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LAMBÃO Arlete de Andrade Era uma vez um menino chamado João. João era bonitinho, mas não tinha educação. Tudo que João comia jogava o resto pelo chão. João comia um pão, e lá ia o embrulho no chão. João chupava um picolé, e zunia o palito com o pé. Onde o menino brincava lá, a sujeira se instalava. Já tinha virado costume esse jeito do João: De achar muito natural jogar lixo pelo chão. Podia ter uma lixeira bem ali, do seu lado, que o menino não percebia Que estava sendo mal-educado. Um dia choveu tanto, tanto, Que era água para todo lado! E João ficou em casa, Sem poder sair. Ilhado. Olhou pela janela E viu um aguaceiro danado que saia arrastando, todo o lixo, ali, jogado! João viu na TV Que a cidade estava inundada. Que o lixo impedira a água de ser escoada. Depois na escola ouviu a professora explicar: Que o lixo entope bueiros, impede a água de passar Entendeu que seu lixinho podia não causar enchente, mas que esse, também era o pensamento de muita gente. Resolveu então, Faria tudo com capricho Seria um menino educado: Só Jogaria lixo no lixo. LAMBÃO Arlete de Andrade Era uma vez um menino chamado João. João era bonitinho, mas não tinha educação. Tudo que João comia jogava o resto pelo chão. João comia um pão, e lá ia o embrulho no chão. João chupava um picolé, e zunia o palito com o pé. Onde o menino brincava lá, a sujeira se instalava. Já tinha virado costume esse jeito do João: De achar muito natural jogar lixo pelo chão. Podia ter uma lixeira bem ali, do seu lado, que o menino não percebia Que estava sendo mal-educado. Um dia choveu tanto, tanto, Que era água para todo lado! E João ficou em casa, Sem poder sair. Ilhado. Olhou pela janela E viu um aguaceiro danado que saia arrastando, todo o lixo, ali, jogado! João viu na TV Que a cidade estava inundada. Que o lixo impedira a água de ser escoada.

JOÃO LAMBÃO Arlete de Andrade

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LAMBÃO Arlete de Andrade

Era uma vez um meninochamado João.João era bonitinho, masnão tinha educação.Tudo que João comiajogava o resto pelo chão.

João comia um pão,e lá ia o embrulho no chão.João chupava um picolé,e zunia o palito com o pé.Onde o menino brincavalá, a sujeira se instalava.Já tinha virado costumeesse jeito do João:De achar muito naturaljogar lixo pelo chão.

Podia ter uma lixeirabem ali, do seu lado,que o menino não percebiaQue estava sendo mal-educado.Um dia choveu tanto, tanto,Que era água para todo lado!E João ficou em casa,Sem poder sair. Ilhado.

Olhou pela janelaE viu um aguaceiro danadoque saia arrastando, todoo lixo, ali, jogado!João viu na TVQue a cidade estava inundada.Que o lixo impediraa água de ser escoada.Depois na escola ouviua professora explicar:Que o lixo entope bueiros,impede a água de passarEntendeu que seu lixinhopodia não causar enchente,mas que esse, também erao pensamento de muita gente.Resolveu então,

Faria tudo com caprichoSeria um menino educado:Só Jogaria lixo no lixo.

LAMBÃO Arlete de Andrade

Era uma vez um meninochamado João.João era bonitinho, masnão tinha educação.Tudo que João comiajogava o resto pelo chão.

João comia um pão,e lá ia o embrulho no chão.João chupava um picolé,e zunia o palito com o pé.Onde o menino brincavalá, a sujeira se instalava.Já tinha virado costumeesse jeito do João:De achar muito naturaljogar lixo pelo chão.

Podia ter uma lixeirabem ali, do seu lado,que o menino não percebiaQue estava sendo mal-educado.Um dia choveu tanto, tanto,Que era água para todo lado!E João ficou em casa,Sem poder sair. Ilhado.

Olhou pela janelaE viu um aguaceiro danadoque saia arrastando, todoo lixo, ali, jogado!João viu na TVQue a cidade estava inundada.Que o lixo impediraa água de ser escoada.Depois na escola ouviua professora explicar:Que o lixo entope bueiros,impede a água de passarEntendeu que seu lixinhopodia não causar enchente,mas que esse, também erao pensamento de muita gente.Resolveu então,

Faria tudo com caprichoSeria um menino educado:

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Só Jogaria lixo no lixo.

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Pobreza emburrece? GILBERTO DIMENSTEIN /FOLHA DE SP - 21/08/11

Einstein nascido miserável, sem apoio para aprender, até seria inteligente, mas dificilmente um gênio

PARA QUEM estuda o cérebro, a resposta da pergunta que está no título é sim: a pobreza emburrece. Apenas metade da inteligência de um indivíduo pode ser explicada pela herança genética, segundo estudo divulgado neste mês pela Universidade de Edimburgo, que envolveu cientistas de diversos países. O restante da composição do QI vem do ambiente em que se vive e dos estímulos educacionais recebidos desde o berço. Simplificando: um Einstein nascido na miséria, sem apoio para aprender, até seria inteligente, mas dificilmente um gênio. Alguém com potencial de ter uma alta inteligência torna-se apenas mediano. É como se um músculo deixasse de ser desenvolvido. Chegou-se a essa conclusão depois de testes laboratoriais com 3.118 pessoas espalhadas pelo mundo. Imaginava-se que as forças externas seriam bem menores na formação do QI. Tradução: inteligência é uma habilidade que, em boa parte, se aprende, depende da família e das oportunidades na cidade. É um ângulo interessante para ver a parceria, anunciada na quinta-feira, entre a presidente Dilma Rousseff e os governadores da região Sudeste de unificação de seus programas de complementação de renda para combater a pobreza, batizado de Brasil sem Miséria. Menos miséria acarreta mais inteligência? A pesquisa dos neurocientistas ajudou-me a ver por outro ângulo um dos projetos mais emocionantes que conheço (Ismart) no Brasil: jovens de baixa renda, a maioria deles vindos de comunidades pobres, são escolhidos e preparados para estudar em escolas de elite. Quase todos eles costumam entusiasmar seus professores porque, apesar da adversidade extrema (muitos passam parte do dia no trajeto de ônibus até a escola), conseguem recuperar a cada ano o tempo perdido. Logo estão no mesmo nível de aprendizagem de seus colegas mais abastados e até os superam, entrando nas melhores faculdades. Conheci vários desses jovens e tendia a atribuir sua performance à garra, a uma inteligência acima do normal, tudo isso, é claro, favorecido por escolas de qualidade. O que impressiona a todos é a rapidez da evolução. O que aquela pesquisa da Universidade de Edimburgo traz é a suspeita de que, com tantos estímulos, desafios e apoio, a taxa de QI possa ter sofrido um upgrade -afinal, nessa fase o cérebro ainda está em formação. É, por enquanto, apenas uma especulação. O que não é uma especulação é o caminho inverso, mostrando a relação entre pobreza e aprendizagem. Com apoio do Unicef, o Cenpec analisou, desde o ano passado, 61 escolas de de São Miguel Paulista, região da periferia da cidade de São Paulo. Já sabemos que, em geral, quanto mais pobre um bairro, pior tende a ser a nota dos alunos. Mas essa investigação foi mais longe. Analisou as escolas de uma mesma região, comparando alunos com semelhante posição socioeconômica. Detectou-se uma expressiva diferença segundo as peculiaridades de cada território, especialmente a oferta de serviços públicos em cada um deles.

Nos lugares com menos serviços públicos, as demandas sociais tendem a sobrecarregar mais as escolas e, com isso, afastam ainda mais os professores e as famílias que têm maior repertório cultural. Nesses locais, há menos oferta de creche e pré-escola, retardando o processo de aprendizagem. Esses programas da renda mínima unificados (acertadamente) por Dilma e os governadores têm como contrapartida a permanência dos alunos nas escolas. Mas a subida da renda, a julgar pelas descobertas da pesquisa do Cenpec, será limitada à aprendizagem dos alunos se não houver um investimento e articulação nos territórios. Nem será justo que se avaliem essas escolas com padrões semelhantes aos das demais, já que os professores, mesmo os mais capacitados, terão uma margem de manobra limitada. Programas como o Bolsa Família são um bom exemplo de política para a redução da miséria. E, por isso, têm um efeito eleitoral, mas terão um baixo impacto educacional caso não se perceba o território como uma extensão da sala de aula. Não pensar na educação como uma linha que passa pela família, pela escola e pela comunidade é falta de inteligência pública.

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Desde pequeno, víamos coisas

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estranhas na TV!  

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O Tarzan corria pelado...

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Cinderela chegava em casa meia noite...

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Aladim era ladrão... Batman dirigia a

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320 km/h...

Pinocchio mentia...

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Salsicha (Scooby-Do) tinha voz de maconheiro, via fantasma e

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conversava com o cachorro...

Zé Colméia e Catatau eram cleptomaníacos e roubavam cestas de pic-

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nic...

Branca de Neve morava na boa com 7

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homens... Olívia Palito tinha bulimia;

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Popeye fumava um matinho muito suspeito!!!

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Super Homem, locão, colocava cueca por cima da calça;

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A Margarida namorava o Pato Donald e saía com o Gastão;

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Olha os exemplos que tivemos...! Tarde demais!

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Agora pedem pra gente ser normal e se comportar?!?!?!

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Garoto linha dura

Deu-se que o Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por cima do travessão, a dita foi de contra a uma vidraça e despedaçou tudo. Pedrinho botou a bola debaixo do braço e sumiu até a hora do jantar, com medo de ser espinafrado pelo pai.

Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi o Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela qual ela temia que a criança não confessasse o seu crime.

O pai chamou o Pedrinho e perguntou: - Quem quebrou o vidro, meu filho?Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima idéia. O pai achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar para depois.

Na hora em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo: - Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? - e, ante a negativa reiterada do filho, apelou: - Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.

Diante disso, Pedrinho, com a maior cara-de-pau, pigarreou e lascou:

- Quem quebrou foi o garoto do vizinho.

- Você tem certeza?

- Juro.

Aí o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou sem dar a menor mostra de remorso. Apenas - quando o pai fez ameaça - Pedrinho pensou um pouquinho e depois concordou.

Terminado o jantar o pai pegou o filho pela mão e, já chateadíssimo, rumou para a casa do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha idéias revolucionárias. Virou-se para o pai e aconselhou:

- Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele não. Quando ele vier atender à porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.

(Stanislaw Ponte Preta, Dois amigos e um chato. São Paulo, Moderna, 1995.)