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Nos dias de hoje, algumas espécies de animais e de plantas são consideradas especiais. Sabe por quê ? Porque estão desaparecendo . E se nada for feito, é possível que daqui a algum tempo não reste nenhum exemplar dessas espécies na Terra. Já pensou ? JACARÉ DE PAPO AMARELO Rosa Rios Eram muitos os ruídos da noite. Cricridos de grilos, coaxos de sapos, zumbidos de insetos. Só o rio passava silencioso. Suas águas mansas seguiam quietas no calor da noite. Quem prestasse atenção poderia ver, deslizando junto com ele, dois olhos brilhantes. Um jacaré procurava alimento. O rio escondia seu corpo. Não se podiam ver suas patas, ativas dentro da água. A cauda não aparecia ; apenas os olhos brilhavam na correnteza. Amanheceu. O jacaré-de-papo-amarelo chegou à margem do rio. O sol esquentava a mata, fazendo subir ao céu muito vapor de água. O ar do Pantanal era úmido. Durante o dia havia muito mais ruídos que à noite. Araras, garças e tuiuiús pelo céu, insetos e bichos do mato. Até o vento, sacudindo galhos de árvores, fazia barulho. Mas isso tudo não assustava ninguém. O jacaré foi indo para a terra bem devagar. Ali ele não era ágil como dentro do rio. As patas curtas ajudavam o corpo pesado a subir. E em terra firme, sob o sol, descansava quieto , com os olhos no rio. Sossego de bicho manso, sossego de jacaré... Bem perto, a fêmea vigiava, meio escondida na folhagem baixa da beira da água. O calor do sol chocava seus ovos cobertos por uma camada úmida de folhas e terra. A futura mamãe jacaré vigiava atenta, esperando pelo nascimento de seus filhotes. Estava sempre pronta para atacar se algum animal quisesse roubar os ovos. Mas nem sempre as mães podiam defender suas crias. Às vezes , elas precisavam fugir. Em algumas noites, os barcos dos homens desciam o rio. Os homens não eram parte da mata como os animais, as plantas, o vento. Eles chegavam ao Pantanal trazendo mais perigo que as onças ou as cobras ! Nem mesmo a zanga de uma fêmea podia enfrentar os coureiros.

Jacaré de Papo Amarelo

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Interpretação textual

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INTERPRETAO E REDAO

Nos dias de hoje, algumas espcies de animais e de plantas so consideradas especiais. Sabe por qu ? Porque esto desaparecendo . E se nada for feito, possvel que daqui a algum tempo no reste nenhum exemplar dessas espcies na Terra. J pensou ?

JACAR DE PAPO AMARELO Rosa Rios

Eram muitos os rudos da noite. Cricridos de grilos, coaxos de sapos, zumbidos de insetos.

S o rio passava silencioso. Suas guas mansas seguiam quietas no calor da noite. Quem prestasse ateno poderia ver, deslizando junto com ele, dois olhos brilhantes.

Um jacar procurava alimento. O rio escondia seu corpo. No se podiam ver suas patas, ativas dentro da gua. A cauda no aparecia ; apenas os olhos brilhavam na correnteza.

Amanheceu. O jacar-de-papo-amarelo chegou margem do rio. O sol esquentava a mata, fazendo subir ao cu muito vapor de gua. O ar do Pantanal era mido.

Durante o dia havia muito mais rudos que noite. Araras, garas e tuiuis pelo cu, insetos e bichos do mato. At o vento, sacudindo galhos de rvores, fazia barulho. Mas isso tudo no assustava ningum.

O jacar foi indo para a terra bem devagar. Ali ele no era gil como dentro do rio. As patas curtas ajudavam o corpo pesado a subir. E em terra firme, sob o sol, descansava quieto , com os olhos no rio. Sossego de bicho manso, sossego de jacar...

Bem perto, a fmea vigiava, meio escondida na folhagem baixa da beira da gua.

O calor do sol chocava seus ovos cobertos por uma camada mida de folhas e terra. A futura mame jacar vigiava atenta, esperando pelo nascimento de seus filhotes. Estava sempre pronta para atacar se algum animal quisesse roubar os ovos.

Mas nem sempre as mes podiam defender suas crias. s vezes , elas precisavam fugir. Em algumas noites, os barcos dos homens desciam o rio. Os homens no eram parte da mata como os animais, as plantas, o vento.

Eles chegavam ao Pantanal trazendo mais perigo que as onas ou as cobras ! Nem mesmo a zanga de uma fmea podia enfrentar os coureiros.

Uma noite, o jacar-de-papo-amarelo viu os homens nos barcos acenderem suas lanternas e afiarem suas facas. Toda a natureza ficou quieta, com medo.

Os pssaros noturnos sumiram. AS cobras se enfiaram em buracos. Nem mesmo os peixes se agitavam no rio. E os jacars grandes ou pequenos trataram de deslizar para dentro da gua, onde conseguiriam se mover mais depressa.

Apressados, os homens dos barcos enxergavam no escuro com a ajuda de lanternas e adivinhavam em que lugar estava a caa.

Um deles iluminou o rio; outro apontou a arma para um jacar que nadava perto ...BUM!

As armas faziam fogo e barulho, acertavam onde miravam. Animais novos ou velhos, machos ou fmeas, tanto fazia.

Os coureiros queriam o couro ama relo, forte, de que era feita a barriga dos jacars. Foi s o que levaram em seus barcos. O resto deixaram no rio, para as piranhas.

Antes que o sol raiasse, os homens partiram com grande quantidade de peles de jacars.

Muitos olhos brilhantes comearam a surgir na gua. Observaram em silncio os barcos que se afastavam, at cessarem por completo os sons de perigo.

Retirado do livro Jacar-de-papo-amarelo. So Paulo, Scipione.

INTERPRETAO

1) Responda :

a) Sem nenhuma ameaa, como se comporta, no rio, o jacar ?

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b) O jacar , em terra firme, se comporta diferente. Explique o porqu.

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c) Quais so as informaes sobre o jacar-de-papo-amarelo, dadas pelo texto?

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d) Quando ele procura alimento ?

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e) Quem cuida dos ovos e dos filhotes ? Por qu ?

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f) Em que regio do Brasil vive esse jacar ?

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g) Voc acha importante preservar todas as espcies de animais e plantas que existem na natureza ? Por qu ?

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h) Na sua opinio, o que deve ser feito para que os homens aprendam a amar a natureza e tenham atitudes de defesa em relao a ela ?

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