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ETNOGRAFIA PRINCÍPIOS E EXPERIÊNCIAS Thiago Oliveira [email protected]

Etnografia - Thiago

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ETNOGRAFIA

PRINCÍPIOS E EXPERIÊNCIAS

Thiago [email protected]

Contextualizando

Etnografia como método por excelência da Antropologia.

Etnografia, evolucionismo e a fenomenologia;

Elementos basilares: como se faz etnografia na antropologia?

ALTERIDADE

A alteridade é o jogo através do qual se constitui e se delimita a diferença em antropologia. Também é a medida do contato com o outro, com o (por vezes nem tão) diferente. Na pesquisa etnográfica a alteridade é não apenas o jogo de interação, de deixar dizer e aprender a ouvir, mas também a síntese da própria experiência, o encontro.

RELATIVISMO

O relativismo é um dos conceitos mais controversos da Antropologia na contemporaneidade. Se por um lado é um dos seus conceitos constituintes em termos históricos, por outro lado tem sofrido duras críticas na emergência de uma ciência social pautada pela crítica da cultura. O relativismo em princípio se propõe a uma fuga ao modelo racionalista etnocêntrico e compreende a interpretação da experiência humana a partir dos referenciais sociais, culturais e históricos dos grupos estudados.

PONTO DE VISTA

O ponto de vista é a chave de articulação entre a experiência da alteridade e a tentativa de relativismo.

A etnografia é descrita por atures com Clifford Geertz como um “olhar sobre os ombros” das experiências dos grupos sociais: o que esse grupo pensa que faz, por que pensa que faz e como pensa que faz? A construção da pesquisa se estabelece desde o ponto de vista nativo e através da vivência do pesquisador. Impõe um deslocamento, um “descentramento”.

O QUE NÃO É ETNOGRAFIA

Observação Participante

(Transcrições de) Entrevistas

Detalhismo

Crença na etnografia como um processo de descrição exaustiva;

Ênfase no olhar do pesquisador sobre a experiência do outro;

Invisibilização da vivência do pesquisador nesse outro contexto cultural.

Etnografia enquanto metodologia x observação participante enquanto técnica da antropologia clássica;

Ênfase no processo;

Construção do cenário: quem faz o quê na experiência social etnografada?

O paradigma da técnica e a busca das fontes;

Transcrição como legitimidade, ou “autoridade etnográfica”

De quem é a etnografia?

A CONSTRUÇÃO DA

ETNOGRAFIA

Quais elementos estão envolvidos na construção da pesquisa etnográfica?

Biografia do pesquisador

Opções teóricas

Experiência vivida

Por que pesquisar esse tema e não outro?

Que relação o pesquisador tem com o tema ou com o grupo que pesquisa?

Como contornar a percepção individual prévia à experiência?

Biografia do Pesquisador

Trabalho de Campo

Na pesquisa etnográfica, o trabalho de campo é inserido e incentivado a partir da escola de Cambridge, em especial com antropólogos como Haddon, Seligman, Malinowski e Rivers.

Trabalho de campo como rito de passagem: estar aqui e estar lá.

Etnografia como experiência vivida

A distinção entre o trabalho de campo do pesquisador e a experiência de qualquer outro, a exemplo de um viajante, é a reflexão estabelecida pela experiência e mediada através de referenciais teóricos pertinentes dentro da literatura especializada.

A etnografia, como disse Geertz, se caracteriza pelo esforço intelectual que se empreende.

Referenciais Teóricos

Imparcialidade e Objetividade

A etnografia não é um método positivo, tampouco se pretende à representatividade estatística.

A imparcialidade na pesquisa etnográfica remete à tentativa de construção de um cenário tão amplo e ao mesmo tempo específico quanto possa ser possível.

Sua objetividade reside no esforço de tornar visível a diversidade da experiência humana. Não se trata de isolar um elemento para sua posterior verificação, mas de registrar, em um determinado contexto e momento uma forma particular de ser e agir no mundo.

ETNOGRAFIA E TRABALHO DE

CAMPO

É por uma razão muito profunda, que se prende à própria natureza da disciplina e ao caráter distintivo de seu objeto, que o antropólogo necessita da experiência do campo. Para ele, ela não é nem um objetivo de sua profissão, nem um remate de sua cultura, nem uma aprendizagem técnica. Representa um momento crucial de sua educação, antes do qual ele poderá possuir conhecimentos descontínuos que jamais formarão um todo, e após o qual, somente, estes conhecimentos se "prenderão" num conjunto orgânico e adquirirão um sentido que lhes faltava anteriormente.

(LÉVI-STRAUSS, 1991, p. 415-416).

Claro que não é possível, nem necessário, que o mesmo homem conheça por experiência todas as verdades de que fala. Basta que tenha, algumas vezes e bem longamente, aprendido a deixar-se ensinar por uma outra cultura pois, doravante, possui um novo órgão de conhecimento, voltou a se apoderar da região selvagem de si mesmo, que não é investida por sua própria cultura e por onde se comunica com as outras. (MERLEAU-PONTY, 1984, p. 199, 200, grifo meu)

“Segundo a opinião dos livro textos, praticar a etnografia é estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário , e assim por diante. Mas não são essas coisas, as técnicas e os processos determinados, que definem o empreendimento. O que o define é o tipo de esforço intelectual que ele representa: um risco elaborado para uma “descrição densa”GEERTZ, Clifford. 2003, p.68)

A etnografia não é um método, tampouco uma técnica, antes é uma metodologia.

Enquanto produção acadêmica está vinculada a uma produção deveras refinada, um equilíbrio sutil entre a experiência do outro e a vivência pelo pesquisador dessa outra experiência.

Como tal, a etnografia pode recorrer para sua constituição a um amplo arsenal de técnicas e métodos acessórios, dentro os quais o trabalho de campo e a observação participante são estratégias possíveis, mas não indispensáveis.

PENSANDO A RELAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO:

ETNOGRAFIA E MEIO AMBIENTE

Caso 1 – as queimadas no sertão paraibano

Qual a relação entre os alunos e a experiência da queimada?

Quais os atores envolvidos?

Pré-suposição dos valores do pesquisador: bom x ruim, para quem?

A clivagem de saberes (eu x outro) – quem ensina quem?

Etnografia e mediação

A importância de entender os fenômenos a partir das lógicas culturais por trás das ações dos grupos: qual o ponto de vista nativo sobre as queimadas?

A composição do cenário: quem está envolvido na situação?

Aproximação com os diferentes atores: qual o lugar ocupado pelo etnógrafo?

Qual a função do etnógrafo em campo?

Silva, 2012

“tradição” e tradição

Saberes populares x saberes científicos?

A Circulação dos saberes: técnicas x trocas

Propriedades: visões etnocêntricas – a quem pertence esses saberes?

Caso 2 – Kampô – a vacina do sapo

CARNEIRO DA CUNHA, 2009

FimObrigado

Thiago [email protected]

Referencial Bibliográfico CARNEIRO DA CUNHA, M. M. “cultura” e cultura:

conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. In.: Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1978.

_____. Local knowledge: further essays in interpretive anthropology. Nova Yorque: Basic Books, 1983.  

LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991.

MERLEAU-PONTY, M. De Mauss a Claude Lévi-Strauss. In: MERLEAU-PONTY, M. Textos selecionados. São Paulo: Abril Cultural, 1984. p. 193-206.

SILVA, Maria Andresa. Educação Ambiental em Unidades de Conservação na Caatinga: atividades educativas em escolas do entorno da RPPN Fazenda Almas . (Relatório Final de Pesquisa). João Pessoa: UFPB, 2012.