75
EUGENIO SIQUEIRA DA COSTA JANELA Curitlba 2003 Monografia apresentada ao Curso de P6s-Graduayao em Cinema da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito para obten<;ao de Grau de Especialista em Cinema. Otientadora: ProF MSc. Denise Azevedo Duarte Guimaraes.

EUGENIO SIQUEIRA DACOSTA JANELA obten

Embed Size (px)

Citation preview

EUGENIO SIQUEIRA DA COSTA

JANELA

Curitlba

2003

Monografia apresentada ao Cursode P6s-Graduayao em Cinema daUniversidade Tuiuti do Parana,como requisito para obten<;ao deGrau de Especialista em Cinema.Otientadora: ProF MSc.Denise Azevedo Duarte Guimaraes.

SUMARlO

lNTRODUCAO.

1. "Meshes of tbe Afternoon", de Maya Deren ...

2. "Prospera's Books", de Peter Greenaway ...

3. Videopoesia ..

4. A Imagem Recortada .

4.1 PIanos de Camera .

4.2 Edi~iio Digital....

5.0 Curta ••JANELA ••...

5.1 Argwnento ...

5.2 Roteiro ..

5.3 Roteiro Tecnico ...

CONSIDERACOES FINAlS ...

ANEXOS ...

GLOSSARIO ....

BlBLIOGRAFlA .

FlLMOGRAFIA .

SITES ...

. 04

....... 06

. 11

. 18

. 25

. 28

. .32

. .49

. "' 51

. 53

. 56

. 61

. 65

. 69

. 74

. 75

. 75

INTRODU(:AO

Com este projeto de fOleiro com memorial, pretendo destacar alguns aspectos

significativos acerca dos enquadramentos no cinema, a fim de que passa fannar repertorio, para

chegar ao resultado de wn rateiro original intintlado "JANELA".

Tendo como ponto de partida 0 filrne "Meshes o/the Afternoon" (1943), de Maya Deren,

pude perceber que, em sua narrativa visual, existem vanas janelas que recortam 0 olhar do

espectador. lanelas essas que nao 56 a da propria camera, mas tambem de oUlares subjetivos da

protagonista, em janelas das casas no filme. Observei tambem wn outro personagem que sugere a

representalf3.0 da morte, ao usar wn espelho em seu rosto. Vale ressaltar que busco, em tennos de

iinguagem, apenas a questao do recarte da irnagem, pois penso que janelas, espelbos, cameras

fotograticas, outdoors, etc. recortam 0 olhar do espectador. Nelson Brissac Peixoto nos diz, nesse

sentido, que as "C ..)jane/as, espelhos e enquadramenros servem para/ragmentar objetos e cenas

e disp6.Ios segundo outras constela9iJes. C ..)" (in: PARENTE, pag. 19).

Mais recenremente, temos no circuito cinematogrifico 0 polemico cineasta Peter

Greenaway, que explora a questao do recarte, em seu filme "Prospera's Book". 0 filme,

traduzido no Brasil como "A Ultima Tempestade" (199), exibe para 0 publico varios recortes

com janelas digitais, numa profusao de imagens, em qu.e 0 resultado piastico somente foi obtido

com 0 uso das tecnolagias de edic;:ao digital.

Apropnando-me do tenno "JANELA", com 0 qual intitulei este projeto, pude perceber

que esta palavra e urn anagrama, ou seja, que e possivel a construyao de outras paiavras a partir

05

da mesma palavra; construyao essa ja bastante explorada pelos poetas concretas e que, mais

tarde, tambem foi utilizada em videopoesias ou ciipoemas.

Sendo assim, dentro desse contexto a que me proponho elabornr a raleiro, explorando nao

56 a aspecto visual como os recones das janelas, procurarei construir tambem textos animados

que percorrerao lOda a narrativa do video, esperando ter, a partir dos referenciais supracitados,

como resultado final, urn curta original.

I. "MESHES OF THE AFTERNOON", de MAYA DEREN

Na cidade de Kiev, oa Ucrania, nascia em 1917 Eleonora Derenkovskaya (Maya Deren),

que mais tarde se tomana urna das mais irnportantes figuras do cinema de vanguarda dos anos 40

e 50. AlCtn de "Meshes of the Afternoon" (1943), Deren atucu e desenvolveu ourros cl<issicos do

cinema experimental, como: "At Land" (1944), "A Study in Choreography for Camera " (1945) e

"RilUai in a Transfigured Time" (1946).

Com "}vfeslles a/the Afternoon" (1943), Maya Deren sinalizava, nada mais nada menos,

que 0 surgimento das prodll~5es cinernatognificas do Avant·Garde americana. Este filme tenta

abordar varias experiencias vividas e que estao guardadas no interior do ser humane. Ele HC...)

reproduz a mane ira em que 0 subconsciente de um individuo se tomara, se interpretard e se

elaborard 11m inddente aparentemente simples e ocasional em lima experienda emocional

critica". (bttp:llwww.darkworld.comlportlliterature/communityfNon/4pg2.html#meshes).

De acordo com a propria Maya, a narrativa e extremamente simples:

"Uma menino esla indo a casa de uma outra pessoa. No caminllo depara·se comjlores,

escolhe lima delas e encominlla·se para a escadaria da casa. Perceba 00 seu redor a

sombra de uma pessoa junto a ela. Levanto·se na escada. Encontra a porta da /renle

fechada, elisa slia chave para abr;r e entrar. Sat a proCllra na coso lenlando enconlrar a

pessoa que veto ve·/a. Proximo as escadas de dentro do casu encontro uma faca e um

lelefone fora do gancho. Sobe as escadas e fa se desenrola a segunda hiSIOria. No quarto

do segundo piso da casa, encontra lima cama desarrumada e disco 0 lefe/one. Parecio

6bvio que a/gm}m enlrara na coso permanecendo numa es!adia curia anles que ela

chegasse. Aproxima·se a frenle de uma janela grande e observa a rlla ao lange 10

embaixo e cat adormectda. As tmagens que acabou de observar servtram apenas para

come~ar a circllnda·/as em sell sonho. Nesla seqiiencia depara·se com seus Ires "ells ",

07

porque ainda se observa c/a dorm indo no cadeira. Maya e Sasha "tinham se relacionado

primeiramente com 0 usa de /ecnica cinematica de wi maneira que cria1n um !nunda a seu

respeilo: para co/DCaI'no ii/me 0 sentimento dus experiindas humanas que me/hor se

traduzem para registrar exatamente 0 incidente ... no qllal muila coisa que aconlece no

primeira seqllencia do peiicu/a se fe/adona com incidente. porim. as quedas do menino

adormecida e 0 sonllo consistem no manipllfariio dos elementos do il/eidente. Tudo que

acontece no SOl/lw lem SilO base em lima sugestdo na primeira seqiiencia - a foca. a

chave, a repelif;fio dos escadas, ajigura que desaparece em !orna ciacurva do estrada. ,.

(http://www.daricworld.com/port/literature/communityiNonJ4pg2.html#meshes).

Neste fihne, Maya Deren vai de encontro a reatidade objetiva. Com a usa da momagem,

as objetos se fundem, a(j:oes simples, como subir uma escadaria, tornam~se dificeis; e par tim, nao

se consegue concJuir realmente se a protagonista que acordou se matou ou se apenas se perdeu

em wn soohoo A tranqiiilidade das cenas chega a chamar a aten(j:ao, explorando de maneira

magnifica a ooirico e as conven(j:6es de representa(j:ao, deixando 0 espa(j:o, a tempo e as conexOes

causais da narrativa submersas nas op(j:oes visuais com que a narrativa suicida se desenrola. 0

filme

"( ...) parlillla desJe lirismo onirico. envolvendo a SilOpeqllena narraliva em slicessivQS

encaites onde se reconla ad infinitum 0 vivido emfusi10 com a sonhado. eslntluro de que

va; resllilando nllma ocumulo<;do de simbolos que, no reeorreneio do reeserita, ode/lSom

o espa<;oonirico ate ao desenlace trcigico. (...)"

De conteudo intrigante, a filrne tern a capacidad~ de abordar suti1mente 0 inconsciente do

ser hwnano, explorando as pontos de vista do universo feminino e tambem do masculino. Maya

nao trata somente das quest6es ferninistas nwna sociedade machista, mas desperta tambem nos

espectadores uma intensa experiencia dramatica. Ela explora as vivencias do ser humano, em que

08

personalidades multiplas, mostradas em seqOencias code 0 tempo e 0 espa«;:o se di/aram.

A relayao que 0 filme tern com 0 publico chega a ser tao intensa, que alguns de nos

podemos nos identificar. A cena em que a personagem encapuzado e constantemente perseguido,

porem DUlleae alcanyado, e alga semelhante com 0 que acontece em nassos sonhas. Em algumas

situ3yoes, 0 tempo nWlca e rapido (ou leota) 0 suficiente para se conseguir alcanyar urn objetivo.

transmitindo-nos dessa maneira uma sensayao de agonia, ao tentannos nos mover na velocidade

ideal para solucionar 0 problema. Essa explorayilo do tempo e do espayo no filme tern uma

reJayao direta com 0 nossa subconsciente, code criamos mundos e tempos imagimirios, que sao

impressoes de nassos sentirnentos verdadeiros.

Destaco esse personagem encapuzado como sendo wn dos motivos que me chamou a

alen~ao para a sele~ao deste filme. 0 ponto de partida para a cria~ao de urn video, a que me

proponho, brolou justarnente na surpresa que surge na rela~ao com 0 espectador. No momento

em que a personagem encapuzado deposita a flor e oilia para a camera, percebemos nele wn

espefho ao inves de seu rosto. Espeilio este, que pode representar a consciencia interior do ser

humano, sugerindo tambem, aos espectadores masculinos, a sua propria irnagem de rosto seodo

refletida no personagem. Em estado de smilio ela (Deren) 0 persegue constantemente e quando e

despertada pelo bomem (Hammid, seu namorado na peHcula), percebe que ele repete algumas das

mesmas a~oes que tinharn se passado em seu sonho, como urn auteotico deja-vu. Realidade e

fantasia na narrativa aqui se mesc\am, assim como a flor que foi colocada em sua cama no inicio

de seu sonho, e que Hammid faz exatamente a mesma coisa, depois que ele a desperta desse

pesadelo. Tambem sao explorados fla narrativa, os significantes: a faca, a chave e a flor, que, ao

serem reintroduzidos repetidas vezes, entre 0 vivido e 0 sonhado, abrem seus verdadeiros

sentidos de utiliza~ao na trama, possibilitando multiplas leituras dos signos. Alem desses

09

elementos, pode-se nolar lambem a exp1orncao que se deu no filme das artes piaslicas. com a

utilizayao do c1aro/escufo. 0 que confere maior dmmaticidade as cenas. Deren, ao abordar 0

onirico, lenta explorar as multiplos sentimentos e sensayoes que tambem estao presentes nos

sonhos. No fihnc, tem-se a sensacao de que cia parece infcliz, e percebe-se que acaba

sucumbindo, diante dos valores tradicionais de urn relacionamenlO entre um hornem e ullla

mulher. Entretanto,

"C ..) () fronieo aqlli, e qlle qllando 0 SOl/ito [or jina/mente encontrar slia propria

identidade pessoa/ ncsle relaciollamenlO cOl/venetonal. l1%-se 11mselllido de seglfrall9G

qllando acordada pe/o homem. C.T(hup:lI"ax.wcslI.cdu!-MCCARNEY/f"alMcshcs_of_lhc_Aflcmoo_953.hllnl).

o jogo de reiacoes aparece de maneira explicita no filme. no qual a mulher faz 0 papel de

desamparada que necessita do homem para protege-Ia C 0 homem fica numa cOllslallte tentativa

de encontrar seu verdadeiro ego. Outro motivo interessante que destaco para selecao deste filOle,

que serviu como repertorio para a producao do meu curta, e 0 olhar recortado da persollagem de

Maya do mundo visto atraves de jallelas (quadradas e redondas) na narraliva do filmc. Ela

observa., quase que de maneira passiva, seus sonhos passarem hi fora, no mundo que parece !laO

exislir em sua vida real, apresentando uma persollagem em crise de identidade e a sua elerna

busca de sua propria. em urn mllndo cOllfuso e em constanle mudanca.

I'imlle de "J\/e.rhe.r Of tile i1jtemQolI" (1943) de Maya Den..."1l.

10

Segundo Nicole Brady. "( ..) 0 relralO lenddrio deja alrds do vidro com silas maDs

pressionadas de encontro a jane/a. no ii/me, e j'Usramenre a jmagem que 0 pliblico gosraria de

ver. (..y. (http://vax.wcsu.edul-MCCARNEY/fvaIMeshes_oUhe_Afternoo_953.html) ISlO e, a

imagem de uma mulher forte e corajosa, que tada mulher gostaria de seT oa epoca. PaTern, nao e 0

que se observa no transcorrer do filme, que mostra wna personagem em constante conflito.

o usa simb6lico dos objetos e dos gestos em cena, a fragmenta~ao do tempo - apresentado

em ciclos entre urn rnundo real e de sonhos - realmente criam wn clima exotica, que fazia parte

do cinema experimental das decadas de 40 e 50. Atualmente existem outros, assim como Peter

Greenaway que veremos a seguir, que explora as mais recentes tecnologias digitais em sellS

filmes despertando no publico inusitadas sensayoes.

2. "PROSPERO'S BOOKS", de PETER GREENAWAY

Peter Greenaway nasceu em Newport, em 1942 e cresceu em Chingford, na Inglaterra.

Aos 12 aoos de idade, decidiu cursar pifltura no Walthamstow College of Art, tomando-se urn

artista com fonnayao consistente, antes de vir a ser 0 reconhecido diretor que e atualmente.

A admira9ao de Greenaway peJa diversidade de manifesta90es artisticas, como: literatura,

mu.sica, teatro e pela linguagem em geral, pode ser percebida em sellS filmes nas varias

referencias intertextuais presentes e no usa dos ou.meros e do alfabeto. 13 produziu filmes e

videos inspirados em tivros como: "0 Livro de Cabeceira" (The pillow book, 1995) e "TV Dante

Cantos", baseado oa peya A Divina Comedia de Dante; musicas "M is Jor man, music, A1ozarr'

(1991) e "Four American composers"~ peyas teatrais como "A Ultima TempesIade", baseado na

peoya de W. Shakespeare e danya "Rosas" de 1992. Com mais de 40 titulos, sua diversificada

filmografia abrange criaoyoes para as areas de TV, Video e Cinema.

Segundo Yvana Fechine,

"( ...) pode~se dividir a obra de Peter Greenaway em duas grandesfases. A primeira vai de

1965, quando come,;oll a trabalhar como editor de pequenos doclimentarios, ate 1982,

quando ele pasSOIl a ser conhecido internacionalmente grafas a originalidade do sell

primeiro longa~metragem", 0 concrato do desenhista"(The draughtsman's contract}.

(...)." (http://www.suigeneris.pro.br/eisenstein.htm).

Nesta primeira fase, temos filmes como: "Train" (1966), "Tree" (1966), "Intervals"

(1969) e "Windows" (1975), Na segunda fase, isto e, do inicio da decada de 80 ate os dias de

hoje, Greenaway marcou e marca por definitivo na historia do cinema, explorando e agregando

12

aos sells filmes noves conceitos, isla e, ideias e novas ferramentas, que instigam e conduzem 0

espectador a novas possibilidades de fruic;ao.

Com seu estilo inconfundivel, e urn dos diretores da setima arte que, atualmente. melhor

sabe explorar e tirar proveito do potencial esletico das mais recentes tecnologias digitais. 0 que

pede ser observado em fi Imes como: ;'A (Alima Tempestade" (Prospera's books, 1991) e "0

Livro de Cabeceira" (The pillow book, 1995).

l'i"GIlII.! de ";I Ultimll Tempe.fwde" (1991) de Gn ..·..clluway.

No fiime, "A Ultima Tempestade ", Greenaway oferece ao espectador-Ieitor lima profusao

de imagens e sons. A relacao entre 0 observadorlobra acaba se dando num processo mental que

tenta perceber a [enna do todo, par meio das partes (de imagens e sons) que sao exibidas no

transcorrcr da narrativa. Segundo Maria Thereza Azevedo, "(... ) a gOla que coi e como lima

chamada il1icial. 11111baler l1a poria do inconsciellfe, para qlle seja aherla 111110fenda, lima

pas.mgelll para 0 IIIlmdo lIIemal, 0 mIll/do dm· sOl/hos, do memoria. ( ... )"

(www.mnemocine.com.brlcinema/cril/greenaway.hlm) 0 espectador vai, aos pOllcos,

participando menlalmente do processo de constru~ao, que vai se amoldando num mundo

apresentado em constante muta<;ao.

13

Para a realiza~ao deste fIlme, Greenaway utilizou-se de vanos recursos digitais

disponiveis atualmente no mercado para prodw;:oes cinematognificas. Explorando tecnicas

sofisocadas de momagem, cria uma 3Dnosfera de imageos, cores, pa1avrasltextos, musicas e

ruidos, com enquadramentos inllsitados, mixagem de vozes, superposi~Oes all sobreposiyoes de

imagens, que podem ser notados ao lango de todo 0 filme. "(. ..) Como direror de vanguardo, lima

de SilaS caracleristicas e "chocor" a Qudiencio. £ istoprecisamente 0 que ete consegue com sua

rempesrode de po/avros, ruidos, sons e, principalmente, de imagens e cores.{...)".

(www.letrasufing.brinapqILIVROCOLOQSEM3.doc).

Grafismos, paginas animadas que se vitam automaticamente, imagens sinteticas em

movimento e principalmente a utiliza<;:ao de janelas (wipe~)que se abrem, mixadas com imagens

de fundo num plano-sequencia, foram algumas das razoes que me levaram a utilizar tambem este

filme, como referencial filmognifico para este trabalho. Ae transpor para a pelicula teda essa

gama de possibilidades que as tecnologias digitais de alta defini~ao, conjugadas com a

informatica, of ere cern, eie acaba marcando a h.ist6ria do cinema, enriquecendo-a e criando uma

nova maneira de se comunicar com 0 espectador, afastando de vez a concepyao chissica de

montagem."( ... ) E uma especie de ante'llisiio sui generis desse cinema do futuro que,

neeessariamence,dia/ogara de forma muito mais intensa com {oda a teen%gia disponi'lleino

futuro. (...)". (www.decos.ufal.br/mu1tireferenciaVtextositextolO.htm).

A intrincada reiayao entre palavra e imagern, ja,se tern mostrado com alguma frequencia

em trabalhos artisticos produzidos em sistemas audiovisuais, como 0 video e a computa<;:ao

grafica, onde se pode explorar exaustivamente a palavra na imagem, ou somente a palavra;

navegando-se nas anaJogias entre seus significados e significantes. Encontramos na poesia urn

campo muito vasto, ainda a ser explorado nesse tipo de exercicio.

14

No Brasil, as principais articuladores do movimento da poesia concreta, oa decada de 50,

Decio Pignatari, Augusto e Haralda de Campos do grupo Noigandres (Cap. 3), conduziram a

leitura a urn Dutro patamar. Em experiencias realizadas na decada de 90 com a videopoesia,

introduziram anima9ao nas ietras, paiavras au textos, criando novas maneiras de apresenta93.0,

explorando tambem simultaneamente uma gama de tipoiogias, cores, anima90es e sons, dispoodo

seus significantes de maneira inovadora e/au sugerindo visualmente novas significados a esses

significantes. Observa-se que essas diferentes construr.;:oes daD um outro sentido ao usa da escrita,

levando a exp]ora9ao de urn novo espa90, a tela, em terrnos de ritmos, sons e movimentos - alga

ja ha aJgum tempo pesquisado, por exemplo, por Sergei Eisenstein que procurava valorizar a

palavra, explorando algumas de suas potencialidades em algtms trechos de seus ftimes. Segllildo

Arlindo Machado, 0 cineasta Eisenstein

"(...) encomendou os intertitulos de seu Bronenosets Poti6mkin (0 Encoura((ado

Potemkin, 1925) ao pacla Ju!Urista Nikolai Asseiev. porque queria que 0 !ex!O

Juncionasse na tela realmente como uma poesia e esperava que essa poesia pudesse

dialogar com as imagens do fUme. 0 proprio Eisenstein praticou alguns dos mais

remOlOSexemplos de poesia mo!ol'isua/ em seu primeiro fUme Ststchka (A Greye, 1924),

notadamellle no celebre exemplo da palavra "HO" (a conjw;ilo "mas" em russo;

pronuncia-se "no"), que interliga e contrapiie duas seqliencias do fUme, e cujas letras

corr.sli!uintesse superpiJem e comefam a girar, conl'ertendo-se em seguida na rada

dentada que movimenta aj6brica onde se passa a afiio. (...)" (MACHADO, 2001: 211)

Dessa fonna, construindo textos animados, Greenaway buscou na palavra escrita que

interage com imagens, algo que esta latente, expondo-as para 0 espectador.

"( ...) A pa/avra em A Ultima Tempestade tem a jon;a das imagens e interagem com as

imagens e 0 som. Na medida em que 0 protagonista escreve, as pafavras-imagens se

transJormam em imagens. A imagem propriamente dila, por slla vez, carregam tambem uma

Jon;a textual, visto que silo releituras e tambem se convertem em texto-imagem. Ambas

15

palavras e imagens esliia coflfaminadas pelo olhar do impllrezQ, all melhor, po/avra e

imagem eSlila fambllzadas uma pe/a outra, ainda que possuom a sua aU1onomia nesla

experiimcia desarticliladora e misogino. (...)"

( www.decos.ufal.brlmultireferencialltextosltextoJOa.htm)

A maneira como 0 cineasta se apropria da palavr:l escrita mesclada com as imagens, nos

diversos li"T05 que sao apresentados nessa tempestade de imagens e sons, com·ida 0 espectador

para 0 mW1Jo Jel llllagiuayao, explofando, uessa [onna, a propria complexidade meulai do

homem na busca do saber. Greenaway nao articula somel1te com as novas tecnologias digitais,

mas tambem dialoga com as outras manifestayoes artisticas, explorando e agregando valores

internos e externos na sua poetica cinematognifica, que estiio intrinsecamente presentes nesta

pradw;:ao e que antecederam ao cinema, a saber: a musica, a pintura, a Iiteratura, a dan~a, a

arquitetura (nos cemirios) e 0 teatra; elevando suas produ~Oes ao patamar da setima arte.

Ao utilizar novas ferramentas em sua poetica, modificando a estrutura visual interna,

elaborando novas estruUUas signicas e se apropriando de outras artes, 0 diretor ingles cria uma

linguagem cinernatogr<ifica hibrida e inovadora.

Greenaway e tido hoje como wn respeitado diretor cinematografico e anista rnultimidia,

uma vez que navega com maestria nas mais variadas linguagens: arquitetura, rnilsica, pintura,

[eatro, cinema, video e design. Parocipa de performances e interven~oes peJo mundo, faz

curadoria para museus internacionais, ja publicou 16 Iivros e ainda pinta. Urn de seus mais

recentes espetaculos, segundo Yvana Fechine. foi «( ...) /00 objects to represent the world. 11m

mixw de opera e exposifiio. foi lambem apresentado no Brasil (Silo Paulo. SESe Vila Mariana,

agosto de 1998)". (hnp:llwww.suigeneris.pro.br/eisenstein.htm).

16

E transcrito a seguir urn artigo de Catherine Bremer, que cita trechos de uma das mais

recentes entrevistas concedidas pelo diretor, com 0 titulo: «Peter Greenaway diz que cinema

precisa ser reinventado"

"CANNES (Reuters) - a diretor brildnico Peter Greenaway disse que 0 cinema awal eprevisive! c segue sempre a mesma formula. Ele apresenroll seu trabalho mats es!ranho

em CanTles. 110scibado.

o direlOr, clljo Jilme 'The Tilise Luper Suitcases, Part J.- The Moab Story" eo primeiro de

!lmo (rilagia, slIgeriu que os/estivais de cinema, como 0 de Cannes. eSliio ob50lelos.

"A maior parI!! do cinema/eito hoje J //Ilia illlSfrUfy'iio de romr:mCesdoser.'/Ifo 19. Alllito do

que e feito Ii desaslroso, previsivel e segue formulas batidos. 0 senso de pfllralismo fo;

podado", disse Greenaway.

Os avam;os nos areas de multimidia, Imernet e interQ(;iio com 0 p/iblieo signifieam que 0

cinema lradfcionat - no q!1al0 p!iblfcOfica sentado em siJencio nllm cinema eSC!1ro- ja

morrell, disse ete em coletiva de imprellsa.

"Hd uma mudafu;a profullda ocorrendo no cinema. Quai e 0 significado atual de IIIn

festival de cinema? Den!ro de 10 anos. o/es/iva! de Cannes !'Iiio tera mais ra=QOde ser",

disse a diretor britdnico no evento que ete descrevell recen/emen/e como "uma vitrine

vII/gar".

Greenaway esla /azendo 1150pleno dos avamjOS qlle eitou. SilO trilogia e complementada

por 92 DVDs que mas/ram apenas a conte/ido das 92 malas do heroi dos filmes -

conte/ida esse que abrange desde ras vivas ate papel de parede respingado de sangue-,

atem de interminavel conteudo Web.

o novo ii/me mostra 0 ai/er ego de Greenaway, TIIlse Luper, /azendo uma viagem

historica em volta ao mundo, desde 0 Pais de Gales no epoca do guerra ate ovelllllras

distorcidas com monnons no Ulah, e de volta a Europa.

17

Basicamente 11mfUme de oilo horas dividido em (reS, 0 trabalho brinca com narrativa,

roteiro e visuai.s de vanguorda para produzir aigo qlle a maior parle do pliblico QU va;

adorar 011odiar por camp/eta.

A hist6ria comer;a !Jllm palco e passa para 0 deserto do Utah, ande Tllise Luper se veamarrado a um paste, com SilOgenitalia recoberta de mel, lemando afaslor as moscas

que zunem em sell redor.

Greenmvoy disse que as pessoas devem assist;r ao jilme ma;s de uma veI para poder

aprecid-fo.

Ap6s a exibi",ao. as fiis do cilleasta, criodar de "0 Cozinhdro, 0 Ladrao. sila l\tlull/er e 0

Amollte", elogiaram 0ji/me, mas OII/ras pessoas sairam irritadas do sesstio.

Res/a ver como "Tllise Luper" va; se sair com 0 Jllr; desle ana, que inclui artistas de

!endiJncias com'e!!cionais, como .Meg Ryan. Peter Creenawayja!oi indicado quatro ve=es

em Callnes, mas ate hole mmca recebell 11m premia no festival."

(http://br,news.yahoo,com!103 05 24/16/ c5 ob. han!).

A linguagem verbal que se pode notar nas prodw;:oes de Peter Greenaway, foi tambem

explorado no Brasil na decada de 90, porem, em outro veiculo - 0 video - como veremos a seguir,

pelos poetas concretos.

3. VIDEOPOESIA

A partir do momento em que a paiavra escrita, impressa em suportes como 0 papel, migra

para uma tela seja ela de computador, cinema au televisao e adquire a possibilidade de

deslocamento no espayo, transfonnando-se em outras coisas por intennedio de fusoes/anima<;oes,

ak~m de explorar tada uma gama crornatica, as nonnas de sintaxe tomam-se outras,

completamente diferentes. Em conseqo.encia disso, as relayoes de leitura se modificam,

ampliando-se e redefinindo-se.

Os poetas dos gropos concretistas (Noigandres: Decio Pignatari, Augusto e Haralda de

Campos em meados da decada de 50 no Brasil e a PO.EX., de Portugal) foram as primeiros a

perceber as mwtipias possibilidades de experimentay6es poeticas que essas novas tecnologias

viriam a oferecer. Venda que poderiam confrontar mUltiplas linguagens ern seus poemas, isto e, 0

verbal, 0 visual, 0 vocal e 0 sonoro e/ou ruidos, mergulharam num campo totahnente

inexplorado. Segundo Arlindo "Machado:

"( ...) essa nova poesia passa a ser conhecida par names exoticos, como poesia concreta,

)Jisual, sonora, audiovisual, processuaJ, in!ersemio!ica, perform.titica, leiemalica, ou

enrao videopoesia, hoJopoesia, infopoesia, hiperpoesia, etc., mas talvez 0 nome que mais

exalamenle a defina seja simplesmenle poesia cOnlemporanea. (...)". (2001: 209).

Max Bense (Machado, 1996: 171), apresenta duas formas de constru~ao de poemas, a

artificial e a natural; sendo que a Ultima reflete as vivencias, lembranyas, sentimentos,

imaginayao. Entretanto, a autor recanhece que Daa existe poesia natural pura na sua totalidade,

pais as mesmas apresentam indicios de trayas "artificiais" A montagern de urn texto artificial se

19

constr6i a partir de probabilidades, charnada cadeia de Markov, explorando elementos mlo

comunicativos, que irao gerar, dentro dessa estrutura de combinayoes, novas possibilidades de

interpretayao. Eta se da a partir de etapas au niveis de aproxima'Yao, em que se exploram. a panir

das letras de wna pa1avra combina~oes arbitr:irias relativas. respeitando 0 idioma dado. [S50

resulta em algwnas percep<;:oes de leitura, mas que ainda nao fazem parte de urn repert6rio lexico.

Num outro momento, ja com grupos de letras au fonemas, e possiveJ a simuJayao do idioma,

explorando a quantidade de palavras que ja carregam em si urn certo sentido. Dando continuidade

ao processo, exploram-se gropos de paiavras au Erases, tendo como objetivo a produyao de textos

experimentais. Vale ressaltar aqui, que esses grupos de palavras au frases nao transmitern

qualquer sentimento, irnagina~aa ou ideia de urn enunciador~ uma vez que dentro dessa estrutura

de textos geradas par cornputador, cada individua e/au leitor preenche da fonna que melb~r llie

canvier.

Devemas considerar as textos artificiais gerados pelo computador como estruturas de

detennina930 maternatica, cujo "conteudo" e inteirarnente virtual, espa~o aberto de possibilidades

semanticas, que cada lei tor preenche com seus gostos e circunstancias~ e aode,

"( ...) 0 olianr;a dos memorias in/ormatiea:; com as proeessos /leuristieos permitem a

deseoberta de novas ohje/os-linguogem. A heuris/jea Ii a eiencia do deeisao, da

deseoberra e do invenr;Qo. que se apoia em processos de ordem estatistiea e

probabilistiea, para ehegar a decisoes. Considerando que toda e qualquer in/ormQ(;do

nasee de selerriJesante ailernativas, 0 problema mesmo da deeisao eSla intimamente

/igado ao problema da eriarroo, da invenr;oo, da origina/idade. Decidir e criar. (...)"

(Pignatari, 1968: 61 in PLAZA e TAVARES, 1998, 124).

20

Esse tipo de COnStnlyclOresulta em estruturas que possibilitam relac;oes e associa90es, nas

quais se tern simetrias, contrastes, contigOidade rionica visual au sonora e paronomasias. Essa

possibilidade de conex5es tambem pode ser observada no caso do anagrama, em que se obtem

uma sene de probabilidades possiveis oa reordenaQao de letras de uma palavra.

Com 0 advento do gerador de caracteres, surgiram mmtas possibilidades de cria9ao para

se explorar textos oa tela. Conhecido no meio como GC. ele e basicamente uma maquina e/ou

dispositivQ concebido para gerar e inserir textos de diferentes tamanhos, tipologias e cores,

sobrepondo-as au naD em imagens pre-existentes. Os geradores sao de dais tipos: 0 que se utiliza

em iUla de edip!io-linear (Item 4.2), que consiste num aparelho conectado a urn sistema de

equipamentos de video interligados (ex: video-player> gerador de caracteres > video-recorder),

sendo este wn equipamento especifico para desempenhar esta fim~ao; ou enta~ aquele que se

utiliza urn computador com uma ilha de ediflio-nlio-lineor (Item 4.2), na qual 0 proprio software

responscivel pela edi~ao de imagens fomece op~oes para a gera~ao de caracteres.

Segllildo Arlindo Machado, "( ...) nos anos 80 0 poeta Melo e Castro teve uma idrha

pio11eira de /a1190r miio do gerador de caracteres para produzir poemas animados, pensados

especijicamente para veicllfoftiO na te/evistio. ( ...)" (2001: 212). Atualmente, as geradores de

caracteres utilizados na produ9ao de video pennitem ao operador/criador tuna infmidade de

interven90es nas letras, palavras au textos inleiros, manipulando a tipologia distorcendo-as,

criando fusCies e anima90es com imagens, de modo a produzir urn discurso iconizado; sendo este

processo de transforma93o das pa1avras uma importante ferramenta para 0 poeta que se utiliza

desses novos meios.

Agora a poesia, neste novo espa90 a tela, apresenta uma intera~ao de diversos campos

semi6ticos a serem explorados. 0 movimento, que estava de maneira latente no texto, agora pode

21

ser visualizado, passando a seT incorporado e criando assim uma maneira diferente de frui9aO.

Neste suporte de materializayao da midia eletr6nica, esses campos podem ser rrabaThados de

mane ira sincr6nica au assincr6nica, criando-se infinitas possibilidades de reia90es com a

tipoiogia das letras: a musica e textc, a imagem e texte, 0 ruido e texte, a animar;3o e lexta, a cor

e texto, a deforma9ao e textc. A ideia de cada poema, que nae e uma mera criar;ao de atuma9ao

de (extos, com imagenslsons gratuitos, esta. seodo pensada na maneira pela qual se pode vir a

explorar a integrayao desses fragmentas que antes era impensavei no seu suporte tradicional, isto

e, 0 pape!. E uma poesia oode diversos tipos de meios sao mixados. oode 0 significante acaba

ganhando movimento. A5 letras podem aglutinar-se. famando imagens puras, sem nenhuma

referencia verbal, ou seja, navega-se entre 0 verbal e 0 visual, introduzindo

"( ...) no eena poe/iea 0 experiencia vertiginosa da simultaneidade: nao se (rata mais de

ler 11m!e:r:!OpoeljeO, mesrno que cornple:r:o,mas de procllrar dar conto de urn g.••ande

nlimero de lex/os poeticos que acontecem ao mesmo tempo, simultaneameflte flO tela e

nos alro-fa/ames, mixados a partir de varias fomes diferentes. ( .. )" (MACHADO, 2001;

220).

De certa maneira, ha n3 escrita uma retomada do carater pictarico, uma vez que a

apresenta'):ao visual lorna uma importincia intencional, despertando novas discursos iconizados

na poesia, estabelecendo uma nova relacao entre aquilo que se ve!ouve e 0 que e absorvido pelo

especlador. Nas artes piasticas a escrita tambem ja se fazia preseme. Tomemos como exempio 0

trabalho de Rene Magritte, que no final da decada de 30 (fig. 01) questionava 0 que era 0 real,

gerando no espectador conflito de leitura no que ele viallia e percebia.

Em geral, na midia eletronica, 0 texto nao e exibido integralmente ao espectador (a menos

22

grandes. Assirn, ele passa a ser mostrado aos poueos, por meio de letras, palavras ou frases, sendo

que a edi~ao acaba exercendo urn pape! primordial oa construoyao da videopoesia, porque efetua a

adequaoyao ao meio, dos textos a serem apresentados nurn certo espaoyo temporal. Os cortes

executados determinam a dura9ao de tempo do texto oa tela e por conseqOencia disso, acabam

irnpondo urn cetto ritmo oa leitura, exercendo wna reiaoyao direta com a sua Jegibilidade, uma vez

que a animaoyao pode ser millto lenta ou tao fapida que impossibilite a compreensao do texto.

"( ...) a que se visa e penetrar pelas entranhas dos diferentes signas. buscando ill/minor

suas relaqves es!rwurais, pais silo essas rel!H;oesque mais interessam quando se [rata de

Jocalizar as procedimentos que regem a tradurriio. ( ...)" (PLAZA, 200\: 7\).

Utilizando-se dos novos meios tecnol6gicos, 0 poeta contemporaneo pode transitar nos

diversos campos semi6ticos que a midia eletronica oferece, transcriando a poesia e integrando a

ela fonnas, cores e rnovimento que s6 nesse novo "espar;:o" - a tela - pode oferecer.

Tomemos como exemplo 0 "Poema Bomba", de Augusto de Campos, que foi resultado de

uma das experiencias desenvolvidas ern 1992, no LSr (Laborat6rio de Sistemas Integraveis) da

Escola PoIitecnica da USP. Na versao cnada para video, ele adquire uma colorar;:ao vermelha de

fundo e que explode em instantes amarelos, explorando simultaneamente 0 movimento, a parte

visual e a sonoridade dos significantes no poema. 0 texto surge de urn ponto central, no qual a

animar;:ao, que foi criada pelo computador amplia gradativamente as tetras num movimento de

expansao. Presentifica-se a sensar;:ao do efeito de uma bomba sendo detonada, explodindo em

estilhar;:os em direr;:ao ao espectador. Dessa maneira, segundo Arlindo Machado

"( ...) as animarroes eletronicas possibilitam a mavimento virtual da palavra, preconizado

pe/a liber!arriJod£J di~tribllit;.iJolinear do !exto, na ideio de que as pa/avras sejam tratada:,·

como textos-superjicie e nao como textos-cadeias (...)" (1998: 158).

23

Esse meia de criayao tecnol6gica acaba irnpondo regras sintaticas que influenciam oa

e1aborayao do projeto criativo~ destacando-se. tambem, a ideia de constru';3o como parte do

processo de criayao. Essa poesia muJtimidiitica, de mwtiplas conexoes. acaba provocando no

observador wna simu1taneidade de estimulos. Neles, sensay6es de naturezas diversas, que sao

despertadas par meies distintos, provocam entre si wn sentido global, atuanda diretamente oa

percep9uo e fruiyao do objeto artistico .

.. .....

Frame do videopoema "Bomba" deAugusto de Campos, 1992

Agindo de maneira simultanea, a dinimica criada pela videopoesia, nos primeiros

instahres, nao da oportunidade a uma leirura analitica leota e calma, tamanha e a quantidade de

informayoes significacionais exibidas.

"( ...) a inte1lsijicar;ao exacerbada da obra a/raves de aspectos visuals. sonoros e do

movimento Iransmite Ilma mensagem condensada. hiper-significacional que provoca no

receptor uma compreensao instanttinea. (...r(www.fiioiogia.org.br/vicnlflanais/as%20teorias.html).

impregnada pelos outros meios de veicula~ao, a poesia multimidiatica acaba passando por

uma tradu~ao intersemi6tica. Essa precisa levar em conta as maneiras de expressao desses meio5,

nos quais a estrutw"a de fidelidade alcan.yada pela tradu~ao literal acaba se perdendo, dando

24

espa~o a wna nova estrutura, contida nos textos de maneira latente e que sao explorados e

transcriados de maneira icoruzada. Esse novo meio de expressao - a [ela - acaba se

transformando no suporte e na ferramenta mais apropriacia para tuna reeiabora!y8o da escrita e da

leitura, pais, nao obedece a convem;oes ou nonnas lingO.isticas, irnpostas a escrita formal.

Entretanto. e born lembrar que essa maior sensar;:ao de liberdade cia qual 0 paeta agora se

apropria, no ata de cnar;:8o, acaba acarretando oele tambem, 0 sensa de outras responsabilidades,

pais

"( ...) "do se frala de Jazer simpiesmenre qllaiqller coisa com 0 movimenro das pa/avras,

mas de descobrir como as novos procedimemos verbo-ciudio-vislJais. depois de fiberados

de suas lie/has armaduras, podem favorecer lima expressdo das inqllie/ap3es mais

proprias do homem qlle vive a era das midias e a crise dos paradigmas. (...)".

(MACH-WO. 2001: 220).

A pocsia cOIl.slruida nC:S.senovo tipo de eslrulura pennjle ao !citor-espcctador novas

maneiras de frui9ao denrro uma mu1tiplicidade discursiva. Nao e 0 caso, denrro de uma apaeente

incomplenlde que se apresenta. de como espectador ir dando meramente uma certa coen~ncia

reducionista a uma obra considerada aberta. pois a imprevisibilidade que e apresentada na obra

deve ser encarada como tal e como tal deve ser decodificada dentro de sua estrutura. Assim, os

textos pennutativos e em movirnento pennitem wna abordagem plural, a partir do repert6rio de

cada individuo, dentro de uma diversidade conceitual de imagens e sons.

Tanto a cinema quanto a televisao, acabam delimitando 0 albae do espectador. A seguir.

aborciaremos alguns aspectos que permeiam 0 recorte do campo visual.

4. A IMAGEM RECORTADA

Desde as prim6rdios das artes piasticas, 0 homem tenta reproduzir 0 meio em que vive,

expressando a sua maneira de ver 0 mundo, utilizando-se para isso dos mais variados suportes.

Em se tratando especificamente da arte bidimensional, temos: 0 papel, a tela, as mosaicos, as

vitrais, a fotografia, 0 cinema, 0 video, etc; seodo que, com 0 passar do tempo e com as novas

tecnologias, ouiros paradigmas Coram surgindo. As rela~6es objeto/espectador se imbricmn, se

fundem, se confundem. trazendo para nos, oa era do computador. 0 que conhecemos par

interatividade. Assim, 0 publico passa a ser urn elemento nao mais passivD, mas participativo

com 0 objeto artistico.

"(...) Dessa forma, lima teena/agio iTllerativa e 11m meio atraves do qual 110S nos

cOfmmicamos com ,,65 mesmos, is!o C, como urn espelho. 0 meio mio apenGS refle!e. mas

fambem refrata aquilo que the e dado; 0 que retoma somos nos mesmos, transfonnados e

processados. ( ...)" (Rokeby in DOrvITNGUES, 1997: 67).

A maneira como se annazenam os dados na memoria do cornputador, eu nos dispositivos

intercambiaveis (cd-roms. disquetes, dvds. etc), permitem ao usmmo wn acesso a1eatorio,

possibilitando que ele mesmo defina 0 seu percurso. Assim, ao entrar nesse sistema, 0 espectador

pode a partir de qua1quer ponto seguir para uma nova dire9ao, alterando 0 rumo a seu bel prazer.

Esse ripo de estrutura que possibilita 0 deslocamento aleatorio, em que 0 publico interage,

permite novas estrururas narrarivas que com a digitaliza9ao dos meios audio-visuais, "( ...) jd

preparam 0 cinema para um momenta em que 0 especlador poderd, a partir da disponibilidade

das varianles e das bijurcar;iJes possiveis de uma hist6ria. intervir diretamente sobre 0

26

desenvolvimento do enredo cinematograjico. ( ...)" (Machado in XAVIER, 1996: 183). E preciso

lembrar, porem, que essa Liberdade cooferida ao publico, que possibilita alterar 0 nuno da

narrativa, nao garante urn resultado qualitativo, pais

"C ..) lima estrllfllra inteiramente aherra pode resultar apenas caorica e degenerar em

entrapia. Paradoxa!men!e, uma narraliva pOlencial reaimen/e enriqlJecedora deve prever

tall/bern restrilioes a navegal;Go do 115110rio, deve fechar cami"hos e aguardar que 0

leitor atinja lases all grallS de dominio dos acontecimentos, alUes de allforiza-fo a

deshrol'or OIllras imtancias. ( ...)" (Machado in XAVIER, 1996: 184)

Em se ITatando de tecnologia digitaJ, estamos em fase de turbulencias, pais presenciamos,

no computador, varios fannatas de compressa.o para se assistir a imagens em animarrao, 0 que

acaba resultando numa taca de dois gumes. Uma das vantagens e que temos a possibilidade de

baixar filmes inteiros, por meio de sites, lltilizando a infovia digital~ porem, em virtude da

diversidade de formatos existentes, nao poderemos ler certeza se este ou aqueJe "player" estani

presente no computador residencia1. Criam·se assim barreiras para se ver 0 fLlme, pois sahe·se

que oem todo mundo tern ceI1a habilidade para instalarrao de programas. Segundo a revista Geek,

ano IV . nQ 14, ex.istem atualmente cerca de vinte e urn "player's" (item 4.2), para se assistir

imagens em movimento no computador. lsto ocorre pelo fato do mercado ainda nao conseguir

apontar para um fonnate padrao, assim como ocorreu no video caseiro, quando se extinguiu 0

fonnato Betamax, adotando 0 sistema VHS. Ao vennos urn filme/video no computador,

podemos perceber que novas janelas se abrem, transportando·nos assirn para outros esparros e

dimensoes, nas quais "(. ..)janelos, espelhos e enqlladramentos servem parafragmentar objetos

e cenos e disp6·/os segundo OllIras conste/a~oes. ( ...)" (peixoto in PARENTE 1993: 242).

Essas janeias que se abrem e que tambem estao presentes oa maioria das reprodw;:oes

como revistas, desenhos, outdoors, fotografias, etc., acabam nao s6 fragmentando, como tambem

27

delimitando DOSSa visao, criando assim 0 chamado campo, que e a imagem propriamente dita, e 0

fora de campo, que e a imagem que nae se pade constatar visualmente, mas que e

complementada peJe imagimirio do espectador. Essa situa9ao, de campo/fora de campo, ja foi ha

muilo tempo explorado na pintura par artistas como Edgar Degas (1834-1917) (fig. 02) e

Toulouse Lautrec (1864-1901) (fig. 03), que utilizavam a fotografia para reproduzir, na pintura,

o instante do movimento. Essa maneira de captar a imagem de fanna inusitada, ja explorada pela

fotografia e que influenciau a pintura, acabou tambem par inl1uenciar 0 cinema, no lisa do claro-

escuro, na explorayao da perspectiv3, na composiyao, etc; em que

"( ...) a pinillra e 0 agente da passagem entre imagem-cillema e imagem-video. A pinilira

e a referencia principal do cinema contempordneo. 0 arcaico no prese1lfe. 0 arlesanai

na reproduyDo leeniea. 0 malerico no cinelieo. ( ...)" e que, "( ...) ejuslamerue a parlir do

plano ~ do movimenlo e da decllpagem SlIpOSIOSnessa nOfdo ~ que eineastas podem se

comparar a pinrores. 0 plano ~que pode ser compos/D. conslrlJido, como 11mquadro ~eo qlle aproxima 0 cinema da pintura. ( ...)". (Peixoto in PARENTE, 1993: 246, 247).

E interessante notarmos que na linha h.ist6rico~tecnoI6gica, algumas coisas tendem a se

repetir, em ciclos. Tomemos como exemplo a fotografia, oude, a partir da obtens:ao de imagens

esl<iticas e cria<;<1ode novos equipamentos, surge a imagem em movimento e mais tarde 0 cinema.

De maneira semelhante, ja na era do computador, podemos observar, em fins da decada de 80, as

primeiras reprodw;:oes de imagens est:iticas nao~sinteticas na tela. Mais tarde criaram~se

programas, assim como 0 Power Point, que possibilitaram anima90es e fusoes de imagens na

tela.

Em outro caso, retornando a pintura, temos a fase do pontilhismo com Georges Seurat

(1859~1891) (fig. 04) em que urn dos aspectos para a leitura e frui9<1oda dessa imagem se dava a

28

apresenta wna malha reticulada, exigindo assim que espectador tome urn certa distanciamento

para que as reticulas se fundam, tamando-se, assim, imagens inteligiveis. Ocorre enHlo, com 0

cinema contemponineo, uma ampla apropria93o de c6digos, na qual temos fragmentos da

literatura, do tearro, da fotografia, da pintura, do radio, da televisao, da comput3930 gr<ifica, etc;

criando assim

"( ..) nllilliplos interpencfrapJcs possive;s - processos de inteiferencia, mislIIra e

fncorporat;iio (...). Aquila que se froCG, que se desloca. num sentida e no ouiro. 0 cinema

contemporiineo integra a tal ponto elementos de linguagem do video qlle feria se

convertido, globalmenfC, nllm "eJeito-video" (Peixoto in PARENTE, 1993: 244).

Toda essa malha de tecnicas e linguagens Que compoem 0 cinema de hoje, oferecem ao

espectador maneiras diferentes de fruiy30, com a imagem em movimento. oa tela da saIa escura.

Com 0 passar do tempo, os suportes mudam, mas na captay30 de nosso mundo real que migra

para outras estruturas bidimensionais, seja ela a pinrura, a fotografia, 0 video ou 0 computador,

teni. sempre por traz disso tudo 0 olbar de wn agente cnador (0 anista). que recorta 0 nosso dia-a-

dia, enfatizando para ele 0 que Ibe e peculiar oa sua visao de mundo.

4.1- Pianos de Camera

Quando se comeyou, nos primordios do cinema, a exp!orar 0 recorte fragmentador, 0

especrador acabou na~ assimilando bern essa proposta inovadora. Nao the pare cia nada natural

enquadramentos fechados. mostrando apenas partes do corpo humano, pois alguns entendiam, na

29

epoea, que realmeote havia cabe~as e carpos humanos cortados. Contudo, essas estranhas

apariyoes [Dram exploradas na epoca pelo entaD prestidigitador, G. Melies, que descobriu no

cinema novos meios de realizar Slias magicas. Assim, em "0 Homem do Cabe~a de Borracha",

de 1902, em wna detenninada cena, aparece wna cabeya enonne no centro da tela, que e inflada

par urn fole, vindo a explodir. Foi tambem na mesma epoca que D.W. Griffith comeyou a

explorar, juntarnenre com a narrativa, essas diferenciayoes nos enquadramentos, criando uma

nova dinfunica. Pode·se perceber ista na cena do assassinato do Presidente Lincoln, em "0

Nascimenro de uma Nac;ao", de 1915, oode urn plano fechado da mao denuncia cJaramente 0

autar do crime. Essa maneira de fragmentar a imagem aeabou com 0 tempo seoda assimilada a

linguagem cinematografica, 0 que perdura ate os <lias de hoje.

Nas artes-plasticas contemponmeas, 0 conceito de obra prima nao e mais utilizado no

meio artistico, ja ba algum tempo, pelo fato de estar Jigado ao passado de wna arte academica.

Criou-se enlao wn outro tenno, conhecido como objero, para teotar dar conta da mu1tiplicidade

de propostas que sao apresentadas pelos artistas. Caso semelhante acontece, nos dias de hoje,

com 0 conceito de plano, que ta1vez deva ser repensado na expressao cinematognifica, pois

segundo ArLindo Machado

"(. ..) 0proprio conceito de "plano ". imporrado do cinema tradicional. revela-se coda vez

mais inadequado para descrever 0 processo organi:a!ivo das novas imagens. pais em

geral hd sempre uma infinidade de "pianos" denfro de coda tela, eflcavalados.

superposlOS, recortados uns dellfro dos outros. ( ...)" (MACHADO, 1997: 240).

Isso pode ser notado no filme "A tiltima Tempestade" (1991) de Peter Greenaway, na

video arte ~a brasileira Sandra Kogut em "Parabolic People" (1991), em "Cidade de Deus"

(2002) de Fernando Meireles, em "Femme Fatale " (2003) de Brian de Palma, e em varios outros

30

exemplos. Tambem podemos notar alga nas artes plasticas, que ja vislumbrava 0 recorte de

imagens no inovador surrealismo de Rene Magritte (1898-1967) (fig. 05, 06) em que se pode

observar, no resultado plaSheD da pintura, dais enquadramentos.

Quando falamos em plano, estamos nos referindo a uma visao de mundo de urn artista

criador, que recorta com uma camera 0 nosso mlUldo real, transportando-a para 0 abstrato do

bidimensional. Ele abrange todo urn universo de parametros que leva em conta tambem 0 ponto

de vista, ista e, 0 angulo, as dimens6es, 0 movirnento, 0 quadro, etc. 0 plano faz parte de urn

vocabulano tecnico que se convencionou tmmdialmente, mas que flaO obedece a nonnas rigidas,

levando-se em eonla que, a cada prodw;:ao, podem surgir pianos inovadores em func;:ao do foterro.

A seguir, sao descritos alguns pianos de camera mais comumente usados em produyoes

cinematogrificas.

Plano de Detalhe (POl:

Mostra apenas os detalhes que inio enriquecer a sequencia normal de urn tilme. Ex: urn

anel no dedo, 0 no da amarra de urn barco, a chama de wna vela, urn olbo, uma corrente, uma

mao contra a luz.

Primeirissimo Plano CPPP):

Elimina-se praticamente toda a ambientayao, mO$trando, por exernp(o, apenas 0 rosto do

personagem que ocupa quase toda a tela. Esse plano e utilizado quando se tern a intenyao de

mostrar as reayoes emocionais do personagem, com mais forya e dramaticidade.

31

Primeiro Plano CPP):

Enquadra-se 0 personagem da metade do t6rax para cima, como se fosse uma fota 3 x 4.

Esle plano e muita utilizado quando se quer realizar wna filrnagem corn dialogos de personagens.

Plano Medio (PM):

Aqui 0 personagem e 0 centro cia atem;:ao na tela, code a maior parte do cemirio e

praricamcnte e1iminada. Enquadra a (s) atar (es) basicamente da altura da cintura para cirna~ por

isso e tambem conhecido como pl~no de cintura.

Plano Americana (PA)'

Tenno de enquadramento dado por diretores de Hollywood, muito popular nas decadas de

30 e 40, no qual se "corta" a figura do personagem, da altura dos joelhos para cirna.

Plano de Canjunlc (PC)'

Tern valor descritivo. Tados as elementos em cena devem ser bern idenrificaveis. Mostra

urn grupo ou wn personagem de corpo inteiro na tela, revelando suas caracteristicas fisicas, num

detenninado arnbiente. Ex: grupo de jogadores de futebol~ uma oficina com urn operano

trabalhando.

Plano GerallPG}

Apresenta todos os elementos integrantes de uma cena de rnaneira abrangente, 0;10 dando

enfase a nenhum deles. Sirna espaciaimente 0 ambiente ou local onde ocorrera a a~ao. Ex: uma

pral(a cheia de gente; arnplas paisagens.

32

4.2 - Edi~ii.o Digital

Uma das grandes vanta gens que a lecnologia digital trouxe para 0 cinema e para 0 video

foi a praricidade e agilidade no processo de montagem, causando grande impacto. Na pOs-

prodUy30 de wn filme e/all video, existem hoje vanas oP90es para a edir;:3o digital. Os mais

conhecidos au populares atualmente sao: 0 programa Adobe Premiere v.6.S em computadores

PC's e 0 Final Cut no computador Machintosh. AJguns falores que contribuiram para a instala.yao

dos meios digitais no mercado foram: a economia de equipamento, no casa de serem compradas

maquinas para urna edir;:ao-linear que ofere cess em recursos semelhantes ao da edir;:30-nao-linear;

tempo e a quaLidade superior. Outro fator foi a possibilidade de sucessivas gerar;:oes, isto e,

capias, sem perda de qualidade; isto era impossive( nos meios analogicos do video-cassete, pois

se observava que na c6pia da c6pia-da-copia ja. se tinha wna sensivel perda da qualidade de

imagem e sorn.

o processo de edi~ao tradicional e charnado de edit;ao-linear pela mane ira como se

acessam as imagens nas fitas originais e como sao montadas nas fitas editadas. Como arnbas

esta:o em fitas, e necessario fazer uma busca das imagens sequencial e linear; sendo que 0

resultado final tambem se tern em uma fita, que e gerado sequencialrnente, linearmente, uma

imagem apos a outra. Nao se pade, nesse processo de ediyao, por exemplo, inserir uma imagem

entre outras duas ja. pre-gravadas na fita, sem que se perca todo 0 processo ja editado, do ponto da

inseryaa que se deseja fazer para diante.

Entretanta, a charnada edi~ao-n{jo-linear, Da qual se utilizam programas de edi~ao par

meia de micro-computadores, possibilita que as imageRs, uma vez capturadas para 0 disco rigido,

sejarn acessadas e editadas de maneira aleat6ria, DaOseqOencial, nao linear. 0 resultado final

33

tambem pode ser gerado em disco atice (ver tabela de oP90es ao fmal deste capitulo); e, a partir

dai, estanda satisfat6rio, 0 sma I pade enta~ ser copiado para urna fita de video cassete.

Quando surgiu, a televisao era vista como wna amea9a para 0 meio cinematognUico.

Porem, atualmente a TV renasce com as novas tecnologias digitais e provoca mudan9as ao

diaiogar com 0 cinema. Esse dialogo tern par base a instantaneidade e a simultaneidade na

capta9ao, edi9ao e reprodu9ao da imagem e som, wna vez que a unagem digital se aproxima a

cada dia cia defini9ao da imagem do cinema. Pesquisas tecnol6gicas preveem que, oa prime ira

metade do seculo XXI

"( ...) a tela, 011leldo, de video superard uma dejiciimcia que a coloca para (ras diante do

Jotograjia de cinema. II que a re/or;aa de contraste no imagem, medida emre a parte

100% branca e a parte mais escllro do imagem no tela, atinge no maximo 30 para 1 110

video, enqllamo no cinema atingejacifmenle 100 para 1 (. ..)" (ARMES, 1999: 243).

Essas inova~oes tecnol6gicas trazem muitas solu~oes em algwnas areas da producao e

p6s-produyao, mas tambem acarretam problemas. Vma delas e a velocidade com que as

inova~oes sao introduzidas no mercado, trazendo para 0 consumidor muitas de op~oes de

formatos (player's) de exibi~ao e versoes, que servem para rodar as imagens em movimento via

computador. Ha sempre wna defasagem entre uma producao e outra, uma regiao ou pais, urna

vez que nao se tern urn padrao ffilUldial. Pode ocorrer entao, que um video digital gravado Dum

formato au versao numa determinada regiao, para ser assistido no computador, nao exista numa

outra localidade e vice-versa. Ate 0 encerramento dessa pesqrnsa, segundo a revista Geek, 2003,

n!!: 14 existem disponiveis as seguintes player"s: Virtuosa 4.10 (Phoenix Edition)~ Gusto

MiniCinema 1.40; Ashampoo Media Player + 1.81; RealOne Player v2.GOLD; Divx Video

Bundle 5.0J~ Winamp 3; A2 Media Player Version 2.21 (Full version); Quick Time 6.0;

34

Windows Media Player (Windows XP) 9.0; Windows Media Player (Windows Me/9x.) 9.1:

CDH Media Wizard 7.2; Nostm DivX Player 1.6; QuickVCD Player 3.4; Global DivX Player

1.9.9.2; Dogma 1.2.3; MpegabJe Player 2.0; DirectDVD 4.48; Hero DVD Player 3.0; Blaze DVD

Player 1.5: Power DVD XP 4.0; Win DVD 4.

Ao cdilannos um video/filme numa eSla~ao digital nao-Iinear, 0 prognuna oferece ao

operador uma sene de opc;oes para a sua produc;:ao. A sua estmtura e composta por uma serie de

janelas, onde numa delas, a chamada limelille, podemos trabalhar com varios treehos capturados

concatenados uma apos a clItra, ou uma aeima da cutra, adicionando a eles efeitas, caracteres e

audios. Essa nova maneira de ediyao de filmes pede seT observado em "A Ultima Tempestade"

Frame de ";I Ultima Tempestade" (1991) de Peter Grccnaway

Esse processo possibilita sobrepor uma ou vilrias imagens estaticas ou em movimento,

umas sobre as outras; acrescentar caracteres com as mais variadas tipologias; adicionar eJou

a1terar 0 audio, etc; criando uma profusao de cores e sons.

Originalmente capturado em pelicula, a maioria dos filmes de hoje e Lransposto para

tecnologia de aha definiyao, ou seja, para uma ilha de ediyao~nao~linear. Essa passagem do

fOloquimico ao digital tern como finalidade agilizar e facilitar 0 processo de criayao,ja na etapn

de pos~produc;ao. IS10 permite ao operador modificayoes, possibilitando a criayao de imagens

35

inexistcntes, a modifica\=8.o de imagens capladas por cameras cinematograJicas, a manipulacao e

s3turacao das cores originais, assim como alterar as sons captados e adicionar outros, etc. Ao

finalizar esse proccsso de edicao, realiza-se 0 blow-lip: processo que consiste na transferencia de

imagcns de urn sistema para Dutro no qual 0 fommto destino passui maior resolu(f5o do que 0

fonnata origem (ex. pelicula cinematogn'tfica de 16m/O1 para 35m/m, formata Mini-DV para

pelicula cinematogr<ifica, etc ...). Outro exemplo inovador de utilizacao dos meios digitais eo

filme "Time Code ", no qual se tern, em toda a narmiiva do filme, a tela dividida em quatro partes

iguais. Para cada instante, quando uma das qualro cenas tern maior importancia, da-se enfase

tambem ao audio correspondente aquela janela; explornndo-se assim a tecnica com propos ito

crialivo.

hallie de 'Time Code" (2000) de Mike Figgs.

Qualidade da imagem:

o quadro a seguir mostra diversos fomlatos de video ordenados, em temlOS de qualidade

de imagem, da melhor para a piar, indicando 0 segmento de mercada ande 0 mesmo e geralmente

utilizado e 0 tipo de formato (anaI6gico/digital)~ formatos diferentes dentro de um meslllo box

possuem qualidade semelhante de imagem.

36

Formato Segmcnto TipoDigital Betacam profissional digital

Digital-S profissiona1 digitalDVCPR050 orofissional digitalDVCPRO profissionai digitalDVCAM profissionai digital

DV semiprofissional digitalBetaeam SP profissional anaJ6gicoDi ital-8 consumidor digitalSVHS semiprotissional anaJ6gicoHi8 semiprofissionai anaJ6gico

314001. orofissional anal6 ricoVHS consmnidor ana16gico8mm consumidor anal6gico

Resolucao de imagem x fonnata:

Diferentes fannatos de video oferecem imagem com diferentes resoluc;:oes bonzontais (0

valor indicado e wn limite que depende das caracteristicas de cada equipamento).

FormatoRcsolu.;iio aproximada

(n'linhas)VHS 2508mm 255SVHS 400Hi8DV 525

Comoressao da imagem:

Termo aplicado, em formatas digitais, ao processo de reduyao do volwne de itlforma9ao

de uma imagern para a segllir ser gravada no meio de annazenamento (ex: fita). A imagem,

originalmente capturada em sinal anal6gico RGB, e transformada inicialmente em 3 componentes

- YlN, sendo eotao digitalizada e a seguir comprimida atraves de algoritlUos especiais para 56

37

entao ser gravada. Quanta maior a taxa de compressi1o, menor a qualidade da imagem final

obtida. 0 quadro abaixo mostra diversos fannatas digitais e as taxas de compressao u[ilizadas.

Formato Taxa de compressaoDiuital Betacam 1,6: 1Digital-S

3,3 : 1DYCPR050DYCPRODYCA1"1 5,0: IDYDigital-8

Formato digital utilizado no segmento semi-pro fissional. Criado em 1995 por urn

consorcia [armada por 10 empresas: Sony. Jye, Matsushita (Panasonic), Philips, Sharp, Toshiba,

Sanyo, Mitsubishi, Thompson e Hitachi, inicialmente como DVe (Digital Video Cassete) e

posterionnente mudado para DV (Digital Video). Utiliza para grava~ao fitas do tipo ME - Metal

Evaporate. Mini-DV urn dos dois farmatas DV existentes.

o DV foi desenvolvido com 0 objetivo de seT utilizado principalmente como urn meia de

aquisi~ao e edi~ao de alta qualidade, atingindo cerca de 525 linhas de resoluy<'io horizontal

ma.xima. Existern 2 tamanhos de cassetes utilizados neste sistema: Mini DV (66 x 48 x 12,2 mm)

e Standard (125 x 78 x 14,6 mm) - para cada urn, existem cameras especificas, pOn!ffi 0 padnlo e

a mesmo. A Jargura cia fita utilizada e de 6,35 rnm (+/~ 114 pol). 0 cassete lvlini DV, devido a

suas dimensoes extremamente reduzidas, permite a fabrica9ao de cameras digitais com tamanbos

bastante reduzidos.

38

Assim como no padrao VHS existem duas velocidades (SP e LP) de grav3<;:3.0, que

interferem no modo como as trilhas sao gravadas na fita. Existem cassetes Mini DV de 30 e de 60

minutos (velocidade SP). 0 modo LP - oem tadas cameras 0 possuem - grava 90 min. oa fita de

60 min.

Entidade responsavei por estabelecer as padroes utilizados nos diversos tipos de DVD

utilizando red ray laser, fannada par mais de 220 companhias (lye, Philips, Hitachi, Sony,

Pioneer, Thomson, IBM, Intel, NEe, Samsung, Sharp, Hitachi, Matsushita, Mitsubishi, Apple.

Fujitsu, Iomega, Motorola, Yamaha, Toshiba,Time Warner entre outras).

DVD+RW Alliance:

Gmpo fannada origillalmente pelas empresas Sony, Philips, Microsoft, Hewlett-Packard,

Dell Computer, Ricoh, Thomson e Yamaha, criadores de alguns formatas do ripo red ray laser

alternativos aos estabelecidos pelo OVD Forum. Atualmente outras empresas tambem fazem

parte do grupo, entre elas Fujitsu, Siemens, NEe, Maxell, TDK e Fuji.

Blue-Ray Consortium:

Grupo fonnado por 9 empresas (Hitachi, LG, Matsushita, Philips, Pioneer, Samsung,

Sharp, Sony, Thomson), trabalhou no desenvolvimento da tecnologia blue ray laser, criando 0

HO-DVD.

39

A seguir, algwls tipos de discos opticos existentes:

I - CD (CD-Audio):

conteudo: sam digitalizado sem compress.i1o.tipo: somenle leitura, apenas de urn lado.capacidade:74 minutos.caracteristica:utiliza na gravacyao do sam taxa de amostragem (sampling) de 44, I Khz; a amostragem e feitacom numeros de 16 bits.obs.: desenvolvido pela Philips e Sony em 1980, inlciou a familia de CDs e DVDs.

2 - SACD (Super Audio CD):

conteudo: sam (e opcionalmente tambem textos / imagens) digitalizado sem compressao.ripo: somente ieinlf3. apenas de urn lado.capacidade:4,7Gb que resultam em t 10 minutos para 0 fonnata de camada simples ou hibrido (vide abaixo)eslereo au 70 minutos surround (utilizando lodos as canais); para a formato de camada dupla astempos sao 0 dobra aproximadamente.caracteristica:inc1ui recursos como 5.1 surround p.ex., entre outros, utilizando urn processo de graval;ao queaproxima muilo 0 som digitalizado do som anal6gico original. Existem 3 confi.gura~5es de discosSACD: com camada simples, com camada dupla ou hfbrido; neste Ultimo, urna das camadas egravada com 0 sinal SACD e a outta com urn sinal comurn do ripo CD-Audio, para pennitircompatibilidade com as CDs players comuns existentes. A taxa de amostragem (sampling)utilizada no SACD e 64 vezes maior do Que a utilizada no CD4Audio: 2,8MHz, ao inves de 44,1Khz. Por causa desta e de outras caracteristicas, sua qua1idade e comparave\ a do som originalgravado.obs.: criado peJa Sony e Phillips em 1999 como altemativa ao padrao oficial DVD-Audio.

3 - HDCD (High Definition Compatible Digital):

couteudo: som digitalizado sem compressao.tipo: somenle leitura, apenas de urn lado.capacidade: 74 minutos.ca racteristica:o HOCD e urn CD-Audio onde a taxa de amostragem (sampling) utilizada possui 4 bits a mais(20 ao inves de 16). Este tipo de disco pode ser reproduzido normalmente em CD playerscomuns; quando reproduzidos em players equipados com decodificadores HDCD os 4 bitsadicionais sao utilizados, acarretando bastante melbora na qualidade final do som. HOeD players

40

incorporam urn filtro digital de alta precisao que melhora inclusive 0 sam reproduzido de CDs eDVDs comuns. 00 mesmo modo, por causa das caracteristicas utilizadas no processo degravar;ao, a sam de urn disco HDCD e rnelhor do que 0 de wn CD-Audio comum em players quenao possuem 0 decodificador.obs.: criado em 1995 pela Pacific Microsonics. adquirida em 2000 pela Microsoft.

4 - XRCD (eXtended Resolution CD):

conteudo: sam digitalizado sem compressao.ripo: somente leirura, apenas de urn lado.capacidade: 74 minutos.caracteristica:possui maior fidelidade e meUtor qualidade de sam do que a CD-Audio, embora utilize a mesmataxa de amostragem (sampling) e 0 mesmo formata de gravacrao. A melhoria no sam econseguida atraves de diversos cuidados nos processos de masterizac;:ao e manufatura do disco,processos estes que nao sao padronizados e estao sujeitos a vanos problemas que, somados,distanciam 0 resuJtado fmal obtido do master original. Estes cuidados, levados ao extremo com 0

uso de tecrncas e equipamentos sofisticados garantem grande precisao e fidelidade no resultadofinal. 0 processo de leinrra (CD players) e 0 formato dos dados no disco no entanto sao osmesmos do CD-Audio, 0 que significa que podem ser reproduzidos por CD-players comuns.obs.: desenvolvido pela JVC em 1998.

5 - XRCD2 (eXtended Resolution CD versao 2):

cODteudo: som digitaJizado sem compressao.tipo: somente leitura, apenas de urn lado.capacidade: 74 minutos.caracteristica:semelhante ao XRCD, porem com maiores refinamentos nos processos de masteriza9ao emanufanrra, rneUlOrando ainda mais a qualidade fmal do som; a diferen9a de qualidade no entantoe bern mais perceptivel do Cn-Audio para 0 XRCD do que do XRCD para 0 XRCD2.obs.: desenvolvido pela lVC em 1999.

6 - CD-R (CD Recordable):

conteudo: quaisquer tipos de clados digitalizados (som, image~ arquivos, programas).tipo: pode ser gravado uma u.nica vez, apenas de urn lado.capacidade: 74 minutos (som) 1650 Mb (dado,).caracterfstica: utiliza urn processo WORM de grava9aO.obs.: desenvolvido no final da decacla de 80; sua versao menor (8 cm) possui 185 Mb decapacidade; os 74 minutos de som equivalem a 746 Mb de informa9ao: uma parte do espa90 e

41

sempre reservada para 0 processo de corre~ao de eITOS, e a audio exige menos deste processo, daia area ser menor e conseqiientemente haver mais espa~o disponivel.

7 - Business card CD (PCD - Personal Compact Disk):

conteudo: quaisquer tipos de dados digitalizados (sam, imagem, arquivQs, programas).tipo: pode ser gravado uma (mica vez, apenas de urn lado.capacidade: 20 a 60 Mb (dados).caracterisrica:trata-se de de wn CD-R gravado parciairnente. Como a gravayao e sempre feita da parte centralpara as bordas, a parte naD gravada pade ser descartada: assim, para facilitar a manuseio, 0 discoe "cortado" em fonnato retangular, lembrando urn cart30 de cn!d.ito. Sua capacidade variadependendo do quanta do disco e cartada. Para 0 CD player e indiferente 0 fonnata retangular.porque a parte circular proxima ao centro, oode esti10 os dados, esta preservada.obs.: desenvolvido para distribui~ao de manuais e apresenla~ao multimidia de materialpromocional (audio I video I textos).

8 - CD-RW (CD Rewritable):

conteitdo: quaisquer tipos de dados digitalizados (som, imagem, arquivos, programas).tipo: pode ser regravado ate 10.000 vezes, apenas de urn lado.capacidade: 74 minutos (som) 1650 Mb (dados).caracteristica: utiliza urn processo do ripo optical phase-change de gravacao.obs.: desenvolvido em 1997 pela Philips e Sony; ; sua versao menor (8 em) possui 185 Mb decapaeidade. Os 74 minutos de som equivalem a 746 Mb de infonnayao: uma parte do espayO esempre reservada para 0 proeesso de correyao de eITOS,e a audio exige menas deste processo, daia area ser menor e consequentemente haver mais espayO disponivel.

9 - DD-R (Double-Density Recordable):

conteitdo: quaisquer tipos de dados digitatizados (SOIl4 imagem, arquivos, programas).tipo: pade ser gravado uma itniea vez, apenas de um lado.capacidade: 1,3 Gb (dado,).caracteristiea:analogo a urn CO-R eonveneional, 0 DO-R consegue armazenar mais dados porque, entre outrosfatores, sua trilha e 69% mais estreita, sua velocidade de rotacao e tigeiramente menor assim e adimensao dos pontos marcados pelo laser tambem e menor.obs.: desenvolvido pela Sony em 2001.

42

10 - DD-RW (Double-Density ReWritable):

conteudo: quaisquer tipos de dados digitalizados (som, imagem, arquivQs, programas).tipo: pade ser regravado varias, apenas de urn lado.capacidade: 1,3 Gb (dados).ca racteristica:anaiogo a urn CO-RW convencional, 0 DD-RW consegue annazenar mais dados porque, entreautrcs fatafes, sua trilha e 69% mais estreita., sua velocidade de rotayao e ligeiramente menorassim e a dimensao dos pontos marcados pelo laser tambem e menor.obs.: desenvolvido pela Sony em 2001.

II - CD-ROM (CD Read Only Memory):

conteudo: quaisquer tipos de dados digitalizados (som, imagem, arquivos, programas).ripe: somente leitura, apenas de urn lado.capacidade: 650 Mh.caracteristica:semelhante ao CD-Audio com 0 audio digitalizado substituido por arquivos em fannatosentendidos por microcomputadores.obs.: desenvolvido na decada de 90, logo tornou-se 0 padnl0 para distribuiyao de software, quena epoca ja chegava a ocupar aIbWlS repletos de disquetes a cada novo programa comercializado.

12 - CD-Video l.l (VCD 1.1 - VideoCD 1.1 ou Compact Disc Video 1.1):

conteitdo: video digitalizado com compressao MPEG 1.tipo: somente leitura, apenas de urn lado.capacidade: 70 minutos (para 0 tempo nonnal de wn filme sao necessarios 2 discos).caracteristica:possui qualidade semelhante a do formato VHS, sendo utilizado para distribuiyao e exibicyao devideo digital.obs.: criado em 1993 por wn consorcio fonnado pelas empresas Philips, Sony, Matsushita e NC,e muito popular no mercado asiatico (China por ex.) oode e comum encontrar residencias quepossuem 0 player de VCD mas nao possuem videocassete.

13 - CD-Video 2.0 (VCD 2.0 - VideoCD 2.0 ou Compact Disc Video 2.0):

cooteudo:video digitalizado com compressao "tvIPEG1.tipo: somente leitura, apenas de urn lado.capacidade: 70 minutos (para a tempo nonnal de urn fHroe sao necessarios 2 discos).ca racteristica:possui qualidade de imagem superior a do CD-Video 1.1; e capaz de armazenar, alem de video,tambem somente audio., fotos (ate 2000), gr.ificos e menus interativos.

43

obs.: criado em 1998 pela China National Committee of Recording Standards, do govemochines.

14 - CVD (China Video Disc):

conteudo: video digilaiizado com compressao MPEG2.ripo: somente leitura, apenas de urn lado.capacidade: 70 minutos (para 0 tempo nonnal de urn filme sao necessarios 2 discos).carltcteristica:a compressao MPEG2 utilizada tern qualidade proxima a compressao MPEG2 utilizada no DVD-Video.obs.: desenvolvido em 1998 pela C-Cube Microsystems e outras empresas chinesas como umaevoluyao do VCO.

15 - HQ- VCD (High Quality VCD):

contcudo: video digitalizado com compressao MPEG 1.tipo: somente leitura, apenas de urn lado.c:lpacidade: 70 minutos (para 0 tempo normal de wn filme sao necessarios 2 discos).caracteristica: utiliza compressao MPEG 1 de melhor qualidade que a utilizada no VeD.obs.: desenvolvido ern 1998 pelo mesmo consorcio cnador do Video CD juntamente com aChina National Committee of Recording Standards. do govemo chines, como uma evolw;:ao doVCD.

16 - SVCD (Super Video CD, Super VCD, S-VCD):

conteudo: video digitalizado com compressao MPEG2.tipo: somente leitura, apenas de urn lado.capacidade: 70 minutos (para a tempo nonnal de urn filme sao necessarios 2 discos).caracterlstica:utiliza compressao MPEG2 de qualidade intennediana entre a do VCO e a do OVD- Video.Possui caracteristicas semelhantes a este. como sam 5.1 surround, multi-legendas (em 4 linguas,exibidas no tapa da tela), menus, etc ...obs.: desenvolvido em 1998 peto China National Committee of Recording Standards, do govemochines. A partir dessa data, estabeleceu-se na China. urn pacirao denominado Chao Ji VCD:players deste ripo deveriam ser capazes de reproduzir CVD, SVCD, VCO 1.1, VCD 2.0 e CD-Audio. 0 DVD-Videa ainda possui pouca representatividade na China.

17 - LD (LaserDisc):

conteudo: video analogico do ripo composto.tipo: somente leitura, dos dais lados.

44

capacidade: 1 hora par lade 130min por lade (confonne a versao, ex.istem duas).caracteristica:utiliza som anaJ6gico / digitalizado sem compressao, podendo incluir recursos como surroundp.ex .. A imagem e superior a imagem do fannalo VHS, porem inferior a do DVO- Video; aoccntrina do DVD- Video, sua camada refletiva de alwninio pede eventualmente sofrer oxidayaocom a tempo (laser rOll.

obs.: criado em 1978 pela MeA Discovision.

18 - DVD-A (DVD-Audio):

conteudo: sam (e opcionaimente tambem textes / imagens) digitalizado sem compressiio.ripo: somente leitura, apenas de urn lado.capacidade: 74 minutos em qualidade alta /120 minutos em qualidade media / 410 minutos emqualidade baixa - esta ultima e a qualidade do CD-Audio; outros valores sao possiveis, variando-se a taxa de amostragem e 0 nllinero de canais.caracteristica:inelui recursos como surround p.ex., enquanto a taxa de amostragem (sampling) do CD-Audio ede 44.1 Khz, no DVD-Audio pode chegar a 192 Khz~ a amostragem pode ser feita com niunerosde ate 24 bits (16 no CD-Audio), 0 que confere reprodu¥ao mais fiel ao sam original. Ajustando-se a taxa de amostragemlprecisl1o consegue-se obler maior au menor qualidade, 0 que se ref]eteno tempo total disponivel DO disco. Para OUW a melhoria do sam no eutanlo e imprescindivel queo conversor digital-ana16gico do aparellio funcione com 192kHz com taxa de 24bits (na maioriados aparelbos comuns a frequencia utilizada no conversor e de 96kHz).obs.: foi introduzido em 1999 pela Pioneer.

19 - DVD(DVD-Video):

conteudo; video digitalizado com compressao MPEG2 de alta qualidade.tipo: somentc leitura, de urn ou dois lados.capacidadc: 4,25 Gb par lado (8,5 Gb urilizando duas camadas) totalizando 8,5 Gb (17 Gb comdais ladas de duas camadas) I 133 minutos por lado - 2h 20min (266 min - 4,4h com duascamadas e 532min - 8,8h com dois lados e duas camadas).ca racteristica:inelui recursas como 5.1 Dolby digital surround, multi-linguagem (ate 8) e mu1ti-legendas (ate32), entre outros. Se ao inves de video+som somente 0 som for gravado. annazena perto de 8boras por lado. DVDs- Video podem ser protegidos par codigos regionais au nao. Quando naoprotegidos (ali region), podem ser reproduzidos em qualquer player. Quando protegidos, somenteDOSplayers comercializados em detenninada area geognifica, de acordo com 0 regional code,(country code ou zone lock) indicado por urn Diunero sobreposto ao desenho de urn globo,conforme a tabela:(1) EVA, Canada e territorios pertencentes aos EUA(2) Japao, Europa, Africa do Sui, Egito e Oriente Media(3) Asia (Sui e Leste), Hong Kong.

45

(4) Austrcilia, Nova Zelfuldia, Ilhas do Pacifico, America (Central e SuI), Mexico, ... Canbe.(5) Leste europeu, India, Africa (exceto Africa do Sui), COf(!ia do Norte, Mong6lia.(6) China.(7) reservado para usa futuro.(8) especial para avi6es e transaticinticos.Alem do regional code, assirn como fitas VHS 0 sinal gravado depende do fonnata utilizado nopais (NTSC, PAL, SECAM).obs.: introduzido em 1996 par wn conjunto de companhias, entre elas Philips, Sony, Matsushita eToshiba, popularizou-se com 0 apelo de HoU)'\Vood para distribui~ao de filines para usadomestico, em substirui~ao as fitas VHS. A op~ao camada-dupla nao e utilizada nos DVD-Videoatualmente em usa.

20 - DVD-R (DVD Recordable):

conteLido: quaisquer tipos de dades digitalizados (sam, imagem, arquivos, programas).tipo: pode ser gravado uma Unica vez, dos dais ladas.capacidade: 3,95 Gb por lado (primeira versao) 14,7 Gb por lado (segunda versao).caracteristica:pade ser usado para cria~ao de OVD-Video / OVD-ROM~obs.: introdll.zido em 1998 pela Pioneer, utiliza 0 mesmo processo WORM que 0 CO-R.

21- DVD+R (DVD Recordable):

cooteudo: quaisqll.er tipos de dados digitalizados (som, imagem, arquivas, programas)tipo: pode ser gravado uma i1nica vez, dos dais lados.capacidadc: 4,7 Gb par lado.caracteristica:pode ser usado para cria~ao de OVD-Video / OVD-ROM; ; a versao de 8cm de difunetro podeconter qll.ase IGb de dados.obs.: criado em 2001 como alternativa ao padrao oficial OVD-R (estabelecido pelo OVD Forum)pela Sony / Phillips com 0 apoio da OVD+R W Alliance. Utiliza 0 mesmo processo WORM queoCD-R.

22 - DVD-RW (DVD ReWritable):

cooteudo: quaisquer tipos de dados digitalizados (sam, imagem, arquivas, programas).tipo: pode ser regravado ate 1.000 vezes, dos dois lados.capacidade: 4,7 Gb por lado.caracteristica:pode ser regravado 1000 vezes (bern menos do que 0 OVD-RAM); 0 acessa aos dados esequencia! (caracteristica das apticac;:oes de video, exceto nos processos de edi~ao); pode ser

46

usado para criay30 de DVD-Video lOYD-ROM; utiliza UIn processo optical phase-change degravQc;Qo.obs.: criado pela Pioneer em 1999.

23 - OVD+RW (OVO ReWritable):

cooteudo: quaisquer tipos de dados digitalizados (som, imagem, arquivos, programas).tipo: pade ser regravado diversas vezes, dos dais ladas.capacidade: 4,7 Gb por !ado.caracteristica:pode ser regravado lOOO vezes (bern menos do que a OVD-RAM); 0 acesso aos clados esequencial (caracteristica das aplica90es de video, exceto nos processos de edi930}; pode serusado para criay3.o de DVD-Video / DVD-ROM; a versao de Scm de diarnetro pode conter quaseIGb de dados; utiliza urn processo optical phase-change de gravQ(;iio.obs.: criado em 2001 como altemativa ao padrao oficial DVD-RW (estabelecido pelo DVDForum) pela Sony I Phillips com 0 apoio da DVD+RW Alliance. Utiliza, 0 mesmo processoWORM que 0 CD-R.

24 - OVO-RAM (OVO Random Access Memory):

conteudo: quaisquer tipos de dados digitalizados (som, irnagem, arquivos, programas).tipo: pode ser regravado ate 1000.000 vezes, dos dois lados.capacidade:2,6 Gb por lade (primeira versao) e 4,7 Gb por lade (segunda versao).caracteristica:o acesso aos dados e rand6mico (trabalha de modo semelhante a wn HD de micro). Existe wnaversao menor (8 cm, com 1,46 Gb por lado) utilizada para gravar video no fonnato WEG2 emcamcorders do tipo DVD-RAM. 0 acesso rand6mico possibilita a ediyao oa propria camera;utiliza urn processo optical phase-change de gravapjo.obs.: introduzido em 1998, pela Panasonic, Hitachi e Toshiba como versao cartucho (disco dentrode estojo protetor) e posteriormente taInMm como versao somente disco, e 0 padrao utilizadopela Apple nos drives DVD de seus microcomputadores. 0 formato e suportado pelo Windows.Em 2001 a Hitachi passou a comercializar cameras que utilizam DVD-RAMs do tipo mini (8 cmde difunetro, 2,8 GB de capacidade), capaz de annazenar 2 hOTas de video (60 min. em cada lado)ou 2000 fotos. 0 audio, gravado em urn processo denominado AC-3 pela Hitachi, e do tipo DolbyDigitaL 0 sinal gravado e do tipo MPEG2, com qualidade standard (urn mesmo padrao decompressao MPEG pode ter mais de uma versao: no formato Micromv par exemplo 0 sinalgravado tambem e do tipo MPEG2, porem em uma versao high-quality).

25 - OYD-ROM (OYD Read Only Memory):

conteudo: quaisquer tipos de dados digitalizados (sam, irnagem. arquivos, programas).

47

tipo: somente leitura, apenas de urn lado.capacidade: 4,7 Gb.caracteristica:similar ao DVD-Video, porem com a possibilidade de conter formatas de arquivQs utilizados parcomputadores; possui capacidade de armazenamento muito maior do que a do CD-ROM.obs.: foi introduzido em 1997 pela Fujitsu.

26 - MD (MiniDisc):

contelido: sam digitalizado com compressao / dados (MD Data).tipo: somente leitura / regrav3vei apenas de urn lado.capacidadc: 74 minu,os / 140Mb (MD Data).caractcristica:uriliza 0 mesmo processo de leitura do CD-Audio no tipo somenle leitura e a processo aptico-magnetico no lipo regravavel. 0 sam tern qualidade bern proxima a do CD-Audio e ecomprimido atraves do processo ATRAC (Adaptive TRansfonn Acoustic Coding). Este processoretira do sam frequencias imperceptiveis para 0 ouvido bumano, reduzindo assim a quanti dade deinfonnayao a ser digitaJizada a 115 do seu conteudo original. Utiliza wn processo magneto·optical de gravar;ao.obs.: criado peia Sony, em 1991 (audio) e em 1993 (MD Data). Disponivei sornente em versaocarrucho (disco dentro de urn estojo protetor de 7crn x 7cm); existe uma versao regravavel de altadensidade, com 650Mb, utilizada para gravayao de video em modelos de camcorder MD. Em1999 a Sony passou a comercializar cameras que utilizam NlDs do tipo MD Data, capaz dearmazenar 20 minutos de video ou 4500 fotos. 0 sinal gravado e do tipo tvfPEG2, com quaJidadestandard (um mesrno padrao de compressao rvtPEG pode ter mais de wna versao: no fonnatoMicromv por exemplo a sinal gravado tambem e do tipo MPEG2, porem em uma versao high-quality).

27 - HD-DVD (High Density DVD):

conteudo: video digitalizado com compressao MPEG2 de alta qualidade I video em HDTV.tipo: somente leitura / regravavel.capacidade: 17 Gb par lado (versao I) 127 Gb par lado (versao 2).ca racteristica:utilizando tecnologia blue ray laser, e capaz de armaz~nar em urn dos lados poueo mais de 2horas de video HDTV au 13 horas de video VHS. Seu disco e mais fino do que as DVDscomuns.obs.: criado pe\o Blue-Ray Consortium como alternativa ao AODS, padrao oficial do DVDForum. A Sony toi a fabricante do primeiro player de HD-DVD em 2003.

48

28 - AOD (Advanced Optical Disk):

conteudo: quaisquer tipos de dados digitalizados (som, imagem, arquivos. programas).tipo: somente leitura / regravivel.capacidade:15 Gb por lado (somente leitura) e 20 Gb por lade (gravavel); na versao camada dupla estesvalores dobram.caracteristica:utiliza tecnologia blue ray laser; seu disco tern as mesmas dimensoes dos DVDs comlli1S.

obs.: criado pela NEe e Toshiba (comercializ3930 prevista para 2003) tornou-se 0 padrao oficia1do DVD Forum.

5.0 CURTA "JANllLA"

Para a constrw;ao desta narrativa do curta intitulado "JANELA", captarei imagens nas

mais variadas \ocayoes procurando enquadrar somente janeJas, assim como: escola, fabrica,

cemiterio, esquife, batalhao, casa, igreja, restaurante e carro. Nessas janelas, que estarao sempre

abertas, tambem estarn fazendo parte do conjunto urn espelho que, ora mostrani em seu ref1exo 0

ponto de vista do exterior do ambiente, quando for gravada a janela de fora para dentra; e vice-

versa. Quando posicionannos a camera do lado de dentro desse ambiente, dessa mesma janela, 0

espelho que sent nela coiocado, refletira 0 interior do ambiente, do ponto de vista de uma pessoa

que olha de dentro para fora.

Buscando equilibria de linhas, serao utilizados dais formatas de espelhos, au seja, urn

redondo para janeJas que tenharn predorrunancia de linhas retas e urn quadrado para janelas que

tenharn predomimincia de Jinhas curvas. Nlinha proposta de leitura aqui e transmitir, com os dois

fonnados de espe!hos, 0 universo masculino e feminino presentes nas linhas curvas: emo~ao e

linhas retas: razao. 0 espelho estara sendo segmado, no enquadrarnento da janela, por uma

pessoa usando luvas pretas, sendo que aparecerao somente suas maos e bra~os. Por estannos

explorando elementos antagonicos (dentro/fora, redondo/quadrado, etc) na constnuyao deste

curta, optamos lambem peio uso do preto e branco em toda a narrativa.

o uso das luvas pre laS surgiu na inten9ao de sugerir 0 fenecimento de limita~ao do campo

visual, ao qual 0 espectador e levado, com a delimita9ao que a camera, a janeJa e 0 espe1ho

proporcionam. Na p6s-prodw;;:ao, sera colocado wn wipe em negativo da imagem, semelhante a

wna moldura de urn quadro. Teremos entao, quatro recortes: 0 recorte (enquadramento) da

50

camera, a reeorte da janela, 0 reeorte do espelho e 0 reeorte digital em negativo, sugerindo, oa

minha leitura, a possibilidade da quarta dimensao, au seja: altura x largura x profundidade e, a

quarta dimensao que e 0 lado de 1.'1da tela au imagem.

Como estamos lidando com imagens em movimento, a dinfunica da narrativa se clara com

as frases em movimento oa tela e com as acyoes que ocorrerao no reflexo desses espelhos. Num

dado momento do primeiro conjunto de janeias, passara no reflexo do espeUto urn cachorro; em

autra situa«ao, 0 reflexo de urn onibus; nurna cutra, uma pessoa acariciando urn cao e assim par

diante.

Na p6s-produ«<1o, escreverei palavras em animayao por computador, fannanda frases

tiradas do anagrama jane/a, que correrao em simultaneidade, nos mais variados sentidos da tela,

em sobreposiyao com as imagens gravadas ao fundo. Os grupos de palavras obtidos a partir do

termo janela para a cria~ao de frases foram: /lal, Ijanal, lanai, lelal, Inelal, IjaJ, Ijane/, leI, laI,

laneV, lane/, lanelal, /lei, Inajal, /Jenal, lalal, Ialenal, Inal e Ilanal. A partir de enta~, foi possivel a

criayao das seguintes frases: Ela anela Ana na janela ~ La nela Ane anela Alena - Jana, a Naja ja

Ie anella na Lana ~Alena, Jane, Lena, Ana, Jana, Ane, Lana, anela a Naja ~ Ja ela, Jane Ie Lena e

anei na ala a lanela.

No ultimo conjunto de janeias, apareceni a palavra JANELA separada em silabas no

rodape da tela, na qual a silaba NE ini desaparecendo lentamente em fade, enquanto surge a

imagem em mL'Xde urn cao uivando. Podeni ler~se entao, com a silaba JA, mais 0 som do livo do

cao e mais a silaba LA, uma outra mensagem, ou seja, a paiavra JANELA seria substituida nurn

dado momento por JA + AAAUUUU + LA (jaula), isto e, a jaula visual do enquadramento. Apos

este momento, a silaba JA tambem sumira ientamente, segulda da imagem da janeia, restando ao

final no centro da tela urn wipe preto corn a silaba LA sozinha no rodape ao lade dire ito da tela

51

que sera sugado pelo wipe, enfatizando dessa maneira 0 outro lado, 0 lade de LA, isto e, a autra

dimensao.

Para se ampliar a leitura e por se tratar de uma narrativa experimental que possibilita

varias ieinrr3s, foi levantada tambem uma rela~ao de alguns termos das imagens, que poderao ser

vistas no transcorrer do curta e que se encontram no glossario.

5.1 Argumcnto.

Sonhas e anglistias na vida de lUll casal. 0 fragmento de memorias no espayo-ternpo, no

qual dais persanagens ("Ete" e "Ela") apresentam a propria identidade.

As mem6rias que «Ela", sempre de vestes brancas e dona de urn cao, tern, num dado

momento de sua vida, se mostram vagando como se fosse wna bola preta cheia de confus5es e

desordens, pelo reflexo dos espelhos que desve1am 0 conteudo da sinceridade de seu corayao; e

que, apesar de tudo, sernpre tern suas energias renovadas nos pingos da chuva. Entretanto "Ele",

urn simples fimciomirio de [abrica, se mostra para a vida sob outro ponto de vista. De natureza

estitica e antidinfunica, porem de cora~ao born e intuitivo, tern consciencia de que e limitado em

relayao a "Ela"

"Ele" e "Ela" sao gente comum que participam, como tantas outras, das fases da vida

como: escola, igreja, exercito •..., pOT onde muitas pessoas passaram repentinamente em seu dia a

dia, e outras nao, ajudando-as a escrever 0 seu cotidiano ao longo da hist6ria como: ANA, ANE,

ALENA, lANA, LANA, lANE, LENA e NAJA. Assim como a vida esta em constante

transfonnayao, 0 homem tambern busca seus pr6prios carninhos, procurando se adaptar.

52

o destino marca "Ela" para sempre, quando, ao volante de seu carro, seu rosto transfigura-

se, modificando sua maneira de ver e perceber 0 mundo. Agora, de maneira mais ampJa, mun

esrnglo quase que de sublimac;:ao, acabou absorvendo, compreendendo e transcendendo algumas

coisas que "Ele" tanto procurava Ihe transmitir ao longo de sua vida.

Agora, "Ela" pertence a wn outro estflgio. Suas mem6rias se apresentam como se fosse

wna bola branca, ainda num silencio absoluto, porem cheia de a1egria juvenil, transbordando em

possibilidades vivas, rolando no tempo e no espac;:o.

53

5.2 Roteiro.

l. ESTUDIO DE TV. INT.

Televisiio ligada efora do or, em es(udio com fimda infin ito prelO. Espelho (redondo)maniplilado por pessoa com luvas pre las em SllGVesmovimentos emJrente a TV, rejlelindo a

imagem deja iigada efora do or.

TAKE: PM com camera na altura da TV, captando no reflexo do espelho a televisao ligada.

2. CEMITERlO/MAUSOLliu EXT. I INT.

TAKE A: PM de janeia (redondallinhas cwvas) de cemiterio/mausoieu, com pessoa de luvaspretas segurando espellio (quadrado) refletindo 0 exterior, por oude passa no chao uma bolapreta.

TAKE B: PM de janeia (redondallinhas curvas) de cemiterio/mauso!t~u, com pessoa de luvaspretas segurando espelho (quadrado) refletindo 0 interior desse ambiente, na qual aparece lima

pessoa trabalhando.

3. ESQUIFE EXT. I INT. NOlTE

TAKE A: PP de janela (quadrada/tinhas retas) de esquife, com pessoa de luvas pretas segurandoespelbo (redondo) refletindo 0 ceu com lua.

TAKE B: PP de janela (quadradallinhas retas) de esquife, com pessoa de luvas pretas segurandoespelbo (redondo) refletindo 0 interior do caixao com uma foto que sugere uma rnulher comroupa branca.

4. CASA ABANDONADA EXT. liNT. D1A

TAKE A: PM de janela (redondallinhas curvas) de casa, com pessoa de luvas pretas segurandoespelho (quadrado) refletindo a exterior, por onde passa repentinamente urn 6nibliS.

TAKE B: PM de janela (redondallinhas curvas) de casa, com pessoa de 11iVaspretas segurandoespelho (quadrado) refletindo 0 interior, com agita(fao de matagal com 0 vento.

5. CASA DE CLASSE MEDIA EXT. liNT. D1A

TAKE A: PM de janela (quadrada!linhas retas) de casa, com pessoa de luvas pretas segurandoespelho (redondo) refletindo 0 exterior, por onde passa repentinamente urn cao no jardim.

54

TAKE B: PM de janela (quadrada/linbas retas) de casa, com pessoa de luvas pretas segurandoespelho (redondo) refletindo 0 interior desse ambiente com"wn homem sentado em sofa comluvas pretas acariciando urn cao.

6. ESCOLA EXT. I INT. DIA

TAKE A: PM dejaneia (redondallinhas curvas) de escola. com pessoa de luvas pretas segurandoespeUlO (quadrado) refletindo 0 interior de wua sala de aula com allUIOS.

TAKE 8: PM de janeJa (redondal1inbas curvas) de escola, corn pessoa de luvas pretas segurandoespelbo (quadrado) refletindo 0 exterior do patio da escola, com alunos em fanna em frente abandeira nacionaL

7. BATALHAO EXT. I INT. DIA

TAKE A: PM de janela (quadradaJlinhas retas) de batalhao, com pessoa de luvas pretassegurando espelbo (redondo) refletindo 0 exterior do patio do batalhao, com soldados em fannaem frente a bandeira nacionaL

TAKE B: PM de jane1a (quadradallinbas retas) de batalhao, com pessoa de luvas pretassegurando espeiho (redondo) refletindo 0 interior de urn alojamento com soldado todo coberto,deLxando apenas 0 cotumo de fora.

8. IGREJA EXT. I INT. DIA

TAKE A: PM de janela (redondallinhas curvas) de igreja. com pessoa de luvas pretas segurandoespeUlO (quadrado) refletindo no exterior uma cruz.

TAKE B: PM dejanela (redondallinhas curvas) de igreja, com pessoa de luvas pretas segurandoespelho (quadrado) refletindo no interior pessoas cantando e batendo palmas.

9. FABRICA ABANDONADA EXT. lINT. DIA

TAKE A: PM de jane1a (quadradallinbas retas) de f<ibnca, com pessoa de luvas pretas segurandoespelho (redondo) refletindo no exterior uma sirene.

Pessoas com roupas pretas e mulher com vestido bronco.

TAKE B: PM dejanela (quadradallinbas retas) de fabnca, com pessoa de luvas pretas segurandoespelho (redondo) refletindo no interior, gropos de pessoas saindo da fabrica como se fossemautomatos. Repentinamente, passa entre e1es urn vulto com foupa branca.

5510. RESTAURANTE INT. DIA

Pessoos com roupas prelas; toa/has de mesa preta emu/her com vestido branco.

TAKE A: PM de janela (redandallinhas cUI"Vas) de restaurante, com pessoa de luvas pretassegurando espelllo (quadrado) refletindo no interior, pessoas estaticas sentadas a mesa.Repentinamenle passa entre eles wn vulto com roupa branca.

lvlu/her com veslido bronco e carro pre to.

TAKE B: PM de janela de carro (do motorista) parada em frente ao restaurante, com pessoa deluvas pretas segurando espelho (redondo) refletindo 0 exterior com a porta do restaurante. Ela, saipela porta do restaurante apressadamente e segue em direc;:ao ao carro.

I I. CARRO PRETO EXT. I INT. DIA

TAKE A: PM de janela de carro (do carona) parado, com pessoa de luvas pretas segurandoespelbo (quadrado e redondo) refletindo 0 exterior com cell e com sol.

£10, de vestido bronco e rOSlOpintado de branco, dirige 0 carro preto de maneira lensa.

TAKE B: PM de janela de carro (do carona) em movimento, com pessoa de luvas pretassegurando espeUlO (quadrado) refletindo 0 interior do carro com ela ao volante dirigindo.

TAKE C: PM de janela de carro (do carona) parada, com pessoa de luvas pretas segurandoespelho (redondo) refletindo 0 exterior, por ande passa no chao uma bola branca.

12. CHAO EXT. DIA

TAKE: PM. Camera no chao. Espelbo quadrado, no chao na frente de fundo prete, refletindo 0

horizonte. Bola branca rala em dire((aa ao espelho, quebranda e revelando a fundo preto.

13. ESTUoIO COM FUNDO INFINITO PRETO

TAKE: PM. Camera no chao. Bola branca rola em direc;:ao ao bonzonte.

14. ESTUDIO

TAKE: PPP. Camera em macro de gota d'agua atingindo a superficie.

15. CACHORRO

TAKE: PM. Camera em contra-plongee de cao uivando.

5.3 Roteiro Tccnico56

AUDIO/SOMFolha 01ROTEIRO DE TECNICO

IMAGEMObservacao: todo ° video teni moldura em Wipe em InegativQ (a partir da cena 2) e sera em PB. 1

I. (A) Abre. com s.C.ro.OIda.. esque.rd. a. para. a direita IIUm pingo d'agua.com a palavra JANELA, ocupando toda a tela com

I

fLUldo pi du em t:araclen::s vcuadus, sobl t:: imageUi Ide reflexo no espelho de urna TV ligada que estafora do ar. Fade out; I(8) Fade in. Creditos: roteiro/ediy8.0/direY30 -eugenio siqueira; caractereslanimayao - fulano de ISI sam.tal; elenco: ele - barges de garuva, ela - angelafinardi. Fade out. 1

2. CEMJTERlOIMAUSOLEU I(A) Fade in, janela (redondalfinhas curva'i), decemiterio/mausoleu com pessoa de luvas pretas I S/som.segurando espelho (qllodrodo) refletindo 0

exterior, p<:r on~e pass~ no chao uma bola preta.1Sobreposlyao d_ letras. ELA ANELA ... , corte Iseco;

I· (8) Janela (redondallinhas curvas), de

eemiterio/mallsoh~u com pessoa de luvas pretas S/som.seguraml0 espdho (qUadr. adu) refletindo 0 interior Idesse ambiente, na qual apareee wna pessoatrabathando. Sobreposiyao de letras: ...ANA NA IJANELA. Corte seeD no fundo, com fade in em

1

3.. :Q:::gO d'agua. I Urn pingo d'agua.

(A) Fade out de mix de pingo d'agua. com janela .(quadradallinhas retas) de esquife, com pessoa de IUrn cao latmdo.luvas pretas segurando espelho (redondo)

Irefletindo 0 ceu com lua. Sobreposiy30 de letras: J-IA-N-E-L-A (em profuc;ao aleat6ria, no instante dolatido). Corte seco; I(B) Janela (quadrada1linhas retas) de esquife, com Ipessoa de luvas pretas segurando espelho S/som.(redondo) rcflctindo 0 interior do caixao eom uma Ifoto que sugere uma mulber com roupa branca.Sobreposiy30 de letras: LA NELA ANE ... Corte Iseeo no fundo, com fade in em mix de pingod'amm. j Urn pingo d'agua.

57

ROTEIRO TEcNICO Folha 02IMAGEM AUDIO/SOM

I. CASAABANDONADA(A) Fade out de mix de pmgo d'agua, com janela I S/som.(redondallinhas curvas) de casa, com pessoa deluvas pretas segllfancto espelho (quadrado)

\ refletindo 0 exterior, por onde passa I

Ircpcntinarncntc urn oni.bUS. Sobrcposiyao de lctras: I...ANELA ALENA. Corte seeo;

I, (B) Jane1a (redonda/lmhas curvas) de easa, com IRuido de mato se agitando.

pessoa de luvas pretas segurando espelho(quadrado) refletindo 0 interior, com agitayao de Imatagal com 0 vento. Sobreposiyao de tetras:

1 JANA, A NAJA ... Corte seeo. I Urn piDgo d'agua.

12. CASA DE CLASSE MEDIA II ~ (A) Janela (quadradallinhas reras) de easa, com I S/som.

pessoa de luvas pretas segurando espetho

I (redondo) refletindo 0 exterior, por onde passa I

Irepentinamente urn CaD no j:'lfdim. Sobreposiy.1.o deletras: ... JA LE ANEL. .. Corte seco; I

I' (B) Janela (quadrada1linhas retas) de casa, com

pessoa de luvas pretas segurando espelbo I S/som,

I(redondo) refletindo 0 interior desse ambiente com Iurn bornern sentado em sofa com luvas pretas

IacaJiciando wn cao. Sobfeposi~ao de lett'as: ... LA INA LA.t~A. Corte seco. Urn pingo d'agua.

1

3.. ESCOLA II(A) Janela (redondallinhas curvas) de escola, com

I pessoa de luvas pretas segurando espeiho IS/som. I(quadrado) refletindo 0 interior de uma sala de

Iaula com alunos. Sobreposis:ao de tetras: ALENA, I IJANE, LENA. .. Corte ,eco;

I (B) Janela (redondallinhas curvas) de escola, com .. " I. pessoa de luvas pretas segurando espelbo Fad~ m. ~ ?e trecho da mUSlca:

I (quadrado) refletindo 0 exterior do patio da escola, IO~V1f~ do tptranga com banda de I

1

com ahm.os em fanna em frente a bandeira caes labndo. Fade out.

nacio.nal. Sobreposis:ao de letras: ...ANA, JANA, I . " 1ANE E LANA, ... Corte ,eco. IUrn pillgo d agua.

58

ROTEIRO TECNICO Folha 03IMAGEM AUDIO/SOM

7. BATALHAO(.'\~) Jane\a (quadrada/linhas retas) de batalhac, 1 S/som.com pessoa de luvas pretas segurando espelho(redondo) refletindo 0 exterior do patio do 1

batalhao, com soldados em fanna em frente a IballdeiJa naciollal. s.obrepOSi.;ao de leu-as: 1 . . . 1

...ANELA A NAJA. Corte seco;(B) Janela (quadradallmhas relas) de baralliao'IFade in. Mix de l.r~chu da IIIllsica: 1com pessoa de luvas pretas segurando espeUlO ouviram do ipiranga com bando de(redondo) retletindo 0 interior de urn aiojamenta 1 caes latindo. Fade out. 1

com soldado todo coberta, deixando apenas 0

cotumo de fora. Sobreposi.;;3.o de letras: JA ELA'I 1

JANE ... Corte seco. Urn pingo d'agua.

1 1

1

8.. [GREJA I(A) lanela (redondallinhas curvas) de igreja, compessoa de luvas pretas Seb'llfando espelho S/som.(quadrado) refletindo no exterior uma cruz.! Sobreposi93.0 de letras: ...LE LENA E ANEL.··I ICorte seco;

I

· (B) Janela (redondallinhas curvas) de igreja, com I . . .pessoa de luvas pretas segmando espelho 1Fade m. ML,( de trecho da mUSlca: 0

(quadrado) refletindo no interior pessoas cantando nosso general com bando de caes

I

e batendo palmas. Sobreposi9ao de letras: ... NA Ilatindo. Fade out.ALA A JANE LA. Corte seco.

1

. 1Um pingo d'agua.9. FABRICA ABANDONADA

I. (A) lanela (quadradallinhas retas) de fabrica, com 1

pessoa de luvas pretas segurando espeJho . . ~.' ..'

1(redondo~ refletindo no exterior uma sirene.1 APltO ae tabnca fortISSImo.Sobrepos19ao de letras: JAN E L A (em profusao

Ialeat6ria no instante do apito da fabriea). Corte 1seeo;

. (B) Janela (quadradallinhas retas) de fa.briea, com I·pessoa de luvas pretas segurando espe1ho S/som.

1 (redondo) refletindo no interior, grupos de pessoas 1saindo da f<ibrica como se fossem automatos'

lI Repentinarnente, passa entre eles wn vulto com

I

roupa branca. Sobreposit;:3.o de letras: JAt"JELA (sc 1 . ,.reagrupa). Corte seco. Urn pmgo d agua.

I

ROTEIRO TECNICO Folha 04IMAGEM AUDIO/SOM

10. RESTAURANTE I(A) Janda (redonda1linhas curvas) de restaurante. !I :Sfsom.com pessoa de [uvas pretas segurando espeiho(qllodrado) reflctindo no interior, pcssoas estaticassentadas a mesa. Repentinamente passa entre elesWll vulto com roupa bfallCa. Sobreposiyao detetras: JA-NE-LA (em divisao sil<ibica,posicionando-se no rodape cia tela). Corte seea.(B) Janela de carro (do mOlorista) parada em frenteao restaurante, com pcssoa de luvas pretas S/som.segurando espelho (redondo) refletindo 0 exteriorcom a porta do restaurante. Ela, sai pela porta dorestaurante apressadamente e segue em dire~ao aocarro. Sobreposiy.iio de letras: JA (parada no Irodape a esq.). NE <em fade in) e LA (parado noradape a dir.). Corte seeo no fimdo, com fade in em Imix de pingo d'agua. Urn pingo d'agua.

II. CARRO PRETO I(A) Fade out de mix de pinga d'cigua. com janeiade carro (do carona) parada, com pessoa de luvas Urn cao uivando.pretas segurando espelho (quadrado e redondo)refletindo 0 exterior com ceu e com sol. Mix decao uivando. Sobn::posiyao dt:: ldras: JA (parado) t::LA (parado). Corte seeo;(8) lanela de carro (do carona) em movimento.com pessoa de luvas pretas segurando espelho S/som.(quadrado) refletindo a interior do carro com elaao volante dirigindo. Sobreposirrao de letras: JA(em fade in) e LA (parada). Corte seeD no fundo,com fade in em mix de pingo d' agua.(C) Fade out de mix de pingo d'agua, com janelade carro (do carona) parada, com pessoa de luvas S/sam.pretas segurando espelho (redondo) refletindo 0exterior, por ande passa no chaa uma bola branca.Sobreposirrao de letras: LA (parada). Corte seeo.

Urn pingo d'agua.

I

59

ROTEIRO TECNICO Folha 05AUDIO/SOMlMAGEM

12. CHAO(A) Espe!ho quadrado, no cbao na frente de fundopreto, refletindo 0 horizonle. Bola branca rola emdire~ao ao espclho, quebrando e revelando 0 fundo Ipreto. Apos a quebra do espelbo, surge urn wipepreto 110 centro da tela, COlli a TV fOfa do a1' de Imoldura.(8) No wipe preta, bola branca continua rolandoem direyao ao horizonte com fundo infinito preto.Sobreposiyao de leuas: LA (quando a bota braneafor sumindo 110 horizonte, as tetras seraojuntamente sugadas).

S/som.

S/som.

l3. CREDlTOS ITV fora do aT, com wipe preto no centro da tela.Sabe creditos em roll somente no wipe.

Ao surgir a entrada dos creditos,entra em fade ruido de TV fora do ar.

60

I

CONSIDERA(:OES FINAlS

Ja mID e de hoje, que a tecnoiogia digital vern se tomando cada vez mais presente no

cotidiano das diversas areas do conhecimento humano. Assim tambem ocorre com 0 cinema,

oude 0 homem remventa tecrucas e linguagens, explorando-as nas mais recentes ferramentas

digitais, com 0 proposita criativo, asslln como Greenaway_ Em se tratando de criarrao no campo

das artes, wn dos aspectos fundamentais para se dar inicio a run processo de constrU(;:ao artistica e

a fonnayao de repertorio, isto e, de referenciais, pois ninguem cna do nada. Desse modo, para se

chegar ao resultado que esperava do meu curta intitulado "JANELA", foi necessaria que eu

agregasse subsidios, a partir de estudos das virias tecnicas e procedimentos apresentados, que

contribuissem no men processo criativo para a eiaborayao da estrutura narrativa.

o fiime, que creio ser 0 estopim, e que ficou registrado na memoria desde 0 inicia do

curso, foi "Meshes of the Afternoon ", de Maya Deren. Urn aspecto que me chamou a atem.;:ao, fai

a forma com que Deren explora 0 onmca, deixando a espectador em diIvida se 0 que ele esta

assistindo naquele instante, e urn mundo de sonhos au urn mundo real. Percebi entaa que ai

estava (esta) a magia do cinema, em que 0 publico ainda hoje ao ir no cinema se deixa levar pelo

imaginana. Outra ponto a destacar do par que da seleyao deste filme, foi perceber as janelas que

se apresentaram no decorrer cia narrativa. Foram vanas as maneiras, exploradas pela cineasta, que

limitaram nosso campo visual, como: a propria camera, as janelas e as espeJhos. Nesse casa,

atentei para a questao do olbar do artista que recorta a mundo real, tendo 0 poder de deixar a

mostra somente aquilo que Ihe interessa, fazendo uma leitura de mundo de maneira singular.

62

Outro tilme que semu de referencial roi "Prospero's books", de Peter Greenaway_ Ao

assisti-Io, pude perceber que 0 diretor tenta tirar 0 maximo proveito das recentes ferramentas

digitais que invadiram a montagem no cinema e que vieram para ficar. Em sua estrutura

narrativa, nos e apresentada uma profusao de imagens com sobreposit;oes, janelas (wipes) que se

abrem sabre imagens, textQs. musicas e sons. Greenaway transgrediu e ousou com este fLime, e,

de cefta maneira, penso que ate brincou com a cinema, para que pudessemos vislumbrar novas

possibilidades de linguagem e de fruicy30. Nesse caso, 0 que me chamou atenc;:ao foi a analogia

que pude fazer com 0 filme anteriormente assistido, no sentido de que apesar, de urn ser montado

na decada de 40 ("Nfeshes of the Afternoon ") e outro na d6cada de 90 ("Prospera's books "),

percebi semelhanl.;as entre os dois, atentando para a coincidencia da mwtiplicidade dos recortes

au janelas que ambos as filmes apresentaram.

A partir de entao, agreguei valores visuais dos dois ftImes, percebendo que com ou sem

reeursos digitais e possivel abrirem-se outras janelas dentro de tUna mesma imagem. 0 titulo do

meu eurta "JANELA" foi influenciado nao s6 pelos ftlmes assistidos, 0 que me pareeeria muito

6bvio, mas, eriou sustental.;ao a partir do momento que atentei que estava eserevendo por

intenm:dio de urn sistema operaeional tambem ehamado jane1a (windows), sendo este 0 mundo

digital sem 0 qual 0 filme «Prospero 's books ", nao poderia existir.

Como vimos, a montagem proposta por Greenaway, s6 foi passivel earn 0 usc de

modernas eomputadores. POft!m, quando falamos da influeneia tecnol6gica dos meios eletronieos

digitais na poetica do diretor artista, e preciso lembrar que 0 eomputador nao passa de uma mera

ferramenta. Atualmente, em se tratando de erial.;30 nos meios audiovisuais, 0 myel de dominio

teemeo operaeional, dentro da diversidade de programas existentes, vai influeneiar direramente

no resultado plastieo final. Ao longo da hist6ria, as vmas transformal.;oes teenol6gieas e de

linguagens ocorridas no cinema, como par exemplo: a inc1usao do sam, os enquadramentos de

D.W. Griffith, 0 surgimento da cor, etc., resultaram tambem na dificuJdade de cria9ao de roteiros

que se adequassem a cada nova tecnologia que ia surgindo, a fim de que se pudesse tirar 0

maximo proveilo de cada urna delas. Transfonna.;oes que pense 0 cinema estar passando hoje

com a inc1usao dos meios digitais.

AMm, da multiplicidade dos enquadramentas digitais em "Prospero's books ", outro

aspecto que me chamou a aten9ao neste filme e que influenciou diretamente no meu rateiro de

"JANELA" incluindo nele textos em anima9ao, foi a possibilidade da explora.;ao da linguagem

verbal interagindo simuJtaneamente com a ml0 verbal, isto e, imagens e/ou desenhos. A partir de

entao, a fun de ampJiar meu repert6no em rela.;ao ao lema, recom a uma pesquisa para saber 0

que havia side produzido no Brasil, em termos de textos em movimento na tela, deparando-me

com 0 grupo Noigandres que fundamentou 0 tema e criou ensaios em videopoesia em nosso pais.

Tambem reeom ao universo das artes-plasticas a fun de saber se algo ja havia sido produzido

nesse meio, uma vez que 0 cinema explora e muito a pintura em suas produ90eS. Eneontro, a

figura do artista plastieo Rene Magritte, que ja na decada de 20, mescla a linguagem verbal com a

nao verbal (A Trai';3o das Imagens), alem de ja ter produzido tarnbem outras pinturas (que

descobri nessa pesquisa) que apresentam mais de urn enquadramento; e que teem rela';3o plastiea

visual direla com meu roteiro.

Com a muitiplicidade de linguagens em wn Unico veiculo, penso que 0 cinema esm

passando por urn momento de transcriGf;tio, termo este que penso ser 0 mais apropriado, dianle

do emaranhado tecnol6gico que esta sendo tecido ao seu redor. Pereebo que a arte gira em torno

de cielos, num constante processo de resgate e transfonna.;ao dos meios; adaptando-se e

63

64

explorando tambem, as novas ferramentas que vao surgindo e que irao resultar em novas

propostas de trabalho, como e caso ocorrido em meu curta "JANELA".

ANEXOS

(fig. 01) Magritte. A Traio;ao das Imagens. 1928-29.

(fig. 02) Degas. The Millinery Shop, 1882-86.

(fig. 03) Lautrec. Training of the New Girls byValentin at the Moulin Rouge, 1889-90.

(fig. 04) Seurat The Siene at la Grande Jatte, 1888.

(fig. 05) Magritte. A Cascata, 1961.

(fig. 06) Magritte. The Human Condition I, 1934.

GLOSSAruo

AGUA"(. ..) podem reduzir-se a tres temas dominantes: fonte de vida, meio de purifica'Yao, centro deregenerescencia. ( ...)" (Chevalier, 1996: 15)."( ...) Todavia, a agua, como, alias, todos as simbolos, pode ser encarada em dais pianosrigorosamente opostos, embora de nenhum modo irredutiveis, e essa ambivalencia se situa emtodos as niveis. A agua e fonte de vida e fonte de marte, criadora e destruidora. ( ...)" (Chevalier,1996: 16)."( ...) De wn ponto de vista cosmogonico, a agua recobre dais complexos simb61icos antiteticos.que e preciso nao confundir: a agua descendente e celeste, a Chuva, e um3 semente uramana quevern fecundar a terra; masculina, portanto, e associada ao fogo do cell: e a agua para a qualGarcia Lorca apeia em Yenna. Ja a agua primeira, a agua nascente, que brota da terra e da aurorabranca, e feminina: a terra esta aqui associada a Lua, como urn simbolo de fecundidade completae acabada, terra gravida, de onde a agua sai para que, deseneadeada a fecunda~ao, a gerrninalYaose fa,a.( ...)". (Chevalier, 1996: 19,20)."(... ) A agua e simbolo das energias inconseientes, das virtudes informes da alma, das motiva~5essecretas e descon11ecidas. Aeontece muitas vezes nos soubos a gente estar sentado a borda daagua a pescar. ( ...)". (Chevalier, 1996: 21,22).

BRANCO

Segundo W. Kandinsky, "( ...) 0 Branco produz sobre nossa alma 0 mesmo efeito do silencioabsoluto ... Esse silencio mio esta morto, pois transborda de possibilidades vivas ... E urn nada,pleno de alegria juvenil, ou melbor, urn nada anterior a todo 0 nascimento, anterior a todocorne,o. (. ..)". (Chevalier, 1996: 142)."(...) E a cor da pureza, que m10 e originariamente uma cor positiva, a manifestar que algumacoisa acaba de ser assumida~ mas sUn uma cor neutta, passiva, ffiostrando apenas que nada [oirealizado ainda. ( ...)". (Chevalier, 1996: 143)."( ) 0 braneo e a cor esseneial da Sabedoria, vinda das origens e voca~ao do devenir do homem;( ) Solar, 0 braneo torna-se simbolo da consciencia diuma desabrochada. que morde a realidade:para os bambaras, os dentes brancos sao 0 simbolo da inteligencia. C..)". (Chevalier, 1996: 144).

CAO

"C ... ) esta ligado it trilogia dos elementos terra-agua-Iua, dos quais se conhece a significa~aooeulta, femeal, ao mesmo tempo em que e vegetativa, sexual, divinatoria e fundamental tanto noque concerne ao conceito de inconsciente, quanto ao de subconsciente.{ ...)" (Chevalier, 1996:176).

"( ...) seu conhecimento do mundo do AJem, bern como do mundo em que vivem os sereshumanos, faz com que 0 cao seja muitas vezes apresentado como her6i civilizador, l1a maioriadas vezes sCl1hor ou conquistador do fogo.{ ...)" (Chevalier, 1996: 178)."( ...) a fide1idade proverbial do cao faz dele ainda hoje urn simbolo muito difundido da fidelidadee (por exemplo, no Japao) lin ajudante e protetor mitico sobretudo das mulheres e crianyas. ( ...)Na iconografia medieval, 0 cao e ambivalente; pode ser simbolo da inveja, da ira e da tentac;:ao domal,rnas tambem da fe e da fidetidade. ( ...J". (Lexikon, 1997: 44).

CiRCULO

"( ...) 0 circulo simboliza 0 ceu cosmico, particulannente em suas relac;:oes com a terra. Nessecontexto, 0 eirculo simboiiza a atividade do ceu, sua inserr;tio dinamica no cosmo, suacallsaiidade. SilO exemplaridade, seu popel providente.{ ... }". (Chevalier, 1996: 250)"(...) 0 circulo e 0 signa da Unidade de principio, e lambem 0 do Ceu: como lal, indica aatividade e os movimentos ciclicos de ambos. ( ... ) Segundo Plotino, 0 centro e 0 pai do eircu/o, esegundo Angelus Silesius, a ponto conteve 0 eirculo. Infuneros autores, dentre os quais HenriSuso, aplicam a mesma comparayao do centro e do crrculo a Deus e a criayao. ( ...) Par que 0 ceuse move com IlIn movimenlO circular?, indaga Plotino. Porque ele imita a Inteligencia. ( ...)Combinada com a do quadrado, aforma do eirculo evoco umo ;deja de movimento, de mudanr;ade ordem all de nivei. A figura circular, adjllnta a figura quadrada, e espontaneamenteinterprerada pelo psiquismo humano como a imagem dintimica de uma diaierica enrre 0 celestetranscendente, ao quai 0 homem ospira noturolmente, e 0 terrestre, onde ele se sicua nomomento, onde percebe a si mesmo como sujeito de lima passagem a realizar a partir de agora,gra,as a ajuda dos signos. (. ..)". (Cbevatier, 1996: 251)."(...)0 circuJo e tambem simbolo do tempo: aroda gira. ( ...) Na iconografia crista. 0 motivo docirculo simboliza a etemidade; trc!S circulos unidos entre si evocam a Trindade do Pai, do Filho edo Espmto Santo. ( ... ) 0 redondo possui urn senrido universal (orbs-orbita) simbolizado peloglobo. A esfericidade do universo e da cabe9a do homern sao tambem indicios de petfeiy3.o. ( ...)".(Chevalier, 1996: 252)"(...)0 Verbo, ao fazer-se homem e assumir a hwnanidade, adquire ProPor90es humanas. Atravesda Encama9<l0, une sua divindade a humanidade. liga 0 ceu a terra, e \anya no circul0 wna formaquaclrada que corresponde a forma do homem. ou mellior, ele inscreve 0 quadrado no circulo dadivindade. ( ... ) E, assim, 0 Cristo sirna sua natureza hwnana no seio da natureza divina. e 0

homem quadrado, por causa da Encama9ao e da Reden9ao, insere-se, ele proprio, dentro docirculo. NOlltras palavras, a humanidade esta ligada a divindade, tal como 0 tempo a etemidade, 0visivel ao invisivel, 0 terrestre ao celeste. (. ..) Na tradi9ao islfunica, a fonna circular econsiderada a mais perfeira de todas. E e por isso que os poetas dizem que 0 circulo formado pelaboca e a mais bela das formas, por ser completamente redonda. (. ..)". (Chevalier, 1996: 253).n( ... ) 0 circuJo retrocede para si mesmo. sendo per isso urn simbolo da unidade. do absoluto e daperfei9ao; nesse sentido, e lambem urn simbolo do Ceu em OPOSi9aO a Terra ou do espmto emoposi,ao a maleria; ( ... )". (Lexikon, 1997: 58).

ESPELHO

"( ...) 0 que reHete 0 espelho? A verdade, a sinceridade, 0 conteudo do cora~ao e da consciencia:como 0 Sol, como a Lua, como a agua, como 0 auro, le-se em um espeJho do museu chines deHanoi, seja claro e brilhanle e reflita aquila que existe dentro do seu cora~ao. (...)" (Chevalier,1996: 393)."( ...) A inteligencia celeste refletida pela espelho se identifica simbolicamente com 0 Sol: e parisso que 0 espelho e freqiientemente urn simbolo solar. Mas ele e ao mesmo tempo lUn simbololunar, no sentida em Que a Lua, como wn espelho, reflete a luz do Sol.(. ..)" (Chevalier, 1996:394)."( ...) Em virnlde da analogia agua-espelbo, se encontra com freqUencia a utiiiza9ao magica, entreas bambaras, par exempio, de fragmentos de espelhos nos seus ritos para fazer vir a chuva.(. ..)".(Chevalier, 1996: 395)"(. ..) Referindo-se a funyao reprodutiva e "refletora"do pensarnento, ele simboliza a saber, 0

autaconhecimento, a consciencia, como tambem a verdade e a cJareza. E simholo da criayao que"reflete"a inteligencia divina e do coray3o humane e pure, que abriga em si, por exemplo, Deus( )". (Lexikou, 1997: 88)."( ) Em virrude de sua clareza, 0 espelbo e wn simbolo solar na quaJidade de fonte indireta deiuz, mas e [ambem urn simbolo lunar~ devido a sua passividade, e urn simbolo cia feminilidade; oaChina, e tambem urn simbolo da sabedoria contemplativa e nao-ativa. ( ... ) Nas artes plasticas daIdade Media e cia Renascenp, e encontrado tanto como simbolo da vaidade e da vohlPia como dainteligencia e da verdade. ( ... )". (Lexikon, 1997: 88).

JANELA

"( ...) Enquanto abertura para 0 ar e para a luz, a janeia simboliza receptividade. Se a janeJa eredonda, a receptividade e da mesma natureza que a do olho e da consciencia (claraboia). Se equadrada, a receptividade e terrestre, relativamente ao que e enviado do ceu". (Chevalier, 1996:511,;12).

LUA

"(. ..) A Lua e urn simbolo do conhecimento indireto, discursivo, progressivo, frio. A Lua, astrodas noires, evoca metaforicamente a beleza e tambem a luz na imensidade tenebrosa. Mas, comoessa luz nao e mais que urn reflexo da luz do Sol, a Lua e apenas 0 simbolo do conhecimemo parreflexo. isto e, do conhecimento leonco, conceptual, racional; e nesse ponto que e ligada aosimbolismo da coruja. ( ...)". (ChevaLier, L996: 562)"(... ) a Lua raja. no interior da constelayao de nascimento do individuo. da pane da alma animal,representada nessa regiao em que domina a vida infantil. arcaica. vegetativa, artistica e animicada psique. A zona lunar da personalidade e essa zona notuma, inconsciente. crepuscular denossos tropismos, de nossos impulsos instintivos. ( ...)" (Chevalier, 1996: 564)."(. ..) E a sensibilidade do ser intimo entregue ao encantarnento silencioso de seu jardim secretoimpalpavel canyao da alma, refugiado no paralso de sua inffincia, voltado sobre si mesma,encolhido num sono da vida ( ...)" (Chevalier, 1996: 565)

PRETO

"( ...) Simboiicamente, e com mais frequencia compreendido sob seu aspecto frio, negativo. Coroposta a lodas as cores, e associada as trevas primordiais, ao indiferenciamento original. ( ... ) 0preto e cor de luto; nao como 0 branco, mas de urna maneira mais opressiva. 0 luto braneD ternaJgwTIa caisa de messifulico. Indica uma ausencia destinada a seT preenchida., uma Fahaprovisoria. ( ... )". (Chevalier, 1996: 740)."( ...) 0 luto preto, por sua vez, e, poder-se-ia dizer, 0 luto sem esperanya. Como urn nada sempossibilidades, como wn nada marta depois da morte do Sol, como urn silencio etemo, semfuturo, sem nem mesmo a esperanya de urn futuro, ressoa interionnente 0 preto, escreveKandinsky. ( ...) Cor da condenayao, 0 preto toma-se tambem a cor da renuncia a vaidade destemundo, dai os mantos pretos que constituem uma proclarna~ao de fe no cristianismo c. .. ) Cor deluto no Ocidente, 0 prelo e originalmente 0 simbolo da fecundidade, tanto no Egito Antigo comona A£tica do Norte: a cor da lerra fertil e das nuvens inchadas de chllva c. .. )". (Chevalier

J1996:

741)."(...)0 casamento do preto e do branco e uma h.ierogamia; engendra a cinza intermediano, que,na esfera cromatica, e 0 valor do centro, isto e, do homem. ( ... ) Do ponto de vista da analisepsicoJ6gica, nos sonhos diurnos ou notumos, bern como nas percepyoes sensiveis no estado devigilia, 0 preto e considerado como a ausencia de toda cor, de toda luz. 0 preto absorve a luz emio a restitui. Evoca, antes de tudo, 0 caos, 0 nada, 0 Cell notuma, as Irevas terreSlres da noite, 0mal, a angustia, 0 inconsciente e a Morte". (Chevalier, 1996: 742)."(...) 0 preto evoca tarnbem as profundezas abissais, os precipicios oce<inicos (Num mar sem[undo, numa noite sem luo), ( ...) Enquanto evocador do nada e do caos, isto e, da confusao e dadesordem, 0 preto e a obscuridade das origens; ( ...) Para a Biblia, antes que a luz e.xistisse, aterra era informe e vazia, as lrevas recobriam a face do Abismo. ( ...) como cor indicativa damelancolia, do pessimismo, da afliyao au da infelicidade, reaparece a lodo minuto na linguagemquotidiana. ( ...) Os estudantes ingleses chamarn de Black lvfonday a segunda-feira em quecomer;:am as aulas, e os romanos marcavam com uma pedra preta os elias nefastos. (. ..) Sata ecbarnado de Principe das Trevas, 0 pr6prio Jesus e as vezes representado de preto, quando etentado pelo Diabo, como se estivesse recoberto com 0 veu negro da tentay3o. (. ..)". (Chevalier,1996: 743).

QUADRADO

"( ...) e uma das figuras simb61icas mais freqOentes; simbolo estatico e antidinfunico; quasesempre relacionado e oposto ao circulo, 0 quadrado simboliza a terra em oposiyao ao ceu, 0limitado em oposir;:ao ao ilimitado. ( ... ) Segundo Platao, 0 quadrado encama, ao lade do circulo, 0belo absoluto. ( ... )" (Lexikon, 1997: 166).«( ) Na iconografia crista, 0 quadrado e rnuitas vezes wn sirnbolo da terra em oposi~ao ao ceu.( )". (Lexikon, 1997: 167)."(. ..) A lendana quadrarura do circulo (iS10 e, a transfonnayao de urn circulo em wn quadrado deigual superficie, mediante procedimentos geometricos) simboliza 0 desejo de reconduzir 0

elemento "terrestre" e 0 "celeste" a wna concordfulcia (em latim "coincidentia oppositorum").(...)0 quadrado serve como modelo do cosmo que tern como medida 0 homem, no centro do quaJse imagina a coluna celeste (0 eixo do mundo). ( ...)". (Biederman, 1993)."( ...) E simbolo da terra par oposi~ao ao ceu, mas e tambem, num outro nivel, 0 simbolo do

universo cnado, terra e ceu, par oposiyao ao mcriado e ao cnador; e a antitese do transcendente.(...) Simboliza a inlerrupriio (ou parada), ou 0 inSlGnte antecipadamente retido. a quadradoimplica wlla idciia de estagnafQO, de solidificafGo: p. 750 Chevalier"( ...) A terra, medida por seus quatro horizontes, e quadrada. ( ...) 0 quadrado e a figura de basedo espat;:o; a circulo, e particulannente a espiral, a do tempo. ( ...)". (Chevalier, 1996: 751)."( ...) Na tradiyao crista, igualmente, a quadrado, em virtude de sua forma igual dos quatro ladas,simboliza 0 cosmo; ( ...)" (Chevalier, 1996: 752)."(...) 0 homem quadrado, de bra90s estendidos e pes juntos, designa as quatro pontos cardeais.Aqui, tomamos a encontrar 0 sentido da cruz e das quatro dimensoes que ela implica. ( ...) Aforma quadrada na~ e unica. Pertence ao tempo. Ora, a etemidade e representada pelo cicculo.Este, ap6s Ter servido para avaliar 0 ano, mediu 0 tempo, depois, a etemidade e, par flill, acaboupor significar 0 infmito. 0 cicculo e 0 quadrado simbolizam dois aspectos fundamentais de Deus:a unidade e a manifestar;ao divina, 0 circulo exprime 0 celeste, e 0 quadrado, 0 terrestre - 0<10

tanto na qualidade de oposto ao celeste, mas em sua qualidade de criado. Nas relayoes entre 0

circulo e 0 quadrado, existe uma distinyao e uma conciliar;ao. Portanto, 0 circulo sera, para 0

quadrado, aquilo que 0 ceu e para a terra, a etemidade para 0 tempo, embora 0 quadrado seiflscreva dentro de urn circulo, 0 que significa que a terra e dependente do ceu. 0 fonnatoquadrangular nada rnais e do que a perfeir;ao da esfera sobre lim plano terrestre. ( ...)". (Chevalier,1996: 753)."( ...) Os corayoes dos bomens comuns sao quadrados, porque esses bomens tern quatTOpossibilidades de inspirayoes: divinas, angelicas, hwnanas e diab6licas; os coray<'les dos profetass6 tern tres lados, porquanto eles estao fora do alcance do demonio. (. ..)" (Chevalier, 1996: 754).

SOL

"( ...) considerando a luz como conhecimento, 0 Sol representa 0 conhecimento inruitivo,imediato; a Lua, 0 conhecimento por reflexo, raciona1, especulativo. Consequentemente, 0 Sol e aLua correspondem respectivamente ao espirito e a alma (spiritus e anima), assim como a suassedes - a corayao e 0 cerebro. Sao a essencia e a substancia, a forma e a materia: seu pai e 0 Sol,sua mae, a Lua. ( ... ) A correspondencia com as olhos lembra outra correspondencia: 0 olhodireito, ao passado; assim, 0 Sol fica com a intelecyao, a Lua com a memoria. ( ...)" (Chevalier,1996: 837)."(...) 0 Sol agut;:3 a consciencia dos Iimites, e a luz do conJlecimento e a fonte de energia".(Chevalier, 1996: 841).

BIBLIOGRAFIA

I. ARMES, Roy. On video: 0 significado do video nos meios de comunicm;iio. TaduyaoGeorge Schlesinger. Sao Paulo: SlunmllS, 1999

2. BIEDERMAN, Hans. Dicionario de Simb%s. Sao Paulo: Melboramentos, 1993.

3. CHEVALIER, Jean et aI. Dicionario de Simbolos. Rio de Janeiro: Jose Olympia,1996.

4. DOMINGUES, Diana (arg.). A arle no seculo XXI: a humanizG9GO das lecno!ogias.Sao Pawo: Fundayc10 Editora da UNESP. t 997.

5. LEXICON, Herder. Dicionario de Simbolos. Trad. Erion Jose Paschoal. lOa ed. SaoPaulo: Cultrix. 1997.

6. MACHADO, Arlinda. A arle do video. Sao Paulo: Brasiliense, 1988.

7. , Arlinda. A televisilo levada a serio. 2° ediyao: Sao Paulo: EditoraSENAC. Sao Paulo. 200 1.

8. _ Arlinda. Mciquina e Imaginario: 0 desajio das poelfeas tecnoiogicas. 2a

ed. Sao Paulo: Editora da USP. 1996.

9. , Arlinda. Pre-cinemas e pas-cinemas. Campinas, SP: Papirus, 1997 (Col.Campo Imagetico).

10. PARENTE, Andre (arg.). Imagem maquina: a era das teen%gios do virtual.Traduyao: Rogerio Luz et aliii. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. 304p. (CoieyaoTrans).

I L PLAZA, Julio e TAY ARES, Monica. Processos eriafivQs com as meios eletronicos:poeticas digitais. Sao Pamo: Hucitec FAEP - Unicamp. 1998.

12. -' Julio. Tradw;ao intersemiol;ca. S<1oPaulo: Perspectiva, 2001.

13. XA VIER, Ismail (arg.). 0 Cinema no seculo. Rio de Janeiro: lmago, 1996~

14. "Geek especial video. Ano [V.~: 14. Sao Paulo: Digerati Cornunica'Y3o eTecnoiogia Ltda. 2003.

FILMOGRAFIA

1. "A Ultima Tempestade" (1991). EUA. Dires:ao: Peter Greenaway.

2. "Cidade de Deus" (2002). Bra. Direyao: Fernando Meireles.

3. "Carra Lola Carra" (\999). A1emanha. Direyao: Tom Tyker.

4. "Femme Fatale" (2003). Dire,ao: Brian de Palma.

5. "Meshes of the Afternoon" (1943). EUA. Direyao: Maya Deren.

6. "0 Homem da Cabey3 de Borracha" (1902). EUA. Direy8.o: G. MeIies.

7. "0 Nascimento de urna Na,ao" (1915). EUA. Dire,ao: DW. Griffith.

8. "Time Code" (2000). italiaiSuil'a. Dire,ao: Mike Figgs.

SITES

A-MAYA DEREN:

I. BOHR, Jeffrey Alan.http://www.darkworld.com/portlliterature/corrununity/Nonl4pg2.htm1#rneshes. (18-03-2003; 19:40).

2. BRADY, Nicole. 1999.bttp:llvax. wcsu.edui-MCCARNE Y/fvalMeshes _oCtile _Atlemoo _953 .htrnl. (07-04-2003;20:00).

3. FERREIRA, 1. Alberto. r Festival imernacional de Curlas Ivfetragens Vila do CondePrograma Sexo & Transgressoes.www.ciberkiosk.ptlarquivo/ciberkiosk6/cinemalcurtas.hrm. (03-03-2003; 19:00).

4. KUDLACEK, Martina. www.rnostra.org/exib_filme.php?filme~64. (07-05-2003; 20: 15).

B- PETER GREENAWAY:

1. AZEVEDO, Maria Thereza. Poeticas em expansao, em A ultima rempestade de PeterGreenaway. www.mnemocine.com.br/cinema/critigreenaway.htm. (11-04-2003; 21 :15).

2. BREMER, Catherine. hnp:/Ibr.new,.yahoo.com//030524116/c50b.html. (02-05-2003; 19:00).

3. COSTA, Erika V. A Ultima Tempestade de Peter Greenaway como Tradurao lmersemioticade A Tempestade de William Shakespeare.www.letra.ufmg.br/napqIL1VROCOLOQSEM3.doc. (11-04-2003; 21 :30)

4. fECHlNE, Yvana. http://www.5uigeneris.pro.br/eisenstein.htm. (21-03-2003; 18:10)

5. NUNES, Pedro. A Furia Paeriea dos Sign os em A Ultima Tempestade.www.decos.ufal.br/multireferencialltextosltextol O.htrn. (21-03-2003; 19:40)

6. __ , Pedro. A Fllria Poetica dos Sign os em A Ultima Tempeswde (1. Pa/avra, Imagem &Teeno/agio). www.decos.ufa1.br/multireferencialltextos/texto1 OaJltm. (21-03-2003; 19:50).

7. _~ Pedro. Cinema e Tecnologias Comemporiineas.www.decos.ufal.br/multireferenciaVtextos/textoS.htm. (21-03-2003; 20: 15).

C - POESIA CONCRETA / CLlPOEMA:

1. CAMPOS, Augusto de. Site Oficial- UOL. www.uol.com.br/augustodecampos. (12-05-2003;18:15).

2. PERElR;.\, Cristina Monteiro de Castro. As feorias de Lessing e HiJlderlin e suaop/icobilidode no tradll9iio intersemiotico do poesia concreto.www.filologia.org.brlvicn1fi.anaislas%20teorias.htmi. (01-04-2003; 19:00).

D - DlVERSOS:

1. ww\v.fazendovideo.com.hr (tecnicas de video). (13-05-2003; 19:00).

2. www.hol.gr/cgfa/fmeart.htrn (artista, plastico,). (21-03-2003; 20:30).

3. www.surreaIismo.net(artistassurrealistas). (21-03-2003; 20:50).