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Cultura dos PALOP M. Felisa Rodríguez Prado GUIA DOCENTE E MATERIAL DIDÁTICO 2019/2020 FACULTADE DE FILOLOXÍA DEPARTAMENTO DE FILOLOXÍA GALEGA

Cultura dos PALOP - usc.gal · complexas, marcadas pela convivência de várias línguas e produções com estatutos diferentes, e “Literaturas Africanas de Língua Portuguesa

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Cultura dos PALOP

M. Felisa Rodríguez Prado

GUIA DOCENTE E MATERIALDIDÁTICO

2019/2020

FACULTADE DE FILOLOXÍADEPARTAMENTO DE FILOLOXÍA GALEGA

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FACULDADE DE FILOLOGIA. DEPARTAMENTO DE FILOLOGIA GALEGA

AUTORA: M. Felisa Rodríguez Prado

Edição eletrónica. 2019

A obra Cultura dos PALOP - GUIA DOCENTE E MATERIAL DIDÁTICO 2019-2020 foilicenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras

Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.

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GUIA DIDÁTICO DE “CULTURA DOS PALOP”

1. Dados descritivos

2. Sentido da cadeira no perfil

3. Objetivos, competências e destrezas

4. Conteúdos

5. Bibliografia

6. Metodologia de ensino

7. Sistema de avaliação

8. Tempo de estudo

9. Observações

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1. DESCRIÇÃO

Nome: Cultura dos PALOP.

Código: G5081244.

Tipo de cadeira: Matéria Ordinária Graduação RD 1393/2007.

Titulação: Línguas e Literaturas Modernas: Maior em Língua Portuguesa e LiteraturasLusófonas.

Ano: 2º ano.

Número de créditos: 6.

Duração: semestral – 2º semestre.

Requisitos prévios: não se aplica.

Língua(s) utilizada(s): Galego/Português. Eventual e ocasionalmente, outros materiaise comunicações poderão ser apresentados noutras línguas (espanhol, francês, inglês,italiano, etc), sempre que a docente o considerar oportuno.

Professora da cadeira: M. Felisa Rodríguez Prado

Lugar do atendimento: Gabinete 126 - Faculdade de Filologia

Horário de atendimento: será indicado no início do período lectivo, tanto através dosmeios eletrónicos previstos como no gabinete da professora.

Correio-eletrónico: [email protected]

Telefone: 881 811 772

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2. SENTIDO DA CADEIRA NO PERFIL

A cadeira de Cultura dos PALOP apresenta-se como uma aproximação àsrealidades de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe, de Angola e deMoçambique, num duplo sentido: em primeiro lugar, opera-se através das dimensõeshistórica e geográfico-identitária, quer comum aos cinco espaços, quer particular; emsegundo lugar, focalizam-se as tendências e produções culturais dos PALOP, comespecial incidência nas contemporâneas.

Situada no segundo ano de formação do Maior, faz parte do módulo de Culturae, como tal, assume-se enquanto matéria complementar -em termos da construção deum conhecimento panorâmico lusófono- de Cultura Portuguesa e Relações Galiza-Lusofonia, já realizadas pelo aluno, e de Cultura do Brasil, programada em simultâneo.Ao mesmo tempo, funciona em boa parte como cadeira base para enfrentar osposteriores estudos de Literaturas dos PALOP, ampliando aspetos apontados de modoincipiente em Literaturas de Língua Portuguesa, de caráter largamente introdutório.

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3. OBJETIVOS, COMPETÊNCIAS E DESTREZAS

3.1 Objetivos

Conhecimento geral da história dos PALOP.

Aproximação das condições de produção cultural dos diversos países.

Familiarização com destacadas manifestações e produtos culturais dos PALOP.

Elaboração de juízos críticos sobre diversos aspectos do objeto de estudo.

3.2. Competências e destrezas

Compreender o enquadramento geral que introduz as várias realidades históricas dosPALOP.

Reconhecer as especificidades construídas nos espaços africanos de língua oficialportuguesa.

Estabelecer conexões explicativas entre os quadros gerais da evolução histórica docontinente africano e o espaço da lusofonia.

Relacionar aspectos relativos à produção cultural com o espaço social e histórico emque se produzem.

Interpretar critica e comparativamente uma obra artística inserida num contextohistórico-cultural determinado.

Correlacionar temas, preocupações e tendências estéticas dominantes a partir dosdiversos produtos culturais contemplados.

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4. CONTEÚDOS

1. Cultura dos cinco ou cinco culturas?

- Territórios insulares vs. territórios continentais

- Lusografia vs. bantofonia e crioulofonia

2. Desafios da construção do Estado e da Nação e papel da cultura.

Africanidade / angolanidade, caboverdianidade, guineensidade, santomensidadee moçambicanidade

Identidade nacional / regional, étnica

3. Tradição vs. modernidade e/ou tradição & modernidade.

4. Internacionalização da produção cultural dos PALOP.

A cadeira de Cultura dos PALOP está organizada em quatro blocos cujadenominação e disposição não obedecem estritamente a critérios de arrumaçãocronológica nem de distribuição nacional, comum em abordagens históricas, nem àdivisão em campos culturais ou disciplinas artísticas, frequente em visões panorâmicasda cultura. Assim sendo, propõe-se, de modo propositado, um percurso em que ostempos e os espaços possam relacionar-se mais fluidamente no processo deaprendizagem, afastando-se da (re)produção de conhecimento compartimentado parafavorecer a capacidade relacional, a reflexão e, ainda, a criação de um espírito crítico.Optou-se por colocar questões gerais susceptíveis de desenvolvimento em modos e comgraus de aprofundamento diversos.

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A seguir, desenha-se a concretização possível da cadeira, através da marcação deatividades:

1. Cultura dos cinco ou cinco culturas?

Este tema apresenta-se como reflexão inicial a respeito do (des)conhecimentoocidental relativo ao continente africano, em geral, e aos PALOP, em particular, e comointrodução à complexidade das suas realidades culturais. Além disso, quer interrogar aprópria matéria, a partir do rótulo, colocando questões relativas aos seguintes aspectos:legitimidade de uma designação globalizante (Cultura dos PALOP), nome (em) singular(Cultura dos PALOP) e denominação a partir de uma circunstância política elinguístico-jurídica datada de 1975 (Cultura dos PALOP).

O caráter insular ou continental dos territórios focalizados é uma circunstânciainicial que parece ter-se tornado essência identitária ou parte fundamental dela, pordeterminá-la de modo importante. Afinal, é o local onde se encontra cada um dosespaços, com as suas circunstâncias naturais, junto com o modo, momento(s) eintensidade do assentamento português, que marcam a (in)existência de história anteriorà colonização e as vias possíveis de construção da identidade. Trata-se de situar a basepara a aproximação cultural dos PALOP, recorrendo a elementos basilares da suaidentificação conjunta e também individual.

A questão das línguas vai merecer especial atenção, tanto de modo direto, emtermos de conhecimento da realidade existente e da planificação linguística em cada umdos territórios, como indiretamente, enquanto presença ou mesmo instrumentofundamental de expressão em determinados âmbitos da produção cultural (música,oratura/literatura, cinema, etc).

Materiais para estudo

No momento introdutório são de ajuda trabalhos panorâmicos que expõem, porum lado, os modos de nomear / olhar historicamente o continente vizinho (p.ex. “DaAethiopia à África: as idéias de África, do Medievo europeu à Idade Moderna”) e, poroutro lado, resultados de pesquisas que focalizam a construção atual da imagem africanaatravés da imprensa, da televisão, do cinema ou dos livros de texto escolares (p.ex.Pensando en África. Una excursión a los tópicos del continente). Apresentações geraiscomo as fornecidas em Muntu (Janheinz Jahn), El planeta negro: aproximaciónhistórica a las culturas africanas (Ferrán Iniesta) ou “The African experience in politics

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and culture” (Ali Mazrui) também têm utilidade, bem como atlas contendo mapasfísicos e humanos do continente. Embora referidos particularmente à literatura, resultamde interesse os artigos “Tentatives de définition du champ littéraire subsaharien” (PapaSamba Diop) e “La notion de champ littéraire appliquée a la littérature togolaise” (JánosRiesz), pela focalização problematizante da abordagem de umas realidades culturaiscomplexas, marcadas pela convivência de várias línguas e produções com estatutosdiferentes, e “Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Que legitimidade para umadesignação globalizante?” (Inocência Mata), pelo quadro geral que coloca para osPALOP.

São imprescindíveis mapas físicos e humanos de Cabo Verde, da Guiné-Bissau,de São Tomé e Príncipe, de Angola e de Moçambique. Deve recorrer-se, ainda, atrabalhos de apresentação, primeiro ligados à história da expansão e da colonizaçãoportuguesas, depois relativos aos processos de luta de libertação armada nos PALOP eao pós-independência. Para além disso, resultam de interesse balanços de situação eguias turísticos de cada um dos países.

Atividade

Manipulação atenta de diferentes atlas e focalização do tratamento de África,visando a apreensão de elementos informativos enquanto conhecimento adquirido.Aproximação dos elementos africanos considerados Património da Humanidade, atravésdo catálogo de World Heritage in Africa, e familiarização com os localizados nosPALOP, enquanto valores internacionalmente reconhecidos, para análise da justificaçãodo seu estatuto e do eventual (des)conhecimento a respeito deles.

Atividade

Breve percurso pela(s) construção(ões) da história: dos territórios africanosdescobertos por Portugal até à constituição da comunidade dos PALOP, passando pelascolónias e as províncias ultramarinas portuguesas. Deteção de peculiaridades,constantes e aspectos em destaque, quer da colonização portuguesa em África, quer decada um dos espaços que a sofreram.

A finalidade do exercício é reparar no possível caráter particular, no seio docontinente, atribuído aos territórios que foram colonizados por Portugal, enquantoconjunto, mas também nas diferentes caraterizações de cada um deles.

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Atividade

Pesquisa na Rede e análise de resultados relativos às sequências “Cultura(s)africana(s)”, “Cultura(s) de África”, “Cultura(s) da África” e, ainda, “Cultura(s) dosPALOP” e o seu desdobramento pelos países que conformam o grupo.

A partir do levantamento feito, devem tirar-se conclusões quanto à imagemapresentada da África, às linhas de força e aos espaços em que é apresentada ouelaborada. Importa reparar (e tentar analisar) tanto no(s) modo(s) em que essa imagem éconstruída como nos sujeitos dessa elaboração. Relativamente aos Cinco, deve reparar-se, se for caso disso, em que aspectos coincidem ou divergem os resultados encontradose na variedade (ou ausência dela) de fontes e de informações pertinentes.

Atividade

Em grupo, consulta de mapas e/ou apresentações gerais -de diverso tipo (pesquisa, divulgação, material escolar, propaganda turística, etc.) e suporte (papel, livroeletrónico, audiovisual, etc.)- relativas aos PALOP. Levantamento dos elementoscolocados em destaque na definição do país, mesmo em termos de imagens.

Importa reparar nas coincidências e nas possíveis diferenças, com o fim dedetetar com que elementos mínimos se constrói essa definição e, eventualmente, em quemedida o público alvo, a época em que foi elaborada ou outras circunstâncias podemdeterminar a presença ou ausência de algum deles ou diferenças no modo deapresentação. Para além de visar a familiarização com informações objetivas epertinentes para o conhecimento dos PALOP, trata-se de contrastar este mapeamentocom as definições elaboradas -fundamentalmente, através da redação e, portanto,implicando certa(s) lógica(s) de priorização- que foram contempladas no exercícioanterior.

Atividade

A partir da consulta do verbete “Gastronomia” relativo a cada um dos PALOPno Dicionário Temático da Lusofonia, identificação dos pratos e hábitos destacados emcada um dos casos. Distribuição de países por alunos para fazer uma procura tanto doschamados “pratos nacionais”, em abstrato, como de ementas concretas (e completas)colocadas sob o respetivo rótulo identitário. Socialização das informações e reflexão.

A finalidade é relacionar a cultura gastronómica com o espaço em que se dá,identificar a presença culinária (e o seu peso) no chamado “nacionalismo banal” e,eventualmente, notar a (des)coincidência entre os hábitos alimentares da população nodia a dia e a apresentação / representação da cozinha nacional na sua projeção exterior.

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Objetivos específicos

Tomar consciência das caraterísticas da visão predominantemente divulgada docontinente vizinho.

Abandonar o preconceito e olhar África para além do lugar-comum.

Conhecer a conformação da história comum africana e, ao mesmo tempo, das diferenteshistórias e os discursos nacionais que as sustentam.

Levantar as relações, históricas e atuais, entre os diferentes sistemas identificáveis noespaço geográfico e social africano.

Questionar a existência de um intersistema cultural “palopiano” e o seu papel, nopassado e na actualidade.

Conhecer a caraterização física e humana dos Cinco.

Compreender de que modo(s) as circunstâncias físicas determinam a história, aidentidade e a cultura dos PALOP.

Familiarizar-se com alguns produtos culturais que tematizam a identidade dos Cinco.

Dificuldades possíveis

As derivadas daquilo que um provérbio africano citado por Chinua Achebe retratado seguinte modo: “Até os leões não produzirem a sua própria história, as estórias de caçaglorificarão apenas o caçador”. Um modo de tentar contornar essas dificuldades éconhecer o passado africano e europeu para, olhando o presente, perceber de quemodo(s) e em que sentido(s) este pode continuar ligado à colonização de África oudeterminado por ela.

Ausência de familiaridade com pormenores e caraterísticas definitórias dosdiversos territórios africanos e, portanto, dificuldade para fixá-los. Aconselha-se contatocontínuo com mapas e mesmo a elaboração pessoal de material gráfico em que se fixemos elementos de destaque. Também costuma resultar útil a sistematização das informaçõesem grelhas, dado que reunir os dados considerados fundamentais para cada um dos paísespermite uma consulta rápida do conjunto, ao mesmo tempo que proporciona facilmenteuma leitura contrastiva entre espaços.

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2. Desafios da construção do Estado e da Nação e papel da cultura

Com respeito aos PALOP é comum achar-se a afirmação de que o Estado,instituído em 1975, precede a Nação, na medida em que esta é, ainda hoje, um projetoem construção para se adequar às fronteiras arbitrárias herdadas da colonizaçãoeuropeia. Mas também não faltam afirmações, nomeadamente referidas aos espaçosinsulares, com particular acuidade para Cabo Verde, de que a Nação foi antes que aindependência política. Tornados países independentes depois de prolongadas lutas delibertação armada, com condições bem diferentes, os cinco tiveram só no iníciopercursos políticos semelhantes, de tal modo que com a passagem do tempo ascircunstâncias para a produção cultural divergiram. Seja como for, em qualquer um doscasos, a cultura aparece como uma potente via de intervenção transformadora dasociedade e da realidade, com ou sem palavras de ordem e visando objetivos diversos.

Na criação e projeção de imagem a partir de África, i.é a periferia, pode afirmar-se, de modo geral, que a tensão global / particular é ou tem sido vivida através de váriasoposições: ocidental / africana ou branca / negra; continental / nacional; nacional /étnica. De todas elas, a primeira é a mais estudada e a última a menos focalizada. A queocupa o lugar central na enumeração é, talvez, aquela que mais problemas coloca, doponto de vista cultural, para se combinar a produção (e eventual exportação) enquanto“negro” / “africano” e a particular identidade ou radicação nacional (que pode surgir, ounão, sob forma de compromisso). Porque, afinal, o que está em jogo é a “autenticidade”da obra, do repertório, com demasiada frequência 'certificada' num Primeiro Mundopara o qual o genuinamente africano é o ligado às raízes, à tradição, ao povo, à África,ao negro (horizonte de expetativa do consumidor ocidental, limitado). Maisrecentemente e cada vez com maior presença, encontra-se a reivindicação do artista semmais, sem adjetivo (de)limitador.

Materiais para estudo

A fim de ir acompanhando esse processo de construção, aconselha-se o uso dealguns dos textos do líder caboverdiano-guineense Amílcar Cabral contidos emNacionalismo e cultura, bem como materiais que também focalizam o espaço de línguaportuguesa, em Comunidades imaginadas: nação e nacionalismos em África e Aconstrução da nação em África.

Para além de certos aspectos focalizados por Celso Rosa no estudo Na Periferiado Império - Arte Africana no Mercado Artístico Internacional com respeito às artesplásticas, abordaremos a questão também através da música e do cinema, para os quaisserá indicado material específico.

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Atividade

Consulta, ao longo de um mês, de um meio de comunicação internacional (p.ex.África 21 digital) e de um outro nacional (de um dos Cinco, à escolha, préviacombinação com a professora) para ficar a par da atualidade dos PALOP e observar oespaço e a importância atribuída (ou não) aos aspectos culturais, em termosjornalísticos.

Atividade

Levantamento e análise dos aspectos culturais presentes em discursos políticos(particularmente oficiais) de um dos PALOP proferidos com motivo do aniversário daindependência nacional em diferentes décadas.

O objetivo é detetar as eventuais coincidências ou mudanças na posiçãoatribuída à cultura e no papel que lhe é dado, ao longo do tempo, nos estados africanosde língua oficial portuguesa, visando a declaração do grau de autonomia / heteronomiado campo cultural a respeito do campo do poder.

Atividade

Procura de informações a respeito da institucionalização (ou não) do Dia(Nacional) da Cultura nos países africanos de língua oficial portuguesa: justificação damesma, ano de início da celebração, data escolhida, razão dessa escolha, (tipo de)atividades programadas para assinalar o dia, etc.

Atividade

Observação de centros, movimentos, fundações ou associações culturais dosPALOP -ou a eles ligados-, visando a análise dos seus modos de funcionamento. Sãoaspectos a ter em conta com especial atenção a constituição da “entidade”, os seusfundamentos, os objetivos marcados e o tipo de ação que realiza.

Objetivos específicos

Refletir a respeito do(s) público(s) endógenos e/ou exógenos dos produtos culturaisafricanos e sobre o modo em que podem condicionar a sua produção.

Compreender a interação das mudanças ideológicas produzidas nas diferentessociedades com a vida cultural.

Identificar coincidências ou desvios dos vários repertórios nacionais com respeito aoidentificado geralmente como africano.

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Dificuldades possíveis

A variedade de realidades de base de cada um dos territórios e o número desituações, acontecimentos ou momentos a destacar individualmente tornam bastantedifícil lidar com tanta informação. É altamente recomendável, sempre que possível,elaborar quadros para fixar esses dados, marcar a cronologia e facilitar a capacidaderelacional.

3. Tradição vs. modernidade e/ou tradição & modernidade

Nos modos como costuma ser apresentada e representada a realidade -ora emsingular, ora em plural- do continente africano, a questão da tradição e a modernidadeocupa um lugar de destaque, porque o olhar, seja endógeno ou exógeno, lida com ambosos elementos, frequentemente contrapostos mas também unidos, por vezes. Em termosliterários, por exemplo, é comum partir-se da dicotomia oralidade e escrita,identificadas, respectivamente, com a tradição do continente ágrafo (oratura) e com amoderna introdução da letra feita pelos europeus (literatura) e, portanto, enfrentandopopular e culto de modo simplista.

Em geral, a desaparição progressiva das sociedades e dos modos de vidatradicionais tem sido enfrentada de diversas formas: como processo inelutável dedestruição, face ao qual cabe apenas o registro da(s) cultura(s) ligada(s) a elas, paraarquivo e musealização; como mais um momento de mudança que obriga areconfigurações várias. Importa reter, em todo o caso, que está em jogo a“autenticidade” (africana e/ou nacional) dos produtos e manifestações culturais,identificada, num sentido purista, com uma fidelidade absoluta à tradição imutável, masque oferece múltiplas possibilidades, tanto em forma de conservação adaptada ou“evoluída”, opção do chamado neo-tradicionalismo, como por via da incorporação do'espírito africano' no molde ocidental, num sentido amiúde antropofágico ou'calibanesco', ou mesmo numa linha exótica ou exotizante, presa aos gostos edependente do consumo ocidentais, não raro tendo como resultado, por exemplo, afolclorização das artes tradicionais.

Materiais para estudo

Para a aproximação dos conteúdos deste tema pode servir, de um modo geral,“Valores civilizatórios em sociedades negro-africanas” de Fábio Leite, bem como “Amemória africana” do maliano Amadou Hampaté Ba e vários textos de Mia Couto.

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Focalizando assuntos mais particulares, são de interesse “Las culturassubalternas y el concepto de oratura” de Juan José Prat Ferrer, “Introdução:colonialismo e criação literária em África” de José Carlos Venâncio, “Eu e o outro – OInvasor ou Em poucas três linhas uma maneira de pensar o texto” do angolano ManuelRui, ou parte do trabalho de Celso Rosa Na periferia do Império. Arte africana nomercado artístico internacional.

Atividade

Organizados em grupos para abranger os cinco PALOP, deve fazer-se a procura,na Rede, de conteúdos ligados a “tradição” e a “modernidade”, tomando nota dosâmbitos aos quais se referem as ocorrências resultantes e da distribuição das mesmas.

Atividade

Participação obrigatória no forum (espaço de diálogo e de discussão) habilitadona Aula Virtual, apresentando questões ou atividades de atualidade nos Cinco.

Atividade

Individualmente, realizar uma procura relacionada com os festejos de Carnavalem um dos países focalizados: história, tradição, modo de celebração, organização eatualidade.

Atividade

Identificação dos usos e dos valores, atuais e/ou tradicionais, da capulana(Moçambique), da morna (Cabo Verde) e do tchiloli (S. Tomé e Príncipe).

Objetivos específicos

Interpretar as produções culturais dentro do sistema em que se produzem e (as eventuaismudanças n)a recepção fora dele.

Identificar coincidências repertoriais entres os sistemas culturais dos PALOP.

Dificuldades possíveis

Pode resultar difícil a tomada de consciência com respeito a, por um lado, que atradição não é uma essência (embora com frequência queira representá-la) mas o resultadomutável de uma construção e, por outro lado, que nem a modernidade implica sempreprogresso nem a tradição significa necessariamente atraso.

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4. Internacionalização da produção cultural dos PALOP.

Algumas décadas atrás, ouviam-se vozes de estudiosos das literaturas africanasde língua portuguesa exigindo atenção para a primeira -isto é, a mais antiga- produçãoliterária da África (negra), última a ser descoberta e objeto de pouca atenção por partede especialistas. Interessa apontar as vias de difusão e de promoção dos produtosculturais dos PALOP, conhecer as políticas específicas em andamento ou previstas e otipo de problemas que enfrentam ou querem enfrentar; isto tanto em termos geraiscomo, ainda, focalizando o caso de algumas figuras destacadas do panorama 'palopiano'.

Materiais para estudo

Para situarmo-nos no início do tema é útil “A periferia da periferia” de InocênciaMata. Depois odem ser usados alguns artigos e entrevistas incluídos nas revistasLatitudes e Africultures, nomeadamente a entrevista com o produtor de Lusáfrica, donúmero 29, ou o elementos do número 73 da revista, que contém um dossier consagradoa “Festivals et biennales d'Afrique: machine ou utopie?”, com destaque angolano para oartigo “Angola Pop (2005-2007): la première triennale de Luanda” de Nadine Siegert ecolocação prévia do quadro geral em “Nous sommes tous post-exotiques”.

Atividade

Procura de espaços instituídos como plataformas privilegiadas ou específicaspara a projeção internacional da produção cultural dos PALOP.

Atividade

Observação do papel atribuído à cultura na projeção internacional do(s) país(es),quer através das Embaixadas ou Consulados, quer na atividade dos Ministérios daCultura (ou equivalentes) dos Cinco.

Atividade

Identificação da (in)existência nos PALOP de políticas viradas para oaproveitamento da cultura em termos económicos, de emprego, de sustentabilidade e dedesenvolvimento.

Atividade

Estudo de caso.

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Objetivos específicos

Estabelecer relações genéricas entre economia e cultura em cada um dos sistemas.

Compreender o modo de organização genérico de cada sistema e do intersistema nosseus macro-factores mercantil e institucional.

Entender o funcionamento simbólico, cultural e económico dos diferentes cânonesatravés das instituições e os mercados.

Dificuldades possíveis

A provável ausência de noções de planificação cultural poderá ser resolvida como fornecimento de breves informações impressas.

5. BIBLIOGRAFIA BÁSICA E COMPLEMENTAR

África 30 anos depois. Paço de Arcos: Edimpressa Editora, 2005.

Almada, David Hopffer Pela cultura e pela identidade – Em defesa dacaboverdianidade. Praia: Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 2006.

Almeida, Germano Cabo Verde: viagem pela história das ilhas. Lisboa: Caminho,2003.

Andrade-Watkings, Claire “Portuguese African cinema. Historical and contemporaryperspectives, 1969 to 1993” in Martin, Michael T. Cinemas of the Black diaspora:diversity, dependence and opposionality. Detroit: Wayne State University Press, 1995.

Cabral, Amílcar Nacionalismo e cultura. Santiago de Compostela: Laiovento, 1999.

Camões. Nº 1, 6 e 12-13 (dedicados a “Pontes lusófonas”). Lisboa, 1998, 1999 e 2001.

Cinemas de África. Lisboa: Cinemateca Portuguesa e Culturgest, 1995.

Cristóvão, Fernando (dir.) Dicionário temático da lusofonia. Lisboa: Texto Editores,2005.

Enders, Armelle História da África lusófona. Lisboa: Inquérito, 1997.

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Fernandes, Gabriel Em busca da nação: notas para uma reinterpretação do Cabo Verdecrioulo: Florianópolis - Praia: Editora da UFSC - Instituto da Biblioteca Nacional e doLivro, 2006.

Ferreira, Manuel A aventura crioula. Lisboa: Plátano, 1995 (3ª ed. rev.).

Gomes, Aldónio e Cavacas, Fernanda A literatura na Guiné-Bissau. Lisboa:GTMECDP, 1997.

Graça, Pedro Borges A construção da nação em África. Coimbra: Almedina, 2005.

Kandjimbo, Luís Ideogramas de Nganji. Cascais: Novo Imbondeiro, 2003.

Martinho, Ana Maria Mão-de-Ferro Cânones literários e educação. Os casos angolanoe moçambicano. Lisboa: Fundação Calouste-Gulbenkian, 2001.

Mata, Inocência e Padilha, Laura Cavalcante A mulher em África. Vozes de umamargem sempre presente. Lisboa: Colibri, 2007.

Mata, Inocência Polifonias insulares. Cultura e literatura de São Tomé e Príncipe.Lisboa: Colibri, 2010.

Mateus, Ismael (coord.) Angola: a festa e o luto. 25 anos de independência. Lisboa:Vega, 2000.

Memórias de África. As grandes músicas dos anos 60, 70 e 80. Angola, Cabo Verde,Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Portugal: Farol Música eDifference, 2008.

Oliveira, Mário António Fernandes de Reler África. Coimbra: Universidade deCoimbra, 1990.

Rosário, Lourenço do A narrativa africana de expressão oral. Lisboa: ICALP, 1989.

Rosas, Fernando e Rollo, M. Fernanda (coord.) Portugal na viragem do século –Língua portuguesa: a herança comum. Lisboa: Pavilhão de Portugal – Expo 98 eAssírio & Alvim, 1998.

Salinas Portugal, Francisco Rosto negro. O contexto das literaturas africanas.Compostela: Laiovento, 1994.

Santo, Carlos Espírito Enciclopédia fundamental de São Tomé e Príncipe. Lisboa:Cooperação, 2001.

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Serra, Carlos (dir.) Identidade, moçambicanidade, moçambicanização. Maputo:Universidade Eduardo Mondlane, 1998.

Silva, Filinto Elísio Correia e (coord.) Cabo Verde, 30 anos de cultura – 1975-2005.Praia: Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 2005.

Torgal, Luís Reis et alii Comunidades imaginadas: nação e nacionalismos em África.Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2008.

Venâncio, José Carlos O facto africano. Elementos para uma sociologia de África.Lisboa: Vega, 2000.

Páginas web de interesse

Não se trata de oferecer um elenco exaustivo, mas de colocar em destaque unspoucos endereços que remetem para sítios de caráter diverso e com linguagens epúblicos diferentes, mas sempre focalizando a África, quer de modo geral, querespecificamente a de língua oficial portuguesa.

http://www.ocpanet.org OCPA - Observatório de políticas culturais em África(Maputo)

http://www.artafrica.com ArtAfrica

http://www.africanos.eu/ceaup/ Centro de Estudos Africanos da Universidade doPorto

http://cea.iscte.pt/ Centro de Estudos Africanos – ISCTE (Lisboa)

http://www.codesria.org Council for the Development of Social Science Research inAfrica

http://www.casafrica.es Casa Africa (Las Palmas)

http://www.casadasafricas.org.br Casa das Africas (Brasil)

http://www.culturapalopsportugal.com Cultura PALOP-Portugal

http://www.buala.org/pt Buala, plataforma online sobre a cultura africanacontemporânea (Portugal)

http://www.africa21digital.com Revista África 21 (Luanda)

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http://www.revues-plurielles.org Portal das “revues de l'interculturalité” (disponibilizaAfricultures. La revue des cultures africaines e Latitudes. Cahiers lusophones)

Como é evidente, resulta da maior utilidade a consulta das versões eletrónicasdos principais jornais em linha dos PALOP, com os quais iremos familiarizando-nos,bem como a eventual assistência a programas televisivos ou radiofónicos.

6. METODOLOGIA DE ENSINO

A metodologia escolhida exige a presença continuada nas aulas, a participaçãoativa nelas e a realização das leituras e dos exercícios marcados.

O objetivo é que @s estudantes aprendam a realizar trabalhos de pesquisa edocumentação de forma autónoma e que mediante estes trabalhos ampliem os conteúdosfornecidos através do seguimento do programa. Do mesmo modo, pretende-sedesenvolver competências, destrezas e habilidades relativas ao trabalho cooperativo eem equipa, debate e argumentação, comunicação oral e escrita, criatividade, iniciativa,tomada de decisões e solução de problemas.

Todos os materiais precisos para o seguimento da cadeira serão pendurados naaula virtual ou, a não ser possível, será indicada a forma de consegui-los.

7. SISTEMA DE AVALIAÇÃO

Sobre um máximo de 10 valores, a qualificação final estará constituída por:

a) Assistência ativa às aulas e realização das tarefas e atividades vinculadas aodesenvolvimento da matéria: máximo de 7 valores.

b) Realização de um trabalho escrito- cujo tema deve ser combinado com adocente -, conforme as indicações recebidas: máximo de 2 valores.

c) Realização de trabalhos voluntários vinculados à matéria: máximo de 1valor.

Na prova da Primeira Oportunidade, na data oficialmente marcada, @ estudante poderárecuperar ou melhorar, mediante uma prova oral e/ou escrita, a parte relativa ao item a)antes referido. Esta prova poderá desenvolver-se contendo a exposição de um temaproposto à/ao estudante e/ou com debate entre vári@s estudantes sobre alguns temaspropostos.

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A docente poderá dar a possibilidade de melhorar o trabalho escrito, com um prazodeterminado.

Na Segunda Oportunidade, o sistema será o mesmo que o da Primeira Oportunidade

A/O estudante que não possa frequentar as aulas por causas de força maior(documentalmente justificada) terá ao seu dispor um sistema alternativo de trabalho eavaliação, consistente nos items b) e c) antes referidos, na realização dos trabalhos que adocente lhe indicar e na assistência obrigatória à prova da Primeira Oportunidade e, noseu caso, Segunda Oportunidade.

8. TEMPO DE ESTUDO

A carga de créditos da cadeira (6) equivale a 150 horas de trabalho do estudante.

9. OBSERVAÇÕES

Língua(s) utilizada(s): Galego/Português. Eventual e ocasionalmente, outros materiais ecomunicações poderão ser apresentados noutras línguas (espanhol, francês, inglês,italiano, etc), sempre que o/a docente o considerar oportuno.