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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS FTC DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM BIOENERGIA MAURO JOSÉ COUTO BITENCOURT DESENVOLVIMENTO DE COSMECÊUTICOS A PARTIR DE EXTRATOS ANTIBACTERIANOS DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) SALVADOR 2011

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS – FTC

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM BIOENERGIA

MAURO JOSÉ COUTO BITENCOURT

DESENVOLVIMENTO DE COSMECÊUTICOS A PARTIR

DE EXTRATOS ANTIBACTERIANOS DE PINHÃO MANSO

(Jatropha curcas L.)

SALVADOR

2011

MAURO JOSÉ COUTO BITENCOURT

DESENVOLVIMENTO DE COSMECÊUTICOS A PARTIR

DE EXTRATOS ANTIBACTERIANOS DE PINHÃO MANSO

(Jatropha curcas L.)

Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Tecnologia e Ciências como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Bioenergia sob orientação do Prof. Dr. Vitor Hugo Moreau e coorientação da Profa. Dra. Astria Dias Ferrão Gonzales.

SALVADOR

2011

B

624 Bitencourt, Mauro José Couto.

Desenvolvimento de cosmecêuticos a partir de extratos antibacterianos de pinhão manso (Jatropha curcas L.) / Mauro José Couto Bitencourt. – Salvador, 2011.

61f.: il.; 30 cm. Inclui anexos

Orientador: Prof. Dr. Vitor Hugo Moreau da Cunha Dissertação (mestrado) - Faculdade de Tecnologia e Ciências. 1. Bioenergia. 2. Biodiesel. 3. Pinhão manso. 4. Infecções de pele. I.

Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC. Título. II. Cunha, Vitor Hugo Moreau da. III. Título.

CDU 316.42

Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Biblioteca da

Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, Unidade Salvador - Bahia

Dedico à minha esposa Sandra e às minhas

filhas Itana, Maísa, Carina e Mariana, frutos

do meu amor e energia da força que me

move.

AGRADECIMENTOS

A todos que me ajudaram a superar as barreiras que apareceram durante este árduo

caminho até finalizar mais um projeto importantíssimo em minha vida.

Ao meu orientador, o Prof. Dr. Vitor Hugo, pelo apoio, dedicação e orientação

durante toda a pesquisa até a elaboração desta dissertação.

À Profa. Dra. Astria Dias Ferrão Gonzales pelos conselhos, pela sabedoria, gentileza

e disposição em ensinar.

À Profª. Ma. Sônia Sales de Oliveira pelas orientações e colaboração durante a

identificação e o processamento da droga vegetal.

À equipe do Laboratório de Biotecnologia Ecotoxicologia – LBE pela parceria e em

especial ao farmacêutico Eduardo Muniz pela colaboração durante a minha

pesquisa.

Aos meus amigos, em especial o Prof. Manuel Júnior, pelo incentivo e apoio em

todos os momentos.

A toda minha família que foi Imprescindível para mais esta conquista em minha vida.

“Não podemos acrescentar dias à

nossa vida, mas podemos acrescentar

vida aos nossos dias”.

Cora Coralina

RESUMO Os cosmecêuticos representam uma alternativa barata e eficaz para o tratamento das infecções de pele e vêm sendo prescritos, cada vez mais, por dermatologistas tanto para embelezamento como para tratamento das dermatites. O pinhão manso (Jatropha curcas L) da família Euphorbiaceae apresenta grande diversidade de uso, principalmente com potencial oleaginoso(a) para produção de biodiesel e na medicina popular como antiinflamatório, repelente, cicatrizante, coagulante sanguíneo e tratamento de feridas na pele. O presente trabalho teve como objetivo produzir extratos ativos das folhas do pinhão manso, testar sua atividade antibacteriana contra bactérias dermopatogênicas e veicular formas cosmecêuticas (pomada, creme, gel e sabonete) contendo o extrato da planta. Observou-se atividade antibacteriana para micro-organismos do gênero Staphylococcus. As formas cosmecêuticas foram desenvolvidas com sucesso. Desta forma pretende-se contribuir com a viabilização econômica do uso da J. curcas L. como oleaginosa para produção de biodiesel, de acordo com o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) do Governo Federal, que busca encontrar oleaginosas com as condições técnicas e econômicas que justifiquem seu uso para este fim. O pinhão manso se apresenta como uma boa alternativa dentro deste contexto, desde que produtos com alto valor agregado sejam obtidos a partir da sua biomassa para viabilizar o plantio em escala industrial, assim como dentro do Programa de Agricultura Familiar.

Palavras-chave: cosmecêuticos, pinhão manso, infecção de pele.

ABSTRACT The cosmeceuticals represent a cheap and effective alternative for the treatment of skin infections and it has being prescribed and increased by dermatologists for beauty as well as treatment of dermatitis. Jatropha (Jatropha curcas L) Euphorbiaceae family has a great diversity to use, especially with a potential oilseed crop for biodiesel production and in popular medicine as anti-inflammatory, insect repellent, wound healing, blood clotting and wound healing in the skin. This objective of this study is to produce active extracts from the leaves of Jatropha curcas, to test its antibacterial activity against bacteria skin pathogens cosmeceuticals and vehicular forms (ointment, cream, gel and soap) containing the plant extract. It was observed the antibacterial activity for microorganisms of the genus Staphylococcus. The cosmeceuticals forms were successful developed. Thus it is intended to contribute to the economic feasibility of the use of J. curcas L. as oilseed for biodiesel production, according to “Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB)” of Federal Government that seeks to find oil with the technical and economic conditions to justify its use for this purpose. Jatropha is presented as a good alternative since high added value products are obtained from its biomass in order to enable planting on an industrial scale, as well as in the “Programa de Agricultura Familiar”. Keywords: cosmeceutical, jatropha, skin infection.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

C1 Staphylococcus aureus

C2 Staphylococcus saprophyticus

C3 Staphylococcus epidermidis

C4 Corynebacterium spp

C5 Micrococcus spp

CIM Concentração Inibitória Mínima

CEPLAC Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

FDA Food and Drugs Administration

FTC Faculdade de Tecnologia e Ciências

GIMP Gnu Image Manipulation Program

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial

MCT Ministério da Ciência, e Tecnologia e Inovação

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

nm Nanômetro

P.A. Pure for Analysis

PNPB Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel

PROBIODIESEL Programa Brasileiro de Biodiesel

PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná

PVC Cloreto de Polivinila

rpm Rotações Por Minuto

µg Micrograma

UNIPAR Universidade Paranaense

Van Vancomicina

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 –folhas, frutos e sementes de pinhão manso. ............................................. 18

Figura 2 – Exsicata de Jatropha curcas L. ................................................................ 25

Figura 3 – Mapa da Bahia indicando a região da coleta. Latitude de 13º 15’ 0”

ao sul e Longitude de 39º 31’ 0” a oeste. .................................................. 26

Figura 4 – (A) Folhas trituradas em multiprocessador e armazenadas em fracos

estéreis. (B) Processo de maceração e filtração. (C) Evaporação do

solvente em evaporador rotativo. .............................................................. 27

Figura 5 – Representação típica da atividade antibacteriana utilizando a técnica

de Disco em Meio Sólido como análise semiquantitativa. ......................... 32

Figura 6 – A, B, C e D (pomada, creme, gel e sabonete) de pinhão manso

(J. curcas L.) a 0,1% em peso massa. ...................................................... 34

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Diâmetro dos halos de inibição aferidos para cada micro-organismo

testado em diferentes quantidades de extrato em mm.............................. 33

Tabela 2 – Atividade antimicrobiana do extrato pelo método da difusão em Ágar

pela técnica do disco. Resultados em mm/µg. .......................................... 33

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 COSMECÊUTICOS ............................................................................................. 13

1.2 FORMA COSMECÊUTICA .................................................................................. 15

1.2.1 Forma Farmacêutica (Cosmecêutica) Creme ............................................... 15

1.2.2 Forma Farmacêutica (Cosmecêutica) Pomada ............................................ 16

1.2.3 Forma Farmacêutica (Cosmecêutica) Gel .................................................... 16

1.2.4 Forma Farmacêutica (Cosmecêutica) Sabonete .......................................... 17

1.3 PINHÃO MANSO (Jatropha curcas, L.) ............................................................... 17

1.4 BIODIESEL ......................................................................................................... 20

1.4.1 Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) .................... 21

2 METODOLOGIA ................................................................................................. 24

2.1 IDENTIFICAÇÃO E COLETA .............................................................................. 24

2.2 OBTENÇÃO DO EXTRATO ................................................................................ 27

2.2.1 Obtenção do Extrato Hexânico ..................................................................... 27

2.3 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO DE PINHÃO MANSO ............... 28

2.3.1 Preparo dos inóculos ..................................................................................... 29

2.3.2 Método da difusão em Ágar – técnica do disco .......................................... 29

2.3.3 Concentração Inibitória Mínima .................................................................... 30

2.4 PREPARAÇÕES COSMECÊUTICAS ................................................................. 30

2.4.1 Pomada, creme, gel e sabonete .................................................................... 30

3. RESULTADOS ...................................................................................................... 31

3.1 ATIVIDADE ANTIBACTERIANA ......................................................................... 31

3.1.1 Atividade contra o gênero Staphylococcus ................................................. 31

3.2 PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS ................................................................. 34

4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 35

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 37

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38

APÊNDICES ............................................................................................................. 43

APÊNDICE A – DEPÓSITO DE PATENTE: COMPOSIÇÃO FARMACÊUTICA COM ATIVIDADE ANTIBACTERIANA CONTENDO EXTRATOS DE JOTROPHA CURCAS L., PROCESSO DE OBTENÇÃO DOS EXTRATOS DE JOTROPHA CURCAS L. E SEUS USOS .............. 44

APÊNDICE B – ARTIGO PUBLICADO ..................................................................... 48

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 COSMECÊUTICOS

A pele é o maior órgão do corpo humano e protege o meio interno do meio externo,

apresentando múltiplas funções como a proteção contra agentes físicos, químicos e

biológicos do ambiente (KESSEL, 2001). Entretanto, este tegumento pode sofrer

agressões diversas incluindo infecções por bactérias. Os médicos dermatologistas

orientam sobre os cuidados que se deve ter com a pele e buscam, cada vez mais, a

prescrição de cosmecêuticos como aliados no tratamento dos agravos a este órgão.

Cosmecêuticos são produtos de atividade dermatológica (também sendo chamados

de dermocosméticos), que trazem benefícios à saúde humana, pois suas fórmulas

contêm bioativos (KLIGMAN, 2002). Esses produtos podem promover diminuição de

rugas, desaparecimento de manchas, minimização de cicatrizes, entre outros

benefícios que, além de estéticos, garantem a integridade de um dos órgãos mais

importantes do nosso corpo, a pele (DRAELOS, 2005). O termo cosmecêutico foi

criado há mais de 30 anos por Albert M. Kligman para designar uma classe de

produtos tópicos situados, segundo seu mecanismo de ação, entre os cosméticos e

os produtos farmacêuticos (medicamentos). O cosmecêutico faz mais pela pele que

um cosmético, mas tem um efeito menor que o de um medicamento (KLIGMAN,

1997). Cosmecêutico é um termo ainda não reconhecido pelas agências regulatórias

de drogas, como a Food and Drugs Administration (FDA), dos Estados Unidos e a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no Brasil. A indústria cosmética

os define como produtos cosméticos que proporcionam benefícios “semelhantes”

aos dos medicamentos (MONTEIRO, 2006).

Apesar de não ser um conceito aceito universalmente pela comunidade científica,

nem por órgãos governamentais que ditam as normas de aprovação e de

comercialização de produtos tópicos em cada país, o termo vem sendo consagrado

pelo uso (MONTEIRO, 2006). Hoje, sabe-se que, apesar de alguns cosmecêuticos

estarem próximos ao conceito inicial de “cosméticos”, outros atuam como “drogas”

14

com atividade biológica. Os cosmecêuticos são conhecidos ainda como

dermatocosméticos, cosméticos funcionais, bioativos, neocêuticos, dentre outros

(KLIGMAN, 2002).

A notória evolução da cosmecêutica nos últimos anos pode ser comprovada pela

edição de livros sobre o tema. Exemplo neste sentido foi o lançamento, em fevereiro

de 2011 pela editora SAN, do “Entendendo Cosmecêuticos – Diagnósticos e

Tratamentos”, das doutoras Sara Bentler Vanzin e Cristina Pires, que mostra como a

área cosmética evoluiu chegando aos cosmecêuticos. Por outro lado, várias

universidades têm lançado cursos de Especialização em Cosmecêutica, entre elas a

Universidade Paranaense – UNIPAR e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná

(PUCPR). Este interesse da área acadêmia é reflexo do empenho dos mercados de

beleza e dos dermatologistas que vêem nos cosmecêuticos uma grande

oportunidade para embelezamento e tratamento das patologias de pele e seus

anexos.

Entre as formas cosmecêuticas usadas para tratamento tópico de patologias da pele

estão pomadas, cremes, géis e sabonetes. No tratamento de infecções do tecido

cutâneo, o princípio ativo contido na preparação cosmecêutica deve ser capaz de

penetrar e ficar retido na pele por mais tempo (LOYD, 2007). Para tanto, alguns

fatores devem ser observados, incluindo as propriedades físico-químicas do

princípio ativo, as características da forma cosmecêutica e as condições da pele

onde será aplicado o produto.

As infecções da pele e seus anexos, como unhas das mãos e pés, constituem um

problema no Brasil em função da grande recorrência (WALTER & BARRA, 2001).

Afetam a qualidade de vida das pessoas e apresentam consequências clínicas

significativas em função de sua natureza patogênica (BARBOSA et al., 1998).

O uso de plantas para tratar as infecções de pele tem sido uma prática comum entre

várias regiões do planeta, principalmente entre os trópicos onde este problema é

mais recorrente. Os registros escritos do uso de plantas com fins terapêuticos

remontam o início da civilização, confundindo-se com a história da humanidade

(MIGUEL, 1999). Desde o momento em que o homem despertou para as suas

necessidades, começou um longo percurso de manuseio, adaptação e modificação

15

dos recursos naturais (BRITO & BRITO, 1993). As plantas por suas propriedades

terapêuticas ou tóxicas adquiriram fundamental importância na medicina popular

(MARTINS et al. 1998). A sociedade humana acumulou durante muitos anos um

acervo de informações sobre o ambiente que o cerca, e os produtos naturais usados

por séculos seguem orientando muitos caminhos da medicina moderna (CALIXTO;

YUNES, 2001). Com o advento de novas tecnologias para o isolamento de

diferentes substâncias, a partir do século XIX, diversos fármacos foram descobertos

e são utilizados até hoje em tratamentos medicamentosos (LEITE, 2009). No Brasil,

a utilização de plantas no tratamento de doenças apresenta diversas influências

importantes como a cultura indígena, africana e europeia (MIGUEL, 1999).

1.2 FORMA COSMECÊUTICA

A cosmecêutica traz muitos termos da cosmética e da farmácia para denominar seus

produtos e se utiliza das diferentes formas farmacêuticas para a elaboração e

incorporação dos princípios ativos muitas vezes derivados de fitoterápicos. Forma

farmacêutica é uma denominação utilizada para descrever o conjunto das principais

características físicas e químicas do medicamento, cosmético ou cosmecêutico

relacionadas com sua aparência e outros aspectos ligados à liberação do princípio

ativo. Esta pode ser gasosa, líquida, sólida ou pastosa (semissólida) (GOODMAN &

GILMAN, 2006).

1.2.1 Forma Farmacêutica (Cosmecêutica) Creme

Cremes são preparações farmacêuticas semissólidas que consistem em uma

emulsão, formada por uma fase lipofílica e outra aquosa (SILVA, 2006). Pode ser

usado para preparação cosmecêutica destinada ao uso externo sobre a pele e em

produtos de aplicação retal e vaginal. É constituído de duas fases intimamente

dispersas uma na outra (fase aquosa e oleosa) em que os princípios ativos são

dissolvidos em uma das fases. Os cremes têm grande importância clínica, pois

16

possuem penetração média na pele, podendo ser usados como hidratantes. Além

disso, os cremes não retêm secreções. Seus princípios ativos podem ser

hidrossolúveis e/ou lipossolúveis, que conseguem formar uma dispersão homogênea

devido à adição de uma substância emulsificante. (GOODMAN; GILMAN, 2006).

1.2.2 Forma Farmacêutica (Cosmecêutica) Pomada

Pomadas são preparações farmacêuticas de consistência pastosa, semissólidas,

para aplicação na pele ou mucosa, contendo um ou mais princípios ativos, destinada

ao uso tópico e se caracterizam pela presença de uma base oleosa (SILVA, 2006).

Consiste em solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos de baixas

proporções em uma base adequada, usualmente não-aquosa. As pomadas são

feitas com matérias-primas untuosas e possuem uma penetração leve e superficial,

epidérmica. Elas formam uma barreira que impede a transpiração e retêm o sangue

e as secreções das feridas. A base mais usada na preparação desta forma

farmacêutica é a vaselina, uma mistura purificada de hidrocarbonetos semissólidos

obtida do petróleo que pode ser usada sozinha ou em combinação com outros

agentes (LOYD et al., 2007).

1.2.3 Forma Farmacêutica (Cosmecêutica) Gel

Géis são sistemas semissólidos que consistem em dispersões de grandes moléculas

em veículos líquidos aquosos que adquirem consistência gelatinosa. Esta forma

farmacêutica pode conter princípios ativos e um agente gelificante, tais como:

Carbopol 940 “Polímeros Sintéticos”; derivados de celulose e derivados de gomas

naturais para fornecer firmeza (LOYD et al., 2007). Possuem efeito emoliente e

refrescante, secam rapidamente em contato com o ar e apresentam boa penetração

na pele. Além do agente gelificante e a água, as formulações em géis podem conter

fármacos, solventes, extratos de plantas e outros (SILVA, 2006). Esta apresentação

17

cosmecêutica pode ser administrada por diversas vias, incluindo percutânea, ocular,

nasal, retal e vaginal (LOYD et al., 2007).

1.2.4 Forma Farmacêutica (Cosmecêutica) Sabonete

Sabonetes são preparações líquidas ou sólidas destinados à assepsia da pele.

Sabonetes cosmecêuticos contêm princípios ativos destinados à assepsia e

tratamento de infecções da pele e couro cabeludo. Esta forma cosmecêutica é de

fácil aplicação, distribui-se rapidamente quando aplicado pelo corpo inteiro durante o

banho e sua ação é rápida em função do enxágue.

1.3 PINHÃO MANSO (Jatropha curcas, L.)

O pinhão manso (J. curcas L.) pertence à família Euphorbiaceae, que compreende

aproximadamente 8000 espécies com cerca de 320 gêneros, sendo uma cultura

adaptada às mais diversas condições climáticas. As plantas do gênero Jatropha com

aproximadamente 160 espécies, aproximadamente, apresentam valor medicinal,

ornamental e algumas são produtoras de óleo (SEVERINO, 2006). Ainda não se

sabe ao certo a origem desta planta, mas ocorre de forma nativa em todas as

regiões tropicais do globo e, principalmente, nos países tropicais e subtropicais, tais

como na América do Sul, China e Índia (OPENSHAW, 2000).

A J. curcas se caracteriza como um arbusto de dois a três metros de altura, podendo

chegar até cinco metros, dependendo das condições de plantio, solo e umidade,

além de suportar bem climas áridos e semiáridos (HELLER, 1996). Esta oleaginosa

é encontrada naturalmente de forma nativa em áreas de clima semiárido no

Nordeste brasileiro e não aparece em regiões de elevada umidade como na região

Amazônia (DEHGAN & SCHUTZMEN, 1994).

Nos países localizados entre os trópicos, tais como China, Índia e vários países

africanos, assim como no Brasil, a medicina popular consagrou o uso de J. curcas L.

18

como repelente, mesmo que até hoje ainda não comprovado cientificamente

(HELLER, 1996).

As folhas deste arbusto, de cor amarelo-esverdeada, aparecem alternadas na forma

de coração podendo ocorrer flores masculinas, flores femininas e flores

hermafroditas. Os frutos, quando maduros, são cápsulas de cor marrom-escuro que

contêm três sementes dentro das quais se encontra a amêndoa branca, rica em óleo

(PÉREZ et al., 2007) (Figura 1).

Figura 1 –folhas, frutos e sementes de pinhão manso. Fonte: PINHÃO MANSO - Jatropha curcas [online]

1

Nas sementes do pinhão manso há grande quantidade de óleo, podendo ser

extraídas quantidades que variam de 40 a 77%, dependendo da técnica de extração.

Este óleo vem sendo usado com diferentes aplicações variando entre aplicações

energéticas e não-energéticas. A utilização não-energética inclui a produção de

sabão, tintas de impressão e vernizes (VIDAL et al, 1962). Já como fonte energética

inclui, além da produção de biodiesel, a queima direta em motores agrícolas e

iluminação de ambientes domésticos em países da África e na Índia (FERRÃO et al.

1983). Ademais, a planta como um todo apresenta utilidades múltiplas: suas partes

aéreas são usadas como lenha para cozinha doméstica (meio rural e urbano), para

1 Disponível em: http://natal.olx.com.br/pinhao-manso-jatropha-curcas-mudas-sementes-biodiesel-

oleaginosa-oleo-vegetal-iid-37928096. Acesso em: 06 de out. 2011.

19

caldeiras, estacas, postes e até produção de carvão (OPENSHAW, 2000). Outra

utilização de destaque do pinhão manso é como cerca viva para a delimitação das

propriedades agrícolas, já que os animais evitam tocá-lo devido ao látex caústico

que escorre das folhas arrancadas ou feridas (PEIXOTO, 1973). Outra utilização

importante, principalmente para o Nordeste brasileiro, que tem clima semiárido em

algumas áreas e rios necessitando de revitalização, é que esta planta, por ser

perene, pode ser utilizada na conservação dos solos, pois cobre com uma camada

de matéria seca (parte da planta que cai e cobre o solo), a parte aérea reduz a

energia cinética das gotas das chuvas, diminuindo desta forma a erosão e a perda

de água por evaporação (CHEN et al., 2008).

Dentre as culturas com potencial produtivo de óleo para biocombustível, o pinhão

manso apresenta melhores condições, pois, além de apresentar boa produtividade,

não compete com os alimentos, já que seu óleo não é comestível como ocorre com

o milho e a soja. Na literatura ainda são citadas outras vantagens desta oleaginosa,

como por exemplo: planta perene com longo ciclo produtivo que pode chegar a 40

anos e manter a média de produtividade de duas toneladas ou mais por hectare

(AZEVEDO, 2006); a recuperação de áreas degradadas; a possibilidade de plantar

em áreas marginais, de baixa fertilidade e em regiões que sofrem com escassez de

chuva e ainda, permite o uso em consórcio com outras culturas como feijão, milho,

abóbora e melancia, tornando assim a sua utilização mais propícia para agricultura

familiar (ACCARINI, 2008).

Diante de um cenário que reúne boa produtividade e estruturas ambientalmente

adequadas, pode-se observar que o pinhão manso apresenta boas condições de

uso para o setor energético. Assim, é preciso encontrar uso adequado para os

resíduos (folhas, caule, cascas e torta) gerados a partir da extração do óleo. O

aproveitamento desta biomassa na elaboração de coprodutos de alto valor agregado

é fundamental para tornar viável a produção de pinhão manso, principalmente em

sistemas de agricultura familiar (OLIVEIRA, 2009). Dentro dessa perspectiva, o

pinhão manso se mostra um candidato promissor para a produção de óleo aplicado

ao biodiesel, principalmente em cultivares familiares de pequeno e médio portes

(OPENSHAW, 2000). É uma planta nativa no País, encontrada em locais de baixa

pluviosidade e em solos pouco ricos do ponto de vista agronômico, tendo-se tornado

20

uma excelente candidata para sua utilização na produção de biodiesel (SHAH,

2004). O uso da biomassa residual de pinhão manso para obtenção de produtos de

alto valor agregado configura uma ferramenta importante para o aumento da

viabilidade econômica do uso da planta como matéria-prima para produção de

biodiesel.

No presente trabalho demonstrou-se uma alternativa para o aproveitamento de

biomassa (parte aérea da planta) residual de pinhão manso na produção de

produtos de alto valor agregado, como cosmecêuticos. Demonstrou-se também ser

possível agregar, ainda, valor à cadeia produtiva e viabilizar a produção de pinhão

manso para agricultura familiar e para produção de biodiesel de forma que sua

produção se torne viável economicamente sendo incorporado ao PNPB.

1.4 BIODIESEL

O biodiesel é um combustível produzido a partir de óleos vegetais ou de animais

(gordura animal) para uso em motores a diesel, puro ou misturado ao diesel

derivado do petróleo. Sua obtenção dar-se a partir de reações de transesterificação

de um óleo (animal ou vegetal) com um álcool, geralmente usa-se metanol ou etanol

em presença de um catalisador. Esta reação gera glicerina como subproduto de

aplicação nas indústrias de cosméticos, medicamentos e alimentos, representando

10% da produção do biodiesel. Os óleos vegetais mais comuns usados como

matéria-prima para produção de biodiesel são: soja, milho, amendoim, algodão,

babaçu e palma (INSTITUTO..., 2010).

A necessidade de alternativas ao petróleo despontou com mais força no final do

século passado, por três razões: a perspectiva da escassez, a sua concentração em

algumas poucas regiões do mundo e a sua contribuição para as mudanças

climáticas globais. Estas causas têm elevado os preços e isto viabiliza

economicamente outras fontes e vetores de energia, muitas delas conhecidas há

muito tempo, mas até então, economicamente inviáveis face às vantagens e

conveniências oferecidas pelos combustíveis líquidos e gasosos derivados do

petróleo e gás natural (GALEMBECK & BARBOSA, 2009).

21

É apontado como um problema na geração de biodiesel no Brasil o fato da maior

parte da produção de óleo vegetal está relacionada ao setor de alimentos para

consumo humano, podendo gerar uma competição entre a produção de

combustíveis e alimentos elevando os preços deste último. O País é o 2º maior

produtor de soja do mundo (INSTITUTO..., 2010). Desta forma, a distribuição de

matéria- prima para produção de biodiesel no País está representada por 81,3% de

o óleo de soja; 16,1% de gordura bovina (sebo de boi) e apenas 2,6% de outras

matérias-primas (ANP, 2009). Os óleos vegetais têm aplicação principalmente na

indústria alimentícia, entretanto podem possuir diversas outras aplicações, como

tintas, lubrificantes, medicamentos, cosméticos, iluminação, combustível e diversas

outras aplicações industriais (PEREIRA, 2007). Este trabalho justifica-se por

contribuir com a elaboração de coprodutos dentro da cadeia do biodiesel a partir do

uso da biomassa gerada durante a produção deste combustível derivado da

oleaginosa J. curcas L., tornando desse modo o pinhão manso viável

economicamente para este fim, aumentando ainda a probabilidade do uso desta

planta no PNPB do Governo Federal do Brasil.

1.4.1 Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB)

O Governo Federal vem envidando esforços para viabilizar a produção de biodiesel

como uma alternativa renovável ao diesel de petróleo. Entre as diversas vantagens

do uso do biodiesel está a diminuição de carbono e compostos de enxofre na

atmosfera, além de ser uma fonte renovável de energia. No Brasil, o PNPB prevê a

adição obrigatória de 5% de biodiesel ao diesel de petróleo desde 2009 (BRASIL,

2009). O volume anual de biodiesel produzido para atender a este Programa é

calculado em cerca de 2,4 bilhões de litros, o que se configura um desafio para a

cadeia produtiva nacional (POUSA et al., 2007). O Programa Brasileiro de Biodiesel

– PROBIODIESEL é uma iniciativa interministerial que objetiva a implementação de

forma sustentável, técnica, e econômica na produção e uso do biodiesel, com

enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego

e renda. O PROBIODIESEL sofreu algumas reformulações, sendo renomeado em

2004 como PNPB (BRASIL, 2009).

22

Para iniciar a produção de biodiesel no Brasil, o governo, reconhecendo a importância

socioeconômica, deu o primeiro passo no campo político ao determinar a criação do

“Grupo de Trabalho Interministerial encarregado de apresentar estudos sobre a

viabilidade de utilização de óleo vegetal-biodiesel como fonte alternativa de energia,

propondo as ações necessárias para o uso do biodiesel”, (Decreto de 2 de julho de

2003). Foi diante da criação deste Grupo de Trabalho que várias medidas políticas

importantes se sucederam nos anos seguintes, tais como o lançamento do PNPB em

2004 que ampliou os objetivos do PROBIODIESEL lançado em 2002. Este novo

programa interministerial objetiva: a implementação de forma sustentável, tanto

técnica como economicamente, da produção e uso do biodiesel com enfoque na

inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda; a

criação do Selo Combustível Social em 2005 que, com este mecanismo, espera-se

estimular ainda mais esse processo, sobretudo, visando à inclusão social, nessa

importante cadeia produtiva, conforme Instrução Normativa Nº. 01, de 05 de julho de

2005 coordenado pelo MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário); a criação da

Rede Brasil de Tecnologias de Biodiesel, que se constitui em uma das ações do

módulo de Desenvolvimento Tecnológico, coordenado pelo MCT (Ministério da

Ciência, e Tecnologia e Inovação) no âmbito do PNPB; e realização dos leilões de

compra de biodiesel. A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis)

realiza os leilões com o objetivo de garantir a mistura obrigatória de biodiesel prevista

em lei e a formação de estoques para que eventuais problemas de fornecimento das

usinas sejam compensados com a oferta adicional (BRASIL, 2009).

Um dos maiores entraves do desenvolvimento do PNPB é a obtenção de matéria-

prima para produção de biodiesel (plantas oleaginosas), que deve atender a todas

as características desejadas que tornem esse produto técnica e economicamente

viável e ambientalmente adequado. Outro desafio está relacionado ao

aproveitamento da biomassa residual da produção de oleaginosas. Por biomassa

entende-se todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica, de origem animal

ou vegetal, que pode ser utilizada na produção de energia. São todos os organismos

biológicos que podem ser aproveitados como fontes de energia. O Brasil, em função

de sua extensão territorial e grande diversidade agrícola, tem despontado com

grande potencial na produção de biomassa (PÉREZ, et al 2007). Portanto, descobrir

23

fontes oleaginosas que tenham alta produção, baixo custo e tecnologia de manejo,

tornou-se mais um dos pontos fundamentais do Programa.

A médio e longo prazos, a exaustão de fontes não-renováveis e as pressões

ambientalistas poderão acarretar maior aproveitamento energético da biomassa.

Atualmente, a biomassa vem sendo cada vez mais utilizada na geração de

eletricidade, principalmente em sistemas de cogeração e no suprimento de energia.

(GALEMBECK, 2009).

Assim, diante da necessidade de alternativas ao petróleo e da vocação do Brasil

para a agricultura, é grande a expectativa em encontrar fontes renováveis de energia

dentro da biodiversidade brasileira.

O pinhão manso desponta como uma oleaginosa de grande interesse dentro deste

contexto, pois, além de apresentar as condições técnicas necessárias para geração

do biodiesel, pode ser cultivado em pequenas propriedades, tornando-se uma

alternativa financeira para pequenos produtores das regiões semiáridas do Brasil,

podendo atender ainda ao Programa de Agricultura Familiar do governo brasileiro.

24

2 METODOLOGIA

2.1 IDENTIFICAÇÃO E COLETA

Folhas de J. curcas L. foram coletadas em 17 de junho de 2009 no município de

Mutuípe, localizado a latitude de 13º 15’ 0” ao sul e longitude de 39º 31’ 0” a oeste

no sudoeste da Bahia, zona fisiográfica do Recôncavo, região do Vale Jiquiriçá a

235 km de Salvador (Figura 3). A coleta teve o apoio e orientação técnica da equipe

da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC). Logo após a

coleta, o material foi secado na temperatura ambiente em local arejado. Após a

secagem foi colocado em estufa a 40ºC, por 24 horas, e posteriormente triturado em

moinho elétrico de pás (MARCONI, mod. MA 340).

Uma exsicata da espécie vegetal foi depositada sob o número 118 no Herbário da

Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) em Salvador (BA), onde foi realizada a

identificação do material pela Botânica Sonia Sales de Oliveira, coordenadora do

referido Herbário (Figura 2).

25

Figura 2 – Exsicata de Jatropha curcas L.

26

Mapa do Estado da Bahia

Figura 3 – Mapa da Bahia indicando a região da coleta. Latitude de 13º 15’ 0” ao sul e Longitude de 39º 31’ 0” a oeste.

Fonte: Símbolos Nacionais - bandeiras, mapas, símbolos do Brasil [online]2

2 Disponível em: http://www.limgs.com/blog_lucas/bahia/mapas/ba_rodoviario.jpg. Acessado em 22-

06-2011.

27

2.2 OBTENÇÃO DO EXTRATO

O material vegetal foi secado em estufa

de circulação de ar com temperatura

constante de 40°C. A massa inicial de

1500g de folhas secas do vegetal (J.

curcas L.) foi triturada utilizando-se

multiprocessador (Marca: WALITA,

Modelo: PA011), 600g de droga vegetal

reduzida foram transferidas para um

erlenmeyer de 2L e metanol P.A. foi

adicionado, iniciando-se o processo de

maceração (Figura 4). O sobrenadante

foi filtrado a cada 3 (três) dias utilizando-

se papel de filtro (Whatman). O filtrado foi

submetido a evaporador rotatório (40°C e

90 rpm) com pressão reduzida e obteve-

se um extrato viscoso. O material obtido

foi seco secado em estufa, a temperatura

de 45°C, gerando uma pasta de

coloração esverdeada. Todos os

procedimentos foram realizados

protegidos da incidência direta de luz

para se evitar a fotodegradação dos

princípios ativos.

2.2.1 Obtenção do Extrato Hexânico

O extrato metanólico concentrado foi

solubilizado em 300 ml da mistura

metanol/H2O (9:1) e transferido para um

Figura 4 – (A) Folhas trituradas em multiprocessador e armazenadas em fracos estéreis. (B) Processo de maceração e filtração. (C) Evaporação do solvente em evaporador rotativo.

A) Folhas Trituradas de Pinhão Manso

B) Maceração e Filtração

C) Evaporação do Solvente

28

funil de separação; 300 ml de hexano foram adicionados e o funil foi agitado para

particionar os compostos solúveis em hexano. A fração hexânica foi separada e

concentrada em evaporador rotatório (40°C e 90rpm). Este processo foi repetido três

vezes e, ao final, o extrato concentrado em hexano foi reunido em uma única amostra.

2.3 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO DE PINHÃO MANSO

Na realização dos ensaios de atividade antimicrobiana do extrato das folhas da J.

curcas L., cinco espécies de bactérias Gram-positivas com potencial de infecção da

pele humana foram utilizadas: Staphylococcus aureus (C1); Staphylococcus

saprophyticus (C2); Staphylococcus epidermidis (C3); Corynebacterium spp (C4) e

Micrococcus spp (C5). As referidas bactérias foram fornecidas pelo Laboratório de

Microbiologia da FTC, Salvador, BA.

Para avaliar a atividade antibacteriana do extrato de pinhão manso testes de

sensibilidade antibacteriana in vitro, foi utilizada técnica de difusão em Ágar Mueller

Hinton – técnica do disco (BAUER et al., 1966). Discos de papel de filtro com 6 mm

de diâmetro foram esterilizados em autoclave com temperatura de 121 °C por 20min

e adicionado extrato de pinhão manso diluídos em metanol. Os discos foram, então,

secados em estufa a 40oC para evaporação do metanol. Diferentes concentrações

de extrato foram utilizadas para todos os microorganismos testados. As massas

finais de extrato utilizadas em cada disco foram 2,8 μg, 5,5 μg, 8,3 μg e 11 μg.

Discos contendo antibiótico de referência (vancomicina, 30 μg) e contendo metanol

foram utilizados como controle positivo e negativo, respectivamente. Placas de Petri

foram repicadas com os microorganismos em camada uniforme utilizando alças de

Drigalski. Os discos foram postos sobre o Ágar e as placas incubadas em estufa a

37oC por 48 horas. Após o crescimento bacteriano, as placas foram fotografadas e

os halos de inibição medidos com ajuda do software GNU IMAGE MANIPULATION

PROGRAM (GIMP) (www.gimp.org). As atividades antimicrobianas foram

determinadas com base no diâmetro dos halos de inibição.

29

2.3.1 Preparo dos inóculos

A preparação dos inóculos deu-se a partir da transferência de cada uma das

bactérias (Staphylococcus aureus - C1, Staphylococcus saprophyticus - C2,

Stapylococcus epidermidis - C3, Corynebacterium spp - C4 e Micrococcus spp - C5)

do meio de manutenção, Ágar nutrientes, para o meio Mueller Hinton e incubada a

35ºC por 24 horas para ativação das culturas. Após a ativação das culturas

selecionou-se de 3 a 4 colônias da bactéria ativada em Ágar Mueller Hinton, depois

elas foram transferidas para tubos de ensaio com 4 mL de solução NaCl 0,9%

(solução isotônica) estéril, seguido de homogeneização em agitador de tubos

(vortex) por 20 segundos. A densidade do inóculo foi ajustada por espectrofotometria

a 530nm, por comparação com a escala de McFarland em 0,5 (NCCLS, 2002).

2.3.2 Método da difusão em Ágar – técnica do disco

A Farmacopeia Brasileira de 1988 descreve a técnica do disco como um método

padrão para testes de antibiograma. Usou-se esta técnica para identificar a atividade

antibacteriana do extrato de pinhão manso. Discos de papel de filtro com 6 mm de

diâmetro foram esterilizados em autoclave com temperatura de 121°C por 20min para

adição do extrato de pinhão manso. Usou-se um disco para cada concentração em

todos os microrganismos testados. As quantidades foram 2,8μg, 5,5μg, 8,3μg e 11μg.

Distribuíram-se os discos em placa de Petri estéril, em câmara de fluxo laminar

(Pachane), previamente identificados, sendo uma placa para cada concentração teste,

uma para controle positivo contendo antibiótico de referência (vancomicina) e outra

para controle negativo (metanol), que foi o veículo usado na impregnação dos discos

com o extrato. Os experimentos foram realizados em triplicata. As placas foram

incubadas em estufa bacteriológica a 37ºC por 48h. Determinou-se a atividade

antimicrobiana com base no diâmetro dos halos de inibição.

30

2.3.3 Concentração Inibitória Mínima

A concentração inibitória mínima (MIC) é a concentração de antibacteriano

necessária para inibir o crescimento do microorganismo testado, de forma que

quanto menor o MIC, maior a potência do antibiótico. Medidas de CIM foram

realizadas com os microorganismos que apresentaram sensibilidade aos extratos

pelo ensaio de diluição seriada em caldo, utilizando as normas padronizadas pelo

National Comitee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 2002). A CIM

encontrada para o extrato metanólico foi de aproximadamente 0,01%.

2.4 PREPARAÇÕES COSMECÊUTICAS

2.4.1 Pomada, creme, gel e sabonete

As preparações cosmecêuticas na forma de pomada, creme e gel foram produzidas

utilizando-se vaselina branca, como base (base de hidrocarbonetos), emulsão óleo-

em-água e gel base, respectivamente. 0,1g de extrato de pinhão manso foi

incorporada a 99,90g de vaselina branca purificada, base de creme lanete ou base

de carboximetilcelulose, utilizando boas práticas de manipulação farmacotécnica. A

incorporação foi feita em grau de porcelana, usando espátula de PVC. Para a

preparação na forma de sabonete, usou-se 99,90g de base sólida neutra para

sabonete contendo glicerina purificada, como excipiente para incorporar e 0,1g do

extrato de pinhão manso. Desta forma, foram obtidas as formas cosmecêuticas

citadas a 0,1% (1mg/g) em massa do extrato de pinhão manso (Figura 6).

31

3. RESULTADOS

3.1 ATIVIDADE ANTIBACTERIANA

A determinação da atividade antibacteriana, utilizou-se as bactérias: Staphylococcus

aureus (C1), Staphylococcus saprophyticus (C2), Staphylococcus epidermidis (C3),

Corynebacterium spp (C4) e Micrococcus spp (C5), todas Gram-positivo.

3.1.1 Atividade contra o gênero Staphylococcus

O extrato alcoólico de J. curcas apresentou formação de halo para todas as espécies

de Staphylococcus testadas, demonstrando a inibição do crescimento bacteriano. A

Figura 5 mostra o perfil típico observado para a inibição de crescimento dos micro-

organismos sensíveis. A fração hexânica do extrato não demonstrou atividade

apreciável contra nenhuma das espécies testadas (dados não mostrados).

3.1.2 Atividade contra Corynebacterium spp e Micrococcus spp.

O extrato alcoólico para avaliação da atividade antibacteriana usando a técnica do

disco em difusão em Ágar, embora tenha apresentado boa atividade contra as

espécies testadas do gênero Staphylococcus, não apresentou inibição contra

Corynebacterium spp e Micrococcus spp. (Tabela 1). O inóculo bacteriano no meio

Mueller Hinton e adição dos discos em triplicata devidamente impregnados com o

extrato metanólico após 48 horas evidenciaram a formação de halo circundante ao

disco, demonstrando assim a inibição do crescimento bacteriano das cepas de

Staphylococcus testadas. De acordo com a análise de proporcionalidade entre os

halos de inibição e a concentração do extrato no método de difusão com uso dos

discos houve diferença entre as quatro quantidades testadas, ou seja, 2,8μg < 5,5μg

< 8,3μg e < 11μg. (Figura 5).

32

Atividade antibacteriana

Figura 5 – Representação típica da atividade antibacteriana utilizando a técnica de Disco em Meio Sólido como análise semiquantitativa.

A Figura 5 mostra a inibição do crescimento bacteriano no disco da vancomicina

(Van 30) e a inibição crescente acompanhando o aumento da quantidade de extrato

nos discos de teste. Não houve inibição apreciável no disco controle (X), mostrando

que a inibição observada não pode ser atribuída ao metanol residual nos discos. Nos

discos contendo os extratos de Jatropha curcas L. (discos de 1 a 4) verifica-se

claramente a inibição do crescimento bacteriano com a formação de halo em volta

dos discos impregnados.

A Tabela 1 mostra os valores aferidos para os diâmetros dos halos de inibição para

cada micro-organismo testado em diferentes quantidades de extrato.

33

Tabela 1 – Diâmetro (em mm) dos halos de inibição aferidos para cada micro-organismo testado em diferentes quantidades de extrato.

Bactérias Van 30µg Massa do extrato da J. curcas (*)

11 μg 8,3 μg 5,5 μg 2,8 μg

C1 7,38 2,32 1,93 1,68 1,59

C2 8,24 1,52 1,89 1,52 1,18

C3 7,30 1,98 1,44 1,29 1,22

C4 8,43 ** ** ** **

C5 7,43 ** ** ** **

Staphylococcus aureus (C1), Staphylococcus saprophyticus (C2), Staphylococcus epidermidis (C3), Corynebacterium spp (C4) e Micrococcus spp (C5). Controle positivo: vancomicina 30 μg; (*) Média de três ensaios; (**) não formou halo.

O controle negativo (metanol) não apresentou atividade antibacteriana frente a

nenhum microorganismo testado e o controle positivo, a vancomicina, um antibiótico

muito usado em ambiente hospitalar, apresentou inibição dos micro-organismos

microorganismos testados conforme esperado.

Os resultados retrataram a susceptibilidade das cepas de Staphylococcus aureus,

Staphylococcus saprophyticus e Staphylococcus epidermidis ao extrato de forma

dose-dependente (Tabela 1).

A Tabela 2 mostra estes mesmos resultados corrigidos para as quantidades de

extrato usadas em cada disco, em mm/μg. Neste caso, pode-se avaliar a atividade

relativa do extrato de pinhão manso frente à vancomicina (controle positivo).

Tabela 2 – Atividade antimicrobiana do extrato pelo método da difusão em Agar pela técnica do disco. Resultados em mm/µg.

Massa do extrato da J. curcas (*)

Bactérias Van 30µg 11 μg 8,3 μg 5,5 μg 2,8 μg

C1 14,02 12,00 13,23 17,42 32,54 C2 15,66 7,89 12,93 15,78 24,14 C3 13,87 10,25 9,87 13,34 24,78 C4 16,02 ** ** ** ** C5 14,12 ** ** ** **

Staphylococcus aureus (C1), Staphylococcus saprophyticus (C2), Staphylococcus epidermidis (C3), Corynebacterium spp (C4) e Micrococcus spp (C5). Controle positivo: vancomicina 30 μg; (*) Média de três ensaios; (**) não formou halo.

34

Os resultados apresentados em mm/μg demonstram a atividade antimicrobiana do

extrato de pinhão manso dentro da mesma ordem de grandeza da vancomicina.

3.2 PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS

As preparações das formas cosmecêuticas – foram manipuladas e a incorporação

do extrato de pinhão manso à base de pomada, creme, gel e sabonete ocorreu sem

dificuldades. O extrato foi veiculado com boa distribuição e fácil homogeneidade. Ao

final do processo, os produtos cosmecêuticos apresentaram boa consistência

correspondente a cada apresentação, coloração esverdeada, típica do extrato de J.

curcas e aspecto atrativo, o que pode ser observado na Figura 6.

Figura 6 – A, B, C e D (pomada, creme, gel e sabonete) de pinhão manso (J. curcas L.) a 0,1% em peso massa.

A) Pomada B) Creme.

C) Gel D) Sabonete

35

4 DISCUSSÃO

A cultura da população em se automedicar com antibióticos, aliada a outros fatores,

proporcionou a alguns micro-organismos a capacidade em desenvolverem

resistência a um grande número de antibióticos. Nas últimas décadas a resistência

microbiana a antibióticos tem sido um dos grandes problemas de saúde pública

(GOODMAN; GILMAN, 2006 & COUTINHO et al.; 2006). A pesquisa por compostos

provenientes de fonte renovável capazes de inibir a proliferação de micro-

organismos patogênicos com reduzidos efeitos colaterais faz-se necessária para

conter uma possível endemia causada por cepas patogênicas resistentes aos atuais

antimicrobianos disponíveis. Milhares de plantas medicinais ainda não foram

estudadas cientificamente, do ponto de vista farmacológico e biológico. Outras

pesquisas têm sido desenvolvidas com êxito baseadas nas propriedades anti-

infecciosas de plantas utilizadas na terapêutica popular e puderam contribuir na

diminuição de micro-organismos patogênicos causadores de doenças aos seres

humanos (BRITO, 1996).

O pinhão manso (J. curcas L.) da família Euphorbiaceae está relacionado entre as

numerosas famílias que fazem parte do arsenal de plantas com propriedades

terapêuticas (SEVERINO, 2006). As sementes, cascas e, principalmente, folhas da

planta, frescas ou cozidas, são usadas na farmacopeia tradicional e na veterinária

(CORREIA, 2005). Aplica-se o látex da planta como cicatrizante e para estancar as

hemorragias das feridas (HELLER, 1996).

A atividade apresentada pelo extrato metanólico foi demonstrada ser da mesma

ordem de grandeza de concentração da vancomicina (ensaio semiquantitativo)

(Tabela 2). A vancomicina é um antibiótico usado no tratamento de infecções

bacterianas, administrado por via intravenosa, pois não é absorvido por via oral. Este

antibiótico não apresenta boa atividade contra bactérias Gram-negativas, entretanto,

é muito ativo contra bactérias Gram-positivas. O extrato antibacteriano de pinhão

manso constitui uma perspectiva para obtenção de antibiótico natural por apresentar

evidente atividade antimicrobiana frente aos micro-organismos S. aureus, S.

saprophyticus e S. epidermidis.

36

O pinhão manso tem se mostrado uma potencial fonte de óleo para a indústria

bioenergética. Diante desta descoberta, existe a possibilidade de uso da biomassa

do pinhão manso na elaboração de produtos de alto valor agregado, como

cosmecêuticos, viabilizando economicamente o plantio da mesma. para atender ao

Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) do Governo Federal,

principalmente no que diz respeito ao Programa de Agricultura Familiar.

O aproveitamento de biomassa residual na produção de produtos de alto valor

agregado, como cosmecêuticos, agrega valor à cadeia produtiva do biodiesel e

viabiliza a produção de pinhão manso com esta finalidade, além de contribuir para

inserir a agricultura familiar neste processo.

Frente ao caráter inédito dos resultados obtidos com este trabalho e ao potencial de

mercado de produtos cosmecêuticos baseados no extrato de Jatropha curcas uma

Patente de Invenção abrangendo “COMPOSIÇÕES FARMACÊUTICAS COM

ATIVIDADE ANTIBACTERIANA CONTENDO EXTRATOS DE Jatropha curcas,

PROCESSO DE OBTENÇÃO DOS EXTRATOS DE Jatropha curcas E SEUS

USOS” foi requerida junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e

está em fase de análise pelo Instituto. Uma cópia desta patente foi anexada a esta

dissertação para avaliação (APÊNDICE A).

Esta pesquisa foi publicada na revista Diálogos & Ciência (ISSN 1678-0493), Ano 9,

Nº 27, em setembro de 2011 (APÊNDICE B).

37

5 CONCLUSÃO

Conclui-se, através da avaliação antimicrobiana do extrato da folha da J. curcas L.,

que o referido extrato apresenta atividade antibacteriana contra bactérias do gênero

Staphylococcus. A atividade apresentada pelo extrato bruto foi demonstrado em ser

da mesma ordem de grandeza de concentração da vancomicina.

Diante das evidências apresentadas nesta pesquisa, o extrato antibacteriano de

pinhão manso constitui uma perspectiva para obtenção de antibiótico natural por

apresentar evidente atividade antimicrobiana frente a microorganismos

Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus e Staphylococcus

epidermidis.

Ademias, O pinhão manso tem se mostrado uma potencial fonte importante de óleo

para a indústria bioenergética. Diante desta descoberta, existe a possibilidade de

uso da biomassa do pinhão manso na elaboração de produtos de alto valor

agregado, como cosmecêuticos, viabilizando economicamente o plantio da J.

curcas L. para atender o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel

(PNPB) do Governo Federal, principalmente no que diz respeito ao Programa de

Agricultura Familiar.

38

REFERÊNCIAS ACCARINI, J. H. Biodiesel no Brasil estágio atual e perspectivas. Bahia Análise e Dados, v. 16, n. 1, p. 51-63, jun, 2008. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Lei nº9279. Diário Oficial da União; Poder Executivo. Publicado no dia 15 de maio de 1996. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/e-legis/. Acesso em: 20 de junho de 2011. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução RDC nº48, de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Diário Oficial da União; Poder Executivo. Publicado no dia 18 de março de 2004. Disponível em: http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct. php?id=10230&word=. Acesso em: 20 de junho de 2011. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS E BIOCOMBUSTÍVEIS – ANP. AZEVEDO, H. “Pinhão manso é lançado pelo presidente Lula como opção para o biodiesel: vegetal é de fácil cultivo”. Hoje em Dia, 8 a 14/01/2006, Brasília, DF, 2006. Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br/docs/congresso> 2006 Acesso em: 13 out. 2010.

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39

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – DEPÓSITO DE PATENTE: COMPOSIÇÃO FARMACÊUTICA COM ATIVIDADE ANTIBACTERIANA CONTENDO EXTRATOS DE JOTROPHA CURCAS L., PROCESSO DE OBTENÇÃO DOS EXTRATOS DE JOTROPHA CURCAS L. E SEUS USOS

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APÊNDICE B – ARTIGO PUBLICADO

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