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POEMAS_MARIA JOÃO FRANCO Ando à tua procura, sim . Nas terras escarpadas que o sol nunca quis. Nas ruas da vida por onde passei. No chão negro de terra picado do vento que não te chamou. Procuro-te, sim! Nos minutos que perpassam os olhos do pensamento, nas imagens que navegam o vazio do meu olhar... Maria João Franco 21 de Março de 09

Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

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Page 1: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

POEMAS_MARIA JOÃO FRANCO

Ando à tua procura, sim .

Nas terras escarpadas que o sol nunca quis.

Nas ruas da vida por onde passei.

No chão negro de terra

picado do vento que não te chamou.

Procuro-te, sim!

Nos minutos que perpassam

os olhos do pensamento,

nas imagens que navegam

o vazio do meu olhar...

Maria João Franco

21 de Março de 09

Page 2: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Tu Poeta

Revolve o ventre da

Terra

que te pariu.

No limiar do infinito,

Finito é o som.

E nós

os mudos

porque nos querem surdos

queremos ter a força do vulcão

que solta as almas

e os ventres famintos de gente.

Maria João Franco

2005

Page 3: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Não,

não posso separar-me de ti

por esta mesma e única razão que me é constante.

Marés do sal e do sol,

memórias de sol em cada som.

Brisas de rua húmida de sabor a gente.

Não, não posso sair de ti.

Luar de mares e marés por onde nos esquecemos.

O mar não esquece dos naufragados

os pedaços do amor em cada cais ausentes.

Maria João Franco

1 de Agosto de 2008

Page 4: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Tenho que dormir,

Que o mal está feito.

De dia em dia Caminho devagar

Que o sol é longe.

O fogo corre tão devagar

Que as cinzas antes apagam o do destino.

Maria João Franco

29 de Maio de 2008

Page 5: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Vou ter que te deixar agora meu amor

Tão Perto da Loucura

que não sei

se tudo aquilo que sinto

foi inventado por mim,

ou

se afinal

tudo foi para mim

Aquilo que inventei.

Maria João Franco

Page 6: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Tu não aconteces, quando eu te quero,

Não falas ainda, quando eu te escuto,

Tu não dizes, quando eu te encontro,

Tempos passados de saber sentido,

Tempos esquecidos de saber sofrido

Não sabes ainda quanto eu te entendo "

Maria João Franco

Page 7: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Amo-te

e os fumos do último atentado não aconteceram ainda

amo-te

E a luz que nos ilumina

ainda não nasceu

amo-te!

amo-te

é a chave do esconderijo

dos meus sonhos

E a palavra

e a senha

para entrar de novo

não meu canto

e,

de novo o hino

à alegria. "

Page 8: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Ser assim amada em cais incerto

Naufraga em cada cais de amor perdido.

Amor de tão longe e sem maré.

Que o mar acolhe os esquecidos ,

impossíveis de ter em cada instante.

Longe do cais em cada dia.

Longe do mar em cada Sol ausente.

Maria João Franco

Abril/2008

Page 9: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Sinto o gosto do teu saber amar

Sinto o cheiro do teu saber olhar

Sinto o amor das minhas ilusões

Sei que foges deste mar ausente

Sei quanto nele estás presente

Sei, também, que podes

não saber estar nele.

14 de Março de 08

Maria João Franco

Page 10: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Partiu-se o elo que me ligava a mim:

Poder de Ilusão construída.

De mim, e dentro dela, a fortaleza onde a guardo.

A Dor,

parceira das minhas ilusões,

Ficou ...

O Tempo,

esse espaço vital percorrido por todos os afectos,

ficou

assim

também.

Maria João Franco

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Page 11: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

No amanhecer das minhas ilusões

estaremos deitados de mão dadas

olhar-nos-emos nos corpos com carinho

beijar-nos-emos nos olhos com ardor.

Toda uma lógica de vida, meu amor

Todo um existir assim vivido nesta loucura de estar viva,

de me mascarar de sóbrios sentimentos,

para me esconder

pensando em ti.

Maria João Franco

novembro 1996

Page 12: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Navegantes do Silêncio

Tenho medo do silêncio

No suor do teu olhar

Do discurso em cada hora

Que insistes em navegar

Tenho medo

Das paredes de silêncio

Em que me fecho a sonhar

Do delírio em que estremeço

No meu próprio navegar

Das frases em que me envolvo

Das carícias que me trago

Do respirar arquejante

Em frenesins de silêncio

de saber quanto te amo.

Dos sonhos em que me faço.

Que em torno do meu sono

Teimam em não me acordar

Maria João Franco Lisboa 2006

Page 13: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Apetece-me chorar de ti,

no escurecer dos teus olhos,

Apetece-me chorar de ti,

na luz que enternece sombra

O fixar o teu olhar.

Apetece-me chorar contigo

a longa exaustão dos Dias

no teu respirar profundo.

Como se ficar,

fosse só assim!

Respirar de tão longe

Todo o sal da vida.

E ficar

aquí

assim

Sozinha,

à tua espera.

Maria João Franco

Lisboa, 12 de novembro

Page 14: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Os poetas

esses seres tangentes

tocam a vida

e sonham tão perto

parece que lhes vida;

sonham tão perto

que o suor do rosto

lhes enfeita o mar

de estrelas,

raiva

e solidão.

Maria João Franco

Lisboa Agosto 2007/09/01

Page 15: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

A jangada ancorada no peito meu

partiu

e eu quero ainda

Viver mais perto

Pássaro Liberto!

Ai Sonhos do meu desespero:

Estou aqui!

Maria João Franco_lisboa_2005

Page 16: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Compra-me o Amor

Compra-me a alma

Compra tudo,

Menos as tripas e o coração:

vou dá-los de bandeja aos cães da Rua!

Vou esperar-te

depois,

completamente nua

numa cama de Estrelas

Mar

e Solidão.

Maria João Franco_1999

Page 17: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Fiz-me ao largo no teu corpo carregada de desejo

Icei velas!

Sem Ter Mar,

fiz-me ao longe e velejei.

Fiz-me ao mar,

Nua,

Sem Corpo,

ao Vento,

Nua,

Sem mar

Fiz-me em corpo ao teu desejo

Fiz de meus seios o leme

Fiz-me à vontade num beijo.

Fiz-me ao longe em teu Olhar

Fiz-me ao teu barco sem Lua

Fiz-me ao Céu e As Estrelas

fiz das Estrelas

Caravelas

Para pelas para navegar.

Maria João Franco

Page 18: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

E

como se as mãos

Guilhotinas Fossem

Cortei meus desejos.

Olhar o

o sol

a terra

os restos da Guerra

os Pequenos Heróis

Bocas de Terra e de Sal

Os homens afirmam-se

à Terra

e dela e cortam as suas últimas raízes.

E assim

Como se as mãos fosem Guilhotinas

assassinaram

ao raiar do sol

Os seus Pequenos Heróis.

Maria João Franco

2006

Page 19: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Eu já nem sinto o horror da tempestade

nem um forte sabor a sal.

Sem estrelas

Navego neste mar ausente

e,

Quando o sol vier

trara o brilho do azul

E o Cintilar perdido

dos reflexos das estrelas de ontem.

Caminharemos pelo Cais magoado

de onde as amarras se partiram

E as barcas que ontem se perderam

apregoam hoje o céu

Onde os reflexos azuis e dourados

Envolvem se no jogo múltiplo

do resplendor dos espelhos.

Ganharemos assim,

os sonhos como fantasias,

como Almas,

Como luzes,

como esperanças ...

Maria João Franco

set 2007

Page 20: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Nós, os nus e os outros objectos

Procuro no lugar das coisas um sítio para estar.

Tão longe e tão perto que lido com tudo

os corpos

os trapos

as Pedras

o Mar

e os objectos que encontramos à toa

no Lugar

das praias são "todos" objectos de nós.

Complexo sistema este em que com eles nos confundimos,

neles nos integramos, e deles nos distinguimos.

Com eles nos encontramos, identificamos e deles nos distanciamos

tão só porque nós queremos ser.

sem tempo

nem lugar algum,

sempre nus , objectos de nós.

Maria João Franco

Page 21: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Não!

Nos limites do tempo

Já tudo tinha acabado

E

Para lá do tempo

Ainda havia

Um mar imenso de trevas

Um Céu imenso de estrelas

Um rosto imenso de olhar

Nos limites do tempo

Inacabado Infinito!

Não há tempo

Nem Lugar Algum

Onde não possamos chegar ...

Maria João Franco

Page 22: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Tu vens tão perto

Que a distância Foge

Tu vens tão perto

Que a distância existe

Tu vens tão perto

Que já nem sinto

Se a distância existe , ou se ela foge.

Agosto de 2000 Maria João Franco

Page 23: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Eu

que sou eu

vario na vida sem previsivel Maré

eu que sou eu

Olho o espelho em que estou

Conserto o cabelo

Fingindo quem sou

eu que sou eu

Gostava de ser outra vez

saborear cada momento

Cada Segundo

Dentro do tempo

Que és tu

meu amor

Maria João Franco, Set.2006

Page 24: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

maio

Estamos em maio e os dias contam a história deste mundo incerto.

Dediquei uma boa parte da minha tarde a fazer login mas deu sempre errado. Não percebo porquê!

Entramos, mas a nossa incoerência não deixa repetir o sucesso...

Metáforas de quem não tem uma vida Inscrita nos vocábulos do tempo. Boa noite.

Maria João Franco

Page 25: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Vou ter que te deixar

agora

meu amor

tão perto da loucura!

que eu não sei

se foi assim

Tudo o que inventei

e construi;

ou se foi de facto

ou ainda é

o Amor Exacto

novembro 1999

Page 26: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

Se eu enlouquecer fora de mim,

Leiam o meu cérebro.

Nele estará toda a lógica do meu ser:

Nele estará o rio do teu olhar,

Nele estará a vontade de te amar,

Nele estarás todo inteiro á minha espera.

No amanhecer das minhas ilusões,

estaremos deitados de mãos dadas,

olhar-nos-emos nos corpos com carinho ,

beijar-nos-emos nos lábios com ardor .

Toda uma lógica de vida,

meu amor.

Todo o meu existir assim vivido

nesta loucura de ser vida:

de me mascarar de sóbrios pensamentos,

para me esconder

Pensando em ti.

Maria João Franco

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TEXTOS

Da Existência "Sagrada" do não ser.

A forma exacta do não estar. O saber de não saber a liberdade.

A vida. Na coexistência impossível DOS PODERES.

O jogo.

Tabuleiro incompleto nas peças fulcrais.

Engrenagem viciada na inércia da volta que implicou uma ideia para além dos processos inelutáveis com

que nos deparamos

- Consequências Fatais da nossa condição... (?)

O sistema e a terra, este planeta em que o ser homem, se exige a si próprio um "auto - Poder" em que se

absurdam "Os princípios da coexistência.

Afinal a inteligência e os instintos sobrepõem-se de forma plasmada, de tal modo que nos leva a pensar

que o instinto e / ou uma inteligência se interconjugam

E que a lógica do instinto é uma verdadeira estrutura mental de defesa da nossa existência.

Por absurdo cria-se uma da lógica da continuidade e existência no mais primário dos seres e as nossas

teorias humanas, tão sabiamente construídas sobre alicerces de medo e de desencontros fatais.

Afinal uma espiral que, como tal, não tem fim nem princípio.

Começa sem começo e não ergue e caminha-se e percorre até ao infinito que nos representa e nos

simboliza o desconhecido.

Medo de todos os medos.

No fim de todas as coisas, onde o átomo e o Possível “não estar” se encontram num sítio que não

sabemos...

Esta dificuldade em definir o saber que difere do conhecimento - dado adquirido pelo transcorrer das

Page 29: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

civilizações, universos "mutandos mutáveis" e; paradigmas de universos QUE SÃO OS Patamares dos

conhecimentos estratificados.

De onde retiramos as Possibilidades da razão (causa) Existência da nossa terra sobre uma “coisa” a que

chamamos Terra.

De onde emanam os seres que nos iludem numa forma de céu que é o suposto intransponível limite do

nosso conhecimento.

De onde emana a nossa sapiência que é o entendimento do Estatuto das coisas que nos rodeiam e não!

Se eu estivesse aqui ao meu lado, pensava de outro modo: - distância de perspectiva existencial.

Estaria a ver o que estou a descrever e fá-lo-ia, talvez, de uma forma que me seria totalmente estranha.

MJF Agosto 2007/08/08

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Page 30: Jornal íntimo mariajoaofranco poemas

PRODUÇÃO de objectos / Produção ARTÍSTICA

É uma das características do homem uma produção de objectos e intervêm na sua realização em acto

decorrem componentes de vária ordem e de diferenciadas de Intenções.

A função de cada um dos objectos Produzidos está em estreita ligação com uma satisfação de Fenômenos

de necessidade. Mas há um momento de satisfação não Necessária que ultrapassa o sistema de

Necessidades elementares. A produção de objectos com arte é a primeira fase de ultrapassagem do

sistema de Necessidades primário.

O objecto - por vezes estético - (por vezes ético) é ultrapassado na sua intenção com o decorrer do tempo

e um significado surge-outro, desligando-o do referente (imaginário ou real) que lhe estava na base. No

fundo, quando o Objecto perde Função imediata, torna-se Objecto de contemplação e surge como obra de

arte, quando ele não representa, de facto, e antes de mais, um determinado estádio de evolução do

homem, mas não sem sentido plástico,

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No sentido de relação homem-natureza.

o que acontece é que os objectos perderam Função que hoje são sublimados, no sentido de se situarem de

se situarem nenhum plano de Organizações sígnicas REPRESENTATIVAS de diferentes estádios de

civilização: é sempre sinal da passagem do homem sobre o mundo e da sua vitória sobre os materiais, no

sentido em que domina os e lhes dá forma.

E é só nesse sentido que podemos dizer que tudo o que o homem faz tem um carácter estético.

O homem, na sua Necessidade natural, como ser gregário, e, individualmente, como ser dominador

manipulador, tende a dar forma a que todas suas Acções. É nessa tendência que está implícita uma

estética - e dela surgirá porventura o fenómeno artístico ou para-artístico

Os vários conceitos de arte estiveram sempre dependentes do binómio "Forma-Função".

Na medida em que uma Função se vai sobrepondo à forma CRIAM objectos estéticos - como subcategorias

de objectos - que ao abrirem um novo espaço

formal, tentaram Introduzir -se no campo da arte. O pressuposto estético fica aquém fazer artístico e a

apologia da norma e não funcional

torna-se perfeitamente apologética, como consequência daquilo que lhe falta: uma poética dinâmica.

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A obra de arte não resulta de conceitos estéticos, mas da própria vida justifica:-se a si própria na sua

capacidade ambivalente de projectar e assimilar.

Contudo, uma capacidade expressiva de um Objecto não é forçosamente índice de fenómeno artístico. Ela

surge muitas vezes por empatia imposta por ditaduras de gosto. Por isso a arte favorece o diletantismo

estético "e o snobismo cultural. E os seus agentes na sua ansia de auto promoção e não só subsidiam uma

produção maciça de objectos para - estéticos. O fenómeno artístico está mais ligado ao que esta

subjacente ou supra jacente á fisicidade do objecto.

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E esta aqui o fulcro do problema: quando surge o fenómeno artístico, a partir de uma concepção e

execução de uma determinada técnica Introduz se no mundo, um mundo que nele não existia. O artista

não enfeita uma sociedade, antes a completa, e essa complementaridade, se incomoda, tanto melhor...

Confrontamo-nos hoje, com efeito, com uma crise em si que, e por sua vez, se confronta com a ideia de

que o saber manipular os materiais é sinal de estatuto artisticamente inferior. Corresponde socialmente

uma atitude de desprezo pelo trabalho manual assumido como saber.

Certas correntes actuais, bastante na linha deste pensamento, contradizem-se, na medida em consideram

que o objecto artístico, o simples acto do fazer (puro acto lúdico), desprezando a partida o acto de fazer o

dominar, função em que conceber. Não se trata de trabalho, mas de simples imitação de trabalho. O

truque só é eficaz enquanto esconde o artifício. A displicência da feitura e o acintoso desprezo pela

estrutura artificializa esta, na medida em uma transforma de suporte da imagem em imagem em que si

mesma. Ao simular uma atitude como autentica, o Objecto concretiza-a, mas esvazia-se como Finalidade

artística.

Este apriorístico esteticismo e normativo que contraditoriamente se apresenta como anti-norma,

funcionaliza o objecto, tornando-o ilustrativo da teoria da moda e, retira-a, afasta-a da finalidade

intemporal, torna-se simples exemplo de uma teorização estética, , pois que uma obra de arte, enquanto

produto humano não pode, não deve tornar-se simplesmente imitação de si própria.

Se a arte começou por reflectir uma tentativa de dominar o homem a natureza, imitando a sua vitória,

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caminhou para uma imitação da Ideia, para uma imitação da Natureza ou como processo representacional

de imitação do homem, passando inclusivamente pela representação da sua realidade

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interior.

Sob pressão de algumas correntes estéticas normativas actuais tentam uma imitação do que fazer: no

fundo, assistimos um em casos que os artistas limitam se obsessivamente a imitarem-se a si próprios. E isto

porque os valores de mercado, a assinatura tornada objecto de consumo como sinal de valor troca-signo de

estatuto social, conexões estabelecidas a partir de relações confusas entre os conceitos de Objecto

Estético e Objecto Artístico, uma indefinição que com uma crítica de arte mal autorizada faz eleger um

"Objecto de Arte" qualquer uma moda ditada pelas associações de críticos internacionais, faz com que uma

História da Arte hoje corra o risco de ser uma história dos fracassados êxitos a curto prazo. Muitas das

obras actuais serão, com toda a certeza num futuro mediamente próximo , encaradas como "cheques sem

cobertura",

O objecto artístico contemporâneo é hoje extremamente difícil de definir, de tal modo o conceito de

"arte" tem sido alargado e empobrecido. Digamos antes que se passou de conceitos a "pré-conceitos".

Parece haver aqui uma contradição, mas se considerarmos que o pré-conceito se baseia em valores falsos,

próprios eles não autorizam uma formulação de qualquer espécie de conceito,

Pois até o conceito de conceito não existe, porque não há critério que defina o campo em que se coloca

determinado Objecto e o seu campo de expõe à análise.

Será o entendimento do fenómeno artístico que limpará o terreno e definirá o que é arte hoje.

Mas antes que haverá uma ESTABELECER Deontologia da Crítica do nosso tempo.

Lisboa, Julho 1987 Maria João Franco