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Jornal mensal da Igreja Metodista Julho de 2008 Ano 122 número 7 Palavra Episcopal Oficial Pela Seara Missões Reflexão Cultura Wesley e as finanças Diretrizes para a vida financeira do cristão e cristã metodista Página 3 Crise no ICP Instituto Central do Povo não vai fechar, garante bispo. Página 5 Louvor maranhense O primeiro “Louvor- zão” da juventude da Igreja Metodista em São Luís. Página 6 A metáfora do coração Como o imaginário re- ligioso influencia nos- sa ação social? Página 10 A questão do suicídio Oferecendo esperan- ça para quem está à beira do abismo. Página 13 Trovador de Cristo Bate papo com o músi- co metodista Glauber Plaça. Página 14 Dom de línguas na herança wesleyana O que a Igreja Metodista diz a respeito? Quais são os sinais da ação do Espírito Santo? Páginas 8 e 9 Campanha Nacional de Evangelização Dia 17 de agosto é lançamento de “Mateus e seus amigos”, estratégia do projeto evangelístico Minha Esperança. Página 11 Está chegando a Juname, Juvenília Nacional Metodista, 2008! De 17 a 20 de julho, em Teresópolis, Rio de Janeiro. Página 4

Expositor Julho 2008

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Page 1: Expositor Julho 2008

Jornal mensal da Igreja Metodista • Julho de 2008 • Ano 122 • número 7

Palavra Episcopal

Oficial

Pela Seara

Missões

Reflexão

Cultura

Wesley eas finanças

Diretrizes para a vidafinanceira do cristãoe cristã metodista

Página 3

Crise no ICP

Instituto Central doPovo não vai fechar,garante bispo.

Página 5

Louvor maranhense

O primeiro “Louvor-zão” da juventude daIgreja Metodista emSão Luís.

Página 6

A metáforado coração

Como o imaginário re-ligioso influencia nos-sa ação social?

Página 10

A questãodo suicídio

Oferecendo esperan-ça para quem está àbeira do abismo.

Página 13

Trovador de Cristo

Bate papo com o músi-co metodista GlauberPlaça.

Página 14

Dom de línguas na herança wesleyana

O que a Igreja Metodista diz a respeito? Quais são os sinais da ação do Espírito Santo? Páginas 8 e 9

Campanha Nacionalde Evangelização

Dia 17 de agosto é lançamento de “Mateus e seus amigos”,estratégia do projeto evangelístico Minha Esperança.Página 11

Está chegando a Juname, Juvenília Nacional Metodista, 2008! De 17 a 20de julho, em Teresópolis, Rio de Janeiro. Página 4

Page 2: Expositor Julho 2008

Julho 20082 Palavra do leitor

Presidente do Colégio Episcopal: Bispo João Carlos LopesConselho Editorial: Magali Cunha, José Aparecido, Elias Colpini, Paulo Roberto SallesGarcia e Zacarias Gonçalves de Oliveira Júnior.Jornalista Responsável: Suzel Tunes (MTb 19311 SP)Estagiário de comunicação: José Geraldo Magalhães JúniorCorrespondência: Avenida Piassanguaba nº 3031 Planalto Paulista - São Paulo - SPCEP 04060-004 - Tel.: (11) 6813-8600 Fax: (11) 6813-8632home: www.metodista.org.br e-mail: [email protected]

A redação é responsável, de acordo com a lei, por toda matéria publicada e, sendoassim, reserva a si a escolha de colaborações para a publicação. As publicações assinadassão responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opiniãodo jornal. Propriedade da Associação da Igreja Metodista.

Órgão oficial da Igreja Metodista, editado mensalmente sob a responsabilidade do Colégio EpiscopalFundado em 1º de janeiro de 1886 pelo missionário Rev. John James Ransom

A produção do Jornal Expositor Cristão é realizada em convênio com oInstituto Metodista de Ensino Superior, que cuida da diagramação edistribuição do periódico. O conteúdo editorial é definido pela Sede Nacionalda Igreja Metodista.Editoração eletrônica: Maria Zélia Firmino de SáProjeto Gráfico: Alexander Libonatto FernandezImpressão: Gráfica e Editora RudcolorAssinaturas e RenovaçõesFone: (11) 4366-5537e-mail: [email protected] do Sacramento n. 230 Rudge Ramos - São Bernardo do Campo - SPCEP 09640-000 www.metodista.br/editora

Editorial

Nossa gratidão a Deus pelamatriarca Maria Gomes de Carva-lho. Aproximadamente 100 des-cendentes, entre filhos/noras,netos/as, bisnetos/as e tatara-neta celebraram um culto emação de graças pelo 92º aniversá-rio desta querida serva de Deus emembro ativo da Igreja Metodistano Bairro de Lourdes em Gover-nador Valadares-MG.

Rev Nadir Cristianode Carvalho, primeiro neto

da família.

Aniversário

Ezequias Gomes foi um homemde Deus. Dedicou toda sua vida aotrabalho do Senhor na IgrejaMetodista em Carangola, ondenasceu, depois em Teresópolis e,finalmente em Rio das Ostras.

Era membro de uma famíliade treze irmãos, dos quais cincomorreram ainda crianças. Todosnós recebemos de nossos pais,Augusto Gomes Sobrinho e LuizaMaria de Jesus, já falecidos, umaeducação sólida, cristã na IgrejaMetodista, e nenhum de nósdesviou-se deste caminho.

Ezequias trabalhou em todosos ministérios da Igreja. Na es-trutura antiga exerceu os cargosde guia leigo, junta de ecôno-mo, superintendente da escola

Saudade

dominical, presidente da Socieda-de Metodista de Homens e ou-tros, mas a sua grande vocaçãofoi na área da música. Organizoucorais tanto em Carangola comoem Teresópolis.

Comecei a cantar com ele nocoral de Carangola ainda criançana década de cinqüenta, depoisem Teresópolis e nunca mais meesqueci dos ensinamentos quedele recebi. Hoje, por todas asigrejas que tenho passado comopastor, procuro, quando nãoexiste, formar um coral com es-tes ensinamentos. Uma histórialinda de fé, esperança e amor aserviço do Senhor.

Todas as pessoas que com eleconviveram aprenderam a respeitá-lo, a admirá-lo e a amá-lo, comohomem, como amigo e como cris-tão. Procurou ajudar a todos e atodas aqueles e aquelas que deleprecisaram com toda dedicação,amor e sinceridade sem pedir nadaem troca. Um filho, um irmão, umesposo, um pai, um tio, um amigosempre amoroso e fiel.

Ezequias foi um cristão verda-deiro, um metodista fiel, dedica-do e íntegro. Nos seus oitenta ecinco anos de vida, nunca seafastou deste propósito e sempreprocurou com dignidade de cora-ção, servir a Igreja Metodista.

Provérbios 4.18 diz: “Mas avereda do justo é como a luz daaurora que vai brilhando mais emais até ser dia perfeito”. No dia12 de abril de 2008 este dia raioupara o Ezequias. Nele não há noi-te, não há trevas, não há enfer-midade, não há lágrimas, não hámorte. Nele só há Vida.

Descanse em paz meu irmão.Nossa saudade.

Oziel Gomes, irmão epastor na Igreja Metodista

Central de São Pedro da AldeiaPrimeira Região Eclesiástica

Repercutem ainda nesta edi-ção do Expositor as lembrançasdespertadas pela SemanaWesleyana de 2008, de 26 a 30de maio: os 270 anos da “expe-riência do coração aquecido” deJohn Wesley, e os 100 anos decriação do Credo SocialMetodista. Estes eventos se ar-ticulam nas reflexões teóricas enos desejos de nossos colabora-dores: o pastor “Zé do Egito” (éassim que ele é mais conhecido)fala sobre os dons do Espírito,concedidos para a realização doministério. O pastor HelmutRenders, professor na Faculdadede Teologia do Rudge Ramos,fala da “metáfora do coração”,imagem simbólica que, na con-cepção wesleyana, é ligada auma mística relacional: encon-tro-me com Deus e aqueço omeu coração também no encon-tro com meu próximo.

Resta-nos saber se essasduas dimensões da fé – o eu eo outro, o agora e o depois, ocorpo e o espírito – tão bemarticuladas na teoria – tambémse fazem presentes na vida e naprática da Igreja. Às vezes en-contro sinais positivos dessaabençoada unidade, expressa noexemplo (ou na busca) de ir-mãos e irmãs na fé ou em pro-jetos desenvolvidos pela Igreja.Porém, neste mês que passou,os sinais que nos chegaram fo-ram sinais de morte. Crises fi-nanceiras muito sérias amea-çam instituições educacionais eprojetos sociais desenvolvidospela Igreja Metodista no Brasil.O prédio do Instituto Bennettchegou a ir a leilão, por contade dívidas, mas uma liminarimpediu a transferência da pos-se. No momento em que jornalchega às mãos dos(as)irmãos(ãs) o caso já pode terencontrado seu desfecho, bomou ruim; quando finalizávamos a

Compromisso coma santidade

edição ainda não tínhamos adecisão final. Mas tínhamos já adecisão anunciada pelo bispoPaulo Lockmann de que o Insti-tuto Central do Povo, o ICP, cen-tenário instituição social do Riode Janeiro, não abandonaria os“mais pobres entre os pobres”.Foi um alívio ouvir isso. Fechara creche que se tem em convê-nio com a prefeitura para man-ter apenas os serviços sociaispagos – como se cogitou fazer,em virtude dos problemas finan-ceiros – seria contradizer o pró-prio princípio de criação do ICP.Seria uma atitude vergonhosa,que escandalizaria o inglês JohnWesley, tão cioso de sua res-ponsabilidade social como cris-tão e tão cuidadoso com suavida financeira, como nos lem-bra o bispo Adonias, em suaPalavra Episcopal.

Lembramos, ainda, que oBarco Hospital, belíssimo proje-to desenvolvido na Amazônia,estava atracado em Manaus, aofindar desta edição, enquantoas comunidades ribeirinhas ca-recem de alimento, de cuidadose de palavra. Não é possívelnegar: nós temos motivos paranos envergonhar como Igreja,embora eu saiba que, individu-almente, há muitos homens emulheres de Deus que dão suasvidas pela construção do Reino.Como articular as iniciativasindividuais com a organizaçãoinstitucional é um desafio que aIgreja tem hoje, se ela querrealmente cumprir o seu papelde “espalhar a santidade bíblicasobre a terra”. Não é possívelconceber santidade sem compro-misso, sem responsabilidade,sem compaixão. E é impossíveladmitir que uma Igreja que sechama metodista ouse falar emcrescimento desvinculado dessecompromisso profético.

Suzel Tunes

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Julho 2008 3Palavra Episcopal

Falar sobre a questão financeirano contexto cristão é um grande de-safio. O presente tema é de extre-ma complexidade em função da lógi-ca capitalista e individualista quedetermina as diversas relações soci-ais e não seria diferente nas rela-ções circunscritas aos espaços ecle-siásticos. Muitas práticas forjadasna cultura da época são facilmentereproduzidas nos espaços das nossasigrejas.

Uma vez que estamos num con-texto social em que predomina amercantilização da fé, fundamentadana teologia da prosperidade, quecoloca o/a fiel como investidor/acuja ênfase está na saúde plena, naprosperidade irrestrita e valorizaçãodo eu, com certeza falar na ques-tão financeira requer muito cuidadoe base bíblico-teológica sólida. Noentanto, a problemática apresentadapelo referido tema não pode ser to-mada como fator impulsionador parareferendar o exercício de uma prá-tica de fé distanciada do compro-misso financeiro e social, inerente atodo/a cristão/ã que busca realizara vontade de Deus em todos os as-pectos da sua vida.

Tenho consciência da seriedadedo assunto e dos desafios que en-frentamos nesta área, por isto tomocomo referência para falar sobre oassunto o resgate, praticamente in-tegral, de um artigo adaptado porCharles Edward White, na Revista“Leadership”, publicada em 1987. Otexto mostra, de forma clara e bri-lhante, o testemunho da Graça deDeus sobre a vida financeira de JoãoWesley. O artigo traz questões fun-damentais, com princípios bem sim-ples, porém eficazes para a nossareflexão e aplicação prática.

Em pleno século 18, João Wesleyfoi usado por Deus para restaurar aInglaterra e dar início à IgrejaMetodista. Nós o conhecemos comoum grande pregador e um notávelorganizador, mas poucos sabem queJoão Wesley escreveu uma quantida-de imensa de sermões e que a vendados seus escritos o tornaria uma daspessoas bem sucedidas economica-mente falando, na Inglaterra. Numaépoca em que um homem solteiro po-deria viver confortavelmente com 30libras (moeda inglesa), por ano, suarenda anual atingiu a 1.400 libras. Noentanto, a partir de sua experiênciacom Deus, ele estabelece uma formadiferente de lidar com a sua questãofinanceira. Com sua renda, ele teveoportunidade de colocar em práticasuas idéias a respeito do dinheiro.Isto é o que veremos a seguir.

Resgatando umpouco a história

João Wesley soube conviver coma pobreza desde criança. Seu pai,Samuel Wesley, foi pastor anglicanoem uma das paróquias mais pobresda Inglaterra. Tinha nove filhos paracriar e, muitas vezes, tinha dívidaspara pagar. Certa vez, João Wesleyviu seu pai sendo levado preso porfalta de pagamento de uma dívida.Assim, quando Wesley seguiu os pas-sos do pai no ministério, não tinha

João Wesley e sua vida financeiraDiretrizes para a vida financeira do cristão

e da cristã Metodistas.

Adonias Pereira do LagoBispo da 5ª Região Eclesiástica

ilusões acerca de recompensas fi-nanceiras.

Foi, provavelmente, surpreenden-te para João Wesley, ao ser chamadopor Deus para seguir a vocação deseu pai, não passar pelas mesmas di-ficuldades econômicas pelas quais elepassara. Ao invés de tornar-se prega-dor em uma paróquia, Wesley sentiua direção de Deus para lecionar naOxford University. Lá, ele foi eleitomembro do Conselho do LincolnCollege e sua condição financeiramudou extraordinariamente. Sua po-sição usualmente lhe rendia 30 li-bras por ano, mais que o necessá-rio para um homem solteiro viver. EJoão Wesley parece ter apreciadosua relativa prosperidade, pois gas-tava seu dinheiro em jogo de cartas,fumo e bebidas.

Durante sua estada em Oxford,um incidente mudou sua visão sobreo dinheiro. Ele havia terminado deadquirir e pagar por alguns quadrosque seriam colocados em seu quarto,quando uma das camareiras chegouà sua porta. Era um frio dia de in-verno e ele notou que a camareiranada tinha para protegê-la, excetoum gorro de lã fina. Ele enfiou asmãos nos seus bolsos procurando al-gum dinheiro para dar a ela a fim deque ela pudesse comprar um casaco,mas constatou que lhe sobrara muitopouco. Imediatamente, perplexo,seu pensamento lhe disse que o Se-nhor não estava satisfeito com aforma como gastava seu dinheiro.Wesley perguntou a si mesmo por-que o Senhor diz, “Bem feito, bom efiel despenseiro?”. Deus tem adorna-do tuas paredes com o dinheiro quepoderia ter protegido esta pobrecriatura do frio. Justiça! Misericór-dia! Não serão estes quadros o san-gue desta pobre camareira?

Talvez, como resultado desse in-cidente, em 1731, Wesley começou alimitar suas despesas de maneira quepudesse ter mais dinheiro para daraos pobres. Ele recorda que em umano seus rendimentos foram 30 librase suas despesas 28 libras, só lhe res-tando 2 libras para doar. No ano se-guinte, sua renda dobrou, mas eleainda viveu com 28 libras e pôde doar32 libras aos pobres. No terceiroano, seus rendimentos subiram para90 libras, mas ao invés de deixarseus gastos subirem de acordo comos seus ganhos, Wesley os manteveem 28 libras e doou 62 libras. Noquarto ano ele recebeu 120 libras.Como antes, seus gastos continuaramem 28 libras e o montante que elepôde doar cresceu para 92 libras.

Wesley sentiu que o cristão nãodeveria dar apenas a décima parte,mas doar toda renda extra, desde quea família estivesse bem cuidada e osdébitos devidamente quitados. Eleacreditava que o crescimento de suarenda poderia não somente elevar opadrão de vida dos cristãos, mastambém elevar o conceito de “dar”.

Essa prática começou em Oxforde continuou por toda a sua vida.Mesmo quando seus rendimentos seelevaram para milhares de libras es-terlinas, ele viveu com simplicidade edoava o dinheiro que lhe sobrava tãorapidamente quanto possível.

Um ano sua renda foi um poucosuperior a 1.400 libras. Ele gastou 30libras e doou perto de 1.400. Comonão tinha família para cuidar, ele nãonecessitava poupar. João Wesley nãoestava preocupado em armazenar te-souros na terra e então usava o di-nheiro para caridade tão logo o re-cebia. Ele disse que nunca tivera 100libras no bolso uma só vez.

Wesley limitou suas despesas nãocomprando coisas as quais não fos-sem de absoluta necessidade para oseu padrão de vida. Em 1776, a Co-missão de Impostos da Inglaterrainspecionou sua declaração de renda

e escreveu o seguinte: “Não pode-mos duvidar, mas há indícios de queo Senhor possui uma baixela de pratae não fez o devido registro de en-trada do dinheiro”. Eles estavam di-zendo que um homem de sua notori-edade certamente teria que possuiralguma baixela de prata em casa e oestavam acusando de não ter pago oimposto de consumo. Wesley escre-veu de volta: “Eu tenho duas colhe-res de prata em Londres e duas emBristol. Isto é toda a prataria queeu tenho no momento e eu não pode-ria comprar nenhuma mais enquantomuitos ao meu redor querem pão”.

Os ensinamentos de João Wesleya respeito de dinheiro oferecem sim-ples e práticas diretrizes para todosos crentes.

Sua primeira regra a respeito dodinheiro foi: “Ganhe o máximo quepuder”. A despeito de seu potencialpara o uso indevido, o dinheiro, porisso só, é uma coisa boa. Não há fimpara o bem que o dinheiro pode pro-porcionar: “Nas mãos dos filhos deDeus, o dinheiro é alimento para ofaminto, bebida para o sedento, ves-tuário para o nu. Ele oferece ao via-jante e ao estrangeiro um lugarpara repousar sua cabeça. Com di-nheiro poderemos suprir a falta domarido para a viúva e a falta do paipara o órfão. Podemos ser defenso-res dos oprimidos, dar condições desaúde para os doentes e aliviar osque sofrem dores. O dinheiro poderáser os olhos para o cego, os pés parao aleijado: um voto a favor dos queestão à beira da morte!”

Wesley ensinou que os cristãos,ao ganharem o máximo que podem,necessitam ser muito cuidadosospara não destruírem suas própriasalmas, mentes e corpos ou a alma,mente e corpo do próximo. Ele tam-bém proibiu que os cristãos ganhas-sem dinheiro através de indústriasque poluem o meio ambiente ou queexpõem os seus empregados a riscos.Ganhar sob princípios do reino, nãosob pressão do consumismo e do ma-terialismo egoísta de nosso tempo.

A segunda regra de Wesley parao uso correto do dinheiro foi: “Pou-pe tudo que puder”. Ele instigavaseus ouvintes a não gastarem dinhei-ro somente para agradar aos dese-jos da carne, aos desejos dos olhosou a vaidade da vida. Alertava quan-to ao gasto com comidas caras, rou-pas chiques e mobílias elegantes.“Despreze o regalo e a variedade eesteja contente com a essência dobásico.” Wesley tinha duas razõespara dizer aos cristãos que com-prassem somente o necessário. Aprimeira, obviamente, era que oscristãos não poderiam esbanjar di-nheiro; a segunda, era que os cris-tãos não deveriam alimentar seusdesejos egoístas.

O velho pregador sabiamentechamava a atenção dizendo quequando uma pessoa gasta dinheirocom coisas das quais realmente nãonecessita, logo começará a querermais e mais coisas de que não neces-sita e, ao invés de satisfazer o seudesejo, ela somente o torna maior.

A terceira regra de João Wesleyfoi: “Doe tudo o que puder”. A doa-ção poderá ter início pelo dízimo.Wesley dizia que quem não é dizimistacolocará, indubitavelmente, seu cora-ção no seu ouro e advertia, “isso con-sumirá a sua carne com o fogo”.

Para o cristão autêntico o atode doar não termina com o dízimo,mas todo o seu dinheiro está cempor cento sob a orientação de Deus.

Como Deus tem direcionado oscristãos no uso de seus rendimentos?Wesley enumerou quatro princípiosbíblicos essenciais:

I – Abasteça sua família e vocêmesmo de coisas realmente necessá-

rias (1Tm 5:8). O crente precisa es-tar seguro de que sua família temgarantido o básico: alimentação sau-dável, trajes limpos para usar bem,um local para viver e ainda o sufici-ente para sobreviver se algo inespe-rado acontecer à pessoa que proveo sustento da família.

II – “Tendo comida e vesti-menta, estejamos contentes”. (1 Tm6:8) “Quem tem comida suficiente eroupas para vestir, com um lugarpara repousar sua cabeça e algumacoisa mais é rico”, disse Wesley.

III – Abasteça-se de coisas ho-nestas à vista de todos os homens(Rm 12:17) e “Não deva nada a nin-guém” (Rm. 13:8). Wesley disse queapós cumpridos os primeiros doisprincípios, a próxima reivindicaçãosobre o dinheiro dos cristãos são asdívidas. Ele ensinou também queaqueles que têm negócios por contaprópria precisam ter ferramentasadequadas, estoques ou capital sufi-cientes para conduzir os negócios.

IV – “Por isso, enquanto tiver-mos oportunidades, façamos o bem atodos, especialmente aos da famíliada fé”. (Gl 6:10). Depois que o cris-tão prover a família, pagar as dívi-das e cuidar dos negócios, a próximaobrigação é usar o dinheiro que so-brou para suprir as necessidades dosoutros.

Ao pronunciar estes quatro prin-cípios bíblicos e básicos, JoãoWesley reconheceu que algumas si-tuações não eram claras o suficientee, conseqüentemente, apresentouquatro perguntas para ajudar seusouvintes a decidirem como gastardinheiro:

1. Ao gastar dinheiro estouagindo por mim mesmo ou estouagindo como um mordomo de Deus?

2. O que me ordenam as Escritu-ras ao gastar dinheiro dessa maneira?

3. Posso eu oferecer esta aqui-sição/compra como sacrifício para oSenhor?

4. Deus me recompensará poreste gasto na ressurreição dos justos?

Em 1744, Wesley escreveu:“Quando eu morrer, se deixar 10 li-bras você e qualquer ser humanopodem testemunhar contra mim, di-zendo que eu vivi e morri como umladrão e um roubador”. Quando elemorreu, em 1791, o único dinheirocitado em seu testamento foi umamiscelânea de moedas encontradasem seus bolsos e em suas gavetasde roupas. A maior parte das30.000 libras que ele ganhou emtoda a sua vida ele doou. Da mesmaforma ele disse: “Eu não tenhocomo evitar deixar os meus livrosno tempo em que Deus me chamardaqui: mas, em qualquer circunstân-cia, minhas próprias mãos serãominhas testemunhas”.

Como vimos, o artigo evidenciaque Wesley testemunhou de suaexperiência nesta área e deixapara todos nós, metodistas, valo-res e princípios que valem a penacolocar em prática em nossas vi-das. Deus nos chama para uma vidade compromisso. Ele nos convoca ahonrá-lo com os nossos bens e comas primícias da nossa renda. Somosdesafiados/as a colocarmos tudo oque temos e o que somos à disposi-ção do Reino de Deus. Que a graçade Deus nos ajude a perceber que amaior graça é a da doação ao pró-ximo a favor da vida e de sua dig-nidade.

ReferênciaTexto adaptado da Revista

“Leadership”, inverno de 1987 porCharles Edward White. Tradução:Suleimar Archibald, Membro da IgrejaMetodista Central de Goiânia.

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Julho 20084 Oficial

Wesleyando

O Colégio Episcopal da Igre-ja Metodista no desempenho desuas funções pastorais e emconformidade com os Cânonesda Igreja Metodista comunica:

• O pedido de afastamentoda Revma. Bispa Marisa deFreitas Coutinho, Bispo-Presi-denta da Região Missionária doNordeste (REMNE), nos termosdo Art. 75 dos Cânones daIgreja Metodista, edição 2007,conforme correspondência enca-minhada ao Colégio Episcopal(e arquivada nos documentosdeste) para tratar de assuntospessoais.

Em ato contínuo decide:• Dar deferimento nos ter-

mos de sua solicitação deafastamento por um período de90 dias vigorando a partir dodia 16 de junho de 2008 e en-cerrando-se no dia 14 de se-tembro de 2008, garantido oônus de subsídio episcopal edespesas de moradia.

Considerando-se a conces-são do afastamento temporárioda Revma. Bispa Marisa deFreitas Coutinho, decide:

• Outorgar poderes ao Pres-bítero Ativo Reverendo Dílson So-

No dia 10 de junho, em cerimônia realizada na Capela da SedeNacional da Igreja Metodista, com a presença do Colégio Episcopale representantes de instituições de ensino metodistas, o Rev.Luis de Souza Cardoso tomou posse como Diretor Superintendentedo Cogeime – Instituto Metodista de Serviços Educacionais.

Processo n. 001/08 – CONSULTA DE LEIConsulente: Carlos Alberto PasseriEMENTA: Aspirante ao presbiterado não pertence à Ordem Presbiteral– Autorização para estudos – Desnecessidade – Inteligência dos art.23 § 9º, e 24, § 2º, dos Cânones/2007. Decisão unânime.São Paulo, 7 de Março de 2007.Dr. José Augusto de Barros Faro – 5ª RE – RelatorRev. Dr. Nelson Magalhães Furtado – 1ª RE – PresidenteParticiparam da votação:Dra. Eva Regina Pereira Ramão – 2ª REDra. Raquel de Souza Antunes Rodrigues – 3ª REDra. Hylcéia Villas Boas de Oliveira Mendes – 6ª REDr. Sandoval de Freirtas Jatobá Júnior– REMNEDr. Joaquim Alves Barros Neto – REMAComissão Geral de Constituição e Justiça

Processo n. 002/08 – CONSULTA DE LEIConsulente: Bispo da 4ª REEMENTA: Decisão de Comissão Regional de Justiça transitada emjulgado – Observância – imperativo canônico. Inteligência do Art.100 § 3º e § 7º dos Cânones/2007. Decisão unânime.São Paulo, 7 de Março de 2007.Dr.Joaquim Alves Barros Neto – REMA – RelatorRev. Dr. Nelson Magalhães Furtado – 1ª RE – Presidente

Participaram da votação:Dra. Eva Regina Pereira Ramão – 2ª REDra. Raquel de Souza Antunes Rodrigues – 3ª REDr. José Augusto de Barros Faro – 5ª REDra. Hylcéia Villas Boas de Oliveira Mendes – 6ª REDr. Sandoval de Freirtas Jatobá Júnior – REMNEComissão Geral de Constituição e Justiça

Processo n. 003/08 – EMBARGOS DE DECLARAÇÃOEmbargante: Revma. Bispa MARISA DE FREITAS COUTINHOEMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO IMPROVIDOS – AUSÊNCIA DEOBSCURIDADE OU OMISSÃO-EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃOCABEM PARA REANÁLISE DE MATÉRIA – MANUTENÇÃO DOS TEXTOSCANÔNICOS 28 II, 44, 206 E 205 (CÂNONES/2007).São Paulo, 08 de Março de 2007.Rev. Dr. Nelson Magalhães Furtado – 1ª RE – PresidenteDra. Raquel de Souza Antunes Rodrigues - 3ª RE – RelatoraParticiparam da votação:Dra. Eva Regina Pereira Ramão – 2ª REDra. Hylcéia Villas Boas de Oliveira Mendes – 6ª REDr. Joaquim Alves Barros Neto – REMA

O Conselho Mundial de Igre-jas, CMI e o Conselho MundialMetodista estão com processosseletivos abertos.

O CMI busca um(a)sucessor(a) ao pastor metodistaSamuel Kobia, que decidiu nãose oferecer para um segundomandato como Secretário Geralda entidade.

Contatos devem ser feitoscom a moderadora do comitêde seleção Dra Agnes Abuom –TAABCO - P.O. Box 10488 - KE –00100 Naibobi, Kenya, Tel:+254.20.271.26.98, Cel:+254.721.948.813, Fax:+254.20.271.29.80, E-mail:[email protected]

Cogeime tem novo diretor

Comissão Geral deConstituição e Justiça

Ato de Governo do Colégio EpiscopalAfastamento Episcopal temporário

ares Dias, brasileiro, casado,CPF 232927765-20, RG 1345707-15 SSP-BA, residente na RuaJoão Norberto, 40 apto 103 –Alto Maron – Vitória da Conquis-ta – Bahia, CEP 45.045-040, nostermos do Art. 63 inciso XLI dosCânones da Igreja Metodista,para as funções da Presidênciada Região Missionária do Nordes-te (REMNE) no período menciona-do do afastamento.

• Designar o revmo. BispoAdriel de Souza Maia, brasilei-ro, casado, CPF 57446881887 ,RG MG-1.008.316 PCEMG , resi-dente a Rua Dona Inácia Uchoa,303 – CEP 04110-020 – VilaMariana, São Paulo, SP, parasupervisionar o PresbíteroDílson Soares Dias, em seu tra-balho, nos termos da Legisla-ção da Igreja Metodista en-quanto perdurar o afastamento.

Invocando a bênção do Pai,Filho e Espírito Santo sobreeste ato de governo do ColégioEpiscopal da Igreja Metodista.

São Paulo, 16 de junho de 2008.Bispo João Carlos Lopes

Presidente do ColégioEpiscopal

Processos seletivosO Conselho Mundial Meto-

dista busca um Coordenadorpara a Juventude e Jovens Adul-tos. As candidaturas estão sen-do enviadas ao Dr. George H.Freeman, Secretário-Geral doConselho Mundial Metodista,P.O. Box 518, Lake Junaluska,NC 28745 USA, desde maio de2008. Os documentos para can-didaturas devem incluir: currícu-lo, cartas de recomendação es-critas por um bispo/presidenteda Igreja ativo, e por um órgãode Juventude e Jovens Adultos(nacional, regional).

Mais informações sobre es-ses processos seletivos no sitewww.metodista.org.br

Patrimônio mineiroO templo da comunidade metodista em Ouro Preto recebeu da

Prefeitura Municipal uma placa que coloca oficialmente no roteiroturístico da cidade a história do metodismo, iniciada com o Rev.João E. Tavares, organizando-se como igreja em fevereiro de 1981.

A placa, que foi afixada na parede ao lado da porta de entradado templo, traz os seguintes dizeres:

“Igreja MetodistaCom suas linhas simples e sóbrias, é considerada um dos bem

sucedidos projetos da arquitetura modernista de meados doséculo 20. Foi projetada pelo arquiteto José de Souza Reis dentroda orientação vigente do órgão nacional de patrimônio, IPHAN:integrar arquitetura moderna no sítio histórico tombado, evitandofalsificação de estilos...”

Informou: Pastor Álvaro Rocha de Faria

Page 5: Expositor Julho 2008

Julho 2008 5Oficial

Desde o dia 1 de junho, Lais Barbosa Dilem dos Santos integra o corpo de funcionários/as da sede nacional da Igreja Metodista,como auxiliar administrativa, realizando entre outras funções, contatos para as reservas de passagens aéreas.

E a pastora e jornalista Joyce Torres Plaça, da Igreja Metodista Central em SantoAndré, São Paulo, foi eleita secretária geral da comissão diretiva do Ciemal, Conselho deIgrejas Evangélicas Metodistas da América Latina e do Caribe, em reunião realizada na sedenacional dias 12 a 15 de junho. Ela foi eleita, por maioria absoluta, na primeira rodada devotação. A pastora Joyce coordenou, por cinco anos, o programa “Jovem em Missão”, umainiciativa da Igreja Metodista junto à juventude do continente.

A comissão diretiva foi presidida pelo presidente do CIEMAL, bispo Moisés ValderramaGómez, e a comissão de seleção pelo vice-presidente, pastor Oscar Bolioli, presidente daIgreja Metodista no Uruguai.

O Instituto Central do Povo, ICP, institui-ção social fundada pelo missionáriometodista Hugh Clarence Tucker em 1906,está enfrentando uma série crise financeira.Mas continuará a atender à comunidade. É oque garantem o Bispo Paulo Lockmann eRosemari Pfaffenzeller, Secretária Executivada Associação da Igreja Metodista, da 1ªRegião Eclesiástica.

Primeira instituição social instalada noBrasil, o ICP presta vários serviços sociais àcomunidade do Morro da Providência, nocentro da cidade do Rio de Janeiro. Lá fun-cionam uma creche conveniada com a pre-feitura, curso de informática, curso de in-glês, padaria-escola e atendimento médico,entre outros serviços.

O primeiro passo para preservar a ins-tituição centenária será o seu saneamentofiscal. Impostos atrasados que chegam àsoma de trezentos mil reais ameaçam oICP de perder o seu caráter filantrópico e oconvênio mantido com a prefeitura do Riode Janeiro, que sustenta diretamente 216vagas de creche em período integral. Algunsdos cursos e atendimentos oferecidos peloICP têm receita própria, mas a creche égratuita e, como diz o próprio Bispo Paulo,atende “aos mais pobres entre os pobres”da região portuária do Rio de Janeiro.

Novas vozesA revista Voz Missionária divulgou os seis trabalhos

aprovados no Concurso “Novos Talentos”, promovido em parceriacom a Faculdade de Teologia da Umesp.

O conselho editorial da Voz Missionária publicará estes seistrabalhos a cada uma das próximas seis edições da revista. Para-béns aos novos talentos!

ALUNO/A TÍTULODaniel Stephens Neves Na Força do AmorEmerson R. da Costa Efeitos da Profecia de Ageu na AtualidadeFabiana de O. Ferreira A participação da criança no cotidiano

da comunidade de féFilipe R. Maia Fé para mudarJovanir Lage Humano e ResponsávelMarcos José Martins Ser Mulher na Diversidade Étnica

Amélia Tavares – Redatora Voz Missionária

Uma delegação brasileira participou do Semináriode Capacitação “Mulheres Metodistas e as Metas do Milênio”,realizado de 12 a 17 de maio em Santiago, Chile. O evento foipromovido pela Confederação Metodista de Mulheres da AméricaLatina e Caribe. Além das irmãs brasileiras, participaram oito ir-mãs do Chile; duas da Argentina; uma da Bolívia; duas do Equa-dor; quatro do México; uma do Panamá; uma do Peru e uma daNicarágua.

No dia 13-terça feira, os trabalhos foram iniciados com umadevocional dirigida pela Presidente Jane Eyre e no decorrer do diativemos o privilégio de desfrutar da companhia da diretoria daFederação Mundial representada pelas seguintes irmãs:• Presidente (Filipinas) – Chita Millan• Vice-Presidente (Estados Unidos) – Mia Adjali• Secretária (Paquistão) – Shunila Ruth

Capacitação de mulheres

Gente nova na casa

Joyce (a esquerda) e Laís: novos desafios.

Instituto Central do Povo não vai fecharDívidas fiscais ameaçam a manutenção de convênios com órgãos públicos, mas a Igreja

Metodista já designou uma comissão para solucionar o problema.

A Coream, Coordenação Regional de AçãoMissionária, da 1ª Região, reunida no dia 9de junho, designou uma comissão para ava-liar todos os processos administrativos epedagógicos do ICP. Segundo RosemariPfaffenzeller, essa equipe formada por umapedagoga, uma técnica em gestão escolar euma psicóloga fará uma avaliação do corpofuncional e sugerirá medidas de controle ecorte de gastos, sob a coordenação daCoream. Atualmente, o custo da instituição,que conta com 63 funcionários, é bastantealto. O ICP deve dois meses de salários aosseus funcionários e precisa, também, cuidarda restauração de suas instalações, numprédio que já fez mais de 100 anos.

Segundo o Bispo Paulo Lockmann, serádesfeito um convênio que vinha sendo man-tido com o Instituto Metodista Bennett. OBennett, que também está enfrentando pro-blemas financeiros, não vinha cumprindocom compromissos financeiros firmados como ICP. Com o fim do convênio, o ICPretorna à responsabilidade da Primeira Re-gião Eclesiástica da Igreja Metodista, quepretende firmar parcerias com outras insti-tuições. Uma das parcerias possíveis, afir-ma Lockmann, será com o Senac, que pode-ria oferecer cursos profissionalizantes nasinstalações do ICP, uma vez que no local oSenac não possui nenhuma unidade.

Page 6: Expositor Julho 2008

Julho 20086 Pela Seara

Aconteceu no dia 07 de ju-nho, o 1º LOUVORZÃO da ju-ventude da Igreja Metodistaem São Luís, Maranhão, na Re-gião Missionária do Nordeste,como parte da celebração aos10 anos de “Vida e Missão” daIgreja Metodista em terrasmaranhenses.

A igreja tem crescido para olouvor da glória de Deus. E ogrupo misto de jovens e juvenistem crescido de uma forma ma-ravilhosa, assim como é a graçade Deus. Grande parte da igreja

Louvorzão maranhensese fez presente para prestigiaresse primeiro encontro.

Dois momentos marcaramde forma especial o encontro:o primeiro foi quando a irmãAllana Bayma Cruz, movidapela ação do Espírito Santo,caminha em direção ao grupode adolescentes que ministra-vam o louvor e intercede deforma espontânea e poderosa.O segundo momento foi quan-do a igreja acolheu todo ogrupo misto de jovens e juve-nis em oração, desejando que

o segundo encontro delouvor seja ainda me-lhor. Isso tudo aconte-ceu na esperança deque o melhor de Deusainda está por vir.

Informou: PriscillaGomes de SouzaFerreira.

Nos dias 23, 24 e 25 deMaio aconteceu o 7º RetiroEMPACTO – Encontro Metodistado Pacto, em São José das Tor-res, Mimoso do Sul, realizadopelo distrito Sul do EspíritoSanto. Estiveram presentes vá-rias caravanas das IgrejasMetodistas em Baiminas, AltoEucalipto, Nova Canaã, Presi-dente Kennedy, Itaoca, Alegre,Ibitirama, Iúna, Marataízes eSão Mateus-ES, num total de220 pessoas participando pela 1ªvez, mais 80 pessoas trabalhan-do na equipe de trabalho, numtotal de 300 pessoas ao todo.

O EMPACTO no nosso distri-to tem sido marcado pelo poder

Aliança com Deus

de Deus que é derramado, pois,a equipe se prepara espiritual-mente realizando num sítio umjejum de 40 horas para assimservir melhor a Deus e os reti-rantes. O resultado tem sidoviver com intensidade Atos 2.As igrejas que estão firmes noEMPACTO estão crescendo commuito entusiasmo, seus cultossão mais avivados e os seuspastores/as estão se sentindoalegres e realizados com seuministério e com a igreja queDeus confiou ao seu pastoreio.O brilho dos olhos dos meto-distas no sul do estado voltoucom mais intensidade.

Pr. Orlando Carrafa

Os dias 2 a 4 de junho sãodatas que certamente se torna-ram um marco na história daQuinta Região Eclesiástica. Fo-ram dias de profunda comu-nhão, onde, os/as pastores/as,missionários/as, participaramde um profundo encontro comDeus, e com o próximo, experi-mentando assim o calor do Es-pírito Santo, aquecendo e rea-cendendo em seus corações achama da paixão missionária. OEncontro ocorreu em CampoGrande, nas dependências doacampamento da Igreja Meto-dista Central. Tudo se deu emum clima de muita oração,meditação da Palavra, consagra-ção e comunhão, manifestasem meio às mensagens eministrações proferidas peloBispo da Quinta Região Eclesiás-ticas: Adonias Pereira do Lago,Superintendente dos CamposMissionários: Reverendo HebertJunker, Reverendo Getro daSilva Camargo: SuperintendenteDistrital do Estado de MatoGrosso do Sul.

Chama vivaO Bispo abordou a primazia

da vida de piedade no ministé-rio pastoral, focando a necessi-dade de um metodismo quebusque ser e viver não como“monumento dos homens, massim movimento de Deus”, nãosó fazendo parte da história,mas, sobretudo a influenciandoe transformando, por meio deuma vida de santidade pessoal,que conseqüentemente implicaráem transformação social. Naquarta-feira em sua mensagemde encerramento do encontro,com base na vida e chamado deJosué, o Bispo enfatizou a im-portância do “saber e permane-cer naquilo que sabemos”, comofatores de impactos na Missãoda Igreja. Ele ainda participoude uma rodada de perguntas,onde questões doutrinarias, easpectos da vida e missão daIgreja, pós Concilio Geral, pude-ram ser esclarecidas.

Informou: Pr José doCarmo da Silva (Zé do Egito)

Igreja Metodista emFátima do Sul MS.

Chegaram à redação tantasnotícias enviadas por Eliane Ro-drigues Castro, do Ministério deComunicação da Igreja Metodistano bairro São Pedro, em BarraMansa, RJ, que o ExpositorCristão se viu com a nem sem-pre simpática tarefa de fazerdrásticas reduções nos textosrecebidos. Sinal de vitalidadedessa igreja que, pelas matériasenviadas, demonstra um fervorevangelístico e um equilíbrioentre fé e obras que há de inspi-rar outras igrejas. Conheça umpouco dos bons frutos que essaIgreja está produzindo:

Saúde da Família: No dia21 de maio, o pastor EdnaldoBreves, junto com dois mem-bros da Associação de Morado-res do Bairro São Pedro, teveuma reunião com o SecretárioMunicipal de Saúde, para rei-vindicar a criação de um PSF –Programa de Saúde da Família— no antigo salão de culto daIgreja Metodista, na RuaRodolfo Marques, 88, SãoPedro, Barra Mansa, RJ. Con-forme aprovado em ConcílioLocal e Coream, o espaço serácedido gratuitamente, por con-trato de comodato, para a im-plantação do projeto.

Palestra sobre dengue:através da agente de saúde

Sal da terraA Igreja Metodista de São Pedro evangeliza, louvae mobiliza-se por construção de centro de saúde

municipal, a irmã Eliane Ro-drigues Castro, o pastorEdnaldo fez contato com o bió-logo da Secretaria de Saúde deBarra Mansa, Antônio Marcos,que deu uma palestra sobredengue e prevenção da doençapara os membros da Igreja, nodia 18 de maio.

Projeto Pentecostes: no dia11 de maio, a Igreja fez uma“Escola Dominical Prática”. De-pois de assistir a um vídeoevangelístico e fazer um estudosobre o tema, a Igreja orou esaiu para as ruas do bairro. Dis-tribuíram folhetos, oraram e co-lheram assinaturas num abaixoassinado para implantar o Pro-grama Saúde da Família no salãoda Igreja, visando a atender àcomunidade na área de saúde.No culto à noite, comemorandoo 32º aniversário da Igreja, coma presença do Bispo Paulo Tarsode Oliveira Lockmann, pôde-sever os reflexos da marchaevangelística, quando o temploestava totalmente lotado, commembros e visitantes não evan-gélicos, que foram tocados pelopoder de Deus.

Informou: Ministério deComunicação - Eliane

Rodrigues Castro

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Julho 2008 7Pela Seara

O projeto evangelístico nacional adotado pela Igreja Meto-dista, em parceria com a Associação Billy Graham, entra numanova fase. Em reunião realizada na sede nacional no dia 25 dejunho, os coordenadores foram treinados para dar seqüência àcampanha que culminará no mês de novembro, com a apresenta-ção de um filme evangelístico, exibido em emissora de TV abertapara todo o país. A próxima etapa da campanha é “recrutar” aspessoas que oferecerão as suas residências para que amigos evizinhos assistam, juntos, ao filme evangelístico e sejam orien-tados a dar os primeiros passos na caminhada da fé.

No dia 17 de agosto, ocorre, em todas as igrejas do país –metodistas e demais igrejas evangélicas vinculadas à campa-nha – o lançamento da estratégia Mateus e seus amigos. Segun-do os organizadores da campanha, trata-se de um plano prá-tico, baseado no chamamento de Mateus, descrito em Mateus9.9-13 e Lucas 5.27 a 32. Jesus chamou Mateus, que logoconvidou os seus amigos à sua casa para partilhar com eles aPalavra de Deus. Da mesma maneira, os(as) pastores(as)metodistas lançarão uma apelo a que membros da Igreja ofe-

Minha esperançaEm agosto, pastores lançam convite: Quem será Mateus?

reçam suas casas para reunir amigos e vizinhos. Nessa data, os“Mateus” entregarão aos amigos visitantes o folhetoevangelístico “Viver em Cristo”.

Outras ações

A Campanha de Evangelização 2008 da Igreja Metodista nãose restringe às ações do projeto Minha Esperança. O dia 16 deagosto, o sábado que antecede ao lançamento da estratégiaMateus e seus amigos, será o Dia do Louvor. Todas as igrejasmetodistas estão convidadas a realizar programações com equi-pes de louvor, corais, bandas e grupos de dança abertas à comu-nidade local, dentro ou fora dos templos.

Em setembro, no dia 27, será o lançamento da Campanhade Doação de Sangue. Metodistas de todo o pais estão convo-cados a fazer doação de sangue no posto mais próximo de suacasa. Se forem em grupos, recomenda-se que façam contatoprévio com o posto de coleta, a fim de se certificar de que hajacondições de atendimento.

A Escola Bíblica de Férias é um espaço valioso para o trabalhomissionário. E não importa se a EBF seja feita em uma semana,cinco dias, um final de semana ou um sábado. O importante é quesejam momentos inesquecíveis para as crianças. Neste ano, elasaprenderão o que é a Graça de Deus sobre suas vidas e comoresponder a essa Graça por meio de uma vida cristã plena deamor ao próximo e à natureza criada por Deus.

O caderno deste ano trouxe muitas atividades para desen-volver com as crianças de sua igreja, em várias faixas etárias;histórias bíblicas; músicas, o resultado do I Concurso Crianças

Doação de sangue: tire suas dúvidas- Doar sangue engorda ou faz emagrecer?Ao doar sangue você não engorda nem emagrece.- Doar sangue engrossa ou afina o sangue?Não engrossa nem afina o sangue, é apenas um mito.- Doar sangue vicia?Não. A doação de sangue não está relacionada a nenhuma dependên-cia.- É preciso algum documento de identidade?Sim. O candidato deve apresentar documento original com foto,expedido pelo órgão oficial. Exemplos: Carteira de Identidade (RGou RNE), Passaporte, Carteira de Trabalho, Carteira de Identidadede Profissional, Carteira Nacional de Habilitação com foto e Cer-tificado de Reservista.- Tomei vacina para Hepatite B. Posso doar sangue?A vacinação para Hepatite B impede a doação por 48 horas.- A mulher pode doar sangue durante o período menstrual?Sim.- Doar sangue dói?Não.- O que acontece se uma pessoa que não sabe se está anêmicaquiser doar sangue?O candidato à doação é atendido por um profissional do Serviçode Hemoterapia, que realiza um teste rápido para verificar se odoador está ou não anêmico.- O que são situações de risco acrescido para se transmitir do-enças através da doação de sangue?Ter múltiplos parceiros sexuais ocasionais ou eventuais sem usode preservativo, usar drogas ilícitas, ter sido vítima de estupro,ser parceiro sexual de pessoa que tenha exame reagente parainfecções de transmissão sexual e sangüínea, ter parceiro sexualque pertença a alguma das situações acima, dentre outras.- O uso de medicamento pode impedir alguém de doar?

Eco-Missão: a aventura de viver a GraçaEscola Bíblica de Férias de 2008

Metodistas Compositoras e, ain-da, orientações para primeiros so-corros e dicas para o ensino econvivência de crianças com ne-cessidades especiais.

E, no final, ainda tem um mo-delo de certificado para premiar ascrianças que participarem da EBF.

Elci Pereira Lima, DepartamentoNacional de Trabalho com Crianças

O uso de medicamento deve ser analisado caso a caso. Portanto,antes de doar consulte o Serviço de Hemoterapia.- Quanto tempo leva para o organismo repor o sangue doador?O organismo repõe o volume de sangue doado nas primeiras 24 ho-ras após a doação.- Quem está fazendo regime para emagrecer ou dieta pode doarsangue?Sim. Dietas para emagrecimento não impedem a doação de sangue,desde que a perda não tenha comprometido a saúde.- Grávidas podem doar sangue?Não. Mas se o parto for normal, a mulher pode doar depois de 3(três) meses. Em caso de cesariana, 6 (seis) meses. Se estiver ama-mentando, aguardar 12 meses após o parto.- É necessário estar em jejum para doar sangue?O doador tem que estar alimentado e descansado, evitar alimen-tação gordurosa nas 4 (quatro) horas que antecedem a doação.- Quem está gripado pode doar sangue?Recomenda-se aguardar 7 (sete) dias após a cura para poder doar.- Quem tem diabete pode doar sangue?Se a pessoa que tenha diabetes estiver controlando apenas comalimentação ou hipoglicemiantes orais e não apresente alteraçõesvasculares, poderá doar. Caso ela tenha utilizado insulina uma únicavez, não poderá doar.Fonte: site do Instituto Nacional do Câncer http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=119

- Onde eu posso doar sangue?Para encontrar um local de coleta de sangue mais próximo de suacasa, entre em contato com o Serviço de Hemoterapia. No site daAgência Nacional de Vigilância Sanitária há uma relação dehemocentros de todo o país: http://www.anvisa.gov.br/sangue/hemoterapia/hemocentros/index.htm

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Julho 20088 Capa

m 1906, um pequeno grupo de cristãos reunido na rua Azuza, emLos Angeles (EUA), sob a liderança do pastor William Seymour, deuorigem a um movimento religioso que alcançaria o mundo inteiro.O pentecostalismo não se restringiu às igrejas oriundas do aviva-mento da rua Azuza: características deste movimento se fazem

presentes em Igrejas Protestantes históricas e também na CatólicaRomana via movimento carismático, que, à semelhança dopentecostalismo clássico, apregoa uma experiência do cristão com oEspírito Santo por meio de um pentecostes pessoal, seguido pela mani-festação de dons.

Fica patente no Livro O Espírito Santo na Herança Wesleyana, deMack Stokes, que o Metodismo também enfatiza uma experiênciacom o Espírito Santo. Para Wesley, a ação da Terceira Pessoa daTrindade é fator principal no processo de salvação. É Ela quem atuana vida do indivíduo, por meio da graça preveniente, operando onovo nascimento, convencendo da justificação e trabalhando nasantificação.

Batismo no Espírito

É doutrina principal do pentecostalismo o batismo no EspíritoSanto como uma segunda bênção evidenciada pela manifestação daglossolalia, fenômeno comumente conhecido como o falar em “línguasestranhas”. É a partir de tal experiência que o individuo, em muitas

comunidades pentecostais ou avivadas, passa a ser visto como umcristão completo, podendo assim ter uma atuação maior no seio dacomunidade de fé, galgar várias posições e até alcançar o ministériopastoral. Contudo, o crente que não passou por esta experiência éjulgado não apto a exercer determinados ministérios, devendo antesbuscar o batismo com o Espírito Santo – que se torna evidente pelofalar em línguas estranhas.

Penso que tal doutrina pode produzir dois efeitos na vida dosmembros das igrejas que assim ensinam. Primeiro: em algumas pessoasque exercem o dom da glossolalia pode se manifestar um orgulhoespiritual que as leva a tratar os demais crentes como “cristãos desegunda categoria”, por não terem tido tal experiência. Tais pessoasusariam do dom não como meio de edificação, tendo em vista servira Deus, mas sim como um meio de autopromoção, de mostrar quesão pessoas renovadas, que estão em um nível de espiritualidadesuperior às demais. Segundo: os indivíduos que não evidenciam obatismo do Espírito por meio da glossolalia podem se sentir inferioresaos que o manifestam.

Este critério da glossolalia como fator inconteste do batismo noEspírito Santo pode fazer com que indivíduos sob pressão, no afã deserem aceitos pelo grupo, passem a exprimir sons que nada têm a vercom as línguas estranhas relatadas em Atos 2 e nas cartas Paulinas,mais precisamente nos capítulos 12 a 14 de 1 Coríntios. Outras pessoas

O Espírito Santo na herança wesleyana

Em 1980, o Colégio Episcopal publicou a Pastoral sobre a Dou-trina do Espírito Santo e o Movimento Carismático com o objetivode “orientar a Igreja acerca das questões levantadas pela irrupçãodo movimento carismático nas comunidades evangélicas tradici-onais, inclusive as nossas”. O texto, bastante atual até os dias dehoje, traz as bases bíblicas que fundamentam nossa compreensãoda ação do Espírito Santo na vida de cada pessoa, na Igreja e nomundo. Destaca-se que o dom do Espírito é “a força e o poder deDeus que faz brotar, aqui e agora, entre nós, os primeiros sinaisdo Reino de Deus e da sua justiça, da nova criação, o novo ho-mem, a nova mulher – é o tempo das primícias do Reino (Rm8.23). Por isso, os diversos dons do Espírito têm a ver diretamentecom nosso relacionamento com o nosso próximo e com a edificaçãoda comunidade. “A importância dos dons não está no dom em si,mas no seu uso para a edificação do Corpo”, diz a Pastoral. “Osdons são equipamentos necessários ao povo de Deus em marcha,mas os discípulos de Jesus são conhecidos não pelos dons espiri-tuais, mas pelo amor. Por isso, nossa preocupação maior deve sercom o Fruto do Espírito, o amor.”

Os bispos explicam que os dons são diversos, complementando-se uns aos outros. Sobre o dom de línguas em particular, baseando-se em textos bíblicos, o documento afirma que ele é “um entre

os demais dons do Espírito” e que “pode vir a ser útil à edificaçãopessoal daquele que o recebe do Senhor”. “Paulo, apesar de o pos-suir, o reduz a uma experiência de caráter pessoal e de valor co-munitário secundário, condicionado que está à presença de intér-pretes para que haja edificação da comunidade. Portanto, comonão é isso o que acontece geralmente, não recomenda o seu exer-cício em público”. Assim, a Igreja Metodista aceita o “não proibais”de Paulo aos Coríntios (1 Co 14.39), mas seguindo ainda o apóstolo,sugere critérios para o exercício dos dons espirituais: 1º - ainteligibilidade (1 Co 14.1-19); 2º - o poder do convencimento (1Co 14.20-25); 3º - o controle ( 1 Co 14.26-33); 4º - a decência e aordem (1 Co 14.34-40).

Por fim, o texto nos pede que estejamos abertos a acolheraqueles cuja experiência religiosa é diferente da nossa e que bus-quemos a ação do Espírito em nossa vida, Igreja e sociedade; tendoa Bíblia como critério norteador que nos ajude a discernir se os donsprocedem de Deus. “Este discernimento é importante, pois hámuito do eu e do homem presentes nas manifestações tidas comodo Espírito”. Nossa meta deve ser, sempre, “preservar a unidade doEspírito no vínculo da paz” (Efésios 4.3) a fim de que a IgrejaMetodista possa, efetivamente, cumprir a missão de “espalhar asantidade bíblica sobre toda a terra”, como sonhava seu fundador.

A orientação metodista

Quais são os sinais da ação do Espírito? Como a Igreja Metodista se posiciona acerca do dom de línguas?

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Julho 2008 9Capa

que, não tendo coragem para falsear o dom que os qualificaria comoselados pelo Espírito e não o tendo recebido mesmo após intermináveisbuscas, podem, a meu ver, abrigar interiormente, sentimentos de re-jeição em relação a Deus.

Tenho atualmente na minha comunidade de fé um rapaz quenasceu e cresceu numa comunidade pentecostal. Há dois anos, eleconheceu uma moça de nossa igreja e começaram a namorar.Tornamo-nos amigos; ele passou a freqüentar minha casa e, algumasvezes, a Igreja Metodista, quando não tinha programação em suaigreja, onde era ministro de louvor.

Certo dia eu estava em meu escritório, quando esse rapaz che-gou. Convidei-o a entrar e sentar-se. Notei que ele estava meioabatido e ofereci-lhe um café. Após alguns momentos em silêncio,com as mãos trêmulas ele colocou a xícara no pires e, com olhoscheios de lágrimas e a voz embargada, disse: - Pastor, eu posso fazeruma pergunta? – Respondi-lhe: sim, claro, do que de se trata? Elerespondeu: - Essa história de que só quem fala em línguas é que temo Espírito Santo é verdade? Eu nasci na igreja, cresci na igreja, eutoco e canto na minha igreja, mas as pessoas lá dizem que eu devobuscar o batismo com o Espírito Santo, porque não falo nem nuncafalei em línguas. Eu me sinto rejeitado por Deus, pois no ministériode louvor apenas eu não falo em línguas. Se eu não falo em línguas,é por que não tenho o Espírito Santo, e se eu não tenho o EspíritoSanto, não sou filho de Deus... Logo, se não sou filho de Deus nãoserei salvo. Pois não estou selado para o dia da promessa!

Percebi o quanto o meu amigo estava angustiado. Apesar de serum cristão realmente comprometido com sua comunidade, membroativo no ministério de louvor, ele era tido como um cristão incomple-to. O anseio de manifestar a glossolalia e, assim, ser aceito semreservas pelo grupo mexia tanto no brio de Daniel, que a ausência dodom o levou ver-se como um rejeitado por Deus.

Os frutos do Espírito

Inicialmente falei-lhe da graça preveniente, e que na concepçãometodista o Espírito Santo atua na vida do indivíduo mesmo antes delese tornar cristão. Expliquei-lhe que, à luz das Escrituras, ninguém podese tornar e viver verdadeiramente como cristão, sem a atuação etestemunho do Espírito. Iniciamos a partir desse diálogo um estudobíblico após o qual ele entendeu que o falar em línguas não é o únicodom do Espírito, e que a evidência não está na glossolalia, mas, sim,nos frutos listados por Paulo no capítulo cinco de Gálatas: “Mas oEspírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a deli-cadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio”.Saber disso trouxe a este jovem paz e a certeza de que não só eraaceito, mas também habitado por Deus, através do Espírito Santo.

Wesley sempre defendeu a experiência com o Espírito para dina-mizar a vida cristã, tirando-a de uma mera religiosidade. Contudo, elenão reduzia o viver pleno no Espírito Santo a manifestações deste oudaquele dom, ou a experiências particulares. Embora tenha ele mesmoexperimentado o coração “estranhamente aquecido”, na memorável

noite de 24 de maio de 1738, na Rua Aldersgate – sensação acompa-nhada pela certeza do perdão de seus pecados – Wesley não parou naexperiência em si; antes, soube transformá-la em vida com Deus emfavor do próximo.

Assim como Wesley, creio que o testemunho do Espírito é funda-mental; porém, penso que o verdadeiro testemunho interior tem quese manifestar no exterior, trazendo transformações individuais ecoletivas. Ou seja, minhas obras realizadas em e por amor demons-tram que estou cheio e sou movido pelo Espírito Santo. Compreendoos dons como ferramentas dadas por Deus a fim de serem usadas noserviço, na construção de seu Reino. Creio na contemporaneidadedos dons, e não sou contra a busca dos mesmos, mas o que questionosão as razões pelas quais muitos atualmente os buscam. Vejo queaquilo que as Escrituras apontam como ferramentas a serem buscadastendo em vista poder servir, muitos as têm buscado a fim de se ser-virem do poder, a fim de edificar não a comunidade, mas a seus egos.Em contraste a isso, Paulo, referindo-se aos dons como instrumentode edificação da Igreja, ensinou à comunidade de Corinto: “Assimtambém vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir,para a edificação da igreja” (1 Coríntios 12:12).

Paulo entende que a plenitude do Espírito Santo se faz notar pormeio da manifestação daquilo que define como “caminho sobremodoexcelente”, caminho que o texto bíblico de 1 João 4.8 dá a conhecercomo sendo a essência de Deus: o amor. Com este atributo ou essên-cia de Deus – que o Espírito Santo manifesta de forma inconteste navida do cristão, caracterizando-o como sua habitação e instrumento –Paulo também encabeça a lista dos frutos do Espírito em Gálatas 5.22.Assim sendo, é natural que alguém que se diz cheio do Espírito Santodeva estar cheio de amor. Mas qual a razão de o Espírito Santo encheruma pessoa de amor, a ponto de a manifestação desse sentimento sero maior indicativo de conhecimento de Deus, e plenitude do EspíritoSanto? A isso responde Mack B. Stokes: “Todas as pessoas, portanto, quesão cheias do Espírito agem, necessariamente, no sentido de praticartodo o bem possível em favor dos outros” (página 3).

Portanto, a prova inconteste de que alguém está cheio do Espí-rito Santo é o amor, porque o amor procede de Deus. Toda pessoaque ama é nascida de Deus e conhece a Deus. Afinal, ninguém podeconhecer a Deus, e muito menos amá-lo sobre todas as coisas e aopróximo como a si mesmo, e ainda amar o inimigo, orar pelos quelhe perseguem e abençoar os que lhe amaldiçoam se não for por obrae graça do Espírito Santo. É possível falsificar a glossolalia, mas é im-possível falsificar o amor, pois o amor possui atributos que demons-tram características que só se encontram em Deus: O amor é paci-ente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não seensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seusinteresses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra coma injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre tudo crê, tudoespera, tudo suporta. (1 Coríntios 13.4-13)

Pr. José do Carmo da Silva, “José do Egito”.Igreja Metodista em Fátima do Sul – MS.

A questão do dom de línguas nunca foi um ponto pacífico nemno meio pentecostal, afirma o pastor Ricardo Gondim, presidente daIgreja Assembléia de Deus Betesda. No início do movimento, o domde línguas era visto como um dom milagroso concedido por Deuspara a evangelização, diz ele. Segundo o pastor, há relatos de pessoasque testemunham ter recebido o dom de proclamar a Palavra de Deusem idiomas estrangeiros que nunca haviam estudado.

Mais tarde, o movimento pentecostal e se dividiu; novasconcepções sobre o dom também surgiram. Para a maioria dospentecostais, o dom de línguas passou a ser visto como uma evi-dência física do batismo do Espírito Santo – concepção que ten-de a criar duas “classes” de cristãos. “Mas há, atualmente, te-ólogos pentecostais, como Gordon Fee, que embora não rejeitemessa experiência como sinal do Espírito, não a vêem como obri-gatória”, diz Gondim. Ele atesta que a terceira geração depentecostais já não demonstra o fenômeno com a mesma fre-qüência – e nem por isso é “menos pentecostal” do que os cris-tãos de gerações anteriores...

Para o pastor da Betesda, o dom de línguas foi uma grandecontribuição do movimento pentecostal para a cristandade, expres-sando que a experiência religiosa transcende a racionalidade. Hoje,porém, o dom de línguas tem sido banalizado e atéinstrumentalizado. Ele percebe, com tristeza, que existe até quembusque “produzi-lo” artificialmente, por meio de cerimônias comforte apelo emocional, ou exibi-lo no púlpito. Para Gondim, essedom – que ele próprio recebeu – é, sobretudo, uma experiência deedificação pessoal. “Não exerço o dom de línguas em público. Éuma experiência de vida devocional que é relevante para mim,

Uma visão pentecostalassim como a oração contemplativa e meditativa. É umacapacitação para o exercício do ministério. O dom de línguas,assim como os demais dons do espírito, são capacitações divinaspara que a Igreja possa ser missionária”.

Elienai Cabral Júnior, pastor da Assembléia de Deus Betesdaem Fortaleza, Ceará, também manifesta o dom de línguas em suavida devocional. E também não vê o dom recebido como sinal depoder, prestígio e orgulho. “É um sinal de fraqueza, humildade eesvaziamento. Falamos línguas que sequer conseguimos entender(1Co 14.14). Isto que recebemos de Deus, por sua graça, a salvaçãoem Cristo é algo tão superior a nós, tão acima de nossos méritose habilidades que sequer conseguimos fazer caber em nossa lin-guagem. Outras línguas são as que falam com satisfação, masapenas para o íntimo de quem fala. Aquele que fala em outraslínguas é lembrado e torna-se um lembrete de Deus de que élimitado. De que o Reino do qual participa não foi conquistadopor suas habilidades e, portanto, quem quer que dele participeprecisará depender do Espírito Santo de Deus, o Outro Consoladorque nos guiará em todas as coisas”, explica ele.

Segundo o pastor Elienai, a descrição da igreja pentecostalem Atos não é de uma igreja potente e imponente, mas de umacomunidade de irmãos que se amavam concretamente, como sedescreve em Atos 2.44-47. É a igreja que tem Jesus como modelo:“No deserto, Jesus recusou-se ao poder de conquistar o mundoem fama e glória, de ter uma imagem brilhante de poder: tudoisto de darei se prostrado me adorares. O poder que veio exer-cer não atrairia o mundo pela glória e fama, mas pela graciosaentrega de si mesmo em amor”.

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“Coração aquecido” é hoje uma expressão bastante utilizada nometodismo brasileiro.

Missões

imagem do coração como metáfora para os pensamentose sentimentos humanos é muito antiga. A Bíblia está re-pleta de exemplos. Analisar de que maneira a metáforado coração está presente em nosso imaginário sócio-re-

ligioso foi um dos temas da palestra proferida pelo teólogo HelmutRenders, professor da Faculdade de Teologia da UniversidadeMetodista, durante a 57ª Semana Wesleyana, realizada de 26 a 30de maio. Mas, por que falar de imaginário religioso numa semanaem que o tema central foi o centenário do Credo Social Metodista?Ele explicou: “Há imaginários que favorecem a vivência e a pro-moção de um Credo Social e outros que fazem desconsiderá-lo eaté combatê-lo”. Segundo o professor, carregamos muitas imagensde nós, do mundo e de nossas relações, com Deus ou com o pró-ximo, que determinam nossa forma de compreender e viver a fé.

A metáfora do coração, presente já nos tempos bíblicos, foibastante valorizada na mística da Idade Medieval, destacando amisericórdia de Deus, acessível por intermédio de Jesus. Noprotestantismo, a primeira aparição significativa da figura do co-ração relaciona-se com Martinho Lutero e a integração do símbolono seu emblema pessoal: a chamada “Rosa de Lutero” ou brasãode Lutero. O símbolo era criado como anel de selo e Lutero odescreve a sua escolha da seguinte forma: A primeira coisa deveser uma cruz, da cor preta no meio de um coração com a sua cornatural, a lembrar-me de que é a fé no crucificado que nos salva.Uma pessoa só pode tornar-se justa quando ele acredita com todoo seu coração. E embora esta cruz seja uma cruz negra que mor-tifica e que, propositalmente, causa dor, esta cruz não modificaa cor do coração, ou seja, a cruz não destruiu a natureza, nãomata, mas, sim preserva a vida.

Para Lutero, o coração simboliza a fé cristã, e como podemosver, esta fé é diretamente relacionada com a cruz. Mas, a “mor-tificação” é relacionada com o caminho da cruz e introduzida noprojeto maior da preservação da vida. “Fé e vida são os pólos dosímbolo da cruz, ou seja, trata-se de uma superação das tradi-ções monásticas e místicas com suas tendências de abandono domundo”, diz Renders.

No século XVII surge uma nova leitura, a partir da descobertado coração como centro do sistema da circulação sanguínea por mé-dicos alemães, ingleses e franceses. É justamente nestes paísesonde o coração se torna uma poderosa metáfora religiosa de novosmovimentos religiosos. No catolicismo, surge a devoção do “Sagra-do Coração de Jesus”, a partir das visões místicas da freira fran-cesa Margareta Maria Alacoque, entre 1673 e 1675. “A contempla-ção traz o perigo de promover o individualismo, de favorecer,unilateralmente, a relação íntima entre o eu – humano e o tu –divino, sobre desconsideração do tu – humano”, alerta o professor.

No protestantismo, surge a “religião do coração” no séculoXVII, especialmente no pietismo alemão e, parcialmente, no pu-ritanismo holandês e inglês. O pietismo alemão, explica Helmut,quis superar os impasses da ortodoxia luterana e sua tendência daracionalização da fé. Um hino do Duque Zinzendorf, líder da IgrejaMorávia, descreve esta nova tendência:

Unidos em comunhão, coração ao lado de coraçãoProcurem descanso no coração de DeusDeixem as suas chamas de amorAscender para o salvador.

Ele a cabeça, nós seus membros,Ele a luz e nós o seu brilho,Ele o mestre e nós sua irmandade,Ele é nosso e nós somos dele

Deixe-nos ser tão unidos,Como tu és uno com o Pai,Até que neste mundo,Não haverá mais nenhum membro à parte...

Zinzendorf tinha 23 anos quando escreveu esta letra. Aqui, o co-ração é relacionado com o envolvimento pessoal na causa da fé e nasua vivência. O coração, lugar simbólico do querer, precisa ser atin-gido; o intelecto segue posteriormente. Segundo Renders, comparadoaos textos místicos da época, esse poema já se distingue por seu ca-ráter comunitário, embora ainda seja muito eclesiocêntrico.

Corações em chamas

John Wesley, fundador do movimento metodista, foi influen-ciado pela espiritualidade morávia. Foi numa reunião demorávios, enquanto alguém lia um prefácio de Lutero à Epístolade Paulo aos Romanos, que ele sentiu seu coração “estranhamenteaquecido”. Mas a metáfora do coração de Wesley vai além dos li-mites individuais e eclesiais; transforma o mundo em paróquia.“A mística wesleyana não favorece, exclusivamente, a mística daunião humano-divina e jamais exclui a ética da comunhão”, des-taca Helmut. Os irmãos Wesley, Charles e John escrevem na intro-dução de um hinário de 1739: A forma como São Paulo ensina aedificação das almas é tão distante da forma ensinada pelos mís-ticos! A religião na qual esses autores nos edificariam é religiãosolitária. “Se você quer ser perfeito, eles dizem, “não se preocupe

com obras externas. É melhor traba-lhar virtudes e o querer. (...) Para

eles, a contemplação é o cumpri-mento da lei, ainda mais, (tra-

ta-se de) uma contemplaçãoque consiste na cessação de

todas as obras”.“Coração aquecido” é

hoje uma expressão bas-tante utilizada nometodismo brasileiro.Fala-se da “Igreja docoração aquecido”e do “povo do co-

ração aquecido”.Esta designação é, genuinamente, bra-

sileira. Outros movimentos de aviva-mento dentro do metodismo mundial, emparte parecidos com o do Brasil, também

se referem a Aldersgate – por exemplo, “Mi-nistério de Renovação de Aldersgate”

(Aldersgate Renewal Ministry), da Igreja Metodista Unida (EUA).Mas, não se fala da “igreja de Aldersgate”.

Mística relacional ou mística isolada?

Mas, qual é a diferença entre uma Igreja que abriga um movi-mento e a identificação – única ou predominante – da igreja como“igreja do coração aquecido”? Helmut Renders fez uma compara-ção desta frase com o lema da Igreja Metodista, estabelecido em1982: “Igreja Metodista: comunidade missionária a serviço do

A metáfora do coração

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Julho 2008 11Missões

povo”. Diz o professor: “Este lema sinaliza como característica daIgreja dois círculos de relações: primeiro, a igreja é comunidade,ou seja, relacional. A igreja é forma social do corpo de Cristo, écomunhão. Segundo, pronuncia-se a relação igreja – humanidade,especificamente, o povo. Em comparação, na frase povo do coraçãoaquecido há uma clara re-acentuação do `exterior` para o `interior`e do `comunitário` para o individual: `povo` não se refere maisao povo brasileiro, mas ao povo da igreja; no caso, o povometodista. Podemos chamar isso uma ten-dência mais eclesiocêntrica, centrada no pró-prio movimento.

Renders conclui: “É tão errado acharque muitos entendem `o povo do coraçãoaquecido´ como `o povo da contempla-ção´, um povo que se “une no templo”para ter lá a união mística com Deus? Sefosse só isso, seria, como Wesley disse,uma piedade em perigo de esquecer asobras. Por isso, Wesley promove como mís-tica A imitação de Cristo, um guia espiri-tual de Thomas a Kempis, propondo umamística pé-no-chão e de ação.”

A contemplação de Cristo ensina o seupovo a enxergar Cristo na humanidade eencontrar Deus na criação, afirma o teólo-go. Alguns chamam isso de contemplaçãodo próximo e do mundo. Veja o que diz Wesley sobre esse re-lacionamento: ‘Se teu coração é como o meu; se tu amas aDeus e toda humanidade, não faço mais perguntas. Dá-me atua mão’ (Sermão Espírito Católico). “É esta concórdia – ‘uniãode corações’ - que Wesley quer promover entre os seguidoresde Cristo. Aqui, relações não são marcadas pelo suspeita ou

pelo que se ouve falar por terceiros, mas, pela sinceridade,pela liberdade e pelo sincero interesse no outro”.

Fazer parte do corpo de Cristo é aprender a viver uma comu-nhão corajosa que transparece também na vulnerabilidade, explicao teólogo. “A graça nos faz acordar, enfrentar a vida com e de co-ração. Juntando os nossos sentidos, enxergarmos com o coração,pensamos e agimos com o coração, tendo o estranho prazer dequerer honrar o outro mais do que a nós mesmos. Wesley ensina a

ter `coragem´, um `coração disposto paraagir´ e desenvolver `ações que provêm do co-ração´, baseadas na confiança no caráteruniversal da graça de Deus. O Credo Social éuma das altas expressões desta `coragem deser´, desta coragem `de ser metodista´.

Helmut Renders destaca que o CredoSocial Metodista, criado em 1908, expressauma boa dose de ousadia, sim, mas jamaisé ‘não-espiritual’. “Podemos ver então quea própria metáfora do coração, justamenteem português, não tem nada de isolado,mas conecta cada um e uma com a vida,com o outro, e o Grande Outro, Deus. Issocoincide com uma outra afirmação deWesley. A vocação do metodismo não é cri-ar uma nova seita (se isolar), mas, refor-mar a nação, especialmente, a igreja e es-

palhar a santidade sobre toda terra. Aqui, a paixão peloabsoluto jamais se separaria da paixão pelos ‘pequeninos’.”

Fica, para a Igreja, a questão fundamental: qual é nossaconcepção e prática de espiritualidade? Uma mística relacionalou uma mística isolada? A metáfora do coração, certamente,pode simbolizar e representar as duas. A escolha é nossa.

“Rosa de Lutero”, emblema da Igreja Luterana

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Julho 200812 Missão

O Barco Hospital, ministério diaconal da IgrejaMetodista na Região Missionária da Amazônia, em parceriacom a organização Visão Mundial, realiza viagensmissionárias na região da Amazônia levando atendimentomédico, odontológico, nutricional e, sobretudo, a esperançaque nasce no coração da pessoa que recebe o amor e apalavra de Deus. Contudo, durante todo o mês de junho, obarco ficou parado. O pastor Dimanei da Silva Lisboa, coor-denador da AMAS (Associação Metodista de Ação Social) deManaus informa que o barco teve várias viagens canceladaspor grupos de voluntários americanos que, tradicionalmente,têm vindo ao Brasil fazer viagens de uma semana. Em geral,a equipe americana vem completa: eles trazem clínico geral,pediatra, nutricionista, oftalmologista, e ainda pagam todasas despesas da viagem e compra de medicamentos para apopulação assistida. Contudo, a crise financeira que os Es-tados Unidos enfrentam atualmente, acrescida ao aumentodo valor do real em relação ao dólar, fez com que váriasequipes cancelassem a viagem.

A próxima viagem está marcada para o período de 20 a27 de julho. Mas o pastor Dimanei destaca que o Barco Hos-pital não faz seu atendimento apenas com equipes de outrospaíses. Voluntários brasileiros são bem-vindos (e necessári-os!). O Barco Hospital tem capacidade para até 20 pessoas,mais a tripulação, e não está restrito aos profissionais daárea de saúde. “Lá ninguém fica parado. Sempre há o quefazer”, diz ele. “A vida da comunidade ribeirinha que recebeuma visita do Barco Hospital é transformada”, testemunhao pastor. Mais informações com pastor Dimanei, e-mail:[email protected], telefone (92) 3237 8091 ou Rev.Deonísio Agnelo dos Santos, pastor da Igreja em Manaus eSD do distrito.E-mail: deoní[email protected], telefone: (92)3637 1258, (92) 3671 5142 .

Sonho realizadoIgreja Metodista em Uberlândia realiza

casamento comunitário

Para os cinco belos casais da foto a oficialização do casamen-to ainda era um sonho por realizar até o dia 31 de maio. Nessedia, a Igreja Metodista Central em Uberlândia realizou um casa-mento comunitário pedindo a bênção de Deus para esses casais esuas famílias. Além de ajudar alguns casais com os custos decartório, a igreja também conseguiu presenteá-los com uma belafesta. Repleta de visitantes, sorrisos e alegria, a Igreja tornou-se mais conhecida na cidade e demonstrou que ações simplestambém fazer parte da missão.

Informou: Tânia Guimarães

Em tudo, caridadeOferta para Ação Social 2008

Região UF Nome do projeto1ª RJ Projetos Frutos do Amanhã, Ig. Met. Santa Cruz, RJ1ª RJ Projeto Integração, participação e Amizade, PIPA –

Chatuba, Mesquita, RJ2ª RS Casa de Assistência a Criança da Igreja Metodista,

bairro Bom Jesus, Porto Alegre2ª RS Centro de Educação Infantil, SOMAIC, Carazinho.3ª SP SASIMG- Serviço de Ação Social da Igreja Metodista

em Guaratinguetá3ª SP CEI Signe Carlson, Jardim Hebreu, São Paulo.4ª MG Igreja Metodista em Alto do Jequitibá5ª MS Associação Metodista de Ação Social - AMAS-

Bataguassu-MS5ª SP AMAS – CCI Vinde a Mim os Pequeninos – Ig.

Metodista de Franca6ª PR Projeto Missionário Regional Julho para Jesus6ª PR Projeto Missionário Vila PantanalREMNE CE Escola Mariluse H. Maia, FortalezaREMA RO Projeto Tarde de Lazer Metodista, Ji-Paraná

Dia 17 de agosto é o dia especialmente reservado para a ar-recadação de uma oferta muito especial: a oferta para as açõessociais da Igreja Metodista. Veja quais são os projetos benefici-ados neste ano e mobilize sua igreja!

Barco Hospital quer navegarE a Igreja pode colocar esse barco na água

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Julho 2008 13Reflexão

Certa vez um colega pastor, de uma denominação também histó-rica, foi abordado por alguns evangélicos acerca da seriedade bíblicada sua Igreja, pelo fato desta acolher o corpo e realizar ofício fúne-bre de um homem que no dia anterior dera cabo a sua própria vida.O fato tinha sido noticiado nos meios de comunicação e, nas rodasdas praças daquela cidade, o falatório acerca da morte do crenteera o assunto do dia. O pastor, com muita humildade, começou aargumentar que o morto era uma ovelha querida, crente ativo naque-la Igreja, que já atuara inclusive como professor da Escola BíblicaDominical. Era um moço pacato, honesto e trabalhador, marido fiel ebom pai de família e que, infelizmente tinha um histórico de enfer-midade emocional e psicológica que acompanhava a sua família, dolado paterno, atingindo geralmente os homens da casa. Pois esteirmão, único cristão da família, estava lutando havia muito tempocontra este mal, sendo acompanhado por médicos, tomando os re-médios por eles prescritos, se submetendo a todos os tratamentos,inclusive as orientações pastorais, levando uma vida muito séria comDeus e sua Igreja. Até que, não mais podendo resistir às pressões davida, aliada a esta maldita depressão, tombou. O argumento daqueleexperimentado pastor não fora suficiente para convencer aquelesinquiridores e juízes de plantão que continuaram a afirmar com plenaconvicção que todos os suicidas não herdarão o reino de Deus e quea ‘Casa de Deus’ não poderia abrigar tal condenado.

Uma breve reflexãoOs especialistas definem suicí-

dio como “a autodestruição, me-diante a supressão intencional daprópria vida”. Já para o teólogoDietrich Bonhöffer seria a “tenta-tiva do homem de dar um últimosentido humano ‘a vida que setornou sem sentido e um últimogolpe na autojustificação”. Essaautodestruição pode ocorrer deforma violenta ou lentamente, porexposição intencional do própriocorpo a doenças e perigos fatais.

A maioria dos autores classifi-ca o suicídio em duas grandes ca-tegorias: o suicídio convencionale o suicídio pessoal.

O suicídio convencional incluios suicídios tradicionais e os base-ados em costumes e culturas decertos grupos. No Japão, porexemplo, existe a tradição do sui-cídio honroso (hara-kiri). Em ou-tras culturas, mulheres se suici-dam para acompanhar seusmaridos que partiram. Este com-portamento é aceito ali como umato de heroísmo.

Já o suicídio pessoal não estáligado a nenhum fator cultural outradicional. A decisão é de foro íntimo. Algumas pessoas se suicidampor problema de depressão, outras por uma questão de fuga de pro-blemas que julgam impossíveis se resolverem, por se sentirem traídase rejeitadas, querendo chamar a atenção, outras ainda por vingança,por medo, dentre outros fatores e motivações.

Os especialistas diferenciam o suicídio e a tentativa de suicídio.No caso das tentativas, geralmente são usados meios chamados fra-cos, que não chegam a ser fatais. É o caso de gás, drogas, remédiosem grande quantidade. São vítimas de emoções conturbadas, geral-mente atormentadas por problemas amorosos, financeiros, enfermi-dades incuráveis, quedas morais graves e conflitos familiares. A ten-tativa de suicídio corresponde em sua grande maioria a um pedido desocorro. Geralmente a tentativa é impensada, momentânea. Segundoestatísticas, 80% dos casos de tentativas acabam acontecendo devidoà reincidência, daí ser um alerta para a ação da família, amigos e, es-pecialmente, a Igreja.

O suicídio propriamente dito é o produto de análise e pondera-ção, quando não provém de um caso patológico, doentio. Neste casoa ação é geralmente violenta e fulminante, predominando a vontadeexpressa de morrer, de autodestruição.

Segundo o livro Capelania Hospitalar Cristã, o psiquiatra R. Gauppobservou “fatores da personalidade tipicamente anormais, levandoalguns casos para o campo patológico”. Neste caso, uma depressãode origem endógena ou psicopática – uma doença, portanto.

Esperança à beira do abismoA problemática do suicídio

Na Bíblia aparecem alguns casos de suicídio, como o do rei Saul(I Sm. 31:4); o escudeiro do rei Saul (I Sm. 31:5); Aitofel (2 Sm. 17:23);Zinri (1 Rs. 16:18); Sansão (Jz. 16:30); e, o mais famoso de todos,Judas Iscariotes (Mt. 27:5). Mas, onde se encontra na Bíblia, de modoclaro e inquestionável, que todo/a suicida não herdaria a vida eterna?Não encontramos nenhuma orientação especifica sobre o tema.

Se considerarmos que o covarde (algumas versões em portuguêstraduzem tímidos), citado em Apocalipse 21:8, seria o suicida, teremosmuita dificuldade exegética, pois forçaríamos a interpretação dotexto, pois este texto citado versa sobre aqueles que negam a fépara não morrer fisicamente, ocorrendo justamente o contrário dosuicida. Este almeja a morte física, esperando um alívio imediato assuas tensões e problemas, pouco se importando, consciente ou in-conscientemente, com as conseqüências espirituais, bem como a sau-dade, constrangimento e dor emocional alheia que deixará.

Entretanto, se seguirmos outra linha de raciocínio, a de que osuicídio é a quebra do 6º mandamento (“não matarás” - Ex. 20:13), poiso praticante deste ato estaria matando a si mesmo, ainda assim devemosanalisar com muita atenção e prudência, porquanto na própria lei haviaos atenuante e os agravantes, o que podemos chamar hoje de crimesdoloso (com intenção), culposo (sem intenção), legítima defesa,inimputabilidade (cometido por alguém irresponsável por seus atos, aexemplo de menores, e pessoas afligidas por doenças e ou perturba-

ções mentais e emocionais), semcontar as guerras ou mortes noexercício da função. Se a próprialei dos homens é criteriosa quantoao juízo dos fatos, como sermostão absolutistas e inclementes?

Durante muito tempo a IgrejaCatólica, apoiada nas teses deSanto Agostinho e São Tomás deAquino, não realizava funeral eenterro digno aos suicidas. Maistarde, com novas colocações so-bre as causas do suicídio, a Igre-ja passou o problema para o Esta-do que, muitas vezes, chegavaaté a confiscar bens e aplicarpesadas multas para os familiaresdos suícidas. No séc. XIX ocorreuum movimento muito forte, porparte dos intelectuais e filósofose surgiu uma mudança, passandoo suicídio a ser encarado comouma manifestação de loucura edesequilíbrio mental.

Todo/a cristão/ã sabe que avida é um dom de Deus. Entende-mos que é bem possível que umcrente no Senhor Jesus não pra-tique conscientemente o suicídio.A causa mais provável seria umaprofunda depressão de ordemhereditária proveniente da estru-

tura genética da pessoa, ativada provavelmente pela pressões físicase emocionais que vive o/a homem/mulher moderno.

Não devemos esquecer que um suicida é alguém profundamentedolorido e decepcionado, que ao tirar a própria vida, indiretamentereparte esta dor e decepção, ‘aliada’ a raiva e tristeza, com todosque o amavam. Ele parte, mas deixa atrás de si toda a sua tristeza,agora herdada pelos seus familiares e amigos que o queriam bem.

O cristão maduro e sensível deve entender que o Senhor não ochamou para julgar, mas para atuar como testemunha da graça. Suicí-dios estão acontecendo e não adianta em nada simplesmente condenarou fingir que o problema não é da sua conta. Como luz do mundo esal da terra, os cristãos devem agir de modo profilático (preventivo),evitando o suicídio, e quando este porventura vier a ocorrer não sepode esquecer que existe uma família e amigos que necessitam deconsolo, de um alento, que somente pode ser transmitido pelos por-tadores das boas novas. Deixemos o julgamento com Deus (Hb. 9:27).

Cumpramos o nosso papel de semearmos sempre esperança e vida.Somos ministros/as da reconciliação, consolação e graça de Deus, nãojuízes e algozes do nosso próximo, principalmente quando estes estãono abismo, doloridos e sofridos.

Anunciemos a vida.Rev. André Luiz de Carvalho Nunes

Pastor da Igreja Metodista Central de Salvador/BA, teólogo,pedagogo e docente de Teologia Sistemática e Ética Cristã.

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Julho 200814 Entrevista

Parece que o músico Glauber Plaça nas-ceu para compor e dedilhar as cordas de umviolão. E quando faz isto, pode ter certezaque logo se ouvirá boa música, acompanha-da quase sempre de uma letra inspirada euma forte voz, que invade o espaço ondeestiver, agrupando todos ao seu redor.

Ao contrário de muitos artistas que sededicam à música desde cedo, este pau-listano de 35 anos de idade conta que, dainfância, guardou especialmente os jogosde bola e os passeios de bicicleta - aolado dos pais Jonas e Diva, e da irmãMelissa - e apenas na adolescência teriaos primeiros contatos que o fariam se in-teressar pela MPB.

Há muito sua música ganhou espaçotambém nas igrejas e nos espaços ondecostuma tocar muitas das composiçõesbrasileiras de seus músicos preferidos,entrelaçadas em letras de canções quecriou nos últimos tempos.

Veja a seguir trechos da entrevista queele deu ao portal Cristianismo Criativo(www.cristianismocriativo.com.br). Nesteportal, desenvolvido pela editora cristã W4Editora, você encontra esta entrevista naíntegra e vários outros textos sobre músi-ca, literatura, cinema e teologia.

Gostaria que você falasse um pouco so-bre você e seu trabalho... qual seu pri-meiro contato com a música? Quando co-meçou a tocar e a compor?

Desde que nascemos, entramos em con-tato direto com a música em quase todos osmomentos... as canções de ninar para obebê, os sons dos pássaros, da natureza...brinquedos que “cantam”, as trilhas sonorasde filmes e desenhos animados, os jinglesdas propagandas etc. No meu caso, além detudo isto, cresci na igreja Metodista, quepor tradição reunia pequenos grupos vocaismasculinos e os corais para cantar os Hinos.Meus pais não eram músicos instrumen-tistas, mas participavam destes encontros delouvor, entre ensaios e cultos, e quase sem-pre eu estava junto com outras criançasbrincando aos pés dos cantores.

Mesmo vivendo num lar cristão, graçasa Deus, nunca fui privado de ouvir músi-cas populares que tocavam nas rádios eoutras que os colegas de escola, da mesmaidade, gostavam na época. Aprendi quedevemos ouvir de tudo e reter o que ébom. O que não é bom devemos descartar.

Qual foi sua primeira composição?Comecei a compor sem muita serieda-

de e compromisso algumas músicas instru-mentais e a primeira letra que fiz com iní-cio, meio e fim foi para uma menina porquem eu estava apaixonado... muito legalestes caminhos de Deus em nossa vida. A

Trovador de Cristo“Somos imagem e semelhança de um Deus criativo”. Um

bate-papo com o músico metodista Glauber Plaça

música, entre outras artes, é um ótimomeio para externar sentimentos.

E quando você começou a compor músi-cas para Deus? E como a MPB entrou nes-ta história?

Minha conversão e decisão para Cristoaconteceu em 1993, num acampamento,onde conheci um grupo de louvor da IgrejaMetodista em Campo Belo. Nos encontráva-mos para estudos, ensaios e comunhão,aprendendo juntos mais da Palavra. Em1997 compus a primeira música inteira comum tema cristão, chamada Príncipe da Paz.Fui incentivado por pastores e amigos ainscrever esta canção no FECASA (Festivalde Música da Casa da JuventudeMetodista). No ano seguinte gravei minhasegunda composição, Nova Manhã, num CDem conjunto com outros participantes domesmo festival. Em 2004 gravei um CD coma maioria de músicas próprias, comecei adivulgá-lo no ano seguinte com a intençãode louvar a Deus com música brasileira deuma forma mais autêntica e pessoal, usan-do essas várias influências que citei acima,sem me preocupar em seguir a tendênciamusical do momento. Atualmente, continuodivulgando este primeiro trabalho (“Homensno Mar”) e gravando um segundo “disco”,que pretendo lançar ainda em 2008.

O que significa música e arte para você?A meu ver, a arte é a condutora das

expressões de sentimento contidas em todoser humano e a música é um dos ramosdesta arte. Todas as pessoas expressamdores, anseios, vontades, alegrias, triste-zas, sonhos, medos, desejos, de várias for-mas, com a intenção de se comunicarem.Mesmo aquelas antigas artes rupestres nasparedes das cavernas são resultados destanecessidade de comunicação. Neste sentido,acredito que qualquer pessoa possa se ex-pressar através da arte. Resumindo, cito opoema Metade, de Oswaldo Montenegro:“que a arte nos aponte uma resposta, mes-mo que ela não saiba. E que ninguém atente complicar...” (nem eu!), “porque épreciso simplicidade para fazê-la florescer.”

Como você acredita que a fé influenciasua arte?

A influência da fé na minha arte estáligada à capacidade de conseguir perceber agrande diversidade da Criação, que se mos-tra desde uma pequena flor no alto de umamontanha até a descoberta de estrelas queestão nascendo e morrendo constantementeem algum canto do Universo, a anos-luz denosso planeta. Quando começamos a obser-var tudo isto através de nossos sentidos,imaginamos um Deus criativo.

Esta criatividade aparece nos primei-ros versos bíblicos: “No princípio, criouDeus...” (Gen. 1:1). (...) Se somos ima-gem e semelhança de um Deus criativo,acredito que trazemos em nós uma certacapacidade criativa. O homem é colocadoem um lugar especial, num jardim, dotadode criatividade para cuidar, plantar, colher(Gen. 2:15) e inventar nomes para cada“objeto” da criação (Gen. 2:19 e 20).

Na sua opinião, qual o papel da arte naigreja?

(...) Acredito que todas as formas dearte sejam importantes na vida da igrejaporque são instrumentos de comunicaçãohumana doados por Deus. Parece-me quequanto mais avançamos a caminho damodernidade da história e da igreja, nosafastamos na mesma proporção de uma“diversidade criativa inicial”.

A começar pela arquitetura dos templosmodernos, que parecem caixas de paredesbrancas, onde não se pode expressar nenhu-ma arte em pinturas, exceto uma paredeazul com nuvens brancas. Num contrapontoa isto, temos igrejas que constroem verda-deiros palácios com grandes colunas, lem-brando os antigos templos greco-romanos.Nada contra denominações específicas. Elasestão levando o Evangelho e creio que aPalavra deve ser divulgada e ministradaacima de tudo, mas estou expressando aminha opinião sobre arte, música e culturadentro das igrejas onde ministro, participoe congrego há muitos anos.

Sei que isto tem a sua explicação histó-rica e não gostaria de ater-me aos motivosdestes acontecimentos, mas me chama bas-tante a atenção o fato de limitarmos a nossa“arte evangélica” aos grupos musicais e aosraros grupos de dança com meninas, querepetem um movimento de lencinhos colori-dos, principalmente no meio de comunicaçãotelevisivo. Mesmo dentro da extensa áreamusical evangélica, da qual também façoparte, nos deparamos com um número infi-nito de grupos e cantores que são levados areproduzir músicas estrangeiras, não levandoem conta a sua própria cultura local ou ariqueza de ritmos de nossa música brasilei-ra. Somos detidos pelo preconceito contra anossa própria cultura, em especial a culturados negros e dos índios, e os instrumentosditos como “profanos” (principalmente os depercussão como tambores, pandeiros etc.).

De uma forma geral, a música é umamanifestação artística bem mais valoriza-da, que acaba monopolizando os espaçosde culto. Seria interessante (não sei sepossível dentro do nosso contexto) queoutras expressões de sentimento, emoçãoe comunicação pudessem ser usadas para olouvor da Glória de Deus, incluindo a dan-ça, as artes cênicas, a pintura, o desenho,a arquitetura, as artes circenses, as poe-sias escritas (não musicadas).

Só para experimentarmos um poucodesta liberdade de expressão, imagine, porexemplo, um momento de adoração em quetivéssemos a oportunidade de estarmos emsilêncio, em oração, e nos fosse dado umlápis junto com um papel em branco, ondedesenharíamos nele um símbolo de nossoamor e reconhecimento da soberania deDeus sobre nossas vidas e que este papelfosse levado até o altar da igreja.

Deus aceitaria esta expressão de lou-vor e adoração feita sem nenhuma música?Acredito que sim.

Ana Claudia Braun Endo

Page 15: Expositor Julho 2008

Julho 2008 15Cultura

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No livro As mulheres no movimentode Jesus, o Cristo, a metodista ElsaTamez, professora da Universidade Bí-blica Latino-Americana de San José,Costa Rica, conta a história de muitasmulheres que, apesar de marginaliza-das, resistiram à discriminação, desafi-aram os poderes e se tornaram inspi-ração para cristãos e cristãs de todosos tempos. Pela voz da narradora Lídia(líder cristã citada em Atos 16.11-15,40), Elsa fala de Marias, Madalenas ede várias mulheres cuja história oficialescondeu o nome, mas tiveram um pa-

pel funda-mental nonascimen-to e expansão do cristianismo.

Profecia bíblica e missão daIgreja, de Juan B. Stam, olha para ofuturo sem perder o compromissocom o presente. O teólogo, americanonaturalizado costa-riquenho, procuraexpor os pontos essenciais da visãobíblica do futuro, não apenas em seusignificado para a coerência integralda fé cristã, mas também especifica-mente com referência ao chamadomissionário para o povo de Deus aquie agora.

Teologia com os pés no chãoConfira as publicações do Conselho Latinoamericano de Igrejas, em parceria com a Editora Sinodal.

Graça e ética: o desafio da éti-ca às nossas eclesiologias fala deassuntos diversos como educação,economia e bioética, sob o olhar dafé. Apesar da diversidade de te-mas, a coletânea de artigos, orga-nizada pela pastora presbiterianaOfélia Ortega, professora no Semi-nário Evangélico de Matanzas,Cuba, tem um ponto em comum:procurar contribuir para uma novahumanidade mais solidária e mise-ricordiosa.

Editado por Walter Altmann eLori Altmann, Globalização e Re-ligião: desafios à fé é o resultadodas reflexões de um grupoecumênico que se dedicou a es-tudar o fenômeno da exclusãonum mundo globalizado. Que res-postas têm as igrejas a dar aosser humano que a busca nos diasde hoje?

Todos esses livros podem seradquiridos pela Editora Sinodal.Site www.editorasinodal.com.br.,telefone (51) 3037-2366.

A Editora da Faculdade de Teologia, a Editeo, lançou o CD Mudança, trabalho de remasterização de um LPgravado pelo coral da Fateo em 1984, o “Canto da Terra”. A reedição comemorativa pelo centenário do Credo SocialMetodista, traz canções que falam de justiça social e esperança e marcaram época nas igrejas: Xote da Vitória,Momento Novo, No Amor de Deus e Lavapés são algumas das composições para ouvir, cantar... e pensar.

JulhoA Juname está chegando! O evento

acontece nos dias 17 a 20.O 13º Projeto Missionário Uma Sema-

na Para Jesus da 5ª Região será na cidadede Jardim, município do Mato Grosso doSul. Ocorre dias 11 a 19 de julho. Parasaber mais entre no site http://umasemanaprajesus.com.br/ ou http://5re.metodista.org.br/

Dias 12 e 19ocorre Uma Semana pra Jesus na 3ªRegião. Neste ano o mutirãoevangelístico será em Vicente deCarvalho. Para saber mais entre emcontato com Ana Maria: tel./fax(11) 3277.3561, Sede Regional: (11) 5904.3000, por [email protected] acesse http://3re.metodista.org.br/

Julho para Jesus, projeto missio-nário da 6ª Região, será em São Joãodo Ivaí e São Pedro do Ivaí. O eventoacontece entre os dias 13 e 19 dejulho de 2008. Para saber mais entreem contato com: Esther Lopes, Mariade Lourdes Lopes, Gedvila TherezinhaLopes Fone: (43) 3524.2123 / Celular:(43) 99751414 E-mail: (assunto: Julhopara Jesus) [email protected] [email protected]

AgostoCampanha Nacional de Evangelização! 16 de agosto é o Dia do

louvor. Programe-se para esse dia, pois irão acontecer eventos delouvor em todo o país, nas praças, terminais de ônibus, metrôs etc.Apresentação de corais e/ou grupos jovens. Entrega de folhetos aostranseuntes. Organize e envolva os membros de tua igreja!

Dia 17 de Agosto é Dia da Oferta Social. Ore, motive e con-tribua!

Mudança

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