u b l i c a ç ã o d a E d i t o r a E s p í r i t a C o r r e i o F r a t e r n o • e - m a i l : c o r r e i o f r a t e r n o @ c o r r e i o f r a t e r n o . c o m . b r • A n o 4 3 • N º 4 3 7 • J a n e i r o - F e v e r e i r o 2 0 1 1

A união espiritual na fundação de São Paulo.Pág. 7

Tendo como fi m a transformação moral do homem, o espiritismo enfrenta o gran-de desafi o de se fazer presente na sociedade não apenas pelos fenômenos, mas por seu objetivo maior: combater o materialismo. Ser espírita é ter uma nova visão, é ser cidadão do mundo hoje, ainda que o conhecimento sobre a imortalidade da

alma nos faça sonhar com as conquistas no mundo espiritual. O tempo de semear é agora. Somos parte de uma sociedade, cuja moralidade se adianta ou estaciona, fruto de nossas atitudes individuais e coletivas. As leis humanas também devem progredir rumo à lei divina, que tem como um de seus princípios a preservação da vida. Para que esse direito natural seja garantido também pelos homens cabe a cada um realizar a sua parte. Assim deve ser tratada a questão do aborto no Brasil, onde a vontade popular de defender a vida ainda no ventre materno dá indícios de avançado progresso moral. Afi nal, quando uma sociedade se orga-niza para fazer o bem, é sinal de que os novos tempos realmente se aproximam. Págs. 4 e 5

A força social em defesa da vida

ISSN

217

6-21

04

Anchieta, Paulo e Nóbrega

Acesse o nosso site: www.correiofraterno.com.br

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A lição das chuvas

A escritora Lygia Barbié-re Amaral lembra como as chuvas de janeiro inundaram as casas de todos nós. Entre as imagens da água descendo, barrancos caindo e pessoas desesperadas em busca de seus familiares, o bairro mais devastado chamava-se Posse. Pág. 13

A arena do Big Brother e o

circo romanoO reality show, que mobiliza

telespectadores e polariza opi-niões, traz à tona os padrões da sociedade. Para a fi lósofa Rita Fo-elker, “o povo descarrega a insatis-fação da vida por meio do circo, independentemente da época”. Pág. 9

CIDADANIA

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2 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2011

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CORREIO

EDIT

OR

IAL

sta edição reúne um conteúdo diferente do que estamos acostu-mados a publicar, chamando-nos

à refl exão sobre nossas atitudes. Assim, a entrevistada Marília de Castro expli-ca a necessidade de união das forças do bem para exigir sem timidez o direito à vida, num exercício de cidadania contra a aprovação do aborto no Brasil. A es-critora Lygia Barbiére Amaral, com sua pena que fala alto aos corações, analisa as lições das chuvas. George de Marco traz o retrato da decepção das perdas, do tempo que passa inexorável pelos nossos dedos. André Trigueiro chama a aten-ção para o fato de sabermos diferenciar

a destruição como lei divina, na-tural, e a destruição causada pelas nossas ambições desenfreadas. E ainda tem Rita Foelker analisando as reações humanas frente às arma-ções e intrigas do reality show, que sai dos canais de TV para os sofás das nossas casas. Tudo isso com o outro lado da balança, a desco-berta do lado espiritual, que traz, por exemplo, a alegria da jovem Giovanna Verrone, narrando suas conquistas após as aulas de educação espírita, e o artigo do pesquisador Tiago Lima e Castro que nos alerta para a necessidade de um es-tudo mais aprofundado do O livro dos

médiuns, que comemora seu sesquicen-tenário, e que até hoje não foi muito bem compreendido.

Acompanhe e ainda curta, entre outras, as sessões Passatempo, Coisas de Laurinha, Você sabia, Foi assim e Baú de memórias. Boa leitura!

E

CORREIO DO CORREIO

Dinamismo na divulgaçãoA causa deve estar sempre em primeiro plano. Que o Senhor da Vida possa con-tar com cada um de nós na divulgação da doutrina libertadora. Parabéns pelo dinamismo na divulgação do Espiritis-mo. Abraço fraterno.

Clodoaldo de Lima Leite, por e-mail

Facilidade na comunicaçãoAdmiro o trabalho de vocês, essa faci-

lidade na comunicação. É muito gos-toso estar em contato com os compa-nheiros de ideal espírita. Com estima.

Geziel Andrade, por e-mail Sobre os textos do CorreioComo sempre, os textos do jornal estão primorosos na relação conteúdo-objeti-vidade, com linguagem agradável e visu-al leve. Grande abraço.

Gustavo Leopoldo Daré, por e-mail

Envio de artigosEncaminhar para e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.500 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

FRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel

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Diretor: Raymundo Rodrigues EspelhoEditora: Izabel Regina R. Vitusso

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Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kar-dec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pes-soas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observa-ções, sobre fatos gerais pouco conhe-cidos.

• Os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• Não responderemos aos ataques di-rigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em persona-lismo. Discutiremos os princípios que professamos.

• Confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. Nós a entregaremos à dis-cussão e estaremos prontos para re-nunciá-la, se nosso erro for demons-trado.

Esta publicação tem como fi nalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espí-rita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderãon ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

atento aos fatosUm olhar

Laurinha para jovens espíritasAdorei o livro Tem espíritos no banhei-ro?, com a Laurinha como personagem. Dei aulas de evangelização e fi z então um orkut chamado Jovens Espíritas, de Itararé. Venho dar a vocês a sugestão de continuarem as histórias de Lauri-nha com os temas do Evangelho. Um abraço. Glaucia Barbiott de Almeida. Itararé-SP Olá, Glaucia. Boa a sua ideia! Vale lembrar que além do livro, a Laurinha também cir-cula em todas as edições do Correio Frater-no. Um abraço. Equipe Correio Fraterno

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ais um ano letivo começa para as escolas espíritas, reunindo nos centros alunos de todas

as idades. São salas com pessoas de todo tipo de atividade e formação, demons-trando, porém, estarem unidas por algo comum: a busca por respostas a dúvidas e sofrimentos a que todos, em diferentes épocas, nos pegamos a pensar ou sentir.

Um dos trabalhos mais importan-tes desenvolvidos nas casas espíritas é a educação espírita para crianças e jovens, também chamada evangelização. Inde-pendentemente do nome que se dê à tarefa, trata-se de uma oportunidade de se aprender sobre a doutrina, sobre os principais colaboradores, casos, além de se trabalhar a moral – uma escola dife-rente, onde se aprende o amor.

O futuro do espiritismo depende das crianças, pois serão elas os semeadores da doutrina. Afinal, quem vai continu-ar o trabalho dos mais velhos? E, se elas não souberem sua história, seus concei-tos, nunca poderão fazer germinar os frutos. As lições sobre o espiritismo são bem mais complexas e necessitam de um acompanhamento de alguém que possa direcionar os estudos de seus princípios básicos, para que o aprendizado seja construído sobre pedra e possa se perpe-tuar durante toda a vida... Se transferís-semos essa responsabilidade apenas para a leitura de livros espíritas, logo o desin-teresse se instalaria, e assim não haveria

aprendizado mais consistente.Esse trabalho deve começar desde

cedo, logo que a criança entre na escola, e seguir com seu crescimento. Uma ta-refa de amor e responsabilidade, cuida-dosamente planejada por profissionais de todos os campos, voluntários e cola-boradores comprometidos com a trans-missão dos princípios básicos do espiri-tismo, sem imposição, e valorizando a liberdade de cada um. O envolvimento “professor – aluno” deve ser algo único, fruto de uma boa amizade e confiança. É preciso lembrar que somos espíritos imortais, de um passado importante, cada qual com suas experiências mile-nares, o que nos diferencia, muito mais que as idades diferentes no corpo físico, na Terra.

De início, são lições que mais pare-cem brincadeiras, mas a semente já vai sendo plantada e conforme a terra vai se tornando fértil, outras tantas mais com-plexas vão chegando.

Vale lembrar que, ao entrar na fase da adolescência, já consciente da doutri-na, a aceitação de alguns acontecimen-tos na vida será muito mais fácil, e com o acompanhamento de amigos e educa-dores espíritas será muito melhor. Nesse período, o conhecimento da doutrina é essencial, pois sua compreensão fará muita diferença, em fases de indecisão, escolhas, medos e anseios.

O acompanhamento espiritual, tam-

Por GIOVANNA VERRONE

Casas espíritas iniciam mais um ano de

estudos

M bém, não deve acontecer apenas quando se é adulto. É preciso que se cresça tendo o evangelho como base, pois crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, todos estamos espiritualmente à pro-cura do equilíbrio e também da perfei-ção, sendo da responsabilidade dos pais,

como maiores educadores, ensinar isso a suas crianças. E, de preferência, pelo exemplo.

Giovanna Verrone tem 19 anos. É estagiária do Correio Fraterno, cursando o 2º. ano de Jornalismo na Universidade Metodista, em São Paulo.

AC

ON

TECE

Uma experiência pessoal A participação nas aulas de evangelização foi para mim uma experi-

ência única, importantíssima para o meu crescimento, e até mesmo me trouxe a fé.

Quando somos adolescentes nada se encaixa. Parece que a nossa vida sempre está ruim e que nossos sonhos nunca se tornarão realida-de. Quando crescemos, vemos que não é nada disso. Nos momentos de dúvidas é muito importante se ter um acompanhamento espiritual.

Eu discutia muito em casa, implicava com tudo, até que me ‘obriga-ram’ a ir à evangelização. Eu devia ter uns 14 anos. Foi difícil! Parecia tudo bobagem. Até que fui me aproximando de algumas pessoas, criei vínculos, e todo sábado – mesmo tendo que acordar cedo – passou a ser prazeroso ir para o centro, porque sempre aprendia coisas novas.

Passei a entender muitas coisas, sobre a doutrina, sobre o livre-arbí-trio, sobre as consequências de nossas escolhas. Quatro anos passaram muito rápido. Logo fiz 18 anos e meu estudo na evangelização acabou. Poderia, então, ir para a Mocidade, algo mais avançado, mas também muito bom de participar.

Além de frequentar a mocidade, como queria participar mais da casa espírita, me envolvi com o trabalho da evangelização das crianças. É um trabalho divino, onde todos os educadores formam uma equipe muito afinada. E as crianças são realmente fascinantes, ensinando sem-pre algo para nós. Chego à conclusão de que se não fossem aquelas manhãs do ‘acordar cedo’, não estaria onde estou agora. Só agradeço, todos os dias, por ter feito isso.

IZABEL VITUSSO

Giovanna Verrone: “Queria participar mais da casa espírita e me envolvi com a educação infantil”

É preciso lembrar que somos espíritosimortais, com experiências milenares

e idades diferentes na Terra

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A defesa da vida é somente uma questão de religião?Marília de Castro: É também questão de cidadania, de legislação. No Brasil, a Constituição Federal garante a invio-labilidade do direito à vida. O Código Civil protege os direitos do nascitu-ro (nenê no ventre materno). Há, no entanto, um projeto de lei na Câmara Federal que pretende legalizar o aborto até o nono mês da gravidez. É o Pro-jeto de Lei (PL) 1135/91. Se nós so-mos contra este projeto, temos que nos pronunciar, não só no centro espírita, como na imprensa, em outros eventos, dialogar com deputados e senadores, que votarão a nova lei.

O espiritismo é contra o aborto, exceto nos casos em que a vida da mãe esteja em perigo...Marília de Castro: Sim. E deixa muito claro que a união do espírito com o cor-po começa na concepção, como consta nas questões 344 e 358 de O livro dos espíritos. Há inúmeras mensagens me-diúnicas que defendem a vida e que informam as consequências espirituais do aborto, para o pai, mãe, médico e outras pessoas envolvidas, como, por exemplo, o capítulo 31 do livro Nosso lar, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier.

O que dizer sobre a ideia da-queles que defendem que cabe à mulher o direito de optar pela continuidade ou não de sua gravidez?Marília de Castro: Este argumento se assemelha ao do período da escravidão no Brasil, em que se admitia que o se-nhor do engenho torturasse e matasse o negro escravo, considerado sua pro-priedade. O nenê não é propriedade da mãe, nem do pai. Não é corpo da mãe. Não tem o mesmo DNA. Aliás,

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a maioria das mulheres é contrária ao aborto, pois as consequências físicas e psicológicas permanecem com elas. Muitas optam pelo aborto, porque o homem estimula este ato, ao não as-sumir o fi lho, obrigando-a a cometer o crime. É fundamental refl etir sobre o que está levando aquele casal, ou aquela mulher a optar pelo aborto. É necessá-ria política pública de proteção à ma-ternidade, à paternidade responsável e à família.

Você sempre está à frente de temas sociais, inclusive presi-diu o 1º Simpósio Jurídico Espí-rita na Ordem dos Advogados do Brasil em 1988 e defendeu entidades espíritas e não-espí-ritas no Supremo Tribunal Fe-deral. Como é possível dividir o tempo na família, profi ssão, movimento espírita e movi-mento social?Marília de Castro: É um exercício constante. Claro que não é fácil. Des-de muito jovem, tinha a preocupação com a justiça e com a união das pesso-as de bem. Aos 17 anos ingressei na fa-culdade de Direito da Universidade de São Paulo. Tornei-me advogada e atu-ante. Ao mesmo tempo o movimento de unifi cação espírita sempre me entu-siasmou desde a juventude. A certeza da imortalidade, da reencarnação, da importância do trabalho e do desen-volvimento do amor seja na família ou na sociedade foram agentes motivado-res da minha vida. Hoje meus fi lhos são jovens e compartilhamos experi-ências constantemente. Conversamos muito sobre tudo, fazendo também o Evangelho no Lar. A dedicação à fa-mília, à profi ssão e demais atividades deve ser focada. Não é a quantidade, mas a qualidade do tempo empregado que interessa.

A necessidade da organização social para defender a vida

Por ELIANA HADDAD e IZABEL VITUSSO

Espírita atuante, a advogada Marília de Castro é coordenadora geral da Rebrates – Rede Brasileira do Terceiro Setor, que reúne cerca de duas mil en-tidades ligadas principalmente à assistência social, saúde e educação. Tam-bém é coordenadora no Estado de São Paulo do Movimento Nacional em Defesa da Vida – Brasil sem Aborto. Mais do que representar entidades e estar à frente de diversos movimentos sociais, Marília tem ainda como desa-fi o ser mãe de cinco fi lhos – Nathália (29) Livia (27) Julio (25) Hellen (23) Ca-roline (21) – de seu casamento com Clodoaldo de Lima Leite, também ativo no espiritismo e nos movimentos sociais, sendo inclusive o representante da FEB, em Brasília, no Conselho Nacional de Assistência Social.

Conversar com Marília de Castro nos leva a ter certeza de que a união faz realmente a força e que os nossos compromissos como espíritas vão mui-to além das satisfações individuais de bem-estar e vontade de evoluir, mas de vivermos com maior consciência e responsabilidade como verdadeiros cidadãos do mundo, agentes transformadores pelo amor. Seus argumentos demonstram que é preciso participar dos movimentos sociais que defendem uma vida coletiva mais feliz, onde o envolvimento de cada um faz a diferen-ça e é sempre imprescindível para a construção de um mundo melhor.

Marília de Castro: “Precisamos demonstrar a nossa vontade”

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Você acredita que falta aos es-píritas uma maior participação nos movimentos que envolvam a coletividade, um posiciona-mento mais expressivo junto às autoridades pelo bem social? Por quê?Marília de Castro: Na história do espi-ritismo, no campo individual, há líde-res admiráveis e corajosos, que se desta-caram. Entretanto, para várias pessoas o interesse pessoal ainda se sobrepõe ao interesse coletivo. Como movimento espírita, estamos presenciando alguns avanços expressivos em direção à par-ticipação social. Os passos dependerão do nível de consciência individual e co-letiva. Na questão 642 de O livro dos espíritos, Kardec pergunta: “Será sufi-ciente não se fazer o mal, para ser agra-dável a Deus e assegurar uma situação futura?” Os espíritos repondem: “Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um respon-derá por todo mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.”

Você fala em avanços no mo-vimento espírita em direção à participação social, poderia citar alguns?Marília de Castro: Um deles é esse movimento que defende o primeiro de todos os direitos: o direito à vida. Quando poderíamos pensar, anos atrás, de irmos ao Congresso defender a vida, ou participar em atos públicos em ruas, praças, buscando o aprimoramento da legislação humana? Estamos levando a mensagem para além do centro espírita. Em 1988, realizamos o primeiro Sim-pósio Jurídico Espírita na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Pau-lo. Há associações importantes que se posicionam em temas relevantes como Associação dos Médicos Espíritas, dos Magistrados Espíritas, dos Jurídicos Es-píritas, Associação dos Psicólogos, De-legados, Educadores Espíritas e outras. Estas associações trabalham unidas em alguns temas. O aperfeiçoamento da união das pessoas e das organizações é fundamental. O Conselho Federativo Nacional/FEB se pronuncia sobre te-mas como aborto, pena de morte, as-sistência social e diversos outros; como também apoiou produção cinemato-gráfica do filme Nosso Lar. A imprensa espírita dá espaço a temas referentes à

cidadania, como este do Correio Fra-terno.Veja a Rádio Boa Nova, sempre noticiou com destaque os Atos Públi-cos em defesa da Vida, inclusive reali-zando cobertura na Praça da Sé no dia do evento. Temos que contribuir com a sociedade, respeitando as diferenças, como está destacado no O Evangelho segundo o espiritismo quando descreve as características do homem de bem. Somos agentes da história. Os espíritas têm a convicção da lei do progresso, e a fundamental importância de adequar-mos a lei humana à lei divina. Cada um deve se perguntar se está afinado com esta nova fase, com este novo estágio evolutivo no nosso movimento, que cresce dia a dia para contribuição efe-tiva à sociedade, no exercício do amor conforme ensinamentos do Cristo. O amor é atuante. Incansável. Sem pre-conceitos. O isolamento nos deixa orgulhosos, vaidosos, presunçosos. Estar no mundo, colaborar com a sociedade é colocar a mensagem do amor na prática. Como começou o Movimen-to Nacional da Cidadania pela vida- Brasil sem aborto? Marília de Castro: O movimento nas-ceu há seis anos visando a valorização da vida e se opondo à aprovação deste projeto que legaliza o aborto até o nono mês da gravidez. É um movimento de cidadania que reúne todos os que de-fendem a vida desde a concepção, por meio de manifestações pacíficas, de na-tureza suprapartidária, suprarreligiosa, plural e democrática. O movimento conta com um comitê nacional, e co-mitês estaduais e a cada dia conquista novos integrantes, que vêm se organi-zando em caminhadas e eventos em todo Brasil. E é este entusiasmo que contagia as pessoas, as entidades, as organizações religiosas, as associações, cidades inteiras que se juntam em cara-vanas para que todos possam demons-trar ao país a verdadeira opinião da so-ciedade sobre este tema tão relevante. A primeira grande manifestação foi o Ato Público em Defesa da Vida, em São Paulo, há cinco anos. Mais de 10 mil pessoas se reuniram na Praça da Sé. Este evento ecoou por todo o país e se espalhou pelas cidades, dando origem a diversas manifestações, caminhadas e atos públicos semelhantes, culminando

com a grande Marcha Nacional da Ci-dadania em Defesa da Vida – Contra a Legalização do Aborto, realizada em Brasília na Esplanada dos Ministérios. Não se trata de um movimento isolado dentro do espiritismo. A FEB integra a sua direção e fez pronunciamentos em todos os quatro grandes Atos Públi-cos na Praça da Sé. Participaram ainda muitas caravanas da USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, de centros espíritas e associa-ções. Outras organizações religiosas es-tão unidas também à direção do comitê como Igreja Católica, Evangélica, Sei-cho-no-iê, LBV [Legião da Boa Vonta-de] e tantas outras, demonstrando a ca-pacidade de fratenidade dos brasileiros que se reúnem sob a mesma bandeira da vida. Quais as reais conquistas? Há ainda chances de o aborto ser aprovado no Brasil?Marília de Castro: A primeira grande vitória foi escancarar a intenção do Pro-jeto de Lei 1135/91, que ia ser aprova-do sem nenhum debate na sociedade. Imagine: aborto até o nono mês! Nas pesquisas, após o trabalho de esclare-cimento do movimento na imprensa e nas manifestações, 97% dos brasilei-ros e brasileiras demonstraram que são contra o aborto, mas o projeto estava para ser aprovado no silêncio. Com as ações do Movimento Nacional e da Frente Parlamentar em Defesa da Vida conseguimos outras duas grandes vitó-rias: rejeição na comissão de Seguridade Social e na Comissão de Constituição e Justiça na Câmara dos Deputados. Os deputados viram e ouviram a vontade da nação. Porém, devido a um novo re-curso, esta lamentável proposta deve ser levada à votação no plenário da Câma-ra. Ainda corre o risco de ser aprovado. É necessário manter a vigilância, as ma-nifestações e o diálogo. O que você diz desta experiên-cia de ação suprapartidária e su-prarreligiosa?Marília de Castro: É uma profunda vivência da fraternidade. A sociedade civil precisa se organizar defenden-do grandes bandeiras. Há muito mais pontos convergentes do que divergen-tes. É bom lembrar a questão 932 de O livro dos espíritos: “Por que, no mun-

do, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e au-daciosos, os bons são tímidos. Quan-do estes o quiserem, preponderarão”. Concluímos com esta reflexão que são necessárias a união e a ação das pessoas de bem. Por que há ainda temor de se participar dos movimentos so-ciais para defender direitos? É cultura ou alienação?Marília de Castro: Pode até ser um misto de cultura e alienação, porém, acredito que seja necessária uma cons-tante educação para a cidadania. Na Rebrates há um lema: Não há governo ruim para povo organizado. Cada vez fica mais claro para sociedade civil, que a união e ação são fundamentais para mudanças sustentáveis. A Rebrates já obteve vitórias importantíssimas em outros temas, como alteração de dispo-sitivos do Código Civil que contraria-vam a liberdade de associação no país, e de alterações de projetos relativos à assistência social. Tudo fruto de muita atuação direta no Congresso Nacional ou no Judiciário. Se queremos impedir uma lei injusta, precisamos demonstrar a nossa vontade. Para edificarmos este mundo com que tanto sonhamos, não adianta ficar reclamando, descrente da mudança. O fundamental é a atitude. Atitude pelo bem comum. Somos ci-dadãos. Somos espíritos imortais em ação, construtores dos nossos destinos. Todos somos importantes na constru-ção de um mundo mais justo e mais fraterno. Sem medo, sem comodismo e com muita esperança: mãos à obra. E neste ano de 2011, o que po-demos fazer? Como participar?Marília de Castro: Vamos comparecer às marchas e atos públicos, em favor da vida, reafirmando a verdadeira vontade do povo brasileiro. Dia 26 de março, sábado, a partir das 9h30, a Marcha em Defesa da Vida será nas ruas do centro de São Paulo. Tudo com muita música e muita alegria, envolvendo artistas, le-gisladores, esportistas, juristas, cientis-tas, todos defendendo o mais vulnerá-vel: o nenê no ventre materno.

Para saber mais: Fone (11) 3244-3660, e site www.brasilsemaborto.com.br

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SAIC

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m janeiro de 1861, entre os dias 5 e 10, chegava uma nova obra de Allan Kardec à livraria do sr. Didier, O livro dos médiuns. Esta obra cumpria o objetivo de

trazer um complemento ao O livro dos espíritos, abordando o aspecto experimental do espiritismo.

Seu grande mérito foi proporcionar a possibilidade de se compreender os fenômenos mediúnicos, o desenvolvi-mento da mediunidade, e obter uma orientação segura dos riscos de sua prática. Com sua experiência de pedagogo, Kardec também tratou de exemplificar e ensinar como ve-rificar se as mensagens têm conteúdo lógico e coerente ou se são mistificações, permitindo-nos aprender a separar o joio do trigo.

O aspecto pedagógico da obra também é visível ao mostrar o regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, não com o objetivo de que outras sociedades fun-cionassem da mesma forma, mas para terem um ponto de partida ao se organizarem.

Podemos considerar que, pela primeira vez na história, a mediunidade foi esclarecida a todos independentemente de iniciações, rituais, cargos sacerdotais, pois, como Kardec nos diz na Revista Espírita de Janeiro de 1861 ao anunciar o lançamento desta obra, “com o pleno conhecimento da mediunidade, de seus riscos e escolhos e de seus objetivos, têm-se a segurança necessária a qualquer um poder praticá--la com segurança”.

Se resgatarmos a primeira edição de O livro dos espíritos, de 1857, veremos que o décimo capítulo do primeiro livro intitulava-se “Manifestação dos espíritos”, ou seja, pergun-tas sobre a mediunidade. Mas como o assunto gerou mui-tas dúvidas, Kardec, em 1858, ampliou-o em outra obra, chamada Instrução prática sobre as manifestações espíritas.

Com estas obras, muitos grupos foram se formando e enviando informações a Kardec, o que podemos acompa-nhar na Revista Espírita, levando-o a ampliar o próprio O livro dos espíritos, no ano 1860, com o dobro de perguntas, mas sem o capítulo referente à mediunidade.

Isto se explica, pois um conjunto muito grande de in-formações foi se acumulando, surgindo a necessidade de se organizar esse material de forma a que todos os que o estu-

dassem com seriedade pudessem pesquisar os fenômenos mediúnicos sem passar pelos escolhos que Kardec viven-ciou, permitindo-se uma base teórica sólida para adentrar o espiritismo experimental. Foi assim que, em janeiro de 1861, veio ao mundo O livro dos médiuns.

Na Revista Espírita, constatamos que as informações foram se ampliando ainda mais posteriormente, ao ponto de na obra A gênese, de 1868, Kardec escrever o capítulo 14 que amplia as informações sobre o processo mediúnico, revisando inclusive alguns conceitos.

Neste ano, é importante refletirmos sobre a necessidade de sempre estudarmos O livro dos médiuns, que tem como objetivo complementar O livro dos espíritos, por ter sido, inclusive, parte integrante de sua primeira edição, fato co-mentado por Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1861. Todo espírita, médium ostensivo ou não, deveria estudar essa obra sempre, minuciosamente, atentando para o seu interessante conteúdo, com textos de espíritos e as respec-tivas análises. Vale ressaltar ainda a necessidade da leitura mais especial ao capítulo 31 – “Dissertações espíritas”, que por sua clareza e importância deveria ser tema recorrente de estudo e reflexão nos cursos mediúnicos e nas palestras espíritas. Afinal, muitas dificuldades seriam evitadas se soubéssemos realmente analisar as comunicações – sérias e enganosas.

ReferênciasAllan Kardec, A gênese. Tradução de Victor Tollendal Pacheco. Notas e apre-sentação de Herculano Pires. São Paulo: LAKE, 2005. ¬______. O primeiro livro dos espíritos. Tradução de Canuto Abreu. São Paulo: Companhia Editora Ismael, 1957. ______. O livro dos médiuns. Tradução de Herculano Pires. Capivari: Editora EME, 1997. ______. Instrução prática sobre as manifestações espíritas. Tradução de Cairbar Schutel. 2. ed. Matão: Livraria do Clarim, 193_.______. Revista Espírita: Terceiro Ano - 1860. Tradução de Salvador Gen-tile. Araras: IDE, 1993._____. Revista Espírita: Quarto Ano - 1861. Tradução de Salvador Gen-tile. Araras: IDE, 1993.

Professor de música e expositor no IEEF (Instituto Espírita de Estudos Filo-sóficos). E-mail: [email protected].

Você sabe analisar as comunicações dos espíritos?

Por TIAGO LIMA E CASTRO

E

“Quando as lágrimas não se originam da revolta,

sempre constituem remédio depurador.”

André Luiz (Nosso lar)

“A ignorância domina a maio-ria das consciências encarna-das. E a ignorância é mãe das misérias, das fraquezas, dos

crimes.”André Luiz (Os mensageiros)

“Temos necessidade da luta que corrige, restaura e aperfei-çoa. A reencarnação é meio, a

educação divina é o fim.”André Luiz (Missionários da luz)

“Com exceção de raríssimos casos, todas as anomalias de

ordem mental se derivam dos desequilíbrios da alma.”

André Luiz (Obreiros da vida eterna)

“A modificação do plano mental das criaturas ninguém

jamais a impõe; é fruto de tem-po, esforço, de evolução.”André Luiz (No mundo maior)

“Ajude sem exigência para que outros o auxiliem, sem recla-

mações...”André Luiz (Agenda cristã)

Há 150 anos era lançado, em Paris, O livro dos médiuns. Por falta de conhecimento dessa obra,

fenômenos que já foram esclarecidos ainda são tidos como sobrenaturais

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JANEIRO - FEVEREIRO 2011 CORREIO FRATERNO 7

www.correiofraterno.com.br

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Anchieta, Paulo e NóbregaUnião espiritual na fundação de São Paulo

credito que a maioria de nós, ao ouvir referências sobre a história do cristianismo, lem-

bre-se das fi guras que participaram dos encontros e perseguições entre os que se tornavam adeptos do Cristo e os seguidores do judaísmo. Paulo de Tarso, o convertido de Damasco, e o senador romano Públio Lêntulus estão entre eles.

O mesmo acontece quando estu-damos a história da colonização bra-sileira: José de Anchieta surge embre-nhando-se entre os índios, com seu semblante pacífi co e introspectivo.

Mas difícil é imaginar que esses três personagens da história da civilização estejam ligados à fundação da cidade de São Paulo, que em janeiro comple-tou 457 anos.

Emmanuel, segundo o médium Chico Xavier, no tempo de Jesus, foi o senador romano Públio Lêntulus. Encarnado no Brasil, como padre Manoel da Nóbrega, participou ati-vamente do processo de colonização do País e também da fundação da cidade de São Paulo.

Ao celebrar a primeira missa na manhã de 29 de agosto de 1553, onde hoje é o Pátio do Colégio, centro de São Paulo, recebeu a visita do espírito Paulo de Tarso, que lhe pediu que, em nome de Jesus, no local que lhe apon-

Por IZABEL VITUSSO

A

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção.

E-mail: [email protected].

tava fosse erguida uma cidade baseada nas colunas do cristianismo: amor, fé, trabalho e instrução. Em cinco meses, o Real Colégio de Piratininga já se re-velava no planalto.

Impressionado com a visão que ti-vera de Paulo de Tarso, Nóbrega esco-lheu o dia 25 de janeiro de 1554 para a inauguração da obra, a data tida como da conversão de Saulo de Tarso ao cris-tianismo primitivo.

Manoel da Nóbrega não foi so-mente a alma da missão dos jesuítas do Brasil, onde chegara em 1549. Ele se destacou como político e conselheiro do governador-geral da colônia, Mem de Sá. Foi ele também quem teceu os primeiros contornos políticos e geo-gráfi cos da nação, com o trabalho de disseminação do cristianismo pelo li-toral brasileiro.

Segundo consta Nóbrega era gago, mas nem por isso deixou-se abater, tendo sido o primeiro a realizar ser-mões, no Brasil, defendendo a liberta-ção dos escravos.

Diferente da visão estrategista de Nóbrega, seu companheiro no traba-

lho da colonização, padre José de An-chieta, trazia características mais acen-tuadas para a educação. E foi por isso que Manoel da Nóbrega entregou-lhe a missão de ministrar as lições de Hu-manidades no Colégio São Paulo. Go-zava do respeito dos padres jesuítas, por sua grande espiritualidade. Ainda jovem, em Portugal, José de Anchie-ta foi aconselhado a vir para o Brasil, numa tentativa de recuperação de sua saúde.

Impressionou-se ao chegar aqui e ver o que conta em carta: “onças pin-tadas, boas de se comer, lagartos enor-mes do tamanho a poder comer um homem, que se chamam jacarés...”

Desde o primeiro contato como os índios, obteve a admiração, aprenden-do a língua nativa, ensinando a língua portuguesa e, acima de tudo, respei-tando a cultura indígena, incluindo o hábito de não se vestirem e de devora-rem os seus prisioneiros.

Entendia que estava diante de seus irmãos, merecedores de respei-to. E não mudou de ideia mesmo quando se ofereceu para fi car no

lugar de padre Manoel da Nóbrega, pego como refém, pelos bravos ín-dios tamoios, que viviam onde hoje está a cidade do litoral norte paulis-ta, Ubatuba. Mais velho, Nóbrega estava muito doente.

Durante dois meses, passou frio e humilhações e recebeu ameaças de morte. Mas aos poucos sua mansue-tude fez com que as ameaças que re-cebia inicialmente da tribo cedessem lugar à admiração. Quando os índios o ameaçavam de devorá-lo, Anchieta respondia que ainda não havia chega-do o momento. Não havia terminado o poema à Maria, cujos versos escre-via na areia. Alguns relatos dão conta de que sua facilidade em levitar e sua proximidade com os pássaros também teriam causado grande admiração nos índios, que acabaram libertando-o.

Quando desencarnou em 1597, com 63 anos, José de Anchieta havia conseguido mais do que a admiração dos portugueses e nativos brasileiros. Deixou marcas e exemplos como de tantos que fazem a história do País e ajudam a fortalecer as fronteiras do amor, da fraternidade e da paz.

José Freitas Nobre, Anchieta, apóstolo do novo mundo. Ed. Mestre Jou, 1974.Diário do Comércio, Minhas cartas, por José de Anchieta. (editadas por ocasião dos 450 anos de fundação de São Paulo).

FOTOS: ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALES

Rua XV de novembro, em 1920

Largo da Sé, 1912

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8 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2011

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JANEIRO - FEVEREIRO 2011 CORREIO FRATERNO 9

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Big BrotherO que não se vê

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ais uma vez (a décima pri-meira), os telespectadores podem assistir as cenas reais

de atores não profi ssionais do Big Bro-ther Brasil, enquanto a Globo dá férias para seu elenco e recicla suas atrações. Intrigas, armações, fofocas, brigas, casos amorosos saem dos fi lmes e novelas e são vividos em tempo real.

Uma crítica evidente é a de que se trata de um circo cuja atração principal é a banalidade. O interesse do público mede-se pela alta audiência. Esta é a rea-lidade visível, aquela que poucos de nós contestariam. No entanto, há algo mais para se ver que nem sempre é percebido.

O pensamento espírita não pára na superfície, e ajuda a analisar as implica-ções sociais, psicológicas e espirituais de todo fenômeno. Nesse aspecto, compre-ender o interesse do público e a dinâmi-ca dos participantes do reality show é um exercício produtivo.

Sucesso de públicoO programa é um retrato dos pa-

drões vigentes em nossa sociedade, se-gundo os quais, a conquista de coisas materiais e de dinheiro é o grande ob-jetivo da existência, o que, segundo al-guns, torna lícito mentir, enganar, trair, articular-se a favor de uns e contra ou-tros, tudo para alcançar o resultado al-mejado. Porque, afi nal de contas, não se trata apenas de ser “si mesmo”, mas de adotar uma forma de agir que conquiste a simpatia do telespectador e garanta a permanência na competição. Visto por esse lado, a crueldade – de que falaremos a seguir – não é exclusividade do BBB, mas refl ete a desumanidade social de nossa civilização!

Marion Minerbo, em seu artigo “Big Brother Brasil, a gladiatura pós-moder-na”, publicado em março de 2007 no portal de revistas da Universidade de São Paulo*, traça um interessante paralelo entre a arena do BBB e os espetáculos circenses da Roma Antiga. Ela começa lembrando que a referência ao “paredão” está associada à morte – no caso, a exe-cução de um condenado. Explica a arti-culista: “Como os participantes do BBB, os gladiadores também lutavam entre si até o fi m. Quando o gladiador vitorio-so encurralava o oponente, convocava o voto popular, que podia ser referendado pelo imperador: polegar para cima, vida; polegar para baixo, morte. A vida do perdedor podia ser poupada, se o públi-co o considerasse um lutador valoroso e digno. Em caso contrário, ‘paredão’”.

O povo descarrega a insatisfação da vida por meio do circo, independente de época. Pontua a articulista: “Como na gladiatura, o reality show oferece car-ne humana para nosso repasto”. A luta entre os gladiadores era real, situações de combate, ferimentos e morte não eram simulações, o que aumentava a emoção do público hipnotizado pelas emoções intensas que, assim, desviava sua atenção dos seus verdadeiros problemas, bem como dos desmandos da política. Algu-ma semelhança com o que ocorre hoje? Parece inegável que a história se repete.

Passam as vidas, fi cam os hábitosAo comparar com o romance de

Chico Xavier e Emmanuel, Há 2000 anos..., vemos que o atual espetáculo televisivo não contém a mesma violên-cia sanguinária do circo romano: “In-cluindo-se a considerável assistência que

se aglomerava nas colinas, quase meio milhão de pessoas vibrava em aplausos ensurdecedores e espantosos, enquan-to duas centenas de criaturas humanas tombavam espostejadas...” – narra o au-tor espiritual. No reality show, porém, existe o fracasso fi nanceiro de perder um milhão, o equivalente social de “perder a vida”, em nossos dias. Analisando segun-do a fi losofi a espírita, não se trata apenas de repetição histórica, mas de padrões de emoção e comportamento presentes em nós desde o início da civilização.

Hoje o meio milhão descrito por Emmanuel multiplica-se muitas vezes pela audiência da televisão; os combates são mais psicológicos que físicos; mas é inegável que algo em nós ainda aplaude a vitória e torce pela derrota, julga, apro-va ou condena, e sentencia! O Big Bro-ther evidencia a agonia do mundo velho, mergulhado em orgulho e egoísmo, alvo da transformação almejada pelo espiri-tismo e a sua própria razão de ser: a rege-neração da Humanidade.

Isso dá o que pensar, em termos de proposta de evolução espiritual, se acre-ditamos na progressão intelecto-moral infi nita. Mas, ao mesmo tempo, escan-cara o quanto ainda somos tão parecidos conosco mesmos, na versão de vinte sé-culos atrás.

RITA FOELKER é co-fundadora do grupo e projeto Filosofi a Espírita para Crianças. É mestranda em Filosofi a e escritora com 50 livros publicados, entre infantis e adultos, mediúnicos e próprios. Seu mais recente lançamento é Calunga defi nitivo.

Texto publicado originalmente na Revista Universo Espírita, edição 63, março de 2009.

*Big Brother Brasil, a gladiatura pós-moderna

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Por RITA FOELKER

O reality show, que mobiliza telespectadores e polariza opiniões, traz à tona os padrões vigentes na nossa sociedade e realça características humanas milenares

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10 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2011

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ste é o verdadeiro retrato físico e psicológico de Allan Kardec,

feito pela inglesa Anna Blackwell, que conheceu Kardec em Paris, e que traduziu para o inglês vários livros do codifi cador. O texto foi transcrito por Conan Doyle na obra História do espiritismo, traduzida por Júlio Abreu Filho (Ed. Pensamento):

“Pessoalmente Allan Kardec era de estatura média. Compleição for-te, com uma cabeça grande, redon-da, maciça, feições bem marcadas, olhos pardos, claros, mais se asse-melhando a um alemão que a um francês. Enérgico e perseverante, mas de temperamento calmo, cauteloso e não imaginoso até a frieza, incré-dulo por natureza e por educação, pensador seguro e lógico, e eminen-temente prático no pensamento e na

ação. Era igualmente emancipado do misticismo e do entusiasmo... Gra-ve, lento no falar, modesto nas ma-neiras, embora não lhe faltasse uma certa calma dignidade, resultante da seriedade e da segurança mental, que eram traços distintos de seu caráter. Nem provocava nem evitava a dis-cussão mas nunca fazia voluntaria-mente observações sobre o assunto a que havia devotado toda a sua vida, recebia com afabilidade os inúmeros visitantes de toda a parte do mun-do que vinham conversar com ele a respeito dos pontos de vista nos quais o reconheciam um expoente, respondendo a perguntas e obje-ções, explanando as difi culdades, e dando informações a todos os inves-tigadores sérios, com os quais falava com liberdade e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquan-to tal fosse a sua habitual seriedade de conduta que nunca se lhe ouvia uma gargalhada. Entre as milhares de pessoas por quem era visitado, esta-vam inúmeras pessoas de alta posição social, literária, artística e científi ca. O imperador Napoleão III*, cujo interesse pelos fenômenos espíri-tas não era mistério para ninguém, procurou-o várias vezes e teve longas palestras com ele nas Tuileries, sobre a doutrina de O livro dos espíritos.”

* Napoleão III (1808/1873), presidente e poste-riormente imperador da França (1852/1870), foi o terceiro fi lho de Luís Bonaparte, rei da Holanda e Hortência de Beauhamais, respec-tivamente irmão e cunhada de Napoleão Bo-naparte.

Kardec: o que o seu retrato

não dizPor ALTAMIRANDO CARNEIRO

E

A imagem de Allan Kardec no retrato que conhecemos condiz com sua personalidade? Ele era bravo?

Pergunta de Luciana Carvalho Pires – Cuiabá (MT)

Vida em outros mundos?Por TATIANA BENITES

A professora explicava sobre a existência de outros mun-dos e falava sobre a evolução dos mundos e também dos seres. As crianças foram fi -cando cada vez mais curiosas e alvoroçadas, começando o burburinho:- Então é verdade que os ETs existem – afi rmou Guilherme.- Será que eles são mesmo verdes? – indagou Ana.- Professora, então os ETs exis-tem e são verdes? – resolveu perguntar Guilherme.- Podemos afi rmar que temos outros habitantes em outros mundos, seres que podem ser mais evoluídos que nós, mas não posso afi rmar de que cor eles são.- Mas quem já viu um deles para falar? – perguntou Laurinha.- Quem viu o ET de Varginha!! – respondeu rapidamente Ana.- Mas ninguém tirou foto!! – constatou Laurinha.- Acho que é lenda! – afi rmou Guilherme.- Crianças, como nós não vimos o ET de Varginha, não sabemos como ele é e se ele realmente existiu, mas sabemos que outros mundos são habitados também.- Como você sabe? Os espíritos te contaram? – indagou Laurinha.- Sim, os espíritos nos contaram, porque aqueles que vivem em outros pla-netas também são espíritos, mas em categorias e evolução diferentes de nós.- Quer dizer que podemos nos comunicar com eles aqui no centro espírita? – perguntou Guilherme.- É muito difícil, mas já houve comunicação, sim, de espíritos que habitavam a Terra e hoje habitam outros planetas.- Legal, professora!! Podemos fazer uma comunicação agora só pra saber como é Marte? – Ana perguntou empolgada.- Então.... – tentou explicar a professora.- Não, podemos perguntar de Netuno. – falou Guilherme.- Ah, vamos falar com alguém de Plutão. – falou Vitor.E começou o falatório antes que a professora pudesse explicar mais alguma coisa. Nesse momento Laurinha levanta a mão e diz:- No jornal de ontem falava que a Lua ia entrar em Júpiter. Acho que a gen-te podia conversar com alguém de Júpiter, assim a gente já perguntava dos dois mundos! Além de poder trocar e-mails, fotos e jogos de computador! Podemos começar ou será que nessa hora eles estão dormindo como as pessoas do Japão?- Laurinha, não é assim que vamos nos comunicar com eles....Interrompendo novamente ela acrescenta:- Como não professora? Se eles são mais evoluídos, os jogos de computa-dor de lá devem ser muuuuito mais legais. Além do que são dois de uma vez, se o pessoal de Júpiter não for legal, falamos com o pessoal da Lua. Vamos tentar falar logo!

COISAS DE LAURINHA

Allan Kardec: temperamento calmo, pensador, seguro e lógico

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JANEIRO - FEVEREIRO 2011 CORREIO FRATERNO 11

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Alice no país do autoconhecimento

enho uma prima que se chama Alice. Todos os meus oito leitores já sabem disso, mas é bom repetir.

Desde que vim morar em São Paulo, ela e eu trocamos e-mails quase que diaria-mente, analisando o mundo e, principal-mente, a nós mesmos.

Ultimamente, porém, Licinha (para os íntimos) está tristinha. Sua grande amiga está muito doente, vitimada por um AVC. Os e-mails de Alice andam pungentes, carregados de emoção. Neles, ela relata alguns diálogos que trava com a amiga: “nossa conversa é sobre nós mes-mas, sem pudor e mentiras, mas com o Cristo nos dando os parâmetros”– ela diz.

Por isso, resolvi, mais uma vez, trazer as considerações que minha prima faz diante desta dor, pois acredito que pode-rá ajudar a alguém que enfrente situação parecida.

A tristeza de Licinha vem não só pela situação da querida amiga, mas, segundo ela, também pelo fato de ela ter se dado conta de sua “infantilidade como ser humano e fi lha de Deus”. Juntas, elas leem o Evangelho, riem, choram e, prin-cipalmente, são honestas consigo mes-mas. “Ela sabe mais de minha vida que

TPor GEORGE DE MARCO

eu mesma”– escreve. “Nossas conversas nos melhoram, mas o que conta mesmo é a prática”. Através das conversas francas, ambas praticam o “conhece-te a ti mes-mo”, conforme a questão 919 de O livro dos espíritos, quando Kardec pergunta aos espíritos da codifi cação “qual o meio mais efi caz para nos melhorarmos nesta vida e resistirmos às solicitações do mal?” E a resposta é simples e direta: “Um sábio da antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo”. Ou seja, devemos nos conhecer intima e interiormente. Mas um conheci-mento real, pois não somos bons juízes de nós mesmos e encobrimos nossos defeitos e difi culdades como se, escondendo-as, elas desaparecessem. Aqui, cabe lembrar o Evangelho segundo o espiritismo, capí-tulo 17, que no item 3, nos ensina sobre o ‘verdadeiro homem de bem’: “é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de cari-dade, na sua maior pureza. Se ele interro-ga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfi m, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fi zessem”.

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rou e até se amparou nesta valentia. Ago-ra, então, Alice descobre que “essa valen-tia de todos nós é aquela do reino dividido contra si mesmo”. Por isso, ela vai se anali-sando, se comparando, “procurando fazer do meu sujeito forte, um cara desprendido e desamarrado para que a vida não precise me ensinar batendo com muita força”.

Os espíritas costumam dizer que “quando não se aprende através do amor, aprende-se através da dor”. Não é esta dor, porém, que Alice está sentindo. “Ninguém pediu tanto a Deus por mim quanto essa mulher, sem exigências, sem pedir nada em troca”, me conta ela. A amiga partindo sobrará, para minha pri-ma, “poucos para espantar a ignorância e a solidão. Não que isso me assuste, mas fi ca um vazio, uma sensação que o essen-cial ainda não foi feito”.

E, como diria a letra daquela canção espírita de autor desconhecido, “o essen-cial à vida é a sabedoria para conduzi-la. Fazer de cada dia um dia de paz, um dia feliz...”.

George De Marco é jornalista, publicitário e radialis-ta. Realiza atividades como expositor e educador de mocidade espírita. E-mail: [email protected]

A página em destaque merece ser lida por completo, pois encerra uma análise muito elucidativa. Fica o convite.

Ao lê-la, Alice e sua amiga perceberam, então, que “é isso que viemos fazer aqui no planeta: ‘nos conhecermos’, porque o resto é consequência. Jesus, em Mateus 12.29 deixou bem claro: “Como poderá alguém entrar na casa de um homem for-te e roubar os seus haveres se antes não o tiver amarrado? Todo reino dividido contra si mesmo será devastado...”(idem, 12.25). Aí logo pensamos em algo de ‘fora para dentro’, como ladrões, inimi-gos; mas não os de ‘dentro para fora’: ladrões, inimigos de nós mesmos. São os nossos problemas internos que nos transformam numa “família dividida”, o “homem forte” que, amarrado, perde os pertences mais valiosos: a alegria, a paz, o amor, a misericórdia”.

Analisar sinceramente nossa consciên-cia, claro, é algo que parte de nós mes-mos, e não dos outros. E esta sinceridade não pode ser confundida com valentia, uma característica que Alice encontrava na amiga que sempre dizia “sem medo, sem piedade”: Não quero, não aceito, não concordo; e minha prima sempre se admi-

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12 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2011

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Projeto Manoel Philomeno de Miranda em Manaus

O Departamento da Mediunidade da FEA, promoverá o Seminário “Estudando O li-

vro dos médiuns” com o Projeto Manoel Philomeno de Miranda (BA). O evento ocorrerá nos dias 19 de fevereiro, das

14:30 às 18:30h, e dia 20, das 8:30h às 12:30h, no auditório da UNIP. Av. Mário Ypiranga, 4.390. Par-que Dez. Inscrições até 16 de fevereiro. Informações: www.feamazonas.org.br

Confraternização Espírita do MaranhãoO Centro Espírita Humberto de Campos

recebe dos dias 6 a 8 de março a 31ª Co-nesma – Confraternização Espírita do Maranhão. O evento faz parte das co-memorações aos 60 anos da Federação

Espírita do Maranhão. Saiba mais: (98) 3232-1395, www.femar.org.br, [email protected].

Congresso em GoiásA Federação Espírita do Estado de Goiás

realizará de 5 a 8 de março o 27º Con-gresso Espírita estadual. Mais informa-ções pelo fone: (62) 3281-0875 ou pelo [email protected].

Curso para Educadores em São PauloNo dia 27 de fevereiro, das 13h às 18h30,

será realizado o Curso de Educadores Es-píritas da Infância, no Centro Espírita Gabriel Ferreira – Rua Kaneda, 474 – Vila Maria Alta – São Paulo,SP. Promo-

ção: USE São Paulo. Inscrições: [email protected] ou pelo telefone (11) 9765-1881.

Conferência no ParanáDe 18 a 20 de março, a Federação Espírita

do Paraná realizará a 13ª Conferência Es-tadual Espírita, abordando o tema Me-diunidade com Jesus. Informações: www.feparana.com.br.

Concafras 2011 A 55ª Confraternização das Campanhas da

Fraternidade Auta de Souza será realizada de 5 a 8 de março (Carnaval) e reunirá mi-lhares de voluntários simultaneamente em Campo Verde-MT e em Rio Verde-GO.

Informações: (66) 3419-1343 e (64) 3621-0316. www.concafras.com

SOLUÇÕES

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qualquer hora, em qualquer lugar

O Centro Espírita Humberto de Campos recebe dos dias 6 a 8 de março a 31ª Co-MAR

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A Federação Espírita do Estado de Goiás realizará de 5 a 8 de março o 27MAR

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No dia 27 de fevereiro, das 13h às 18h30, será realizado o Curso de Educadores Es-FEV

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De 18 a 20 de março, a Federação Espírita do Paraná realizará a 13ª Conferência Es-MAR

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A 55ª Confraternização das Campanhas da Fraternidade Auta de Souza será realizada de MAR

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O Departamento da Mediunidade da FEA, promoverá o Seminário “Estudando FEV

19

ENIGMANo artigo

‘Júpiter e alguns outros mundos’ publicado na

Revista Espírita, em março de

1858, Kardec cita o planeta Juno.

Que planeta é esse?

CRIPTOGRAMA DO CORREIOElaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Resposta do Enigma:

Juno é um asteróide, mas, naquela época, ainda era considerado um planeta

do sistema solar.Saiba mais www.

correiofraterno.com.br

www.laremmanuel.org.br

50anos

1. Admissão, alcance

Descubra o nome do novo livro da Editora Correio Fraterno

3. Deixar de dizer, esquecer voluntariamente

6. É necessário para a compreensão do espiritismo

7. Publio Lentulus e Livia em Paulo e Estevão

8. Dar opinião, julgar

9. Compõe um poema (pl.)

10. Auxilia

11. Fundador da metapsíquica

12. Cognome do professor Rivail

13. Berço dos antigos fi lósofos

14. Éfesos, na Turquia

15. Fascinar, seduzir

16. Tratar

17. Publicar por meio de impressão

18. Precursor da magnetização

19. Relativo ou próprio dos astros

4. Ser contrário a

5. _ _ _ _ _ _ do Sangue, cidade de Bezerra de Menezes

2. Porção de alimento que se leva de uma só vez à boca

ACESSO

CONTRA

BOCADOOMITIR

RIACHO

RICHET

CIDADEATRAIR

NOIVOSOPINAR

ESTUDO

VERSOS

KARDECATENAS

ASTRAL

CUIDAREDITAR

AMPARA

MESMER

Almoço Benefi cente Comida japonesa

Dia 10 de abril, a partir das 12 horasLocal: Salão de festas do Lar da Criança Emmanuel

Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955

Vila AlvesInformações: 4109-8938

Dia 10 de abril, a partir das 12 horasLocal: ABR

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JANEIRO - FEVEREIRO 2011 CORREIO FRATERNO 13

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ESPECIA

LAs chuvas de janeiro inundaram as casas de todos nós. Não só no sudeste, onde efetivamente foi

mais forte a devastação. Por toda a par-te, imagens da água descendo, barrancos caindo e pessoas desesperadas em busca de seus familiares entraram por dentro de nós.

A gente sempre se comove com o que acontece a alguém semelhante a nós. A chuva atingiu a ricos e pobres, negros e brancos, homens e mulheres de todas as idades, em vários pontos do Brasil e do mundo. E quantos ‘milagres’! A mulher que não sabia nadar e fi cou boiando, com a família inteira, rente ao teto da casa; o pai que protegeu o fi lhinho de seis meses sob um monte de escombros, alimentando-o com a própria saliva; a mulher que foi literalmente içada da enxurrada com o auxílio de uma corda, que fora ‘eventualmente’ colocada no alto de um prédio, um dia antes, para o início de trabalhos de pintura.

Ouvindo tantos casos de pessoas que se salvaram, pessoas que na última hora decidiram ir para o lugar da devasta-ção e acabaram morrendo, pessoas que fi caram ilhadas e pessoas que não con-seguiram escapar, a gente acaba se lem-brando dos relatos que sempre ocorrem após os desastres de avião. Por que será que alguns dos que eram para estar lá no momento do acidente desmarcam a pas-sagem poucas horas antes?

“Não cai uma folha de uma árvo-re sem que seja do conhecimento de Deus”, diz o Evangelho. Mas... Será que era só para eles a prova? Pelo tamanho da devastação ocorrida dentro de cada um de nós, só de ver e ouvir tantas cenas e relatos percebo claramente que não. As chuvas deste janeiro mexeram com cada um de nós.

Talvez pudéssemos descrever esta sensação como uma espécie de “cons-tatação da impermanência”. Não temos o controle sobre os fenômenos naturais, não temos o controle sobre nossas pró-prias vidas. Tal como acontece na pará-bola do rico insensato, que mandou am-

pliar seus celeiros ao constatar que eram insufi cientes para armazenar os frutos de seus campos de cultura, Deus também pode dizer a qualquer um de nós: “esta noite tua alma será chamada, e o que tanto juntaste, para quem será?”

Me vem à mente uma cena vivida re-centemente com meus fi lhos. Atravessa-va a rua com o carrinho do bebê de onze meses, segurando de um lado Alice, de dez anos, e do outro Estevão, de sete, e ainda Sophia, de doze, quando Alice su-bitamente abaixou-se no chão para pe-gar uma porcaria qualquer – um pedaço de árvore!, quando quase fomos todos atropelados por um carro que vinha em disparada. Chegando ao outro lado da calçada, com as mãos ainda trêmulas, eu falava sem parar ‘na cabeça dela’, quando Estevão me interrompeu e resumiu com serenidade:

- E nem ia poder levar o negócio para o mundo espiritual!

Num momento em que tantos per-dem tudo o que tinham de uma noite para outra, em que casas inteiras apa-recem cobertas de lama ou de água nas imagens de TV, não podemos deixar de nos questionar a este respeito. Quanto vale um fogão, uma geladeira, uma por-ção de móveis e roupas, uma casa inteira?

Signifi cativamente, o bairro mais devastado pelas chuvas em Teresópolis, chamava-se Posse. Talvez para nos lem-brar de que não temos a posse de nada. Tudo nos é dado, temporariamente,

ajudar e fazer o bem, por nossa casa não ter sido inundada!

Por que será que a gente precisa ex-perimentar o sentimento de perda – ain-da que apenas catarticamente, assistindo a uma reportagem de TV –, para perce-ber a grande oportunidade que é estar encarnado neste planeta?

Como espíritas acostumados a revi-rar a lei de causa e efeito em busca de explicações para tudo o que acontece, muitos de nós talvez tenham chegado à conclusão de que “aquelas pessoas pre-cisavam passar por aquela prova”. Toda-via, considerando-se que Deus jamais dá provas superiores às forças daqueles que as recebem, cabe-nos refl etir até que ponto “aquelas pessoas” ou, pelo menos, muitas delas, não estariam situadas em um patamar evolutivo muito superior ao nosso, uma vez que tiveram condi-ções de passar por esta prova e ainda encontrar forças para ajudar o próximo, como tantos casos mostrados na TV. Fica gritando por dentro a pergunta: estaríamos preparados para passar por uma prova destas?

Lygia Barbiére Amaral é novelista, autora de diver-sos romances espíritas, incluindo o recém-lançado A luz que vem de dentro (Ed. Correio Fraterno).

A lição das chuvasPor LYGIA BARBIÉRE AMARAL

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para que possamos realizar o aprendiza-do que um dia, com o auxílio de nossos mentores espirituais, nos predispusemos a vir fazer na Terra.

O que mais nos salta à alma em si-tuações como esta, mesmo para aqueles que não tiveram uma só gota de chuva a manchar o assoalho, é o tamanho da nossa ingratidão habitual. Acostuma-mo-nos a levantar todos os dias sem agradecer pelo fato simples, mas tão im-portante, de acordarmos mais um dia, de encontrar de novo com nossos entes queridos, de ter um pedaço de pão para comer, água para beber, roupas lavadas para vestir, tantas oportunidades para

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FOI A

SSIM

Linguagem de sinais e a inclusão de surdos

na casa espíritaPor REGINA BEATRIZ

Por CÍCERO PIMENTEL

Emmanuel escreveu sobre Pierre de Vaux e os pobres de Lion

Sou professora da rede municipal de Belo Horizonte há 24 anos e, em sala, sempre trabalhei com

alguma criança deficiente. Fiz especia-lização em Arte e Educação, Educador Comunitário e Comunicação Assistiva [destinada a pessoas surdas e deficien-tes visuais] e hoje sou intérprete de LI-BRAS – Língua Brasileira de Sinais – no Grupo de Fraternidade Espírita Irmã Scheilla.

Inicialmente, por interesses profis-sionais, ao participar de um projeto de inclusão de pessoas com deficiência, minha professora de Cultura Surda – que é psicóloga e atende a pessoas surdas – comentou em bate-papo informal que gostava muito do espiritismo. Também no curso conheci muitos surdos. Um deles, filho de pais espíritas, que nunca havia participado de uma palestra por não existir em casas espíritas intérpretes de LIBRAS.

Comecei a fazer estágio do curso e uma pessoa do Grupo Irmã Scheilla co-mentou que na reunião pública de do-mingo havia interpretação de LIBRAS. Que bacana, pensei. Quero conhecer esta pessoa e, quem sabe, fazer meu está-

Na obra A caminho da luz psicografada por Francisco Cândido Xa-vier, Emmanuel cita no capítulo 28, ed FEB uma passagem de Pierre de Vaux, um rico negociante de Lion, França.

Encontramos no livreto Les cathares (Os cátaros*), detalhes desta passagem sob o título “Os valdenses”. Estes homens seguiam ao pé da letra um trecho do evangelho de Mateus, cap. 19 vers. 21: “Se queres ser perfeito, vai e vendes tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; vem e segue-me, disse Jesus.”

O rico comerciante, pouco instruído, decidiu em 1160 abandonar a sua esposa, seus filhos e seus bens e repartir a sua fortuna com a família e os pobres.

Depois partiu de Lion e mandou traduzir os evangelhos no dialeto francês e começou a pregar. O arcebispo de Lion proibiu as pregações; eles foram excomungados e expulsos de Lion.

O movimento dos chamados “pobres de Lion” durou muitos anos e seus adeptos refugiaram-se nos vales altos dos Alpes, na Sabóia e no Piemonte (Itália), com a tolerância do duque de Sabóia.

Eis a lição para muitas pessoas. Nem sempre devemos seguir textu-almente certas passagens da Bíblia.

Cícero Pimentel - Ex-diretor da USE – Santo André / tradutor de francês

* n. 373 bis, Paris, 1977, p. 16

gio lá. Qual foi minha surpre-sa, era a minha professora inter-pretando para este amigo em comum!

No começo era só ele. De-pois veio a es-posa. No outro mês apareceu um senhor e trouxe a namo-rada. Três meses depois veio ou-tro jovem e com

a divulgação vieram outros. Sintonizei--me imediatamente com a tarefa. Vale destacar que a professora intérprete dos domingos já acompanhou até mesmo um casal de surdos durante o trabalho em reunião de desobsessão. Em algumas ocasiões fiz também a interpretação em eventos da União Espírita Mineira.

Os jovens surdos estão frequentando a reunião da mocidade espírita nos sá-bados à tarde. No grupo, alguns conhe-cem um pouco da LIBRAS. Os que não sabem vão aprendendo a se comunicar de maneira natural e divertida. Tenho acompanhado-os também em eventos, cinema, apresentação artísticas e perce-bo como é grande a alegria deles.

É muito importante que os surdos tenham essa oportunidade de participar de todas as atividades nas casas espíritas, ampliando o conhecimento doutrinário e trocando ideias com outras pessoas, num convívio feliz onde todos apren-dem uns com os outros.

Agora você pode enviar o seu FOI ASSIM em vídeo para o nosso site. Veja em www.correiofraterno.com.br/foiassim. As melhores histórias serão premiadas com livros!

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JANEIRO - FEVEREIRO 2011 CORREIO FRATERNO 15

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Espíritas e ecologistas entendem a necessidade da destruição para a manutenção do equilíbrio. Isso

vale, por exemplo, para os incêndios de causa natural que renovam a vegetação de ecossistemas como o cerrado brasi-leiro, permitindo a limpeza do solo e a germinação de sementes. Ou ainda para a cadeia alimentar baseada na ação de predadores que caçam espécies mais vul-neráveis, e assim sucessivamente, do mais forte para o mais fraco. É esse equilíbrio dinâmico – baseado em sofi sticadas en-grenagens que regem a vida e a morte

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Nem tudo é lei dedestruição

Por ANDRÉ TRIGUEIRO

– que assegura a perenidade dos ecossis-temas e dos seres vivos que neles existem.

Há um capítulo inteiro em O Livro dos espíritos que explica a chamada Lei de Destruição, que é entendida como uma das leis morais da doutrina. “Pre-ciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais de destruição não passa de uma transfor-mação, que tem por fi m a renovação e a melhoria dos seres vivos”. Segundo o espiritismo, a necessidade de destruição não se dá por igual em todos os mundos, será cada vez menos necessária quanto

mais evoluído fi sicamente e moralmente for o planeta em questão.

Importa reconhecer o gênero de destruição sobre o qual estamos falan-do. Um, de origem antrópica, determi-na impactos negativos sobre os ciclos da Natureza, precipitando cenários de desconforto ambiental crescente. Há uma questão moral embutida nessa si-tuação. Se entendermos que as práticas sustentáveis, em seus diferentes aspectos, signifi cam fazer o bem, não ser sustentá-vel – ou a inação num cenário de crise global – ajuda a desequilibrar a balança

para o outro lado. Se não existe neutrali-dade no Universo, e cada ação ou inação reverbera de maneira distinta na forma como interagimos constantemente com o cosmos, é importante que a tomada da consciência se desdobre na direção de novas ações, novas rotinas, novas esco-lhas em favor da vida.

(Adaptado do livro Espiritimo e ecologia – Ed. Feb).

André Trigueiro é jornalista, apresentador do Jornal das Dez e editor do programa Cidades & Soluções, na Globonews.www.mundosustentavel.com.br

Importa reconhecer o gênero de destruição sobre o qual estamos falando

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16 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2011

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A eterna luta do bem contra o mal em mais um instigante romance de J. W. Rochester

J. W. RochesterMédium Arandi Gomes Teixeira14x21 cm 256 páginas

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