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[Escreva aqui] ESCLEROSE MÚLTIPLA Doença do Sistema Nervoso Central Cérebro e Medula Espinhal Patrícia Antunes – Curso Quiromassagem CEFAD 1 de Fevereiro 2015

Esclerose Múltipla

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esclerose multipla

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Esclerose Múltipla

Doença do Sistema Nervoso Central Cérebro e Medula Espinhal

Patrícia Antunes – Curso Quiromassagem CEFAD

1 de Fevereiro 2015

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O QUE É A ESCLEROSE MULTIPLA?

A esclerose múltipla é uma doença caracterizada por zonas isoladas de desmielinização nos nervos do olho, no cérebro e na medula espinal.

O termo esclerose múltipla é dado pelas múltiplas áreas de cicatrização (esclerose) que representam os diversos focos de desmielinização no sistema nervoso. Os sintomas e sinais neurológicos da esclerose múltipla são tão diversos que os médicos podem falhar o diagnóstico quando aparecem os primeiros sintomas. Dado que o curso da doença costuma piorar lentamente com o tempo, as pessoas afetadas têm períodos de saúde relativamente bons (remissões) que alternam com surtos da doença (exacerbações).

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o cérebro e a medula espinhal (sistema nervoso central). Isso acontece porque o sistema imunológico do corpo confunde células saudáveis com "intrusas", e as ataca provocando lesões no cérebro. O sistema imune do paciente corrói a bainha protetora que cobre os nervos, conhecida como mielina.

Os danos à mielina causam interferência na comunicação entre o cérebro, medula espinhal e outras áreas do seu corpo. Esta condição pode resultar na deterioração dos próprios nervos, em um processo irreversível. Ao longo do tempo, a degeneração da mielina provocada pela doença vai causando lesões no cérebro, que podem levar à atrofia ou perda de massa cerebral. Em geral, pacientes com esclerose múltipla apresentam perda de volume cerebral até cinco vezes mais rápida do que o normal.

Os sintomas variam amplamente, dependendo da quantidade de danos e os nervos que são afetados. A esclerose múltipla (EM) se caracteriza por ser uma doença potencialmente debilitante. Pessoas com casos graves de esclerose múltipla podem perder a capacidade de andar ou falar claramente. A esclerose múltipla pode ser difícil de diagnosticar precocemente, uma vez que os sintomas aparecem com intervalos e o paciente fica meses sem qualquer sinal da doença.

A esclerose múltipla atinge cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo. A doença não tem cura, mas os tratamentos podem ajudar a controlar os sintomas e reduzir o progresso da doença.

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Esclerose múltipla causa danos a mielina, podendo ser debilitante

TIPOS DE ESCLEROSE MULTIPLA

Esclerose Múltipla Recidivante Remitente (EMRR)

(Esclerose Múltipla Surto/Remissão) é a forma mais comum de EM, em que os indivíduos apresentam surtos e voltam ao seu estado normal. Estes surtos são episódios agudos de manifestações sintomáticas por um período superior a 24 horas. Durante o surto os sintomas desenvolvem-se nos primeiros dias, permanecem constante durante 3 a 4 semanas e acabam por cessar ao fim de um mês. Nesta fase poderá haver uma recuperação parcial ou total dos sintomas experimentados, considerando-se 2 surtos

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distintos num curto espaço de tempo, quando existe um intervalo de 30 dias entre ambos.Sendo esta uma doença progressiva pode ocorrer que que passados 10 a 15 anos este tipo de EM poderão evoluir para Esclerose Múltipla Secundária Progressiva.

Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP)

Desenvolve-se por um período de 10 a 15 anos. Poderão apresentar surtos, contudo a recuperação dos sintomas apresentados não é total podendo passar por um acréscimo progressivo e constante da sintomatologia e da incapacidade.

Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP)

É um tipo de EM progressiva que surge em idade mais avançada (40 anos ou mais), sem períodos de surtos, onde os sintomas agravam-se de forma constante desde o início do diagnóstico. A incapacidade aumenta gradualmente até uma dada altura e poderá ou não agravar-se por meses e/ou anos.

CAUSAS

As causas exatas da esclerose múltipla não são conhecidas, mas há dados interessantes que sugerem que a genética, o ambiente em que a pessoa vive e até mesmo um vírus podem desempenhar um papel no desenvolvimento da doença. Embora a causa ainda seja desconhecida, a esclerose múltipla tem sido foco de muitos estudos no mundo todo, o que tem possibilitado uma constante e significativa evolução na qualidade de vida dos pacientes.

Genética e ambiente

Acredita-se que a esclerose múltipla pode em parte ser herdada. Dessa forma, parentes de segundo e terceiro grau de pessoas com esclerose múltipla estão em maior risco de desenvolver a doença. Irmãos de uma pessoa com a doença tem um risco 2% a 5% maior de ter esclerose múltipla.

No entanto, experiências com gêmeos idênticos indicam que a hereditariedade pode não ser o único fator envolvido. Se a esclerose múltipla fosse determinada exclusivamente pela genética, gêmeos idênticos teriam riscos idênticos. No entanto, um gêmeo idêntico tem

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apenas uma chance 30% maior de desenvolver esclerose múltipla se a sua dupla já tem a doença.

Alguns cientistas teorizam que a esclerose múltipla se desenvolve em pessoas que nascem com uma predisposição genética que, ao ser exposta a algum agente ambiental, desencadeia uma resposta autoimune exagerada, dando origem à esclerose múltipla. A de falta de exposição ao sol nos primeiros meses ou anos de vida também é considerado por especialistas como um fator ambiental que predispõe o aparecimento de esclerose múltipla.

Vírus e esclerose múltipla

Alguns estudos sugerem que alguns vírus, tais como o de Epstein-Barr (MONONUCLEOSE), varicela-zóster e aqueles presentes na vacina da Hepatite podem ter relação com a esclerose múltipla. Até o momento, no entanto, essa crença não foi comprovada.

Outros fatores

Há cada vez mais evidências sugerindo que hormônios, incluindo os sexuais, podem afetar e serem afetados pelo sistema imunológico. Por exemplo, tanto o estrógeno quanto a progesterona, dois importantes hormônios sexuais femininos, podem suprimir alguma atividade imunológica. A testosterona, o principal hormônio masculino, também pode atuar como um supressor de resposta imune.

Durante a gravidez , os níveis de estrogênio e progesterona são muito elevados, o que pode ajudar a explicar por que as mulheres grávidas com esclerose múltipla geralmente têm menos atividade da doença. Os níveis mais elevados de testosterona em homens podem parcialmente explicar o fato de que as mulheres têm mais chances de desenvolver a doença do que os homens, uma vez que a testosterona também pode inibir o sistema imunológico.

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SINTOMAS

 Pessoas com esclerose múltipla tendem a apresentar os primeiros sintomas na faixa dos 20 a 40 anos. Alguns podem ir e vir, enquanto outros permanecem.

Não há duas pessoas que apresentem rigorosamente os mesmos sintomas de esclerose múltipla. Isso porque as manifestações irão depender dos nervos que são afetados. No entanto, os primeiros sintomas de esclerose múltipla no geral são:

Fadiga

A fadiga é um sintoma muito frequente e bem conhecido da Esclerose múltipla. Mas porque pode também ser um sinal de outras doenças, não é imediatamente identificado como sendo causado pela Esclerose múltipla. A fadiga manifesta-se muitas vezes sob a forma de períodos que podem durar alguns meses, durante os quais a sua energia se esgota diariamente após um pequeno esforço. A fadiga ocorre quer na Esclerose múltipla em forma de surtos, quer nos tipos mais progressivos da doença.

 

Neurite óptica

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É uma inflamação do nervo ótico, (nervo da visão). Durante um ou dois dias poderá queixar-se de visão turva, embaciada. Por vezes poderá sentir dor por trás do olho, que aumenta quando o roda.Há melhorias graduais, por vezes após várias semanas. Mas a recuperação nem sempre é completa. Em períodos de stress, quando estiver cansado ou quando tiver febre, poderá sentir novamente a visão turva, apesar de isto não significar que a Esclerose múltipla está novamente ativa.

Perda da força muscular nos braços e pernas

O sistema nervoso contém um grande número de fibras nervosas que controlam os movimentos – aquilo a que chamamos a função motora.É assim muito provável que a Esclerose múltipla cause lesões que atinjam esse sistema. Muitas pessoas com Esclerose múltipla perdem força muscular durante o curso da doença.A perda pode variar entre destreza reduzida (os dedos deixam de funcionar bem) até à paralisia. A perda de força muscular pode ocorrer não só em ataques temporários nos surtos, mas também como um processo gradual (progressivo) sem recuperação.A perda gradual de força ocorre mais frequentemente nas pernas do que nos braços. Dependendo da gravidade, poderá necessitar de usar uma bengala, muletas ou uma cadeira de rodas. Mas lembre-se que 80% dos doentes com Esclerose múltipla conseguem andar durante dez anos após ter sido diagnosticada a doença e não precisam de cadeira de rodas.

Alterações da sensibilidade

Também existe grande número de fibras nervosas que nos facultam o tacto. Tal como os sintomas de perda de força muscular, os sintomas que afetam o tacto podem ser transitórios (nos surtos) ou mais progressivos. Um tipo de sintomas nesta área pode ser uma sensação de encortiçamento nas pernas dando a impressão de que se está a «caminhar sobre algodão». Um outro tipo de sensação anormal é a de pele irritada, formigueiro ou picadas, sintomas que podem ocorrer em várias partes do corpo: por vezes no braço ou na perna, ou em parte deles, outras vezes na metade inferior do corpo a partir de determinado ponto (por exemplo, o umbigo). O doente poderá ainda sentir várias zonas do corpo simultaneamente dormentes

Dor

 A Esclerose múltipla pode ser acompanhada de vários tipos de dor. Os sintomas que afetam o tacto podem ser de dor ou desagradáveis. Além disso, a Esclerose múltipla afeta muitas vezes um dos nervos da face causando dores faciais, um estado conhecido como «nevralgia do trigémeo». Se tiver dificuldade em caminhar por causa da Esclerose múltipla , isto poderá causar-lhe dores pela sobrecarga dos músculos das costas e das pernas.A perda de força muscular nas pernas e nos braços também pode ser acompanhada por uma contractura em diversos músculos: isto é conhecido como «espasticidade» e pode provocar dores.

Alterações urinárias e intestinais

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Ocasionalmente as pessoas com Esclerose múltipla podem ter dificuldade em urinar ou em esvaziar completamente a bexiga (a isto chama-se «retenção» urinária). Mas o que sucede com maior frequência é que a expulsão da urina ocorre imediatamente mal se sentem os primeiros sinais de a bexiga estar cheia. Chama-se a isto «urgências urinárias» ou «bexiga espástica».Também é possível que apresente uma combinação destas condições e à existência de uma delas ou das duas chama-se bexiga neurogénea. Existem menos problemas com o controlo dos intestinos.Mas porque alguns doentes com Esclerose múltipla têm menor mobilidade, podem ocorrer problemas de obstipação. A incontinência dos intestinos, ou dificuldade em reter as fezes é menos comum.

Problemas sexuais

Também pode ter problemas na área sexual, especialmente se sentir dificuldade em controlar a bexiga ou os intestinos ou tiver alterações de sensibilidade.Homens que tenham Esclerose múltipla , podem ter dificuldade em obter ou manter a ereção. Na mulher, a Esclerose múltipla causa muitas vezes perda de sensibilidade nos órgãos sexuais, dores durante a relação, incapacidade de atingir um orgasmo ou redução na quantidade de muco produzido durante o coito. Estas queixas podem criar tensão no relacionamento com o seu parceiro/a. Falar do assunto abertamente, em geral dissipa os problemas, diminuindo a tensão que possa sentir durante o ato sexual, sentindo que é aceite pelo seu parceiro/a tal como é.

Equilíbrio/coordenação

A parte do cérebro, conhecida como cerebelo, controla todos os movimentos que fazemos e, se necessário, corrige-os. Distúrbios neste órgão podem levar a dificuldade em manter o equilíbrio ou a coordenação. Pode, por exemplo, ter dificuldade em agarrar pequenos objetos , surgindo ao fazê-lo um tremor da mão. Poderá começar a caminhar como se estivesse embriagado ou sentir dificuldade em agarrar de forma correta numa caneta e escrever de forma clara. Estes problemas também poderão ser transitórios (durante um surto) ou ser mais permanentes numa forma gradualmente progressiva de Esclerose múltipla .

Alterações cognitivas

Podem surgir problemas com a memória recente, em especial em pacientes que sofrem de Esclerose múltipla há bastante tempo. Também poderá sentir dificuldade em concentrar-se, o que poderá complicar a realização de várias tarefas em simultâneo. Poderá, igualmente sentir-se incapaz de resolver mentalmente problemas aritméticos como fazia antes.

Alteração de humor e depressão

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Antigamente pensava-se que a Esclerose múltipla era acompanhada de uma jovialidade patológica (conhecida como «euforia»), Mas, na verdade, a depressão é mais comum às vezes diretamente relacionada com a Esclerose múltipla , mas mais frequentemente como uma reação contra o facto de ter de aprender a lidar com a doença.

Os sentimentos de depressão podem também estar ocultos por uma aparente jovialidade.

Os efeitos que todos estes sintomas têm na qualidade de vida variam muito. Dependem bastante da forma como vive estes sintomas e como consegue lidar com eles. Com o tempo, acabará por aprender a lidar com eles e a compensá-los, realizando coisas de que ainda é capaz e descobrindo novas capacidades.

Não irá acontecer de um dia para o outro: é um processo que requer esforço e tempo, não só da sua parte, mas de todos os que o rodeiam (companheiro/a, filhos ou outros membros da família). Contacte associações de doentes, os grupos de apoio nos hospitais ou grupos informais para partilhar as dificuldades e conquistas. Isso ajudá-lo-á a valorizar as capacidades, relativizar alguns problemas e aumentar a qualidade de vida.

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GRAVIDADE NOS SINTOMAS

Os sintomas de esclerose múltipla são divididos em três grupos: primários, secundários e terciários:

Sintomas primários: causados por danos à bainha protetora dos nervos na espinha ou no cérebro (mielina). Este processo pode levar a problemas de bexiga ou intestinais, perda de equilíbrio, dormência, paralisia, formigamento, tremores, problemas de visão ou fraqueza

Sintomas secundários: são próximos dos sintomas primários, só que mais graves. Por exemplo, a pessoa não é mais capaz de esvaziar a bexiga, e isso pode causar uma infeção no órgão

Sintomas terciários: problemas sociais, psicológicos e relacionados ao trabalho. Por exemplo, a esclerose múltipla pode dificultar o caminhar ou dirigir.

Como os sintomas da esclerose múltipla varia muito, é melhor não se comparar com outras pessoas que têm a doença. Sua experiência é provavelmente será diferente. A maioria das pessoas aprende a controlar seus sintomas e pode levar uma vida plena e ativa.

DIAGNOSTICO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA

Ainda hoje com os avanços da ciência, não é fácil diagnosticar a Esclerose múltipla , cujos sintomas associados, são vários e, comuns a muitas outras patologias. Fundamental é a consulta de neurologia para uma análise minuciosa da história clínica sendo o diagnóstico baseado em dados clínicos e para-clínicos:

Dados clínicos: história da doença, e resultados de investigação clínico-neurológica

Dados para-clínicos: resultados de ressonância magnética, os potenciais evocados e a análise do líquido cefalorraquidiano

São realizados exames neurológicos, exames dos nervos cranianos, o teste dos reflexos, o teste à função motora, o teste à Marcha e Equilíbrio e o teste à função sensitiva.

Técnicas de diagnóstico da Esclerose Múltipla

Ressonância Magnética;

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Punsão Lombar;

Testes dos Potenciais Evocados.

Aspetos Psicológicos

O impacto do diagnóstico de Esclerose múltipla pode ser devastador a nível emocional: “doença incurável, crónica, progressiva que ataca o próprio organismo”.

O aparecimento da Esclerose múltipla , acontecimento anormal na vida do homem implica mudanças profundas e permanentes no seu dia-a-dia. É avassalador ouvir estas palavras do profissional de saúde. Sentimentos de ira, frustração, choque, tristeza emergem no doente, geralmente um jovem na fase produtiva da sua vida. Viver com este diagnóstico não obriga negar estes sentimentos mas sim, realizar uma readaptação face às novas exigências que a doença impõe. Sabemos que as reações que cada um irá refletir dependerão não só da sua personalidade como também do apoio que sentem e recebem das pessoas mais significativas.

Num primeiro momento observa-se no portador a não aceitação do diagnóstico, negando-o a si próprio “não é possível… é um engano…”.Por vezes tornam-se pessoas hostis, agressivas, antipáticas, desagradáveis de conviver, sendo os principais alvos desta mudança comportamental a família e os amigos que com ele convive. Paciência de todos os familiares e amigos é fundamental para ultrapassar esta fase da sua vida.

Ultrapassada esta primeira fase, com tempo variável, o doente procura junto dos profissionais de saúde, dos familiares e amigos, clarificar a forma como quer vir a ser tratado. Frequentemente observam-se comportamento de acomodação à doença, desistindo de lutar contra ela podendo emergir aqui numa fase depressiva, isolando-se de tudo e de todos: “eu não consigo…eu não sei como fazer…isto não é para mim…”.

No decorrer do tempo e, em alguns casos com apoio terapêutico o doente entra numa nova fase a que podemos identificar como uma fase de aceitação da doença. Passa a compreender melhor o seu diagnóstico, está mais empenhado no tratamento e verbaliza/dialoga sobre a doença sem a raiva, o choque, ou a angústia inicialmente observada aquando do seu diagnóstico. O falar sobre a mesma, o partilhar emoções, conhecimentos, experiências auxilia-o a perceber mais sobre a patologia. Toma consciência que pode vive encarando e lidando diariamente com a Esclerose múltipla .

Não só é desafiante aceitar o diagnóstico, como também o é aprender a lidar com os sintomas a ele associados. A Esclerose múltipla é psicologicamente desafiadora pela forma como se manifesta. Os seus sintomas, comuns a tantas outras patologias aparecem, desaparecem, reaparecem e, em alguns casos acabam por permanecer.

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O doente tem consciência que ainda hoje a EM é uma doença incurável, mas com tratamentos que reduzem a frequência, intensidade e número de surtos. Não obstante, os momentos de exacerbação da doença em que o doente se torna dependente de outros para a realização das suas atividades continuam difíceis de serem aceites.

Há muito tempo que a depressão e a ansiedade são descritas nos pacientes de Esclerose múltipla .A ansiedade é um sintoma permanente nesta doença. Manifesta-se precocemente desde a altura em que se pesquisa pelo diagnóstico quando ainda se realizam uma panóplia de exames para confirmar o diagnóstico e mantém-se ao longo de toda a vida com maior ou menos intensidade, perante o desconhecimento sobre o percurso evolutivo da doença.

A depressão, muitas vezes confundida com outros estados emocionais, é frequente na Esclerose múltipla como a resposta rápida e a manifestação da necessidade de procurar ajuda para se alcançar de novo o equilíbrio existencial.

Este sintoma muitas vezes surge pela perda das capacidades físicas e/ou cognitivas, pelo medo em relação ao futuro, pela perda da autonomia. Por vezes a depressão aparece oculta nos próprios sintomas de Esclerose múltipla : perturbação de sono, disfunção sexual, dificuldades de concentração, insónia.

A euforia ainda que rara pode surgir em especial a euforia de exagerado bem-estar face à instabilidade emocional por que o doente está a passar. Ainda que rara como já referido associa-se esta sintomatologia a lesões desmielinizantes ou à predisposição genética para existência de um quadro psicótico.

O comprometimento cognitivo dos doentes de Esclerose múltipla é bastante significativo afetando funções como a memória, velocidade de processamento de informação, capacidade de resolução dos problemas, fluência verbal. Ainda que estes comprometimentos não sejam regulares eles possuem particularidades próprias quando associados à Esclerose múltipla , uma vez que pode ocorrer o comprometimento de certas funções cognitivas específicas, enquanto outras permanecem intactas. Um défice cognitivo interfere negativamente na qualidade de vida do doente de Esclerose múltipla dada a diminuta probabilidade de ter um emprego estável, o menor comprometimento social e a realização de tarefas domésticas aumentando o seu nível de dependência.Uma avaliação neuropsicologia e o uso de técnicas de reabilitação cognitiva permite avaliar quais as funções lesadas e as que estão intactas promovendo uma melhor estruturação e organização da vida doentes reduzindo os efeitos nefastos deste défice, auxiliando o doente e os familiares a determinarem metas reais de vida e uma melhor compreensão da doença.

Outro fator a ter em consideração é a família. Um diagnóstico de Esclerose múltipla afeta todos os membros do agregado familiar pondo à prova a sua dinâmica e relacionamento. Este diagnóstico tem repercussões não só a

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nível pessoal, como também a nível profissional, financeiro, nas relações familiares e na relação entre a família e a sociedade onde se insere.Não podemos esquecer que no decorrer progressivo da Esclerose múltipla os familiares e/ou cuidadores são relevantes para o doentes, valiosos para os profissionais de saúde e para processos de tomadas de decisão e de resolução de problemas.Também as crianças são membros deste agregado familiar. Todas as famílias são únicas! Independentemente do sentimento inato de proteção dos Pais para com os filhos, também eles sentem medos, angústias, receios. São sensíveis às mudanças de comportamento dos seus familiares e oculta-los exacerba apenas estes sentimentos como algo de mau do qual não se pode falar. Os adultos ficarão surpreendidos com a capacidade que as crianças têm para lidar com realidades dolorosas. Diálogos abertos, sinceros e diretos com as crianças sobre a Esclerose múltipla farão com que estas se sintam como um membro importante da família. Compartilhar problemas e ajudarem-se mutuamente tornará certamente a família ainda mais unida.

A abordagem e acompanhamento dos doentes de Esclerose múltipla tendencialmente é realizada por uma equipa multidisciplinar, centrada nos aspetos físicos e psico-cognitivos, valorizando-se um diagnóstico e tratamento idiossincrático de acordo com as necessidades e características de cada doente.É fundamental uma relação empática, cordial, de apoio e veracidade entre o terapeuta e o doente, definindo-se objetivos de tratamento e metas reais a serem alcançadas que permitirão que não se criem expectativas demasiadamente otimistas que possam prejudicar a terapia.

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FATORES DE RISCO

Vários fatores podem aumentar o risco de esclerose múltipla, incluindo:

Idade: a esclerose múltipla pode ocorrer em qualquer idade, mas mais comumente afeta as pessoas entre 20 a 40 anos. Nessa faixa etária são feitos 70% dos diagnósticos

Gênero: mulheres são mais propensas que os homens a desenvolver a esclerose múltipla. A proporção real é de três mulheres para cada homem

Histórico familiar: se um de seus pais ou irmãos tem esclerose múltipla, você tem uma chance de 1 a 3% de desenvolver a doença - em comparação com o risco na população em geral

Etnia: os caucasianos, em especial aqueles cujas famílias se originam do norte da Europa, estão em maior risco de desenvolver esclerose múltipla. As pessoas de ascendência asiática, africana ou americana tem menor risco

Regiões geográficas: a esclerose múltipla é muito mais comum em áreas como a Europa, sul do Canadá, norte dos Estados Unidos, Nova Zelândia e sudeste da Austrália. Não se sabe ainda o porquê

Outras doenças autoimunes: você pode ser um pouco mais propenso a desenvolver esclerose múltipla se tiver outra doença que afeta o sistema imune como distúrbios da tireoide, diabetes tipo 1 ou doença inflamatória intestinal.

TRATAMENTO

Tratamento da Esclerose Múltipla com Medicamentos Modificadores da Doença (MMD) é recomendado pelos especialistas pois estes diminuem o risco de sintomas agudos (surtos), prolongam os intervalos de tempo sem perturbações antes de outro surto e, podem levar a uma alteração no decorrer da doença, reduzindo a progressão da Esclerose multipla ao diminuir os danos e reduzir a sua frequência.

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Apesar da Esclerose múltipla não ter cura, já existem tratamentos com medicamentos que podem ser divididos em três grandes grupos:

Medicamentos que alteram o curso da doença: reduzem a atividade das células do sistema imunitário, responsáveis pelo ataque que o corpo faz ao sistema imunitário, responsáveis pelo ataque que o corpo faz ao SNC, atenunado os efeitos dos processos imunológicos danificados.

Medicamentos que tratam o surto agudo: aliviam os sintomas sem modificar a dinâmica associada à Esclerose múltipla nem o curso da doença.

Medicamentos que tratam sintomas específicos usados na terapêutica sintomática.

Podemos identificar vários tipos de tratamento:

Tratamento com Medicamentos Imunomodeladores;

Tratamento com Medicamentos Imunossupressores;

Tratamento com Corticosteróides;

Tratamento Sintomático;

Tratamento de Espasticidade;

Tratamento da Ataxia;

Tratamento da Fadiga devida à Esclerose Múltipla;

Tratamento da Depressão;

Tratamento das Alterações Urinárias.

ESTRATEGIAS PARA TRATAR SINTOMAS

Fisioterapia: um profissional pode lhe ensinar alongamento e fortalecimento muscular, além de mostrar como usar dispositivos que podem tornar a execução de tarefas mais fácil

Relaxantes musculares: se você tem esclerose múltipla, pode ocorrer rigidez muscular dolorosa ou espasmos incontroláveis, particularmente nas pernas. Relaxantes musculares podem melhorar esses sintomas

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Medicamentos para reduzir a fadiga: medicamentos podem ajudar a reduzir a fadiga devido à esclerose múltipla

Outros medicamentos: podem ser prescritos tratamentos para depressão, dor e controle da bexiga ou intestino que podem estar associados com a esclerose múltipla.

VIVER SAUDÁVEL COM A ESCLEROSE MULTIPLA

Descanso

A fadiga é um sintoma comum de esclerose múltipla. Embora ela geralmente não esteja relacionada com o seu nível de atividade, o descanso pode fazer sentir mais disposto.

Prática de exercício físico

A prática de desporto de baixa intensidade regular e, por curtos períodos de tempo permite melhorar a condição física do doente, aumentar a sua força muscular auxiliando a melhorar a espasticidade, os problemas de equilíbrio, a função intestinal e de bexiga, a depressão e, a fadiga.

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Manter uma dieta equilibrada

Comer uma dieta saudável e equilibrada e natural pode ajudar você a manter um peso saudável, fortalecer o sistema imunológico e manter a saúde dos ossos.

Alívio do stresse

O stresse pode desencadear ou piorar os sintomas da esclerose, por isso o melhor será encontrar maneiras de relaxar. Atividades como yoga, tai chi, massagem, meditação, respiração profunda ou apenas ouvir uma boa música podem ajudar.

Adaptação ao ambiente de trabalho

Viver com Esclerose múltipla não é fator para deixar de trabalhar, contudo a vida profissional poderá sofrer algumas alterações, dependendo dos sintomas apresentados pelo portador de Esclerose múltipla. Por exemplo, poderão necessitar de mais períodos de descanso ou, reduzir o horário de trabalho. Outra questão pertinente prende-se com a comunicação à entidade patronal desta patologia. Desde que os sintomas não sejam visíveis, ficará sempre ao critério do doente esta informação, contudo é sempre importante ter junto do doente alguém que conheça a sua história clínica. Importante é manter um bom relacionamento profissional com a entidade patronal, para juntos encontrarem a melhor solução.

Por conta da fadiga e dificuldades motoras, pode ser mais complicado para uma pessoa com esclerose múltipla exercer suas atividades no trabalho da mesma forma que pessoas saudáveis. Entre as adaptações que podem ser propostas estão:

Maior flexibilidade de horário

Possibilidade de pausas regulares;

Tarefas variadas

Adequação entre habilidades, limitações e a função desempenhada

Garantia de confidencialidade de informações sensíveis e particulares.

Evitar o calor

Pacientes com esclerose múltipla são muito sensíveis ao calor. Por isso, é importante evitar banhos quentes e exposição excessiva ao sol quando possível. Usar roupas leves e manter o corpo refrescado também pode ajudar.

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Procurar apoio

Existem diversos grupos de apoio, de pacientes com esclerose múltipla. Para uma vida sexual saudável é essencial uma abertura com o médico questionando todas as dúvidas para as melhor solucionar, sendo por exemplo o uso de contracetivos seguro tanto no homem como na mulher.

No caso das mulheres a gravidez deve ser planeada numa fase de estabilidade da doença em conjunto com o seu ginecologista e neurologista. Na altura do parto ser portadora de Esclerose múltipla não tem um efeito secundário adicional à exceção de uma maior espasticidade dos músculos e, uma maior fadiga. Já na fase de amamentação a mulher deve gerir a melhor forma de amamentar o seu bebé.

COMPLICAÇÕES POSÍVEIS

Em alguns casos, pessoas com esclerose múltipla também podem desenvolver :

Espasmos musculares e fraqueza crônica

Paralisia, geralmente nas pernas

Problemas na bexiga permanentes

Dificuldades sexuais permanentes

Esquecimento e dificuldade de concentração permanente

Depressão

Epilepsia

PREVENÇÃO

Não é possível prevenir a esclerose múltipla. No entanto, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, o paciente consegue viver sem grandes complicações decorrentes da doença.

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