34
Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Economia e sociedade canavieira

América Portuguesa

Page 2: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Introdução: Durante toda a fase colonial brasileira, houve sempre um

produto principal em torno do qual se organizava a maior parte da economia exportadora. Ele era produzido em grandes quantidades, tornando-se, assim, responsável pela maior parte dos lucros que a metrópole obtinha com a colonização. De certa forma, a ideia de uma única cultura ser explorada pela maior parte dos colonos fazia parte da política econômica colonial, que buscava, assim, exercer um controle desse produto. A classe dominante colonial, assim como a Coroa Portuguesa, dirigia-se sempre para o comércio internacional e, quando um produto começava a gerar mais lucros que outro, boa parte dos esforços se voltava para a obtenção ou produção desse bem.

Page 3: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Introdução: Esse mecanismo aparentemente repetitivo levou muitos

historiadores a usarem a ideia de ciclo econômico para estudar o período colonial. Haveria, dessa forma, uma história do Brasil dividida da seguinte maneira: o ciclo do pau-brasil ( século XVI), o da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII) e mais tarde o da mineração (século XVIII).

É importante, contudo, observar que essa é uma maneira simplificada de entender a história econômica da América portuguesa, e não a história da América portuguesa como um todo: ficando de lado tanto as outras atividades agrícolas quanto a dimensão cultural e social do “novo mundo”. Na realidade, mesmo quando uma determinada atividade econômica deixava de ser mais lucrativa (e mais explorada), ela não chegava a desaparecer completamente. Foi isso que ocorreu com o pau-brasil, por exemplo, figurando com destaque nas exportações da América portuguesa até a segunda metade do século XIX.

Page 4: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Introdução: Não foi diferente com a economia da cana-de-

açúcar. Mesmo durante o século XVIII, quando a mineração passou a ser a atividade econômica mais lucrativa, ela continuou existindo. Além disso, na época em que a cana-de-açúcar era a principal atividade econômica, cultivavam-se também no Brasil o algodão e o fumo, fundamentais para a manutenção de parte significativa das relações comerciais da colônia portuguesa (o fumo, por exemplo, era principal produto no comércio com a África, de onde se trazia mão-de-obra escrava).

Page 5: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

A cana-de-açúcar A decisão pelo plantio da cana-de-açúcar na

América portuguesa obedecia ao plano do governo de efetivar a colonização dessas terras e evitar os ataques estrangeiros.

O plantio da cana-de-açúcar, nesse contexto, foi escolhido por preencher dois requisitos principais: 1- atendia às necessidades de ocupação das terras americanas. 2- sendo um produto caro, e de grande aceitação na Europa, possibilitava grandes lucros a Portugal, que se encontrava em grande crise econômica e não tinha, por isso, como sustentar seu projeto colonizador na América.

Page 6: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Cana-de-açúcar: A produção do açúcar era

uma novidade complexa, que envolvia um grande volume de recursos. Não bastava plantar as mudas de cana trazidas da Ásia e da África, colher e enviá-las a Portugal depois de cultivadas. Inúmeras atividades exigiam a aplicação de imensos capitais, tanto para a compra de escravos como para a compra dos equipamentos dos engenhos, onde se moía a cana e se fabricava o açúcar.

Page 7: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Cana-de-açúcar: Por compará-la com a extração do pau-brasil, atividade

econômica que a precedeu, muitos historiadores passaram a denominar “empresa açucareira” a nova atividade econômica. O cultivo de cana constituía uma espécie de investimento, que não produzia lucros rapidamente: era necessário esperar o período de plantio, da colheita, da moagem e, finalmente, do fabrico do açúcar, para só então obter algum retorno financeiro com a exportação do produto para a Europa.

Tão dispendioso eram os gastos com a instalação dos engenhos e com a compra de escravos que os colonos portugueses associaram-se, por intermédio da própria Coroa Portuguesa, aos comerciantes e investidores holandeses. Esses holandeses financiavam a instalação da “empresa açucareira” na colônia, em troca do direito de comercialização do açúcar na Europa. Apesar dessa relação de dependência entre o capital holandês e as primeiras propriedades açucareiras, a América portuguesa permanecia sujeita aos laços do pacto colonial com sua metrópole, sendo toda a produção comercializada sob o controle da Coroa portuguesa.

Page 8: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Uma produção voltada para fora: Toda a economia colonial buscava servir aos

interesses da metrópole, produzindo aquilo que fosse mais rentável, nas maiores quantidades possíveis. Por isso, o cultivo da cana-de-açúcar, que foi a primeira experiência agrícola colonial a servir a esse propósito, desenvolveu-se nas imensas propriedades originadas das sesmarias distribuídas pelos donatários e governadores-gerais. Por outro lado, o lugar onde a cana-de-açúcar encontrou ambiente mais favorável á sua exploração comercial foi na região que hoje identificamos como Nordeste brasileiro, principalmente nas capitanias de Pernambuco e Bahia. Ali, a cana-de-açúcar foi produzida pelo sistema denominado plantation (latifúndio).

Page 9: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Uma produção voltada para fora: Um dos principais fatores

que contribuíram para a transformação do Nordeste da América portuguesa no principal pólo açucareiro foi o solo da região, denominado massapê: solo argiloso, muito propício ao cultivo da cana, comum em toda a faixa litorânea e nas margens dos rios daquela região.

Page 10: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Uma produção voltada para fora: As plantações de cana ocupavam extensas áreas

desmatadas. O núcleo central da propriedade era a casa-grande, onde residia o proprietário e sua família e onde se concentravam todas as atividades administrativas. Nas proximidades da casa-grande era construído o engenho, onde a cana-de-açúcar era moída e o açúcar, produzido, e a senzala, onde eram alojados os escravos. Em meio a essas construções ficava a capela, simbolizando a presença do poder católico na colônia. Vários outros itens agrícolas essenciais para a subsistência, como mandioca, milho, feijão, etc., eram também cultivados: uma pequena parte das terras, entretanto, era destinada a essas atividades.

Page 11: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Uma produção voltada para fora: O engenho propriamente dito, onde se fabricava

o açúcar, era composto pela moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar. Na moenda, a cana era esmagada, extraindo-se o caldo; na casa das caldeiras, esse caldo era engrossado ao fogo em grandes tachos; finalmente, na casa de purgar, o melaço de cana era colocado em formas de barro para secar e alcançar o “ponto de açúcar”. Após algum tempo, esses blocos eram desenformados dando origem aos “pães de açúcar”, blocos duros e escuros, semelhantes ao que hoje chamaríamos de rapadura. Os “pães de açúcar” eram quebrados e então encaixotados e enviados para Portugal e, de lá, para a Holanda, onde passavam por um processo de refino, ficando então pronto o açúcar para a comercialização e consumo.

Page 12: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Auge da cana-de-açúcar: Durante o século XVI e

XVII, o Brasil tornou-se o maior produtor de açúcar do mundo, gerando imensas riquezas para os senhores de engenho, para Portugal e, também, para os holandeses.

Page 13: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Auge da cana-de-açúcar: Com os sucesso da atividade açucareira na

América portuguesa, a classe colonial dos senhores de engenho do Nordeste passou a ter mais capital, podendo importar da Europa desde roupas e alimentos até louças e uma série de objetos de decoração. Boa parte do capital resultante da “empresa açucareira” era também utilizada na importação de escravos, e parte significativa dos lucros era partilhada entre holandeses e portugueses, que comercializavam o açúcar. Dessa maneira, quase toda a riqueza gerada foi sendo transferida da colônia para as áreas metropolitanas, como resultado das condições impostas pelo pacto colonial.

Page 14: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

As atividades complementares da economia açucareira: A economia colonial se

voltava sobretudo para a produção de bens exportáveis para o comércio internacional europeu. Havia, entretanto, algumas outras atividades produtivas, realizadas para complementar as necessidades da população, muitas vezes denominadas de “atividades secundárias”. Tais atividades eram desenvolvidas dentro do próprio engenho, constituindo uma pequena produção de bens utilizados no consumo interno da colônia.

Page 15: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

As atividades complementares da economia açucareira: Dessa maneira, alguns lavradores, pequenos

proprietários de terras ou arrendatários, que viviam numa relação de dependência com o senhor de engenho, plantavam milho e mandioca para a alimentação dos escravos nas terras não utilizadas para a plantação de cana. Apenas quando o preço do açúcar baixava muito no mercado internacional é que uma maior parte das terras do senhor era utilizada para a produção de subsistência: nessas ocasiões, os senhores de engenho deixavam de comprar a cana-de-açúcar de pequenos roceiros, tornando inúteis seus esforços.

Page 16: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

As atividades complementares da economia açucareira: Além disso, mesmo durante os períodos de exportação

normal, uma pequena parte da cana-de-açúcar plantada na propriedade era utilizada para a produção de geribita, a aguardente de cana, e rapadura, produtos utilizados principalmente como “moeda de troca” entre as pessoas dentro da colônia e mesmo na África, na troca por escravos. Nesse sentido, em algumas regiões, como na capitania do Rio de Janeiro, boa parte da produção de cana-de-açúcar se voltou para a produção, em larga escala, de aguardente.

Ao mesmo tempo, iniciou-se a criação de gado no Nordeste, desenvolvida principalmente nas regiões próximas aos engenhos, penetrando depois para o interior. A criação de gado era, inicialmente, apenas atividade complementar da atividade açucareira.

Page 17: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Pecuária: Além de força motriz para as moendas e os arados, assim

como para transportar o açúcar, o gado era uma importante fonte de alimentação na colônia, e ainda fornecia o couro usado na confecção de roupas, calçados, móveis e outros utensílios. Por isso, inicialmente, a pecuária foi uma atividade desenvolvida dentro dos engenhos, voltada às suas necessidades internas. À medida que essa atividade foi se tornando importante e os rebanhos passaram a adquirir dimensões maiores, ficando impossível de serem criados no espaço das propriedades do engenho, ela foi transferida para regiões mais distantes, contribuindo para a expansão das fronteiras coloniais. Dessa maneira, a pecuária, de “atividade complementar” passou a ser realizada independentemente dos engenhos, dando ocupação e trabalho para toda uma população de “sertanejos”, responsáveis pelos cuidados com o rebanho.

Page 18: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Pecuária: As criações de gado penetraram pelo interior,

alcançando, já no século XVII, as regiões dos atuais Estado do Maranhão e do Ceará, ao norte; mais ao sul, as margens do rio São Francisco. Criado de forma extensiva, ou seja, solto nas terras, o gado originou diversas fazendas no interior, o que acabou levando ao desbravamento de quase toda a atual região Nordeste. As pessoas que se dedicavam à criação de gado, os vaqueiros, eram indivíduos livres de origem negra, branca, indígena ou descendentes deles.

Page 19: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Subsistência, fumo e algodão: Além do cultivo de alguns produtos agrícolas para

subsistência também se produziam fumo ou tabaco, largamente utilizados como moeda de troca para obtenção de escravos na costa africana.n sua produção desenvolveu-se mais intensamente na região dos atuais estados da Bahia e Alagoas.

Já o cultivo de algodão desenvolveu-se mais no Maranhão e visava apenas à produção de tecidos rústicos usados na confecção das roupas dos escravos, já que, para os senhores de engenho e suas famílias, as vestimentas vinham da Europa. A produção de artigos manufaturados na colônia era controlado pela metrópole portuguesa, a quem interessava assegurar a venda de tecidos produzidos na Europa, lucrando mais com essa atividade.

Page 20: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

O negro escravizado: Durante as primeiras

décadas de colonização da América pelos portugueses, os índios foram amplamente utilizados como mão-de-obra, o que continuou acontecendo, em menor intensidade, pelo menos até o século XVIII, principalmente no sul da colônia, na capitania de São Vicente.

Page 21: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

O negro escravizado: Porém, quando começaram a entrar em

atividade, na região do Nordeste, as primeiras grandes propriedades açucareiras, o indígena foi rapidamente substituído pelo negro como mão-de-obra, tanto na plantação e cultivo da cana-de-açúcar quanto em todos os processos de beneficiamento e transporte.

Muitos historiadores, no passado, explicaram essa mudança dizendo que os índios eram “preguiçosos e indolentes”, e por isso nãos e adaptavam ao trabalho exigido nos engenhos. Na verdade, essa explicação manifesta um preconceito com relação aos povos indígenas e esconde a verdadeira causa da escravidão africana.

Page 22: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Escravidão: Logo no início da colonização portuguesa na América, as

missões jesuíticas passaram a catequizar os índios americanos. No intento de proteger seu novo “rebanho”, os jesuítas lutavam contra a escravização do indígena, num confronto direto com os senhores de engenho e principalmente os comerciantes dessa mão-de-obra. Além disso, é preciso considerar o enorme declínio da população indígena, especialmente no litoral, depois da chegada dos portugueses, fosse pelo extermínio das populações mais guerreiras ou pelas epidemias de gripe e outras doenças européias, às quais os índios não eram imunes. Acrescente-se o quadro cultural dos indígenas que viviam segundo um ritmo equilibrado com a natureza, não havendo sentido para eles extrair tanto pau-brasil, plantar tanta cana, produzir mais e mais visando à acumulação de riquezas.

Page 23: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Escravidão:Neste contexto, a mão-de-obra negra africana,q eu já era utilizada pelos portugueses, desde o século XV, nas fazendas dos arquipélagos de cabo verde e da Madeira, nas costas da África, surgiu como uma alternativa à mão-de-obra indígena. O tráfico de escravos para várias regiões do mundo era, além disso, uma empresa muito lucrativa, aos comerciantes e à Coroa, independentemente das questões práticas envolvidas com a instalação da “empresa açucareira” na América. Assim, a opção pela escravidão negra atendeu a vários interesses: amenizando os conflitos entre os senhores e os missionários jesuítas; solucionando o problema da mão-de-obra para as novas atividades econômicas e garantindo mais uma fonte de lucro para metrópole.Os negros africanos eram, inicialmente, caçados como bichos pelos brancos portugueses: sua principal atividade de defesa era fuga para o interior da África. Buscando tornar mais eficiente e rápida a obtenção de suas “presas”, os comerciantes passaram a estimular guerras entre os próprios africanos, comprando os negros prisioneiros dos chefes das tribos vencedoras. Os chefes tribais, seduzidos pelos produtos europeus, negociavam com os portugueses por meio do escambo, trocando negros cativos por tabaco, tecidos, cachaça (geribita), armas, jóias, vidros, etc.

Page 24: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Navios tumbeiros: O transporte de escravos

da África até a América portuguesa era feito de uma maneira desumana, em navios chamados de tumbeiros, também conhecidos por navios negreiros, numa viagem que durava cerca de dois meses. Amontoados nos porões, perto de um terço deles morria devido às péssimas condições de higiene e alimentação, além dos maus-tratos que recebiam.

Page 25: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa
Page 26: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

O negro escravizado: Os prisioneiros que

chegavam vivos na costa brasileira eram desembarcados e vendidos nos principais portos da colônia, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Completava-se, assim, a ligação entre o centro fornecedor de mão-de-obra (África) e o centro colonial produtor de açúcar (América portuguesa), integrados na empresa de colonização e no enriquecimento dos núcleos metropolitanos.

Page 27: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

O negro escravizado: Comprados como mercadoria pelos senhores de

engenho, os negros africanos eram geralmente separados dos membros de sua comunidade, assim como de suas famílias. Levados para os engenhos, os escravos trabalhavam sob rígido controle do feitor, que os castigava casos e recusassem a trabalhar ou desobedecessem as ordens de seus senhores, açoitando-os com o “bacalhau” (chicote de couro cru) ou prendendo-os no “vira-mundo” (algemas de ferro que prendiam mãos e pés), dois dos aparelhos de tortura mais utilizados.

Page 28: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Resistência escrava: Os negros, contudo, não se submetiam facilmente à

escravidão. Fugas, furtos, incêndios, destruição das plantações eram algumas das formas que os escravos encontravam para se rebelar contra os trabalhos forçados e o excesso de autoridade e de violência praticados pelos senhores e feitores (que chegavam a vigiar os escravos noite e dia).

Outro tipo de resistência, mais sutil e silenciosa, era a recusa ao trabalho. nesse caso, os negros simplesmente se retiravam para um canto e ali ficavam até a morte. Durante muito tempo, essa atitude dos escravos foi identificada como uma doença, o banzo, causada pela “saudade” que os negros tinham da África. Na verdade, era uma atitude de resistência.

Page 29: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Quilombos: Além das resistências individuais cotidianas,

incluindo até envenenamento de membros da casa-grande, havia também as fugas em bando e a formação de quilombos, nome que se dava aos acampamentos de escravos fugitivos, bem distantes das povoações dos brancos, que com o tempo se transformavam em prósperas aldeias, com uma vida social e econômica próprias.

O foco mais famoso de resistência negra contra o escravismo foi o quilombo de Palmares, que se formou na serra da barriga, em Alagoas, no seio de uma densa mata de palmeiras cortada por muitos rios. Nessa região, de difícil acesso, desenvolveu-se uma comunidade auto-suficiente que produzia milho, banana e cana-de-açúcar e que, durante um certo período, chegou a comercializar seus excedentes com regiões vizinhas.

Page 30: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Quilombo de Palmares: Palmares, que começou a se organizar no início do século

XVII, chegou a abrigar mais de 20 mil negros, fugidos das fazendas canavieiras, desestruturadas com as invasões holandesas. Dividia-se em povoados menores, chamados mocambos, que eram liderados pelos mais fortes guerreiros. Macaco, com suas mil e quinhentas casas, era a capital do quilombo.

Sobrevivendo por quase cem anos, Palmares, sob a liderança de Zumbi, conseguiu derrotar diversas expedições militares organizadas pelos holandeses, pela Coroa portuguesa e pelos fazendeiros, com o objetivo de exterminá-lo. Para os senhores de engenho, Palmares constituía uma ameaça, um exemplo perigoso, pois o sucesso estimulava o desejo de liberdade e a formação de outros quilombos. Palmares sucumbiu, em 1695, ás tropas portuguesas comandadas pelo bandeirante Domingos Jorge Velho.

Page 31: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Uma sociedade dividida entre senhores e escravos:

A sociedade colonial se caracterizou pela mesma divisão social existente nas propriedades canavieiras. No espaço do engenho, tal distinção se materializava na casa-grande e na senzala, lugares que refletiam a hierarquia entre, de um lado, os brancos colonizadores e, por outro, seus “braços e pernas”, os escravos africanos.

Page 32: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Uma sociedade dividida entre senhores e escravos: A aristocracia canavieira, que habitava as casas-

grandes, reproduzia essa mesma prática para além de suas terras, expandindo-a pelas vilas, não apenas no cotidiano colonial, mas também no espaço político das próprias câmaras municipais.

A sociedade açucareira se organizou de forma a obedecer quase o mesmo caráter patriarcal que estruturava a vida no interior das casas-grandes: a autoridade do senhor de engenho era absoluta, e os indivíduos da colônia obedeciam-no incondicionalmente como os membros de uma família a um patriarca severo, rigoroso e intransigente.

Page 33: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa

Uma sociedade dividida entre senhores e escravos: Os escravos formavam a base econômica dessa sociedade.

Os indígenas e, principalmente, os negros africanos eram responsáveis pela quase totalidade dos trabalhos braçais executados na colônia. Uma pequena parcela da população, composta de homens livres, plantadores de cana com poucos recursos, que não possuíam instalações para produzir o açúcar (engenhos) e eram obrigados a vender a cana ou produtos de subsistência a uma senhor de engenho, formavam o grupo intermediário, que abrigava também os feitores e capatazes, comerciantes, artesãos, padres, militares e outros funcionários públicos, moradores das poucas vilas e cidades da época. Os senhores de engenho, proprietários das terras, dos escravos e das instalações do engenho, concentravam a maior parte das riquezas da colônia portuguesa na América.

Page 34: Economia e sociedade canavieira América Portuguesa