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Henry Drummond ● Amor

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O maior mandamento [algumas páginas]. Para o autor, o amor verdadeiro é a doação. Doar-se a Deus e a Seus ensinamentos é a maneira ideal para alcançar afeto e plenitude espiritual. O amor é a maior preciosidade da vida espiritual.

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Henry Drummond

São Paulo 2012

AMORo maior mandamento

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Copyright © 2012 by Henry Drummond

P!"#$%&" E#'("!')* Equipe Ágape

D')+!),)%&" Claudio Braghini Junior

C)-) Carlos Eduardo Gomes

R./'0&" Maria da Graça Rêgo Barros

Nilda Nunes

2012Publicado com autorização. Nenhuma parte desta publicação pode ser

reproduzida sem a devida autorização da Editora.EDITORA ÁGAPE

Al. Araguaia, 2190 - 11º andar - Sala 1112CEP 06455-000 - Barueri - SP

Tel. (11) 2321-5080 – Fax (11) 2321-5099www.editoraagape.com.br

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográ!co da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Drummond, Henru, 1851-1897.

Amor: o maior mandamento / Henry Drummond, [tradução Vagner

Barbosa]. -- São Paulo, SP: Ágape, 2012.

1. Amor – Aspectos religiosos – Cristianismo 2. Amor –

Ensinamento bíblicos 3. Deus – Adoração e amor 4. Amor I. Título

11-12728 CDD-231.6

1. Amor de Deus: Teologia dogmática cristã 231.6

2. Deus: Amor: Teologia dogmática cristã 231.6

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

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P!"#$%&" E#'("!')* Equipe Ágape

D')+!),)%&" Claudio Braghini Junior

C)-) Carlos Eduardo Gomes

R./'0&" Maria da Graça Rêgo Barros

Nilda Nunes

2012Publicado com autorização. Nenhuma parte desta publicação pode ser

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AINDA que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver AMOR, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entre-gue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nun-ca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos e em par-te profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como me-nino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um re"exo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor. (1Coríntios 13:1-13)

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TODOS já se 1zeram a grande pergunta tanto da antiguidade quanto do mundo moderno: Qual é o sum-mum bonum, o bem supremo1? Vocês têm a vida à sua frente e só podem vivê-la uma vez. Qual é o mais nobre objeto de desejo, o bem supremo a ser desejado?

Estamos acostumados a ouvir que a coisa mais im-portante no mundo religioso é a fé. Esta importante pa-lavra é o princípio predominante da religião popular há séculos e aprendemos facilmente a considerá-la a coisa mais importante do mundo. Bem, estamos errados. Se fomos informados assim, podemos perder o foco. Eu os conduzi, no texto bíblico que acabei de ler, à fonte do Cristianismo e, ali, vimos que a coisa mais importante é o amor. Isso não é um descuido. Paulo estava falando sobre a fé apenas um momento antes. Ele diz: “Ainda que eu ... tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei”. Em vez de se esquecer do que está tra-tando, ele deliberadamente contrasta a fé e o amor. Agora permanecem a fé, a esperança e o amor e, sem um mo-

1 O termo “bem supremo” será mantido sempre que o texto original trouxer a expressão latina summum bonum (N. do T.).

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mento de hesitação, a decisão é tomada: “o maior destes é o amor”.

E isso não é preconceito. Um homem é apto a reco-mendar aos outros seu próprio ponto forte. O amor não era o ponto forte de Paulo. O estudioso atento pode de-tectar uma bela ternura crescendo e se aperfeiçoando no caráter de Paulo na medida em que ele vai envelhecendo, mas quando, pela primeira vez, encontramos a mão que escreveu “o maior destes é o amor”, vemos que ela está manchada de sangue.

A carta aos coríntios também não é peculiar em apon-tar o amor como o summum bonum. As obras-primas do Cristianismo concordam com isso. Pedro diz: “Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros” (1Pedro 4:8). So-bretudo. E João vai mais longe: “Deus é amor” (1João 4:8). E vocês se lembram da profunda observação que Paulo faz em outro texto: “O amor é o cumprimento da lei” (Romanos 13:10). Alguma vez vocês já pensaram no que ele quis dizer com isso? Naqueles dias, as pessoas estavam abrindo seu caminho para o céu pelo cumprimento dos Dez Mandamentos e de cento e dez outros mandamentos que tinham produzido a partir deles. Cristo disse: Eu lhes mostrarei um caminho mais fácil. Se vocês 1zerem uma coisa, farão as cento e dez sem jamais pensarem nelas. Se amarem, vocês cumprirão inconscientemente toda a lei. E vocês podem ver facilmente por si mesmos como isso pode ser feito. Peguem um dos mandamentos. Por exem-plo, “não terás outros deuses além de mim” (Êxodo 20:3).

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Se a pessoa amar a Deus, vocês não terão que dizer isso a ela. O amor é o cumprimento desta lei. “Não tomarás em vão o nome do Senhor teu Deus” (Êxodo 20:7). Alguém pensará em tomar em vão o nome de Deus se o amar? “Lembra-te do dia de sábado, para santi1cá-lo” (Êxodo 20:8). A pessoa não 1cará feliz em ter um dia em sete para se dedicar mais exclusivamente ao objeto de sua afeição? O amor cumpre todas estas leis em relação a Deus. Da mesma forma, se a pessoa amar o ser humano, vocês nun-ca precisarão lhe dizer para honrar seu pai e sua mãe. Ela não poderá agir de modo diferente. Seria ilógico lhe dizer para não matar. Vocês iriam apenas insultá-la se dissessem que ela não deve roubar – como ela poderia roubar da-queles a quem ama? Seria supér2uo pedir-lhe que não dê falso testemunho contra seu próximo. Se ela o ama, esta seria a última coisa que faria. E vocês nunca pensariam em incentivá-la a não cobiçar aquilo que é do seu pró-ximo. Ela preferiria que seu próximo fosse o possuidor, não ela. Portanto, o amor é o cumprimento da lei. Esta é a regra que cumpre todas as regras, o novo mandamento para cumprir todos os antigos mandamentos, o segredo de Cristo para a vida cristã.

Ora, Paulo tinha aprendido isso e, neste nobre tri-buto, ele nos deu o mais maravilhoso e original relato do summum bonum. Podemos dividi-lo em três partes. No início do capítulo, temos o amor contrastado; no seu coração, temos o amor analisado; no 1m, temos o amor defendido como o dom supremo.

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O contraste ............................................... 13A Análise ................................................................... 15A Defesa .................................................................... 32

O projeto do cristianismo .......................... 43A fundação da sociedade ............................................ 48O projeto da sociedade .............................................. 52O mecanismo da sociedade........................................ 68

A cidade sem igreja .................................... 75Vi a cidade ................................................................ 75Seus servos o servirão ................................................. 82Não vi templo algum na cidade ................................ 91

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O 4"5(!)0(.

PAULO começa contrastando o amor com outras coisas a que as pessoas, naqueles dias, davam muito valor. Não tentarei examinar essas coisas detalhadamente. Sua inferioridade já é óbvia.

Ele o contrasta com a eloquência. E que nobre dom é este, o poder de provocar a alma e os desejos das pes-soas e despertá-las para propósitos elevados e atos santos. Paulo diz: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine”. E todos sabemos o porquê. To-dos sentimos a falta de pudor das palavras sem emoção, a falsidade, a estranha falta de persuasão da eloquência por trás da qual não há amor.

Ele o contrasta com a profecia. Ele o contrasta com os mistérios. Ele o contrasta com a fé. Ele o contrasta com a caridade. Por que o amor é maior que a fé? Porque o 1m é maior que o meio. E por que ele é maior que a caridade?

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Porque o todo é maior que a parte. O amor é maior que a fé porque o 1m é maior que o meio. Qual é a utilidade da fé? É ligar a alma com Deus. E qual é o objetivo dessa conexão do homem com Deus? É que ele possa se tornar semelhante a Deus. Mas Deus é amor. Portanto, a fé, o meio, tem o objetivo de alcançar o 1m, que é o amor. O amor, portanto, obviamente, é maior que a fé. Ele é maior que a caridade, novamente, porque o todo é maior que a parte. A caridade é apenas um pequeno pedaço do amor, uma das inumeráveis avenidas do amor. Além dis-so, pode haver, e há, uma grande quantidade de caridade sem amor. É muito fácil jogar umas moedas a um mendi-go na rua. Geralmente é mais fácil fazer isso do que não fazer. No entanto, o amor pode estar justamente em não fazer. Ao custo de algumas moedas, compramos alívio da compaixão despertada pelo espetáculo da miséria. Isso é muito barato para nós e, geralmente, precioso para o mendigo. Se o amássemos de verdade, faríamos mais por ele, ou menos.

Depois Paulo o contrasta com o sacrifício e o martí-rio. E peço ao pequeno grupo de futuros missionários – e tenho a honra de chamar alguns de vocês por este nome pela primeira vez – que se lembre que, mesmo que entre-guem seu próprio corpo para ser queimado, se não hou-ver amor, nada disso lhes aproveitará. Nada! Vocês não podem levar ao mundo pagão nada que seja maior que a impressão e o re2exo do amor de Deus sobre seu próprio caráter. Esta é a linguagem universal. Levará anos para

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que vocês falem chinês ou os dialetos da Índia. A partir do dia que vocês chegarem, esta linguagem de amor, en-tendida por todos, emanará sua eloquência inconsciente. É o ser humano que é o missionário, não suas palavras. Seu caráter é sua mensagem. No coração da África, entre os Grandes Lagos, encontrei homens e mulheres negros que se lembravam do único homem branco que tinham visto – David Livingstone. E, quando vocês seguirem suas pegadas no continente negro, o rosto das pessoas 1cará iluminado quando falarem do bondoso doutor que pas-sou por ali anos atrás. Eles não conseguiram entendê-lo, mas sentiram o amor que pulsava em seu coração. Levem para sua nova esfera de trabalho, onde vocês também se disporão a entregar a própria vida, este encanto simples, e o trabalho de sua vida será bem-sucedido. Vocês não podem levar nada maior e não precisam levar nada menos que isso. Nada terá valor enquanto vocês levarem menos que isso. Vocês podem alcançar toda realização, podem estar prontos para todo sacrifício, mas, mesmo que en-treguem seu próprio corpo para ser queimado, se não ti-verem amor, isso não terá nenhum valor para vocês nem para a causa de Cristo.

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DEPOIS de contrastar o amor com essas coisas, Paulo, em três versículos muito curtos, nos dá uma aná-lise surpreendente de em que consiste este dom supremo. Peço que vocês examinem essa análise. O amor é algo

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composto, segundo ele diz. É como a luz. Assim como vocês veem um cientista fazer um feixe de luz atravessar um prisma de cristal e veem, do outro lado do prisma, o feixe ser decomposto em seus componentes coloridos, azul, amarelo, violeta, laranja e todas as cores do arco-íris, assim também Paulo faz passar o amor pelo magní1co prisma do seu inspirado intelecto, e ele surge decompos-to em seus elementos. E, nessas poucas palavras, temos o que pode ser chamado de espectro do amor, a análise do amor. Vocês percebem que elementos são esses? Vocês conseguem perceber que eles têm nomes comuns, que são virtudes sobre as quais ouvimos todos os dias, que são coisas que podem ser praticadas por todas as pessoas em todos os lugares, e conseguem entender como, por meio de uma multidão de pequenas coisas e virtudes comuns, o bem supremo, o summum bonum, é composto?

O espectro do amor tem nove ingredientes:

Paciência – o amor “tudo sofre”

Bondade – o amor “é bondoso”

Generosidade – o amor “não inveja”

Humildade – o amor “não se vangloria, não se orgulha”

Cortesia – o amor “não maltrata”

Altruísmo – o amor “não procura seus interesses”

Moderação – o amor “não se ira facilmente”

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Inocência – o amor “não guarda rancor”

Sinceridade – o amor “não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade”.

Paciência, bondade, generosidade, humildade, corte-sia, altruísmo, moderação, inocência e sinceridade com-põem o dom supremo, a estatura do homem perfeito. Vocês podem observar que todos esses componentes têm relação com o ser humano, com a vida, com o dia de hoje, que conhecemos, e com o amanhã, mas não com a eternidade desconhecida. Ouvimos falar muito de amor a Deus. Cristo falou muito de amor ao homem. Faze-mos uma grande quantidade de paz com o céu. Cristo fez muita paz sobre a terra. A religião não é uma coisa estra-nha ou acrescentada, mas a inspiração da vida secular, o sopro de um Espírito eterno sobre este mundo temporal. O bem supremo, em resumo, não é uma coisa, mas a concessão de um novo 1m às muitas palavras e atos que compõem a totalidade de cada dia comum.

Não há tempo para se fazer mais do que uma bre-ve observação sobre cada um desses ingredientes. Amor é paciência. Esta é a atitude normal do amor. O amor é passivo, ele espera para começar. Ele não tem pressa, é calmo, está pronto para fazer seu trabalho quando é chamado, mas, enquanto isso, usa o ornamento de um espírito manso e quieto. O amor espera e suporta todas as coisas. Ele entende, por isso espera.

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Bondade. Amor ativo. Vocês já observaram quan-to da vida de Cristo foi gasto fazendo coisas boas, simplesmente fazendo coisas boas? Examinem-na bre-vemente por este ponto de vista e descobrirão que ele passou uma grande parte de sua vida simplesmente fa-zendo as pessoas felizes, fazendo o bem às pessoas. Há apenas uma coisa maior que a felicidade no mundo, a saber, a santidade, e ela não está aos nossos cuidados, mas o que Deus colocou aos nossos cuidados é a felici-dade daqueles que estão ao nosso redor, e isso deve ser assegurado, em grande medida, por nossa bondade em relação a eles.

A coisa mais importante, disse alguém, que uma pessoa pode fazer por seu Pai celestial é ser benigna para com seus outros 1lhos. Eu me pergunto por que é que não somos mais bondosos. Como o mundo precisa dis-so! Quão facilmente isso é feito! Quão instantaneamente age a benignidade! Quão infalivelmente ela é lembrada! Quão superabundantemente ela se paga, pois não há de-vedor no mundo tão ilustre, tão excelentemente honrado quanto o amor. O amor nunca falha. Amor é sucesso, amor é felicidade, amor é vida. Digo, com Browning, que ele é a energia da vida.

Pois a vida, com tudo o que traz de alegria e dor

E esperança e medo,

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É apenas nossa chance de aprender a amar

Como o amor pode ser, foi e é.

Robert Browning, A Death in the Desert2

Onde está o amor, está Deus. Aquele que permane-ce no amor permanece em Deus. Deus é amor. Portanto, amem. Sem distinção, sem cálculo, sem procrastinação, amem. Concedam-no generosamente ao pobre, onde ele é muito fácil; especialmente ao rico, que geralmente pre-cisa mais dele; acima de tudo aos nossos iguais, onde é muito difícil e a quem talvez cada um de nós demonstre menos amor. Há uma diferença entre tentar agradar e sa-tisfazer. Não percam a chance de satisfazer, pois este é o triunfo incessante e anônimo de um espírito verdadeira-mente amoroso.

Passarei por este mundo somente uma vez. Qual-quer coisa boa, portanto, que eu possa fazer, ou qualquer bondade que eu possa demonstrar a qualquer ser huma-no, farei agora. Que eu não protele nem negligencie isso, pois não passarei novamente por este caminho.

Generosidade. O amor não inveja. Este é o amor em comparação com outros. Sempre que tentarem fazer uma boa obra, vocês encontrarão outras pessoas fazendo o mesmo tipo de obra e, provavelmente, fazendo melhor.

2 N. do T.

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Não tenham inveja deles. A inveja é um sentimento de desejo doentio em relação àqueles que estão na mesma linha que nós, um espírito de cobiça e detração. Quão pouco trabalho cristão é uma proteção contra um senti-mento anticristão! A mais desprezível de todas as disposi-ções indignas que cobrem a alma do cristão seguramente espera por nós no limiar de cada trabalho, a menos que sejamos fortalecidos com a graça da magnanimidade. O cristão invejoso só precisa de uma coisa, a saber, a alma grande, rica e generosa que “não inveja”.

E, então, depois de terem aprendido tudo isso, vo-cês têm que aprender mais uma coisa, a saber:

Humildade. A humildade de colocar um selo sobre os lábios e esquecer o que tiver feito. Depois de terem sido bondosos, depois que o amor tiver sido lançado no mundo e feito sua obra, voltem novamente às sombras e não falem nada sobre isso. O amor se esconde de si mes-mo. O amor abre mão até mesmo da autossatisfação. O amor não se vangloria, não é vaidoso.

O quinto ingrediente é um pouco estranho para se encontrar neste summum bonum:

Cortesia. Este é o amor em sociedade, amor em relação à etiqueta. O amor não se comporta de modo inconveniente. Os bons modos são de1nidos como amor em pequenas quantidades. A cortesia é o amor em pe-quenas coisas. E o segredo dos bons modos é o amor. O amor não pode se comportar de modo inconveniente.

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Vocês podem colocar as pessoas mais brutas na mais alta sociedade e, se elas tiverem um pouco de amor em seu coração, não se comportarão inconvenientemente. Elas simplesmente não conseguem agir assim. Carlyle disse sobre Robert Burns que não havia homem mais educado na Europa que o poeta-camponês. Isso foi dito porque ele amava todas as coisas – o rato, a margarida e todas as coisas, grandes e pequenas, que Deus tinha feito. Assim, com esse simples passaporte, ele pôde se misturar com qualquer sociedade e entrar em cortes e palácios, desde sua pequena cabana até os bancos de Ayr. Vocês conhe-cem o signi1cado da palavra “cavalheiro”. Ela signi1ca um homem educado que faz coisas educadamente, com amor. E esta é toda a sua arte e mistério. O cavalheiro não pode, pela natureza das coisas, agir de modo deseducado, grosseiro. A alma deseducada, a natureza sem considera-ção e sem compaixão não pode fazer nada além disso. O amor não se comporta de modo inconveniente.

Altruísmo. O amor não busca seus próprios interes-ses. Observem: o amor não busca sequer aquilo que é seu. Na Inglaterra, o cidadão inglês é dedicado, e corretamen-te, aos seus direitos. Mas há ocasiões em que uma pessoa pode exercer até mesmo o mais elevado direito de abrir mão de seus direitos. Apesar disso, Paulo não nos convida a abrir mão de nossos direitos. O amor vai muito mais fundo. Ele nos permite não buscá-los, ignorá-los, eliminar o elemento pessoal de nossa avaliação. Não é difícil abrir mão de nossos direitos. Geralmente eles são externos. O difícil é abrir mão de nós mesmos. Mais difícil ainda é

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