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Escavando interfaces: conceitos de arqueologia da mídia como contribuições metodológicas para a pesquisa de mídias online Prof. Dr. Gustavo Daudt Fischer UNISINOS – Brasil Madrid – Fevereiro/2014

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  • 1. Escavando interfaces: conceitos de arqueologia da mdia como contribuies metodolgicas para a pesquisa de mdias online Prof. Dr. Gustavo Daudt Fischer UNISINOS Brasil Madrid Fevereiro/2014

2. como inspirao permanente Caminante, son tus huellas el camino y nada ms; Caminante, no hay camino, se hace camino al andar. Al andar se hace el camino, y al volver la vista atrs se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar. Caminante no hay camino sino estelas en la marAntonio Machado (1875-1939) Poema XXIX de Provrbios y Cantares 3. As trajetrias e caractersticas do YouTube e Globo Media Center/ Globo Vdeos: Um olhar comunicacional sobre as lgicas operativas de websites de vdeos para compreender a constituio do carter miditico da web (Fischer, 2008) 4. BANCO DE DADOS: conjunto de informaes, que podem ser arquivados, indexados e resgatados por determinados procedimentos tcnicos. MDIA: presena de imagens, vdeos, msicas e outras linguagens hipermiditicas linkados ao banco de dados. AMBIENTE DE RELACIONAMENTO: lugar onde ocorre a interatividade com a interface. Web 2.0 websites interativos e colaborativos.Internet Banco de DadosWebMdiaWeb 2.0 Ambiente de Relacionamento 5. Avanando... "As caractersticas da mdia tensionando o design de interfaces para web e software que operam pela internet: uma anlise retrospectiva e progressiva em busca de tendncias" (Fischer, 2010-2012). 6. Objetivo: Observar as caractersticas das mdias em relao ao design de interfaces buscando identificar aspectos que refletem as modificaes que as interfaces web ou de softwares que operam atravs da internet sofreram nos ltimos 15 anos. O material emprico vem sendo obtido atravs de uma anliseretroativa (procurando interfaces de determinados websites e softwares em verses anteriores ou desativados) eprogressiva (acompanhando websites e softwares que esto online no perodo da pesquisa) de carter exploratrio. Contribuies tericas dos estudos de Lev Manovich sobreinterfaces culturais e audiovisual. Alm disso, Jay Bolter e Richard Grusin nas discusses sobre o conceito de remediao, entre outros conceitos ligados ao design de interfaces como arquitetura de informao e usabilidade. 7. A linguagem das interfaces grficas est ligada a outras formas culturais advindas do impresso, do cinema e das Interfaces Humano-Computador. Nessas formas culturais, h modalidades especficas de organizao, estruturando a experincia humana.(MANOVICH, 2001) 8. Genealogia da telaClssicaReal TimeDinmica Interativa Interativa 9. "A REMEDIAO um processo que atravessaria todas as mdias, a partir de uma apropriao de tcnicas, formas e significado social umas das outras ecomissorepropondo-se,remodelando-se(doingls refashion) na busca por construir novas formas de representao.(BOLTER; GRUSIN, 1999) 10. 1994 2010 11. 19962010 12. 19982010 13. 20012010 14. 20042010 15. 20042010 16. 19992001200320052006 17. Esquema de cores diferentes Tipografia em negrito Grandes espaos em branco Fonte: webdesignledger.com 18. Imagens explorando a perspectivaFonte: webdesignledger.com 19. Logos e cabealhos aumentaram seu tamanho exageradamenteFonte: webdesignledger.com 20. Layout com profundidade Dar mais importncia Informao que vem na frenteFonte: webdesignledger.com 21. Grandes imagens de plano de fundoFonte: webdesignledger.com 22. Design de miniatura: seu Site precisa estar pronto para ser fotografado 23. Remixabilidade profunda (Manovich) o que remixado hoje no apenas o contedo de diferentes mdias mas tambm suas tcnicas fundamentais, mtodos de trabalho, e formas de representao e expresso. Unidas atravs de um meio-ambiente comum do software (commom software enviroment) a cinematografia, animao, animao computacional, efeitos especiais, design grfico e tipografia vieram a criar um novo metameio. Podemos pensar nesse novo metameio como uma vasta biblioteca de tcnicas conhecidas de mdias anteriores. 24. Em outras palavras, as modificaes que a interface vai ganhando e nos possibilitam produzircircular-consumir fenmenos como os websites (no nosso caso de interesse) podem ser compreendidos nesta ambincia que inclui meios e estratatgias de trabalho com, atravs deles e que, historicamente, vo se acumulando/transformandPROGRESSIV O RETROATIVO 25. As mdias online, atravs de suas interfaces, se esvaem... 26. O procedimento de resgate das interfaces foi se construindo para oportunizar um olhar que buscasse, perceber movimentos que a efemeridade da web parece no nos deixar ver. Menos reload, mais pausa. 27. Pausa para dissecar (Suzana Kilpp) A metfora da dissecao do cadver, inspirada em Leonardo da Vinci, implica dizer que para adentrar a telinha e ultrapassar os teores conteudsticos da TV - que nos cegam e ensurdecem em relao aos procedimentos tcnicos e estticos que so o modo sui generis da mdia produzir sentido - preciso matar o fluxo, desnaturalizar a espectao, intervir cirurgicamente nos materiais plsticos e narrativos, cartografar as molduras sobrepostas em cada panorama e verificar quais so e como elas esto agindo umas sobre as outras, reforando-se ou produzindo tenses (Kilpp, 2006, p. 2) 28. Molduras como instrumento de anlise Zonear territrios da interface pelo significado que propem Organizar a experincia total Molduras que se repetem, somem, se transformam vo indicando a trajetria das lgicas de um site. 29. MOMAA MPPMGPMOMFT[MC]MI MACMGP 30. Como instrumentalizar esse olhar progressivoretroativo? O que eu estava fazendo com a dissecao que no sabia nominar? 31. Arqueologia Arqueologia (do grego, arqu , antigo, e logos , discurso depois estudo, cincia) a disciplina cientfica que estuda asculturas e os modos de vida do passado a partir da anlise de vestgios materiais. uma cincia social que estuda associedades j extintas, atravs de seus restos materiais, sejam estes mveis (como por exemplo um objeto de arte) ou objetos imveis (como o caso das estruturas arquitectnicas). Incluem-se tambm no seu campo de estudos as intervenes feitas pelo homem no meio ambiente. E se comeassemos a ler as tecnologias miditicas da mesma forma que Foucault expos as prticas culturais e discursos para uma anlise de como eles nasceram e foram possveis em determinadas configuraes? (Parikka) 32. Arqueologia da mdia (Huhtamo e Parikka) Segundo Huhtamo e Parikka (2011), os arqueologistas da mdia, baseados em suas descobertas, comearam a construir histrias alternativas das mdias suprimidas, negligenciadas e esquecidas vasculha arquivos textuais, visuais, sonoros; assim como colees de artefatos, enfatizando tanto as manifestaes discursivas como materiais da cultura. (op. cit). 33. Arqueologia da mdia (Huhtamo) Erikki Huhatmo (1997) Dois objetivos: 1) estudo dos cclicos e recorrentes elementos e motivos que subjazem e guiam o desenvolvimento da cultura da mdia. 2) escavao de formas nas quais essas formulaes e tradies discursivas foram marcadas em mquinas de mdia especficas, em diferentes contextos histricos. Esse tipo de aproximao, segundo Huhtamo, daria nfase a um desenvolvimento cclico e no cronolgico e tambm reforaria a ideia de recorrncia ao invs de inovao nica. 34. Arqueologia da mdia (Wendy Chun) Chun observa o maqunico agindo na experincia sobre o tempo/repetio e critica a ideia para ela escorregadia de novo e pensa mais sobre a degradao presente nas chamadas novas mdias, esta ltima relacionada a uma no equiparao entre a ideia de memria e armazenamento, especialmente na Internet. [A] memria, com sua constante degradao, no equivale a armazenamento, embora a memria artificial tenha historicamente combinado o transitrio com o permanente (...), as mdias digitais complicam essa relao ao fazer o permanente ser um efmero durante, criando relaes degenerativas nunca vistas entre humanos e mquinas (p. 184) 35. Arqueologia da mdia (Wendy Chun) Mdias digitais nem sempre esto l, nos esperando com o contedo. Sofremos frustraes dirias com nossas fontes digitais que simplesmente desaparecem. Mdias digitais so degenerativas, esquecveis, apag veis. (...) O dispositivo e seu contedo so assncronos, no se esvaem juntos. (p. 192-193). 36. Arqueologia da mdia Wayback Machine As pginas arquivadas no WBM no esto nem vivas, nem mortas. O esqueleto de pgina proposto pelo WBM atesta visualmente no apenas o que nossas estratgias de resgate afetam no que regenerado, mas tambm como essas lacunas abrem a web como um arquivo de um futuro que no seria uma simples atualizao da memria do passado. (p. 199). 37. Cdigo-fonte Youtube abril 2005: 38. Tambm pensar a pesquisa como laboratrio conceitual (Jussi Parikka) como produzir as arqueologias das mdias online? 39. Outras iniciativas de dissecao e arqueologia - One Terabyte for the kilobyte age - The Deleted City 40. The deleted city (Richard Vijgen) 41. The deleted city 42. The deleted city 43. One Terabyte of the Kilobyte Age (Olia Lialina and Dragan Espenschied) Geocities (1995 26/10/2009) O Archive Team salvou quase 1 TB de pginas do Geocities antes de seu falecimento. Lialina e Espenschied resolveram fazer download deste material e criaram um blog e depois um tumblr para reunir os achados de sua escavao (outras exibies se seguiram). http://contemporary-home-computing.org/1tb/ http://oneterabyteofkilobyteage.tumblr.com/ 44. Ideia de Tecnocultura McLuhan (2006), O futuro do trabalho consiste em ganhar a vida na era da automao. Esta uma situao familiar na tecnologia eltrica em geral. Chegam ao fim as velhas dicotomias entre cultura e tecnologia, entre arte e comrcio, entre trabalho e lazer. (p. 388). O reconhecimento da historicidade e especificidade das mdias como parte da visada tecnocultural tem potncia para fazer mais, na medida em que a tecnocultura no sinnimo de cultura digital, mas sim uma visada que se estabelece na relao de pensar culturalmente as tecnologias e entender as propriedades tecnolgicas em ao na cultura. 45. Consideraes finais Agir arqueologicamente em busca de camadas geolgicas em websites e webpages fragmentados, pseudo-ressucitados, armazenados, fossilizados. Camadas so estratificveis e arqueologizveis (dissecveis, rastreveis , autenticveis)para ver q tempos profundos e mais tona coalescem, que elementos so memoriais, enfim, o que nelas dura de miditico, audiovisual, tecnolgico, grfico. Precisamos pensar e produzir mais modos de pesquisa com uma visada tecnocultura e arqueolgica sobre as interfaces online. 46. BOLTER, Jay David; GRUSIN, Richard. Remediation. Understanding new media. Cambridge, Massachussets e Londres, Inglaterra: Mit Press, 1999REFERNC IASCHUN, Wendy Hui Kyong. The Enduring Ephemeral, or the Future Is a Memory. In: Huhtamo, E. & Parikka, J. (orgs). Media Archeology: Approaches, Applications, and Implications. Berkeley, California: University of California Press. 2011.MANOVICH, Lev. Understanding hybrid media. 2007. In: Lev Manovich Homepage. Disponvel para download em: http://www.manovich.net/DOCS/ae_with_artists.doc. Acesso outubro 2011.________________. The Language of New Media. Londres: the MIT Press, 2001.FISCHER, Gustavo Daudt. As trajetrias e caractersticas do YouTube e Globo Media Center/ Globo Vdeos: Um olhar comunicacional sobre as lgicas operativas de websites de vdeos para compreender a constituio do carter miditico da web. 2008. Tese (Doutorado em Cincias da Comunicao) Programa de Ps Graduao em Cincias da Comunicao, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, So Leopoldo, RS, 2008._____________________. Interfaces culturais e remixabilidade nas lgicas operativas dos websites. In: Sonia Montao; Gustavo Fischer; Suzana Kilpp. (Org.). Impacto das novas mdias no estatuto da imagem. 1 ed. Porto Alegre: Sulina, 2012, v. 1. p 131-148.HUHTAMO, E.. From Kaleidoscomaniac to Cybernerd: Notes Toward an Archaeology of the Media. Leonardo, vol. 30, 3/1997. Disponvel em http://www.stanford.edu/class/history34q/readings/MediaArchaeology/HuhtamoArchaeologyOfMedia.html (acesso em junho 2012).HUHTAMO, E., JUSSI, Parikka. Media Archeology: Approaches, Applications, and Implications. Berkeley, California: University of California Press. 2011.KILPP, Suzana. Panoramas televisivos. UNIrevista (UNISINOS. Online), v. 1, p. 1-11, 2006. McLUHAN, Marshall. Os meios de comunicao como extenso do homem. So Paulo, Cultrix. 2006. 47. Obrigado, Muchas Gracias!/gusfischer www.gustavofischer.com.br [email protected]