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Acta Scientiae Veterinariae ISSN: 1678-0345 [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil Reis Ledur, Gabriela; Bonilla Trindade, Anelise; Meller Alievi, Marcelo; de Castro Beck, Carlos Afonso; Muccilo, Marcelo; Guimarães Gerardi, Daniel Hemangioma e mielolipoma em glândula adrenal de cão Acta Scientiae Veterinariae, vol. 40, núm. 3, 2012, pp. 1-3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=289023557018 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Acta Scientiae Veterinariae

ISSN: 1678-0345

[email protected]

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Brasil

Reis Ledur, Gabriela; Bonilla Trindade, Anelise; Meller Alievi, Marcelo; de Castro Beck, Carlos Afonso;

Muccilo, Marcelo; Guimarães Gerardi, Daniel

Hemangioma e mielolipoma em glândula adrenal de cão

Acta Scientiae Veterinariae, vol. 40, núm. 3, 2012, pp. 1-3

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=289023557018

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Acta Scientiae Veterinariae, 2012. 40(3): 1063.

CASE REPORT Pub. 1063

ISSN 1679-9216 (Online)

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Received: February 2012 www.ufrgs.br/actavet Accepted: May 2012

1Residente (Clínica Médica), Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brazil. 2Doutoranda, Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV), UFRGS. 3Departamento de Medicina Animal, Faculdade de Veterinária (FaVet), UFRGS. 4Anestesista, HCV-UFRGS. CORRESPONDENCE: G.R. Ledur [[email protected] - Tel.: +55 (51) 3308-6095]. Hospital de Clínicas Veterinárias - UFRGS. Av. Bento Gonçalves n. 9090, Bairro Agronomia. CEP 91540-000 Porto Alegre, RS, Brazil.

Hemangioma e mielolipoma em glândula adrenal de cão

Hemangioma and Myelolipoma in the Adrenal Gland of a Dog

Gabriela Reis Ledur1, Anelise Bonilla Trindade2, Marcelo Meller Alievi3, Carlos Afonso de Castro Beck3, Marcelo Muccilo4 & Daniel Guimarães Gerardi3

ABSTRACT

Background: Endocrine tumors are considered rare in veterinary medicine. Studies suggest that only one or two per cent of these are primary neoplasms of the adrenal glands. Concerning the histological classifi cation of these masses, the most frequently occurring malignant neoplasms in dogs are adenocarcinomas and pheochromocytomas and, among the benign tumors, adenomas are the most common. Although much rarer, hemangiomas, myelolipomas, among others, may also oc-cur. Dogs with this kind of neoplasm could be asyntomatic or show gastrointestinal signs, pain and urinary tract infection. Adrenalectomy is the treatment of choice and could be curative in most cases. This paper reports a case of two concurrent benign, rare adrenal neoplasms in a dog, emphasizing the clinical signs, diagnosis and treatment.Case: An eight-year-old, male castrated Chow-chow, weighting twenty one kilograms, was admitted at the Veterinary Teaching Hospital of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS) with a history of intermittent vomiting and diarrhea since it was a puppy. Because of the chronicity and nonspecifi c signs, additional tests were requested. Abdominal ultrasonography showed a round mass, measuring approximately 3.7 cm x 3.2 cm, suggesting a neoplasm. Blood pressure was measured and the mean value was 152 mmHg. Laboratory tests included a complete blood count, albumin (31.62 g/L), alanine aminotransferase (26.19 U/L), alkaline phosphatase (64.68 U/L), sodium (147 mmoL), potassium (4.5 mEq/L), fasting blood glucose (60.87 mg/dL), cholesterol (137.64 mg/dL), triglycerides (34.89 mg/dL), amylase (592 U/L), lipase (163 U/L), creatinine (0.67 mg/dL), and parasitologic exam of the feaces, which revealed no signifi cant changes at all. An unilateral adrenalectomy was performed for diagnostic and therapeutic purposes. The patient was anesthetized and was placed in left lateral recumbency. An incision was made along the thirteenth rib, allowing an adequate visualiza-tion of the right adrenal. A careful dissection and ligation of vessels was performed, the gland was removed and sent for histopathology. The abdominal cavity was sutured routinely. Histopathological examination disclosed two fragments of benign tumors, namely myelolipoma and hemangioma. The animal had an excellent postoperative recovery, being given antibiotics, analgesics and daily dressings as treatment. In the follow-up reexamination only mucus persisted in the stool, however a diagnostic colonoscopy was not authorized by the owner.Discussion: Adrenalectomy represented both the defi nitive diagnostic and therapeutic methods of choice, since the growth of these masses could compromise adjacent organs. The open approach is the method used for adrenalectomy in veterinary patients, as opposed to people, where the laparoscopic surgery is generally chosen. In this report, we opted for an right paracostal incision to allow a better exposure and dissection of the adrenal gland in this medium-sized dog. There was no need for supplemental glucocorticoids in the postoperative period because these neoplasms are non-functioning, which represents a contraindication for its use. Therefore, total adrenalectomy was proven effective in the treatment of these two concurrent adrenal neoplasms, as supported by the postoperative course.

Keywords: adrenal glands, myelolipoma, hemangioma, neoplasms, endocrine system.Descritores: glândulas adrenais, mielolipoma, hemangioma, neoplasia, sistema endócrino.

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G.R. Ledur, A.B. Trindade, M.M. Alievi, et al. 2012. Hemangioma e mielolipoma em glândula adrenal de cão. Acta Scientiae Veterinariae. 40(3): 1063.

INTRODUÇÃO

As glândulas adrenais são estruturas bilaterais situadas craniomedialmente aos rins e responsáveis pela produção de adrenalina, noradrenalina, corticos-teroides e hormônios sexuais, sendo que 1 a 2% dos tumores endócrinos de cães são considerados primários neste órgão [6].

Poucos relatos descrevem a ocorrência de ne-oplasmas benignos na glândula adrenal e dentre estes, encontram-se os adenomas e os mielipomas. Apesar dos hemangiomas serem comumente diagnosticados na pele de cães, estes podem acometer qualquer região ou órgão que apresente vascularização, por serem originários do endotélio vascular [4]. Os tumores benignos de adrenal são pouco frequentes e não secretores de hormônios, sendo que os mielolipomas, podem estar associados a obesidade, hiperadrenocorticismo ou hipoadrenocorti-cismo [7]. Os animais com estas neoplasias localizadas nas glândulas adrenais podem estar clinicamente assin-tomáticos ou apresentarem sinais gastrintestinais, dor e infecção urinária [5]. Desta maneira a adrenalectomia é o tratamento de escolha e, quando realizada de forma adequada, é geralmente curativa [9].

Sendo assim, o presente trabalho visa relatar a ocorrência rara de duas neoplasias benignas localizadas na mesma glândula adrenal de um cão, enfatizando os sinais clínicos, o diagnóstico e o tratamento.

RELATO DE CASO

Foi atendido no HCV-UFRGS um canino, macho, da raça Chow-chow, com oito anos, pesando 21 kg, apresentando histórico de diarreia e vômito intermitentes desde fi lhote. As crises gastrintestinais caracterizavam-se por vômitos biliares, tenesmo, pre-sença de muco nas fezes e frequente hematoquezia. Ao toque retal constataram-se estruturas dentro dos padrões anatômicos normais, porém fezes com bastante muco, demais parâmetros clínicos sem alterações. Foi solicitado exame parasitológico de fezes o qual resultou negativo, além de hemograma, albumina (31,62 g/L), alanina aminotransferase (26,19 U/L), fosfatase alca-lina (64,68 U/L), sódio (147 mmolL), potássio (4,50 mEq/L), glicemia de jejum (60,87 mg/dL), colesterol (137,64 mg/dL), triglicerídeos (34,89 mg/dL), amilase (592 U/L), lipase (163 U/L) e creatinina (0, 67 mg/dL). A ultrassonografi a abdominal evidenciou massa arredondada, medindo aproximadamente 3,7 cm x 3,2 cm na glândula adrenal direita. Veia cava caudal

apresentando redução de diâmetro, sugerindo com-pressão. A adrenal esquerda apresentava hiperplasia tecidual. Diante do resultado ultrassonográfi co, foram solicitadas aferições periódicas de pressão arterial sis-tólica (PAS) a qual em média resultou em 152 mmHg, sendo considerada dentro da normalidade [2]. Após estabilização do paciente, o animal foi encaminhado para procedimento de adrenalectomia total direita. Sob anestesia geral o paciente foi posicionado em decúbito lateral esquerdo, em seguida, foi realizada incisão pa-racostal direita. A glândula adrenal direita encontrava-se aumentada e com irrigação abundante (Figura 1). Realizaram-se dissecação cuidadosa e a ligadura dos vasos. O órgão foi removido e encaminhado para estudo histopatológico. A cavidade abdominal foi suturada de forma rotineira. O animal apresentou excelente recu-peração pós-operatória, recebendo antibioticoterapia, analgésicos e curativos diários. À revisão, apenas a persistência do muco nas fezes foi constatada, porém uma colonoscopia diagnóstica não foi autorizada pela proprietária. O exame histopatológico revelou heman-gioma e mielolipoma de adrenal (Figura 2).

Figura 1. Vista topográfi ca da glândula adrenal direita alterada de um cão apresentando hemangioma e mielolipoma associados.

Figura 2. Imagem histológica demonstrando grandes espaços vascu-lares repletos de hemácias e fi brina, delimitados por endotélio com leves atípias (hemangioma). Presença de megacariócitos e tecido adiposo (mielolipoma) [HE, 400x].

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G.R. Ledur, A.B. Trindade, M.M. Alievi, et al. 2012. Hemangioma e mielolipoma em glândula adrenal de cão. Acta Scientiae Veterinariae. 40(3): 1063.

www.ufrgs.br/actavetPub. 1063

DISCUSSÃO

Diante do quadro clínico apresentado pelo paciente, inicialmente acreditava-se tratar de um caso de feocromocitoma, uma vez que esta neoplasia encontra-se sempre entre os diagnósticos diferenciais de massas adrenais [3]. Tal hipótese foi descartada após a constatação da PAS que apesar de discretamen-te elevada [2], foi considerada dentro da normalidade, considerando o estresse individual do animal em relação a um ambiente hospitalar. A literatura propõe que o feocromocitoma deve ser suspeitado em um cão com uma PAS maior de 180 mmHg [3].

A adrenalectomia foi o método diagnóstico e terapêutico de eleição, uma vez que o crescimento dessas massas poderia comprometer os órgãos adjacen-tes. A abordagem aberta é o método utilizado para a adrenalectomia em medicina veterinária [6]. A técnica aberta caracteriza-se primordialmente pelos acessos transabdominal pela linha média ventral e retroperito-neal [1]. No presente relato, optou-se pela realização

do acesso paracostal, uma vez que a grande diferença entre eles diz respeito ao porte do animal [1]. Por se tratar de um canino de médio porte esse tipo de acesso se fez necessário para melhor exposição e dissecação da glândula adrenal [6,8].

Não houve a necessidade de suplementação de glicorticoides no pós-operatório por se tratar de neoplasmas afuncionais e neste caso não é recomen-dado sua utilização [1]. Além disso, a glândula adrenal contralateral encontrava-se com evidências de hiper-plasia tecidual, sugerindo compensação da atividade endócrina pela adrenal esquerda.

Sendo assim, a adrenalectomia total da glândula apresentando dois neoplasmas benignos concomitantes foi efetiva no tratamento desta pato-logia, visto que a evolução pós-operatória respalda a conduta cirúrgica adotada.

Declaration of interest. The authors report no confl icts of interest. The authors alone are Responsible for the content and writing of the paper.

REFERÊNCIAS

1 Birchard S.J. 2007. Adrenalectomia. In: Slatter D. (Ed). Manual de cirurgia de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Manole, pp.1694-1700.

2 Cabral R.R., Ciasca B.D., Oliveira V.M.C., Vaz-Curado A.P. & Larsson M.H.M.A. 2010. Valores da pressão arterial em cães pelos métodos oscilométrico e Doppler vascular. Revista Brasileira de Medicina Veterinária e Zootecnia. 62(1): 64-71.

3 Carvalho C.F., Vianna R.S., Da Cruz J.B., Maiorino F.C., Andrade Neto J.P., Mazzei S.R.N., Collepicolo M.C.Z. & Mori E. 2004. Feocromocitoma em cão - Nota prévia. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. 41(2): 113-117.

4 Enzinger F.M. & Weiss S.E. 1995. Soft Tissue Tumors. 3rd edn. St. Louis: Mosby, 739p.5 Fajardo R., Kattah L., Rojas I., Jaimes O.L. & Perdomo C.F. 2009. Mielolipoma suprarrenal: reporte de un caso y

revisión de la literatura. Revista Colombiana de Cirurgia. 24(2): 123-129.6 Fossum T.W. 2008. Cirurgia do sistema endócrino. In: Cirurgia de pequenos animais. Rio de Janeiro: Mosby, pp. 573-614.7 Hofmockel G., Dammrich H., Manzanilla García H. & Frohmuller H. 1995. Myelolipoma of the adrenal gland associ-

ated with contralateral renal cell carcinoma: case report and review of the literature. Journal of Urology. 153(1): 129-132.8 Lezoche E., Guerrieri M., Crosta F., Lezoche G., Baldarelli M. & Campagnacci R. 2008. Flank approach versus

anterior sub-mesocolic access in left laparoscopic adrenalectomy: a prospective randomized study. Surgical Endoscopy and other Interventional Techniques. 22(11): 2373-2378.

9 Ramírez J.C.L & Ordoñez O.F.H. 2002. Mielolipoma adrenal: reporte de un caso y revisión de la literatura. Boletín del Colegio Mexicano de Urología. 17(3): 147-150.