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Hannah Höch

Hannah Hoch

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Hannah Höch

Índice

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Biografia ------------------------------------------------------------------- Pág. 2

Relacionamento de Hoch com Hausmann ---------------------------------- Pág. 4

Feminismo ----------------------------------------------------------------- Pág. 5

Obras ---------------------------------------------------------------------- Pág. 6

Anos 30 -------------------------------------------------------------------- Pág.10

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Hannah Höch

Hannah Höch foi uma grande representante do movimento dadaísta, como também percussora da fotomontagem.

Hannah Höch nasceu Anna Therese Johanne Höch em 1889 e foi criada numa família de classe média na pequena cidade de Gotha, na Alemanha. Aos 15 anos saiu da escola para cuidar dos seus irmãos, e em 1912 iniciou os estudos na Escola de Artes Aplicadas em Charlottenburg, Berlim. Do ponto de vista de Hannah, foi um compromisso: “Concentrara todos os meus sonhos na Academia, mas nem me atrevia a dizer que queria ir para lá”, observou ela mais tarde no Lebensuberblick autobiográfico 1958, comentando a sua verdadeira ambição de tornar-se pintora.

A deflagração da Primeira Guerra Mundial em Agosto de 1914 assinalou o colapso da <visão do mundo até ai bem calma>. Nessa altura Höch viajou para Colónia para visitar a exposição Werkbund. Em 1915 inscreveu-se no curso de artes gráfica dado por Emil Orlik no Museu Estatal de Artes

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Aplicadas. No mesmo ano, iniciou uma relação de sete anos com o escritor e artista Raoul Hausmann, através de quem conheceu uma série de grupos artísticos entre os quais os Expressionistas (com o seu centro focal na galeria e editora de Herwarth Walden, Der Sturm) os Futuristas italianos, e o círculo dadaísta que se constituiu em 1917, incluindo Richard Hulsenbeck, Johannes Naader, George Grosz, John Heartfield e Wieland Herzfelde. Nessa altura Höch e Hausmann juntaram-se ao círculo de Dada de Berlim.Juntos desenvolveram a arte da fotomontagem (colagem em papel através de imagens fotográficas) como uma ferramenta de comentário artístico. Dada - uma resposta à devastação da Primeira Guerra Mundial - foi um tumultuado, o movimento anarquista niilista que floresceu entre 1916 e 1922, em Zurique, Nova York, Colónia, Hannover, Berlim e Paris.

Em 1919, Höch participou na Primeira Exposição Dada em Berlim, juntamente com Raul Hausmann e George Grosz.Apesar da atitude anarco-revolucionária os dadaístas berlinenses eram, de facto, uma espécie de clube de cavalheiros com um perfil patriarcal, em que as mulheres constituíam uma excepção.Höch foi, realmente a única artista mulher incluída na Primeira Feira Internacional Dada realizada em 1920 na galeria berlinense de Otto Burchard. Entre as obras ai expostas por

ela, estava a fotomontagem " Cut With the Kitchen Knife Dada Through the Last Weimar Beer-Belly Cultural Epoch of Germany" 1919-1920, a qual não só atacava veemente a cultura da barriga de cerveja de Weimar, como prometia o titulo, como visava a situação social das mulheres: um mapa mostrava os países europeus que tinham concedido o

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direito de voto às mulheres, enquanto na montagem os corpos de homens e mulheres Höch Subvertia imagens inequívocas da identidade sexual. As afirmações políticas mais latas feitas na sua obra eram também bastante claras: no canto inferior esquerdo, juntamente com fotografias de multidões e as iniciais de Höch, estão cabeças de dadaístas, bem como Marx e Lenine, ao passo que no canto superior direito, sobre as palavras “Movimento Antidadaista”, estão retratos de Friedrich Ebert, do Imperador Guilherme II, do Marechal Hindenburg e de outros chefes militares. No centro da composição está Kathe Kollwitz, a primeira mulher que foi membro da Academia de Artes, em 1919; o seu retrato parece virtualmente suspenso sobre o corpo da bailarina Nidda Impekoven, que personifica a Nova Mulher, auto confiante e financeiramente independente, da década de 1920. O Material usado por Höch, tanto o pictórico como textual provem em parte de brochuras técnicas ou de fotografias privadas, mas na sua maior parte foi retirado de revistas ilustradas. Estas eram um meio em que Höch estava mergulhada, não só no seu trabalho como artistas, mas também profissionalmente como designer gráfica para a editora Ullsteiin de 1916 a 1926. A montagem Meine Hausspruche (As Minhas Máximas Domesticas), 1922, justapondo pedaços de trabalhos manuais como os produzidos na época por Höch com fotografias de peças de máquinas, retratos, desenhos infantis e citações de autores tão variados como Hulsenbeck, Baader e Hans Arp, Goethe e Nietzsche. Esta obra foi realizada quando os Dadaístas Berlinenses se dividiram, tendo-se também separado Höch e Hausmann – os nomes de Arp e Kurt Schwitters assinalam as suas novas afinidades políticas.

No período pós-Dada, Höch continuou a alargar o seu potencial na colagem e na fotomontagem, quer em termos formais quer de conteúdo. As suas obras de década de 20 incluem Mischling (Mestiço), 1924, e séries como Aus einem ethnographischen Museum (De um

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Museu etnográfico), 1925-29, desconstruindo lugares-comuns da identidade étnica e sexual e refazendo-os num espírito lúdico. Embora Höch seja conhecida sobretudo pelas suas fotomontagens, também produziu paralelamente uma obra substancial e estilisticamente diversa; há quadros em que o princípio da montagem foi importado para a pintura, por exemplo, e há ainda quadros surrealistas surpreendentes, naturezas-mortas ao estilo da Nova Objectividade e expressivos retratos.

Relacionamento de Höch com Hausmann

Este foi o primeiro relacionamento crucial a ter uma influência sobre o trabalho artístico de Höch, muitas vezes ela reflectiu sobre os seus relacionamentos em pedaços, como em Love (1926). Depois do seu envolvimento com Hausmann, ela esteve envolvida sexualmente com mulheres e teve um relacionamento (1926-1929) com o escritor e linguista holandês Til Brugman. Hausmann era casado com outra mulher durante o seu envolvimento, e recusou-se a casar com Höch. Ela apoiou o direito das mulheres ao controlo reprodutivo e durante o seu envolvimento com Hausmann fez dois abortos. Höch e Hausmann separaram-se em 1922, altura em que Höch seguiu o seu caminho para se tornar uma artista no seu próprio direito e independente do seu envolvimento com Hausmann. Aliás, foi durante esse relacionamento que ambos os artistas começaram a trabalhar mais profundamente com colagem, estendendo a forma de arte aplicada em primeiro lugar pelos pintores cubistas. Höch fez alguns trabalhos com Hausmann, em 1920.

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Feminismo

Apesar do grupo dadaísta ajudar na emancipação da mulher, eram claramente relutantes em incluir uma mulher entre as suas fileiras. Raoul Hausmann até sugeriu que Höch conseguisse um emprego para apoiá-lo financeiramente. Höch era a mulher solitária entre o grupo Dada de Berlim, embora Sophie Tauber, Beatrice Wood, e Baronesa Else von Freytag-Loringhoven também tenham sido importantes (e esquecidas) figuras Dada. Ela faz referência a hipocrisia do grupo Dada de Berlim e

da sociedade alemã como um todo em sua fotomontagem.

Seu trabalho na Verlang colocou-a numa posição onde trabalhava com revistas específicas para as mulheres tornando-a ciente da diferença entre as mulheres nos media e realidade. O casamento não escapou à sua crítica, ela retratava noivas como manequins e crianças, reflectindo a ideia de que as mulheres não são vistas como pessoas completas e têm pouco controlo sobre as suas vidas. Höch viu-se como parte do movimento de mulheres na década de 1920. As suas peças também pretendiam combinar o masculino e feminino num ser. Durante a época da República de Weimar, mulheres másculas eram castigadas e celebradas por quebrarem os padrões tradicionais dos sexos; os seus personagens andróginos também podem ter sido relacionados com a sua bissexualidade, e atracção à masculinidade nas mulheres.

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ObrasHannah reflectiu nas suas obras a justaposição entre a mulher alemã moderna e a mulher alemã colonial. Ao fazê-lo desafiou as representações culturais das mulheres, levantando questões relativamente à sexualidade das mulheres e aos seus papéis de género na nova sociedade. Com as suas imagens, Höch abordou os medos, possibilidades e as novas esperanças para as mulheres na Alemanha moderna.

Dada Ernst – 1920Em Dada Ernst, Höch questiona o papel da mulher na nova sociedade. No lado direito da imagem, dominando a composição, estão uma par de pernas femininas. Substituindo a região púbica das pernas está um olho de um homem colocado num ângulo. Quase a cobrir o olho estão duas moedas douradas, que são o emblema mais brilhante da composição. Um arco faz a ligação entre as moedas e a atleta simboliza a mulher moderna e atlética. Ao seu lado

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encontra-se uma mulher nua tocando trompete que simboliza a feminilidade da mulher.A justaposição violenta do metal contra a carne levanta questões que dizem respeito à sexualidade das mulheres no mundo e sobre o olhar atento do sexo masculino. Através destas imagens, Höch cria uma visão inquietante sobre as esperanças e medos da mulher moderna.

Beautiful Girl - 1920Nesta obra encontra-se uma mulher usando um fato de banho moderno com uma lâmpada na cabeça, sentada sobre uma viga de aço e rodeada por várias imagens de industrialização como por exemplo: símbolos da BMW, pneus, engrenagens e um relógio. No canto direito, um boxer preto percorrendo o pneu representa a automação. Na parte de trás da imagem encontra-se a silhueta da cabeça de uma mulher com olhos de gato e direccionados para a plateia. Ser moderno era sinónimo de velocidade, consumismo, urbanização e tecnologia; essas mudanças promoviam esperança para as mulheres. No entanto, entre a esperança veio o medo, como se vê no olhar atento da mulher que se esconde por trás das cenas. Nesta justaposição de imagens Höch reflecte um certo optimismo sobre a industrialização e a sua relação com a mulher moderna.

Aus einem ethnographischen Museum – 1924-1930

Este trabalho é de uma série de dezassete fotomontagens executadas entre 1924 e 1930. Combina imagens de uma máscara tribal, um torso de um bebé e um olho de uma revista de moda, num encontro de culturas, deliberadamente enigmático. A figura

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estranha de um híbrido é montada sobre pés pequenos, como se estivesse em exibição. A fotomontagem é um comentário irónico sobre o tratamento das mulheres na Alemanha de Weimar: visto como inferior, por serem equacionadas com os povos primitivos, tratado como infantil e, simultaneamente, a ser colocada num pedestal. O fundo geométrico recorda os trabalhos do grupo holandês De Stijl de artistas e arquitectos modernistas, com quem Höch foi associada.

Abduction – 1925

Höch representa a mulher moderna alemã dentro de uma narrativa Africana, como ela é vista sentada numa escultura de madeira Africana. A escultura consiste em duas figuras masculinas africanas e duas figuras femininas, sendo transportados por um animal de grandes dimensões. Hoch colocou a imagem numa base grande, com árvores de pé de cerejeira no fundo. A cabeça de uma das mulheres esculpidas é substituída por uma cabeça de uma mulher moderna alemã, mas colocada virada para trás. Comparada com os outros rostos estáticos, a mulher alemã parece estar a gritar com a boca aberta.A mensagem que Höch sugere é a diferença, e talvez até mesmo uma deslocação, ou rapto, em referência às mudanças que ocorrem na sociedade de Weimar e o que esta significou para as mulheres, a emoção e ao mesmo tempo, uma sensação de instabilidade e luxação.

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German Girl – 1930

Um perfil de três quartos do rosto de uma jovem mulher e o pescoço adornado com pérolas, contra um fundo preto. Ela carrega um sorriso sereno, com os cabelos amarrados em estilo japonês. Mais uma vez, Höch cria uma visão distorcida por justaposição de imagens que dá a ilusão de uma mulher, sem testa, e com olhos q não coincidem. Os historiadores da arte afirmam que essas imagens / figuras imitam interpretações dos meios de comunicação sobre a mulher alemã convencional. Höch aborda questões de normas do que é

considerado bonito em termos de conformidade com as normas sociais.

Love – 1926

Em Love a artista explora os relacionamentos convencionais do amor extasiado entre homens e mulheres. Höch usou imagens de bonecas populares, que na época eram produzidas em massa e comercializadas como sendo inocentes e cheios de admiração. O olho de boneca aparece grande e os lábios demonstram um belo sorriso educado, mas tem uma cara sinistra e uma aparência estranha reforçada pelo facto dela ter sido cortada em ângulos estranhos. Por outro lado, vemos um homem que não olha directamente para a boneca, mas exteriormente. A boneca é usada para representar o ego alterado da mulher moderna. Tanto a mulher como o homem parecem estar num estado de espírito mecanizado e presumivelmente sob os efeitos do amor encantado.

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Indian Female Dancer - 1930

Mostra uma cabeça de mulher para trás, onde metade do seu rosto é uma estátua da Índia. O seu cabelo está escondido atrás do recorte de silhuetas de garfos e facas em forma de coroa. Höch cria uma alegoria da mulher moderna reconhecida pelo seu corte de cabelo moderno, chamado de Bubikopf, a sua justaposição de imagens cria uma mulher moderna coroada e ao mesmo tempo identifica como sendo um estereótipo de uma dona de

casa. O rosto da mulher vem de uma foto de uma actriz popular da época chamada Marie Falconetti. Höch cria uma imagem em camadas com muitas identidades: a feminina, a actriz, a mulher moderna, a mulher caseira e a mulher coroada pronta para a batalha.

A Noiva c. - 1933

A ilusão de freio, que explora a raça, por justaposição de uma mulher branca no pescoço e ombros, com os lábios de outra mulher com um rosto não-caucasianos. O laço é usado para retratar a ilusão de um véu de noiva.

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Os elementos da imagem conjugam-se tão bem que fazem oscilar os olhos do espectador para a frente e para trás entre as imagens justapostas. Höch cria uma imagem onde o espectador é incapaz de definir a raça da mulher claramente.

Anos 30

Nos anos 30, Höch viu-se sob grande pressão da politica oficial artística nazi do III Reich, um dilema que teve expressão em várias obras. A colagem (anterior ao Reich) Dompteuse (Domadora), 1930, não só expressa o conflito pessoal com a sua amiga de muitos anos, a escritora holandesa Til Brugman, como também (no vestuário de tipo uniforme envergado pela figura) no sentido articulado de ameaça politica.

Vários dos seus amigos artistas abandonaram o pais depois da chegada

ao poder dos Nazis, mas Höch, embora desancada como <bolchevique cultural> e proibida de expor, manteve-se na

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Alemanha, em <emigração interior>. Correndo perigo de vida, criou um arquivo dadaísta na sua casa, nos arredores de Berlim, e foi este quer levou à redescoberta do grupo após a Segunda Guerra Mundial.

Ainda que Hannah Höch voltasse a expor nas galerias em 1046, e fosse incluída nas retrospectivas dada, só na grande exposição de 1971, realizada na Academia de Artes em Berlim, é que o seu trabalho se tornou objecto de maior interesse. Ainda assim, Höch viu-se reduzida uma vez mais ao seu papel de mulher de Raoul Hausmann, vista como uma “fada” (Eberhard Roters), “a Bela Adormecida do Dadaísmo” (Heinz Ohff), ou a “indispensável operaria”(Hans Richter) dos Dadaístas. Só na década de 80 a historia da arte feminista adquiriu uma visão subtil e cuidadosa do trabalho complexo e comprometido de Höch.