EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E FORMAÇÃO POLICIAL: Validade da prática extensionista

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    EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E FORMAO POLICIAL: Validadeda prtica extensionista.

    ON HUMAN RIGHTS EDUCATION AND TRAINING OFFICER: Validity of theUniversity extension.

    Claudio Duani Martins1

    RESUMO

    Teve-se como objetivo compreender em que medida a extenso universitria realizadapela Academia de Polcia Militar de Minas Gerais, pode atender a perspectiva da Teoriadas Competncias e a prtica reflexiva, adotada pela Matriz Curricular Nacional daSecretaria Nacional de Segurana Pblica (SENASP), mormente no que se refere aEducao em Direitos Humanos para policiais, tomando como parmetro a experinciado Projeto Educadores para a Paz, da Polcia Militar de Minas Gerais. Para oentendimento destes aspectos o estudo inicialmente conceituou e contextualizou a

    Educao em Direitos Humanos (EDH), baseando-se nas concepes de autores comoBalestreri (2003), Kaufman (2007), Andreopoulos (2007), Claude (2007), Spector (2007)e Dubois (2007), convergindo o tema para sua importncia na formao policial. Emseguida, foi feita uma breve exposio sobre a Teoria das Competncias dentro docontexto da Matriz Curricular Nacional da Secretaria Nacional de Segurana Pblica,como forma de expor ao leitor os princpios tericos adotados atualmente para educaopolicial em todo o Brasil. Por fim, conclui-se que o Projeto Educadores para Paz,enquanto ao de extenso, da Academia de Polcia Militar, tem conseguido atender aosquesitos orientados pela SENASP, em sua Matriz Curricular Nacional, no que se refere aEducao em Direitos Humanos para policiais, e esta em consonncia com as diretrizesnacionais da Extenso.

    Palavras-chave: Direitos Humanos, Extenso Universitria, Polcia Militar de Minas

    Gerais, Projeto Educadores para a Paz.

    1 INTRODUO

    O Tema Educao em Direitos Humanos (EDH) para policiais militares ainda muito pouco explorado. Devido a sua especificidade tcnica, a atuao policial,

    revestida de uma complexidade, mormente no que se refere s situaes onde, muitas

    1 Major da Polcia Militar de Minas Gerais, especialista em Direitos Humanos e professor de Direitos

    Humanos da Academia de Polcia Militar de Minas Gerias. [email protected].

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    vezes, o profissional de segurana pblica tem que adotar medidas extremas que envolve

    o uso da fora e das armas de fogo.

    Neste contexto de decises complexas, nem sempre h tempo para uma

    reflexo mais aprofundada sobre o que fazer, como fazer e quando agir. Por isto, operodo acadmico deve ser, para o policial em treinamento, um perodo no qual ele deve

    aprender a lidar com vrios tipos de situaes, e lidar com diversos tipos de conflitos

    sociais, mantendo uma conduta tica e profissional, atravs de um agir reflexivo,

    direcionado a aes de respeito aos direitos fundamentais, tendo como base um ensino

    fundamentado pelo desenvolvimento de competncias e no respeito aos Diretos

    Humanos.

    A Teoria das Competncias, adotada pela Secretaria Nacional de

    Segurana Pblica (SENASP), do Ministrio da Justia, em sua Matriz Curricular

    Nacional, est estruturada na afirmao de que, ao mobilizar, de forma correta, seus

    saberes e conhecimentos tericos, o profissional adquire a excelncia laboral,

    manifestada, sobretudo, na capacidade de decidir e agir em situaes inesperadas.

    Contudo, esse saber mobilizar s se conquista por meio da experimentao prtica, que

    deve ser contemplada ainda durante o processo inicial de formao desse profissional,

    atravs da atividade extensionista.

    A Poltica Nacional de Extenso Universitria (2012) traz diretrizes que

    ampliam o entendimento da extenso, em uma perspectiva biopsicossocial. Tal

    documento lista as diretrizes da extenso como: Interao Dialgica; Indissociabilidade

    Ensino Pesquisa Extenso; Impacto na Formao do Estudante; Impacto e

    Transformao Social.

    A EDH, desenvolvida por meio da extenso, pode desenvolver

    competncias que iro revestir a futura atuao policial, de aspectos sociais e

    humanitrios, que auxiliaro o policial militar, no cumprimento de sua misso de agente

    garantidor de direitos e protetor da sociedade.

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    As teorias sobre Educao em Direitos Humanos encontram-se em autores

    como Balestreri (2003), Kaufman (2007), Andreopoulos (2007), Claude (2007), Spector

    (2007) e Dubois (2007), com nfase nas questes que abrangem o mtodo de ensino e a

    importncia de sua eficcia no ensino de policiais.

    A Polcia Militar de Minas Gerais, engajada no aprimoramento tcnico e

    profissional de seus integrantes, tem, por meio da Academia de Polcia Militar (APM),

    investido em novas formas didticas e metodolgicas, para uma Educao de Polcia

    Militar(EPM)2 que tenha como vis principal, o desenvolvimento de competncias para

    um agir reflexivo com foco no respeito aos Direitos Humanos.

    No ano de 2009, uma experincia inovadora, do ponto de vista da EPM,

    foi colocada em prtica na APM, por meio do Projeto Educadores para Paz, envolvendo

    os cadetes da 2a srie do Curso de Bacharelado em Cincias Militares, Curso de

    Formao de Oficiais (CBCM/CFO), em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais.

    O Projeto, basicamente consiste em treinar os cadetes, da PMMG, para a

    Educao em Direitos Humanos, para crianas, em escolas de ensino fundamental, da

    rede pblica municipal de Belo Horizonte.

    Aps a realizao da primeira edio do projeto que envolveu 30 cadetes e10 escolas, o projeto foi inserido como uma ao de extenso vinculada disciplina de

    Direitos Humanos do 2 ano do CBCM/CFO.

    Assim, este trabalho tem como objetivo geral, compreender em que

    medida a extenso universitria pode atender a perspectiva da Teoria das Competncias e

    a prtica reflexiva, adotada pela Matriz Curricular Nacional de Secretaria Nacional de

    2 A Educao de Polcia Militar (EPM) um processo formativo, de essncia especfica eprofissionalizante, desenvolvido de forma integrada pelo ensino, treinamento, pesquisa e extenso. Permiteao militar adquirir competncias para as atividades de polcia ostensiva, preservao da ordem pblica edefesa territorial, aliceradas na lei e nos valores institucionais, com foco na preservao da vida e nagarantia da paz social. (MINAS GERAIS, 2012)

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    Segurana Pblica (SENASP), mormente no que se refere EDH para policiais, tomando

    como parmetro a experincia do Projeto Educadores para a Paz.

    Para o entendimento destes aspectos o estudo ir inicialmente

    contextualizar a Educao em Direitos Humanos, convergindo o tema para suaimportncia na formao policial. Em seguida, ser feita uma breve exposio sobre a

    teoria das competncias, como forma de expor ao leitor os princpios tericos adotados

    atualmente para educao policial em todo o Brasil. Por fim, ser feito uma correlao

    entre os dois primeiros aspectos abordados, e a extenso universitria, com objetivo de se

    verificar como esta ltima, pode contribuir com o xito das duas primeiras, na formao

    policial, especificamente no se refere percepo dos Direitos Humanos. A anlise ter

    com base o Projeto Educadores Para a Paz.

    2 Educao em Direitos Humanos: trajetria e conceito

    A Educao em Direitos Humanos, segundo Benevides (2000), se

    estabelece a partir de trs premissas: a primeira uma educao de natureza permanente,

    continuada e global, a segunda uma educao necessariamente voltada para a mudana,

    e a terceira, est vinculada formao de valores, que realmente atinja [...] coraes e

    mentes e no apenas instruo, meramente transmissora de conhecimentos. A autora

    acrescenta que essa educao deve permear todos no ambiente escolar, tanto educadores

    como os educandos, que devem estar em sintonia e compartilhar os mesmos valores, pois,

    do contrrio, no poder ser chamada de educao, tampouco, de Educao em Direitos

    Humanos.

    Observa-se que a EDH um campo novo e em construo. Seu principal

    objetivo sensibilizar todas as pessoas em relao aplicabilidade universal dos Direitos

    Humanos, por meio da conscincia de seus direitos e deveres, fator, primordial para o

    desenvolvimento da humanidade.

    No Brasil, os Direitos Humanos ganharam fora a partir dos fatos polticos

    e sociais, que efervesceram as dcadas de 1960 e 1970. Porm, foi a partir dos anos 1980

    e 1990 que esses direitos vm alcanando gradual importncia com base na participao

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    popular e nas aes governamentais, para garantir, com polticas pblicas, o

    fortalecimento da democracia.

    A Constituio Brasileira de 1988 surge como o cone desse processo de

    redemocratizao, mormente por ter consagrado o Estado Democrtico de Direitoreconhecendo, entre seus fundamentos, a dignidade da pessoa humana.

    O Brasil reconheceu vrios instrumentos internacionais de proteo aos

    direitos fundamentais, tais como os Pactos internacionais dos direitos Civis e Polticos e

    Econmicos, Sociais e Culturais. Ademais, reconheceu a jurisdio da Corte

    Interamericana de Direitos Humanos e do Tribunal Penal Internacional.

    Nesse contexto, em 2003, surge o Plano Nacional de Educao emDireitos Humanos (PNEDH), que insere o Brasil, de forma definitiva, na Dcada das

    Naes Unidas para a Educao em Direitos Humanos (1995-2004), e corrobora os

    esforos em prol da consolidao democrtica e da afirmao desses direitos em nvel

    mundial, alm de alinhar a realidade brasileira ao Plano Mundial de Educao em

    Direitos Humanos, que considera que a educao [...] contribui para criar uma cultura

    universal dos Direitos Humanos [...] e assegura a todos o [...] acesso participao

    efetiva em uma sociedade livre (BRASIL, 2009).

    O PNEDH est estruturado em cinco eixos: educao bsica, educao

    superior, educao no-formal, educao dos profissionais dos sistemas de justia e

    segurana e educao e mdia. Esse instrumento assinala quais as estratgias para tornar o

    tema Direitos Humanos inteligvel para as pessoas que compem as vrias instituies

    em cada um desses cinco eixos.

    Dentre esses eixos, o estudo dar nfase educao dos profissionais de

    justia e segurana, explorando qual a importncia da educao em direitos para a

    formao policial.

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    3 EDH e Teoria das competncias na formao policial: Matriz CurricularNacional

    A capacitao especializada em Direitos Humanos para profissionais de

    diversas reas, a includa a polcia, segundo Claude e Andreopoulos (2007), bastante

    diferenciada, e suas metodologias ainda so muito recentes.

    As primeiras orientaes para a elaborao de eventos especializados em

    Direitos Humanos ocorreram no ano de 1978 e foram segundo os autores, inclusas no

    Documento Final do Congresso Internacional Sobre o Ensino dos Direitos Humanos, que

    ocorreu nesse mesmo ano, sendo posteriormente corroborada no Congresso Internacional

    sobre Educao em Direitos Humanos e Democracia, realizado em Montreal, em 1993,

    que declarou:

    absolutamente necessrio promover a capacitao especializada paraprofissionalizao de reas particularmente ligadas aos Direitos Humanos, taiscomo juzes, mdicos, enfermeiras, policiais, jornalistas, altas patentes dasforas armadas [...] etc., por meio de suas organizaes nacionais einternacionais (CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE EDUCAO EMDIREITOS HUMANOS E DEMOCRACIA, 1993 apud CLAUDE;ANDREOPOULOS, 2007, v.5, p. 381).

    Observa-se que a Educao em Direitos Humanos, para profissionais, teve

    suas razes ainda na dcada de 1970. No entanto, ainda hoje, seu estudo e sua efetivao

    dentro das instituies policiais so incipientes. Esse fenmeno observado por Kaufman

    (2007), que, ao analisar experincias de EDH nas instituies policiais e militares, em

    vrios pases, traz baila uma vasta anlise discursiva sobre os bices ligados insero

    da disciplina Direitos Humanos na capacitao de militares e policiais. Esse autor reuniu

    uma coletnea de experincias dessas instituies, e, com base nelas, faz importantes

    recomendaes.

    A inteno de inserir contedos de Direitos Humanos nos currculos de

    instituies policiais e militares, segundo Kaufman (2007), converteu-se em uma questo

    de difcil aceitao, por parte dessas organizaes. No entanto, o autor afirma que uma

    porta se abriu durante o processo de democratizao de vrios pases, onde os governos

    civis se empenharam na desconstruo da cultura de prticas repressoras, como forma de

    estabilizao democrtica. Nesse processo, tanto as foras policiais, quanto as foras

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    armadas, passaram a objetivar o respeito s liberdades individuais e a garantia dos

    direitos fundamentais.

    Segundo o autor, gerou-se, em contrapartida, uma desconfiana por parte

    das instituies de proteo aos Direitos Humanos, pelo fato de [...] dadas a natureza e aestrutura das instituies militares, as condies restritivas para a insero desse novo

    campo dentro de seus currculos venha a propiciar apenas um paliativo sem impacto

    significativo no comportamento (KAUFMAM, 2007, v. 5, p. 411, destaque nosso).

    Observa-se, que a preocupao das entidades ligadas aos Direitos Humanos se foca na

    mudana de comportamento pelos militares e policiais, e no na mera insero da

    temtica nos currculos.

    Nesse sentido, Kaufman (2007, v.5, p. 413) acrescenta que a [...] mera

    insero das questes de Direitos Humanos dentro da instruo uma condio

    necessria, mas no suficiente. Esse autor afirma que uma capacitao eminentemente

    legalista e formal, relativa a Direitos Humanos, pode no atingir uma profundidade, em

    nvel comportamental, em instituies que comumente se envolvem em violaes de

    Direitos Humanos.

    Nessa perspectiva, Balestreri (2003, p. 64) afirma que [...] preciso que

    os operadores-educandos (no caso, agentes policiais) estabeleam relaes de pertinncia,

    vnculos afetivos, com as possibilidades formativas que lhes so oportunizada. Esse

    autor salienta que h um nmero significativo de cursos, que so oferecidos aos policiais,

    [...] sem estabelecer um mnimo de empatia entre o que neles se prope e os supostos

    beneficirios. Assim, no processo de formao policial, necessrio que os educadores

    provoquem um envolvimento afetivo do educando com a temtica ensinada, mormente

    no que se refere aos Direitos Humanos.

    Capacitar policiais para a EDH , segundo Kaufman (2007), um

    investimento em longo prazo, pois, devido dinmica de suas carreiras, galgam postos

    estratgicos nas instituies e podem se tornar grandes incentivadores, levando a

    consolidao dos aspectos pedaggicos adquiridos sobre Direitos Humanos a nvel macro

    da instituio.

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    Com relao aos aspectos polticos, Kaufman (2007, v 5, p. 426-427)

    afirma que a EDH deve, provocar no policial um reconhecimento da supremacia civil, o

    que pode reduzir o efeito de segregao, quando se cria a relao, Ns - eles

    distanciando a instituio policial da comunidade, como se estas fossem distintas. O

    autor, no entanto, adverte que a EDH, no pode se restringir teoria, ela deve contemplar

    atividades de vivncia, onde importante usar [...] um ensino pr-ativo e as tcnicas

    experimentais, tais como dramatizao, discusses [...] para tornar a EDH, no apenas

    informativa, mas tambm uma experincia que visa formao.

    Corroborando com a afirmao de Kaufman (2007) sobre a importncia da

    prtica aliada teoria na EDH, Dubois (2007) afirma que um treinamento eficiente de

    Direitos Humanos para policiais pode reduzir as violaes a esses direitos. Como sugere

    o autor, para melhor assimilao da noo de Direitos Humanos, o treinamento no deve

    se restringir s normas relativas ao tema, mas ao trabalho com grupos de policiais, que

    contemplem dramatizaes, seminrios, envolvimento de ONGs e especialistas na rea.

    Por fim, Kaufman (2007) chama a ateno para importncia de fazer com

    que os policiais se reconheam como sujeitos de direito. Eles no devem apenas aprender

    a respeitar o outro (sociedade), mas reconhecer seus direitos e saber exigi-los e defend-

    los. Assim, a prpria instituio policial deve fornecer as bases para esse reconhecimento,por meio do respeito dignidade do profissional. Ainda sobre esse assunto, o autor

    afirma que os Estados devem promover melhorias, tais como bons salrios e boas

    condies de trabalho. No entanto, segundo o autor, mesmo as mais expressivas

    experincias, sem a devida avaliao, podem se tornar ineficazes. Nesse sentido, a

    avaliao da eficcia da EDH importante, mormente no que se refere mudana de

    comportamento verificada, sobretudo, na diminuio de casos de violao de Direitos

    Humanos.

    No Brasil, a realidade da insero da EDH, nos currculos das polcias

    brasileiras, especificamente das polcias estaduais (militar e civil), tem sido um processo

    lento. Devido s vrias realidades sociais dos estados, h uma significativa disparidade de

    avanos nessa rea.

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    Para amenizar essa disparidade, a Secretaria Nacional de Segurana

    Pblica (SENASP) tem adotado uma poltica de formao e aperfeioamento, que traz,

    sobretudo, um vis de repensar e nortear os currculos formativos das instituies

    policiais de todo o Brasil. Tal estratgia pretendida pela Matriz Curricular Nacional,

    elaborada em 2003 e revisada e ampliada em 2008, que tem, como principal

    caracterstica, [...] ser um referencial terico-metodolgico para orientar as atividades

    formativas dos profissionais de segurana pblica [...] (BRASIL, 2008, p. 1).

    A Matriz Curricular Nacional est estruturada em eixos articuladores e

    reas temticas que introduz os conceitos de transversalidade e interdisciplinaridade3

    entre todas as disciplinas inseridas nos currculos.

    Este documento refora, ainda, que a formao deve estimular no policial

    um agir reflexivo diante das diversas situaes enfrentadas por ele em seu ambiente de

    trabalho. Esse agir crtico e reflexivo est sustentado pelo desenvolvimento de trs

    competncias bsicas, a saber: cognitiva/ aprender a pensar, atitudinais/ aprender a ser e a

    conviver e, por fim, operativas/ aprender a atuar.

    A Matriz Curricular Nacional, que tem suas bases na teoria das

    competncias, traz o conceito de autonomia intelectual, como a [...] adaptabilidade do

    profissional, isto , sua possibilidade de agir em situaes diferentes, de gerir incerteza e

    de poder enfrentar as mudanas no exerccio da sua profisso (BRASIL, 2008, p. 1).

    Assim, a Matriz Curricular Nacional define competncia como [...] a

    capacidade de mobilizar saberes para agir nas diferentes situaes da prtica profissional,

    em que as reflexes antes, durante e aps a ao estimularem a autonomia intelectual

    (BRASIL, 2008, p. 2).

    3 [...] A interdisciplinaridade questiona a segmentao dos diferentes campos do conhecimento,possibilitando uma relao epistemolgica entre as disciplinas, ou seja, uma inter-relao existente entre osdiversos campos do conhecimento frente ao mesmo objeto de estudo [...].[...] a transversalidade refere-se atemas sociais que permeiam os contedos das diferentes disciplinas, exigindo uma abordagem ampla ediversificada, no se esgotando num nico campo de conhecimento. (CORDEIRO, SILVA, 2003 apudBRASIL, 2008, p. 22,23)

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    Quando se refere ao processo de aprendizagem e o desenvolvimento de

    competncias, a Matriz Curricular Nacional cita o conceito de aprendizagem como um

    processo [...] de assimilao de determinados conhecimentos e modos de ao fsica e

    mental (LIBNEO, 2004, p. 83 apudBRASIL, 2008, p. 19). Esse processo permeado

    pelo processo de ensino, que implica a relao cognitivo-afetiva presente entre o

    indivduo que conhece e o objeto do conhecimento (BRASIL, 2008, p. 19).

    Dessa forma, quando a Matriz Curricular Nacional divulga sua

    metodologia, ela concita a uma construo dos currculos, programas e planos de ensino

    que atendam aos seguintes quesitos:

    [...] Proporcionar a participao ativa dos discentes por meio de atividadesque favoream a reflexo sobre a prtica, envolvendo mecanismos intencionais

    que possibilitem a reflexo antes, durante e aps a ao.

    [...] Estudos de caso, simulaes, resoluo de problemas, Projetos, vdeo-formao, grupos de vivncia/observao, prtica assistida, entrevistas, dentreoutros, so atividades que auxiliam o desenvolvimento de uma prticareflexiva.

    [...] Favorecer um ambiente de formao aberto, ou seja, que v alm dosmuros dos centros de ensino, contemplando atividades que favoream aosalunos o contato e o intercmbio com todos os rgos de segurana pblica,comunidades, ONGs, instituies de ensino, bibliotecas.

    [...] Enfatizar e prever as condies necessrias ao desenvolvimento dos

    contedos atitudinais, particularmente: patriotismo, responsabilidade, lealdade,disciplina, entusiasmo profissional, cooperao, iniciativa, criatividade e ospreceitos de respeito dignidade humana e da responsabilidade social. [...](BRASIL, 2008, p. 40).

    Assim, o texto da Matriz Curricular Nacional sugere que os currculos dos

    cursos de formao dos Profissionais de Segurana Pblica devem ser orientados por

    essas competncias, que estaro presentes no desdobramento dos contedos contidos nos

    eixos articuladores e reas temticas, da seguinte forma: (a) contedos conceituais (leis,

    teorias e princpios); (b) contedos atitudinais valores, crenas, atitudes e normas); (c)

    contedos procedimentais habilidades tcnicas, administrativas, interpessoais, polticas e

    conceituais traduzidas em mtodos, tcnicas e procedimentos (BRASIL, 2008, p. 20).

    Todos esses contedos devem se traduzir em competncia profissional,

    entendida pela rea de segurana pblica, como [...] o conjunto de competncias que

    forma a competncia profissional de natureza cognitiva, afetiva e prtica, bem como de

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    ordem didtica, incluindo diferentes saberes que possibilitam a ao em diferentes

    situaes. (AZEVEDO; SOUZA et al, 1992 apudBRASIL, 2008, p. 20).

    Observa-se, que a Matriz Curricular Nacional prope que os saberes

    tericos, os sabres empricos e os contedos das diversas disciplinas devem coexistir comos saberes prticos. Estes, por sua vez, se dividem em saberes sobre a prtica e os saberes

    da prtica.

    Outra observao trata da relao entre as competncias cognitivas e

    atitudinais com os eixos tico, legal e tcnico que esto presentes na formao do

    Profissional de Segurana Pblica (BALESTRERI, 2003) e com os quatro eixos da

    Educao sugeridos pela UNESCO: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a

    ser e aprender a conviver e com as dimenses do conhecimento: saber, saber fazer e saber

    ser (BRASIL, 2008, p. 4).

    A disciplina de Direitos Humanos est relacionada rea temtica cultura

    e conhecimento jurdico e faz parte do ncleo comum de disciplinas, agrupadas por reas

    temticas, sugeridas pela Matriz Curricular Nacional para aes formativas na rea de

    segurana pblica. Os contedos dessas disciplinas do ncleo comum devem, segundo a

    Matriz, conter aspetos conceituais, procedimentais e atitudinais.

    Dessa forma, toda a formao inicial de um policial deve estar

    transversalmente ligada ao tema Direitos Humanos, sua promoo, reconhecimento e

    respeito.

    Em se tratando de formao policial, a questo de agir reflexivamente

    perpassa pelo reconhecimento e pelo respeito aos Direitos Humanos. O policial deve

    saber respeitar a dignidade da pessoa humana, preservar a vida, a integridade fsica e

    psicolgica, durante toda e qualquer ao no cotidiano.

    Nesse sentido, durante a formao, o Policial deve ser conscientizado da

    importncia de sua profisso e estimulado a ser um promotor dos Direitos Humanos pois,

    segundo Balestreri (2003, p. 24), suas aes, futuramente, tero um carter pedaggico na

    sociedade. Esse autor afirma que baseado nas atitudes do policial que as pessoas o tero

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    como um amigo ou, como mais um a discrimin-las e oprimi-las. O autor destaca que

    [...] h, assim, uma dimenso pedaggica no agir Policial [...] o Policial, assim, luz

    desses paradigmas educacionais mais abrangentes, um pleno e legtimo educador

    4 Educao em Direitos Humanos na Polcia Militar de Minas Gerais

    Consta, na declarao de misso institucional da PMMG, dentre outras

    atitudes, assegurar a dignidade da pessoa humana, as liberdades e os direitos

    fundamentais contribuindo para a paz social e para tornar Minas o melhor lugar para se

    viver [...] (MINAS GERAIS, 2009 a). H, portanto, umaexpectativa de alinhamento das

    diretrizes nacionais que tratam dos Direitos Humanos, pela instituio.

    No entanto, para que esse alinhamento de fato ocorra, h que se investir,

    tambm, na Educao Policial Militar, e, nesse contexto, a Academia de Polcia Militar

    (APM), como unidade gestora da EPM, tem papel fundamental no processo de formao

    e aperfeioamento dos policiais.

    Como o estudo foca a inteligibilidade de Direitos Humanos na formao

    policial, a Escola de Formao de Oficiais (EFO) da APM, onde so formados os futuros

    oficiais da PMMG, por meio do Curso de Bacharelado em Cincias Militares, Curso de

    Formao de Oficiais (CBCM/CFO) constitui um local estratgico para a EDH, pois,

    esses futuros oficiais iro alcanar posies estratgicas na Corporao, futuramente.

    A disciplina de Direitos Humanos, no entanto, s passou a fazer parte da

    malha curricular da PMMG, em 1987, assumindo significativa importncia a partir da

    promulgao da Constituio de 1988, a metodologia de ensino, porm, se limitava a

    aulas tericas ministradas pelos prprios instrutores militares, que, na maioria das vezes,

    no tinham formao nessa rea.

    Em 1998, o Comit Internacional da Cruz Vermelha (CICV), em Braslia,

    lanou as bases do Projeto Polcia Militar, que tinha, como principal objetivo, ampliar os

    conhecimentos tericos e tcnico procedimentais das polcias, mormente as militares,

    para a atuao em concordncia com as normas internacionais de Direitos Humanos, no

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    seu contexto nacional e internacional, bem como noes de direito internacional

    humanitrio.

    No ano seguinte, a Polcia Militar de Minas Gerais realizou cursos de

    multiplicadores das doutrinas de Direitos Humanos, coordenados por oficiais dainstituio, contando com a participao de instrutores internacionais. Esses cursos

    inovaram, pois, continham uma metodologia que aliava os contedos tericos, tais como

    direito internacional dos Direitos Humanos, direito internacional humanitrio, proteo

    aos grupos socialmente vulnerveis, prtica policial, com uma carga horria total de 100

    h/a. Esses cursos lanaram as bases para uma profunda mudana na Educao em

    Direitos Humanos na Corporao.

    Na Escola de Formao de Oficiais, a disciplina Direitos Humanos nos

    anos de 1999 a 2003, seguiu uma ritualstica pedaggica, na qual o professor, responsvel

    pela cadeira, era geralmente um civil, com formao jurdica. A metodologia utilizada

    para o desenvolvimento do contedo era, basicamente, exposio dialogada, leitura

    orientada de textos e trabalhos em grupos, permeados, por vezes, com visitas de grupos

    sociais. No entanto, no havia atividade extraclasse, o ensino se restringia sala de aula.

    J no ano 2004, entrou em vigor a Diretriz para Produo de Servios de

    Segurana Pblica (DPSSP) n 08/2004 CG, que estabeleceu vrios procedimentos

    operacionais e orientaes voltados para a atuao policial e o respeito aos Direitos

    Humanos (MINAS GERAIS, 2004).

    Essa DPSSP trouxe uma mudana na questo pedaggica de Direitos

    Humanos, pois instituiu que, para a docncia de Direitos Humanos, nos cursos da

    PMMG, o professor deveria ser militar, possuidor do Curso de Multiplicador de Direitos

    Humanos. Os programas e planos da disciplina de Direitos Humanos tambm foramreadaptados. No entanto, a metodologia de ensino, em que pese trazer novos contedos e

    privilegiar dramatizaes, estudos de casos e anlise de vdeos e filmes, ainda se

    mantinha intramuros, sem uma perspectiva extraclasse da temtica Direitos Humanos.

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    No ano de 2005, a Academia de Polcia Militar de Minas Gerais foi

    reconhecida como Instituio Estadual de Ensino Superior, pelo decreto s/nr de 2005, no

    ano de 2012, inovou, se comparada as demais academias militares do Brasil, criando em

    sua estrutura um departamento de Pesquisa e Extenso, objetivando alinhar as atividades

    de ensino, pesquisa e extenso ao princpio constitucional da indissociabilidade.

    Os contedos dos planos e programas da disciplina de Direitos Humanos

    de todas as sries do CBCM/CFO incluem, atualmente, o estudo do Direito Internacional

    dos Direitos Humanos, Direito Internacional; Direito Internacional Humanitrio,

    Aplicao da lei nos Estados Democrticos, tica policial, Princpios Bsicos do Uso da

    fora e Arma de Fogo, estudo da Constituio Federal e Estadual, estudo sobre o

    atendimento aos grupos socialmente vulnerveis: Idosos, Crianas e Adolescentes,

    Pessoas em Situao de Rua, Pessoa com Necessidades Especiais, Lsbicas, Gays,

    Bissexuais, Travestis, Transexuais e Mulheres.

    Nota-se que o arcabouo terico est em alinhamento ao que preconiza a

    EDH, para policiais. No entanto, como afirma Kaufman (2007), as metodologias

    tradicionais de ensino, por meio da transmisso de conhecimentos em sala de aula, podem

    no ser suficientes para uma inteligibilidade das disciplinas tericas, mormente a

    disciplina Direitos Humanos.

    Assim, para se alcanar uma mudana, em nvel comportamental por parte

    de policiais, no que se refere aos Direitos Humanos, necessrio, sobretudo, que haja um

    envolvimento que transcenda o formalismo terico. A metodologia de ensino deve ser

    estruturada na construo do conhecimento, com bases na experincia prtica e na

    consequente aquisio de competncias que remetam a uma prtica reflexiva e a uma

    combinao de saberes que resultem no respeito aos direitos fundamentais das pessoas,

    nas diversas aes e operaes policiais.

    5Poltica Nacional de Extenso Universitria

    A Extenso Universitria, sob o princpio constitucional da

    indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso, um processo interdisciplinar,

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    educativo, cultural, cientfico e poltico que promove a interao transformadora entre

    Universidade e outros setores da sociedade. (POLTICA NACIONAL DE EXTENSO,

    2012).

    A universidade passa a ser concebida como um agente propositor desolues para os problemas sociais, atravs de procedimentos sistematizados com base

    terica orientadora e munido de intencionalidade, que possibilita uma interao dialgica

    com a sociedade, produzindo assim resultados efetivos e concretos. Neste contexto, na

    viso de Nogueira (2012), as pessoas deixam de ser objeto de estudo para se tornarem

    sujeitos da atividade extensionista.

    A Poltica Nacional de Extenso(2012) traz diretrizes, que ampliam o

    entendimento da extenso, em uma perspectiva biopsicossocial. Tais diretrizes so

    colocadas na tentativa da superao da crise de legitimidade, hegemonia e institucional

    dentro da Universidade.

    As diretrizes so assim definidas: (a) Interao Dialgica uma prtica

    calcada no dilogo e troca de saberes, entre os conhecimentos no acadmicos e

    acadmicos na edificao de um novo conhecimento, obviamente que garantindo

    autonomia aos atores e suas possibilidades, porm no sem um esforo para construir

    uma nova estratgia e possveis novas metodologias; (b) Interdisciplinaridade e

    Interprofissionalidade, na tentativa de superar uma dicotomia entre a viso holstica e a

    especfica, considerando todos os prismas de uma realidade complexa, (c) A

    Indissociabilidade: Ensino Pesquisa Extenso talvez seja a diretriz mais cara a

    discusso por se tratar da aplicao de um princpio: a indissociabilidade nas relaes da

    prpria extenso com as duas outras grandes reas: pesquisa e ensino, seriam alteradas,

    dando foco a novas possibilidades de construes de conhecimento, tal qual a novas

    realidades dentro da Universidade, como por exemplo uma viso mais ampla sobre a salade aula, ou uma nova relao estabelecida no s entre aluno professor, mas sim entre

    aluno professor comunidade; (d) Impacto na Formao do Estudante: analisando a

    formao discente e suas perspectivas de ampliao, como as questes curriculares; (e)

    Impacto e Transformao Social: traz a discusso uma componente poltica direcionada,

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    de uma outra viso e com um cunho transformador que estabeleam instrumentos

    capazes de contra-arrestar as consequncias perversas do neoliberalismo, em especial, a

    mercantilizao das atividades universitrias [...] . (FRUM DE PR-REITORES DE

    EXTENSO DAS PBLICAS BRASILEIRAS, 2012)

    Percebe-se que a extenso universitria em boa medida, uma forma pela

    qual, universidade, aluno, professor e sociedade, atuam em conjunto para um bem

    coletivo. Os conhecimentos adquiridos em sala de aula so melhor entendidos e

    sistematizados, quando colocados na prtica extensionista.

    Convergindo a questo extensionista para a Educao Policial Militar, na

    APM. Verifica-se que o Projeto Educadores para a Paz (PREPAZ), implementado na

    Escola de formao de Oficiais da Academia de Polcia Militar de Minas Gerais, em

    2009, e que atualmente ainda esta em funcionamento, naquele educandrio militar. per

    si um elemento importante a qual este estudo passar a lanar luz, para um melhor

    entendimento de como o desenvolvimento de competncias apregoado pela SENASP, na

    formao Policial e o desenvolvimento da EDH para policiais pode encontrar na extenso

    um ponto de convergncia, tornando-as mais eficazes.

    6 Projeto Educadores Para a Paz

    O ensino de Direitos Humanos no Curso de Bacharelado em Cincias

    Militares (Curso de Formao de Oficias da PMMG) restringia-se aos contedos tericos,

    que so repassados em sala de aula. No entanto, em 2009, um Projeto direcionado aos

    cadetes do 2 ano do CBCM/CFO, denominado Educadores para a Paz (PREPAZ), trouxe

    uma nova perspectiva metodolgica, notadamente na Educao em Direitos Humanos

    para policiais, mormente por possuir um vis prtico.

    O PREPAZ uma iniciativa da Academia de Policia Militar (APM), quemelhor trabalha a relao teoria e prtica da Educao em Direitos Humanos para

    policiais.

    O Projeto teve sua primeira verso no perodo compreendido entre agosto

    e dezembro do ano 2009, na APM, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Nesta verso,

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    houve a participao de 30 cadetes da segunda srie do CBMC/CFO. Um aspecto

    interessante a observar que esses policiais foram voluntrios.

    O objetivo primordial do PREPAZ o de ampliar o pendor humanstico

    dos cadetes, levando-os a vivenciar as diversas atividades que desenvolvem os distintosrgos que compem o aparelho de proteo estatal dos Direitos Humanos, alm de

    propiciar o exerccio da promoo e da prtica dos direitos universais junto

    comunidade. Ademais, constitui-se em prover os cadetes de ferramentas pedaggicas

    (jogos, dinmicas de grupo, brincadeiras, entre outros) para o ensino de Direitos

    Humanos, em escolas pblicas, localizadas prximo s comunidades carentes. Assim os

    objetivos propostos formalmente, no documento de implementao do PREPAZ, so:

    GeralOportunizar ao cadete do Curso de Bacharelado em Cincias Militares nfaseem Defesa Social (CBCM), por meio da atividade de extenso, ofortalecimento das competncias atitudinais para o exerccio dos DireitosHumanos e da prtica da cidadania na funo policial militar.

    EspecficosEstabelecer parcerias com rgos Federais, Estaduais e Municipais visandoestreitar os relacionamentos entre os rgos que compem o aparelho deproteo estatal aos Direitos Humanos e a Polcia Militar;

    Aprimorar os conhecimentos adquiridos pelo cadete sobre a temtica dosDireitos Humanos atravs da prtica docente junto s escolas pblicas eprivadas, em consonncia com os objetivos propostos no Plano Nacional deEducao em Direitos Humanos e com o plano estratgico da PMMG;

    Sensibilizar os cadetes para a importncia de sua insero no contexto depromoo e proteo aos Direitos Humanos individuais e coletivos de forma aintrojet-los em sua prtica enquanto cidado e operador de segurana pblica(MINAS GERAIS, 2009b).

    Observa-se que h uma preocupao em sensibilizar, em tornar tangvel e

    de fcil entendimento a temtica Direitos Humanos, por parte dos futuros Oficiais da

    PMMG.

    A execuo do PREPAZ se desenvolve em duas fases: a primeira destina-

    se capacitao inicial, e a segunda execuo dos mdulos jurdico, humanstico e

    pedaggico.

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    A capacitao, no formal, foi realizada pelo Centro Popular de Cultura e

    Desenvolvimento (CPCD) e antecede a vivncia dos mdulos do Projeto. Nesse

    momento, o cadete aprende tcnicas que iro facilitar as atividades com as crianas. So

    jogos, dinmicas, brincadeiras e rodas de debate, que tm sempre como pano de fundo a

    Educao em Direitos Humanos. Cabe aqui destacar que os jogos utilizados com as

    crianas no mdulo pedaggico foram criados e experimentados pelos prprios cadetes,

    com um substancial contedo de Direitos Humanos, que abrange inclusive o Estatuto da

    Criana e do Adolescente.

    A capacitao inicial de vital importncia, por meio dela, os cadetes

    aprendem dinmicas e brincadeiras destinadas ao pblico infantil, bem como vrias dicas

    para tornar os encontros com as crianas mais atrativos e ldicos.

    No mdulo jurdico, os cadetes vivenciam as rotinas e a dinmica de

    funcionamento das entidades de controle externo da Polcia, tais como a Ouvidoria de

    Polcia do Estado de Minas Gerais, a Comisso de Direitos Humanos da Assembleia

    Legislativa de Minas Gerais e a Promotoria de Direitos Humanos.

    O objetivo deste mdulo desvincular a atividade dessas entidades, do

    axioma que tem suas bases na premissa equivocada de que essas intuies prejudicam a

    atuao da polcia com um controle rgido de sua ao.

    Assim, o futuro oficial tem a oportunidade de conhecer de perto os

    trabalhos realizados nessas instituies, alm de debater com seus representantes, dirimir

    dvidas e promover um intercmbio de informaes.

    J no mdulo humanstico, os cadete conhecem o funcionamento das

    Coordenadorias de Direitos Humanos da Secretaria de Polticas Sociais da Prefeitura de

    Belo Horizonte, bem como da Secretaria de Desporto e Desenvolvimento Social, por

    intermdio da Subsecretaria Estadual de Direitos Humanos.

    Nesse mdulo, o cadete tem a oportunidade de conhecer, por meio de

    representantes das entidades Municipais e Estaduais de proteo dos Direitos Humanos,

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    as vrias polticas pblicas de atendimento, mormente aos grupos socialmente

    vulnerveis.

    A vivncia proporcionada, nesse momento, pretende construir no cadete

    um sentimento de respeito, compreenso e o reconhecimento das diferenas e dadiversidade, no contexto social.

    Por fim, no mdulo pedaggico, os cadetes vo at as escolas, previamente

    determinadas, para ensinar Lies de Cidadania e Paz, s crianas de nove a onze anos.

    O contedo das lies contempla os seguintes temas: acolhimento,

    apresentao e integrao, o que so Direitos Humanos, criana tem direito, diversidade

    na escola, construo da paz no ambiente escolar e preservao do meio ambiente.

    As escolas so escolhidas de forma aleatria pela equipe gestora do

    PREPAZ na APM e por representantes da Secretaria Municipal de Educao da

    Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Estabeleceu-se que as escolas atendidas seriam em

    nmero de dez, sendo nove escolas, em comunidades carentes de Belo horizonte e uma

    escola da rede privada.

    As lies de Cidadania e Paz ocorrem uma vez por semana, durante seis

    semanas, seguindo um guia metodolgico. O guia metodolgico uma ferramenta

    norteadora para os cadetes no ambiente escolar, e nele esto contidos: (a) as providncias

    a serem tomadas para cada lio; (b) a temtica da lio a ser ministrada; (c)

    ativador/quebra-gelo: a brincadeira e ou dinmica para preparao inicial da lio,

    recapitulao: reviso da lio anterior a partir das tarefas deixadas para as crianas; (d)

    exposio/vivncia: forma como a lio ser trabalhada: compreende a metodologia, as

    atividades/vivncias e os recursos didticos selecionados para o desenvolvimento da

    respectiva lio; (e) a tarefa consiste no preparo para o prximo encontro, o que as

    crianas devero fazer em casa ou na escola para ser apresentado na prxima lio.

    So desenvolvidas de forma que as crianas tenham sempre uma atividade

    a ser realizada durante a semana e debatida na lio posterior; cronograma: quadro

    contendo a distribuio das atividades propostas para lio, no decorrer de 60 minutos,

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    que a durao de cada lio; cronograma: tabela contendo a distribuio das atividades

    propostas para a Lio ao longo dos sessenta minutos; material de apoio terico-

    metodolgico: textos, palestras, referencial bibliogrfico que servir de subsdio para o

    desenvolvimento da lio (MINAS GERAIS, 2009b).

    As duas primeiras lies so destinadas a apresentao e interao entre os

    policiais e as crianas, por meio de atividades ldicas e dinmicas como, quebra gelo.

    Estabelece-se um primeiro contato com as crianas, e os cadetes colocam em prtica o

    que foi aprendido durante a capacitao inicial.

    Ao final, h uma formatura com a presena dos cadetes e comunidade

    escolar (pais, professores, diretoras), em que as crianas recebem um certificado de

    Cidado Mirim Protetor e Promotor dos Direitos Humanos, alm de receber uma

    camiseta do Projeto.

    7 Aspectos associativos entre EDH e a Extenso Universitria, na Educao PolicialMilitar: a guisa de concluso.

    Como pode ser observado o PREPAZ se consolidou como uma tima

    ferramenta pedaggica extramuros acadmicos que proporciona ao cadete, um

    experincia de um saber procedimental, mobilizando seus conhecimentos, habilidades e

    atitudes, para vivenciar uma situao totalmente inovadora em sua formao. Esteestudo buscar por fim analisar o PREPAZ tendo com parmetro os quesitos da matriz

    curricular nacional, os estudos aqui realizados sobre EDH para policias e a sua

    conformidade comas diretrizes nacionais da extenso universitria.

    Analisando o Projeto Educadores Para Paz, pela perspectiva do Impacto na

    Formao do Estudante, verificou-se que pela estrutura do Projeto, seus objetivos e sua

    dinmica de funcionamento, o aprendizado do cadete, no que se refere ao Tema Direitos

    Humanos, passa a ter um cunho mais vivencial, por meio de seu contato direto com as

    crianas, em sua maioria de comunidades carentes, e a reciprocidade de ateno e

    efetividade, entre os cadetes e as crianas atendidas pelo projeto, impacta, naturalmente, a

    formao deste policial dando a ele uma nova viso de mundo, atravs da observao

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    dos relatos das crianas sobre suas trajetrias de vida e aspectos biopsicosociais,

    aflorados em seus relatos em suas atitudes e seus comportamentos.

    Assim, a diretriz da extenso universitria do Impacto na formao do

    estudante em est conformidade com a EDH para policiais, pois conforme o que assevera,Kaufman (2007, v.5, p. 413), a [...] mera insero das questes de Direitos Humanos

    dentro da instruo uma condio necessria, mas no suficiente. Adverte o autor que

    a EDH, no pode se restringir teoria, ela deve contemplar atividades de vivncia, onde

    importante usar [...] um ensino proativo e as tcnicas experimentais, tais como

    dramatizao, discusses [...] para tornar a EDH, no apenas informativa, mas tambm

    uma experincia que visa formao.

    Verifica-se ento que o PREPAZ atende a diretriz do Impacto na

    Formao do Estudante, dando a ele uma perspectiva mais ampla de aprendizado, pois

    teve como complemento curricular, dos cadetes, a metodologia, que enfatiza a prtica e

    vivncia e que, em sntese, estruturada em visitas in loco s principais intuies de

    Direitos Humanos estaduais e municipais, palestras temticas sobre o atendimento aos

    grupos socialmente vulnerveis, palestra com profissional de psicologia com nfase no

    trato com crianas, jogos e dinmicas ldicas com profissional de educao no formal,

    palestra de nivelamento sobre a temtica de Direitos Humanos e atuao como docentenas escolas.

    Neste sentido o PREPAZ, tambm cumpre o que sugere Dubois (2007).

    Este autor, afirma que para melhor assimilao da noo de Direitos Humanos, o

    treinamento no deve se restringir s normas relativas ao tema, mas ao trabalho com

    grupos de policiais, que contemplem dramatizaes, seminrios, envolvimento de ONGs

    e especialistas na rea.

    J no que se refere aoImpacto e Transformao Social o que se verifica

    que a atuao dos cadetes nas escolas, provoca em certa medida, uma mudana

    significativa na rotina escolar, gerando grande expectativa nas crianas atendidas, bem

    como em todos e todas as profissionais que integram o corpo de funcionrios do

    educandrio atendido.

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    A presena policial nas escolas, nem sempre vista pela comunidade

    escolar como uma ao preventiva. Por fora do senso comum, muitas vezes, a imagem

    do policial associada a ideia de represso a algum ato contrrio a ordem e a paz social.

    Mudar este paradigma estruturado em hbitos e crenas sociais, no uma tarefa das

    mais fceis.

    Neste sentido, observa-se que o prprio mtodo de abordagem do assunto

    Direitos Humanos, por meio das lies de Cidadania e Paz, proposto no guia

    metodolgico do PREPAZ, facilita a aproximao dos dois mundos (policiais e crianas),

    numa interao ldica e descontrada, favorecendo as relaes interpessoais e criando um

    ambiente de confiana e afetividade capaz de romper com os paradigmas sociais e o

    mitos desfavorveis a atuao policial, amalgamados a personalidade em formao das

    crianas, por seus pais, ou mesmo pelo conjunto de crenas e costumes do ambiente em

    que vivem. Estas atividades foram pensadas de forma a levar em conta os interesses e

    necessidades daquela comunidade onde as escolas, atendidas pelo projeto, esto inseridas.

    Esta interao, entre polcia e escola, se torna uma via de mo dupla, pois

    ao mesmo tempo que a criana muda sua perspectiva e seu olhar sobre o papel social do

    policial, passando a enxerg-lo como um amigo em que pode confiar. Tambm o policial

    altera seus padres de percepo social destas crianas, que tambm muitas vezes ficaobscurecido, pelas crenas e subculturas, onde a pobreza e a misria so vista

    equivocadamente como premissas do crime. Corroborando com o pensamento de

    Balestreri (2003, p. 64) que afirma que [...] preciso que os operadores-educandos (no

    caso, agentes policiais) estabeleam relaes de pertinncia, vnculos afetivos, com as

    possibilidades formativas que lhes so oportunizadas.

    Assim, esta transformao social, se materializa a curto prazo por uma

    convivncia harmnica, consubstanciada em laos de afetividade e respeito e a longoprazo pela quebra de paradigmas e preconceitos, que permeiam as relaes entre polcia e

    sociedade. como, afirma Kaufman (2007, v 5, p. 426-427), ao falar da transformao

    poltica que deve ser adquirida por meio da EDH, ou seja, ela deve provocar no policial

    um reconhecimento da supremacia civil, o que pode reduzir o efeito de segregao,

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    quando se cria a relao, Ns - eles, distanciando a instituio policial da comunidade,

    como se estas fossem distintas.

    Ao se analisar a Diretriz daInterao Dialgica, no contexto do PREPAZ,

    depreende-se que o saber terico, adquirido pelos cadetes, nos bancos acadmicos, tendea dialogar com o saber no acadmico, da comunidade escolar atendida, porquanto, ao se

    levar s escolas a Educao em Direitos Humanos, para crianas, provoca-se, em boa

    medida, uma mudana, muitas vezes inesperada, nas atividades curriculares deste

    educandrio.

    Por outro lado, ao apesentar novos contedos e confront-los com a reao

    ou a aceitao ou no, destes conhecimentos, pelas crianas, os cadetes acabam por fazer

    abstraes e tirar concluses, que iro alicerar a produo de novos conhecimentos,

    ampliando, assim, a capacidade da Academia de Polcia Militar, de construir os currculos

    em conformidade com o que est preconizado na Matriz Curricular Nacional, mormente

    no que se refere ao respeito aos Direitos Humanos. Proporcionando uma participao

    ativa dos discentes por meio de atividades que favoream a reflexo sobre a prtica,

    envolvendo mecanismos intencionais que possibilitem a reflexo antes, durante e aps a

    ao.

    Em contrapartida a escola, passa a integralizar, em sua rotina curricular,

    novos conceitos e novos conhecimentos que sero uteis a prpria comunidade onde esto

    inseridas, para no dizer todos, podemos citar o respeito mtuo, o reconhecimento de si e

    dos outros como seres sujeitos de direitos e deveres, e a preocupao com o meio

    ambiente.

    Assim, ao analisar o PREPAZ em seu conjunto, na perspectiva da

    Indissociabilidade Ensino Pesquisa Extenso, percebe-se que o ensino de Direitos

    Humanos, que se limitava a sala de aula, em uma relao professor e aluno, passa a ter

    uma nova perspectiva, mais ampla, com a possibilidade de ir a campo e experimentar na

    prtica todo o conhecimento adquirido. Estabelecendo agora um novo vnculo entre

    professor, aluno e comunidade.

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    O Projeto Educadores para a Paz tambm despertou nos cadetes o interesse

    por pesquisar suas prprias mudanas de comportamento e quebra de paradigmas, no que

    se refere ao entendimento do tema Direitos Humanos, pois o PREPAZ foi objeto de

    pesquisa de vrios cadetes, que o escolheram como tema de seus Trabalhos de Concluso

    de Curso.

    Por fim, conclui-se que a extenso universitria, na Academia de Polcia

    Militar de Minas Gerais, consubstanciada no Projeto Educadores Para a Paz, atende aos

    quesitos da Teoria das Competncias e a prtica reflexiva, adotada pela Matriz Curricular

    Nacional de Secretaria Nacional de Segurana Pblica (SENASP), mormente no que se

    refere EDH para policiais, pois proporciona uma vivncia extra muros acadmicos,

    onde o discente pode participar ativamente de uma atividade prtica que favorece a

    reflexo e um amadurecimento da percepo de sua funo de promotor e protetor dos

    Direitos Humanos.

    REFERNCIAS

    ANDREOPOULOS, George. Educao em Direitos Humanos no contexto Ps-GuerraFria. In: CLAUDE, Richard P.; ANDREOPOULOS, George (Orgs.). Educao em

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