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Introdução
As constantes mutações nas relações comerciais e empresarias têm possibilitado
o surgimento de métodos subsidiários na gestão dos negócios. Há uma preocupação dos
empresários e administradores em controlar todo o processo das atividades de suas
empresas. Planejar e controlar têm sido o foco principal daqueles que buscam
excelência, qualidade e bom funcionamento das organizações. Essa duas etapas tem
sido bastante estudadas no decorrer nos últimos anos, pois elaborar uma estratégia a
partir da análise de todo o funcionamento da empresa se tornou fundamental para
aqueles que administram. Mas para que ocorra um planejamento estratégico viável é
necessários passar por algumas fases cruciais, tais como estabelecer objetivos e como
alcança-los. Isso se materializa através do orçamento. Então, o que seria orçamento?
Segundo Lunkes (2003, p. 27), o orçamento é uma etapa do planejamento estratégico
em que se determina a melhor relação entre receita e despesa para atender as
necessidades. Sendo assim, é plausível afirmar que uma boa gestão empresarial obterá
êxito a partir de uma política orçamentária consistente com a instituição para a qual foi
proposta.
Para compreender como o orçamento tem sido adotado e o seu impacto na
gestão, será importante um estudo das transformações metodológicas no decorrer do
contexto histórico.
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ORÇAMENTO EMPRESARIAL
ORÇAMENTO CONTÍNUO
ORÇAMENTO DE BASE ZERO
ORÇAMENTO FLEXÍVEL
ORÇAMENTO POR ATIVIDADE
BEYOUND BUDGETING
Evolução dos Métodos Orçamentários
1. ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Lunkes (2003, p. 35) afirma que a palavra orçamento tem sua origem ligada a
uma bolsa de tecido chamada fiscus, utilizada para coletar impostos. Tempos depois, a
palavra foi utilizada para denominar as bolsas de tesouraria e ligavam o nome aos
funcionários que a utilizavam. Com o desenvolvimento da Constituição Inglesa em
1689, o orçamento ganhou novas características e utilização, mas ainda permanecia uma
ligação entre a bolsa e a palavra orçamento. Os ingleses utilizavam essa bolsa para
transportar as despesas do governo. No século XX, os Estados Unidos já ensaiavam
conceitos e uma série de práticas para planejamento e administração financeira que se
tornaram conhecidos como “movimento do orçamento público”.
A demanda por informações sobre transações internas das organizações tem
início com o advento da Revolução Industrial, que significou o começo do processo de
acumulação rápida de bens de capital, com o consequente aumento da mecanização.
Como consequência da Revolução Industrial, os proprietários de empresas passaram a
direcionar significantes somas de capital para seus processos de produção e a
contratarem empregados para longos prazos, objetivando maior resultado dos
investimentos de capital. Como exemplos, encontram-se: as tecelagens fundadas na
primeira metade do século XIX, as ferrovias formadas em meados do século e as
companhias siderúrgicas criadas na segunda metade do século. Ainda, os grandes
avanços nos transportes e comunicações, combinados com economias de escala,
permitiram o crescimento de grandes empresas distribuidoras, particularmente cadeias
varejistas, cujos empresários desenvolveram seus próprios indicadores de desempenho
interno, em apoio a suas atividades gerenciais de planejamento e controle. Avanços
adicionais na tecnologia dos sistemas de contabilidade gerencial conjugaram-se ao
movimento da administração científica iniciado nas companhias metalúrgicas nas duas
últimas décadas do século XIX. Segundo Taylor, um dos criadores da administração
científica, o objetivo era melhorar a eficiência e a utilização da mão-de-obra e da
matéria-prima.
5
As transformações nos sistemas de Contabilidade Gerencial ocorreram nas
primeiras décadas do século em apoio ao crescimento das corporações diversificando as
múltiplas atividades. Há autores que apontam que provavelmente todas as práticas de
Contabilidade Gerencial, atualmente utilizada, já haviam sido desenvolvidas, tais como:
Cálculo de custos de mão-de-obra, matéria prima e despesas gerais; orçamentos de
caixa, receitas e capital; orçamentos flexíveis, previsões de vendas, custos padrões,
análises de variância, preços de transferência e indicadores de desempenho divisional.
Johnson e Kaplan (1996, p. 36) observam, no final do século XIX, a ausência de
informações contábeis para o planejamento e controle de investimentos de capital, pois,
mesmo sob a crescente incerteza dos investimentos de capital de longo prazo, essas
empresas não se amparavam em previsões ou orçamentos de capital para coordenar e
monitorar os desembolsos em investimentos, de forma que as decisões de investimentos
se restringiam a comprar ou produzir. Para essas decisões, as empresas necessitavam
apenas conhecer como o novo investimento de capital iria afetar a rotação de estoques e
os custos e essas informações eram fornecidas pela maioria dos sistemas de
Contabilidade Gerencial do século XIX. No início do século XX houve uma grande
onda de incorporações de empresas, motivadas por novas oportunidades de expansão de
lucros aos empresários, através da combinação de operações antes distintas.
Entre as grandes corporações, destacaram-se as empresas Du Pont e a General
Eletric. Para não serem dominadas pela falta de eficiência burocrática, em função da
complexidade das transações internas e da dificuldade em assimilar tantas informações,
as empresas adotaram uma forma organizacional unitária ou centralizada, em que as
operações globais eram decompostas em departamentos separados, cada qual com
atividades altamente especializadas como: fabricação, distribuição, transporte, finanças
e compras.
Segundo alguns autores os gestores criaram procedimentos para assegurar um
fluxo de informações e instruções confiáveis e proveitosas. Isso porque os indicadores
de eficiência heterogêneos, tais como: custo unitário, razão operacional e rotação do
estoque, aplicáveis às empresas de única atividade, não tinham possibilidade de serem
relacionados diretamente ao lucro global das companhias de múltiplas atividades.
Outro fato importante é que gerentes dos departamentos de única atividade eram
simples empregados das companhias de múltiplas atividades e não estavam
necessariamente motivados para obter lucros globais para as companhias, como estavam
os gerentes das empresas independentes de única atividade. Para minimizar esses
6
problemas de motivação e controle, a alta gerência das corporações de múltiplas
atividades utilizou duas novas evoluções da Contabilidade: projetando orçamentos para
coordenar e equilibrar os fluxos internos de recursos, da matéria-prima ao cliente. E,
logo em seguida, desenvolvendo um novo indicador, o retorno do investimento, para
comparar o desempenho das diversas partes da empresa com o desempenho do todo.
Tanto o orçamento quanto o retorno do investimento foram instrumentos projetados
para harmonizar as ações dos departamentos com as metas globais. Por outro lado, nas
empresas de múltiplas atividades, o capital precisava ser distribuído entre as atividades
e isso se explica a ênfase ao retorno do investimento e das informações orçamentárias.
Os relatos apresentados sobre alguns dos procedimentos de Contabilidade
Gerencial adotados por empresas nos Estados Unidos, no período de 1903 a 1920,
contribuem para afirmar o surgimento do orçamento empresarial, bem como a utilização
das técnicas orçamentárias para o planejamento e controle das operações. A partir da
metade do século XX, entre os anos de 1950 e 1960, o orçamento empresarial ganha
relevância após a sua utilização por grandes empresas e também por duas obras que
contribuíram para o seu sucesso, que foram: Budgeting: profi t, planning and control, de
Glenn A. Welsch (1957) e Management Accounting Principles, de Robert N. Athony
(1965). Essas duas obras constituem referência clássica para os estudos de orçamentos.
Esse primeiro orçamento caracteriza-se em priorizar a previsão das receitas e a
descrição das despesas, classificando estas ultimas por objeto dos gastos e distribuídas
pelos órgãos ou setores das organizações, para um período de um ano.
Não havia nenhuma preocupação com as reais necessidades da administração ou
da população e não se consideravam objetivos econômicos e sociais. É um
planejamento dissociado do planejamento. Além disso, era corrigido monetariamente de
acordo com que se gastava no exercício anterior. Sua principal característica: dar ênfase
aos objetos de gastos.
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2. ORÇAMENTO CONTÍNUO
O orçamento contínuo é baseado em um prazo movente que se estende
em função de um prazo fixo. Quando um período termina, outro é acrescentado
ao final do ciclo. Ele é elaborado geralmente em 12 meses. Quando o mês atual
termina, outro é acrescentado no futuro.
Segundo Welsch (1983) afirma que há dois enfoques para as empresas
estabelecerem políticas quanto ao período de tempo a ser coberto pelos planos
de resultados e à frequência com que o ciclo de planejamento formal repetir-se-
á: o planejamento periódico (estático, uma vez ao ano) e o planejamento
contínuo de resultados. O que vai subsidiar as empresas a optarem por um dos
dois enfoques é o fato de algumas delas operarem em condições que permitam a
preparação de planos de resultados exequíveis, com muita antecedência, e outras
encontrarem dificuldades consideráveis para planejar para um futuro distante.
Uma vez que a organização tenha decidido executar o planejamento
estratégico financeiro, por meio das previsões contínuas, ela deve se preocupar
com que o processo de previsão seja focado adequadamente e, não,
simplesmente se torne uma extensão do processo orçamentário. Para serem mais
eficientes as previsões contínuas devem:
a) possuir uma clara mentalidade voltada para o planejamento financeiro
estratégico;
b) ser realizadas resumidamente, em grupos de centros de custos (talvez
em nível de departamentos, unidades ou regiões geográficas), de forma que os
gestores tenham uma visão ampla da estratégia corporativa;
c) ser modeladas com métricas e parâmetros operacionais, em vez de
atualizações genéricas dos números das previsões anteriores; e
d) estar intimamente relacionadas ao orçamento operacional.
Elaboração de um orçamento contínuo, todo o sistema começa com a
distribuição de relatórios mensais. A criação da cultura própria na entrega dos
relatórios orçamentários mensais é essencial para criar um comportamento pro
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ativo no lugar de relativo, inclusive, além de induzir a uma postura de
autocorreção dos problemas orçamentários.
Um vez em que os gestores e funcionários recebem os relatórios
orçamentários mensais, eles tem duas responsabilidades:
- Devem fazer analise do que deu certo e do que deu errado no período
passado e como poderia ser feito diferentemente no período futuro.
- Devem analisar e detalhar as receitas e as despesas controláveis e
elaborar as estimativas para o período futuro.
Quando se for elaborar o orçamento anual, o trabalho será simplificado
porque já foi executado durante todo período passado, restando somente fazer
uma revisão final dos dados estimados.
Esse método tem como foco a revisão contínua, subtraindo-se dados do
mês anterior e acrescentando-se dados orçados para o mesmo mês do próximo
ano. A utilização dessa metodologia orçamentária vem se tornando cada vez
mais frequente hoje em dia nas empresas.
Há autores que afirmam que o orçamento contínuo, também pode se
chamado de dinâmico, é aquele que acompanha as mutações e os
desenvolvimentos que se verificam durante um exercício orçamentário e é
elaborado e aprovado no início do exercício, passando a sofrer reajustes
periódicos, motivados por novos processos produtivos, novos produtos
introduzidos e não previstos nos planos traçados, alterações nos níveis de preços
dos itens orçados, entre outros fatores. As alterações que por acaso venham a ser
feitas deverão ser aprovadas pela alta administração e em seguida transcritas
com comunicação especial nos orçamentos de cada departamento.
Welsch (1983) afirma que há dois enfoques para as empresas
estabelecerem políticas quanto ao período de tempo a ser coberto pelos planos
de resultados e à frequência com que o ciclo de planejamento formal repetir-se-
á: o planejamento periódico (estático, uma vez ao ano) e o planejamento
contínuo de resultados. O que vai subsidiar as empresas a optarem por um dos
dois enfoques é o fato de algumas delas operarem em condições que permitam a
preparação de planos de resultados exequíveis, com muita antecedência, e outras
encontrarem dificuldades consideráveis para planejar para um futuro distante.
Uma das principais melhorias propostas para se driblar as fraquezas
inerentes ao processo orçamentário se refere à necessidade de orçar e elaborar
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previsões com mais frequência, a fim de que se acompanhem as mudanças no
ambiente corporativo. Elas incluem o orçamento contínuo, o planejamento
perpétuo e as previsões contínuas.
Segundo Lunkes (2003), o objetivo primordial do orçamento contínuo é
manter o orçamento operacional atualizado. Sua concepção reside em
acrescentar, ao final de cada ciclo, um novo período, que pode ser de um, quatro
ou seis meses. Para o autor, esta prática assegura que gestores e empregados
permaneçam envolvidos no processo orçamentário, garantindo, assim, que
condições variáveis possam ser incorporadas ao processo no momento oportuno.
A essência desta abordagem é a inclusão de um horizonte fixo de tempo e a
elaboração contínua de previsões, de forma que a organização se mantenha
atualizada quanto às mudanças, nos ambientes interno e externa, que possam
afetar seus objetivos e estratégia. Tais mudanças resume o momento atual:
investidores exigindo resultados satisfatórios da companhia, prioridade para os
recursos humanos, rapidez na inovação, infidelidade dos clientes, preços sujeitos
à influência da globalização, e pressão generalizadas por padrões éticos
(governança corporativa). Myers (2001) considera que, diferentemente do
modelo tradicional estático, o orçamento contínuo encoraja os gestores a
reagirem com mais celeridade às mudanças na economia e nos processos de
negócio e os dissuade de manter o foco improdutivo no passado (por que não
atingimos os números previstos?), em favor de uma visão mais realística voltada
para o futuro.
Muitos dos processos orçamentários tradicionais não conseguem fornecer
uma visão clara do direcionamento dado ao empreendimento. As previsões
contínuas permitem às organizações diminuir a distância entre o plano
estratégico global e o orçamento operacional. Um ciclo de planejamento ideal.
Segundo o autor, inclui um componente de previsões contínuas que fluem
diretamente do plano estratégico e se integra ao orçamento operacional. O
resultado do planejamento afeta diretamente o orçamento.
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3. ORÇAMENTO BASE ZERO
Este tipo de orçamento consiste em uma técnica operacional de planejamento
construída sem levar em consideração as receitas e despesas realizadas no passado. A
projeção dos dados é realizada como se as operações estivessem começando do zero,
assim como a necessidade de justificar os gastos, sem uso dos dados históricos. Nessa
metodologia, os gestores estimam e justificam os valores orçados como se a empresa
estivesse iniciando suas operações. O Orçamento Base Zero surgiu nos Estados Unidos
em 1960 inicialmente nas organizações públicas.
Um dos objetivos desse modelo orçamentário é apresentar-se como alternativa
para solucionar um problema proporcionado pelos modelos que levam em consideração
os orçamentos atuais e as informações de execução de orçamentos passados. No OBZ, o
ano anterior não é utilizado como base para elaboração do atual. Essa metodologia
necessita que todas as atividades estejam justificadas e priorizadas antes das decisões
relativas à quantia de recursos a serem alocadas em cada departamento ou as atividades
serem tomadas. O Orçamento Base Zero não aceita o conceito tradicional do orçamento
e principalmente a ideia do orçamento incremental que leva em consideração os dados
do ano anterior mais um adicional.
Seguindo esse pensamento, nota-se que cada atividade da empresa será
rediscutida, não em função de valores maiores ou menores, e sim na razão ou não da sua
existência. Após a definição da existência da atividade, será feito um estudo, partindo
do zero, de quanto deveria ser o gasto para a manutenção e a estruturação daquela
atividade, e quais seriam suas metas e objetivos (LUNKES, 2003). Sendo assim, pode-
se dizer que o Orçamento Base Zero está fortemente ligado ao conceito de custo-padrão
ideal.
O OBZ proporciona vantagens, pois possibilita maior controle dos gastos pelas
instituições e também melhor acompanhamento e conhecimento das atividades que
originam essas despesas, garantindo assim informações mais confiáveis.
Alguns autores afirmam que o conceito de orçamento base zero é bastante
antigo, e tem sido aplicado tanto em empresas públicas quanto privadas, tendo em vista
maximizar os lucros ou benefícios.
11
Diferentemente das demais técnicas orçamentárias, o orçamento base zero leva
em consideração a importância de determinados programas, que farão diferença, para os
interesses da empresa; dessa forma, não irá buscar simplesmente a informação de
quanto será gasto, mas como obter, através da melhor utilização dos recursos, um
desempenho positivo e em combinação com o processo de tomada de decisões, nas
aplicações de novos recursos e novos desafios da empresa.
No processo orçamentário do OBZ deve-se propor reexaminar todas as suas
atividades e prioridades, recursos financeiros a partir da estaca “Zero”, ao se projetar
um novo exercício social. No OBZ os gestores devem apresentar justificativas para
apropriações dos recursos, levando-se em consideração o custo/benefício ou a análise
evolutiva dos acontecimentos. O processo de orçamento do OBZ faz com que todas as
funções e atividades da empresa sejam analisadas detalhadamente, analisa as
alternativas de cada atividade para atingir o resultado final desejado e identifica opções
entre realização parcial ou total das metas estabelecidas e os custos a ela associada.
12
4. ORÇAMENTO FLEXÍVEL
O objetivo do Orçamento Flexível é de auxiliar os administradores a
entender por que os orçamentos não foram cumpridos. É útil quando os gestores
estiverem tentando escolher um dentre vários níveis de atividade para fins de
planejamento, e no acompanhamento, quando os administradores estiverem
tentando analisar os resultados efetivos. Com a utilização do Orçamento
Flexível, os desvios das metas são automaticamente divididos em variações de
comercialização, de preços de venda dos produtos, de volume, de ociosidade, de
desempenho e de preços de aquisição dos recursos.
Os administradores das organizações, sempre querem relatórios de
desempenho que identifiquem melhor algumas variações importantes entre os
resultados orçados e os resultados efetivos.
Para que os administradores possam ter uma base melhor de análise, é
utilizado um Orçamento Flexível. Também chamado de orçamento variável
baseia-se no conhecimento dos padrões de comportamento dos custos e receitas.
É preparado para uma faixa de níveis, e não apenas para um nível de atividades;
é essencialmente um conjunto de orçamentos que podem ser ajustados a
qualquer nível de atividade.
Os orçamentos flexíveis podem ser úteis tanto antes quanto depois do
período em questão. Podem ser úteis quando os gestores estiverem tentando
escolher uma dentre várias faixas de atividade para fins de planejamento.
Também podem ser úteis no fim do período, quando os administradores
estiverem tentando analisar os resultados efetivos.
A administração recebe a melhor ajuda possível com padrões e
orçamentos cuidadosamente estabelecidos, que representem o que deve ser
conseguido. Estes padrões devem basear-se em especificações de matérias
primas, equipamentos e capacidade de recursos, e não no desempenho passado,
pois este quase sempre oculta ineficiências passadas.
Os padrões atingíveis no momento são os mais usados porque geralmente
têm o melhor efeito motivador e porque podem ser usados com uma série de
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finalidades, inclusive planejamentos financeiros, bem como para acompanhar o
desempenho dos departamentos.
Quando os padrões podem ser atingidos no presente, não há diferença
lógica entre eles e os orçamentos. Um padrão é um conceito unitário, enquanto
um orçamento é um conceito de totalidade. Em certo sentido, o padrão é o
orçamento para uma unidade.
Os orçamentos flexíveis são adaptados às alterações dos níveis de
atividade, e não a um só nível estático. Podem ser ajustados a um determinado
nível de vendas ou de volume de produção, antes ou depois dos fatos. Mostram
qual deve ser ou ter sido o custo para qualquer nível de produção, que é, em
geral, expresso quer em unidades de produto, quer em horas-padrão permitidas
para este nível de produção.
A avaliação de desempenho é facilitada por uma comparação de
feedback dos resultados efetivos com as expectativas do orçamento. A ideia de
Orçamento Flexível ajuda os administradores a explicar por que o orçamento
não foi cumprido. As variações são, comumente, segregadas em variações de
comercialização, de preços de venda dos produtos, de volume, de desempenho
no consumo dos recursos ou de preços de aquisição dos recursos. Na prática, os
fatores de eficiência são mais importantes porque estão mais sujeitos a uma
influência direta da administração que os preços de materiais e da mão-de-obra.
Há certa semelhança de orientação no controle de todos os custos
considerados variáveis. A variação de preço é a diferença de preço multiplicada
pela quantidade efetiva. A variação de eficiência é a diferença de quantidade
multiplicada pelo preço padrão.
As variações, lógico, levantam questões; não dão respostas. As ações
provenientes da análise e o acompanhamento das variações são, então, as chaves
do êxito do desempenho da gestão. As variações dão indícios, reforçam a
memória e abrem caminhos pertinentes para investigação pelos gestores. Se os
gestores não fizerem coisa alguma com as variações, das duas, uma: ou o
sistema estará precisando de uma revisão, ou os gestores estarão precisando
tomar conhecimento e ser convencidos dos benefícios que podem ser
conseguidos com uma análise cuidadosa das variações.
14
A análise das variações está sujeita ao mesmo teste de custo-benefício
que outras fases de um sistema de informações. A decisão de investigar ou não
uma variação depende dos benefícios líquidos esperados.
O orçamento flexível é elaborado para uma faixa de níveis, e não para
apenas um nível de atividade, sendo basicamente um conjunto de orçamentos
que podem ser ajustados a qualquer nível de atividade. Trata-se de orçamento
por cenários em conformidade com oscilações das variáveis que constituem as
premissas do processo orçamentário.
Padoveze (2009, p. 202) cita um aspecto relevante ao elaborar o
orçamento flexível, o da importância em “... não assumir nenhuma faixa de
quantidades ou nível de atividade esperado. É feito apenas o orçamento dos
dados unitários, e as quantidades a serem assumidas seriam as que realmente
acontecem”.
15
5. ORÇAMENTO POR ATIVIDADE
O orçamento por atividade originou-se na ala americana da organização
Consortium for Advanced Manufacturing International (CAM–I), que defende o
aperfeiçoamento do sistema orçamentário pela combinação de um modelo operacional
mais abrangente, baseado em atividades, com um detalhado modelo financeiro. Seu
foco está em gerar um melhor apoio, por meio do processo orçamentário, ao
planejamento operacional. Organizações como Boeing, Emerson Electric, IBM
Business Consulting Services, SAS Institute e o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA já
fazem parte do CAM-I.
Um dos objetivos estratégicos de um sistema ABC bem projetado é identificar a
necessidade futura por recursos de forma que eles possam ser obtidos mais
eficientemente (ênfase no planejamento).
Este objetivo está começando a atrair o interesse dos usuários mais avançados do
ABC. Embora o ABC tenha se difundido bem na década de 1990, o mesmo não se deu
com o ABB, que não teve seu potencial devidamente aproveitado no período. Nair
(2000) afirma que, na pesquisa conduzida pela ABC Technologies, verificou-se que o
processo de construir um orçamento, baseado nas atividades necessárias para alcançar
os objetivos estratégicos da organização, está na tela de radar de mais da metade dos
respondentes. A pesquisa indica que, quanto mais experiente for o usuário do sistema
ABC/ABM, maior a probabilidade de a mplementação do ABB se tornar um objetivo
nos próximos 12 meses. Cooper e Slagmulder (2000) afirmam que o ABB possui duas
vantagens sobre o orçamento tradicional: tem potencial para ser mais acurado e provê
melhores informações sobre o porquê de aquela demanda não possuir relação linear
com o volume de produção.
O enfoque do ABB está na criação de um orçamento proveniente de um modelo
fundamentado nas atividades desempenhadas nas organizações, em oposição ao
conceito tradicional, baseado nos centros de responsabilidade, nos departamentos ou no
produto e no cliente. Para os críticos da abordagem tradicional, os controles
orçamentários focados nos centros de responsabilidade são incompatíveis com os
projetos organizacionais baseados na cadeia de valor. Realmente, o modelo tradicional
16
propõe que “o sistema contábil deve ser organizado de acordo com a estrutura de
responsabilidade da empresa. [...]
. Um princípio fundamental em todas as metodologias baseadas em atividades
(ABC, ABM e ABB) é classificá-las em termos de “com valor” e “sem valor”.
Alguns autores apontam as etapas na elaboração de um orçamento baseado em
atividades:
Etapa 1 – Estimar o nível de produção para o exercício seguinte, por produtos e
clientes. Nessas estimativas, estarão incluídos o volume e o mix de produção e de
vendas, segregados por clientes. Esse processo não difere muito do utilizado no
orçamento tradicional, no que se refere a cálculo de compras, necessidade de mão-de-
obra e utilização de imobilizado. Deve-se prever também a quantidade dos
direcionadores de custo.
Etapa 2 - Previsão da demanda de atividades; não só as principais, mas todas as
atividades secundárias e de apoio, para atender ao nível de produção estipulado.
Etapa 3 - Cálculo da demanda dos recursos (mão-de-obra direta e indireta,
matéria-prima etc.) necessários para a realização das atividades. A estimativa desses
recursos apoia-se no entendimento da eficiência subjacente à execução das atividades.
Etapa 4 – Definição da oferta real de recursos necessários para atender ao
volume de atividade previsto.
Etapa 5 – Gestão da capacidade. Depois de identificados todos os recursos
relativos à atividade, deve-se determinar a capacidade prática, que é a capacidade do
primeiro recurso que limita o desempenho da atividade pela empresa (gargalo).
Estudiosos explicam que, diferentemente do enfoque clássico, o ABB cria um
orçamento operacionalmente exequível antes de gerar o orçamento financeiro. Com
algumas restrições, a serem abordadas mais adiante nesta seção, pode-se afirmar que o
funcionamento do ABB é o processo inverso de atribuição de custos do ABC. A
demanda estimada por produtos e serviços fornece a base para o cálculo do nível das
atividades necessárias para atender àquela demanda, com base na taxa de um
direcionador de atividade correspondente; depois, essas atividades embasam a
estimação do volume de recursos (mãos-de-obra direta e indireta, energia, por ex.)
necessários para a execução delas, com base na taxa de um direcionador de recursos.
Sobre o funcionamento do ABB, Hansen et al. (2003) explicam que, uma vez
conhecidos o nível de atividade e o volume de recursos necessários para atender à
demanda prevista, o ABB busca alcançar um equilíbrio operacional entre os recursos
17
necessários e os disponíveis (capacidade instalada). Se o plano inicial produzir um
desequilíbrio, a organização pode ajustar a quantidade demandada (por meio de
políticas de preço, estratégias de marketing ou simplesmente diminuir a produção), a
capacidade dos recursos (análise da ociosidade e dos custos fixos comprometidos), ou
as taxas dos direcionadores de recursos ou de atividades (eficiência dos processos). Já as
organizações que se utilizam do processo orçamentário tradicional podem equilibrar o
orçamento somente pela mudança na quantidade demandada ou na capacidade dos
recursos.
No ciclo financeiro, é desenvolvido um plano baseado no plano operacional. O
equilíbrio é alcançado quando o resultado desse plano financeiro atinge a meta
predeterminada. Uma vez que a organização tem conhecimento da demanda, das
atividades e dos recursos envolvidos em suas operações, ela estima o consumo dos
recursos, atribui o custo às atividades e, depois, aos produtos/serviços (que é exatamente
a sequência utilizada no ABC). Se o plano financeiro inicial não estiver equilibrado, o
ABB permite que a organização ajuste cinco possíveis elementos para alcançar a meta
orçamentária: as taxas dos direcionadores de recursos ou de atividades; capacidade dos
recursos; custo dos recursos; quantidade demandada de produtos/serviços; e preço. De
forma análoga ao ciclo operacional, o processo orçamentário tradicional, por não coletar
informações relativas às atividades e aos direcionadores de custo, oferece menos
possibilidades para ajustar o orçamento.
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6. Beyound Budgeting
Pode-se dizer que a historia do beyond budgeting teve inicio em 1972, quando o
banco sueco Svenska Handelsbanken começou a abandonar o orçamento tradicional
devido ao descontentamento com de alguns métodos adotados.
Formalmente, o beyond budgeting, que pode ser traduzido como “além do
orçamento”, surgiu em janeiro de 1998, quando foi formado na Inglaterra o BBRT
( Beyond Budgeting Round Table). Composto por um grupo de empresas descontentes
com a utilização do orçamento como instrumento de gestão, o proposito desse
desenvolvimento consistiu em formatar modelos de gestão que pudesse ser aplicado
sem a utilização de orçamentos.
Conceituados autores explicam que o Beyound Budgeting é um processo
alternativo que apoiam objetivos, reconhecimento, planejamento contínuo, demanda de
recursos, coordenação dinâmica da empresae um significativo grupo de controle noa
vários níveis de administração.
Defende a não-utilização do processo orçamentário nas empresas devido a três
problemas centrais do orçamento tradicional:
a) A manipulação de números para se atingir os resultados planejados;
b) O alto custo despendido para a elaboração e a aplicação do orçamento;
c) A falta de conexão do orçamento com o ambiente altamente competitivo
do mundo globalizado atual.
Esse modelo de gestão ancora-se em dois pilares: o do desempenho, que se
referem a metas relativas, recompensas para equipes, estratégias flexíveis, demanda de
recursos na medida necessária, ações internas coordenadas de forma dinâmica e
processo de controle com base em medidores e indicadores de desempenho.
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Conclusão
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