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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Enquadramento de atividades de programação com robôs de solo na educação pré-escolar Tese de Doutoramento em Ciências da Educação CLOTILDE SAMPAIO DOS SANTOS rientadores: Professora Doutora Maria Gabriel Moreno Bulas Cruz e Professor Doutor Leonel Caseiro Morgado Vila Real, 2015

Enquadramento de atividades de programação com robôs de solo na educação pré-escolar

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Esta tese apresenta uma contribuição para o enquadramento das atividades de programação com robôs de solo na educação pré-escolar. Baseia-se na prática de investigação-ação e respetivas observações com crianças de 3, 4 e 5 anos a programar um robôde solo, utilizando uma linguagem de programação baseada num subconjunto da conhecida linguagem Logo, que se realizaram nos anos letivos de 2009/10 e 2010/11, em dois jardins de infância da rede pública com perfis socioculturais diferentes: urbano e rural. Semanalmente foram realizadas sessões que envolveram 65 crianças, das quais 32 participaram nas atividades de ambos os anos letivos. Através da metodologia de investigação-ação, na qual a investigadora e autora foi participante ativa dos objetos de estudo, analisou-se a integração das atividades realizadas com o robô Roamer, acompanhando, apoiando e influenciando as práticas educativas dos contextos em causa. Esteve sempre presente, como padrão global, a necessidade de integração da robótica educativa nas restantes práticas, não a utilização em isolamento, conforme consta das várias recomendações sobre utilização das TIC em contexto educativo.A utilização do robô Roamer, tirando partido das suas caraterísticas de robustez e simplicidade de utilização, permitiu proporcionar às crianças uma experimentação prática e diferente de variados conteúdos. Possibilitou ainda a familiarização das educadoras com a robótica educativa e ampliar o leque de hipóteses de criar atividades. O domínio da matemática, dentro da área de expressão e comunicação, referente às orientações curriculares para a educação pré-escolar, foi aquele que mais se destacou na realização das atividades, sendo que muitos dos objetivos definidos em cada uma das sessões contemplaram este domínio. Para além disso também outras áreas e domínios estiveram presentes.Conclui-se que a integração da robótica no dia a dia do jardim de infância é viável e adequada, passando por haver educadoras abertas à inclusão das novas tecnologias na sua prática; que tenham alguma formação nesta área; com investimento no seu desenvolvimento profissional, capazes de integrar a robótica nas planificações; interessadas nas mais valias que a inovação pode trazer à aprendizagem das crianças; disponíveis para a criação de uma área própria para o robô, integrando-o nos registos do quotidiano; capazes de trabalhar o currículo emergente.

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  • UNIVERSIDADE DE TRS-OS-MONTES E ALTO DOURO

    Enquadramento de atividades de programao

    com robs de solo na educao pr-escolar

    Tese de Doutoramento em Cincias da Educao

    CLOTILDE SAMPAIO DOS SANTOS

    O rientadores: Professora Doutora Maria Gabriel Moreno Bulas Cruz

    e

    Professor Doutor Leonel Caseiro Morgado

    Vila Real, 2015

  • UNIVERSIDADE DE TRS-OS-MONTES E ALTO DOURO

    Enquadramento de atividades de programao com robs de solo na educao pr-escolar

    Tese de Doutoramento em Cincias da Educao CLOTILDE SAMPAIO DOS SANTOS

    Orientadores: Professora Doutora Maria Gabriel Moreno Bulas Cruz

    Professor Doutor Leonel Caseiro Morgado

    Composio do Jri:

    Doutora Maria Gabriel Moreno Bulas Cruz

    Doutor Jos Carlos Teixeira da Costa Pinto

    Doutor Leonel Caseiro Morgado

    Doutora Lcia da Graa Cruz Domingues Amante

    Doutora Maria Angelina Sanches

    Doutor Joo Bartolomeu Rodrigues

    Vila Real, 2015

  • Bolsa de Investigao com a referncia SFRH/BD/37726/2007, financiada pelo POPH QREN Tipologia 4.1 Formao Avanada, comparticipada pelo Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do MCTES.

    III

  • V

    Pelo sonho que vamosPelo sonho que vamosPelo sonho que vamosPelo sonho que vamos

    Pelo sonho que vamos,

    comovidos e mudos.

    Chegamos? No chegamos?

    Haja ou no haja frutos,

    pelo sonho que vamos.

    Basta a f no que temos.

    Basta a esperana naquilo

    que talvez no teremos.

    Basta que a alma demos,

    com a mesma alegria,

    ao que desconhecemos

    e ao que do dia a dia.

    Chegamos? No chegamos?

    Partimos. Vamos. Somos.

    Sebastio da Gama

  • VI

  • VII

    minha filha Lara

  • IX

    Agradecimentos A concluso deste trabalho fruto de um longo caminho que decidi percorrer, sem ter

    bem a noo dos muitos obstculos e dificuldades que iria encontrar. Por outro lado traduz-se

    numa enorme satisfao por ter lido e aprendido tanto. So muitas as pessoas que

    contriburam para que esta tese esteja, hoje, concluda. Para elas vo os meus sinceros

    agradecimentos.

    Professora Doutora Maria Gabriel, orientadora desta tese, que com a sua experincia

    tanto me ajudou e ensinou. Apoiou-me, encorajou-me, esteve sempre ao meu lado e nunca me

    deixou pensar em desistir. Acolheu-me e deu-me bons conselhos, guiando-me pelos caminhos

    mais fceis, evitando que me distrasse ou enveredasse por trajetos desnecessrios. Todas as

    palavras que possa aqui escrever so poucas, para agradecer o muito que fez por mim.

    Ao Professor Doutor Leonel Morgado, orientador desta tese, por ter estado to

    presente na orientao e apoio, fundamentais para a terminar. Sempre me deu bons conselhos

    e evitou que perdesse tempo com aspetos desnecessrios. A sua disponibilidade, os seus

    ensinamentos, os seus comentrios construtivos e as preciosas sugestes foram indispensveis

    ao longo deste percurso.

    educadora Isabel Rego, que me abriu as portas do seu jardim de infncia e me

    mostrou como que uma educadora trabalha. Pela amizade, compreenso, disponibilidade e

    pelo tempo que passmos juntas, sempre com uma palavra de esperana e encorajamento. O

    seu contributo, to rico, fez com que esta tese ficasse mais completa.

    educadora Lusa Queirs, que conheci no incio deste projeto e sempre me recebeu

    de braos abertos, com um sorriso no rosto. Com o passar do tempo, com todos os

    ensinamentos que me transmitiu e com tudo que aprendi tornou-se uma amiga, daquelas com

    as quais sabemos que sempre possvel contar.

    A todos os meninos que participaram neste projeto e com os quais passei momentos

    especiais, muito obrigada. Sempre me receberam com muita alegria e participaram

    entusiasticamente nas muitas sesses que realizmos ao longo de dois anos letivos.

    Lara, minha querida filha, por me dar tantas alegrias e me lembrar constantemente

    que precisava de concluir esta tese para lhe poder dedicar todo o tempo do mundo.

  • X

    Ao Germano, pelo seu incentivo, apoio e disponibilidade para ouvir os meus

    desabafos, bem como por toda a ajuda que me deu.

    Lila, pela preciosa ajuda que me deu sobretudo no tratamento informtico de texto.

    O seu apoio foi fundamental.

    Nanda, pela colaborao na leitura e reviso da tese.

    famlia, pelo apoio prestado para ir em frente, perseguir os meus sonhos e nunca

    desistir.

    Aos meus pais, por nunca me terem fechado as portas do ensino e me terem

    encorajado a prosseguir.

    Carla, pela ajuda disponibilizada.

    Carolina e Carla Lebres, pelo apoio que deram na construo das carapaas para o

    rob, nos jardins de infncia da Timpeira e de Ferreiros, respetivamente.

    Marta, pelo apoio dado na preparao da festa de final de ano, no jardim de infncia

    da Timpeira.

    Ao Miguel e ao Pedro, pelo apoio que me deram ao nvel da informtica.

    Marla, por toda a juda que me deu.

    A todas as restantes pessoas que contriburam para a realizao deste trabalho: Lena,

    Mnica, Mrcia, Jlia, Alice.

    Aos tcnicos da seco de audiovisuais da UTAD, tambm agradeo a colaborao

    dispensada.

    FCT, pelo financiamento deste estudo.

    CNOTINFOR pela informao que disponibilizaram.

  • XI

    Resumo Esta tese apresenta uma contribuio para o enquadramento das atividades de

    programao com robs de solo na educao pr-escolar. Baseia-se na prtica de

    investigao-ao e respetivas observaes com crianas de 3, 4 e 5 anos a programar um rob

    de solo, utilizando uma linguagem de programao baseada num subconjunto da conhecida

    linguagem Logo, que se realizaram nos anos letivos de 2009/10 e 2010/11, em dois jardins de

    infncia da rede pblica com perfis socioculturais diferentes: urbano e rural. Semanalmente

    foram realizadas sesses que envolveram 65 crianas, das quais 32 participaram nas atividades

    de ambos os anos letivos.

    Atravs da metodologia de investigao-ao, na qual a investigadora e autora foi

    participante ativa dos objetos de estudo, analisou-se a integrao das atividades realizadas

    com o rob Roamer, acompanhando, apoiando e influenciando as prticas educativas dos

    contextos em causa. Esteve sempre presente, como padro global, a necessidade de integrao

    da robtica educativa nas restantes prticas, no a utilizao em isolamento, conforme consta

    das vrias recomendaes sobre utilizao das TIC em contexto educativo.

    A utilizao do rob Roamer, tirando partido das suas caratersticas de robustez e

    simplicidade de utilizao, permitiu proporcionar s crianas uma experimentao prtica e

    diferente de variados contedos. Possibilitou ainda a familiarizao das educadoras com a

    robtica educativa e ampliar o leque de hipteses de criar atividades. O domnio da

    matemtica, dentro da rea de expresso e comunicao, referente s orientaes curriculares

    para a educao pr-escolar, foi aquele que mais se destacou na realizao das atividades,

    sendo que muitos dos objetivos definidos em cada uma das sesses contemplaram este

    domnio. Para alm disso tambm outras reas e domnios estiveram presentes.

    Conclui-se que a integrao da robtica no dia a dia do jardim de infncia vivel e

    adequada, passando por haver educadoras abertas incluso das novas tecnologias na sua

    prtica; que tenham alguma formao nesta rea; com investimento no seu desenvolvimento

    profissional, capazes de integrar a robtica nas planificaes; interessadas nas mais valias que

    a inovao pode trazer aprendizagem das crianas; disponveis para a criao de uma rea

    prpria para o rob, integrando-o nos registos do quotidiano; capazes de trabalhar o currculo

    emergente.

    Palavras-chave: TIC, Robtica, Pr-Escolar, Jardim de Infncia, Ensino-Aprendizagem, Integrao.

  • XII

    Abstract This thesis presents a contribution for integration of programming activities with

    ground robots in preschool and kindergarten education. It is based in action research practice

    and its observations, where children aged 3, 4 and 5 programmed a ground robot, using a

    programming Language based on a subset of the well-known Logo Language. The activities

    took place in the 2009/10 and 2010/11 school years, in two public preschools with different

    socio-cultural profiles: urban and rural. Sessions where held weekly, involving 65 children, of

    which 32 took part in both years.

    Using action research methodology, where the researcher and author was an active

    participant of the objects of study, the analysis focused on the integration of activities

    developed with the Roamer robot, by monitoring, supporting, and influencing the educational

    practices of the preschools. As a general standard, there was constant regard for the need to

    integrate educational robots in the overall educational practices, as determined by various

    recommendations for the use of ICT in educational contexts, and not use it in isolation.

    The use of the Roamer robot, leveraging its sturdiness and ease of use, enabled

    children a hands-on and different practice of various educational contents. It also enabled the

    preschool teachers to become acquainted with educational robotics and enlarge the range of

    options for creating activities. The mathematics domain, within the field of expression and

    communication of the Portuguese government guidelines for preschool education, was the

    most relevant for conducting activities, and many of the goals set for each session targeted

    this domain; but other fields and domains were also targeted.

    The conclusion is that it is viable and adequate to integrate robotics in everyday

    preschool/kindergarten activities, and this involves having teachers that are open to include

    new technologies in their practice; that have some training in this field; that invest in their

    professional development; that are able to integrate robotics in their planning; that are

    interested in the benefits that innovation can bring to childrens Learning; that are open to

    creating a robot-specific area, integrating it in daily records; and that are able to work with an

    emerging curriculum.

    Keywords: ICT, Robotics, Preschool, Kindergarten, Teaching-Learning, Integration.

  • XIII

    ndice geral Introduo ................................................................................................................... 1

    Captulo I - O currculo em educao de infncia ....................................................... 7

    1.1. O desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem .............................................. 9

    1.2. Orientaes curriculares para a educao pr-escolar e textos de apoio para educadores de infncia ................................................................................................... 20

    1.2.1. rea de formao pessoal e social ......................................................................... 26

    1.2.2. rea de expresso e comunicao ......................................................................... 27

    1.2.2.1. Domnio da expresso motora, dramtica, plstica e musical ................... 28

    1.2.2.2. Domnio da linguagem oral e abordagem escrita .................................... 30

    1.2.2.3. Domnio da matemtica ............................................................................. 32

    1.2.3. rea de conhecimento do mundo .......................................................................... 38

    1.3. Metas de aprendizagem ................................................................................................... 40

    1.4. Modelos pedaggicos ...................................................................................................... 44

    1.4.1. O Kindergarten de Froebel ................................................................................... 49

    1.4.2. A pedagogia Montessori ........................................................................................ 49

    1.4.3. Os centros de interesse de Decroly .................................................................... 50

    1.4.4. Pedagogia de situao ............................................................................................ 51

    1.4.5. Modelo High/Scope ............................................................................................... 52

    1.4.6. Modelo Reggio Emilia ........................................................................................... 54

    1.4.7. Mtodo Joo de Deus ............................................................................................. 56

    1.4.8. A pedagogia de projeto .......................................................................................... 58

    1.4.9. Movimento da Escola Moderna Portuguesa .......................................................... 60

    Captulo II - Utilizao das TIC em contexto escolar ................................................... 71

    2.1. O aparecimento e evoluo da utilizao das TIC nas escolas em Portugal..................... 73

    2.2. Situao atual de utilizao das TIC em ambiente pr-escolar em outros pases ............ 83

    2.3. O uso das tecnologias no pr-escolar ............................................................................. 98

    2.4. Jean Piaget e o construtivismo......................................................................................... 102

    2.5. Papert e o construcionismo.............................................................................................. 108

    2.5.1. Seymour Papert ...................................................................................................... 108

    2.5.2. Construcionismo .................................................................................................... 110

    2.6. Linguagem Logo ............................................................................................................. 115

  • XIV

    Captulo III - Robtica educativa ................................................................................ 119

    3.1. Apresentao geral da robtica ........................................................................................121

    3.2. Rob Roamer ...................................................................................................................142

    3.2.1. O que ? ..................................................................................................................142

    3.2.2. Funcionalidades ......................................................................................................150

    Captulo IV - Objetivo e metodologia da investigao ................................................ 153

    4.1. Objetivos ..........................................................................................................................155

    4.2. Definio e caratersticas da investigao-ao ...............................................................156

    4.2.1. Em que que a investigao-ao diferente das outras metodologias ................159

    4.2.2. Modalidades da investigao-ao .........................................................................160

    4.2.3. Processo de investigao-ao ...............................................................................161

    4.2.4. Modelos de investigao-ao ................................................................................163

    4.2.4.1. Modelo de Kurt Lewin ...............................................................................164

    4.2.4.2. Modelo de Kemmis ....................................................................................164

    4.2.4.3. Modelo de Elliott ........................................................................................166

    4.2.4.4. Modelo de Whitehead ................................................................................167

    4.3. Tcnicas e instrumentos de recolha de dados ..................................................................167

    Captulo V - Sujeitos envolvidos no estudo ................................................................ 173

    5.1. Jardim de infncia de Ferreiros ........................................................................................175

    5.1.1. Ano letivo 2009/2010 ...............................................................................................175

    5.1.2. Ano letivo 2010/2011 ................................................................................................181

    5.2. Jardim de infncia da Timpeira .......................................................................................187

    5.2.1. Ano letivo 2009/2010 ................................................................................................187

    5.2.2. Ano letivo 2010/2011 ................................................................................................193

    Captulo VI - Trabalho emprico ................................................................................. 199

    6.1. Escolha e descrio dos contextos educativos .................................................................201

    6.1.1. Jardim de infncia de Ferreiros ..............................................................................201

    6.1.2. Jardim de infncia da Timpeira ..............................................................................203

    6.2. Aspetos gerais da investigao-ao ................................................................................205

    6.3. Processo de IA no jardim de infncia de Ferreiros ..........................................................208

    6.3.1. Primeiro ciclo .........................................................................................................213

    6.3.2. Segundo ciclo .........................................................................................................224

  • XV

    6.3.3. Terceiro ciclo ......................................................................................................... 231

    6.3.4. Quarto ciclo ............................................................................................................ 241

    6.3.5. Quinto ciclo ........................................................................................................... 252

    6.4. Processo de IA no jardim de infncia da Timpeira .......................................................... 260

    6.4.1. Primeiro ciclo ......................................................................................................... 264

    6.4.2. Segundo ciclo ......................................................................................................... 269

    6.4.3. Terceiro ciclo ......................................................................................................... 276

    6.4.4. Quarto ciclo ............................................................................................................ 281

    6.4.5. Quinto ciclo ............................................................................................................ 290

    Captulo VII - Anlise dos resultados ................................................................................... 311

    7.1. Anlise dos questionrios efetuados aos encarregados de educao do jardim de infncia de Ferreiros ....................................................................................................... 313

    7.2. Anlise dos questionrios efetuados aos encarregados de educao do jardim de infncia da Timpeira ....................................................................................................... 318

    7.3. Indicadores da efetiva integrao do rob ....................................................................... 323

    7.4. Outros aspetos ligados ao ensino-aprendizagem com a Roamer ............................................ 333

    7.4.1. Expresso de sentimentos ...................................................................................... 334

    7.4.1.1. Manifestaes de alegria e entusiasmo ...................................................... 334

    7.4.1.2. Distraes ................................................................................................... 335

    7.4.1.3. Receios ....................................................................................................... 336

    7.4.2. Resoluo de problemas ........................................................................................ 337

    7.4.2.1. Discusso matemtica ................................................................................ 338

    7.4.2.2. Conscincia das aprendizagens efetuadas .................................................. 338

    7.4.3. Manipulao da Roamer ........................................................................................ 339

    7.4.3.1. Dificuldades genricas ............................................................................... 339

    7.4.3.2. Dificuldades relacionadas com a falta de conhecimentos matemticos .... 341

    7.4.3.3. Admisso dos erros .................................................................................... 341

    7.4.3.4. Culpar o rob ............................................................................................. 342

    7.4.4. Relao educativa .................................................................................................. 342

    7.4.4.1. Colaborao entre pares ............................................................................. 342

    7.4.4.2. Gesto de conflitos ..................................................................................... 343

    7.4.5. Meio de provenincia das crianas ........................................................................ 344

    7.4.6. Sugesto de atividades ........................................................................................... 345

    7.4.7. Dificuldades de expresso e comunicao ............................................................. 346

  • XVI

    Concluses, recomendaes e reflexes finais ......................................................................347

    Referncias bibliogrficas ......................................................................................................361

    Anexos ...................................................................................................................................393

    Anexo I Detalhe das sesses (jardim de infncia de Ferreiros) ..........................................395

    Anexo II Registos sintticos (jardim de infncia de Ferreiros) ...........................................465

    Anexo III Exemplos de avaliaes das crianas (jardim de infncia de Ferreiros) .............481

    Anexo IV Exemplos de instrumentos de registo (jardim de infncia de Ferreiros) ............495

    Anexo V Detalhe das sesses (jardim de infncia da Timpeira) .........................................501

    Anexo VI Registos sintticos (jardim de infncia da Timpeira) .........................................573

    Anexo VII Exemplos de avaliaes das crianas (jardim de infncia da Timpeira) ...........589

    Anexo VIII Exemplos de instrumentos de registo (jardim de infncia da Timpeira) ..........609

    Anexo IX Questionrio apresentado aos pais ......................................................................613

    Anexos X CD com programao da histria A casa da Mosca Fosca .............................619

  • XVII

    ndice de figuras

    Figura 1 Organizao do espao JIT (Jardim de Infncia da Timpeira) ............................ 23

    Figura 2 rea da informtica JIT ....................................................................................... 24

    Figura 3 Espao exterior do JIF (Jardim de Infncia de Ferreiros) ................................... 25

    Figura 4 Atividades de expresso motora JIT e JIF ........................................................... 28

    Figura 5 Atividade de expresso dramtica JIF ................................................................. 29

    Figura 6 Atividade de expresso plstica JIT .................................................................... 29

    Figura 7 Atividade de expresso musical JIF .................................................................... 30

    Figura 8 rea da biblioteca JIT ......................................................................................... 30

    Figura 9 Atividades de escrita JIT ..................................................................................... 31

    Figura 10 Atividade livre com o rob Roamer JIT ........................................................... 32

    Figura 11 Atividade no computador JIF ............................................................................ 32

    Figura 12 Atividade de matemtica que envolveu resoluo de problemas JIT ................ 37

    Figura 13 Uso da Roamer em diferentes atividades JIF e JIT ............................................ 43

    Figura 14 Dimenses da pedagogia e o espao de ao dos modelos curriculares .......... 46

    Figura 15 Exemplos de planos individuais de atividades JIF e JIT ................................... 64

    Figura 16 Previso semanal de atividades JIT .................................................................. 64

    Figura 17 Exemplo de quadro de tarefas JIT .................................................................... 65

    Figura 18 Mapa de presenas JIT ...................................................................................... 66

    Figura 19 Dirio de grupo JIT e JIF ................................................................................... 66

    Figura 20 Agenda semanal JIT ......................................................................................... 67

    Figura 21 Jean Piaget ........................................................................................................ 104

    Figura 22 Seymour Papert ................................................................................................. 109

    Figura 23 Abordagem instrucionista ................................................................................. 111

    Figura 24 Paradigma construcionista ................................................................................ 112

    Figura 25 Exemplo de comandos bsicos da linguagem de programao Logo .............. 118

    Figura 26 Exemplos de carapaas realizadas com as crianas .......................................... 125

    Figura 27 Utilizao da Roamer com carapaa ................................................................. 125

    Figura 28 Profi Oeco Tech ................................................................................................ 130

    Figura 29 Profi da Vinci Machines ................................................................................... 130

    Figura 30 Rob Bionic Woman ........................................................................................ 131

    Figura 31 Rob Pleo .......................................................................................................... 131

    Figura 32 Rob Pro-Bot .................................................................................................... 132

    Figura 33 Bee-Bot ............................................................................................................. 132

  • XVIII

    Figura 34 Rob Robonova 1 .......................................................................................... 133

    Figura 35 Rob Tiro ......................................................................................................... 133

    Figura 36 Rob Robopet ................................................................................................... 134

    Figura 37 Rob Topobo .................................................................................................... 134

    Figura 38 Profi Mchanic & Static ..................................................................................... 135

    Figura 39 Rob Robovie ................................................................................................... 135

    Figura 40 Rob Irobi ........................................................................................................ 136

    Figura 41 Rob My Keepon ............................................................................................. 136

    Figura 42 Rob Paro ......................................................................................................... 137

    Figura 43 Rob Honda Humanoid .................................................................................... 137

    Figura 44 Rob Curlybot .................................................................................................. 138

    Figura 45 Rob Aibo ........................................................................................................ 138

    Figura 46 Rob Khepera ................................................................................................... 139

    Figura 47 Tangible Programming with Trains ................................................................. 139

    Figura 48 Robs construdos com o Lego Mindstorms RCX ............................................ 140

    Figura 49 LogoBlocks ...................................................................................................... 140

    Figura 50 Rob Roamer .................................................................................................... 141

    Figura 51 Tortis ................................................................................................................ 141

    Figura 52 Carapaas ......................................................................................................... 148

    Figura 53 Canetas ............................................................................................................. 148

    Figura 54 Fichas de trabalho ............................................................................................. 149

    Figura 55 Cartas ................................................................................................................ 149

    Figura 56 Placas com nmeros ou letras .......................................................................... 149

    Figura 57 Funes das teclas do rob Roamer ................................................................. 150

    Figura 58 Notas e sua durao .......................................................................................... 151

    Figura 59 Teclas do rob Roamer .................................................................................... 151

    Figura 60 Tringulo de Lewin .......................................................................................... 157

    Figura 61 Espiral de ciclos da IA ...................................................................................... 161

    Figura 62 Modelo de IA de Lewin (1946) .......................................................................... 164

    Figura 63 Momentos da IA (Kemmis, 1989) ...................................................................... 165

    Figura 64 Ciclo da IA (Elliot, 1993) ................................................................................... 166

    Figura 65 Ciclo de IA de Whitehead ................................................................................. 167

    Figura 66 Exemplo do uso do dirio de bordo JIF ............................................................ 171

    Figura 67 Exemplo do uso da entrevista JIT ..................................................................... 172

  • XIX

    Figura 68 Unio de freguesias de Borbela e Lamas de lo .............................................. 201

    Figura 69 Espao interior e exterior JIF ............................................................................. 202

    Figura 70 Unio das freguesias de Vila Real .................................................................... 203

    Figura 71 Espao exterior e interior JIT ............................................................................. 204

    Figura 72 Processo de IA adotado ..................................................................................... 206

    Figura 73 Ciclos de IA ....................................................................................................... 207

    Figura 74 Sesses realizadas JIF ........................................................................................ 212

    Figura 75 Corrida entre a Roamer e a tartaruga Juju ........................................................ 217

    Figura 76 Efetuar o percurso de uma histria inventada pelas crianas ........................... 218

    Figura 77 Realizao de um percurso ............................................................................... 220

    Figura 78 Realizao de uma atividade com o tapete dos nmeros ................................. 221

    Figura 79 Histria A casinha de chocolate .................................................................... 225

    Figura 80 Explorar os blocos lgicos com a Roamer ........................................................ 226

    Figura 81 Roamer disfarada de Gotinha ping-ping ...................................................... 227

    Figura 82 Viagem da Gotinha ping-ping ....................................................................... 227

    Figura 83 Apresentao do rob (em grande grupo) ......................................................... 228

    Figura 84 rea da Roamer ................................................................................................ 232

    Figura 85 Roamer na agenda semanal ............................................................................... 232

    Figura 86 Roamer nos quadros de tarefas e frequncia dos espaos ................................. 233

    Figura 87 Roamer disfarada de Gato das Botas ........................................................... 233

    Figura 88 Utilizao das cartas da Roamer e registo da atividade .................................... 235

    Figura 89 Atividade com as cartas da Roamer e nmeros ................................................ 236

    Figura 90 Programao da Roamer ................................................................................... 237

    Figura 91 Utilizao das cartas da Roamer ....................................................................... 238

    Figura 92 Atividade livre com a Roamer .......................................................................... 238

    Figura 93 Atividade livre com o rob ............................................................................... 239

    Figura 94 Atividade no paint............................................................................................. 242

    Figura 95 Exposio de trabalhos realizados pelas crianas ............................................ 243

    Figura 96 rea da Roamer com trabalhos realizados pelas crianas ................................ 243

    Figura 97 Rasgar/cortar tiras de jornal .............................................................................. 244

    Figura 98 Forrar as carapaas ............................................................................................ 244

    Figura 99 Pintar as carapaas ............................................................................................ 245

    Figura 100 Decorar as carapaas ....................................................................................... 245

    Figura 101 Construir a casa do Coelhinho Branco ............................................................ 245

  • XX

    Figura 102 Ensaios do teatro ............................................................................................. 247

    Figura 103 Ensaios com as carapaas ............................................................................... 248

    Figura 104 rea da Roamer com fotografias .................................................................... 248

    Figura 105 Preparao do espao para o teatro ................................................................. 248

    Figura 106 Apresentao do teatro ................................................................................... 250

    Figura 107 Registos efetuados no dirio de grupo ............................................................ 251

    Figura 108 Desenhar a Roamer no paint ........................................................................... 253

    Figura 109 Problema de matemtica ................................................................................. 254

    Figura 110 Registo do problema ....................................................................................... 254

    Figura 111 Sesses realizadas JIT ..................................................................................... 263

    Figura 112 Desenhos da Roamer disfarada ..................................................................... 264

    Figura 113 Roamer disfarada de bruxa ........................................................................... 266

    Figura 114 Atividade com as cartas .................................................................................. 268

    Figura 115 Registo da atividade (medir o polivalente) ..................................................... 271

    Figura 116 Realizao de um jogo com os blocos lgicos ............................................... 273

    Figura 117 Realizao de atividades com a Roamer disfarada ....................................... 274

    Figura 118 Comunicaes (registo da atividade) .............................................................. 274

    Figura 119 Atividade livre com as cartas .......................................................................... 275

    Figura 120 Atividade livre com a Roamer ........................................................................ 275

    Figura 121 Utilizao do tapete dos nmeros e registo da atividade ................................ 277

    Figura 122 Corrida dos robs e registo da atividade ......................................................... 279

    Figura 123 Construo do jogo da glria ...................................................................... 279

    Figura 124 Apresentao da Roamer em grande grupo .................................................... 282

    Figura 125 Explorao de uma histria com o rob ......................................................... 284

    Figura 126 Programao do rob ...................................................................................... 284

    Figura 127 Roamer disfarada de bruxa ........................................................................... 285

    Figura 128 Atividade com as cartas e programao do rob ............................................ 286

    Figura 129 Roamer disfarada de Esticadinha .............................................................. 286

    Figura 130 Observao/avaliao das crianas em atividades livres ................................ 287

    Figura 131 Atividade com o tapete dos nmeros e registo da mesma .............................. 287

    Figura 132 Desenhos realizados no paint (Roamer disfarada) ........................................ 288

    Figura 133 Crianas a disfarar a Roamer ........................................................................ 289

    Figura 134 Exposio dos trabalhos realizados no paint (Roamer disfarada) ................ 289

    Figura 135 Rasgar/cortar tiras de jornal ............................................................................ 291

  • XXI

    Figura 136 Forrar as carapaas .......................................................................................... 292

    Figura 137 Fazer o projeto dos animais ............................................................................. 292

    Figura 138 Pintar as carapaas .......................................................................................... 292

    Figura 139 Decorar as carapaas ....................................................................................... 293

    Figura 140 Exposio do projeto dos animais da histria ................................................. 293

    Figura 141 Atividade livre no recreio, com a Roamer ...................................................... 294

    Figura 142 Atividades livres com a Roamer disfarada .................................................... 294

    Figura 143 Entrevista aos finalistas ................................................................................... 295

    Figura 144 Desenhos de matemtica realizados pelas crianas ......................................... 295

    Figura 145 Realizao de um jogo com as carapaas da Roamer ..................................... 296

    Figura 146 Atividade livre com as carapaas da Roamer .................................................. 297

    Figura 147 Atividade no paint ........................................................................................... 297

    Figura 148 Fichas de matemtica ...................................................................................... 298

    Figura 149 Desenhar o cenrio da histria ........................................................................ 300

    Figura 150 Gravao da histria ........................................................................................ 301

    Figura 151 Ensaios para o teatro ....................................................................................... 302

    Figura 152 Pintar o cenrio da histria .............................................................................. 303

    Figura 153 Ensaio geral da histria ................................................................................... 304

    Figura 154 Apresentao do espetculo ............................................................................ 305

    Figura 155 Programao da Roamer durante o espetculo ............................................... 305

    Figura 156 Apresentao de um teatro na festa de fim de ano JIT .................................... 325

    Figura 157 Dirio de grupo JIF ......................................................................................... 327

    Figura 158 rea da Roamer JIF ......................................................................................... 328

    Figura 159 Sala polivalente ............................................................................................... 328

    Figura 160 Sala de atividades (perto dos registos) ............................................................ 328

    Figura 161 Sala de apoio ................................................................................................... 328

    Figura 162 Sala de atividades (perto da biblioteca) ........................................................... 328

    Figura 163 Ciclos JIF ......................................................................................................... 353

    Figura 164 Ciclos JIT ......................................................................................................... 354

  • XXIII

    ndice de tabelas Tabela 1 Tabela sntese de robs mveis educativos........................................................ 141

    Tabela 2 Composio do kit do rob Roamer ................................................................... 149

    Tabela 3 Programao do rob Roamer ............................................................................ 152

    Tabela 4 Modalidades da investigao-ao ..................................................................... 160

    Tabela 5 Tcnicas e instrumentos de investigao-ao ................................................... 168

    Tabela 6 Apresentao e descrio dos instrumentos utilizados na recolha de dados ...... 172

    Tabela 7 Nmero de crianas JIF 2009/10 ........................................................................... 175

    Tabela 8 Residncia das crianas JIF 2009/10 ..................................................................... 176

    Tabela 9 Habilitaes dos pais/mes JIF 2009/10 ............................................................... 177

    Tabela 10 Idade dos pais/mes JIF 2009/10 ......................................................................... 179

    Tabela 11 Nmero de crianas JIF 2010/11 ......................................................................... 181

    Tabela 12 Residncia das crianas JIF 2010/11 ................................................................... 182

    Tabela 13 Habilitaes dos pais/mes JIF 2010/11 .............................................................. 183

    Tabela 14 Idade dos pais/mes JIF 2010/11 ......................................................................... 185

    Tabela 15 Nmero de crianas JIT 2009/10 ......................................................................... 187

    Tabela 16 Residncia das crianas JIT 2009/10 ............................................................................... 188

    Tabela 17 Habilitaes dos pais/mes JIT 2009/10 .............................................................. 189

    Tabela 18 Idade dos pais/mes JIT 2009/10 ......................................................................... 191

    Tabela 19 Nmero de crianas JIT 2010/11 ......................................................................... 193

    Tabela 20 Residncia das crianas JIT 2010/11 ................................................................... 194

    Tabela 21 Habilitaes dos pais/mes JIT 2010/11 .............................................................. 195

    Tabela 22 Idade dos pais/mes JIT 2010/11 ......................................................................... 197

    Tabela 23 Tabela de planificao das sesses ................................................................... 205

    Tabela 24 Calendarizao das sesses JIF ......................................................................... 211

    Tabela 25 Programaes efetuadas (para o teatro) ............................................................ 249

    Tabela 26 Disfarces realizados para decorar o rob .......................................................... 259

    Tabela 27 Calendarizao das sesses JIT ......................................................................... 262

    Tabela 28 Programaes efetuadas (para o teatro da Mosca Fosca) ................................. 303

    Tabela 29 Disfarces realizados para decorar a Roamer .................................................... 309

    Tabela 30 Aspetos relacionados com a utilizao do rob ............................................... 324

    Tabela 31 Vantagens e desvantagens da utilizao da Roamer na sala de atividades JIF . 332

    Tabela 32 Vantagens e desvantagens da utilizao da Roamer fora da sala de atividades JIT ..................................................................................................... 333

  • XXV

    ndice de grficos Grfico 1 Gnero das crianas JIF 2009/10 ......................................................................... 175

    Grfico 2 Idade das crianas JIF 2009/10 ............................................................................ 176

    Grfico 3 Provenincia/morada das crianas JIF 2009/10 ................................................... 177

    Grfico 4 Habilitao dos pais JIF 2009/10 ......................................................................... 178

    Grfico 5 Habilitaes das mes JIF 2009/10 ...................................................................... 178

    Grfico 6 Habilitaes dos Pais (total) JIF 2009/10 ............................................................ 179

    Grfico 7 Idade dos pais JIF 2009/10 .................................................................................. 180

    Grfico 8 Idade das mes JIF 2009/10 ................................................................................. 180

    Grfico 9 Gnero das crianas JIF 2010/11 ......................................................................... 181

    Grfico 10 Idade das crianas JIF 2010/11 .......................................................................... 182

    Grfico 11 Provenincia/morada das crianas JIF 2010/11 ................................................. 183

    Grfico 12 Habilitaes dos pais JIF 2010/11 ...................................................................... 184

    Grfico 13 Habilitaes das mes JIF 2010/11 .................................................................... 184

    Grfico 14 Habilitaes dos Pais (total) JIF 2010/11 ........................................................... 185

    Grfico 15 Idade dos pais JIF 2010/11 ................................................................................. 186

    Grfico 16 Idade das mes JIF 2010/11 ............................................................................... 186

    Grfico 17 Gnero das crianas JIT 2009/10 ....................................................................... 187

    Grfico 18 Idade das crianas JIT 2009/10 .......................................................................... 188

    Grfico 19 Provenincia/morada das crianas JIT 2009/10 ................................................. 189

    Grfico 20 Habilitaes dos pais JIT 2009/10 ...................................................................... 190

    Grfico 21 Habilitaes das mes JIT 2009/10 .................................................................... 190

    Grfico 22 Habilitaes dos Pais (total) JIT 2009/10 ........................................................... 191

    Grfico 23 Idade dos pais JIT 2009/10 ................................................................................. 192

    Grfico 24 Idade das mes JIT 2009/10 ............................................................................... 192

    Grfico 25 Gnero das crianas JIT 2010/11 ....................................................................... 193

    Grfico 26 Idade das crianas JIT 2010/11 .......................................................................... 194

    Grfico 27 Provenincia/morada das crianas JIT 2010/11 ................................................. 195

    Grfico 28 Habilitaes dos pais JIT 2010/11 ...................................................................... 196

    Grfico 29 Habilitaes das mes JIT 2010/11 .................................................................... 196

    Grfico 30 Habilitaes dos Pais (total) JIT 2010/11 ........................................................... 197

    Grfico 31 Idade dos pais JIT 2010/11 ................................................................................. 198

    Grfico 32 Idade das mes JIT 2010/11 ............................................................................... 198

    Grfico 33 Grau de conhecimento da integrao do Rob Roamer JIF ............................. 313

  • XXVI

    Grfico 34 Modo de informao da utilizao da Roamer JIF .......................................... 313

    Grfico 35 Comunicao do educando com os pais sobre a Roamer JIF ......................... 314

    Grfico 36 Grau de interesse revelado pela utilizao da Roamer JIF .............................. 314

    Grfico 37 Atividades que motivaram mais os educandos JIF .......................................... 315

    Grfico 38 Importncia da robtica na aquisio de novas aprendizagens pelos educandos JIF .................................................................................................................... 316

    Grfico 39 Grau de importncia da integrao da robtica na educao pr-escolar JIF ................................................................................................................... 316

    Grfico 40 Gnero dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIF ................................................................................................................... 316

    Grfico 41 Habilitaes literrias dos pais que responderam ao questionrio JIF ............ 317

    Grfico 42 Idade dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIF ... 317

    Grfico 43 Residncia dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIF ................................................................................................................. 318

    Grfico 44 Grau de conhecimento da integrao do rob Roamer JIT ............................. 318

    Grfico 45 Modo de informao da utilizao da Roamer JIT ......................................... 319

    Grfico 46 Comunicao do educando com os pais sobre a Roamer JIT.......................... 319

    Grfico 47 Grau de interesse revelado pela utilizao da Roamer JIT .............................. 320

    Grfico 48 Atividades que motivaram mais os educandos JIT ......................................... 320

    Grfico 49 Importncia da robtica na aquisio de novas aprendizagens pelos educandos JIT ................................................................................................. 321

    Grfico 50 Grau de importncia da integrao da robtica na educao pr-escolar JIT ................................................................................................ 321

    Grfico 51 Gnero dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIT .................................................................................................................. 322

    Grfico 52 Habilitaes literrias dos pais que responderam ao questionrio JIT ............ 322

    Grfico 53 Idade dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIT ... 323

    Grfico 54 Residncia dos encarregados de educao que responderam ao questionrio JIT .............................................................................................. 323

  • XXVII

    Tabela de siglas

    APEI Associao dos Profissionais de Educao de Infncia

    APM Associao de Professores de Matemtica

    CAF Componente de apoio famlia

    CAI Computer Assisted Instruction (Instruo Assistida por Computador)

    CAPER Capacitar a Aprendizagem e Promover Estratgias na Utilizao da Robtica

    CCI Child-Computer Interaction (Interao criana-computador)

    CD Compact Disc

    CEB Ciclo do Ensino Bsico

    CEI Centros Escolares de Informtica

    CIANEI Congresso Internacional de Aprendizagem na Educao de Infncia

    CRIE Computadores, Redes e Internet nas Escolas

    CSS Childrens School Sucess (Sucesso das crianas na escola)

    DATEC Developmentally Appropriate Technology for Early Childhood (Tecnologia adequada ao desenvolvimento para educao pr-escolar)

    DEP-GEF Departamento de Programao e Gesto Financeira

    DSIFIE Direo de Servios de Investigao, Formao e Inovao Educacional

    EDUTIC Unidade para o Desenvolvimento das TIC na Educao

    ERA Educational Robotic Application Principles (princpios de aplicao da robtica educativa)

    ESE Escola Superior de Educao

    ESEI Escola Superior de Educadores de Infncia

    ESTA Escola Superior de Tecnologias de Abrantes

    EUA Estados Unidos da Amrica

    FCCN Fundao para a Computao Cientfica Nacional

    FCT Fundao para a Cincia e Tecnologia

    GEDEPE Gabinete para a Expanso e Desenvolvimento da Educao Pr-Escolar

    GIASE Gabinete de Informao e Avaliao do Sistema Educativo

    GIT Global Information Technology (Tecnologia de Informao Global)

  • XXVIII

    IA Investigao-Ao

    IBM Internacional Business Machines

    ICEI Informtica em contextos de educao de infncia

    ICT Information and Communication Technologies (vd. TIC)

    INE Instituto Nacional de Estatstica

    JIF Jardim de Infncia de Ferreiros

    JIT Jardim de Infncia da Timpeira

    MEM Movimento da Escola Moderna Portuguesa

    MIT Massachusetts Institute of Technology

    NAEYC National Association for the Education of Young Children (Associao nacional para a educao de crianas pequenas)

    NCTM National Council of Teachers of Mathematics

    NEE Necessidades Educativas Especiais

    OCEPE Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar

    POSI Programa Operacional para a Sociedade de Informao

    PRODEP Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal

    RCTS Rede Cincia, Tecnologia e Sociedade

    RDIS Rede Digital de Integrao de Servios

    RIA Robotics Institute of America

    Sacausef Sistema de avaliao, Certificao e Apoio Utilizao de Software para a Educao e a Formao

    TIC Tecnologias de Informao e da Comunicao

    uARTE Unidade de Apoio Rede Telemtica Educativa

    UMIC Unidade Misso Inovao e Conhecimento

    UTAD Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro

  • Introduo

  • 3

    A integrao das Tecnologias da Informao e da Comunicao (TIC) nas salas de

    jardim de infncia tem suscitado muito interesse por parte de professores/investigadores e so

    alguns os estudos realizados nesta rea, quer para se aferir as facilidades/dificuldades na

    integrao, quer as vantagens e desvantagens da sua utilizao, quer o papel do professor

    como mediador no processo de ensino aprendizagem. Mas so ainda insuficientes: o

    nmero de estudos neste nvel de ensino continua a ser muito reduzido, principalmente no

    que diz respeito anlise dos processos efectivos de integrao da tecnologia no pr-

    escolar (Brito, 2010a, p. 39). O mesmo se pode dizer da robtica educativa, enquanto

    elemento das TIC, mas de forma ainda mais explcita. H, de facto, um nmero significativo

    de estudos j realizados, principalmente fora de Portugal, mas em termos das prticas efetivas

    no quotidiano de jardim de infncia, a sua integrao ainda no est devidamente estudada

    nem explicitada.

    Educadores e pensadores como Seymour Papert buscam, desde h muito, [a]

    conciliao entre dispositivos mecnicos e eletrnicos e o processo de ensino-

    aprendizagem. A construo de um ambiente em que educadores e educandos

    desenvolvam sua criatividade, seu conhecimento, sua inteligncia, seu potencial

    em lidar com situaes adversas do cotidiano tem sido um dos principais

    motivadores para as tentativas de integrao da robtica nas prticas

    educacionais. (Mill e Csar, 2009, p. 221)

    A escolha do tema para a implementao deste trabalho, ligado a contextos de jardins

    de infncia, esteve relacionada com dois principais fatores: a minha formao como

    educadora de infncia e o imenso gosto de trabalhar com crianas. A escolha das tecnologias

    e do principal foco da investigao, a integrao da robtica educativa na educao

    pr-escolar, prendeu-se com a curiosidade e vontade de experimentar novos desafios. Pela

    minha experincia como educadora de infncia tenho constatado que esta rea, na grande

    maioria dos jardins, ainda fica aqum do desejado. Hoje em dia as crianas que frequentam

    este nvel de ensino j contactam com as novas tecnologias, quer seja atravs do computador e

    fotocopiadora, na rea da informtica, da mquina fotogrfica, do projetor multimdia, enfim,

    dos instrumentos existentes nas salas. Como referido nas Orientaes Curriculares para a

    Educao Pr-Escolar (OCEPE) se a linguagem oral e a abordagem escrita merecem uma

    especial ateno na educao pr-escolar, as novas tecnologias da informao e da

    comunicao so formas de linguagem com que muitas crianas contactam diariamente

    (Ministrio da Educao, 1997, p. 72).

  • 4

    Relativamente robtica educativa a situao j diferente. No todos os dias que as

    crianas veem ou programam um rob, se que alguma vez contactaram com este tipo de

    instrumento de trabalho. Na realidade perfeitamente normal que isso venha a acontecer e

    chegar o dia em que assim o espero iro ver estes materiais como parte integrante dos

    utilizados e disponveis nas salas de pr-escolar. Alguns estudos realizados, como

    experincias espordicas e individuais, resultantes na maior parte das vezes de trabalhos no

    mbito de teses de mestrado ou doutoramento, demonstram que a robtica ainda no faz parte

    integrante das atividades realizadas em contexto de jardim de infncia.

    A Robtica Educativa (RE) tem sido apontada nos ltimos anos como uma

    das ferramentas educativas emergentes de maior potencial. Entre as vrias

    caractersticas que lhe so atribudas, reala-se a sua adequao a uma

    aprendizagem baseada na resoluo de problemas concretos cujos desafios

    criados promovem o raciocnio e o pensamento crtico de uma forma activa,

    elevando tambm os nveis de interesse e motivao dos alunos por matrias

    por vezes complexas. (Ribeiro, Coutinho, Costa, 2011a, p. 440)

    Com este trabalho, aps apresentar o estado da arte em TIC e em robtica educativa,

    pretendo contribuir, atravs de atividades prticas no terreno, para a integrao de robs de

    solo na educao pr-escolar.

    Optando por trabalhar com um rob especfico, o rob Roamer, pretendia abordar

    diferentes aspetos do currculo e especialmente a matemtica de outra forma, tendo em conta

    que ainda vista como um grande problema para muitas crianas e jovens. Sabemos que

    o desenvolvimento matemtico nos primeiros anos fundamental, dependendo o sucesso das

    aprendizagens futuras da qualidade das experincias proporcionadas s crianas (Castro e

    Rodrigues, 2008, p. 9).

    Para melhor enquadrar a minha investigao procurei perceber o que poderia constituir

    o currculo destinado a crianas pequenas e as diferentes formas de o implementar.

    Considerando a minha formao inicial, explorei o que se faz no chamado mundo

    ocidental1 em educao de infncia, analisando tambm com algum detalhe os principais

    documentos que orientam os educadores em Portugal. Salvaguardando as desejveis

    diferenas culturais, verifiquei que em todo o lado h a preocupao de ter em conta a

    investigao que vai sendo produzida e os contributos dos autores mais relevantes, quer a

    1 Europa, Amrica do Norte, Austrlia, Nova Zelndia e Japo.

  • 5

    nvel nacional quer a nvel internacional. Os ministrios da educao dos diferentes pases

    procuram fornecer orientaes aos profissionais e as associaes de educadores e professores

    (APEI, NAEYC, APM, NCTM)2 vo contribuindo com estudos e tomadas de posio na tentativa

    de melhorar a qualidade do trabalho desenvolvido com as crianas pequenas.

    Como objetivos mais ligados ao trabalho a desenvolver estabeleci logo no incio da

    investigao a necessidade de caraterizar os contextos em que iria trabalhar; fazer o

    levantamento dos equipamentos informticos e robticos presentes nos jardins de infncia em

    estudo; perceber at que ponto os referidos equipamentos eram utilizados pelas crianas; ficar

    com a noo do tempo necessrio ao planeamento e desenvolvimento das atividades e

    materiais indispensveis para a sua realizao; compreender as necessidades de formao dos

    educadores, tendo em conta os conhecimentos j adquiridos; finalmente, compreender as

    formas e circunstncias que propiciam o enriquecimento das atividades com robs de solo,

    por contributo das restantes atividades em curso no jardim e o contributo destas para a

    robtica.

    Apresento agora a estrutura da tese, tentando descrever sucintamente todos os

    captulos que dela fazem parte. Inicio com esta introduo, onde apresento os objetivos do

    trabalho, a formulao do problema e descrevo a abordagem que fiz, que me pareceu

    adequada para o mesmo. Como integrar a robtica educativa na educao pr-escolar? Esta

    a questo chave.

    Segue-se o captulo I, onde descrevo os aspetos relacionados com o currculo e a

    qualidade em educao de infncia, bem como as orientaes curriculares para a educao

    pr-escolar, as metas de aprendizagem e modelos pedaggicos, destacando-se o modelo

    pedaggico do Movimento da Escola Moderna Portuguesa (MEM), por ser o empregue nos

    dois contextos de investigao onde realizei os trabalhos de campo.

    Relativamente ao captulo II, sobre a utilizao das TIC em contexto escolar, apresento

    o aparecimento e evoluo das mesmas nas escolas em Portugal e a situao atual das TIC em

    ambiente pr-escolar no mundo, bem como em contextos de educao de infncia. De seguida

    debrucei-me sobre Piaget e o construtivismo, Papert e o construcionismo e a linguagem Logo,

    base da utilizada na programao do rob Roamer.

    2 APEI (Associao dos Profissionais de Educao de Infncia) NAEYC (National Association for the Education of Young Children) APM (Associao de Professores de Matemtica) NCTM (National Council of Teachers of Mathematics)

  • 6

    No captulo III falo sobre a robtica educativa, tentando descrever o estado da arte at

    presente data e feita a apresentao geral da robtica e do rob Roamer em particular, na

    medida em que este foi o objeto utilizado durante a investigao.

    O captulo IV centra-se nos objetivos do trabalho e na descrio da metodologia de

    investigao utilizada durante a realizao do mesmo. Apresento as caratersticas,

    modalidades, processo e modelos de investigao-ao e as tcnicas e instrumentos de recolha

    de dados utilizados nos contextos de educao de infncia onde o trabalho prtico foi

    realizado.

    Segue-se o captulo V, onde so caraterizados os sujeitos envolvidos no estudo, sendo

    apresentadas tabelas e grficos relativamente a alguns dados referentes s crianas e aos

    encarregados de educao.

    O captulo VI apresenta o trabalho de campo, ou seja, o desenvolvimento da

    investigao-ao (IA); fao uma descrio dos dois jardins de infncia onde efetuei a

    investigao, seguindo-se os ciclos de ao e reflexo desenvolvidos ao longo de dois anos

    letivos, 2009/2010 e 2010/2011.

    No captulo VII feita a anlise final dos resultados, onde exponho e interpreto os

    dados da investigao.

    Seguem-se as concluses, recomendaes e reflexes finais, onde mostro os aspetos

    positivos deste trabalho, as dificuldades sentidas durante a realizao do mesmo e algumas

    ideias relativamente a futuras linhas de investigao.

    tambm apresentada a lista de referncias bibliogrficas utilizadas ao longo do

    trabalho, nas quais me apoiei para o efetuar.

    Nos anexos incluo todos os registos efetuados ao longo dos dois anos letivos, registos

    sintticos dos mesmos, avaliaes de algumas crianas, instrumentos de registo utilizados nos

    jardins de infncia em causa, questionrio apresentado aos pais e CD com programao da

    histria A casa da Mosca Fosca.

  • CaptuloIOCURRCULOEMEDUCAODEINFNCIA

  • Captulo I - O currculo em educao de infncia

    9

    1.1. O desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem

    H alguns anos falar de currculo em educao de infncia em Portugal era, no

    mnimo, considerado estranho. Na linguagem corrente o termo currculo era normalmente

    interpretado como sinnimo de programa e por essa mesma razo como algo prescritivo e

    muito pouco flexvel. Para os estudiosos o termo era encarado de forma diferente mas tambm

    pouco utilizado num nvel de educao em que os contedos a desenvolver no eram

    impostos por qualquer organismo oficial. No se pode esquecer que a rede pblica de

    educao pr-escolar, em Portugal, s foi lanada em 1977. Antes disso os estabelecimentos

    que acolhiam crianas pequenas eram de iniciativa no governamental. O currculo um

    conceito de uso relativamente recente entre ns, se considerarmos a significao que tem em

    outros contextos culturais e pedaggicos nos quais conta com uma maior tradio

    (Sacristn, 1998, p.13).

    Sacristn (1998) refere que numa tentativa de sistematizar as diferentes significaes

    atribudas palavra currculo, podemos considerar cinco perspetivas diferentes: a que tem a

    ver com a sua funo social como ligao entre a escola e a sociedade; a que o v como

    projeto ou plano educativo nas suas diferentes vertentes; a formalizao desse projeto na

    prtica, explicitando contedos, orientaes, etc.; a que o v como um campo onde se age e se

    pode fazer a anlise dos processos instrutivos, estudar as diversas prticas que muitas vezes a

    se cruzam e servir de suporte ao discurso que relaciona a teoria e a prtica em educao; e a

    que corresponde atividade de investigao quer prtica quer terica, dos que se debruam

    sobre todos os aspetos j focados.

    O conceito de currculo tambm pode ser entendido em sentido lato ou em sentido

    restrito. Em sentido lato pode afirmar-se que currculo tudo aquilo que aprendido na

    escola, seja ou no objetivo explcito da atividade educativa. Assim, a melhor forma de lidar

    com os colegas, os educadores e restantes funcionrios ser uma aquisio importante para as

    crianas, embora no esteja clarificada nas planificaes da instituio. Do mesmo modo, a

    melhor forma de poder conversar ou brincar em tempos a isso no destinados tambm

    rapidamente aprendida pelos meninos. Este sentido lato aquele que normalmente a

    Sociologia gosta de explorar. neste campo que se trabalha a significao de currculo

    oculto. Tambm se refere com frequncia a existncia de um currculo informal que

    designa o conjunto das experincias vividas pelos aprendentes, incluindo as que acontecem

  • Captulo I - O currculo em educao de infncia

    10

    sem inteno deliberada. J no campo do desenvolvimento curricular e organizao e

    administrao educativas se utiliza com muito mais frequncia o sentido restrito do vocbulo.

    Zabalza define-o como o conjunto dos pressupostos de partida, das metas que se deseja

    alcanar e dos passos que se do para as alcanar; o conjunto de conhecimentos,

    habilidades, atitudes, etc. que so considerados importantes para serem trabalhados na

    escola (1994, p.12).

    Assim, o currculo muitas vezes definido como tudo aquilo que expressamente

    planificado e desenvolvido com os alunos e objeto de avaliao. o chamado currculo

    formal.

    na Grcia antiga, chamava-se currculo pista por onde os atletas

    corriam. Mais tarde passou a chamar-se currculo, tambm prpria corrida.

    Estes dois sentidos de currculo cobrem hoje, entre ns, o decurso (o curso) da

    educao pr-escolar: a pista e a aco de correr nela, isto , o projecto

    curricular e a aco ou o desenvolvimento curricular, como tambm se diz.

    (Niza, 2001, p.3)

    Em todos os nveis de educao e ensino se pode trabalhar o que no est previsto nas

    planificaes mas surge da interao entre alunos e professores na sala de aula ou outros

    contextos educativos. Os contedos que da surgem constituem o chamado currculo

    emergente que em alguns modelos pedaggicos ou curriculares, como o MEM, assume grande

    relevncia. Valoriza os interesses, capacidades e aptides dos intervenientes, conduzindo com

    frequncia a projetos, de uma forma geral favorecedores da interdisciplinaridade, da troca de

    experincias e da explorao da zona de desenvolvimento prximo de muitas crianas.

    O currculo emergente () tem uma nfase social e intelectual e no podemos

    de forma alguma separar estas duas reas () contextualizado. Funciona

    para () [um] grupo especfico de crianas e os seus pais, e para o jardim-de-

    infncia (). um currculo policntrico. () no um currculo centrado

    apenas na criana. (Vasconcelos, 1997, pp.250-251)

    Em qualquer escola o currculo corresponde, de uma forma geral, quilo que a

    sociedade espera dela. As comunidades esperam que a escola eduque. E o que educar? Pode

    ser ajudar as crianas, os alunos, a crescer. Nesse sentido precisam, como referem autores

    como Formosinho, de ser estimulados, socializados e instrudos.

  • Captulo I - O currculo em educao de infncia

    11

    Quer isto dizer que mesmo na linguagem de todos os dias o conceito de

    educao usado quer como instruo quer como socializao quer como

    estimulao. Educar assim um acto global que no visa s a aprendizagem de

    certos conhecimentos, mas () a formao total. (Formosinho, s.d., p.3)

    Consoante a idade e o nvel de educao ou ensino assim o currculo se foca mais em

    uma ou duas vertentes em detrimento da outra ou outras. Na educao pr-escolar procura-se

    implementar sobretudo a estimulao e socializao das crianas, tendo a instruo menos

    relevo. medida que se progride nos nveis de ensino, a instruo vai ganhando importncia

    em detrimento das outras duas vertentes. Pelo que referimos no de estranhar que na

    educao de infncia aquilo que tem a ver com o desenvolvimento pessoal e social das

    crianas seja objeto de grande preocupao. extremamente relevante que os meninos

    descubram as suas capacidades (pintar, desenhar, cantar, correr) e se habituem a conviver

    pacificamente com os outros. Isso implica a interiorizao de regras, hbitos, atitudes e

    valores. Tambm se explora e se procura satisfazer a natural curiosidade das crianas e a sua

    incessante vontade de experimentar e explorar o que as rodeia. No por isso de estranhar

    que a j longa histria da educao de infncia permita constatar a presena de determinado

    tipo de atividades nos currculos que ao longo dos anos foram sendo desenvolvidos. Desde

    Oberlin a Maria Montessori, o que se fez foi muito mais baseado na intuio do que em

    estudos cientficos (Spodek e Brown, 2002). A partir do trabalho de Montessori, a observao,

    a experimentao e o estudo cientfico do desenvolvimento e aprendizagem das crianas foi

    ganhando terreno. Durante muitos anos as diversas teorias de desenvolvimento marcaram as

    diferentes abordagens educao das crianas pequenas, contudo foi-se verificando aos

    poucos uma deslocao de foco, passando tambm a ganhar importncia os aspetos relativos

    aprendizagem. assim que hoje em dia podemos assistir a diferentes prticas, seguindo ou

    no risca modelos pedaggicos, preocupadas com a estimulao, socializao e instruo

    das crianas (a importncia dada a cada uma das componentes varia) com vista a proporcionar

    o seu desenvolvimento e a necessria base para aprendizagens futuras. O que se verifica que

    observar, planear, agir, avaliar, comunicar e articular so tarefas tratadas de diferentes formas

    consoante o profissional, a formao que teve e o tipo de prtica que leva a cabo. Todos

    procuram proporcionar o desenvolvimento das potencialidades de cada criana, transmitir

    regras, valores, hbitos, atitudes e conhecimentos, mas fazem-no de diferentes formas,

    valorizando ou desvalorizando as diversas tarefas. O observar e planificar ocupa

    relativamente pouco tempo se comparado com o agir em algumas prticas. Tambm a

  • Captulo I - O currculo em educao de infncia

    12

    avaliao, a comunicao do que se aprendeu e a articulao com o meio de provenincia das

    crianas e o nvel posterior a que se destinam , em muitos casos, reduzida.

    Para minimizar os inconvenientes de prticas pouco equilibradas foram surgindo na

    maioria dos pases linhas orientadoras para a ao dos educadores, objetivos gerais e metas de

    aprendizagem para as crianas/alunos, modelos pedaggicos/curriculares que conferissem

    coerncia e intencionalidade s prticas educativas e perfis profissionais de educadores e

    professores dos diferentes ciclos.

    Tendo em conta o referido, faz parte das preocupaes do educador a organizao do

    ambiente educativo, os contedos e atividades a explorar com as crianas e o assegurar a

    intencionalidade e continuidade educativa. Em Portugal, de acordo com o perfil especfico de

    desempenho profissional do educador de infncia, cabe a este conceber e desenvolver o

    respetivo currculo atravs da planificao, organizao e avaliao do ambiente

    educativo, bem como das actividades e projectos curriculares, com vista construo de

    aprendizagens integradas (Decreto- Lei n. 241/2001 de 30 de Agosto).

    Parece-me importante abordar aqui, ainda que de forma no exaustiva, as fontes do

    currculo em educao de infncia. De algum modo as diferentes fontes tm acompanhado a

    histria da educao de infncia. Aponta-se geralmente como primeira fonte do currculo a

    criana e a observao sistemtica que se foi fazendo da sua atividade espontnea. Assim

    surgiram, em parte, os currculos propostos por Froebel e Montessori. Como referem Spodek

    e Saracho, outras fontes consensualmente apontadas tm sido, desde que surgiram, as teorias

    do desenvolvimento e da aprendizagem (Spodek, 1993; Spodek e Saracho, 1998). O

    conhecimento humano, disponvel em cada poca, tem sido tambm uma fonte. Como no

    podia deixar de ser, h a preocupao de transmitir s novas geraes aquilo que aqueles que

    os antecederam j sabem. Essa passagem de testemunho comea logo na educao dos mais

    pequenos.

    As fontes do currculo na educao de infncia so, em primeiro lugar, o

    prprio conhecimento cientfico sobre o desenvolvimento da criana. No

    entanto, como os textos de Bernard Spodek e de Jlia Formosinho salientam, a

    cultura como fonte curricular uma referncia incontornvel neste mesmo

    nvel etrio. (Formosinho, 1996, p.11)

  • Captulo I - O currculo em educao de infncia

    13

    Outras fontes do currculo normalmente referidas so, consoante as circunstncias, os

    conhecimentos a adquirir no primeiro ciclo do ensino bsico, os testes realizados s crianas

    para tentar perceber o que sabem, o contedo das avaliaes a que possam ser submetidas no

    final da etapa e tambm, com frequncia, o calendrio com os seus tempos fortes e atividades

    mais relevantes. Sabe-se que, consoante os casos, o contedo dos currculos deriva mais ou

    menos diretamente das fontes apresentadas. Contudo questionamo-nos com frequncia quanto

    legitimidade destas escolhas. Spodek entende que nenhuma delas pode ser considerada uma

    origem apropriada do currculo.

    Gostaria de sugerir que a origem adequada do currculo em educao pr-

    escolar o conjunto dos objectivos que so os fins da educao para as

    crianas. Trata-se, no essencial, de uma declarao de valor sobre o que a

    criana deve ser. (Spodek, 1993, p.14)

    Pelo j exposto percebemos a necessidade de organizar o ambiente educativo quando

    se fala na educao das crianas pequenas. Esta organizao inclui as formas de estruturar o

    espao, o grupo, o tempo, o prprio meio institucional e a relao com aqueles que o rodeiam

    e so interlocutores. Relativamente ao espao podemos encontrar uma grande diversidade de

    opes. Consoante as caratersticas do grupo, as dimenses dos espaos a utilizar, a formao

    dos educadores e os objetivos a atingir assim podemos ter espaos que quase parecem salas do

    1. ciclo ou outros, organizados por exemplo por reas de trabalho, que proporcionam uma

    grande autonomia e liberdade de ao s crianas.

    Nos ltimos anos, foram dados muitos passos frente e hoje faz parte da

    cultura profissional dos professores(as) dessa etapa educacional que o

    espao de suas aulas seja um recurso polivalente que podem utilizar de muitas

    maneiras e do qual podem extrair grandes possibilidades para a formao.

    (Forneiro, 1998, p.229)

    Tambm quanto forma de agrupar as crianas nos surgem diferentes alternativas.

    Uma das mais comuns o agrupamento por idades por se achar, geralmente, que facilita o

    trabalho dos educadores. Contudo igualmente possvel encontrar grupos propositadamente

    heterogneos considerando a idade.

  • Captulo I - O currculo em educao de infncia

    14

    No podemos perder de vista o potencial educativo da relao das crianas

    com outras idades diferentes e interesses em criar experincias educativas e

    sociais em que haja maior diversificao. Essa relao beneficia as crianas

    menores, pois permite-lhes aprender modelos dos mais velhos, imit-los, ajud-

    los, etc., e permite uma interao entre iguais que, se for bem demarcada,

    poder ser muito positiva. (Bassedas, Huguet e Sol, 1999, p.99)

    Outras formas de organizar turmas tm por base critrios como a afinidade entre as

    crianas, o seu nvel de desenvolvimento e/ou os conhecimentos que demonstram possuir.

    A cooperao a relao educativa em que nos afirmamos. () ergue-se a

    partir de distintas vocaes, papis sociais e idades, que, coexistindo,

    enriquecem e transformam as pessoas, as quais, partindo de um agrupamento,

    passam a viver um projeto de vida cooperativa. Os que se espantam que

    faamos guerra aberta iluso dos grupos homogneos talvez assim entendam

    melhor. S a m-f ou a doentia crena na omniscincia do mestre poder

    ainda hoje deixar manifestar em pblico to feias e reacionrias intenes.

    (Niza, 2012, pp.67-68)

    Se se pensar nas chamadas famlias tradicionais e alargadas que eram muito frequentes

    h umas dcadas atrs em Portugal e ainda existem em muitas partes do globo, verificamos

    que so compostas por muitas crianas em diferentes idades que convivem e interagem

    naturalmente entre si. Assim, em espaos no formais e durante as brincadeiras, o mais

    frequente era haver meninos em diferentes pontos de desenvolvimento agrupando-se

    espontaneamente. A Pedagogia-em-Participao favorece a organizao de grupos

    heterogneos em termos etrios que incluam a diversidade cultural envolvente (Oliveira-

    Formosinho e Formosinho, 2011, p.32).

    Relativamente forma de utilizar o tempo verificam-se igualmente muitas diferenas.

    Aquilo que relativamente consensual diz respeito necessidade de rotinas. A realizao de

    cada rotina determinar no s o produto imediato dessa actividade, mas tambm outras

    conquistas cognitivas ou afectivas vinculadas s actividades que a rotina contm (Zabalza,

    1992, p.171).

    A rotina baseia-se na repetio de actividades e ritmos na organizao

    espcio-temporal da sala e desempenha importantes funes na configurao

  • Captulo I - O currculo em educao de infncia

    15

    do contexto educativo () Constitui um marco de referncia que, uma vez

    aprendido pela criana () d uma grande liberdade de movimentos, tanto s

    crianas como ao educador: provm de uma espcie de estruturao mental

    que permite dedicar-se e dedicar as suas energias ao que se est fazendo, sem

    preocupao do que vir depois. (Zabalza, 1992, p.169)

    Tambm importante alternar atividades mais movimentadas com outras mais calmas,

    tarefas que exigem maior concentrao com outras que permitem um maior relaxamento e ser

    sensvel forma como as crianas pequenas vivem o tempo.

    No trabalho com crianas pequenas, imprescindvel manter uma sequncia

    estvel de atividades que d segurana a elas na medida em que lhes permitir

    antecipar o que vai acontecer. () os extremos so desaconselhveis: to

    ruim a desorganizao () quanto a rigidez. (Paniagua e Palacios, 2007,

    p.164)

    Isto significa no interromper trabalhos que esto a ser feitos com grande entusiasmo,

    a no ser que isso seja absolutamente necessrio, e no prolongar demasiado outros, quando

    se verifica que os meninos no so mais capazes de prestar ateno ao que esto a fazer. Ao

    longo do dia, durante a rotina diria, h diversos modos de participao e envolvimento das

    crianas na coconstruo da aprendizagem experiencial-individualmente, em pares, em

    pequenos grupos, em grande grupo (Oliveira-Formosinho e Formosinho, 2011, p.32).

    Um educador experiente na gesto do tempo sabe que com crianas pequenas no se

    pode ser rgido, necessrio conseguir coordenar diferentes crianas ou grupos no

    desempenho de tarefas diversas. Tambm h que enquadrar os imprevistos e proporcionar

    transies entre atividades que se coadunem com os diferentes ritmos. As atividades devem

    fluir de maneira natural, com margens flexveis entre uma proposta e outra (Paniagua e

    Palacios, 2007, p.165).

    A organizao do dia fundamental no trabalho do educador. Quanto mais o educador

    quiser desenvolver nas crianas a independncia, a autonomia e a capacidade de iniciativa

    mais ter que cuidar a organizao do espao, dos materiais e do tempo. S uma sala cuja

    organizao foi bem pensada e um dia concebido de acordo com o conhecimento prvio do

    grupo, vo possibilitar a ao das crianas sem recurso frequente ajuda dos adultos. Um

    funcionamento flexvel muito mais coerente com a diversidade de ritmos e interesses e,

  • Captulo I - O currculo em educao de infncia

    16

    desde que bem organizado, potencializa uma maior autonomia (Paniagua e Palacios, 2007,

    p.165).

    Muitos problemas de disciplina, desconcentrao e gesto dos grupos surgem da falta

    de planeamento. Quando se pensou bem aquilo que se pretende fazer difcil surgirem

    espaos mortos e falta de interesse das crianas. Um perodo prolongado de espera entre a

    apresentao de uma proposta e sua concretizao pode diminuir a motivao e a ateno

    das crianas (Paniagua e Palacios, 2007, p.165).

    O jardim de infncia enquanto instituio que acolhe crianas tambm tem que atender

    s suas necessidades, da que seja necessrio pensar os horrios mais adequados, a

    distribuio dos espaos consoante as suas funcionalidades, a existncia de reas cobertas e ao

    ar livre para a brincadeira dos meninos; tambm deve haver materiais seguros, resistentes,

    lavveis, diversificados e que permitam diferentes utilizaes. Os aspectos organizacionais

    tm uma grande importncia e influem mais do que parece na qualidade pedaggica e

    educativa do centro no qual trabalhamos. () eles deveriam ser submetidos aos aspectos

    pedaggicos e educativos (Bassedas, Huguet e Sol, 1999, p.93).

    Para que estas instituies cumpram cabalmente os objetivos a que se destinam

    m