31
0 CURSO DE LETRAS ADRIANA DUARTE GARCIA ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA, PRECONCEITO LINGUÍSTICO E O ENSINO DA LINGUA MATERNA CANOAS, 2009

ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

  • Upload
    doannhi

  • View
    219

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

0

CURSO DE LETRAS

ADRIANA DUARTE GARCIA

ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA,

PRECONCEITO LINGUÍSTICO E O ENSINO DA LINGUA MATERN A

CANOAS, 2009

Page 2: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

1

ADRIANA DUARTE GARCIA

ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA,

PRECONCEITO LINGUÍSTICO E O ENSINO DA LINGUA MATER NA

Trabalho de conclusão do curso de Letras do UNILASALLE – Centro Universitário La Salle, como exigência para a obtenção do grau de Licenciado em Letras, habilitação em Português, Espanhol e respectivas Literaturas, sob orientação da Profª Dra. Clarice Teresinha Arenhart Menegat.

CANOAS, 2009

Page 3: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

2

TERMO DE APROVAÇÃO

ADRIANA DUARTE GARCIA

ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA,

PRECONCEITO LINGUÍSTICO E O ENSINO DA LINGUA MATER NA

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado do Curso de Letras, Habilitação em Português, Espanhol e respectivas Literaturas, do Centro Universitário La Salle, pela avaliadora:

Clarice Teresinha Arenhart Menegat

Canoas, 03 de julho de 2009

Page 4: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

3

Agradeço primeiramente a Deus, quando em algumas

ocasiões, sentindo-me desmotivada ele me ajudou a superar as

dificuldades.

Agradeço a minha orientadora, Clarice Teresinha Arenhart

Menegat, pelos conhecimentos passados, mas principalmente pela

atenção e carinho dedicado ao longo do curso e na realização

desse trabalho.

Um agradecimento especial aos meus pais que sempre me

incentivaram a ir em frente e também ao meu esposo pela paciência.

Page 5: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

4

RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de fazer uma reflexão sobre a variação linguística relacionando-a com a variação social, partindo da concepção que existe um equívoco no enfoque dado ao ensino da língua materna, pois trabalhando com uma única variedade, a qual denomina-se língua culta ou padrão, está se negando as outras variedades e ajudando a proliferar o preconceito linguístico. O primeiro capítulo traz alguns estudos realizados no campo da sociolinguística, o segundo aborda a questão da variação linguística, o terceiro faz considerações a respeito da variação linguística do português brasileiro e da diferença entre língua falada e língua escrita, o quarto faz reflexóes acerca do preconceito linguístico e o quinto enfoca para necessidade de se fazer uma avaliação da metodologia utilizada pelo professor, em sala de aula, para ensinar a norma culta padrão. Palavras-chaves: Sociolinguística. Língua Materna. Preconceito Linguístico. Variação Linguística. Ensino.

RESUMÉM Este trabajo tiene el objetivo de hacer una reflexión a cerca de la variación lingüística, haciendo relación con la variedad social. Partiendo de la concepción que existe un equívoco en el enfoque dado a la enseñanza de la lengua materna, pues trabajando con una única variedad, que llamamos de variedad padrón, estamos negando las otras variedades y ayudando a proliferar el prejuicio lingüístico. El primer capítulo trae algunos estudios realizados en el campo de la sociolingüística, el según aborda la cuestión de la variación lingüística, el tercer hace consideraciones sobre la variación lingüística del portugués brasileño y de las diferenciaciones entre la lengua hablada y la lengua escrita, el cuarto hace reflexiones a cerca del prejuicio lingüístico y el quinto trae como enfoque la necesidad de se hacer una evaluación de la metodología utilizada por el profesor para la enseñanza de la norma culta padrón. Palabras clave: Sociolingüística. Lengua Materna. Prejuicio Lingüístico. Variación Lingüística. Enseñanza.

Page 6: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 6

2 ESTUDOS DE SOCIOLINGUÍSTICA...................... ............................................ 8

3 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ............................ ..................................................... 14

4 LÍNGUA PORTUGUESA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA (ORALID ADE X

ESCRITA)............................................................................................................... 16

5 PRECONCEITO LINGUÍSTICO.......................................................................... 19

6 ENSINO DA LÍNGUA MATERNA......................... .............................................. 23

7 CONCLUSÃO........................................ ............................................................. 28

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 30

1 INTRODUÇÃO

Page 7: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

6

O presente trabalho tem o objetivo de fazer uma reflexão a cerca dos estudos

sociolinguísticos, da variação linguística do português brasileiro, do preconceito

linguístico e do ensino da língua materna. A função do ensino da língua portuguesa

deve centrar-se no uso da linguagem, na reflexão sobre ela, na produção de textos,

na seleção de textos e de atividades que contemplem o contexto social, cultural e

lingüístico ao qual o aluno está inserido.

O professor, a escola e a sociedade em geral devem conceber o ensino da

língua a partir de uma visão sociointeracionista aceitando o fato de que não existe

certo ou errado em se tratando de língua, e sim, situações em que uma ou outra

variedade é mais aceita, sempre levando em consideração que a negação de uma

variedade em detrimento de outra ajuda a proliferar o preconceito linguístico, tão

presente em nossa sociedade. Permitir que o ensino de língua tenha como suporte

não só a gramática normativa, mas também os estudos desenvolvidos pela

sociolinguística é uma prática que pode contribuir para aprimorar o conhecimento

linguístico do discente, além de promover a sua autoestima e a legitimação de sua

forma de comunicar-se e de entender-se como sujeito ativo da sociedade ao qual

está inserido.

A relevância do trabalho justifica-se pela necessidade de se fazer uma crítica

ao ensino tradicional da língua, partindo do pressuposto que muitas vezes o

professor trabalha com frases soltas para explicar o conteúdo e aplica exercícios

descontextualizados, acreditando que a memorização mecânica levará o aluno a

dominar a linguagem socialmente correta. Esse modelo de ensino,

equivocadamente, concebe a linguagem como um sistema pronto, simplesmente um

código e desconsidera que a linguagem é algo vivo que está em constante

transformação. Além disso, utilizar como ferramenta pedagógica apenas a gramática

normativa contribui para o empobrecimento das aulas.

A gramática deve sim ser utilizada, mas é preciso que além dela o professor se

apóie em outros instrumentos como a leitura (compreensão de textos), ensino de

redação (produção de textos) e ensino de vocabulário.

A elaboração de propostas pedagógicas mais eficientes voltadas às aulas de

Língua Portuguesa é o principal desafio do professor de língua materna, pois,

infelizmente, a escola não tem conseguindo alcançar o seu objetivo que é o de

Page 8: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

7

ensinar a norma culta padrão. Essa afirmação é baseada em pesquisas recentes as

quais demonstram as dificuldades enfrentadas pelos alunos, que saem do ensino

médio, para ler, interpretar e produzir textos.

O primeiro capítulo do trabalho faz uma síntese de alguns estudos

desenvolvidos por lingüistas, ao longo dos anos, analisando os fenômenos

lingüísticos e sua relação com a sociedade.

O segundo capítulo aborda a questão da variação lingüística. O terceiro

capítulo fala, em especial, da variação lingüística do português brasileiro e a

diferenciação entre língua falada e língua escrita.

No quarto capítulo encontra-se uma reflexão acerca do preconceito linguístico

e de como ele se dá em nossa sociedade. Além disso, traz a necessidade de

desmistificar esse preconceito, partindo do pressuposto que não existe certo ou

errado em se tratando de língua e sim situações onde uma e outra variedade é mais

aceita.

O quinto capítulo alerta para necessidade de encontrarmos formas mais

eficazes para ensinar com mais qualidade no que se refere ao ensino da língua

materna, não descaracterizando, nem menosprezando o conhecimento linguístico já

trazido pelo aluno das situações de comunicação nos quais ele está inserido, seja

em sua casa, seja em sua comunidade.

O presente trabalho foi elaborado a partir de pesquisa bibliográfica.

Page 9: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

8

2 ESTUDOS DE SOCIOLINGUÍSTICA

Linguagem e sociedade estão interligadas entre si de modo inquestionável,

podemos afirmar que essa relação é o alicerce da constituição da humanidade. A

história da humanidade é a história de indivíduos organizados em sociedade e

possuidores de um sistema de comunicação oral, isto é, uma língua. Certamente a

relação entre sociedade e linguagem não é posta em dúvida por ninguém, e não

deveria estar ausente, também, das reflexões sobre o fenômeno linguístico. Como

podemos estudar a linguagem sem levar em consideração a sociedade que a

utiliza?

Ao longo dos anos, estudiosos tentaram estabelecer relações entre a

linguagem e a sociedade, assumindo posturas teóricas em harmonia com o fazer

científico e cultural da época em que estavam inseridos. Por isso, as teorias de

linguagem, do passado ou contemporâneas sempre refletem ideias particulares do

fenômeno linguístico e interpretações diferentes do papel deste na vida social. Em

cada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a natureza e as

características principais do fenômeno linguístico. E certamente a maneira de

descrevê-lo e analisá-lo e essas teorias nos ajudam, hoje, na tarefa de analisar e

entender como a linguagem sofre influência do contexto social em que o indivíduo

está inserido.

A relação entre linguagem e sociedade, admitida, mas nem sempre assumida

como fundamental, encontra-se diretamente ligada à questão da determinação do

objeto de estudo da Linguística. Ou seja, ainda que se admita que a relação

linguagem-sociedade seja óbvia por si só, é possível privilegiar uma determinada

visão, e esta decisão repercute na concepção que se tem do fenômeno linguístico,

de sua natureza e caracterização. Nessa perspectiva, a Linguística do século XX

teve um papel decisivo na questão da consideração da relação linguagem-

sociedade: é esta que se ocupa de excluir toda consideração de natureza social,

histórica e cultural na observação, descrição e estudo e compreensão do fenômeno

lingüístico. Estamos nos referindo à constituição da tradição estruturalista, iniciada

por Ferdinand Saussure em seu Curso de Lingüística geral, em 1916.

Para Saussure (apud ALKMIM, 2001, p.23), existe uma distinção entre língua

e fala, para ele a língua é um sistema subjacente à atividade da fala, mas

Page 10: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

9

concretamente, é o sistema inalterável que pode ser abstraído das múltiplas

variações observáveis da fala. Da fala, se ocupará a Estilística. Ferdinand Saussure

separa variação linguística das condições externas de que ela depende, e para ele é

falso afirmar que sem o estudo dos fenômenos linguísticos externos não é possível

conhecer o organismo linguístico interno.

Saussure distinguia sincronia da diacronia. Por isso, para ele, na análise dos

fenômenos linguísticos, deve prevalecer o estudo sincrônico, ou seja, o estudo da

língua em um determinado período, não se importando com sua evolução histórica.

Poderíamos nos contrapor a essa idéia de Saussure analisando as inúmeras

transformações que as línguas sofreram ao longo dos séculos; algumas expressões

caíram em desuso, outras mudaram completamente seu significado, então como

não levar em conto os fatores históricos que determinaram ou acompanharam essas

transformações linguísticas?

Ainda para Saussure (SAUSSURE apud ALKMIM, 2001, p. 24), a Linguística

tem por único e verdadeiro objeto que é a língua considerada em si mesma e por si

mesma. Saussure, dessa forma, deu à língua uma noção abstrata, pois como

podemos estudá-la separada dos falantes e do contexto social em que eles estão

inseridos?

O hábito de relacionar linguagem e sociedade, ou mais precisamente, língua,

cultura e sociedade, está presente na reflexão de vários autores do século XX.

Integrados ou não à grande corrente estruturalista da época, particularmente a partir

dos anos 1930, encontramos linguistas cujas obras são referências obrigatórias

quando se trata de pensar a questão da análise dos fenômenos linguísticos, entre

eles: Antoine Meillet, Mikhail Bakhtin, Marcel Cohen, Émile Benveniste e Roman

Jakobson.

O linguista francês Antoine Meillet (MEILLET apud CALVET, p.14), aluno de

Saussure, definiu a língua como um fato social que não pode ser compreendido sem

se fazer referência a sua evolução histórica; desse modo, Meillet opõe-se a pelo

menos uma das dicotomias de Saussure. Para Meilet a língua é ao mesmo tempo

um fato social e um sistema que tudo contém. Ainda para Meillet, por ser a língua

um fato social resulta que a Linguística é uma ciência social, e o único elemento

variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação linguística é a mudança

social.

Page 11: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

10

Antoine Meillet entende que a Linguística é uma ciência social que não deve

ser estudada separadamente do contexto social em que o falante está inserido.

Além disso, as mudanças linguísticas ocorrem paralelamente às mudanças ocorridas

na sociedade, sejam mudanças políticas, econômicas, religiosas etc.

Podemos constatar a partir dos posicionamentos adotados por Saussure e por

Meillet que, enquanto Saussure distingue cuidadosamente estrutura de história,

Meillet quer uni-las.

As teorias filosóficas de Karl Marx influenciaram também o estudo dos

fenômenos linguísticos, pois o conhecimento científico, a literatura, as religiões etc. e

estão intimamente relacionadas aos problemas da filosofia da linguagem. As

concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em 1894 com Paul

Lafargue, genro de Marx, com a publicação de um estudo sobre o vocabulário

francês. Antes e depois da revolução, esses estudos mostraram que a língua sofreu

variações nesse período, e essa mudança foi atribuída às alterações sociais. A

língua clássica caiu com a monarquia feudal, e a língua românica surgiu das tribunas

das assembleias parlamentares. Temos a partir daqui a primeira tentativa de aplicar

certa análise sociológica aos fatos da língua. Certamente as línguas são

condicionadas pelo poder político, econômico e social que está vigorando na

comunidade em que ela é falada.

Para Bakhtin (1999, p. 123), a verdadeira substância da língua não é

constituída por um sistema abstrato das formas linguísticas, nem pela enunciação

monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo

fenômeno social da interação verbal realizado através da enunciação ou das

enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua.

A língua não pode ser estudada por meio da enunciação de um único

interlocutor ou dos componentes psicológicos e fisiológicos envolvidos nos atos de

fala e, sim, através da interação verbal entre os falantes, pois é aí que se

manifestam os atos de comunicação.

Já para Jakobson (JACKOBSON apud ALKHMIM, 1999, 1970, p.25), o ponto

de partida é o processo comunicativo amplo, e isso o leva a ultrapassar a visão

estreita de uma análise do fenômeno linguístico ancorado apenas em suas

características estruturais. Ao privilegiar o processo comunicativo, o referido autor

privilegia também os aspectos funcionais da linguagem, identificando os fatores

Page 12: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

11

constitutivos de todo ato de comunicação verbal: o remetente, a mensagem, o

destinatário, o contexto, o canal e o código.

Dessa forma, Jakobson atribui à língua uma importância funcional que vai

exprimir a atitude de quem fala com relação àquilo que se fala e também a atitude

com relação àquele com quem se está falando. Além disso, o código utilizado e o

contexto em que a comunicação verbal ocorre é de fundamental relevância.

Para Cohen (COHEN apud ALKMIN, 1999, 26), os fenômenos lingüísticos se

realizam no contexto variável dos acontecimentos sociais; para ele estabelecer

relações entre as divisões sociais e as variedades da linguagem permite abordar

temas como: a distinção entre variedades rurais, urbanas e de classes sociais, os

estilos de linguagem (variedades formais e informais), as formas de tratamento, a

linguagem de grupos segregados (jargões de estudantes, de marginais, de

profissionais etc.).

Estudando as variações sociais, conseguimos estudar também as variações

linguísticas, pois estas estão interligadas de forma inquestionável. A partir desse

estudo, podemos conhecer mais profundamente as relações existentes entre as

classes sociais e as variantes da linguagem.

Para Benveniste (BENVENISTE apud ALKMIM, 1999, p. 26), é dentro da, e

pela língua, que indivíduo e sociedade se determinam mutuamente, dado que

ambos só ganham existência pela língua. Ainda para Benveniste, a língua é a

manifestação concreta da faculdade humana de simbolizar. Sendo assim, é pelo

exercício da linguagem, pela utilização da língua, que o homem constrói sua relação

com a natureza e com os outros homens. Conforme Benveniste, a língua é um

instrumento de análise social; ele afirma que a língua contém a sociedade e por isso

é o interpretante dessa sociedade. Outra consideração de Benveniste é a de que a

língua permite que o homem se situe na natureza e na sociedade; o homem se situa

necessariamente em uma classe, seja uma classe de autoridade ou classe de

produção. A língua é uma ferramenta social utilizada pelos indivíduos para fazer

valer a sua existência e a sua vontade, é somente por meio da língua que o homem

constrói-se como um ser social.

O termo sociolinguística, relativo à área da Linguística, fixou-se em 1964 em

um congresso organizado por William Bright, na Universidade da Califórnia em Los

Angeles (UCLA), do qual participaram vários estudiosos, que posteriormente

Page 13: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

12

tornaram-se referências nos estudos voltados ao fenômeno linguístico. Entre eles

William Bright.

Para Brigh (BRIGHT apud CALVET, 2002, p.29), não é fácil definir com

precisão a sociolingüística. Ele acrescenta que seus estudos dizem respeito às

relações entre linguagem e sociedade, mas para ele essa definição é vaga, e ele,

então, esclarece que uma das maiores tarefas da sociolinguística é mostrar que a

variação ou a diversidade não é livre, mas correlata às diferenças sociais

sistemáticas.

Bright (BRIGHT apud CALVET, 2002, p.29) propõe elaborar uma lista de

dimensões da sociolinguística e afirma que em cada uma dessas dimensões se

encontra um objeto de estudo para a sociolingüística. As três primeiras dessas

dimensões aparecem em resposta a uma pergunta: quais são os fatores que

condicionam a variedade linguística? E ele identifica três fatores principais: a

identidade social do falante, a identidade social do destinatário e o contexto,

situando-se assim no marco de uma análise linguística que tomou emprestadas

noções-chave da teoria da comunicação (emissor, receptor, contexto). As quatro

dimensões seguintes são para ele:

- a oposição entre sincronia/diacronia;

- os usos linguísticos e as crenças a respeito dos usos;

- a extensão da diversidade, como uma tríplice classificação: diferenças

multidialetal, multilingual, ou multissocietal;

- as aplicações da sociolinguística como diagnóstico de estruturas sociais,

como estudo do fator sócio-histórico e como auxílio ao planejamento.

Bright, dessa forma, analisa o fenômeno linguístico paralelamente com o

fenômeno social, correlacionando os dois para poder entender e estudar a

sociedade.

Outro estudioso do fenômeno linguístico foi Labov (LABOV apud CALVET,

2002, p. 31), que estudando a influência negra no falar de Nova Iorque, constatou

que é preciso buscar a explicação da irregularidade das variações lingüísticas nas

flutuações da composição social da comunidade lingüística. O estudo da língua se

constrói partindo da análise da estrutura e da evolução da linguagem dentro do

contexto social.

Page 14: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

13

Basil Bernstein (BERNSTEIN apud CALVET, 2002, p. 25), especialista inglês

em sociologia da educação, será o primeiro a levar em conta, simultaneamente, as

produções linguísticas reais e a situação sociológica do falante.

Bernstein fez um estudo e constatou que as crianças pertencentes à classe

operária apresentaram uma taxa de fracasso escolar muito maior que as crianças

das classes abastadas. Outra conclusão que Bernstein chegou foi a de que as

crianças oriundas das camadas populares só possuíam um código linguístico restrito

e que as crianças pertencentes às classes sociais favorecidas dominavam tanto o

código restrito como o código elaborado.

Pude observar isso, fazendo minhas práticas de ensino em escolas da rede

pública onde a maioria dos alunos pertence a camadas sociais menos privilegiadas,

constatei, através da correção de redações, que os adolescentes têm bastante

dificuldade para se expressarem utilizando uma linguagem mais elaborada;

geralmente, se expressam utilizando uma linguagem mais coloquial, e também

constroem textos com vocabulário limitado. Isso, provavelmente, se deve ao fato de

os alunos não utilizarem uma linguagem culta em nenhuma esfera da sua vida

social, fora do ambiente escolar.

Page 15: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

14

3 A VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA

A língua é um fenômeno que se manifesta no mundo, ela é passada de

geração em geração para os indivíduos ocorrendo variações na forma como ela se

manifesta, pois não é algo fixo. As mudanças ao longo da história da sociedade

também interferem nas mudanças linguísticas das comunidades.

Além da variação social, outro fator relevante no estudo das línguas é o fator

geográfico. No Brasil, por exemplo, o falar de baianos, gaúchos, cariocas, paulistas,

entre outros, difere bastante devido às diferenças regionais, seja no campo

semântico, seja no campo morfológico ou sintático. Além disso, também há

diferenças entre os falares da comunidade rural e a comunidade urbana, e mesmo

nas camadas sociais de prestígio existe variação linguística na comunicação entre

os falantes.

Idade e sexo também são fatores que estão relacionados com as variantes

linguísticas, pois notamos na linguagem de homens e mulheres diferenças e

também na linguagem entre pessoas mais jovens e pessoas mais velhas. Para

comprovar isso, poderíamos citar o uso do diminutivo utilizado amplamente pelas

mulheres, como por exemplo, blusinha, jaquetinha etc. (palavras tão raramente

proferidas pelos homens). No que se refere ao fator idade, poderíamos utilizar, como

exemplo, o uso de gírias faladas por adolescentes e cujo significado é desconhecido

pelos mais velhos.

Para Alkmim (1999, p. 35), no que se refere às variações sociais, podemos

observar alguns exemplos indicativos que ilustram a fala de grupos situados abaixo

na escala social:

- Uso de dupla negação, como em “ninguém não viu”, “eu nem num gosto”;

- presença de [r], em lugar de [l], em grupos consonantais como em “brusa”

(blusa) e “grobo” (globo).

Uma das grandes dificuldades dos brasileiros é conseguir fazer distinção entre

a língua falada e a língua escrita. Por ser um país com uma pluralidade cultural

enorme, consequentemente, o Brasil possui uma pluralidade linguística muito

grande. Essas dificuldades, geralmente, são apresentadas quando os indivíduos

sendo introduzidos no letramento.

Page 16: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

15

Outro fator relevante para essa dificuldade são os papéis sociais que

assumimos e construímos a partir da interação com as outras pessoas. Quando

utilizamos a linguagem para nos comunicarmos, também estamos construindo e

reforçando os nossos papéis sociais. O nosso relacionamento em casa com nossos

filhos, pais, irmãos, esposo assume uma identidade linguística baseada na

oralidade, quando de pequenos começamos a ir para a escola e nos deparamos

com uma cultura baseada na escrita que chamamos de cultura de letramento.

Para Bortoni-Ricardo (2004, p. 25), na sala de aula, como em qualquer outro

ambiente social, encontramos grande variação no uso da língua, mesmo na

linguagem da professora que, por exercer um papel social de ascendência sobre

seus alunos, está submetida a regras mais rigorosas no seu comportamento verbal e

não-verbal.

Podemos concluir que, em todos os domínios sociais existem regras

estabelecidas, que determinam as ações que ali são realizadas, e mesmo nesses

domínios existem variações da linguagem, embora as variações ocorridas no

contexto familiar e nas atividades de lazer se dêem num grau mais elevado.

A língua tem aspectos variáveis estáveis e instáveis, ou seja, ela é um sistema

variável, indeterminado e não fixo. Portanto, a língua apresenta sistematicidade e

variação a um só tempo. A língua é uma atividade de natureza sóciocognitiva,

histórica e situacionalmente desenvolvida para promover a interação humana.

Page 17: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

16

4 A LÍNGUA PORTUGUESA E A VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA (OR ALIDADE X

ESCRITA)

A língua portuguesa , com mais de 240 milhões de falantes, é, como língua

nativa, a quinta língua mais falada no mundo e a terceira mais falada no mundo

ocidental. É o idioma oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné

Equatorial, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste,

sendo também falada nos antigos territórios da Índia Portuguesa (Goa, Damão, Diu

e Dadrá e Nagar-Aveli), além de ter também estatuto oficial na União Europeia, no

Mercosul e na União Africana. A Língua portuguesa é de origem românica, assim

como, o catalão, o castelhano, o francês, o italiano, etc.

Evidentemente, a Língua Portuguesa sofreu variações com o passar dos anos

e em contato com os diferentes povos. Devido à colonização dos portugueses,

passou por transformações e, assim, podemos afirmar que o Português falado no

Brasil é diferente do Português falado em Portugal, em Moçambique, em Cabo

Verde etc. Além disso, existem diferenças entre os falares dependendo da região do

país, o português falado em Minas Gerais, por exemplo, é diferente do falado em

Porto Alegre.

A Língua Portuguesa é rica em dialetos ou dialecto. Dialeto é a forma pela qual

uma língua é realizada em determinada região. No Brasil, existe o dialeto caipira, o

bahiano, o fluminense, o gaúcho, o mineiro, o paulista etc. Inclusive, existem obras

que tratam dessa variação dialetal, caso da obra Dicionário de Porto – Alegrês de

Luís Augusto Fischer, nessa obra o autor apresenta palavra e expressões exclusivas

e características do Rio Grande do Sul.

A língua é um sistema de signos é a forma humana de comunicação por meio

da utilização de códigos linguísticos. A língua manifesta-se através da fala. E a fala

manifesta-se de modo particular em cada indivíduo, seja devido a fatores étnicos,

geográficos, culturais etc.

A língua é um código que os indivíduos utilizam para enviar mensagens,

partilhar seus conhecimentos e para aprender. Ela é utilizada para os indivíduos se

comunicarem. Existem basicamente duas modalidades de língua: a língua falada e a

língua escrita. Ainda existem, também, os diferentes níveis de linguagem da língua

falada: a língua culta, ou língua-padrão e a língua cotidiana ou popular. Uma das

Page 18: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

17

principais dificuldades do estudante é saber detectar situações em que pode

comunicar-se de uma forma mais coloquial e quando deve utilizar a norma culta.

Os alunos chegam à escola para aprender a língua escrita culta porque já

possuem, desde os primeiros anos de vida, a capacidade de comunicarem-se

oralmente. O grande choque ocorre quando se dá conta que há diferença entre a

língua que utiliza com seus pares e a língua que o professor está tentando ensinar

na escola. O aluno não poderá transcrever da fala construções como “Eu vi ele

ontem”. A criança, até chegar à escola, está acostumada a utilizar somente a língua

falada que é espontânea, na escola terá que adaptar-se à utilização de regras

ortográficas e sintáticas que vão nortear o aprendizado da língua escrita, ou seja,

agora a língua passa a ser regida por normas gramaticais.

Entendemos por gramática, neste trabalho me refiro à gramática normativa, o

manual de regras de bom uso da língua falada e escrita, regras essas estabelecidas

pelos especialistas, com base no uso da língua pelos bons escritores.

O professor precisa perceber que os seus alunos estão inseridos, muitas

vezes, em contextos sócioculturais distintos. Além disso, existem fatores de extrema

relevância para o aprendizado da língua escrita como: os fatores regionais, os

fatores naturais que são os idade e os do sexo e, principalmente os fatores sociais.

Na linguagem oral, os indivíduos comunicam-se de maneiras diferentes de

acordo com a situação, necessidade, com sua personalidade etc. Há dessa forma, a

utilização na linguagem oral de dois níveis de linguagem: o nível culto e o nível

coloquial. O aluno deve sair da escola sabendo que a língua que faz uso para

comunicar-se com seus familiares não pode ser a mesma para realizar uma

entrevista de emprego, por exemplo.

A escola precisa estar aberta à pluralidade dos discursos para desenvolver a

competência comunicativa dos usuários da língua.

Todos sabem que existe um número de variedades lingüísticas, mas, ao mesmo tempo em que se reconhece a variação lingüística como um fato, observa-se que a nossa sociedade tem uma longa tradição em considerar a variação numa escala valorativa, às vezes até moral, que leva a tachar os usuários característicos de cada variedade como certos ou errados, aceitáveis ou inaceitáveis, pitorescos, cômicos, etc. (TRAVAGLIA, 2002, p. 41).

A pretensão deste trabalho não é fazer apologia ao uso coloquial da língua em

qualquer situação. O que se pretende é fazer uma reflexão sobre a importância de

Page 19: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

18

se abrir, na escola, espaço para análise da função de uso de cada uma das

variedades linguísticas. O processo de ensino-aprendizagem deve promover o

aprendizado não só da norma culta, mas de diversas variedades, inclusive aquelas

que o aluno domina.

Page 20: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

19

5 O PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Nos estudos lingüísticos é fundamental excluir a noção de “erro” que muitas

pessoas têm, dentre elas os próprios professores, com relação ao ensino da língua:

só poderíamos considerar “erro”, se cada cidadão errasse, individualmente, e de

modo particular, a forma de produzir determinado fonema, mas o que vem sendo

denominado como “erro” são as formas diferenciadas que as pessoas pertencentes

às camadas sociais estigmatizadas utilizam para se comunicarem.

A maioria dos professores não está preparada para lidar com a questão da

variação lingüística, em sala de aula, e acaba fazendo comentários infelizes: como,

por exemplo, que os alunos não sabem português, que as pessoas falam de forma

errada. Esse comportamento causa frustração nos discentes, fazendo-os acreditar

que não sabem a própria língua. Com isso, os profissionais de educação que

deveriam zelar pelo enriquecimento linguístico do aluno colaboram para que ele se

sinta inferiorizado e incapaz de se comunicar, utilizando sua própria língua.

Outro ponto preocupante é a noção, equivocada, que alguns professores têm,

de que a língua deve ser estudada a partir de análises de frases soltas, ou seja, não

contextualizadas. Essa prática está colaborando para o fracasso do ensino no Brasil,

e reforçando a idéia que muitos alunos têm de que o português é difícil.

Ninguém discute o fato da escola ser a responsável por fornecer aos alunos,

principalmente aos pertencentes às classes sociais menos favorecidas, a língua

culta, e é claro que a gramática normativa é importante para dar apoio a esse

aprendizado, pois é ela que rege as regras da língua. Porém o trabalho pedagógico

deveria adotar um enfoque mais científico da língua, não se limitando

exclusivamente ao uso da gramática que não explica a língua, só tenta, sem muito

sucesso, regulamentá-la. Além disso, o trabalho com uma única variedade, a

variedade padrão, leva o aluno a entender que a variedade que ele utiliza em casa,

ou com seus amigos é errada e não serve para ser analisada.

Trabalhar unicamente com a variedade padrão nas escolas e desconsiderar as

diferenças regionais e culturais em que a sociedade brasileira está inserida é ajudar

a contribuir para o fracasso escolar brasileiro, pois traz para sala de aula o estudo de

uma língua “abstrata”, com a qual o aluno não tem a menor familiaridade.

Page 21: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

20

Marcos Bagno (2002, p. 10) chama de crime pedagógico a obsessão, tão

presente, até hoje, nas escolas brasileiras, de desperdiçar mais de 70% das aulas

de língua com exercícios mecânicos de reconhecimento, classificação de classes, e

função de palavras. No que isso contribui para o ensino da língua? Será que, se os

textos mudarem e as frases mudarem, os alunos serão capazes de reconhecer as

classes gramaticais e as funções sintáticas das palavras? Será que isso é aprender?

O que a escola tenta, na verdade, não é ensinar ao aluno a Língua Portuguesa,

e sim uma das variedades dessa língua, a variedade padrão. Infelizmente a

metodologia adotada pelos professores não possibilita que o aluno:

- desenvolva ininterruptas habilidades de ler, falar e escutar;

- desenvolva o reconhecimento da realidade intrinsecamente múltipla, variável

e heterogênea da língua, realidade sujeita aos influxos das ideologias e dos juízos

de valor;

- construa um conhecimento sistemático sobre a língua, tomada como objeto

de análise, reflexão e investigação.

Não se pretende, de modo algum, eliminar da escola o estudo da gramática

normativa, mas direcionar melhor o trabalho com as questões linguísticas na sala de

aula para tornar o discente sujeito pensante e investigador dos fenômenos

linguísticos.

A tentativa de “reformar” ou “consertar” a língua do aluno só contribui para as

reprovações em massa e a evasão escolar, pois faz o discente acreditar que ele não

sabe a própria língua. Desse modo, estamos afirmando que o ensino da Língua

Portuguesa é sinônimo do ensino da norma culta, o que não é verdade.

Para desmistificar o conceito de que o brasileiro não sabe português devemos

lembrar o que afirmou Maria Marta Pereira Scherre.

Afirmar que uma pessoa que fala uma língua ou um dialeto sem prestígio não sabe falar é negar o fato de que todas as pessoas dominam as línguas às quais foram expostas. Na verdade, afirmar que uma pessoa não sabe falar significa que ela não sabe falar uma língua ou um dialeto de prestígio. E entre não saber falar e não saber falar uma língua de prestígio há, sim, muita diferença. (2005, p. 90)

Para Bagno (2002, p.20) o ensino da Língua Portuguesa no Brasil não trata

propriamente de uma língua, mas de uma idealização nebulosa de correção

linguística, a qual se dá geralmente o nome de norma culta.

Page 22: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

21

Contribuir para um ensino científico e mais abrangente da língua significa

possibilitar aos alunos a escolha da melhor forma para se comunicarem, tornando-

os, dessa maneira, poliglotas na sua própria língua. Trazer para sala de aula a

sociolingüística significa adotar uma pedagogia militante, respeitando a

heterogeneidade linguística, reconhecendo-a como uma propriedade reconstrutiva

da língua.

Devemos acordar com o que diz Bagno

Ora, a verdade é que no Brasil, embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não só por causa da grande extensão territorial do país – que gera as diferenças regionais, bastante conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito –, mas principalmente por causa da trágica injustiça social que faz do Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo mundo. São essas graves diferenças de status social que explicam a existência, em nosso país, de um verdadeiro abismo linguístico entre os falantes das variedades não-padrão do português brasileiro – que são a maioria de nossa população – e os falantes da (suposta) variedade culta, em geral mal definida, que é a língua ensinada na escola. (2003, p.16).

Existem alguns mitos que imperam na nossa sociedade em relação a nossa

língua, um deles é que o bom português é aquele falado em determinada região do

país, ora somos reconhecidos internacionalmente pela diversidade cultural que

apresentamos, é obvio que essa diversidade se reflete também através da língua.

Todos os falares são válidos. De norte a sul do Brasil existe uma riqueza incrível de

expressões que faz com que cada região se diferencie das demais e isso não é um

fator negativo, pelo contrário enriquece ainda mais nossa cultura.

Outro mito existente diz que o português correto é aquele falado em Portugal,

devemos nos lembrar de que não somos mais colônia de Portugal e sim um país

autônomo que deve cultuar sua língua e não criticá-la.

A escola tem uma função essencial na formação do aluno porque o prepara

para enfrentar, posteriormente, o mercado de trabalho. Esse aluno compete, muitas

vezes, com pessoas que tiveram um acesso maior à informação e a uma educação

de maior qualidade, obviamente, este aluno estará mais preparado que aquele.

Cabe não só a escola, mas a sociedade como um todo não contribuir para aumentar

ainda mais essas desigualdades tão latentes na sociedade atual. Contribuir para

prática de um ensino transformador que vá além do estudo da gramática deve ser a

função de todo professor de língua.

Page 23: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

22

Muitas vezes, nós, professores, menosprezamos a capacidade cognitiva de

nossos alunos, não raro ouvimos de professores frases como: “Não adianta cobrar

muito, ele não será capaz de entender o que estamos explicando”. Dessa forma,

estamos nos abstendo do nosso papel de educadores: que é o de formar sujeitos

capazes de interagir na sociedade. Esse indivíduo terá de sair da escola com

capacidade critica e reflexiva, terá de ser capaz de pensar e agir contribuindo com

idéias e pensamentos que o façam interferir de forma determinante nos fatos que

fazem parte da sua vida e da sociedade à qual pertence. Infelizmente, o que

encontramos na sociedade atual são pessoas sem qualificação profissional, a

maioria possui dificuldades para interpretar e redigir textos. Os alunos, em sua

maioria, não lêem e, cada vez mais, utilizam como ferramenta para obter

informação, apenas a televisão.

Page 24: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

23

6 ENSINO DA LÍNGUA MATERNA

Os professores dos primeiros anos do ensino primário têm uma tarefa que é

de suma importância para o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos: ensinar um

código lingüístico, e mais do que isso, ensinar normas que regem esse código.

Desde os primeiros anos de vida aprendemos a falar através de estímulos que

recebemos de nossos pais e familiares, quando estamos na faixa dos seis ou sete

anos de idade vamos para escola vivenciar uma das experiências mais significativas

em nossas vidas: aprender a ler e a escrever.

Cabe à escola, e mais especificamente ao professor, nos orientar para que

possamos desvendar o código linguístico escrito da sociedade à qual pertencemos,

mas essa aprendizagem apesar de ser extremamente significativa, nem sempre é

tão fácil quanto parece.

Vamos nos deparar na escola com regras gráficas. Uma delas é que às vezes

um mesmo som pode ser representado por duas letras distintas, como por exemplo,

xale, chaleira, cebola, sebo, entre outras. Aí vem nosso primeiro desafio, como

saber quando utilizar uma ou outra letra? Por diversas vezes, vamos errar até

assimilar esse conhecimento. Esse conhecimento se dá pela comparação das

palavras quanto à forma, procurando perceber suas semelhanças no que se refere

aos radicais. As dúvidas persistem até percebermos que há radicais comuns (no

significado e na forma) que decidem a grafia. Também a leitura minimiza tais

problemas. Essa que é tão difícil de introduzir no cotidiano dos nossos alunos, talvez

devido a uma cultura em falte tal hábito, mas não vamos aqui aprofundar o tema da

leitura.

A principal ferramenta utilizada pelo professor na sala de aula para ensinar as

normas que regem nossa língua escrita é a gramática normativa, mas temos que

entender que a gramática nos dá o conhecimento das normas, porém para sermos

bons redatores ou escritores não precisamos conhecer todas as nomenclaturas e

particularidades da prescrição normativa.

Vale trazer à memória o que disse Maria Scherre

O ensino de gramática normativa - embora interessante – tem pouco a ver com o processo da escrita ou da leitura. Da gramática normativa, para este fim, creio ser suficiente ser suficiente o conhecimento de normas de

Page 25: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

24

ortografia, de normas de pontuação e de aspectos sintáticos específicos da escrita, que, ainda assim, exceto talvez no que diz respeito à ortografia, podem apresentar variações em função do tipo de texto escrito produzido. (2005, p.141).

Para Maria Scherre (2005, p. 40), o conflito que se estabelece na mente das

pessoas e dos alunos, em particular, é que, na maioria das vezes, se ensina na

escola gramática normativa como se estivesse ensinando língua. Ainda para

Scherre, a pesquisa lingüística e o ensino de gramática normativa ou descritiva

devem fazer parte de nossas preocupações com a linguagem.

Partindo do pressuposto que todo aluno chega à escola sabendo comunicar-

se oralmente, cabe ao professor, transmitir ao indivíduo regras gráficas,

morfológicas, sintáticas que fazem parte do código lingüístico escrito. Para isso, o

docente utiliza, como uma das ferramentas, a gramática normativa, pois ela irá

auxiliá-lo na tarefa de fazer o aluno entender que nem sempre escrevemos como

falamos e que nossa língua oral é diferente da escrita, e mais do que isso, vamos

ensinar normas que regem esse código linguístico.

Um dos pontos importantes desse trabalho se refere às dificuldades que os

alunos pertencentes às camadas sociais menos favorecidas possuem para

expressar-se (oralmente e textualmente), utilizando um código que Bernestein

denominou de código elaborado. Dificuldade essa que os alunos pertencentes às

camadas privilegiadas não possuem ou possuem em menor grau.

Certamente, não podemos esperar que a escola resolva todos os problemas

sociais existentes no país. Apesar disso, penso que seria um bom começo a

utilização de uma pedagogia em que os professores tomem consciência dos usos

que fazemos de nossa língua, para poderem levar os alunos a fazerem o mesmo.

Muitos alunos saem do ensino médio sem saber compreender aquilo que

lêem, ou seja, fazem uma leitura mecânica, apenas decodificam as letras. A

pergunta que se faz é como esses alunos ficaram 11 anos (ou mais) na escola e não

são capazes de ler e interpretar? E o mais alarmante como conseguiram chegar ao

ensino médio? O que temos que pensar é como a escola pode contribuir para,

efetivamente, formar cidadãos poliglotas em sua própria língua?

Devemos relembrar o que nos sugere Maria Scherre

O domínio da língua materna, entendida como primeira língua, é natural. Não requer ensino. O domínio de gramáticas normativas, de segundas línguas estrangeiras, de processos de leitura e de processos de escrita, este sim, é adquirido. E, para ser adequadamente adquirido, requer ensino

Page 26: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

25

eficiente e exercício exaustivo. Aprende-se a escrever, escrevendo; escrevendo textos que façam sentido, textos de múltiplos sentidos. Aprende-se a ler, lendo; lendo textos que também façam sentido, que provoquem prazer. (2005, 9.140).

Para Bortoni-Ricardo (BORTONI-RICARDO APUD KLEIMAN, p.141), os alunos

devem sentir-se livres para falar em sala de aula e, independente do código que for

usado – a variedade ou variedades não-padrão. Qualquer aluno que tome o piso em

sala de aula deve ser ratificado como um participante legítimo da interação. Uma

forma efetiva de o professor conferir esta ratificação é dar continuidade à

contribuição do aluno, elaborando-a e ampliando-a.

Estimular, nas aulas de língua, um conhecimento cada vez maior e melhor de

todas as variedades linguísticas para que a sala de aula não seja um espaço para o

estudo exclusivo de apenas uma variedade linguística deve ser o objetivo do

professor realmente engajado na tarefa de transmitir o conhecimento e o

reconhecimento de uma língua viva com multiplicidade de formas e usos. Todos os

usos são validos, desde a linguagem mais “descuidada” até aquela mais elaborada,

vai depender do contexto comunicativo ao qual o indivíduo está inserido.

Para Bagno, (2002, p.61) podemos partir da gramática, pois é uma ferramenta

tradicional e acessível para depois empreender uma nova teorização e investigação

do fato estudado. Conforme Bagno, as aulas de língua materna devem revisar,

criticar e reformular teorias e não perpetuar doutrinas sem questioná-las.

Para Bagno (2005, p.142), uma das decisões que o professor deve adotar, em

sala de aula, é aceitar a ideia de que não existe erro de português e, sim, diferenças

de uso ou alternativas de uso, em relação à regra única, proposta pela gramática

normativa. Além disso, Bagno nos diz que a ortografia é artificial, mas que a língua

é natural. Existem línguas que não têm escrita, embora tenham gramática.

Para Bortoni-Ricardo (2004, p. 37) o professor não sabe muito bem como agir diante dos chamados “erros de português”. Estamos colocando a expressão “erros de português” entre aspas porque a consideramos inadequada e preconceituosa. Erros de português são simplesmente diferenças entre variedades da língua. Com freqüência, essas diferenças se apresentam entre a variedade usada no domínio do lar, onde predomina uma cultura de oralidade, em relações permeadas pelo afeto e informalidade, como vimos, e culturas de letramento, como a que é cultivada na escola. (BORTONI-RICARDO, 2004, 37).

Para ensinar o discente a estudar o funcionamento da língua, é preciso antes

que ele saiba falar, ler e escrever bem. Para isso, é necessário que o professor

Page 27: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

26

adote uma postura investigativa sabendo identificar o nível de conhecimento

linguístico do seu aluno.

Conforme Menegat (2007, p.53), o desempenho do professor de língua

materna depende de conhecer o estudante e sua habilidade no trato com a língua.

Fazer um diagnóstico mais preciso acerca da competência textual de seus alunos

lhe permitirá organizar aulas adequadas ao nível de desenvolvimento lingüístico dos

estudantes.

Ainda para Menegat (2007, p. 54), o estudante deve ser iniciado na prática à

consulta; contribui, para isso, o hábito de pesquisa em gramáticas e dicionários,

razoavelmente completos e conformes com um padrão de língua atual. É preciso

mostrar-lhes que a língua reflete as variações resultantes do uso pela comunidade; e

que, mesmo se organizássemos uma Gramática do português falado no Brasil – por

exemplo, entre 1970 e 1990 –, a partir do ano 2000, ela estaria desatualizada e o

professor precisaria realizar novos ajustes.

O ensino deve centrar-se no aluno e um dos objetivos dos professores de

língua materna é aprimorar as habilidades lingüísticas que os alunos já trazem do

seu contexto social. Esse processo depende de identificar suas habilidades e

reconhecer suas dificuldades de linguagem e trabalhar a partir dessa realidade.

Para Menegat (2007, p. 56), o método de ensino em língua materna – com

base na memorização de conceitos em detrimento da criação, da aplicação de

mecanismos gramaticais em frases isoladas (não em trechos breves ou textos

integrais) – é mantido, segundo parece, por insegurança ou comodidade. Se a

instituição escolar e o professor de língua materna tiverem objetivos mais definidos

de ensino, haverá maior clareza e funcionalidade nos programas (em o que ensinar)

e nos métodos (como ensinar).

Uma das práticas que contribuem para um ensino eficaz da língua é trabalhar

com textos que apresentem diferentes níveis de linguagem. Trazer para sala de aula

a variação lingüística é proporcionar aos alunos o contato com diferentes formas de

linguagem, inclusive aquela que ele já domina.

Conforme Menegat (2007, p. 60), para desenvolver a aptidão no trato com o

texto o professor pode apresentar aos alunos textos que retratam a variação

linguística, níveis de uso da linguagem e alteração de registro propondo que eles

modifiquem do modelo coloquial para o texto padrão ou vice-versa.

Page 28: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

27

Em todas as aulas de língua partir do estudo de textos pode ser uma

alternativa viável para obter melhores resultados no ensino de língua materna. Além

disso, trabalhar com textos de gêneros diversificados, como por exemplo: o conto, o

mini-conto, a poesia, blog, crônicas etc., escritos em diferentes níveis de linguagem,

também contribuem para proficiência em leitura e autonomia na produção de textos

escritos.

Page 29: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

28

7 CONCLUSÃO

De acordo com o que pôde ser observado no decorrer desta pesquisa, a língua

é viva e acompanha um povo ao longo dos tempos. Ela muda e reinventa-se

juntamente com os indivíduos. Da mesma forma que a humanidade evolui e se

modifica com o passar dos anos, a língua acompanha essa evolução e varia de

acordo com os diversos contatos entre pessoas pertencentes a comunidades

distintas. Essa variação faz parte do fenômeno constitutivo da linguagem e nenhuma

dessas variações pode ser considerada melhor ou pior que outra, elas apenas são

distintas.

O Brasil possui muitos dialetos e tem uma diversidade cultural muito grande.

Somos fruto de diversas misturas resultantes do contato entre negros, índios, e

europeus em geral, por isso, é natural que existam tantas variações lingüísticas em

nosso país. Infelizmente, um dos preconceitos presentes em nossa sociedade é o

preconceito lingüístico que afeta principalmente os indivíduos pertencentes às

camadas sociais menos favorecidas.

Trabalhar com a diversidade lingüística em sala de aula de modo a evitar a

reprodução das desigualdades sociais e dos perversos preconceitos que elas

suscitam deve ser o objetivo de todo professor compromissado com um ensino de

maior qualidade e mais consciente do seu papel na sociedade contemporânea.

Desmistificar o chamado “erro de português”, contemplar os fenômenos da

variação e mudanças lingüísticas de modo mais consciente e embasado

cientificamente é garantir um processo de ensino-aprendizagem em que a norma

padrão não seja a única cultuada e a gramática normativa a principal ferramenta

pedagógica utilizada. A escola deve estar aberta à diversidade dos discursos e deve

comprometer-se com a formação plena do cidadão e contra qualquer forma de

exclusão social pela linguagem.

O costume de refletir sobre as questões linguísticas, infelizmente, não é uma

prática muito presente nas escolas e quando acontece, geralmente, é condicionada

pela gramática normativa. A valorização da criatividade do aluno em detrimento a

valorização excessiva das regras gramaticais ajudará a promover um ensino que

relacione e contemple a linguagem e a gramática, promovendo dessa forma um

aprendizado significativo.

Page 30: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

29

Page 31: ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS, VARIAÇÃO · PDF filecada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a ... concepções sobre língua embasadas no marxismo surgiram já em

30

REFERÊNCIAS

ALKMIM, Tânia. Sociolingüística. In: MUSSALIM, Fernanda; Bentes, Anna Christina (Orgs.). Introdução à lingüística 1 : domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001

BAGNO, Marcos; STUBBS, Michael; GAGNÉ, Gilles. Língua Materna : letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola, 2002.

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico o que é, como se faz . 26. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Marxismo e filosofia da linguagem . Trad. Michael Lahud e Yara Frateschi. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

BORTONI-RICARDO, Stella M. A sociolingüística na sala de aula : educação em língua materna. São Paulo: Partábola, 2004.

BORTONI, Stella M. Variação lingüística e atividades de letramento em sala de aula. In: KLEIMAN, Angela B. Os significados do letramento . São Paulo: Mercado de letras, 2005. p. 119-144.

CALVET, Louis-Calvet. Sociolingüística : uma introdução crítica. Trad. por Marcos Marcionilo. 3. ed. São Paulo: Parábola, 2002.

MENEGAT, Clarice Teresinha Arenhart. Ensinar língua ou linguagem: todos somos professores de linguagem. Cadernos La Salle, Canoas: La Salle, v. 2, n. 4, p. 53-64, 2007.

SCHERRE, Maria Marta Pereira. Doa-se lindos filhotes de poodle : variação lingüística, mídia e preconceito. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação : uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2002.