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1 Uma Estratégia de Especialização Inteligente para o Alentejo Évora, Dezembro de 2014

EREI Alentejo

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    Uma Estratgia de Especializao Inteligente para o Alentejo vora, Dezembro de 2014

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 2

    NDICE

    NDICE DE FIGURAS.......................................................................................................................................................3

    GLOSSRIO DE TERMOS E ABREVIATURAS.........................................................................................................................7

    Nota de Abertura.....................................................................................................................................................9

    1. ENQUADRAMENTO E PRINCIPAIS DOCUMENTOS ORIENTADORES....................................................................................11

    1.1. Introduo ..................................................................................................................................... 11

    1.2. Percurso de Inovao no Alentejo................................................................................................... 13

    1.3. Plano de Ao Regional ALENTEJO 2020 Viso de Sntese.............................................................. 18

    2. ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE ..............................................................................................22

    2.1. Metodologia................................................................................................................................... 23

    2.2. Domnios de Especializao ............................................................................................................ 27

    2.2.1. Alimentao e Floresta ................................................................................................................ 27

    2.2.2. Economia dos Recursos Minerais, Naturais e Ambientais.............................................................. 41

    2.2.3. Patrimnio, Indstrias Culturais e Criativas e Servios de Turismo ................................................ 54

    2.2.4. Tecnologias Crticas, Energia e Mobilidade Inteligente.................................................................. 64

    2.2.5. Tecnologias e Servios Especializados da Economia Social............................................................. 78

    2.2.6. Concluses .................................................................................................................................. 90

    2.3. Policy Mix ...................................................................................................................................... 95

    2.4. Modelo de Governao ................................................................................................................ 105

    2.5. Monitorizao e Avaliao............................................................................................................ 107

    ANEXOS................................................................................................................................................................112

    I. CONTEXTO REGIONAL E POTENCIAL DE INOVAO ......................................................................................................113

    I.1. Populao e Territrio ................................................................................................................... 114

    I.2. Economia e Emprego ..................................................................................................................... 115

    I.3. Internacionalizao ....................................................................................................................... 124

    I.4. Investigao e Inovao Regional................................................................................................... 126

    I.5. Matriz SWOT................................................................................................................................. 158

    II FINANCIAMENTO DO POR ALENTEJO POR EIXO PRIORITRIO E FUNDO........................................................................160

    III PRINCIPAIS AES DESENVOLVIDAS PARA A ELABORAO DA EREI ...........................................................................161

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 3

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1 - Sistema Regional de Transferncia de Tecnologia (SRTT) do Alentejo .................................................16

    Figura 2 - Operaes Aprovadas no mbito do Protocolo INALENTEJO/SRTT segundo a afinidade com

    Polos/Clusters........................................................................................................................................................17

    Figura 3 Arquitetura das Linhas Estruturantes do Desenvolvimento Regional..................................................18

    Figura 4 Operacionalizao metodolgica (Adaptada de Almeida e Silva, 2014) ..............................................24

    Figura 5 Projectos de Investigao, por Domnios de Investigao ...................................................................29

    Figura 6 Caracterizao estrutural sntese do domnio da Alimentao e Floresta, 2011.................................30

    Figura 7 VN das atividades econmicas nucleares do Domnio "Alimentao e Floresta", 2011......................31

    Figura 8 Evoluo da produo de azeitona, azeite e olival plantado no Alentejo em proporo com o

    nacional .................................................................................................................................................................32

    Figura 9 Produtividade Mdia de Cortia por Regio PROF, 2010 .....................................................................33

    Figura 10 Emprego direto nas principais atividades econmicas nucleares do domnio Alimentao, e

    Floresta, 2011 ......................................................................................................................................................34

    Figura 11 Racional de especializao inteligente do domnio Alimentao e Floresta ..................................38

    Figura 12 Anlise Sinttica da temtica Alimentao e Floresta ....................................................................39

    Figura 13 Minas, Quantidade Produzida (t) e Valor de Produo (mil ), 2012.................................................42

    Figura 14 reas Protegidas e Rede Natura 2000; 2011......................................................................................43

    Figura 15 Volume de Negcios e VAB nas principais atividades econmicas no sub-domnio Economia dos

    Recursos Minerais................................................................................................................................................46

    Figura 16 - Racional de especializao inteligente do domnio Economia dos Recursos Minerais, Naturais e

    Ambientais ...........................................................................................................................................................51

    Figura 17 Anlise sntese da temtica Economia dos Recursos Minerais, Naturais e Ambientais .................52

    Figura 18 N de Projectos Investigao Pura, por Domnios de Investigao....................................................55

    Figura 19 - Volume de Negcios e VAB nas principais atividades econmicas no domnio "Patrimnio,

    Indstrias Culturais e Criativas e Servios de Turismo", 2011 ..............................................................................56

    Figura 20 Emprego nas principais atividades econmicas nucleares do domnio Patrimnio, Indstrias

    Criativas e Culturais e Servios do Turismo, 2011 ...............................................................................................57

    Figura 21 Evoluo do nmero de dormidas e da capacidade de alojamento no Alentejo...............................58

    Figura 22 Racional de especializao inteligente no domnio Patrimnio, Indstrias Culturais e Criativas e

    Servios do Turismo.............................................................................................................................................61

    Figura 23 Anlise Sntese da temtica Patrimnio, Indstrias Culturais e Criativas e Servios de Turismo...62

    Figura 24 Movimento de Mercadorias nos Portos Martimos, 2T 2013...........................................................65

    Figura 25 - Nmero de horas solares por ano.......................................................................................................67

    Figura 26 % de Produo de Energia Eltrica em KWh por Fonte, 2011............................................................67

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 4

    Figura 27 - Principais bens exportados em 2010...................................................................................................69

    Figura 28 - Distribuio setorial dos projetos industriais aprovados no INALENTEJO ..........................................69

    Figura 29 Potencia Instalada por Fontes Renovveis de Energia, 2014 .............................................................71

    Figura 30 Consumo versus Produo de Energia Eltrica, 2011 ........................................................................71

    Figura 31 Atribuio de PIP para Centrais CSP em Portugal...............................................................................72

    Figura 32 - Racional de especializao inteligente do domnio Tecnologias Crticas, Energia e Mobilidade

    Inteligente............................................................................................................................................................75

    Figura 33 Anlise Sntese da Temtica "Tecnologias Crticas, Energia e Mobilidade Inteligente....................76

    Figura 34 Enquadramento de mercado da Economia Social..............................................................................78

    Figura 35 Indicadores Demogrficos e da rea Social, 2011, 2012....................................................................81

    Figura 36 Volume de Negcios e VAB nas principais atividades econmicas do domnio "Tecnologias e

    Servios Especializados na Economia Social", 2012 ..............................................................................................83

    Figura 37 - Emprego direto nas principais atividades econmicas nucleares do domnio "Tecnologias e Servios

    Especializados na Economia Social ......................................................................................................................84

    Figura 38 - Racional de Especializao Inteligente no Domnio Tecnologias e Servios Especializados da

    Economia Social ...................................................................................................................................................88

    Figura 39 Anlise Sntese da Temtica Tecnologias e Servios Especializados da Economia Social ..............89

    Figura 40 - Racional de Especializao Inteligente................................................................................................90

    Figura 41 - Domnios de Especializao: Racional de Especializao ....................................................................91

    Figura 42 Nveis de consolidao dos domnios de especializao ....................................................................93

    Figura 43 Matriz de Relao entre os Domnios de Especializao da EREI e da ENEI.......................................94

    Figura 44 Matriz de Articulao entre os Domnios da EREI e as Polticas Pblicas da ENEI .............................95

    Figura 45 rea de Interveno do POR Alentejo 2020 e Grau de Articulao com a EREI.................................99

    rea de Interveno do POR Alentejo 2020 e Grau de Articulao com a EREI (continuao) ..........................100

    Figura 46 Matriz de articulao entre domnios e polticas de financiamento................................................102

    Figura 47 Modelo de Governao ....................................................................................................................105

    Figura 48 Lista indicativa dos indicadores-chave de desempenho Grau I.....................................................110

    Figura 49 Lista indicativa dos indicadores-chave de desempenho Grau II....................................................111

    Figura I.1 Principais Indicadores .......................................................................................................................113

    Figura I.2 Alentejo, NUT III................................................................................................................................114

    Figura I.3 Populao Residente, Alentejo.........................................................................................................115

    Figura I.4 - Pirmide Etria do Alentejo, 2011.....................................................................................................115

    Figura I.5 PIB ppc, posicionamento de Portugal e do Alentejo (UE 28=100) ...................................................116

    Figura I.6 Evoluo e Disparidade do PIB pc.....................................................................................................116

    Figura I.7 Produtividade (VAB/Emprego Milhares de ) ...............................................................................117

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 5

    Figura I.8 ndice de Disparidade Regional da Produtividade, NUTS III Alentejo (Portugal = 100), 2011P........118

    Figura I.9 - Distribuio das sociedades por localizao da sede, 2012 ..............................................................119

    Figura I.10 - Distribuio do VABpm das sociedades por localizao da sede, 2012 .........................................119

    Figura I.11 Estrutura Sectorial do VAB, 2012....................................................................................................120

    Figura I.12 Estrutura do Emprego por Atividade Econmica, 2011 .................................................................121

    Figura I.13 Atividades mais Relevantes no Alentejo (CAE Rev3) ......................................................................122

    Figura I.14 Quociente de Localizao VAB, 2011 .............................................................................................123

    Figura I.15 Quociente de Localizao N de Empresas, 2011 ..........................................................................123

    Figura I.16 Exportaes de Bens, Portugal, Alentejo, 2009-2012 ....................................................................124

    Figura I.17 Taxa de cobertura das importaes pelas exportaes (%), Portugal e Alentejo - NUT III ............125

    Figura I.18 Alentejo - Principais Grupos de Produtos Exportados (%) .............................................................126

    Figura I.19 Evoluo da Despesa em I&D em % do PIB, 2007-2011.................................................................127

    Figura I.20 Perfil do Desempenho Regional em Inovao, 2004-2010.............................................................128

    Figura I.21 Indicadores do Desempenho Regional em Inovao .....................................................................129

    Figura I.22 Especializao Tecnolgica Regional, (% patentes; 2005-2013) ....................................................130

    Figura I.23 Despesa em I&D, por NUT II e Setor de Execuo..........................................................................131

    Figura I.24 - Despesa em I&D por setor, Alentejo ...............................................................................................131

    Figura I.25 Pessoal em I&D (ETI), 2007-2011....................................................................................................132

    Figura I.26 - Indicadores de Inovao Empresarial..............................................................................................132

    Figura I.27 - Empresas com Actividades de Inovao e Volume de Negcios, segundo o Escalo de Pessoal da

    Empresa...............................................................................................................................................................133

    Figura I.28 - Proporo das Exportaes de Bens de Alta Tecnologia no Total das Sadas................................134

    Figura I.29 - Famlias com acesso a computador, ligao internet e atravs de banda larga (%)...................136

    Figura I.30 Utilizao da Internet e da Caixa Automtica de Multibanco pelos Indivduos, 2012 (%).............136

    Figura I.31 - Alojamentos Cablados, NUT III ........................................................................................................137

    Figura I.32 - Indicadores da Sociedade da Informao nos Hospitais .................................................................138

    Figura I.33 - Indicadores da Sociedade da Informao nos Estabelecimentos Hoteleiros..................................139

    Figura I.34 - Entidades do Sistema Cientfico e Tecnolgico Regional ................................................................140

    Figura I.35 - Sistema Cientfico e Tecnolgico Regional ......................................................................................143

    Figura I.36 Evoluo do N de Diplomados no Alentejo face ao Nacional .......................................................144

    Figura I.37 Diplomados por rea de Educao e Formao, Alentejo .............................................................145

    Figura I.38 Evoluo do n dos diplomados do Ensino Superior no Alentejo entre 2000 e 2012....................145

    Figura I.39 Alentejo - Publicaes por rea cientfica WOS (com mais volume), 2005-2010..........................146

    Figura I.40 Projetos Aprovados no INALENTEJO, por Medidas, 2007-2013.....................................................149

    Figura I.41 Projetos Aprovados no INALENTEJO por Medidas, 2007-2013......................................................150

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 6

    Figura I.42 Projetos de I&I Aprovados no COMPETE........................................................................................151

    Figura I.43 Investimento Aprovado no COMPETE, por NUTIII..........................................................................153

    Figura I.44 PRODER Despesa Aprovada na Medida 4.1 - Cooperao para a Inovao, 2012.........................154

    Figura I.45 Tipologia de Entidades Envolvidas no Questionrio.......................................................................155

    Figura I.46 Frequncia de desenvolvimento de projetos ou contratos de investigao em colaborao com

    outras entidades..................................................................................................................................................156

    Figura I.48 Financiamento do POR Alentejo por Eixo Prioritrio e Fundo .......................................................160

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 7

    GLOSSRIO DE TERMOS E ABREVIATURAS

    CIM Comunidade Intermunicipal

    CCDR Alentejo Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional do Alentejo

    COTEC Associao Empresarial para a Inovao

    CSP Concentrated Solar Power

    DOP Denominao de Origem Protegida

    e.g. Por exemplo (exemplo gratia)

    EDP Eletricidade de Portugal

    EFMA Empreendimento de Fins-Mltiplos de Alqueva

    ENEI Estratgia Nacional para uma Especializao Inteligente

    ETI Emprego a Tempo Integral

    EPO European Patent Office

    EREI Estratgia Regional de Especializao Inteligente

    ESFRI Infraestruturas Europeias de Interesse Estratgico

    EUROAAA Euroregio Alentejo, Algarve, Andaluzia

    EUROACE Euroregio Alentejo, Centro, Extremadura

    FBCF Formao Bruta de Capital Fixo

    FEADER Fundo Europeu Agrcola de Desenvolvimento Rural

    FEAMP Fundo Europeu dos Assuntos Martimos e das Pescas

    FEEI Fundos Europeus Estruturais e de Investimento

    FC Fundo de Coeso

    FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

    FSE Fundo Social Europeu

    I&D Investigao e Desenvolvimento

    I&D+i Investigao e Desenvolvimento e Inovao

    I&DT Investigao e Desenvolvimento Tecnolgico

    IES Instituies do Ensino Superior

    IGP Indicao Geogrfica Protegida

    INE Instituto Nacional de Estatstica

    ISCED International Standard Classification of Education

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 8

    I2I Information-to-Intelligence solutions

    KET Key Enabling Technology

    n.d. no disponvel

    NUT Nomenclaturas de Unidades Territoriais para Fins Estatsticos

    OT Objetivo Temtico

    PAR Plano de Ao Regional

    PCTA Parque de Cincia e Tecnologia do Alentejo

    pe dados previsionais

    PI Prioridades de Investimento

    PIB Produto Interno Bruto

    PIBpc Produto Interno Bruto per capita

    PO Programa Operacional

    POR Programa Operacional Regional

    PME Pequena e Mdia Empresa

    PRODER Programa de Desenvolvimento Rural

    p.p. pontos percentuais

    QL Quocientes de Localizao

    QREN Quadro de Referncia Estratgico Nacional

    RIS3 Estratgia de Investigao e Inovao para uma Especializao Inteligente

    RRCTA Rede Regional de Cincia e Tecnologia do Alentejo

    S3 Smart Specialization Strategy

    SCT Sistema Cientfico e Tecnolgico

    SRTT Sistema Regional de Transferncia de Tecnologia

    TIC Tecnologias de Informao e Comunicao

    TICE Tecnologias de Informao, Comunicao e Eletrnica

    UE Unio Europeia

    UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura

    VAB Valor Acrescentado Bruto

    V2V Vehicle-to-vehicle

    V2I Vehicle-to-infrastructure

    VN Volume de Negcios

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 9

    Nota de Abertura

    A estratgia de desenvolvimento regional para o perodo 2014/2020 assenta fundamentalmente na

    valorizao da identidade do Alentejo, representada pela sua herana cultural, pela valia ambiental e pelo

    aprofundamento das relaes urbano-rurais, potenciadas pela inovao, com vista criao de novas

    dinmicas de desenvolvimento econmico e de emprego e melhoria das existentes, num quadro de

    sustentabilidade e de qualidade de vida dos cidados.

    Esta opo estrutura-se em trs desgnios que enformam o planeamento estratgico de suporte

    programao dos fundos comunitrios:

    Atractividade econmica, valorizando uma economia assente nos recursos endgenos e nas

    actividades emergentes de elevado ndice tecnolgico;

    Valorizao da identidade cultural e patrimonial;

    Responsabilidade social.

    A Estratgia Regional de Especializao Inteligente do Alentejo (EREI), uma das componentes fundamentais da

    estratgia de desenvolvimento regional, visa, no essencial, melhorar a competitividade e a internacionalizao

    da economia regional, suportadas nas suas vantagens competitivas diferenciadoras e nas capacidades e

    competncias do Sistema Cientifico e Tecnolgico (SCT) Regional.

    O processo de elaborao da EREI iniciou-se em Novembro de 2012 no mbito mais vasto da reflexo

    estratgica subjacente preparao dos documentos regionais decorrentes da Politica de Coeso da Unio

    Europeia para o perodo 2014/2020, designadamente o Plano de Aco Regional Alentejo 2020 (PAR 2020)1 e o

    Programa Operacional Regional (POR)2, elementos essenciais ao enquadramento da aplicao dos fundos

    comunitrios para este perodo.

    Como metodologia para a elaborao da EREI foi desenvolvido um trabalho conjunto com as entidades do

    Sistema Cientfico e Tecnolgico Regional e com os principais actores do desenvolvimento econmico e social

    do Alentejo, nomeadamente Associaes Empresariais e empresas, com o objectivo central de identificar o

    potencial de investigao existente, bem como as prioridades de interveno que importa perspectivar para

    atingir patamares superiores de competitividade e de internacionalizao da economia regional.

    Esse processo, colaborativo e partilhado, tem sido materializado mediante:

    a. Realizao de reunies com representantes das Instituies do Ensino Superior (IES) regionais, das

    Comunidades Intermunicipais, de empresas regionais, dos Ncleos Empresariais Regionais, da

    1 Pode ser consultado em http://webb.ccdr-a.gov.pt/docs/desenv_regional/2014-2020/PAR_Alentejo_2020

    2 Pode ser consultado em http://webb.ccdr-a.gov.pt/docs/ccdra/alentejo2020/Proposta_de_POAlentejo_2014-2020

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 10

    Agncia de Desenvolvimento Regional do Alentejo (ADRAL), dos Centros de Investigao, dos Plos

    Tecnolgicos, entre outras;

    b. Recolha de informao sobre a Inovao, Cincia e Tecnologia na regio atravs de contributos

    escritos das entidades do SCT;

    c. Elaborao de questionrios sobre temticas especificas enviados a vrios stakeholders pblicos e

    privados;

    d. Participao em diversos fruns, nacionais e internacionais, associados problemtica da

    especializao inteligente dos territrios;

    e. Participao em seminrios, workshops ou peer-review organizados pela Plataforma S3 da Comisso

    Europeia;

    f. Participao em iniciativas promovidas pela regio da Extremadura Espanhola no mbito da

    Euroregio EUROACE (Alentejo, Centro e Extremadura), com destaque para a participao no grupo

    de trabalho sobre Investigao e inovao que visa identificar as temticas comuns s 3 regies e

    criar linhas de estratgia com a finalidade de preparar projectos em sectores-chave e em que a

    Euroregio possa ser lder.

    O documento agora apresentado estrutura-se em dois captulos que enquadram a temtica (percurso regional

    de inovao e principais documentos orientadores) e definem a EREI (metodologia, domnios de

    especializao, policy-mix e modelo de governao). No anexo I apresentado o diagnstico prospectivo em

    termos de contexto e dinmicas regionais (populao e territrio, economia e emprego, I&D) e a matriz SWOT.

    O Anexo II descreve os financiamentos do PO Regional Alentejo 2020 por Eixo Prioritrio e Fundo e no Anexo

    III so apresentadas as principais aes desenvolvidas para a elaborao da EREI.

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 11

    1. ENQUADRAMENTO E PRINCIPAIS DOCUMENTOS ORIENTADORES

    1.1. Introduo

    Com o objectivo de assegurar o desenvolvimento sustentvel ao longo da prxima dcada, a UE aprovou a

    estratgia denominada Europa 2020, com vista a apoiar o emprego, a produtividade e a coeso social na

    Europa, de forma a alcanar um crescimento inteligente (atravs da promoo de uma economia baseada no

    conhecimento e na inovao), sustentvel (atravs da promoo de uma economia competitiva, de baixo

    carbono e mais eficiente em termos de utilizao de recursos) e inclusivo (atravs de melhores taxas de

    emprego, aumento das qualificaes e combate pobreza) e que assegure a coeso social e territorial.

    Para potenciar estas prioridades, a UE, Portugal e o Alentejo devem centrar os seus esforos numa estratgia

    de crescimento que promova a afectao dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI) em onze

    Objetivos Temticos:

    1. Reforo da investigao, do desenvolvimento tecnolgico e da inovao;

    2. Melhoria do acesso s TIC, bem como a sua utilizao e a sua qualidade;

    3. Reforo da competitividade das PME e dos sectores agrcola, das pescas e da aquicultura;

    4. Apoio transio para uma economia de baixo teor de carbono em todos os sectores;

    5. Promoo da adaptao s alteraes climticas e preveno e gesto de riscos;

    6. Preservao e proteo do ambiente e promoo da utilizao eficiente dos recursos;

    7. Promoo de transportes sustentveis e eliminao dos estrangulamentos nas principais

    infraestruturas das redes;

    8. Promoo da sustentabilidade e da qualidade do emprego e apoio mobilidade dos

    trabalhadores;

    9. Promoo da incluso social e combate pobreza e discriminao;

    10. Investimentos na educao, na formao e na formao profissional para a aquisio de

    competncias e a aprendizagem ao longo da vida;

    11. Reforo da capacidade institucional das autoridades pblicas e das partes interessadas e da

    eficincia da Administrao Pblica.

    Neste contexto, o robustecimento da capacidade de inovao das regies crucial para que o crescimento

    inteligente - tanto nas regies que esto na vanguarda da cincia, como nas que esto mais atrasadas - se

    processe atravs da concentrao de politicas e recursos em prioridades especficas. Particularmente no que

    se refere aos primeiros dois objetivos temticos, devem as autoridades nacionais e regionais desenvolver

    Estratgias de Investigao e Inovao para uma Especializao Inteligente (RIS3) de forma a que os Fundos

    Estruturais possam ser utilizados mais eficientemente e que as sinergias entre investimentos e polticas

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 12

    publicas possam ser intensificadas, possibilitando assim uma transformao estrutural baseada na

    competitividade e na especializao da economia em mltiplos espaos que se inter-relacionam a nvel local,

    regional, nacional e europeu. Para a operacionalizao da Poltica de Coeso ou do Programa Horizonte 2020

    (agora tambm mais centrado na cooperao e na competitividade), as Estratgias de Especializao

    Inteligente so uma condio prvia ( condicionalidade ex-ante) ao apoio a investimentos no mbito dos

    referidos objetivos temticos 1 e 2.

    Para a transformao e crescimento econmico, o desenvolvimento, elaborao e implementao destas

    estratgias devem ser baseadas em provas3, estabelecidas prioridades segundo uma perspectiva de

    inteligncia estratgica sobre as respectivas mais-valias4, identificados os desafios, as vantagens competitivas

    e o potencial de excelncia de uma regio, com o objectivo de a posicionar em mercados/nichos globais

    especficos e em cadeias de valor internacionais. Neste processo, as regies tambm devem ter um olhar

    crtico sobre todas as formas de inovao, incluindo a inovao social, a inovao organizacional, a

    transferncia tecnolgica, o empreendedorismo, ou novos servios e planos de negcios.

    Assim, o principal objectivo da EREI a promoo de uma especializao regional que identifique vantagens

    competitivas e comparativas e permita dotar a regio de capacidades e de oportunidades de desenvolvimento

    para uma rpida modernizao e internacionalizao das actividades econmicas e dos mercados associados,

    bem como dos benefcios societais que importa valorizar.

    3 SWOT, anlises prospectivas e de tendncias, mapeamento tecnolgico, anlise de conjunto ou conhecimento empresarial dos mercados, entre

    outros. 4 Incluindo universidades, politcnicos, institutos de investigao, cincia, tecnologia, competncias, capital humano, ambiente, acesso ao mercado,

    sistemas de governao e ligaes a outras regies

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 13

    1.2. Percurso de Inovao no Alentejo

    A regio do Alentejo tem feito um percurso de preparao de instrumentos estratgicos com vista ao estmulo

    do conhecimento, da inovao e da transferncia de tecnologia, aplicados ao desenvolvimento de novos (ou

    melhorias substanciais nos existentes) produtos, servios ou processos. Estes instrumentos tm-se constitudo

    como orientaes estratgicas, que de forma mais ou menos assertiva, tm enformado as opes da regio

    neste domnio. este percurso que aqui se sintetiza, evidenciando-se a EREI como o referencial estratgico

    que deve permitir melhores resultados decorrentes da nova configurao da abordagem do conhecimento, da

    tecnologia e da inovao no processo de desenvolvimento regional, beneficiando igualmente da avaliao e

    maturao das experincias anteriores.

    Em 2002 foi implementado o Programa Alentejo Activo Programa das Aes Inovadoras na Regio Alentejo

    (PRAI-Alentejo) que visava utilizar a inovao, o desenvolvimento tecnolgico e o conhecimento cientfico

    como bases para aumentar a competitividade e a produtividade regional.

    Este Programa, para alm de apoiar financeiramente alguns projectos especficos, permitiu estruturar em

    2006, o Plano Regional de Inovao do Alentejo (PRIA)5, instrumento que identifica constrangimentos e

    potencialidades de inovao nos, ento considerados, principais sectores da base econmica regional (agro-

    alimentar, vitivinicultura, cortia, rochas ornamentais e turismo) e em dois sectores ento emergentes (TIC e

    aeronutica). O documento tem uma segunda componente em que fundamenta e define um Programa de

    Aco para estimular, divulgar e integrar a inovao (tcnica, processual ou de comercializao) e a

    investigao e o desenvolvimento tecnolgico no tecido produtivo e a articulao com a investigao da

    regio. Nas consideraes que decorrem do diagnstico ao capital tecnolgico e inovao, foram reconhecidos

    os constrangimentos da regio no domnio das actividades de I&D, no sendo as actividades de maior

    intensidade cientfica e tecnolgica que registavam as carncias mais acentuadas.

    O diagnstico identificava as maiores lacunas, no domnio da inovao, nas atividades de I&D mais prximas

    do mercado, na inovao empresarial, na ligao das instituies e fontes de desenvolvimento cientfico e

    tecnolgico ao tecido produtivo regional e na ausncia de um sistema cientfico e tecnolgico coerente que

    articulasse a nvel regional as atividades de I&D e outras de apoio tecnolgico, de comercializao e marketing.

    5 Pode ser consultado em http://webb.ccdr-a.gov.pt/docs/desenv_regional/estudos/pria

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    Para a concretizao das atividades de mediao entre os diferentes atores regionais, o PRIA equacionou

    vrias formas de agrupamentos: (i) entidades universitrias e de interface, aproximando a investigao

    cientifica das empresas; (ii) entidades do tipo Polo ou Parque Tecnolgico, incluindo centros de incubao,

    tendo por principal misso o interface com as Instituies de Ensino superior; (iii) entidades pblicas e

    semipblicas de apoio ao desenvolvimento tecnolgico; e (iv) Associaes Empresariais, Regionais ou Setoriais,

    com funes nos domnios do apoio tecnolgico e de mediao, incluindo difuso de informao, aes de

    demonstrao e formao profissional. fragilidades

    No desenvolvimento de instrumentos de planeamento territorial, reconhecendo a importncia do

    conhecimento e da inovao no desempenho da regio, foi integrada esta dimenso nos Planos Regionais de

    Ordenamento do Territrio (PROT), de Oeste e Vale do Tejo (onde se inclui a NUTIII Lezria do Tejo) e do

    Alentejo (onde se incluem as restantes 4 Sub-regies da NUT II Alentejo).

    No PROT Oeste e Vale do Tejo (PROT OVT)6, aprovado pela Resoluo do Conselho de Ministros n 64-A/2009,

    so referidas as debilidades das empresas no domnio da capacidade de inovao e da ligao ao sistema de

    ensino e investigao, apresentando-se a reorganizao das atividades produtivas como uma das

    oportunidades regionais. Para o estmulo reorganizao das atividades, um dos eixos propostos refere-se

    inovao, competitividade e internacionalizao e tem por objectivo renovar o modelo de crescimento

    econmico, valorizando os recursos endgenos, promovendo plos de competitividade e tecnologia,

    afirmando lgicas sectoriais ou de actividades relacionadas e organizadas em clusters ou redes e dinamizando

    a renovao econmica urbana e a revitalizao da actividade econmica em centros urbanos.

    No PROT Alentejo (PROTA)7, aprovado pela Resoluo de Conselho de Ministros n 53/2010, so reconhecidas

    as significativas fragilidades que a Regio evidencia no domnio da inovao empresarial e da ligao das

    instituies e fontes de desenvolvimento cientfico e tecnolgico ao tecido produtivo regional. As perspectivas

    de reestruturao da base econmica regional constituem um novo impulso na abordagem do

    desenvolvimento cientfico e tecnolgico e da sua ligao ao tecido empresarial e a opo estratgica de

    constituio de uma Rede Regional de Cincia, Tecnologia e Inovao sublinha a importncia deste domnio no

    processo de modernizao da economia regional, promovendo as actividades de I&D, a qualificao das

    capacidades de inovao empresarial e a emergncia de empresas de base tecnolgica.

    6 Pode ser consultado em http://www.ccdr-lvt.pt/

    7 Pode ser consultado em http://webb.ccdr-a.gov.pt/

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 15

    Tendo como base os documentos atrs referidos e outros trabalhos entretanto desenvolvidos no mbito da

    Rede Regional de Cincia e Tecnologia do Alentejo (RRCTA), em 2011, foi celebrado um protocolo entre vrias

    instituies que formalizou a constituio do Sistema Regional de Transferncia de Tecnologia do Alentejo

    (SRTT Figura 1), com uma rea de interveno correspondente actual NUT II do Alentejo e decorrente de

    um novo Programa Estratgico ento elaborado.

    Este Sistema envolveu a constituio do Parque de Cincia e Tecnologia do Alentejo (PCTA) e de um conjunto

    de dispositivos complementares associados, com o objetivo de corporizar as iniciativas associadas promoo

    cientfica e tecnolgica regional, promovendo a evoluo estrutural da economia regional para setores de

    contedo tecnolgico avanado, proporcionando um ambiente institucional propcio inovao e fomentando

    o trabalho desenvolvido na RRCTA.

    No mbito da RRCTA foi criado um conjunto de sub-redes de Cincia e Tecnologia que tm como principais

    objetivos: i) gerar sinergias entre os grupos de investigao para candidaturas a programas de investigao e

    desenvolvimento por si ou em conjunto com parceiros institucionais, empresariais ou outros; ii) coordenar

    recursos e gerar equipas para resposta a oportunidades de investigao e desenvolvimento tecnolgico; iii)

    formular programas de investigao estveis e com alguma dimenso; iv) prestar consultadoria cientfico-

    tecnolgica e v) constituir progressivamente uma infra-estrutura estvel para apoio inovao e

    competitividade regional.

    De forma a facilitar o desenvolvimento dos trabalhos, a RRCT divide-se em cinco sub-redes: i) Sub-rede de

    biotecnologias e sade; ii) Sub-rede de cincias do patrimnio artstico e cultural; iii) Sub-rede cincias sociais

    e empresariais; iv) Sub-rede de tecnologias do ambiente, do solo e da gua; v) Sub-rede de tecnologias

    industriais e da informao.

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    Figura 1 Entidades do Sistema Regional de Transferncia de Tecnologia (SRTT) do Alentejo

    Fonte: CCDR Alentejo

    O Programa Estratgico do SRTT constituiu-se, at 2013, como referencial para as operaes aprovadas pelo

    INALENTEJO (Figura 2), no mbito dos projectos de investigao e na concretizao de infraestruturas de

    investigao e de incubao de empresas de base tecnolgica. Para o efeito, foi formalizada a primeira fase de

    um conjunto de projetos infraestruturais e de investigao que visam melhorar a ligao s empresas (Centros

    de Negcios, Incubadoras, Laboratrios, entre outros), bem como a complementaridade com

    atividades/projetos que esto a ser desenvolvidos no mbito dos Plos e/ou Clusters nacionalmente

    reconhecidos8.

    8 Os Plos/Clusters podem ser consultados em http://www.pofc.qren.pt/areas-do-compete/polos-e-clusters

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    Figura 2 - Operaes Aprovadas no mbito do Protocolo INALENTEJO/SRTT segundo a afinidade com Polos/Clusters

    Fonte: Avaliao Intercalar INALENTEJO

    OPERAES POLOS/CLUSTERS9

    Agroambientais (Uvora) Centro de Atendimento Veterinrio Escolar/ Anlises Clnicas Veterinrias (IPPortalegre) Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR) Laboratrio de Biotecnologia Aplicada e Tecnologias UVMPROB - Unidade de Valorizao de Matrias-primas e Resduos de Origem Biolgica (CEBAL)

    PCT Agroindustrial

    Parque Tecnolgico de Moura Laboratrios (Lgica, EM) Bioenergia (IPPortalegre) Laboratrio de Cincias e Tecnologia da Terra, Atmosfera e Energia (Uvora) Laboratrio de Energias Renovveis (Uvora) Infraestruturas do Parque Tecnolgico de Moura (Lgica, EM)

    PCT Energia

    Laboratrio Comunicacional Hipermdia: de Real Life a Second Life (IPSantarm - EEE)

    PCT Tecnologias de Informao, Comunicao e Eletrnica

    Unidade da gua e Biogeoqumica Ambiental (Uvora) Laboratrio de Desenvolvimento e Caracterizao Fsico-Qumica (Uvora)

    PCT Tecnologias de Produo

    Laboratrio de Investigao em Desporto e Sade (ESD RM) PCT Sade Unidade de Sistemas de Agricultura e Sustentabilidade (IPSantarm) Cluster Agroindustrial do Ribatejo Laboratrio de Materiais e de Tecnologias de Produo - Upgrade do Laboratrio de Ensaios Mecnicos (CEVALOR) Laboratrio de Novas Tecnologias e Produtos da Pedra Natural NEWTECHSTONE (CEVALOR) CEGMA Centro de Estudos Geolgicos e Mineiros do Alentejo (LNEG) Laboratrio de Materiais e Tec. Produo Unidade LAMEC: Lab. Automao, Mecnica Experimental e Computacional (Uvora)

    Cluster Pedra Natural PRODUTECH

    9 Os Plos/Clusters podem ser consultados em http://www.pofc.qren.pt/areas-do-compete/polos-e-clusters

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    1.3. Plano de Ao Regional ALENTEJO 2020 Viso de Sntese

    A viso acerca da trajetria de desenvolvimento da Regio no horizonte 2020 encontra-se explicitada no PAR

    2020, expressando uma arquitetura de linhas estruturantes que visa configurar uma estratgia prpria, com

    capacidade diferenciadora relativamente s demais regies portuguesas, distintiva do ponto de vista do

    modelo de desenvolvimento a prosseguir, mas com potencial de integrao do conjunto heterogneo de

    recursos e potencialidades existentes, entre a fachada atlntica, os campos da Lezria do Tejo, os tecidos

    urbanos e patrimoniais, as margens do Guadiana e demais territrios de fronteira.

    A relao Territrio/Valia ambiental constitui a referncia base de suporte perspetiva estratgica para o

    Alentejo 2020 refletida na Figura 3, uma relao que dever contemplar de forma coerente e racional um

    conjunto de vetores significativamente presentes nos diversos contextos sub-regionais do Alentejo.

    Figura 3 Arquitetura das Linhas Estruturantes do Desenvolvimento Regional

    Fonte: CCDR Alentejo

    A disponibilidade do territrio para acolher novas atividades e novos residentes (talentos, empreendedores e

    famlias), valorizando equipamentos j existentes, e articulada em torno de eixos e ns de acessibilidade que

    vo muito para alm da dimenso regional, constitui em si mesmo um elemento de valor estratgico central

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 19

    para o Alentejo. A centralidade deste binmio Territrio/Valia ambiental, expressa na configurao

    estratgica, adquire especial relevncia e pertinncia na fundamentao do conjunto de cinco prioridades

    temticas identificado para a Estratgia de Especializao da Regio no horizonte 2020.

    Esta focagem traduzida na Viso regional, beneficia de nveis enriquecidos de acessibilidade a espaos de

    valorizao dos recursos (rea Metropolitana de Lisboa, Espanha, Europa e o Mundo), proporcionada pelo

    vetor logstica/mobilidade/conectividade (tambm por via martima e aeroporturia) da Estratgia de

    Desenvolvimento Regional, conferindo uma dimenso fulcral extroverso da Regio:

    Um Alentejo com capital simblico e identidade distintiva, num territrio dotado de recursos

    materiais, de conhecimento e competncias e de amenidades, aberto para o mundo e capaz de

    construir uma base econmica renovada sobre a sua mais-valia ambiental, atraindo residentes,

    visitantes, investimentos e atividades geradoras de emprego e coeso social

    Uma Viso com estes contornos implica a escolha de um modelo de desenvolvimento de especializao

    regional que combine de forma ambiciosa e criativa a vertente econmico-produtiva (geradora de valor e de

    emprego) com as vertentes da sustentabilidade nas quais a Regio (sobretudo, com as valncias ambiente e

    energia) se posiciona de forma favorvel para valorizar, no plano econmico e social, uma inegvel mais valia

    ambiental.

    A leitura dinmica de um conjunto de variveis-chave para o suporte da Especializao Inteligente (dinamismo

    e capacidade competitiva das atividades econmicas regionais, estrutura empresarial, coeficientes de

    localizao do VAB e do emprego, oferta de competncias, recursos de investigao e potencial cientifico e

    tecnolgico, participao em redes nacionais e internacionais, ), vai no sentido de reforar as mais-valias dos

    activos naturais (valia ambiental, cultura, patrimnio, ) e dos adquiridos (fontes de produo de energia,

    logstica, mobilidade, entre outros) para a Estratgia Regional de Especializao do Alentejo.

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 20

    VALNCIAS DO MODELO DE ESPECIALIZAO REGIONAL

    Dinmica de aproveitamento dos recursos naturais existentes, fertilizada pelo conhecimento disponvel e em maturao, nomeadamente, nas Instituies de Ensino Superior e Centros Tecnolgicos e de Investigao da Regio

    Produo de conhecimento cientfico e tecnolgico existente e em construo na Regio (nomeadamente, no mbito do SRTT), que contemplam vertentes de experimentao e internacionalizao e evidenciam articulaes interessantes com setores econmicos consolidados e emergentes

    Articulao estratgica e operacional na Regio entre polticas sectoriais e polticas de natureza mais territorial, com destaque para a combinao entre as polticas dirigidas iniciativa econmica e as polticas dirigidas ao territrio e aos seus recursos de excelncia [sobretudo, as dinmicas de inovao e internacionalizao presentes e futuras do Complexo Petroqumico de Sines, dos recursos minerais (mrmores, granitos, xistos e minerais metlicos) e do Complexo Agro-Florestal (Alqueva e outros regadios, produo de cortia e demais economia de montado)]

    Recursos humanos e capital social existentes na Regio, um binmio a reforar pela capacidade de atrair novos talentos para trabalhar e residir no Alentejo

    A ideia da renovao da base econmica sobre os recursos naturais e a excelncia ambiental e patrimonial da

    Regio, constitui uma aposta estratgica do Plano de Aco Regional. Esta prioridade de interveno afigura-se

    crucial para a concretizao das linhas estruturantes de desenvolvimento na ptica do crescimento econmico

    do Pas, nomeadamente, nas vertentes da reduo da dependncia alimentar e energtica e do fomento

    industrial, com base em recursos endgenos.

    Entre os domnios estratgicos dessa aposta, o PAR Alentejo 2020 destaca os seguintes:

    Dinamizao de uma base produtiva que potencie econmica e socialmente a excelncia

    ambiental e patrimonial da Regio, com capacidade para abranger os Territrios de Baixa

    Densidade, renovados pelo conhecimento, evoluindo para a estruturao de relaes com o

    mercado interno e acompanhando o esforo de exportao j hoje presente em setores

    tradicionais com valor estratgico, mas que carece de escala, a partir de processos de

    organizao e de comercializao modernos das produes primrias.

    Valorizao das atividades regionais competitivas no complexo de atividades agroindustrial e

    alimentar, englobando o montado, com expresso tambm na fileira das carnes (sistema de

    produo extensivo) e na produo de produtos de elevada qualidade com Denominao de

    Origem.

    Afirmao de mercado (a nvel interno e externo) de produtos tursticos (enoturismo, turismo

    cultural, turismo de natureza, turismo ativo e de aventura, ), elementos de heterogeneidade

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 21

    do Turismo do Alentejo e do Ribatejo, com significativa expresso de recursos potenciais e de

    intenes de investimento em diversas sub-regies.

    Desenvolvimento e dinamizao de Clusters econmicos, como os tradicionais Vinho e Azeite,

    a Pedra Natural que poder evoluir para um Plo de Recursos Minerais, onde vrias sub-regies

    do Alentejo, especialmente o Baixo Alentejo, tm potencial de recursos e capacidade de

    minerao instalada e a aposta nas energias renovveis (biomassa, fotovoltaica, elica...).

    A perspectiva de ligar o territrio e os seus recursos de excelncia ao mundo, mobilizando conhecimento e

    dinmicas de iniciativa institucional, est presente na viso estratgica formulada pelo PAR 2020 e inspira a

    EREI e esta viso suportada na relao entre base econmica/excelncia ambiental e patrimonial, esteve

    presente na identificao dos principais domnios diferenciadores regionais, em resultado do processo de

    trabalho encetado em sede da EREI e dos processos de planeamento/programao regional.

    A elaborao da Estratgia Regional de Especializao Inteligente do Alentejo assim um exerccio coletivo e

    participado pelos atores regionais relevantes, constituindo uma oportunidade para reforar o envolvimento

    destes na definio da viso para o desenvolvimento da regio no horizonte de 2020. Este exerccio tem

    decorrido centrado na operacionalizao do conceito de especializao inteligente e da metodologia que lhe

    inerente, procurando combinar uma anlise de diagnstico, com uma abordagem prospetiva do

    posicionamento regional escala global.

    .

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 22

    2. ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE

    A EREI do Alentejo identifica um conjunto de prioridades temticas e prope um novo paradigma de poltica

    de inovao capaz de obviar disperso e desconexo de recursos, agentes e atividades econmicas. Nesse

    sentido, destacam-se quatro objetivos estruturais:

    i) Melhorar o desempenho do sistema regional de inovao;

    ii) Explorar reas emergentes;

    iii) Intensificar os padres de interao e cooperao entre atores, reforando a combinao simbitica

    entre recursos e atividades econmicas;

    iv) Promover a construo coletiva de vantagens competitivas e de spillovers econmicos e de

    conhecimento.

    Para tal, importante a definio de uma estratgia assertiva, que promova a efetiva criao/consolidao de

    massa crtica com impacto relevante na atratividade do Alentejo e nos indicadores socioeconmicos de

    desenvolvimento. neste mbito que se enquadra a definio de domnios prioritrios de especializao

    inteligente, combinando anlises de diagnstico e de prospetiva.

    Estes domnios e os respetivos racionais de especializao resultam de um exerccio amplamente participado

    pelos stakeholders regionais relativamente a um conjunto de variveis-chave de suporte da especializao

    inteligente (dinamismo e capacidade competitiva das atividades econmicas regionais, estrutura empresarial,

    quocientes de localizao do VAB e do emprego, oferta de competncias, recursos de investigao e potencial

    cientifico e tecnolgico, participao em redes nacionais e internacionais, ), procurando identificar os pilares

    de construo de vantagens competitivas. Desse processo ficou claro que o patrimnio (natural e cultural) e o

    ambiente so dois elementos estruturantes da estratgia de especializao inteligente, com carter

    transversal aos domnios de especializao identificados, nomeadamente: Alimentao e Floresta, Economia

    dos Recursos Minerais, Naturais e Ambientais; Patrimnio, Indstrias Culturais e Criativas e Servios de

    Turismo; Tecnologias Crticas, Energia e Mobilidade Inteligente e Tecnologias e Servios Especializados da

    Economia Social.

    Nos pontos que se seguem pretende-se detalhar as capacidades e competncias das infraestruturas de

    suporte instaladas na regio e que podem influenciar a capacidade competitiva de cada domnio prioritrio,

    conduzindo ao seu racional de especializao.

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 23

    2.1. Metodologia

    A elaborao da Estratgia Regional de Especializao Inteligente do Alentejo um exerccio coletivo e

    participado pelos atores regionais relevantes, constituindo uma oportunidade para o envolvimento destes na

    definio da viso para o desenvolvimento da regio no horizonte de 2020. Este exerccio tem decorrido

    centrado na operacionalizao do conceito de especializao inteligente e da metodologia que lhe inerente,

    procurando combinar uma anlise de diagnstico, com uma abordagem prospetiva do posicionamento

    regional escala global.

    Na elaborao da estratgia procurou-se ter o foco no apenas na produo de novos conhecimentos mas,

    fundamentalmente, no aproveitamento do conhecimento e das tecnologias existentes que permitam suportar

    processos de inovao, incluindo a inovao organizacional e comercial, orientadas para o utilizador e para a

    dimenso social.

    Como nota metodolgica referem-se seguidamente os pressupostos que estiveram subjacentes ao modelo de

    construo da EREI do Alentejo:

    Identificao das caractersticas e dos activos exclusivos da regio, centrando a anlise em 4 domnios:

    Escolhas e Massa Crtica (Choices and Critical Mass) limitar prioridades de investigao e

    desenvolvimento tecnolgico, com base nas suas foras no contexto regional e no

    estabelecimento de parcerias, evitando a duplicao e fragmentao e onde as aces a

    implementar resultem em ganhos de eficincia e num impacto de larga escala com massa crtica j

    existente ou expectvel;

    Vantagens Competitivas (Competitive Advantages) - mobilizar o talento atravs da articulao das

    capacidades de IDT&I com as necessidades das empresas;

    Conectividades e Clusters (Conectivity and Clusters) propiciar o desenvolvimento de

    agrupamentos em reas com ligaes interdisciplinares dentro e fora da regio;

    Liderana Colaborativa (Collaborative Leadership) - desenvolver o sistema de inovao como um

    esforo colectivo, baseado em parcerias pblico-privadas (hlice qudrupla) e integrando-os num

    quadro poltico nico e coerente (programao conjunta, identificao de mercados-piloto,...).

    Etapas do processo:

    Anlise do contexto regional e do potencial para a inovao;

    Desenvolvimento de uma estrutura de governao inclusiva e slida;

    Produo de uma viso partilhada para o futuro da regio;

    Seleco de um nmero limitado de prioridades;

    Definio de um conjunto de polticas eficazes;

    Integrao de mecanismos de monitorizao e avaliao.

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 24

    Com base neste modelo, desenvolveram-se e aplicaram-se processos de trabalho dinmicos, em que se

    procedeu avaliao dos recursos e ativos regionais e o possvel potencial de integrao de conhecimento e

    de articulao intersectorial, conforme estrutura operacional apresentada na Figura 4. Na elaborao da EREI,

    esta operacionalizao metodolgica ilustra o racional de especializao subjacente a cada domnio, no tendo

    pretenso de ser exaustiva ou exclusiva, mas de representar os objetivos e o foco de especializao

    inteligente. Assim, procura-se sintetizar o foco estratgico dos domnios, identificando alguns dos principais

    recursos e ativos, as competncias cientficas e o capital humano acumulado em reas relevantes, a estrutura

    econmica relacionada e o potencial de articulao com a procura, tirando partido da ligao a clientes

    sofisticados (utilizadores avanados).

    Figura 4 Operacionalizao metodolgica (Adaptada de Almeida e Silva, 2014)

    Com a avaliao dos recursos e ativos tecnolgicos (conhecimento analtico e sinttico) e no tecnolgicos

    (conhecimento simblico) e o seu potencial de valorizao econmica, construiu-se uma base de variedade

    relacionada de atividades produtoras de bens e servios transacionveis, bem como se perspectivou a

    viabilidade de afirmao competitiva nacional e internacional da Regio.

    De um exerccio de avaliao de technology relatedness e market relatedness, suportado em estudos internos,

    no conhecimento do territrio existente na CCDR Alentejo e na interao com os principais atores regionais,

    resultou a definio de cinco domnios de especializao inteligente. Para cada um destes domnios, procedeu-

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 25

    se a uma anlise mais fina sobre a especializao do capital humano, das competncias cientficas e do

    enfoque das atividades econmicas e da definio do seu racional.

    A anlise concluiu-se com um exerccio de prospetiva, procurando avaliar de que forma os recursos e ativos e

    o seu potencial de integrao em bens e servios transaccionveis podero responder, de forma competitiva,

    evoluo da procura e das tendncias nacionais e internacionais. Para a elaborao deste exerccio de

    prospectiva foram realizados diversos ateliers temticos, tendo sido igualmente remetidos questionrios aos

    participantes, procurando-se desta forma testar e precisar o racional das intervenes, o que se revelou um

    contributo significativo.

    Assim, a identificao das prioridades estratgicas da EREI tem por base uma percepo cumulativa de

    conhecimento assente num exerccio que, em termos metodolgicos, se sustentou na anlise do tecido

    produtivo (anlise de informao estatstica) e da oferta cientfica, tecnolgica e de inovao regional, da

    participao dos principais atores da regio (associaes empresariais, empresas, entidades do SCT, entidades

    de intermediao) e da dinmica e coordenao gerada com a elaborao, em simultneo, dos documentos

    Plano de Ao Regional Alentejo 2020, Estratgia Regional de Especializao Inteligente e mais

    recentemente do Programa Operacional Regional Alentejo 2020.

    Sendo relevante o conhecimento do processo de auscultao, envolvimento, partilha de informao e

    participao dos diferentes atores no processo de elaborao da EREI do Alentejo, apresentam-se no Anexo III

    as principais iniciativas em que esta CCDR participou (promovidas pela CCDR ou por outras entidades), que

    contaram com mais de 500 participaes de agentes regionais, mediante contributos escritos ou atravs da

    participao em sesses de trabalho de mbito mais geral ou especifico.

    Das diversas iniciativas, destacamos, algumas aes especficas:

    Integrao na Smart Specialisation Platform10 - S3 Platform da Comisso Europeia, em Novembro de

    2012, constituiu-se como um importante contributo metodolgico para a elaborao da EREI do

    Alentejo;

    No existindo um conhecimento fino da oferta regional de cincia, tecnologia e inovao, foi elaborado

    um questionrio e enviado a 42 entidades que desenvolvem aes de I&I na regio, que permitiu: (i)

    identificar os domnios onde a regio tem desenvolvido maior nmero de projetos de investigao e

    produzido publicaes cientficas; (ii) conhecer de forma mais fina as tipologias de projectos de

    investigao desenvolvidas nos ltimos trs anos; (iii) identificar as temticas consideradas prioritrias

    para o desenvolvimento de investigao e inovao no Alentejo;

    10 S3 Platform - plataforma estabelecida pela Comisso Europeia para fornecer aconselhamento profissional para os pases e regies da UE no desenho

    das estratgias de investigao e inovao para a especializao inteligente

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 26

    Realizao de 8 ateliers especficos, integrando um conjunto alargado de entidades pblicas e privadas,

    visando o aprofundamento da reflexo e a participao responsabilizante numa perspetiva de futuro,

    de entidades do SCT regional, empresas e entidades de transferncia de tecnologia, sobre os domnios

    regionalmente relevantes para a EREI;

    Atendendo presena no Alentejo do perito nomeado pela Comisso Europeia para acompanhar a

    elaborao da EREI do Alentejo, foram realizadas reunies setoriais e uma reunio de mbito mais

    genrico, que contou com uma ampla participao dos atores regionais (empresas, associaes

    empresariais, entidades de intermediao nos processos de transferncia de tecnologia, entidades sem

    fins lucrativos, SCT regional);

    Participao conjunta com a Extremadura em algumas iniciativas revelou-se til e adequada, uma vez

    que o Alentejo uma regio em que a cooperao transfronteiria e transnacional tm uma forte

    expresso que se traduz, nomeadamente, pela sua integrao em duas Euroregies: EUROACE

    (Alentejo, Centro de Portugal e Extremadura espanhola) e EUROAAA (Alentejo, Algarve e Andaluzia).

    Ainda neste contexto se insere a participao num projecto transnacional com regies de pases do

    Mediterrneo (CITEK) e que visa a partilha de informao e definio de um conjunto de indicadores

    de monitorizao comuns de Estratgias Regionais de Especializao Inteligente que tenham como

    temticas prioritrias a Economia Social e as Energias Renovveis.

    Em sntese, a EREI do Alentejo o produto de um longo e vasto processo de auscultao e de interao com os

    agentes que devero contribuir, directa ou indirectamente, para os resultados expectveis para 2020,

    nomeadamente agentes polticos, administrao publica, empresas e associaes empresariais, entidades do

    SCT Regional e cidados. Este processo foi ainda desenvolvido num quadro de cooperao transfronteiria e

    transnacional e suportado em diversas formas e em diferentes momentos de participao.

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 27

    2.2. Domnios de Especializao

    Domnios Consolidados

    Neste ponto identificam-se as temticas em cujos domnios diferenciadores a regio Alentejo especializada

    ou regista maiores dinmicas de crescimento, de inovao ou de insero na globalizao e que esto

    articulados com o potencial do sistema cientfico e tecnolgico regional, tendo tambm por suporte o

    resultado do inqurito ao potencial cientfico e tecnolgico regional.

    2.2.1. Alimentao e Floresta

    O territrio, conjuntamente com condies edafoclimticas favorveis e estimuladas pela crescente

    disponibilidade de gua, potencia o desenvolvimento do domnio Alimentao e Floresta. A tradio do

    Alentejo, associada massa crtica de recursos endgenos, cientfica ou ainda, de forma crescente,

    empresarial fazem deste domnio um dos focos de especializao com maior expresso no Alentejo.

    Considerando a metodologia proposta, a definio do racional teve por base: (A) identificao dos recursos e

    ativos distintivos: (B) avaliao da existncia ou potencial de criao de massa crtica com impactos

    socioeconmicos relevantes, (C) evoluo da procura, enquanto fator-chave que influencia o foco de

    especializao e (D) determina a viabilidade do racional de especializao inteligente.

    A. RECURSOS ENDGENOS

    A dimenso territorial e a estrutura fundiria so duas caractersticas distintivas da regio. De facto, o primeiro

    recurso em que a regio do Alentejo intensiva o prprio territrio, que, em conjugao com condies

    edafoclimticas favorveis e disponibilidade de gua em infraestruturas de regadio (e.g. Alqueva e Bacia do

    Tejo), potenciam a atratividade, a continuao e expanso da produo tradicional (vinha, olival, arroz,

    pastagens e forragens), das atividades pecurias (bovinos, sunos e ovinos) e florestais (montado de sobro e

    azinho e pinheiro), mas tambm a evoluo para culturas de maior valor acrescentado (plantas aromticas e

    medicinais, fruticultura, horticultura, etc)11.

    Esta vantagem comparativa est patente na capacidade de atrao de investimento agrcola, nomeadamente

    na envolvente de Alqueva e na Lezria do Tejo. O Empreendimento de Fins Mltiplos de Alqueva (EFMA)

    revela-se fundamental para promover a alterao do modelo agrcola regional, a partir da introduo de novas

    tecnologias e da produo de novos produtos, com base em produes agrcolas e agroalimentares

    tecnologicamente evoludas, de alta produtividade, ambientalmente sustentveis e orientadas para a

    11 Segundo os dados do INE, no Alentejo a Agricultura, Floresta e Pesca representava, em 2012, 9,5% do VAB e 14,1% do emprego

    total (PT 2,3% VAB e 11,1% Emprego), sendo o peso da rea florestal regional de aproximadamente 40,9% do total do Continente.

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 28

    exportao. A zona da Bacia do Tejo, das mais produtivas e inovadoras da Europa ao nvel dos produtos

    alimentares de qualidade e na introduo de novas culturas de maior valor acrescentado, - possibilitadas pela

    concluso das infraestruturas de regadio entre o Vale da Sorraia e a bacia do Mira e resultantes da introduo

    de novas tecnologias e da produo de novos produtos agrcolas e agroalimentares. A dimenso/escala e a

    dinmica destas infraestruturas no desenvolvimento e na inovao agrcola e agro-industrial tero um efeito

    demonstrativo e de arrastamento junto de outros regadios pblicos e privados da Regio.

    No entanto, a competitividade do setor primrio depende cada vez mais da sua integrao com a indstria e

    com a distribuio, apostando na intensificao em conhecimento e na diferenciao das suas propostas,

    atravs da construo dinmica de vantagens competitivas. Essa construo est diretamente relacionada com

    a intensificao em conhecimento das atividades econmicas primrias e da sua traduo em inovao que

    proporcione um maior controlo sobre a cadeia-de-valor e potencie o desenvolvimento de uma variedade

    relacionada de atividades que induzam o crescimento econmico e criem emprego. Nesse sentido, para alm

    dos recursos intensivos em territrio e das infraestruturas potenciadoras, importa avaliar a adequao do

    capital humano e das infraestruturas de I&I enquanto pilares da competitividade das empresas e da regio.

    Alm da abordagem referenciada no Anexo I.4.3 Infraestruturas e Recursos Humanos, sobre a capacidade

    cientfica instalada na rea da agricultura e nas cincias e engenharias biolgicas, importa destacar tambm a

    capacidade de investigao em domnios que podem ser alinhados tematicamente com o domnio em anlise.

    A este propsito, vejam-se os casos das Cincias do Ambiente e Recursos Naturais que a segunda rea

    cientfica com maior nmero de publicaes no Alentejo, seguida da Qumica e das Cincias Biolgicas. No

    entanto, outras reas de engenharia podem ser relevantes, na medida em que se assiste evoluo da

    produo agrcola para um paradigma de agricultura de preciso, com uma forte componente de engenharia,

    sensores e sistemas de produo.

    Tambm no mbito do questionrio que a CCDR Alentejo enviou aos atores da regio sobre a oferta cientfica,

    tecnolgica e de inovao (Figura 5), a temtica que se associa Alimentao e Floresta destaca-se

    claramente das restantes como rea onde se desenvolve a investigao, pura ou aplicada, concluindo-se que

    existe massa crtica cientfica e de capital humano relevante nas reas nucleares do presente domnio e que

    podem ainda ser potenciadas pelas reas cientficas do ambiente e da qumica.

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 29

    Figura 5 Projectos de Investigao, por Domnios de Investigao

    Fonte: CCDR Alentejo, Questionrio de Levantamento da Oferta Cientfica, Tecnolgica e de Inovao do Alentejo,

    2014

    Investigao Pura

    13,0 11,2 6,5 18,3 13,0 12,424,3

    0,6 0,6

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

    Complexo Agroalimentar e Florestal Economia Social

    Energias Renovveis Mar e Recursos Hdricos

    Mobilidade, Aeronutica e TICE Patrimnio e Cultura

    Patrimnio Natural Recursos Minerais

    Outro

    c

    Investigao Experimental/Aplicada

    12,3 5,9 5,5 9,1 5,9 4,143,2 12,7

    1,4

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

    Complexo Agroalimentar e Florestal Economia Social

    Energias Renovveis Mar e Recursos Hdricos

    Mobilidade, Aeronutica e TICE Patrimnio e CulturaPatrimnio Natural Recursos Minerais

    Outro

    c

    B. ATIVIDADES ECONMICAS NUCLEARES

    O domnio da Alimentao e Floresta evidencia uma elevada expresso econmica na regio do Alentejo,

    representando as atividades nucleares um volume de negcios de 6.288 milhes de euros a que correspondem

    cerca de 897 milhes de euros de VAB e 54.420 empregos diretos (Figura 6). Estes nmeros revelam a

    importncia deste domnio na regio do Alentejo e evidenciam um padro de perfil de especializao

    existente, em que o Alentejo se destaca no contexto nacional.

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 30

    Figura 6 Caracterizao estrutural sntese do domnio da Alimentao e Floresta, 2011

    Fonte: INE

    Volume de

    Negcios (VN)VAB Emprego VAB/VN

    n %

    Indstrias Alimentares 1.330 249 10.771 18,7

    Agricultura e Produo Animal 1.306 232 26.960 17,8

    Comrcio por Grosso de Alimentos 1.000 124 4.336 12,4

    Extrao e Transformao de Cortia 202 44 1.300 21,8

    milhes

    As indstrias alimentares e a produo agrcola e pecuria destacam-se com volumes de negcios superiores

    aos 1.300 milhes de euros, evidenciando uma elevada concentrao relativa, expressa num quociente de

    localizao de 5,62, assim como na estrutura total do emprego (14% do total regional). No entanto,

    comparativamente com outras regies e face capacidade produtiva instalada nos setores primrios, observa-

    se uma expresso relativa menor da indstria transformadora, bem como uma aparente concentrao apenas

    na primeira transformao. Esta anlise evidencia ainda falta de controlo sobre a cadeia-de-valor e excessivo

    enfoque em elos com menor transformao de produto e por conseguinte menor valor acrescentado relativo.

    O comrcio por grosso de produtos alimentares, apresentando um elevado volume de negcios, apresenta

    valores menos expressivos no que se refere intensidade em emprego e ao valor acrescentado, decorrente da

    ausncia de transformao do produto.

    A caracterizao mais desagregada do domnio est patente na figura seguinte em que se elencam as

    principais atividades econmicas por volume de negcio e identificam os produtos e as atividades econmicas

    com maior escala que possam reunir massa crtica econmica para potenciar o desenvolvimento e a

    clusterizao de uma variedade relacionada de outras atividades econmicas que combinam diferentes bases

    cognitivas e competncias para a construo sistmica de vantagens competitivas.

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    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 31

    Figura 7 VN das atividades econmicas nucleares do Domnio "Alimentao e Floresta", 2011

    Fonte: INE

    0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 400.000

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    CA

    E d

    oo

    mn

    io "

    Ali

    me

    nta

    o

    e F

    lore

    sta"

    VAB (mi lhares )

    VN (mi lhares )

    16

    15

    14

    13

    12

    11

    10

    9

    8

    7

    6

    5

    4

    3

    2

    1 Agricultura e produo animal combinadas

    Comrcio por grosso de caf, ch, cacau e especiarias

    Fabricao de outras obras de madeira, de cestaria e

    espartaria; indstria da cortia

    Comrcio por grosso de cereais, sementes,

    leguminosas, oleaginosas e outras matrias-primas

    Fabricao de al imentos para animais de criao

    Comrcio por grosso de outros produtos alimentares

    Fabricao de produtos base de carne

    Indstria do vinho

    Comrcio por grosso de fruta e de produtos hortcolas

    Comrcio por grosso de animais vivos

    Cerealicultura (exceto arroz), leguminosas secas e

    sementes oleaginosas

    Outras culturas temporrias

    Panificao e pastelaria

    Preparao e conservao de frutos e de produtos

    hortcolas por outros processos

    Comrcio por grosso de bebidas

    Culturas de produtos hortcolas, razes e tubrculos

    CAE

    A Agricultura e produo animal combinadas a CAE da atividade econmica com maior expresso, quando

    avaliada pelo volume de negcios, seguindo-se a Fabricao de alimentos para animais de criao que

    conjuga a produo agrcola cerealfera com a sua transformao em rao. A produo animal, com destaque

    para a avicultura e a suinicultura que representam mais de dois teros do volume de negcios, tem tambm

    uma elevada expresso econmica, a que acresce a ligao indstria de transformao de carnes. No caso da

    suinicultura, o Alentejo apresenta ainda raas autctones e uma tradio na sua transformao, importantes

    para esta anlise, nomeadamente, em termos de foco de especializao. A produo pecuria est tambm

    fortemente associada economia do montado (de sobro e azinho) e indstria corticeira, emblemtica na

    regio mas com uma expresso econmica diminuta face produo.

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 32

    Na produo agrcola, nomeadamente, nas Culturas temporrias destacam-se as hortcolas, razes e

    tubrculos (38% do total do volume de negcios) e nas Culturas permanentes destacam-se a viticultura, a

    produo cerealfera e a olivicultura. No primeiro caso, em resultado da expanso das reas de regadio, o

    potencial de produo hortofrutcola aumentou consideravelmente e observa-se um acrscimo de

    investimento relevante em reas de regadio. No segundo caso, o Alentejo tem consolidado a sua posio tanto

    no vinho como no azeite, assistindo-se ao desenvolvimento de uma indstria de produo de vinho e de

    azeite, com crescente diferenciao de produto e criao de marcas, frequentemente combinadas com o

    desenvolvimento de produtos tursticos acessrios mas coadjuvantes na promoo do produto.

    No que se refere oliveira/azeitona/azeite (Figura 8), o Alentejo destaca-se por ser das poucas regies que,

    substituindo os olivais tradicionais por novos olivais de produo intensiva, registou um aumento da dimenso

    mdia das exploraes de 6,1 ha/explorao em 1999 para 8,3 ha em 2009, valor significativamente superior

    mdia do continente (2,6 ha /explorao).

    Figura 8 Evoluo da produo de azeitona, azeite e olival plantado no Alentejo em proporo com o nacional

    Fonte: Elaborado pela CCDR Alentejo, dados INE

    40

    45

    50

    55

    60

    65

    70

    75

    2007 2008 2009 2010 2011 2012

    % d

    o t

    ota

    l nac

    ion

    al

    Azeitona Produzida (t) Azeite Produzido (hl)rea de Olival (ha)

    No caso especfico da vinha/vinho, o domnio das produes com base no trabalho desenvolvido pelos centros

    de investigao regional (em matria de I&I), as condies edafoclimticas ideais para esta cultura, a presena

    de castas nicas e a tradio na produo de vinho, foram determinantes para a especificidade do produto,

    muitos dos quais DOP (Denominao de Origem Protegida), IGP (Indicao Geogrfica Protegida) e com

    prmios internacionais. De acordo com o ltimo Recenseamento Geral Agrcola, o Alentejo foi a nica regio

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 33

    que registou uma evoluo positiva da superfcie de vinha plantada (38,7% entre 1999 e 2009), sendo tambm

    a regio com a maior rea por explorao (6,8 ha), o que se traduz numa maior dimenso mdia por

    explorao (0,9 ha/explorao em 1999 e 1,2 ha em 2009).

    Na cortia, de acordo com dados do Estudo de Caracterizao Sectorial da Cortia da APCOR Associao de

    Produtores de Cortia, Portugal o principal exportador, com cerca de 60% da produo mundial (cerca de

    753 milhes de euros), justificando esta posio o facto da rea ocupada por povoamentos de sobreiro em

    Portugal corresponder a 34% da rea mundial da espcie, sendo que 73% se concentra em quatro das cinco

    NUTIII do Alentejo: Alentejo Central, Alentejo Litoral, Alto Alentejo e Lezria do Tejo. Em termos de

    produtividade mdia (Figura 9), tambm na regio Alentejo que se registam os maiores ndices, anuais ou

    por novnio.

    Figura 9 Produtividade Mdia de Cortia por Regio PROF, 2010

    Fonte: APCOR, AFN

    h a %

    Alentejo Central 164.110 22,9 Beira Interior Sul 873 63

    Alentejo Litoral 141.373 19,7 Ribatejo 11.779 69

    Alto Alentejo 116.501 16,3 Alto Alentejo 14.280 81

    Lezria do Tejo 103.564 14,5 Alentejo Central 16.957 87

    Baixo Alentejo 76.359 10,7 Alentejo Litoral 19.855 103

    Resto do Pas 114.014 15,9 Baixo Alentejo 3.611 48

    Total 715.921 Algarve 1.045 25

    *PROF - Plano Regiona l de Ordenamento Flores tal

    Produtividade

    Novnio

    (@/ano)

    NUT IIrea de Sobreiro*

    Regio PROF*Produtividade

    Anual (ton/ano)

    No emprego (Figura 10), ainda que a agricultura e, de forma mais fina, a agricultura e produo animal

    combinada seja a atividade econmica com o maior volume de emprego direto (8.559), os servios associados

    ao apoio administrativo s empresas e os servios especficos de apoio agricultura evidenciam uma forte

    capacidade empregadora, totalizando, respetivamente, 7.393 e 1.536 empregos. Seguem-se as culturas

    temporrias, nomeadamente as hortcolas e nas culturas permanentes a cerealicultura e a viticultura.

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 34

    Figura 10 Emprego direto nas principais atividades econmicas nucleares do domnio Alimentao, e Floresta, 2011

    Fonte: INE

    0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    CA

    Es D

    om

    nio

    "A

    lime

    nta

    o

    e F

    lore

    sta"

    N de Trabalhadores

    14

    13

    12

    11

    10

    9

    8

    7

    6

    5

    4

    3

    2

    1

    CAE

    Ativ. servios administ.e de apoio prestados s empresas

    Agricultura e produo animal combinadas

    Culturas de produtos hortcolas, razes e tubrculos

    Cerealicultura (exceto arroz), leguminosas secas e

    sementes oleaginosas

    Outras culturas temporrias

    Panificao e pastelaria

    Fabricao de outras obras de madeira,

    de cestaria e espartaria; indstria da cortia

    Fabricao de produtos base de carne

    Atividades dos servios relacionados com a agricultura

    Viticultura

    Comrcio por grosso de outros produtos alimentares

    Comrcio por grosso de caf, ch, cacau e especiarias

    Ativ. dos servios relacionados c/ a si lvicultura e explo.

    florestal

    Indstria do vinho

    C. ANLISE PROSPETIVA: TENDNCIAS DA PROCURA

    A produo agrcola, pecuria e as indstrias alimentares encontram-se num processo de acelerao do ciclo

    de inovao e de crescente incorporao de tecnologia nos processos produtivos. No caso das atividades

    econmicas comummente enquadradas no setor primrio, verifica-se a intensificao tecnolgica de

    processos, a uniformizao e homogeneizao de produtos e a adoo de novos modelos de operao. Neste

    mbito, importa destacar duas tendncias relevantes. A primeira diz respeito ao paradigma da agricultura de

    preciso que, progressivamente, industrializa a atividade agrcola, introduzindo sistemas avanados de

    produo com uma forte componente de eletrnica, sensores e TIC, bem como modelos de controlo de gesto

    da produo. A segunda, associada tambm evoluo do mercado, aos modos de produo biolgica e

    ambientalmente responsveis incluindo a recriao de sistemas ambientais que introduzam predadores

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 35

    naturais para as pragas, reduzindo o uso e os custos associados utilizao de pesticidas e herbicidas -

    corresponde a um mercado crescente e de elevado valor acrescentado.

    Na perspetiva da indstria alimentar e de indstrias complementares, as tendncias de mercado revelam uma

    crescente exigncia do consumidor em matria da qualidade, do cariz prtico da embalagem, da validade e

    segurana alimentar (tecnologias de conservao e embalagem), do respeito pelo ambiente e das

    propriedades funcionais e nutracuticas dos alimentos. Tendo como referncia as tendncias e reas de

    inovao prioritrias para a Unio Europeia (em DG Research & Innovation -

    http://ec.europa.eu/research/bioeconomy/ ), destacam-se as seguintes:

    Comportamento do consumidor: responsabilidade ambiental e social, autenticidade e origem

    local, intolerncias e alergias alimentares, produtos naturais e sem conservantes, novas

    experincias sensoriais, nomeadamente novos aromas, texturas e formatos, alimentos e bebidas

    que promovem a beleza; rotulagem: cdigo QR, comunicao simples e clara da informao

    nutricional;

    Processamento de alimentos e embalagens: eficincia dos recursos e da gesto de resduos

    envolvendo novos processos de produo, gesto da cadeia de valor, produtos compostveis,

    biocombustveis; embalagens ecolgicas (reciclveis, biodegradveis,), novas tecnologias de

    conservao, convenincia, perecibilidade dos alimentos, embalagem para guardar, facilidade de

    abertura, design;

    Qualidade, segurana e rastreabilidade dos alimentos;

    Produo sustentvel de alimentos e gesto de suprimentos: proteo ambiental,

    aprovisionamento e valorizao de carbono;

    Organizao da cadeia alimentar e inovao, produo agrcola, animal e florestal sustentveis,

    valorizao integrada de resduos e de subprodutos atravs da biotecnologia industrial e de

    biorefinarias.

    A criao de produtos alimentares de elevado valor acrescentado depende do seu valor intrnseco mas

    tambm do valor apercebido pelos clientes. Em particular nos clientes Europeus, mas tambm nos clientes de

    mercados emergentes em rpido crescimento (e.g. China e Coreia do Sul), uma franja crescente da populao,

    com rendimentos per capita elevados, procura produtos alimentares de luxo, que garantam um nvel superior

    de qualidade e prazer, e com capital simblico associado (associados a ativos culturais, histria, tradio

    dos produtores que os tornam exclusivos e de maior valor percepcionado). Acresce que existe um forte

    potencial de covalorizao em associao a iniciativas empresariais inovadoras de jovens agricultores e

    empresrios rurais, suportadas na mobilizao de competncias e de capacidades tcnicas, visando a criao

    de valor e a orientao da produo para os mercados internacionais e para a diversificao de atividades,

    (sendo mltiplas as boas prticas regionais, por exemplo associadas ao turismo rural).

  • ESTRATGIA REGIONAL DE ESPECIALIZAO INTELIGENTE DO ALENTEJO

    COMISSO DE COORDENAO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO 36

    Em articulao com estes domnios e com o capital simblico do Alentejo, destaca-se o trabalho de

    investigao desenvolvido pelas diferentes IES, como pelas Associaes de Desenvolvimento Local na rea das

    alteraes climticas, motivando o prmio Drylands atribudo pelas Naes Unidas para distinguir

    intervenes de gesto sustentvel no combate desertificao nas zonas ridas.

    D. RACIONAL

    Depois de identificados os recursos e ativos distintivos, na definio do domnio Alimentao e Floresta, o

    foco de especializao tambm teve por base a identificao dos produtos, os servios e as oportunidades de

    posicionamento competitivo internacional que so almejveis pela regio, caracterizando a variedade

    relacionada de bases de atividades econmicas que se podem concretizar em inovao, crescimento e

    emprego dessas oportunidades.

    O racional de especializao deste domnio (Figura 11) prope uma aposta na articulao da agricultura com a

    agroindstria (transformao para maior controlo sobre a cadeia de valor), valorizando a escala potencial do

    Alentejo e apostando na inovao de produto. Neste particular, a agricultura de regadio, potenciada pelo

    empreendimento de Alqueva, mas j presente no Alentejo Litoral e na Bacia do Tejo, permite a especializao

    em produtos de maior valor acrescentado, no sendo despiciendo potenciar o posicionamento do Alentejo na

    produo frutcola e florcola de gama alta, em articulao com as infraestruturas logsticas de sada (e.g.

    corredor rodovirio para a Europa e Aeroporto de Beja).

    Importa tambm desenvolver I&I que promova a competitividade das empresas atravs da melhoria de

    processos e produtos, do aumento do domnio das cadeia