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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/CAMPUS II - ALAGOINHAS CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DIEGO QUEIROZ DE OLIVEIRA IMPACTO DAS INTERVENÇÕES DO PIBID/UNEB NO OLHAR DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL OSCAR CORDEIRO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ALAGOINHAS 2012

Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

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Diego Queiroz de Oliveira

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/CAMPUS II - ALAGOINHAS

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

DIEGO QUEIROZ DE OLIVEIRA

IMPACTO DAS INTERVENÇÕES DO PIBID/UNEB NO

OLHAR DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL OSCAR

CORDEIRO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA

ALAGOINHAS 2012

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DIEGO QUEIROZ DE OLIVEIRA

IMPACTO DAS INTERVENÇÕES DO PIBID/UNEB NO

OLHAR DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL OSCAR

CORDEIRO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Educação Física pela Universidade do Estado da Bahia, Campus II, Alagoinhas. Orientadora:Profª. Ms. Martha Benevides da Costa

ALAGOINHAS 2012

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Dedico aos meus pais, Manoel Firmo e Irenilda Queiroz. Pelo incentivo, confiança e amor em todos os passos dessa jornada. Amos vocês.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço ao criador de todas as coisas, que é a fortaleza e

maior significado da minha existência, ao Pai amado Deus. Por todas as bênçãos

concedidas serei grato eternamente a Ti. Fostes Tu que me reerguestes em cada

momento que pensei não ter forças para levantar. Sem Ti nada sou e nada teria

feito. A honra, o louvor e a glória eternamente a Ti Senhor.

Aos meus pais, Manoel Firmo e Irenilda Queiroz, pela criação, dedicação e

carinho, sendo presente em todos os momentos de alegrias e tristezas. Agradeço

pelo incentivo aos estudos e por acreditar no meu potencial. Essa conquista inicial

da minha vida dedico a vocês meus pais. Amo vocês.

Aos meus irmãos Igor e Monilla que sempre me incentivaram nas minhas

decisões e entenderam a minha ausência em momentos importantes de nossas

vidas. Agradeço pelas palavras de carinho e apoio quando as dificuldades tentavam

superar o equilíbrio. Amo vocês.

A meu amor, Thiara Santana que esteve presente nos momentos de

dificuldades e glorias dessa batalha que chega ao fim. Com o seu amor e carinho

me deu força para seguir em frente e com sua companhia fez amenizar a saudade

da família. Te amo muito.

Aos colegas de sala, obrigado pelos momentos de contribuições profissionais

e pessoais. Ao nosso grupo de todas as horas, Cíntia, Dayane, Daiara e Alani que

foram pessoas fundamentais para essa conquista. Que tudo isso possa ser apenas

o início de um futuro brilhante que nos espera. O meu eterno carinho e gratidão a

vocês.

Ao programa PIBID pela oportunidade de ter sido bolsista desse projeto,

possibilitando-me vivenciar a realidade da educação brasileira e, por conseguinte,

relatar minha experiência através do meu trabalho de conclusão de curso.

Ao Colégio Estadual Oscar Cordeiro por ter aberto as portas para nós,

discentes do curso de Educação Física, especificamente bolsistas do PIBID,

contribuindo com a nossa formação enquanto futuros profissionais da educação.

Às principais fontes da minha pesquisa, os educandos do Colégio Estadual

Oscar Cordeiro, pela participação ativa em meu trabalho através das respostas

dadas aos questionários e entrevistas.

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Aos colegas do PIBID, pelo apoio e grandes contribuições pessoais e

acadêmicas. Este trabalho tem grande parte de cada um de vocês. Em especial a

Joyce e Gilmário, pelo companheirismo e pelas contribuições importantes em todos

os momentos.

Aos amigos Renan, Jutberg e Emanuelle pelo afeto, companheirismo e

paciência na convivência desses quase 4 anos, no qual aprendemos a respeitar as

nossas individualidades e defeitos, possibilitando que nossas qualidades

sobressaíssem, contribuindo assim para uma convivência pacífica. Terei o mesmo

carinho por vocês sempre.

Agradeço a todos da Academia La Dance pela amizade e atenção. Em

especial a Sandro, por estar sempre me ajudando quando surgiam as dificuldades.

Um amigo conquistado em Alagoinhas que levarei para sempre.

Aos professores do curso de Licenciatura em Educação Física da

Universidade do Estado da Bahia, Luís Rocha, Neuber Leite, Lúria Scher, Gregório

Benfica, Mônica Benfica, Ubiratan Menezes, Alan Aquino, Cézar Leiro, Maurício

Maltez, Diana Tigre, Francisco Pitanga, Viviane Rocha, Micheli Venturini, Valter

Abrantes, Ana Simon, que dividiram suas experiências intelectuais conosco. Às

funcionarias do colegiado do curso Monalisa e Dejane. Um agradecimento mais que

especial à Martha Benevides, que apesar de, durante essa jornada não ter

licenciado em minha turma, proporcionou-me a oportunidade de participar do PIBID

e tê-la como orientadora nesse processo árduo que é a construção da monografia. O

meu muito obrigado por tudo. Pela paciência, atenção e desempenho em estar

sempre dando o máximo de você nesse trabalho.

Aos colegas do CETEP, em especial a Simone Góes e Maria José pela

oportunidade e por acreditar no meu trabalho. A experiência na escola foi muito

gratificante e fundamental para o meu crescimento pessoal e profissional. Obrigado

a todos por tudo.

Enfim, quero aqui manifestar minha imensa alegria por estar findando mais

essa etapa da minha vida. Não foi fácil, mas valeu a pena. Muito a pena. Conheci

pessoas que marcarão pra sempre minha vida, obtive experiências fundamentais

para o meu processo formativo, pessoal e profissional.

As lutas foram muitas. Sorrir, chorei, pensei em desistir, mas Deus não

deixou. Foram momentos vividos que ficarão para sempre em minha memória.

Agora não quero mais olhar para trás. Quero enxergar o futuro que me espera de

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braços abertos chamando-me para viver as inúmeras aventuras que a vida me

reserva. De uma coisa tenho certeza. Se chorei ou se sorrir, o importante é que

emoções eu vivi.

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“Vou perseguir tudo aquilo que Deus já escolheu pra mim, Posso, tudo posso Naquele que me fortalece...”

(CELINA BORGES, 2010)

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LISTA DE SIGLAS

BA - Bahia

PIBID- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

UNEB - Universidade do Estado da Bahia

ID- Iniciação à Docência

CONBRACE- Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte

CONECE- Congresso Nordeste de Ciências do Esporte

PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais

PR- Paraná

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- TOTAL DE ALUNOS: 360 (MATUTINO E VESPERTINO) 32

QUADRO 2- IDADE 33

QUADRO 3- SEXO 34

QUADRO 4- RESIDÊNCIA 34

QUADRO 5- COMO VOCÊ AVALIA SUA ESCOLA? 35

QUADRO 6- O QUE VOCÊ ACHA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA? 35

QUADRO 7- COMO VOCÊ AVALIA O SEU RELACIONAMENTO COM 36

A TURMA?

QUADRO 8- ONDE GERALMENTE ACONTECEM AS AULAS DE 36

EDUCAÇÃO FÍSICA DA SUA ESCOLA?

QUADRO 9- VOCÊ ACHA QUE É IMPORTANTE TER AS AULAS 37

DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA?

QUADRO 10- JUSTIFICATIVAS PARA A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO 37

FÍSICA

QUADRO 11- VOCÊ TEM CONTATO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA FORA 38

DA ESCOLA?

QUADRO 12- O QUE É A EDUCAÇÃO FÍSICA PARA VOCÊ? 39

QUADRO 13- COMO SÃO AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA? 40

QUADRO 14. O QUE APRENDEU COM ESSAS AULAS? 41

QUADRO 15- COMO VOCÊS ACHAM QUE DEVEM SER AS AULAS 43

DE EDUCAÇÃO FÍSICA (PROPOSTA)?

QUADRO 16- TOTAL DE ALUNOS: 321 (MATUTINO E VESPERTINO) 44

QUADRO 17- IDADE 44

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10

QUADRO 18- SEXO 45

QUADRO 19- RESIDÊNCIA 45

QUADRO 20- COMO VOCÊ AVALIA SUA ESCOLA? 45

QUADRO 21- O QUE VOCÊ ACHA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA? 46

QUADRO 22- COMO VOCÊ AVALIA O SEU RELACIONAMENTO COM 46

A TURMA?

QUADRO 23- ONDE GERALMENTE ACONTECEM AS AULAS DE 47

EDUCAÇÃO FÍSICA DA SUA ESCOLA?

QUADRO 24- VOCÊ ACHA QUE É IMPORTANTE TER AS AULAS 47

DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA?

QUADRO 25- JUSTIFICATIVAS PARA A IMPORTÂNCIA DA 48

EDUCAÇÃO FÍSICA

QUADRO 26- VOCÊ TEM CONTATO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA 48

FORA DA ESCOLA?

QUADRO 27- O QUE É A EDUCAÇÃO FÍSICA PARA VOCÊ? 49

QUADRO 28- COMO SÃO AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA? 50

QUADRO 29- O QUE APRENDEU COM ESSAS AULAS? 52

QUADRO 30- COMO VOCÊS ACHAM QUE DEVEM SER AS 53

AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (PROPOSTA)?

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objeto de pesquisa discutir a(s) concepção(ões) sobre a disciplina Educação Física entre os/as alunos do Ensino Fundamental, em uma Escola Pública de Alagoinhas/BA, a partir das intervenções do PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. O processo de construção iniciou-se com avaliação diagnóstica que aconteceu em maio de 2010. O segundo momento de avaliação com os alunos aconteceu em outubro de 2011. Utilizamos um questionário aplicado a todos os alunos e uma entrevista semiestruturada aplicada coletivamente para as turmas da escola parceira, que conta com um total de 14 turmas, divididas em dois turnos – 7 matutino e 7 vespertino. Entre as respostas do primeiro momento dos alunos, declararam-se bastante insatisfeitos quanto à estrutura física da escola, principalmente a quadra. Com relação aos conteúdos trabalhados na Educação Física, os alunos atestaram que havia apenas o futsal na quadra.No segundo momento, modificou-se o acesso dos alunos aos temas da cultura corporal. Isto representa um avanço no que se refere ao papel que tem a escola na concepção da Pedagogia Histórico-Crítica. Mas essas intervenções ainda não foram suficientes para transformar o olhar dos alunos para a Educação Física. Palavras-chave: Educação Física. PIBID. Alunos.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13

2 METODOLOGIA 18

3 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: TRAJETÓRIA,

CONCEPÇÕES E REFERÊNCIAS NO PIBID/UNEB-EF/2009

20

4 OLHAR DOS ALUNOS SOBRE EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR

26

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 32

5.1 Descrição e análise de dados colhidos em julho de 2010 32

5.2 Descrição e análise de dados colhidos em outubro de 2011 44

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 55

REFERÊNCIAS

APÊNDICE A

APÊNDICE B

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve como objeto de pesquisa discutir a(s)

concepção(ões) sobre a disciplina Educação Física entre os/as alunos do Ensino

Fundamental II em uma Escola Pública de Alagoinhas/BA, a partir das intervenções

do PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência.

Dentre as diversas abordagens que visam trabalhar a Educação Física

escolar, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foi

estruturado como uma alternativa de implantação de propostas pedagógicas que

contribuam com a melhoria da qualidade de ensino, visto que traz como objetivo

maior o incentivo à formação de professores para a Educação Básica e a melhoria

da qualidade da escola pública (BRASIL, 2010). Ressalta-se, assim, o fundamental

papel da universidade enquanto local de ensino, pesquisa e extensão, mas também

o reconhecimento da escola como espaço de produção de conhecimento no campo

educacional (PROJETO INSTITUCIONAL DO PIBID-UNEB, 2009).

No que diz respeito especificamente à Educação Física, tem sido crescente o

número de cursos e universidades que desenvolvem projetos no âmbito do PIBID.

No caso da UNEB – Campus II, o projeto vem sendo desenvolvido desde 2010 e

seus objetivos são: estabelecer diálogos entre a Universidade, as escolas, os

professores e alunos deste município; promover a aproximação do curso e dos

acadêmicos de Licenciatura em Educação Física da realidade da escola pública

alagoinhense; executar ações de formação de professores para a tematização do

eixo corpo e movimento; intervir sistemática e deliberadamente no campo da

Educação Física escolar na cidade de Alagoinhas (PROJETO INSTITUCIONAL DO

PIBID/UNEB, 2009)1. A partir da participação no referido Programa, na condição de

bolsista de Iniciação à Docência (ID), surge o desejo de compreender a concepção

dos alunos em diferentes momentos, para que possamos identificar as mudanças

que as intervenções do PIBID geraram no olhar dos alunos da escola parceira para

a Educação Física e se essas mudanças aconteceram.

1 Quando se fala em PIBID-UNEB/2009 e/ou em PIBID-UNEB/EF-2009 refere-se ao Projeto Institucional e Subprojeto da área de Educação Física aprovados no Edital CAPES/DEB 02/2009.

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A relevância da temática está no fato de fornecer elementos importantes para

futuros bolsistas do PIBID e para estudantes e profissionais da área, no que diz

respeito ao olhar dos estudantes para esse componente curricular. Dentro de outras

Universidades e cursos em que o PIBID é desenvolvido, os objetivos alcançados

vem comprovar a sua importância no processo de ensino-aprendizagem. Alguns dos

resultados encontrados na realidade de Colavolpe, et al. (S/D, s.p) foram

Ampliação das referências teóricas educacionais e das práticas pedagógicas dos estudantes PIBID. Visível crescimento pessoal /profissional dos professores em exercício antes e durante o PIBID, projetando o futuro educador das séries finais. Os alunos ampliaram a concepção de currículo e prática pedagógica e docente. Ampliação na capacidade de articular ideias embasadas em referências teóricas, fazer relatórios, artigo e projetos didáticos.

Já no PIBID da área de Matemática desenvolvido por Morales, et al. (2011)

observou-se melhoria das notas dos alunos da escola parceira nessa área de

conhecimento após as intervenções vinculadas ao referido Programa.

Outro subprojeto do PIBID, este na área de História, desenvolvido por

Cardoso (2011, p.8), tem como resultado “a tomada de consciência do papel social

do professor” por parte dos bolsistas de ID, a implementação de metodologias

inovadoras no ensino dessa área e a articulação entre ensino e pesquisa.

Numa outra reflexão, Brandt (s/d) afirma da necessidade de se analisar o

próprio PIBID e os projetos que estão sendo concretizados, a partir da experiência

da UEPG, no sentido de promover a instrumentalização para o processo reflexivo do

trabalho pedagógico que o próprio PIBID propõe, especialmente no que se refere à

indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão.

De acordo com Silva (2011), analisando o PIBID-UNEB, os bolsistas de ID,

supervisores e coordenadores identificaram que passaram a ter melhores

desempenhos depois da inserção do PIBID, uso adequado de vocabulário e

desenvolvimento de pesquisas, como produção de artigos e trabalhos de conclusão

de curso. Os estudantes de cursos de licenciaturas que são inseridos no PIBID

passaram a compreender melhor as relações dentro do processo de ensino-

aprendizagem com mais firmeza e postura na docência.

Especificamente em relação ao subprojeto da área de Educação Física, na

UNEB – Campus II, o processo iniciou-se com a construção do diagnóstico da

Educação Física na escola parceira, o que aconteceu em maio de 2010. Nesse

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momento, utilizamos um questionário aplicado a todos os alunos e uma entrevista

semiestruturada aplicada coletivamente para as turmas da escola parceira, que

conta com um total de 14 turmas, divididas em dois turnos – 7 matutino e 7

vespertino. Entre as respostas dos alunos, eles declararam-se bastante insatisfeitos

quanto à estrutura física da escola, principalmente a quadra. Com relação aos

conteúdos trabalhados na Educação Física, os alunos atestaram que havia apenas o

futsal na quadra.

O segundo momento de avaliação com os alunos aconteceu em outubro de

2011. Havia um planejamento para um terceiro momento de avaliação das

intervenções do PIBID2 para maio de 2012. Todavia, o mesmo ficou inviabilizado

devido à greve dos docentes do Estado da Bahia3.

Em relação ao diagnóstico inicialmente realizado, a exclusão das meninas

teve papel de destaque durante a entrevista, sendo a principal queixa das mesmas.

Outros conteúdos acontecem apenas nas ditas “aulas teóricas”. Para nós, a própria

separação entre teoria e prática é problemática.

Quando questionados sobre o que aprenderam nas aulas, os relatos foram:

higiene, copa do mundo, água, regras do futsal, cuidado com o corpo, exercício,

benefícios e malefícios do esporte, com maior destaque para jogar bola e a não

aprendizagem.

E, quando falamos sobre como gostariam que fossem as aulas, obtivemos

então: equilíbrio entre teoria e prática, sem mudanças, maior frequência de aulas,

interação, terem uniformes e melhoria da quadra, sendo as falas mais citadas a

necessidade de variação dos conteúdos e maior frequência de aulas práticas. É

importante destacar que a realidade encontrada nesse diagnóstico inicial foi

sistematicamente analisada nos trabalhos apresentados no CONBRACE/2011 de

Costa, et al. (2011), no CONECE/2012 de Moreira, et al. (2010) e Jesus, et al.

(2010). Essas análises fundamentaram o processo de intervenção realizado na

escola parceira, que agora propomos reanalisar a partir do olhar dos alunos.

2 Para fins desta pesquisa, considerando o tempo para sua conclusão, não mais utilizamos os dados desse terceiro momento de avaliação. Mas, o mesmo será realizado como ação do PIBID, independente desta pesquisa.

3 O principal motivo da greve é que o Governo do Estado não cumpriu a Lei Federal que regulamenta o piso salarial dos professores, segundo os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB). E a greve só irá terminar quando o reajuste de 22,22% for alcançado.

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Desta forma, verificar o impacto na Educação Física da escola parceira a

partir das intervenções do PIBID possibilita analisar as potencialidades e

dificuldades desse Programa no campo da Educação Física escolar.

Além disso, na literatura disponível sobre Educação Física Escolar, são

escassas as discussões e debates sobre o olhar dos alunos para as aulas de

Educação Física. Foi realizado levantamento bibliográfico nas revistas e congressos

disponíveis da área e foram encontrados nos Anais do XVI Congresso Brasileiro de

Ciências do Esporte-CONBRACE (1 trabalho), na Revista Motrivivência (1 artigo),

nos Anais do Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino-ENDIPE (1

trabalho), na Revista da Faculdade Mackenzie (1 artigo), nos Anais do O Congresso

Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação-CONNEPI (2 trabalhos), na Revista

Educación Física y Deportes (1 artigo), nos Anais do Congresso Norte Paranaense

de Educação Física Escolar-CONPEF (1 trabalho). Nas revistas Portuguesa de

Ciências do Desporto, Pensar a Prática, Movimento, Brasileira de Ciências do

Esporte, Brasileira de Ciência e Movimento, Conexões não foi encontrada nenhuma

produção sobre a concepção dos alunos sobre a Educação Física.

Na pesquisa de Bento e Ribeiro (2008), que buscou identificar os elementos

que levam à evasão dos alunos nas aulas de Educação Física, encontra-se que a

maioria dos alunos participam e gostam da disciplina. Os que não gostam explicam

que tem preguiça ou pelo sol. A maioria justifica suas participações atribuindo ao

prazer e por serem saudáveis. Nos aspectos apresentados pelos alunos, a relação

com a saúde se propaga com maior evidência. Os questionamentos dos alunos são

pela falta de infraestrutura e mais atenção do professor nas aulas.

Já para Caetano, et al. (2009), que discutiram a atitude dos alunos em relação

à Educação Física, apresenta a pouca importância e falta de interesse por parte dos

alunos. Os que frequentam as aulas afirmam que não tem medo e sentimento de

insegurança em relação à reprovação, devido aos conteúdos trabalhados, às

avaliações realizadas e com relação às outras disciplinas, levando apenas a

apreciação dessa área. Contudo, a presença marcante apenas do lúdico nas aulas

pode justificar a sua desvalorização. Fatores metodológicos contribuem para

negação e afastamento no processo de ensino-aprendizagem.

As pesquisas encontradas possuem determinadas ligações com o presente

trabalho, com discussões que contribuem para o enriquecimento da pesquisa.

Todavia, diante da quantidade de trabalhos produzidos sobre variados temas

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relacionados à Educação Física e poucas publicações sobre o olhar dos alunos,

ressalta-se a importância e necessidade deste estudo.

Diante disso, o problema deste estudo é qual(ais) a(s) concepção(ões) dos

alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro sobre a disciplina Educação Física antes

e depois da implantação do PIBID no contexto escolar?

Então, o objetivo geral é verificar o impacto das intervenções do PIBID no

olhar dos alunos sobre a disciplina Educação Física, posteriormente à implantação

do programa na Escola Estadual Oscar Cordeiro.

E, os objetivos específicos são:

- Identificar a realidade da Educação Física na escola antes das intervenções do

PIBID;

- Analisar a intervenção do PIBID no contexto da Escola Oscar Cordeiro;

- Averiguar a situação pedagógica da disciplina Educação Física após um período

de intervenções do PIBID na Escola Estadual Oscar Cordeiro.

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2 METODOLOGIA

Para elaboração deste trabalho, inicialmente foram feitos estudos sobre as

temáticas que envolvem essa discussão, com utilização da bibliografia já produzida

e disponível, como livros, revistas, materiais impressos e avulsos.

Este estudo buscou estudar a concepção dos alunos a partir da inserção do

PIBID dentro da comunidade escolar. Para Bauer (2010), a avaliação de impacto,

entre diversos objetivos, busca mensurar determinada intervenção, com objetivo de

verificar se houve mudanças do período inicial. Normalmente, esse tipo de estudo

acontece antes de iniciar um programa ou uma intervenção, sendo aplicado

novamente após um período (ou durante) de atividades para identificar se os

objetivos foram alcançados ou se houve mudança a partir da inserção do programa.

A coleta de dados foi realizada em etapas. A primeira etapa foi desenvolvida

no mês de julho de 2010. O segundo momento aconteceu no mês de outubro de

2011, com aplicação do mesmo questionário e entrevista aos alunos. A terceira e

última etapa da coleta estava prevista para maio de 2012. Todavia, esta ainda não

se concretizou devido à greve das escolas estaduais, como mencionamos na

Introdução.

A pesquisa foi realizada na escola parceira do PIBID/UNEB-Educação Física

2009, localizada na cidade de Alagoinhas. A cidade de Alagoinhas tem 18 escolas

estaduais. A que se constitui nosso espaço de pesquisa tem 451 alunos

matriculados, 14 (quatorze) turmas divididas em dois turnos – 7 (sete) matutino e 7

(sete) vespertino. Participaram da coleta de dados 360 alunos na primeira fase, 321

na segunda, a escola atende aos anos do ensino fundamental II, do 6º ano ao 9º

ano. A escola parceira está situada na Rua Luís Viana, 860 – Centro. É uma escola

considerada de médio porte, possui sete salas de aula, três sanitários, uma

secretaria, uma sala de professores, uma sala de arquivo, uma sala de informática,

uma quadra, um pátio, uma recepção e uma cozinha. A mesma é frequentada tanto

por alunos da zona urbana, quanto da zona rural, sendo este último menor

representado.

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Como instrumento para coleta dos dados4 foi utilizada entrevista

semiestruturada, que o pesquisador se apropria de um roteiro estruturado, que

facilita e assegura as abordagens durante a realização da mesma, deixando-o livre e

espontâneo para aqueles que tiverem vontade e conhecimento sobre o assunto

questionado, estarem respondendo, com a técnica de grupo focal (MINAYO, 2010).

Para ampliar a pesquisa, foi realizado questionário, que é um instrumento de

coletas de dados construído por uma série de perguntas e deve ser respondida por

escrito sem a presença do pesquisador e que na pesquisa qualitativa, para Minayo

(2010), tem o papel de complementaridade dos estudos. Nosso questionário foi do

tipo semiaberto. Foram aplicados a todos os alunos, deixando-os livres para

respondê-lo conforme sua vontade e interesse.

Para o tratamento dos dados desta pesquisa utilizamos a técnica de analise

do conteúdo, que permite validar as inferências dos dados encontrados. Dentro das

possibilidades disponíveis de acordo com Minayo (2010), a presente pesquisa

utilizou a análise temática, que atribui “tema” para afirmar determinado assunto, que

pode ser representado por uma palavra, uma frase ou um resumo. No primeiro

momento, foi realizada a “Pré-Análise” na escolha dos instrumentos necessários

para pesquisa; a “Leitura Flutuante”, sendo o momento do contato efetivo do

material de campo; a “Constituição de Corpus”, onde buscou-se verificar a totalidade

dos dados, se existem relevância e contribuição necessárias para os objetivos da

pesquisa; a “Formulação e reformulação de Hipóteses e Objetivos”, momento em

que foi feita a leitura profunda do material, verificando as indagações iniciais.

No segundo momento foi realizada a “Exploração do Material”, onde

aconteceram às classificações dos dados, para encontrar as categorias, reduzindo o

texto, em palavras e frases, em seguida, a contagem dos achados, por fim, a

classificação e agregação dos dados.

No terceiro momento de “Tratamento dos Resultados Obtidos e

Interpretação”, os resultados achados foram submetidos a “operações estatísticas

simples” colocando as informações em relevo e, então, realizando a inferência e

interpretação e discussão do material. O tratamento dos dados foi realizado com

auxílio do programa SPSS, que é um software aplicativo do tipo científico, versão

17.0.

4 Os instrumentos utilizados foram elaborados e testados pela equipe do PIBID-UNEB/Educação

Física 2009 no momento do diagnóstico inicial realizado na mesma escola parceira.

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3 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: TRAJETÓRIA, CONCEPÇÕES E

REFERÊNCIAS NO PIBID/UNEB-EF/2009

Com intuito de conhecer a realidade da educação física escolar, faz-se

necessário compreender os momentos históricos importantes que marcaram cada

período. Momentos esses que são compostos por métodos que são criticados e

questionados por muitos, mas ainda utilizados nos dias atuais.

No final do século XIX e início do século XX, o processo de urbanização e

industrialização no Brasil passou a exigir um “novo homem”. A atividade física

(ginástica) era vista como necessária para formar a mão-de-obra e para o

desenvolvimento dos valores morais dessa sociedade (SOARES, ET AL. 1992).

Nesse contexto, as escolas passaram a inserir a Educação Física em seus

currículos. A ginástica passou a ganhar espaço nas escolas. A Educação Física era

vista como importante para sociedade, pois com exercício físico os indivíduos

adquiriam aprimoramento e fortalecimento dos corpos. Conforme Soares (2004), foi

através do desenvolvimento da Educação Física que a ”Revolução Burguesa”

conseguiu a construção e o nascimento de uma nova sociedade, estabelecendo a

ordem e minimizando os questionamentos da população em massa.

Segundo Bolino (S/D) do período do Império ao início da República, a

Educação Física se consolida por traços militares e médicos, adotando um caráter

higienista. Neste período, essas perspectivas determinaram os procedimentos

metodológicos e práticos, a partir de suas compreensões, necessidades e interesses

da época. Nesse sentido, durante esse tempo a Educação Física foi dominada por

outras instituições, de modo que foram levados para as escolas métodos militares,

como forma de adestramento. O objetivo era preparar os jovens para defender a

nação e para o trabalho nas fábricas. As aulas eram ministradas pelos instrutores do

próprio exército.

A concepção da Educação Física higienista na sociedade buscava livrar de

doenças infecciosas e de certos vícios existentes atribuídos como responsáveis pela

vida insalubre dos trabalhadores. O centro das atenções era aquisição da saúde por

parte da sociedade. Nas escolas, objetivava-se o desenvolvimento de boas

maneiras, através de hábitos higiênicos e atividades sanitárias (BOLINO, S/D).

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Após a Segunda Guerra Mundial, período que coincide com o fim da ditadura

do Estado Novo no Brasil, surgiu neste momento diversas tendências, todas em

busca de destaque e consolidação dentro do espaço escolar. Entre as tendências, o

processo de esportivização das aulas de Educação Física nas escolas foi que

passou a ocupar maior espaço. De acordo com o Soares, et al. (1992), com esse

movimento, o esporte passou a utilizar do espaço escolar e dos alunos, buscando

fortalecer o cenário nacional, a partir da perspectiva da competição, alto rendimento,

regulamentação das regras de forma rígida, a técnica pela técnica, demonstrando

aos alunos o sucesso do esporte como forma de alcançar vitórias. A Educação

Física assumiu um caráter tecnicista. O professor passou a desenvolver o papel de

instrutor e treinador nas aulas de Educação Física. É dentro deste contexto que

surge a separação de gênero nas aulas, que acontece em algumas realidades

escolares até os dias atuais.

Esse movimento se intensificou nas décadas de 1960 e 1970, quando a

Educação Física escolar passou a ser “o caça talentos” para o esporte de alto

desempenho. Pode-se observar que ainda hoje nas aulas de Educação Física

encontramos movimentos típicos desta concepção (MONTEIRO, 2009).

De acordo com o PCN (1997), a partir da década de 1980, esses resultados

começaram a ser questionados, pois mesmo com o processo de esportivização no

ambiente escolar o país não virou uma nação olímpica e as competições esportivas

de ponta não aumentaram a quantidade de praticantes de esportes.

De acordo com Soares, et al (1992), nesse período surgiram “Os Movimentos

Renovadores” na Educação Física. De acordo com Darido (2003), na busca de

romper com os modelos tradicionais, surgem várias abordagens, algumas com

enfoque mais Psicológico (Psicomotricista, Desenvolvimentista, Construtivista e

Jogos Cooperativos), outras com enfoque mais sociológico e político (Crítico-

superadora, Crítico-emancipatória, Cultural, Sistêmica, e baseada nos PCNs), e

também biológico, como a da Saúde Renovada.

Nessas referências, diversos elementos contemplam o campo de atuação do

professor de Educação Física, que hoje trata dos temas da cultura corporal, dentre

eles temos o esporte, as lutas, os jogos, as danças e outros. Para Melo (2006), o

trato com as diversas possibilidades de conhecimento dentro da escola não deve

estar atrelada apenas à técnica apurada da atividade, ao simples fato de saber

Page 22: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

22

fazer, mas embasado de conhecimentos críticos, capazes de criar, mudar o

tradicional, possibilitando ao aluno a capacidade crítico-reflexiva.

Para o PCN (1998), a Educação Física escolar tem a capacidade de

oportunizar todos os alunos desenvolver suas habilidades, de maneira igualitária,

sem segregação, buscando o desenvolvimento humano. Portanto, para Martins e

Fensterseifer (2009), é papel da Educação Física escolar, promover a inserção de

todos os alunos nas diversas práticas da cultura corporal, com artifícios suficientes

para compreendê-la criticamente.

Desta forma, para Betti e Zuliani (2002, p. 80)

[...] Educação Física e seus professores precisam fundamentar-se teoricamente para justificar à comunidade escolar e à própria sociedade o que já sabem fazer, e, estreitando as relações entre teoria e prática pedagógica, inovar, quer dizer, experimentar novos modelos, estratégias, metodologias, conteúdos, para que a Educação Física siga contribuindo para a formação integral das crianças e jovens e para a apropriação crítica da cultura contemporânea.

A Educação Física, através dos conhecimentos que lhe são pertinentes,

poderá construir elementos de transformação do indivíduo e do coletivo,

promovendo ações éticas de solidariedade e de cooperação (DARIDO; RANGEL,

2011).

Apesar disto, muitos espaços escolares, ainda hoje, tem atribuído à disciplina

Educação Física o papel de desenvolver “atividades”, como uma simples realizadora

de “tarefas”, levando a uma contradição, pois entre vários motivos, a escola frente

aos papéis sociais, enquanto criadora e reprodutora do saber sistematizado, não

deveria atribuir esses valores a qualquer disciplina.

E, além disso, a Educação Física escolar encontra-se ainda sem o

reconhecimento necessário no âmbito das políticas educacionais e das

comunidades escolares. Isso fica claro quando a legislação torna a Educação Física

de caráter facultativo aos alunos que tem jornada de trabalho igual ou superior a seis

horas; mais de trinta anos de idade; que estiverem prestando serviço militar; que

tenham prole. Todavia, não é encontrado nada parecido em outras disciplinas do

currículo, demonstrando a desvalorização atribuída à Educação física pelas escolas

e oficializando a negação dos conhecimentos da cultura corporal para parte da

comunidade escolar.

Page 23: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

23

Mas é preciso entender que a própria desvalorização da Educação Física no

currículo escolar também se constitui historicamente. Quando os questionamentos

sobre a Educação Física higienista, militarista e tecnicista emergiram na década de

1980, a própria Educação escolar tornou-se mais participativa e democrática. Já não

cabia mais a Educação Física de antes. Todavia, no próprio campo da prática

pedagógica, era/é grande a dificuldade dos professores de Educação Física

justificarem/legitimarem sua presença na escola (SOARES, ET AL. 1992).

Assim, diversos questionamentos surgem a cada instante, dentre eles: o que

tem sido ensinado? E o que tem sido aprendido no espaço escolar? É preciso

entender que o processo de ensino e aprendizagem da Educação Física na escola

deve contemplar alguns aspectos, é preciso ser algo intencional, dirigido, planejado

e não de qualquer forma, espontâneo ou improvisado. Assim, para desenvolver uma

didática dos conhecimentos da Educação Física é preciso:

Assimilar a necessidade de sistematização dos seus conteúdos para possibilitarmos uma aprendizagem mais ampla e plural, pois os alunos não se apropriam de um conhecimento específico em uma única aula, uma vez que a aprendizagem é um processo gradativo (MELO, 2006, p. 189).

Entretanto, em nosso cenário atual, as mudanças tem ocorrido em diversas

realidades. Porém, nossas escolas ainda têm professores de Educação Física com

formação tradicional, como também professores com formação em outras áreas

ministrando a disciplina Educação Física. Para Fernandes (2009), estamos diante de

lacunas entre pressupostos teóricos e práticos pedagógicos dentro das escolas.

Como possibilidades de mudança dessa realidade, destaca-se a ideia dos órgãos

superiores, como as secretarias estaduais e municipais de educação, promoverem

diversos cursos de formação continuada nas redes de ensino.

Um desses programas de formação, que tenta articular tanto a formação

inicial quanto à formação continuada, para Silva (2011), é o PIBID. Trata-se de uma

possibilidade de mudança na dinâmica de os estudantes de licenciaturas

organizarem e se apropriarem dos saberes referentes as práticas pedagógicas para

as comunidades escolares, que consequentemente, podem desenvolver mudanças

nas próprias escolas, como também nos profissionais das realidades em que o

Programa está inserido. Esse Programa envolve também professores das

Universidades na condição de coordenadores de área e dos professores das

Page 24: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

24

Escolas Básicas como supervisores, possibilitando o diálogo direto entre as escolas

e universidades com a troca de experiências e conhecimentos. Essa relação só

acontecia antes nos estágios obrigatórios, que é feito com curto tempo nas unidades

escolares.

No campo da Educação Física, no PIBID-UNEB/Educação Física 2009, o

trato com essa área do conhecimento foi pensado a partir da Pedagogia Histórico-

Crítica e da concepção Crítico-Superadora nela baseada. Esse projeto discute um

pouco da história da Educação Física para explicar a secundarização da Educação

Física no âmbito escolar e apontar os elementos necessários para legitimá-la na

escola, entendendo que isto se dá com a determinação de conteúdos específicos

(cultura corporal) e de objetivos pedagógicos próprios. O projeto aponta, ainda, que

apesar de tal clareza, a produção acadêmica não chega à escola. Assim, é preciso

criar mecanismos de aproximação Universidade-escola e de fazer com que os

futuros professores conheçam o “chão da escola”. Com tais objetivos, o projeto

busca, também, intenciona legitimar a Educação Física na escola parceira.

Como já dito, tomou-se por base a Pedagogia Histórico-crítica. Nessas

referências, para Saviani (2008) é papel da educação escolar promover o acesso ao

saber elaborado e sistematizado através de ações que promovam a transmissão e

apropriação dos conteúdos pertinentes a cada área do conhecimento. A Pedagogia

Histórico-crítica busca compreender a educação, a escola e o conhecimento com

base no seu processo histórico. Além disso, o fazer pedagógico é pensando a partir

da unidade entre a teoria e prática.

Para desenvolver a materialidade da ação pedagógica três dificuldades são

colocadas como desafios. A primeira é “ausência de um sistema de educação”

(SAVIANI, 2008, p.108) que possibilite o pleno desenvolvimento de uma pedagogia

crítica. A segunda é “a questão material da organização do sistema e das escolas”

(SAVIANI, 2008, p.117). A terceira é a “descontinuidade”, das políticas educacionais,

de modo que não se alcança os objetivos propostos pelo sistema educacional

(SAVIANI, 2008).

De acordo com Gasparin (2009), as diversas mudanças que estão ocorrendo

na sociedade em termos tecnológicos parecem que são capazes de substituir o

professor. Entretanto, em relação ao processo didático-pedagógico e político deve

utilizar desses mecanismos para auxiliar e não substituir os professores. Dentro das

escolas tradicionais os alunos estudavam com intuito de tirar apenas boas notas.

Page 25: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

25

Todavia, o objetivo agora é que as escolas se desenvolvam de acordo com o

momento atual da sociedade, com professores e alunos possam descobrir e

desenvolver cada conteúdo relacionando as necessidades sociais.

Didaticamente, a Pedagogia Histórico-crítica propõe cinco momentos distintos

no desenvolvimento da ação pedagógica. No primeiro momento, a “Prática Social

Inicial”, o aluno apresenta seu conhecimento sobre o assunto e expressa o que

gostaria de aprender mais sobre o assunto. O segundo momento, a

“Problematização“ acontece a partir dos questionamentos encontrados na prática.

No terceiro momento, a “Instrumentalização”, o conteúdo é trabalhado de forma

sistematizada, respondendo as questões que surgiram durante a problematização.

No quarto momento, a “Catarse”, o aluno apresenta a síntese de sua aprendizagem.

No quinto momento, “Prática Social Final do Conteúdo” que é o retorno ao momento

inicial diferenciado, com uma nova postura, por ter aprendido novos conteúdos e

sistematizado o conhecimento inicialmente sincrético (GASPARIN, 2009).

Dentro da perspectiva da cultura corporal na Educação Física, entende-se

que ela “busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de

representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história,

exteriorizadas pela expressão corporal” (SOARES, ET AL. 1992, p. 26). Dessa

forma, as lutas, os jogos, a ginástica, a dança, o esporte, a mímica, as acrobacias e

outros são os conhecimentos que se constituem os conteúdos da Educação Física.

Estes devem ser trabalhados desde a identificação de como se apresentam na

realidade até o aprofundamento sobre os mesmo, em suas diversas dimensões,

como propõem Soares, et al. (1992) e Gasparin (2009).

Page 26: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

26

4 OLHAR DOS ALUNOS SOBRE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

De acordo com Soares, et al. (1992, p. 28)

A expectativa da Educação Física escolar, que tem como objeto a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos - a emancipação -, negando a dominação e submissão do homem pelo homem.

Nessa referência, a educação física escolar deve tratar de conhecimentos que

sejam significativos para os alunos, “sobre a importância da sua prática e o que esta

contribui para a vida do indivíduo. É preciso que os nossos alunos compreendam a

sua importância, para que possamos formar cidadãos autônomos, participativos e

críticos” (SOUSA; DANIEL, 2010a, p. 1).

Na pesquisa de Souza e Daniel (2010a), sobre a “Importância da Educação

Física Escolar na Visão dos Alunos de uma Escola Pública”, realizadas com

escolares do Ensino Médio, os motivos que levaram os alunos a reconhecerem a

Educação Física como importante foram relacionadas à promoção da saúde e

beleza. Observa-se que o imaginário dos alunos vincula-se às concepções de

Educação Física com viés biologicista que as proposições atuais tentam superar.

Nesse sentindo, os autores dizem que as aulas de Educação Física não devem

apenas se limitar sobre esse indicador.

Na mesma pesquisa, os alunos que disseram não participar da Educação

Física, colocaram como motivos não gostar da disciplina e achar que é perda de

tempo. Os alunos que participam das aulas, disseram que fazem porque gostam,

porque a disciplina é obrigatória e faz parte do currículo escolar, para adquirir boas

notas e por terem habilidades. Observa-se que nesta realidade as atividades

práticas são destinadas apenas para os que possuem bons desempenhos e aqueles

que não participam das aulas ficam à margem e não existem estratégias

metodológicas para a aproximação e motivação desses alunos, consequentemente,

aumentando o afastamento e desmotivação dos mesmos.

Page 27: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

27

Para os alunos desta realidade escolar, se eles pudessem, mudaria o horário

que acontecem às aulas, para o turno normal de aula, pois elas são realizadas no

turno oposto, dificultando para os que moram na zona rural ou precisam trabalhar.

Para os estudantes também mudariam os locais em que acontecem as aulas e a

infraestrutura.

Os autores identificam que para que aconteçam as mudanças é necessário

que a escola dê o real valor à disciplina, pois até mesmo a direção e os professores

das outras disciplinas entendem que cabe à Educação Física simplesmente

promover diversão e lazer. Além disso, a escola deveria garantir boas condições

estruturais e materiais pedagógicos para melhor desenvolver as aulas. Entretanto,

segundo os autores, para que tais mudanças aconteçam é necessário não esperar

apenas da escola. É preciso usar criatividade no planejar e executar as aulas, usar e

adaptar melhor os espaços disponíveis, confeccionar materiais com os alunos para

utilizar nas aulas, entre outras possibilidades.

Todavia, considerando as afirmações feitas no capítulo anterior, vê-se que

não basta o professor ser criativo. É preciso, também, que suas ações pedagógicas

sejam fundamentadas e que ele se aproprie de tal fundamentação para justificar a

presença da Educação Física na escola.

Nesse mesmo estudo, em relação ao nível de participação em gênero, tem

uma maior participação dos meninos. De acordo com as meninas que não

participam por falta de habilidade e por não gostar das atividades. Entretanto, é

papel da educação promover um efetivo acesso de todos os alunos sem

desigualdade em nenhuma atividade promovida pelos professores, respeitando e

criando situações para minimizar as diferenças existentes.

Segundo Fonseca Filho, et al. (2011) em um outro estudo sobre a “Percepção

dos Alunos de uma Escola Pública em Relação às Aulas de Educação Física”,

realizado com estudantes de idade variadas, entre 7 (sete) e 14 (quatorze) anos,

quando os alunos foram questionados se consideram importantes as aulas de

Educação Física, “é possível perceber que uma boa parte dos alunos associam as

aulas de Educação Física a momentos livres, onde há uma quebra da rotina normal

das aulas”(FONSECA FILHO, ET AL. 2011, p.8). Percebemos que os alunos

utilizam, nesta realidade escolar, do momento das aulas de Educação Física com

um lazer ou diversão, um fazer pelo fazer. Mas, para os autores, “[...] a Educação

Física pode e deve utilizar do processo lúdico para empreender suas estratégias de

Page 28: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

28

ensino, sem que isso torne o único objetivo ou conteúdo da aula.” (FONSECA

FILHO, ET AL. 2011, p. 8). Isto fica claro no próprio debate do PCN (1997), de

Darido (2003) e Soares, et al. (1992), que dizem que a Educação Física deve tratar

de maneira intencional e sistemática dos temas da cultural corporal, possibilitando o

desenvolvimento crítico-reflexivo sobre os mesmo.

Nessa realidade, gostar das aulas está associado à quebra de rotina, do

normal, estabelecendo uma ideia de liberdade, de fuga. Quando questionados sobre

o que precisa para melhorar na Educação Física, a grande maioria identificou falta

de infraestrutura, falta de material pedagógico, a falta de espaço adequado e

equipado, o que faz enorme diferença no processo ensino-aprendizagem. Os alunos

solicitaram a realização de outras atividades (FONSECA FILHO, ET AL. 2011).

Para Fonseca Filho, et al. (2011), mesmo os alunos identificando as aulas de

Educação Física com capacidade apenas de promover a diversão e descontração,

eles veem a disciplina como importante para sua formação. Ainda segundo Fonseca

Filho et al. (2011, p. 11),

Foi possível, também, observar que eles sentem falta de uma melhor estrutura física para a realização das aulas, [...] o fator surpreendente, mesmo com as dificuldades encontradas pelos alunos, eles ainda têm preferência pela Educação física em relação às demais disciplinas.

Ou seja, mesmo com as dificuldades relatadas, os alunos preferem as aulas

de educação física, por proporcionar um momento diferente das demais, espaço

propício à criação, causando expectativas e satisfação nos alunos. Isto não significa,

no entanto, que a aprendizagem está sendo garantida.

O estudo feito por Carneiro (2006), realizado com estudantes do ensino

fundamental da rede pública de São Gonçalo, de 7ª e 8ª séries, buscou conhecer o

olhar dos alunos sobre a Educação Física escolar. Quando os estudantes foram

questionados se gostam da educação física na escola, os achados foram “[...] a

relação utilidade aparece de forma bem diluída. Ou seja, o que motiva a participação

dos alunos nas aulas de Educação Física é o gosto, é o prazer em participar”

(CARNEIRO, 2006, s/p). Nessa realidade as aulas estão representadas como um

momento de descontração e de lazer, como também, um momento de socialização.

Quando Carneiro (2006, s/p) questionou os alunos sobre o que a Educação

Física significa para eles, “Observou-se aí que os alunos relacionam o significado da

Page 29: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

29

Educação Física com a estética”. Em relação ao que leva a ter prazer nas aulas, os

alunos solicitaram mais diversificação, com inserção de outros jogos, assim,

percebe-se que as aulas são realizadas na base da improvisação. Os próprios

alunos identificam que falta aos professores domínio e didática para realização das

aulas. Sugerem ainda mais tempo para o futebol e direitos iguais para meninos e

meninas. Pelas respostas dos alunos, o autor identifica que não se vê diferenças

entre exercícios para treino de esportes e as aulas de Educação Física na escola,

levando a entender que são aulas com treinos técnicos e táticos de modalidades

esportivas.

Nessa realidade, os alunos estabelecem as aulas com momentos de prazer,

lazer, práticas esportivas, alegrias, de reposição de energia para as outras

disciplinas, deixando-os mais relaxados, como também exercício para o corpo e

mente. No capítulo anterior, Melo (2006) identifica que as aulas de Educação Física

não devem estar atreladas ao simples fato de saber fazer gestos mecânicos, é

necessário que o professor desenvolva no aluno a capacidade de torná-lo crítico-

reflexivo em todas as suas ações. Todavia, parece que nessas realidades a

Educação Física não se concretiza desse modo e isto favorece sua desvalorização.

Outra pesquisa realizada por Bento e Ribeiro (2008), identificou-se que as

influências das aulas no cotidiano dos alunos de 5ª a 8ª série na Escola Municipal de

Indianópolis, estão relacionadas, em sua maioria, aos aspectos de abordagens à

saúde, com a mídia assumindo papel importante de divulgação da estética e da boa

forma. O aspecto biologicista está enraizado nessa realidade escolar.

Outros achados importantes encontrados em Bento e Ribeiro (2008), 96% dos

alunos afirmam gostarem da disciplina Educação Física, representando a maioria

dos alunos. Entretanto, 15% não participam das aulas, justificando isto com

condições serem precárias do espaço escolar. Dos que não participam, a maioria

afirma ser o sol que atrapalha, e o restante tem preguiça para realizar as atividades.

Os alunos sugeriram para uma melhor aula, acima de tudo, melhor infraestrutura,

seguido de mais atenção dos professores, diversidade nas aulas e mais iniciativa

dos próprios alunos.

Outra pesquisa, de Daniel e Sousa (2010b, p.5), buscou compreender a

“Percepção das Aulas de Educação Física na Visão de Alunos da Rede Pública de

Juazeiro do Norte – Ceará” e concluíram que,

Page 30: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

30

[...] as aulas de Educação Física foram consideradas “ótimas” pela maioria dos alunos e que o principal motivo da participação nas aulas foi o professor. O principal objetivo da Educação Física na visão do aluno foi a promoção da saúde. Também considerou que as aulas não estão sendo desenvolvidas como deveriam e dentre as várias modificações que devem ser realizadas estão: a mudança dos horários, o melhoramento da estrutura da escola e melhores condições para os locais das aulas.

Como em outras pesquisas já apresentadas, a presença da Educação Física

biologicista vem se destacando nos ambientes escolares e no modo como os

estudantes a concebem.

Na pesquisa de Martinelli, et al. (2006), com alunas do Ensino Médio de uma

realidade escolar da Rede Particular de Ensino de São Paulo, objetivou-se discutir o

relato de 15 alunas que não gostam de participar das aulas de Educação Física. Isto

se deve aos conteúdos programáticos trabalhados nas aulas e às atividades, entre

as quais predomina sempre o vôlei, basquete, handebol e futebol, apresentados

apenas em forma de jogo. Desta forma, as alunas se sentem desinteressadas, por

não acontecer a vivência de outras atividades e a falta de explorar outras técnicas

que serve de base para as modalidades. Nesse aspecto, as aulas são limitadas

apenas à realização de jogos pré-desportivos, com aulas repetitivas e monótonas.

Nessa realidade, as alunas que afirmaram participar fazem-no pelo professor

obrigar, com medo de não tirar boas nota e de receber falta. Outras alunas que não

participam, afirmam que não possuem habilidades nas atividades realizadas. Nota-

se que por ser obrigatório, acontece o afastamento das alunas.

Na mesma pesquisa, quando as alunas foram questionadas sobre quais

atividades elas teriam vontade que fossem abordadas nas aulas, foram sugeridos:

“ginástica, atletismo, ginástica olímpica, dança, natação e yoga” (MARTINELLI, ET

AL. 2006, p. 17). Assim, se as alunas tivessem a possibilidade de expressar seus

interesses, participariam mais.

Na mesma pesquisa, algumas alunas afirmam não ter boa relação com a

professora, que, para elas, a professora não sabe entreter e manter a atenção dos

alunos. Sabe-se que no processo de ensino aprendizagem as relações interpessoais

entre professor e aluno são importantes para o bom andamento das aulas.

Entretanto, nesta realidade aconteceu pouca influência nos resultados. As alunas

querem participar da Educação Física com intuito de manter a boa forma e adquirir

hábitos saudáveis. Entretanto, relatam que isto não acontece, porque não sentem

vontade de fazer a aula.

Page 31: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

31

Dento do estudo feito por Caetano, et al. (2009), com estudantes do 8º e 9º

ano do Ensino Fundamental, de escolas particulares do município de Paracambi –

Rio de Janeiro, que buscou discutir as atitudes dos alunos mediante a Educação

Física, os resultados foram que a disciplina não é importante para o currículo da

escola e há baixo interesse sobre a mesma.

Na mesma realidade, aparece outro dado importante, os alunos remetem as

aulas de Educação Física como uma sensação de “fuga”, apresentando mais uma

vez uma visão equivocada de recreação e esportes. Para Caetano, et al. (2009) a

situação encontrada deve-se ao professor utilizar planejamentos e metodologias

insuficientes para favorecer construção de aulas com organização e elaboração

garantindo efetiva participação com satisfação dos alunos.

Resultados semelhantes foram encontrados na pesquisa de Souza e Silva

(2009) discutiu a representação dos alunos com relação às aulas de Educação

Física em 8ª séries do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Marechal Rondon

de Campo Mourão – PR.

O que se pode observar nas pesquisas apresentadas é que o olhar dos

alunos acontece sobre a Educação Física como um momento de descontração,

lazer e diversão, utilizando deste momento para tirar a tensão causada pelas outras

disciplinas. Muitos alunos demonstram que nas aulas acontece o fazer aleatório.

Ainda se percebe a relação com a saúde e com a realização das práticas esportivas.

Esses olhares permanecem mesmo com uma série de proposições diferenciadas

para Educação Física. Aumenta a importância de propor práticas inovadoras e

avaliar se elas alcançam os resultados que propõem.

Page 32: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

32

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Como já descrito no tópico da metodologia, a coleta de dados se deu em dois

momentos (julho de 2010 e outubro de 2011). No primeiro momento, a atividade fez

parte do diagnóstico inicial que a equipe do PIBID/UNEB-Educação Física construiu

da realidade da escola. No segundo momento, tratou-se de uma ação avaliativa

pensada pelo projeto, mas também efetivada para fins desta pesquisa. Os dados

serão aqui descritos e analisados separadamente e, em seguida, tratarei de

comparar as concepções de Educação Física dos alunos nos dois momentos. As

categorias de análise serão constituídas a partir dos próprios dados,

especificamente do que cada questão do questionário e da entrevista buscou saber.

5.1 Descrição e análise de dados colhidos em julho de 2010

QUADRO 1- TOTAL DE ALUNOS: 360 (MATUTINO E VESPERTINO)

Quadr

Idade Sexo

Residên-

cia

Questão

1

Questão

2

Questão

3

Questão

4

Questão

5

Questão

6

Questão

7

Validos 359 360 360 360 360 360 360 360 356 360

Inválidos 1 0 0 0 0 0 0 0 4 0

Como se vê no Quadro 1, 360 alunos participaram da coleta de dados

respondendo a quase todas as questões do questionário.

Page 33: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

33

QUADRO 2- IDADE

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Validos 9 1 ,3 ,3 ,3

10 16 4,4 4,5 4,7

11 39 10,8 10,9 15,6

12 47 13,1 13,1 28,7

13 54 15,0 15,0 43,7

14 81 22,5 22,6 66,3

15 61 16,9 17,0 83,3

16 39 10,8 10,9 94,2

17 17 4,7 4,7 98,9

18 2 ,6 ,6 99,4

19 1 ,3 ,3 99,7

20 1 ,3 ,3 100,0

Total 359 99,7 100,0

Inválidos System 1 ,3

Total 360 100,0

No Quadro 2, vê-se que as idades dos alunos que participaram da coleta dos

dados, varia entre 9 aos 20 anos, com maior representação entre 12 aos 15 anos.

Page 34: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

34

QUADRO 3- SEXO

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Validos Feminino 184 51,1 51,1 51,1

Masculino 176 48,9 48,9 100,0

Total 360 100,0 100,0

Como se vê no Quadro 3, os questionários foram respondidos por 184

meninas e 176 meninas.

QUADRO 4- RESIDÊNCIA

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Validos 16 4,4 4,4 4,4

Zona Rural 100 27,8 27,8 32,2

Zona Urbana 244 67,8 67,8 100,0

Total 360 100,0 100,0

Como se vê no Quadro 4, os alunos residem na Zona Rural e Zona Urbana,

com predominância de residentes na Zona Urbana.

Page 35: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

35

QUADRO 5- COMO VOCÊ AVALIA SUA ESCOLA?

No quadro 5, vê-se que a maioria dos alunos considera a escola boa.

QUADRO 6- O QUE VOCÊ ACHA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Validos Ruim 19 5,3 5,3 5,3

Razoável 53 14,7 14,7 20,0

Boa 108 30,0 30,0 50,0

Ótima 180 50,0 50,0 100,0

Total 360 100,0 100,0

Como se vê no Quadro 6, as aulas de Educação Física são consideradas

ótimas pela maioria dos alunos. Esse dado se aproxima das pesquisas

apresentadas no capítulo anterior.

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Validos Ruim 15 4,2 4,2 4,2

Razoável 87 24,2 24,2 28,3

Boa 137 38,1 38,1 66,4

Ótima 121 33,6 33,6 100,0

Total 360 100,0 100,0

Page 36: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

36

QUADRO 7- COMO VOCÊ AVALIA O SEU RELACIONAMENTO COM A TURMA?

No presente Quadro 7, vê-se que a maioria dos alunos considera boa a

relação com os colegas.

QUADRO 8- ONDE GERALMENTE ACONTECEM AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA SUA

ESCOLA?

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Valido Quadra 88 24,4 24,4 24,4

Sala de Aula 140 38,9 38,9 63,3

Quadra e Sala

de Aula 132 36,7 36,7 100,0

Total 360 100,0 100,0

Como se vê no quadro 8, as aulas de Educação Física são realizadas em

maioria na sala de aula, o que pode sugerir uma separação entre teoria e prática.

Para Saviani (2008), a ação pedagógica deve ser pensada a partir da teoria e

a prática. Portanto, as aulas de Educação Física no ambiente escolar deve

proporcionar aos alunos ações pedagógicas tornando-os críticos-reflexivos, em

qualquer espaço que esteja acontecendo as aulas.

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Validos Ruim 18 5,0 5,0 5,0

Razoável 117 32,5 32,5 37,5

Boa 145 40,3 40,3 77,8

Ótima 80 22,2 22,2 100,0

Total 360 100,0 100,0

Page 37: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

37

QUADRO 9- VOCÊ ACHA QUE É IMPORTANTE TER AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA

ESCOLA?

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Sim 347 96,4 96,4 96,4

Não 13 3,6 3,6 100,0

Total 360 100,0 100,0

Como se vê no Quadro 9, 96,4% afirmaram que é importante ter aulas de

Educação Física. Esses dados também se aproximam das pesquisas de Sousa e

Daniel (2010a), Fonseca Filho, et al. (2011) e Bento e Ribeiro (2008). Mas, nas

pesquisas consultadas, isto se deve à diversão e fuga que a aula de Educação

Física proporciona. Assim, é preciso saber com base em que os alunos aqui

pesquisados constroem tal importância.

QUADRO 10- JUSTIFICATIVAS PARA A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA:

SAÚDE BELEZA

PRATICA

ESPORTIVA LAZER

JOGOS E

BRINCADEIRAS DANÇA

VALIDOS 229 51 221 103 123 31

INVÁLIDOS 3 0 0 0 0 0

Obs: A soma dos resultados não pode dar 100% pois nesse quesito os alunos marcaram mais de

uma opção.

No Quadro 10, os alunos que justificaram como importante existir aulas de

Educação Física no ambiente escolar, apresentaram neste quesito suas

justificativas. As justificativas foram relacionadas à saúde e prática esportiva de

modo mais significativo.

Em relação à saúde, identificamos um olhar dos alunos à concepção da

Educação Física Higienista. De acordo com Bolino (S/D) esse viés tinha como

objetivo livrar sociedade de doenças infecciosas e de certos vícios existentes, o

centro das atenções era aquisição da saúde por parte da sociedade, nas escolas,

Page 38: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

38

tinha o papel de educar os alunos às boas maneiras, através de hábitos higiênicos e

atividades sanitárias.

Já para as práticas esportivas, apresenta um caráter de aulas de Educação

Física Tecnicistas. Para Soares, et al. (1992), com esse movimento, o esporte

passou a ser tratado na perspectiva da competição, alto rendimento,

regulamentação das regras de forma rígida, a técnica pela técnica.

Em outra pesquisa já citada, de Souza e Daniel (2010a), os motivos que

levaram os alunos a reconhecerem a Educação Física como importante foram

relacionadas à promoção da saúde e beleza. Vê-se que a beleza também aparece

no Quadro 10. Portanto, os motivos que levam os alunos pesquisados a conferir

importância à Educação Física não se diferenciam das pesquisas de outros

estudiosos.

No Quadro 10 aparecem, também, os jogos e brincadeiras. Estes, na

pesquisa de Martinelli et al. (2006) são motivos dos desinteresses das alunas pelas

aulas.

Obs: Se os alunos responderem que Sim, devem descrever qual atividade faz. A maioria

respondeu: Futebol, Vôlei, Capoeira, Ciclismo, Box, Dança, Baleado, etc.

Como se vê no Quadro 11, os alunos afirmam que tem contato com Educação

Física fora da escola. Na descrição dos alunos é notória a presença da

esportivização. Vê-se que o contato com os temas da Educação Física fora da

escola se dá devido à presença intensa e cotidiana do fenômeno esportivo na

sociedade atual, na qual ele se apresenta como mercadoria e negócio. Assim, pode-

se inferir que o olhar dos alunos para a Educação Física se constitui a partir do

cotidiano e não só a partir do que tem contato na escola.

QUADRO 11- VOCÊ TEM CONTATO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA FORA DA ESCOLA?

Frequência

Porcentage

m

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Validos Sim 239 66,4 66,4 66,4

Não 121 33,6 33,6 100,0

Total 360 100,0 100,0

Page 39: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

39

QUADRO 12- O QUE É A EDUCAÇÃO FÍSICA PARA VOCÊ?

Categoria Falas mais frequente Frequência

O que é a Educação

Física para você?

Exercício 12

Esporte 10

Lazer 5

Brincadeira 3

Educação 1

Beleza 2

Auto-estima 1

Atividade 1

Saúde 3

No Quadro 12, em relação o que é Educação Física para os alunos, os

resultados são Exercício, Esporte, Lazer e Saúde. Esses resultados afirmam os

achados do Quadro 10 das aulas de Educação Física com vieses nas concepções

Higienista e Tecnicista. Mas também se aproxima dos elementos que os alunos tem

contato fora da escola, na vida cotidiana, onde estabelecem conhecimentos

sincréticos para os fenômenos da vida social, como coloca Gasparin (2009).

Em outras realidades, como na pesquisa de Carneiro (2006), os alunos

estabelecem as aulas com momentos de prazer, lazer, práticas esportivas, alegrias,

de reposição de energia para as outras disciplinas, deixando mais relaxados, como

também exercício para o corpo e mente.

Na pesquisa de Souza e Silva (2009) foi identificado que as aulas de

Educação Física estão relacionadas com aspectos direcionados ao prazer e o lazer.

Mas, para os alunos as aulas não tem muito significado.

Conclui-se que as realidades escolares pesquisadas por outros autores

retratam o mesmo cenário encontrado inicialmente na escola pesquisada. As aulas

de Educação Física são expressas com práticas esportivas. O problema não é

desenvolver o esporte na escola. O problema é a forma como tem sido trabalhado o

Page 40: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

40

esporte. O grande desafio é desenvolver outros conteúdos da cultura corporal e não

apenas o esporte e fazê-lo de modo a ampliar e sistematizar a experiência com

esses temas (SOARES, ET AL. 1992).

QUADRO 13- COMO SÃO AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?

Categoria Falas mais frequente Frequência

Como são as aulas de

Educação Física?

Ótimo 1

Ruim 3

Razoável 1

Exclusão das meninas 13

Boa 1

Esporte 3

Brincadeira 2

Mais teoria que prática 16

Interação 1

Como se vê no Quadro 13, em relação a como são as aulas de Educação

Física, destacam-se a ideia de que as mesmas são mais teóricas que práticas e de

que as meninas são excluídas.

Isto confirma o Quadro 8, quando os alunos identificam que as aulas

acontecem apenas na sala de aula. Alguns questionamentos surgem com intuito de

ampliar a reflexão: só é aula de Educação Física quando está na quadra? Outros

espaços não são utilizados? A própria sala de sala não é espaço para aula de

Educação Física?

Para Saviani (2008), a ação pedagógica deve ser teórico-prática e é também

assim que Soares, et al. (1992) apontam a Educação Física. Portanto, vários

espaços podem ser utilizados.

Conclui-se que as aulas de Educação Física não devem seguir a ordem

didática estabelecida pela Secretaria de Educação que deve ser uma aula teórica,

Page 41: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

41

uma aula prática. Cabe-se ao professor desenvolver suas aulas em todos os

ambientes disponíveis para a comunidade escolar, que seja coerente com seu

planejamento e que a teoria e prática aconteçam entrelaçadas em todas as aulas.

Na pesquisa de Souza e Silva (2009), observa-se que as aulas acontecem

separadamente (meninos x meninas), não possibilitando a interação e socialização

do grupo. Neste contexto, desenvolve-se indiretamente a competição com ações

tecnicistas, onde se traz a ideia que o homem é forte e a mulher é frágil. O mesmo

acontece na realidade aqui pesquisada, na qual há exclusão das meninas.

QUADRO 14. O QUE APRENDEU COM ESSAS AULAS?

Categoria Falas mais frequente Frequência

O que aprendeu com

essas aulas?

Higiene 2

Copa 4

Água 3

Regras do futsal 1

Nada 5

Jogar bola 4

Cuidado com o corpo 2

Exercício 2

Benefícios e malefícios do

esporte 2

Esporte 1

O Quadro 14 menciona o que os alunos aprenderam nas aulas. Os resultaram

foram: Nada, Jogar bola, Copa e Água.

Quando os alunos identificam que não aprenderam nada, fica claro que a

importância atribuída às aulas se faz no cotidiano, no senso comum. O “jogar bola”

representado pelo futebol, mostra que normalmente a função do “professor” é

Page 42: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

42

apenas de disponibilizar a bola. É nesse contexto que acontece a exclusão das

meninas nas aulas, discutido no Quadro 13.

Em outras realidades, como na pesquisa de Fonseca Filho, et al. (2011),

percebemos que os alunos utilizam do momento das aulas de Educação Física com

um lazer ou diversão, um fazer pelo fazer. O mesmo parece se repetir nesta

realidade.

Conclui-se que nas realidades escolares que os professores de Educação

Física, dentro do processo de ensino-aprendizagem, desenvolvem seus planos de

aulas e no momento de sua intervenção realizam apenas o processo de

disponibilizar a bola para realização de atividades, é notório que as representações

serão negativas, deixando um sensação que não aprenderam “nada” mesmo.

Isto fica claro no próprio debate do PCN (1997), de Darido (2003) e de

Soares, et al. (1992), que dizem que a Educação Física deve tratar de maneira

intencional e sistemática dos temas da cultural corporal, possibilitando o

desenvolvimento crítico-reflexivo sobre os mesmos.

Em relação aos conteúdos, água e copa são temas que podem ser

trabalhados transversalmente nas aulas. Entretanto, não são conteúdos específicos

e de domínio da área da Educação Física. Apesar de, especialmente a copa, poder

ser tomado como objetivo de reflexão em relação a temas da cultura corporal.

Page 43: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

43

QUADRO 15- COMO VOCÊS ACHAM QUE DEVEM SER AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

(PROPOSTA)?

Categoria Falas mais frequente Frequência

Como vocês acham que

devem ser as aulas de

Educação Física

(proposta)?

Equilíbrio entre teoria e

prática 2

Mais prática 22

Sem mudanças 1

Conteúdo 19

Maior frequência de

aulas 1

Interação 7

Ter uniforme 3

Melhoria da Quadra 3

Como se vê no Quadro 15, que apresenta como os alunos acham que devem

ser as aulas de Educação Física, solicita-se por mais prática e ter conteúdos.

Quando os alunos identificam no Quadro 13 que as aulas de Educação Física

tem mais teoria que prática e nesse Quadro solicitam mais aulas práticas e a

necessidade de conteúdos, pois no Quadro 14 os alunos afirmam não aprender

nada, fica claro que as aulas de Educação Física não seguem uma sequência

didática e que não utilizam das Concepções Renovadoras da Educação Física.

O que se vê é que, como nas pesquisas de Martinelli, et al. (2006) e de Melo

(2006), os alunos anseiam por aprender algo nessas aulas. E, considerando o que

colocam Soares, et al. (1992), definir objetivos e conteúdos pode ser um caminho

para que a Educação Física seja mais valorizada nas escolas.

Page 44: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

44

5.2 Descrição e análise de dados colhidos em outubro de 2011

QUADRO 16- TOTAL DE ALUNOS: 321 (MATUTINO E VESPERTINO)

Idade Sexo

Residên-

cia

Questão

1

Questão

2

Questão

3

Questão

4

Questão

5

Questão

6

Questão

7

Válidos 315 321 253 317 317 320 321 321 225 320

Inválidos 6 0 68 4 4 1 0 0 96 1

Como se vê no Quadro 16, 321 alunos participaram da coleta de dados

respondendo a quase todas as questões do questionário, no segundo momento.

QUADRO 17- IDADE

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válidos 10 6 1,9 1,9 1,9

11 27 8,4 8,6 10,5

12 55 17,1 17,5 27,9

13 52 16,2 16,5 44,4

14 57 17,8 18,1 62,5

15 44 13,7 14,0 76,5

16 42 13,1 13,3 89,8

17 25 7,8 7,9 97,8

18 6 1,9 1,9 99,7

19 1 ,3 ,3 100,0

Total 315 98,1 100,0

Inválidos 6 1,9

Total 321 100,0

Como se vê no Quadro 17, as idades dos alunos são entre 10 e 19 anos.

Com maior número entre 12 e 16 anos. Como foi a mesma comunidade, esse

aspecto se manteve igual.

Page 45: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

45

QUADRO 18- SEXO

Frequência Porcentagem Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válidos Masculino 174 54,2 54,2 54,2

Feminino 147 45,8 45,8 100,0

Total 321 100,0 100,0

Como se vê no Quadro 18, nesse momento, os questionários foram

respondidos por 174 meninos e 147 meninas.

QUADRO 19- RESIDÊNCIA

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válidos Zona Urbana 184 57,3 72,7 72,7

Zona Rural 69 21,5 27,3 100,0

Total 253 78,8 100,0

Inválidos 68 21,2

Total 321 100,0

No Quadro 19, repete-se que os alunos residem na Zona Urbana e Zona

Rural, com maior quantidade na Zona Urbana.

QUADRO 20- COMO VOCÊ AVALIA SUA ESCOLA?

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válidos Ruim 21 6,5 6,6 6,6

Razoável 122 38,0 38,5 45,1

Boa 122 38,0 38,5 83,6

Ótimo 52 16,2 16,4 100,0

Total 317 98,8 100,0

Inválidos 4 1,2

Total 321 100,0

Page 46: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

46

Como se vê no Quadro 20, nesse momento os alunos avaliam a escola entre

razoável e boa.

QUADRO 21- O QUE VOCÊ ACHA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?

Frequência Porcentagem Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válidos Ruim 3 ,9 ,9 ,9

Razoável 62 19,3 19,6 20,5

Boa 136 42,4 42,9 63,4

Ótimo 116 36,1 36,6 100,0

Total 317 98,8 100,0

Inválidos 4 1,2

Total 321 100,0

Como se vê no Quadro 21, em relação ao que os alunos acham das aulas de

Educação Física, aparecem em maior quantidade boa e ótima. Caiu a percepção de

aulas ótimas em relação ao primeiro momento e este precisa ser um ponto de

reflexão nos próximos elementos questionados.

QUADRO 22- COMO VOCÊ AVALIA O SEU RELACIONAMENTO COM A TURMA?

Frequência Porcentagem Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válidos Ruim 25 7,8 7,8 7,8

Razoável 129 40,2 40,3 48,1

Bom 93 29,0 29,1 77,2

Ótimo 73 22,7 22,8 100,0

Total 320 99,7 100,0

Inválidos 1 ,3

Total 321 100,0

Page 47: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

47

Como se vê no Quadro 22, em relação a avaliação do relacionamento entre

os alunos, os resultados apontam como razoável. Antes, essas relações eram

consideradas boas.

QUADRO 23- ONDE GERALMENTE ACONTECEM AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA SUA

ESCOLA?

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válido

s

Quadra 17 5,3 5,3 5,3

Sala de Aula 68 21,2 21,2 26,5

Quadra e

Sala de Aula 236 73,5 73,5 100,0

Total 321 100,0 100,0

No Quadro 23, em relação onde geralmente acontecem as aulas de

Educação Física, os achados foram quadra e sala de aula. Aqui, uma mudança

importante que precisa ser destacada. No primeiro momento, a sala de aula

apareceu como principal espaço onde as aulas aconteciam. Agora, apareceu

também a quadra. Ou seja, parece que um dos anseios dos alunos foi atendido, ter

mais experiências práticas. Isto pode indicar, também, que a Educação Física

passou a ser encaminhada como intervenção teórico-prática.

QUADRO 24- VOCÊ ACHA QUE É IMPORTANTE TER AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA

ESCOLA?

Frequência Porcentagem

Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válidos Sim 309 96,3 96,3 96,3

Não 12 3,7 3,7 100,0

Total 321 100,0 100,0

Como se vê no Quadro 24, a Educação Física continuou sendo considerada

importante por 96,3% dos alunos pesquisados.

Page 48: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

48

QUADRO 25- JUSTIFICATIVAS PARA A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Saúde Beleza

Pratica

Esportiva Lazer

Jogos e Brincadeiras

Dança Outros

Válidos 189 39 173 87 134 67 38

Obs: A soma dos resultados não pode dar 100% pois nesse quesito os alunos marcaram mais de

uma opção.

Como se vê no Quadro 25, as justificativas permanecem as mesmas e

continuam se aproximando das pesquisas consultadas e citadas no referencial

teórico.

Aqui cabem algumas reflexões. Como dito no capítulo 3 deste texto, as

intervenções do PIBID/UNEB-Educação Física 2009 foram organizadas a partir da

Pedagogia Histórico-Crítica e da perspectiva Crítico-Superadora, mesmo

reconhecendo as dificuldades próprias do sistema educacional para concretizá-las.

Todavia, parece que o tempo de intervenção não foi suficiente para mudar o olhar

dos alunos, já que os vieses tecnicista e higienista continuam aparecendo no

Quadro 25. Isto nos leva a pensar, também, que 01 ano de intervenção não foi,

ainda, suficiente para mudar um olhar que se constitui durante toda a vida no próprio

cotidiano, especialmente considerando que a esportivização continua aparecendo no

Quadro 26 (a seguir).

QUADRO 26- VOCÊ TEM CONTATO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA FORA DA ESCOLA?

Frequência Porcentagem Porcentagem

Valida

Porcentagem

cumulativa

Válidos Sim 234 72,9 73,1 73,1

Não 86 26,8 26,9 100,0

Total 320 99,7 100,0

Inválidos 1 ,3

Total 321 100,0

Obs.: futebol, atletismo, ginástica, pega-pega, vôlei, basquete, natação, dança, brincadeiras, ciclismo,

baleado, prática de esporte, handebol, capoeira, musculação, pula corda, karatê, skate, hip-hop, 7

pedras.

Page 49: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

49

Como se vê na Questão 26, em relação ao contato com a Educação Física

fora da escola, observa-se uma ampliação dos temas da cultura corporal nas

respostas dos alunos, mas ainda com enfoque no esporte. Todavia, pode-se inferir

que essa ampliação tem relação com o maior acesso aos temas da cultura corporal

que tiveram nas aulas de Educação Física.

QUADRO 27- O QUE É A EDUCAÇÃO FÍSICA PARA VOCÊ?

Categoria Falas mais frequente Frequência

O que é a Educação

Física para você?

Ginástica 3

Prática de exercício físico 2

Esporte 19

Expressão corporal 1

Diversão 6

Educar o corpo 1

Atletismo 3

Natação 1

Saúde 5

Jogos 2

Ir para quadra 1

Lazer 3

Diversão 2

Bem estar 2

Prazer 1

Modo de interação 1

Ritmos 1

No Quadro 27, relacionado ao que é Educação Física para os alunos os

achados foram esportes, saúde e diversão. Esses resultados afirmam os achados do

Quadro 25 das aulas de Educação Física vista ainda com vieses nas concepções

higienista e tecnicista, comprovando que as intervenções do PIBID/UNEB-Educação

Física ainda não mudaram as concepções dos alunos.

Na década de 1970, o processo de esportivização da Educação Física passou

a ocupar maior espaço. De acordo com Soares, et al. (1992), com esse movimento,

Page 50: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

50

o esporte passou a utilizar do espaço escolar e dos alunos, buscando fortalecer o

cenário nacional, a partir da perspectiva da competição, alto rendimento,

regulamentação das regras de forma rígida, a técnica pela técnica, demonstrando

aos alunos o sucesso do esporte como forma de alcançar vitórias. A Educação

Física assumiu um caráter tecnicista. Esse olhar, conforme os mesmos autores,

ainda está presente atualmente por conta de o esporte representar um espetáculo

de alto valor econômico. É, certamente, com esse viés que os alunos tem contato

fora da escola e isto concorre com a perspectiva no qual o PIBID/UNEB-Educação

Física se referenciou, propondo inclusive a reflexão sobre a relação esporte e mídia.

QUADRO 28- COMO SÃO AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?

Categoria Falas mais frequente Frequência

Como são as aulas de

Educação Física?

Boas 10

Muito bom 2

Divertidas 2

Ótimas 8

Seria melhor se fosse

para quadra 3

Só fica dentro da sala 3

A gente nunca vai para

quadra e é ruim 3

Mais ou menos 3

Tem dias que são boas,

tem dias que são ruim 2

Só na sala e não vai para

quadra 3

Aprende o que é jogo 1

O que é esporte 1

Bom quando vai para

quadra 3

Cooperação 1

Prazerosa 1

Dança 1

Page 51: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

51

Como se vê no Quadro 28, reapareceu que as aulas são boas e ótimas.

Chama atenção essa relação de que as aulas de Educação Física são boas

quando acontecem na quadra e são ruins quando não se vai para quadra. Isto

afirma que para os alunos as aulas só devem acontecer na quadra e remetem ao

fazer.

Entretanto, tratando se dos elementos da cultural corporal, são múltiplos

locais dentro da escola capazes de proporcionar uma aula de qualidade. E isto foi

concretizado no âmbito do PIBID, encontrando, muitas vezes, resistência dos

alunos.

Page 52: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

52

QUADRO 29- O QUE APRENDEU COM ESSAS AULAS?

Categoria Falas mais frequente Frequência

O que aprendeu com

essas aulas?

Nada 4

Capoeira 4

Jogos 11

Esportes 4

Pular corda 2

Alongamento 2

Vôlei 2

Dança 11

Atletismo 4

Brincadeira 2

Regras de jogos 2

A respeitar o corpo do

outro 1

Basebol 1

Frisbee 3

Ginástica 7

Seminário 1

Trabalho em equipe 2

Cooperar, respeitar o

colega 2

Superação 1

Compartilhar 1

Futebol 2

criar jogos 2

Como se vê no Quadro 29, em relação o que os alunos aprenderam com as

aulas os achados mais frequentes foram jogos, dança, ginástica.

Apesar dos Quadros 25 e 27 apresentarem apenas o esporte como conteúdo

central no olhar dos alunos, aqui obtivemos achados que comprovam o acesso a

outras experiências que contemplam os elementos da cultura corporal. Entretanto,

Page 53: Impacto das intervenções do PIBID/UNEB no olhar dos alunos da Escola Estadual Oscar Cordeiro para Educação Fìsica

53

esses elementos ainda não estão enraizados. Nesse quesito o esporte obteve pouca

significância.

Dentro da perspectiva da cultural corporal na Educação Física, objetiva-se [...]

desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação

do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela

expressão corporal” (SOARES, ET AL, 1992, p. 26). E, esse quadro comprova que

as intervenções do PIBID/UNEB-Educação Física pautaram-se em tal referência e

que houve ampliação do acesso dos alunos a esses temas.

QUADRO 30- COMO VOCÊS ACHAM QUE DEVEM SER AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

(PROPOSTA)?

Categoria Falas mais frequente Frequência

Como vocês acham que

devem ser as aulas de

Educação Física

(proposta)?

Jogar vôlei 6

Atividades em sala 1

Jogar basquete 2

Alongamento 2

Ir para quadra 8

Futebol 4

Novas brincadeiras 1

Mais aulas de dança 4

Mais aulas de ginástica 2

As meninas jogar futebol

com os meninos 1

Futebol de mulher contra

mulher 2

Fazer mais atividade

avaliativa 3

Esportes diferentes 1

Capoeira 4

Futsal 1

Natação 5

Lutas 5

Atletismo 2

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No Quadro 30, em relação como alunos acham que devem ser as aulas de

Educação Física (proposta) os resultados mais frequentes foram: ir para quadra,

jogar vôlei, natação e lutas.

Retomando o Quadro 28 em que os alunos consideram que as aulas de

Educação Física são boas quando acontecem na quadra, o mesmo se confirma

aqui, reforçando a ideia do fazer por fazer no olhar dos estudantes. Essa perspectiva

aparece, também, no “jogar vôlei”.

Quanto à natação, é preciso apontar que não há infraestrutura para tematizar

esse tema com os alunos na realidade em que o PIBID/UNEB-Educação Física se

concretiza. E, no que diz respeito às lutas, o projeto de ensino-aprendizagem

proposto pelo supra citado projeto previu sua tematização, mas apenas nas turmas

em que as relações interpessoais proporcionassem confiança para o trato

pedagógico do tema, devido à necessidade de garantir segurança física aos alunos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa, teve como objetivos específicos: identificar a realidade da

Educação Física na escola antes das intervenções do PIBID; analisar a intervenção

do PIBID no contexto da Escola Oscar Cordeiro; averiguar a situação pedagógica da

disciplina Educação Física após um período de intervenções do PIBID na Escola

Estadual Oscar Cordeiro.

Antes do PIBID, os alunos identificaram que as aulas de Educação Física são

ótimas, mas acham que ela significa exercícios, esporte, saúde e lazer. Esses

olhares vinculam-se a concepções tradicionais, especificamente da tecnicista e

higienista. E o que se viu é que os olhares dos alunos se formavam mais no senso

comum.

Quanto às intervenções do PIBID, os alunos identificaram que as aulas de

Educação Física são boas e nelas aprenderam sobre jogos, ginástica e dança.

Todavia, é perceptível que após um período de intervenções do PIBID ainda

não se modificou os olhares dos alunos que continuam sendo tradicionais. O que se

pode concluir é que o tempo de intervenções não foi suficiente para mudar um

imaginário construído durante toda a vida dos alunos no seu contato com a

Educação Física na escola e fora dela.

Contudo, é notório que as aulas aconteciam antes da inserção do PIBID de

maneira aleatória, sem uma sequência didática e sem proposta previamente

desenvolvida. Apenas realizava-se o jogar bola, sendo um fazer por fazer. Todavia,

após o PIBID os alunos identificaram diversos elementos que contemplam os

conteúdos relacionados à cultura corporal.

O que se vê, portanto, é que as intervenções do PIBID/UNEB-Educação

Física, até o momento em que se fez a segunda coleta de dados, modificou o

acesso dos alunos aos temas da cultura corporal. Isto representa um avanço no que

se refere ao papel que tem a escola na concepção da Pedagogia Histórico-Crítica.

Mas essas intervenções ainda não foram suficientes para transformar o olhar

dos alunos para a Educação Física, que continua sendo tomada como momento de

prática esportiva e de fazer algo. É preciso apontar que essa dimensão precisa ser

tomada como objetivo específico de reflexão nas intervenções que ainda serão

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realizadas no âmbito do PIBID. E os resultados apontam a necessidade de continuar

com tais intervenções, considerando os resultados desta avaliação de impacto.

Entende-se, ainda, que esta pesquisa, através da metodologia adotada, traz

contribuições importantes para estudantes e professores de Educação Física que

estão inseridos em projetos do PIBID no que diz respeito à necessidade de avaliar,

com rigor, as ações desenvolvidas.

Nessa relação, suas contribuições se estendem para outros cursos de

licenciatura em que o PIBID seja realizado, como base para realizar avaliações

diagnósticas e de impacto.

Aponto ainda, que nesta pesquisa tinha como objetivo realizar outra coleta de

dados para ampliar a discussão e fornecer elementos para enriquecer o estudo.

Todavia, devido à greve dos professores do Estado da Bahia, já citada na pesquisa,

isto foi impossibilitado.

Entende-se, ainda, que esta pesquisa indica outras questões que podem ser

investigadas, como os elementos extra-escolares que influenciam o olhar dos alunos

para a Educação Física e o trato pedagógico que este podem/devem ter no âmbito

da Educação Física escolar.

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REFERENCIAS

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO

NOME COMPLETO______________________________________________

IDADE:________________ SEXO: :________________

ONDE MORA: a) ZONA RURAL b) ZONA URBANA

1 – COMO VOCÊ AVALIA SUA ESCOLA?

a) RUIM b) RAZOÁVEL c) BOA d) ÓTIMA

2 – O QUE VOCÊ ACHA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?

a) RUIM b) RAZOÁVEL c) BOA d) ÓTIMA

3 – COMO VOCÊ AVALIA O SEU RELACIONAMENTO COM A TURMA?

a) RUIM b) RAZOÁVEL c) BOA d) ÓTIMA

4 – ONDE GERALMENTE ACONTECEM AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA SUA

ESCOLA?

a) QUADRA b) SALA DE AULA c) SALA E QUADRA d) OUTROS

5 – VOCÊ ACHA QUE PE IMPORTANTE TER AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA

ESCOLA?

a) SIM b) NÃO

6 – SE NA QUESTÃO ANTERIOR SUA RESPOSTA FOR SIM, JUSTIFIQUE NAS OPÇÕES

ABAIXO?

a) SAÚDE b) BELEZA c) PRÁTICA ESPOTIVA d) LAZER

e) JOGOS E BRINCADEIRAS f) DANÇA g) OUTROS

Obs: Nessa questão os alunos poderão optar por mais de uma alternativa

7 – VOCÊ TEM CONTATO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA FORA DA ESCOLA?

a)SIM b)NÃO

QUAL(IS) _______________________________________________________

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APÊNDICE B

ENTREVISTA

1- O que é educação física para vocês?

2- Como são as aulas de educação física?

3- O que aprendeu com essas aulas?

4- Como vocês acham que devem ser as aulas de educação física (propostas)?