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| PÁGINAS 8 E 9 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA Nº 58 | Março de 2014 jornal DE SARNEY A COLLOR AS ETERNAS DINASTIAS POLÍTICAS A DURA ROTINA DOS RODOVIÁRIOS | PÁGINAS 10 E 11 O GÊNERO MUSICAL ELEITO PELO POVO | PÁGINAS 3 À 5 LINCE

Jornal lince marco 2014

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva

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Page 1: Jornal lince marco 2014

| pÁGINAs 8 e 9

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton PaivaNº 58 | Março de 2014

jornal

DE SARNEY A COLLOR

AS ETERNAS

DINASTIAS

POLÍTICAS

A DUrA rotINA

Dos roDoVIÁrIos

| pÁGINAs 10 e 11

o GÊNero MUsICAL

eLeIto peLo poVo

| pÁGINAs 3 À 5

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton PaivaJornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva

jornal

LINCE

Page 2: Jornal lince marco 2014

2 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

Cor res pon dên Cia

NP4 - Rua Ca tumbi, 546

Bairro Cai çara - Belo Horizonte - MG

CEP 31230-600

Contato: (31) 3516.2734

[email protected]

Este é um jor nal-la bo ra tó rio da

dis ci plina la bo ra tó rio de jorna lismo ii.

o jor nal não se res pon sa bi liza pela

emis são de con cei tos emi ti dos em ar ti-

gos as si na dos e per mite a re pro du ção

to tal ou par cial das ma té rias, desde

que ci ta das a fonte e o au tor.

SugEStõES dE pautaS?participE do jornal lincE.

uma publicação feita pelos alunos do curso de jornalismo do centro universitário newton.

E-Mail: [email protected]

presidente do Grupo spliCeAntônio Roberto Beldi

reitorJoão Paulo Beldi

ViCe-reitoraJuliana Salvador Ferreira de Mello

Coordenadora dos Cursos de CoMuniCaÇÃoJuliana Lopes Dias

Coordenador da Central de produÇÃo JornalistiCa - CpJPro fes sor Eus tá quio Trin dade Netto (DRT/MG 02146)

Conselho editorialProfessor Menoti Andreotti

pro Jeto Grá fiCo e direÇÃo de arteHelô Costa (Registro Profissional 127/MG)

MonitoresJoão Paulo Freitas e Caíque Rocha

reportaGensAlu nos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário New ton

diaGraMaÇÃo Márcio JúnioEstagiários do Curso de Jornalismo

ExpedienteOpiniãOjornal

LINCEJornal laboratório

do Curso de Jornalismo

do Centro universitário

newton

fora das mídIas CoNvENCIoNaIs

ar

qu

ivo p

es

so

al

a rEportagEm

RogeR Leon

3º período

Para se contrapor ao estilo

enxuto das reportagens da

época, um grupo de jornalistas

dos anos 1950-1970 criou o

estilo literário conhecido como

“New Journalism’’. Incluindo

uma narrativa literária que

seduz o leitor, a notícia passava a

ser mais interessante e aprofun-

dada, criando uma leitura mais

leve e agradável. Inicialmente

publicadas apenas com textos

mais longos, em revistas como a

“Squire’’ e a “New Yorker’’, sem

t a n t a p r o f u n d i d a d e n o

tema, hoje já passam a ser de

domínio das editoras e podem

ser adquiridas em livrarias con-

vencionais.

O pioneiro no estilo narra-

tivo foi “A sangue frio”, de Tru-

man Capote, que investigou a

fundo a história da chacina de

uma família em uma cidade no

interior dos EUA. O autor, que

não chegou nem a utilizar gra-

vadores, conversou direta-

mente com os assassinos antes

mesmo de serem descobertos,

deixando a trama mais concisa e

com uma leitura mais instigante

— Capote usava sua memória

para lembrar cada palavra pro-

ferida pelas testemunhas. O

mais famoso livro reportagem

até hoje é “Hiroshima”, de John

Hersey, um retrato minucioso

sobre seis sobreviventes à explo-

são mais famosa da história,

feita após um ano do ocorrido,

no Japão. Apresar de triste, a

história se mantém como uma

lição de vida de pessoas que

passaram por um dos maiores

atentados da história.

No Brasil, o gênero chegou

no final dos anos 1970, pelas

mãos de Fernando Moraes, com

o livro “A Ilha”, o primeiro sobre

Cuba, no auge da Era Fidel Cas-

tro. Porém, sem muito sucesso,

o gênero só caiu nas graças do

público no início dos anos 1990,

quando Ruy Castro falou sobre a

bossa nova em “Chega de sau-

dade”, sucesso de público e crí-

tica, e “A Estrela Solitária”, bio-

grafando a lenda Mané Garrin-

cha. A partir daí, a prática virou

comum e vários jornalistas se

lançaram no mercado editorial.

Caco Barcellos é um exemplo da

grande aceitação do gênero,

com suas reportagens em forma

literária — “Rota 66”. Dráuzio

Varela, com “Carcereiros” e

“Estação Carandiru”, sendo o

último adaptado para o cinema,

também obteve sucesso. De

certa forma, quase um século

antes, Euclides da Cunha,

então repórter do jornal O

Estado de São Paulo, fez o

mesmo com “Os Sertões”,

cobrindo a Guerra de Canudos.

O livro não ficção mais ven-

dido do ano passado foi exata-

mente um livro reportagem

feito com maestria por Daniella

Arbex, o “Holocausto Brasi-

leiro”, história do manicômio de

Barbacena, onde morreram

mais de sessenta mil pessoas.

Um dos melhores livros de

2013, “Holocausto’’ choca e

enche seus leitores de compai-

xão pelos internos, e causa

revolta em saber que as autori-

dades não fizeram nada para

barrar um dos maiores absurdos

da história do Brasil. O gênero

ganha pontos positivos por

desenvolver ao máximo um

assunto que pode ser polêmico

ou que já foi até esquecido do

grande público. O gênero

amplia os conceitos de reporta-

gem e de grande reportagem dos

Jornais diários, a partir do

momento em que faz profunda

pesquisa na vida das persona-

gens’ envolvidas.

Page 3: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 3

DA M

pBo

Cam

aLEÃ

oCOMpORTAMEnTO Rotulado de cafona,

gênero musical se reinventa a todo o

momento e, apesar do preconceito, mostra

sua força e influencia cada vez mais a música brasileira

Page 4: Jornal lince marco 2014

4 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014Março de 2014Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -4 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -

caMiLa chagas e MaRcus soaRes

5º período

Que o Brasil é um país de múltipla

musicalidade, todos já sabem. Mas há

alguns gêneros que nunca saem da moda.

Um deles, o que é definido como “música

brega”. Ao longo do tempo, o estilo se rein-

ventou, incluiu novas sonoridades em um

amplo arsenal que vai de baladas românti-

cas a batidas eletrônicas, em canções que

falam de amores, traições, dores de coto-

velo, da vida das empregadas e prostitutas,

em letras, às vezes até bizarras, mas de

melodias fáceis, que todo mundo sabe

cantar. Mesmo quando diz que não gosta.

Um dos segredos do brega é sua incrí-

vel capacidade de mudar e de se adaptar.

Sempre que teve a morte declarada, con-

seguiu renascer. Mais do que isso, ressur-

gir como novidade. Por isso, há uma lista

extensa de artistas que são referência

dentro do brega. Ela vai de Reginaldo

Rossi a Odair José, passando por Sidney

Magal, Nelson Ned, Fernando Mendes,

Waldik Soriano, Grupo Molejo, Karame-

tade e Diana, mas agrega novos bregas,

como a Banda Calypso e Gaby Amarantos,

numa invejável mostra de vitalidade.

status de cLÁssico

Ninguém, em um primeiro momento,

assume que gosta de música brega, mas,

dois drinks a mais, põe as músicas pra

tocar em festas, canta o repertório inteiro

e, por fim, admite que o brega, apesar de

tudo, tem lá seus encantos. Afinal, as

letras são fáceis de serem entendidas,

falam de amor com palavras que estão no

dia a dia da maior parte da população. Não

é à toa que uma das músicas mais famosas

do rei do brega, Reginaldo Rossi — “Gar-

çom” (“aqui, nessa mesa de bar, você já

cansou de escutar centenas de casos de

amor”) — já está a um passo de conseguir

o status de clássico.

Reza a lenda que a música brega teve

início nas décadas de 1940 e 1950, mas

suas origens, a bem da verdade, se perdem

no tempo, de quando o jogo era liberado

no país, e os cassinos tinham portas aber-

tas para artistas do mundo inteiro — fran-

ceses, americanos e, principalmente lati-

nos, vindos do México — a influência mais

forte, possivelmente, é a dos boleros

românticos mexicanos e cubanos, que

vieram a influenciar, décadas depois,

autores como Orlando Dias, Odair José ou

Lindomar Castilho e até os sertanejos

Bruno e Marrone. O gênero, que um dia

habitou prostíbulos (que no nordeste têm

sinônimo de brega), hoje frequenta os

mais finos ambientes.

MetaMoRFose aMBuLante

O sucesso do gênero pode ser atribu-

ído, em grande parte, à sua capacidade de

se transformar e se adaptar aos modismos

musicais de cada época. Num processo de

selvagem antropofagia, o brega se apossou

do bolero, da jovem guarda, do samba, do

forró, do sertanejo, do pop rock, do samba

(que transformou em pagode) e até da

batida eletrônica, inventando o techno-

brega. É tal e qual prega a Lei de Lavoisier,

o brega renasce das cinzas e, em sua natu-

reza, se nada se cria, nada também se

perde: tudo se transforma.

— Muitas vezes, o adolescente chega

querendo determinada música, mas

quando escuta uma coletânea e vê que

existem outras canções conhecidas,

acaba gostando do cantor e comprando

mais produtos dele — revela Maria Apare-

cida Calvo, vendedora da Discoplay, a

mais sofisticada loja de discos de Belo

Horizonte, mas que também mantém em

seu acervo diversos títulos da nação brega.

Ao contrário do que acontece com

artistas da elite, o brega ostenta cifras

invejáveis tanto no que diz respeito a ven-

das de discos quanto à agenda de seus

interpretes mais famosos. Amado Batista

ou Eduardo Costa fazem mais shows em

uma semana do que Adriana Calcanhoto

em três meses. Além de tudo, tocam mais

nas emissoras de rádios de todo o país e já

dominam as trilhas sonoras das novelas e

séries de televisão. “Ex mai Love”, da

trilha sonora de “Cheias de Charme”,

exibida pela Rede Globo, em 2012, foi um

dos maiores sucessos da paraense Gaby

Amarantos.

Para o radialista, poeta, letrista e crí-

tico de música, Kiko Ferreira, o sucesso

desse tipo de composição se refere ao

empobrecimento intelectual de uma

população que não tem acesso a arte e

cultura nas escolas. “Mas Gaby e a banda

Calypso são altamente profissionais,

sabem o que estão fazendo, assim como o

pessoal do axé e do funk”, reconhece.

— Eles sabem apelar para o que

Fausto Fawcett chamava de baixos instin-

tos... Gaby é uma estrela ao nível de uma

Célia Cruz, mas a música de Célia Cruz é

muito, muito melhor e mais sofisticada

— compara Kiko.

RegRaVaÇÕes BRegas

A maioria dos artistas desse estilo vem

do nordeste do Brasil, região que sofre

com as secas e falta de chuvas. São lugares

mais pobres, em que o acesso a produtos

culturais mais sofisticados é difícil. Há

artistas que não saem do nordeste porque

fazem tanto sucesso em suas regiões de

origem, que nem têm pretensão de serem

reconhecidos no resto do país. Um deles é

o megabrega Reginaldo Rossi, que jamais

deixou seu Recife natal. Da mesma forma

que outro pernambucano, Adilson Ramos

e o potiguar Gilliard.

Hoje, não é heresia afirmar que o

brega passou, inclusive, a influenciar a

MPB. Para Kiko Ferreira, esta lição é

antiga. O Tropicalismo já dava sinal disso

desde o início dos anos de 1970.

— Nem tudo que é brega é ruim; nem

tudo que é popular é dispensável. Artistas

como Caetano Veloso e Arnaldo Antunes

conseguiram identificar estas pérolas e dar a

elas uma sofisticação que soa convincente.

Segundo Kiko, detalhes em um

arranjo podem valorizar ou destruir uma

música. “Os caminhões de gás e as espe-

ras telefônicas conseguiram transformar

a erudita ‘Für Elise’, de ninguém menos

que Ludwig Van Beethoven, numa coisa

irritante”, observa.

Page 5: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 5

Um girassol na lapela

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 Março de 2014 5Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -

Marcondes Falcão Maia. Quem

seria esse? Conhecido apenas como o

Falcão, ganhou fama e conquistou o

público com suas letras bem humora-

das, figurino extravagante e um estilo

que é tão pessoal que já independe do

brega. Nascido no Ceará, em 1957, o

artista se prepara para lançar seu novo

álbum de carreira e atuar no cinema.

Procurado pelo Lince, falou um pouco

da sua história com o estilo brega, car-

reira e novos projetos.

Lince - coMo coMeÇou seu inteResse PeLo

estiLo BRega?

FaLcÃo - Foi uma coisa em que eu não

pensava. Quando vi, já estava fazendo

canções, pois meu pai sempre ouvia esse

tipo de música. Quando eu quis ser com-

positor foi mais fácil do que eu pensei, não

foi nada planejado.

Lince - de onde o senhoR tiRou insPi-

RaÇÃo?

FaLcÃo - Do improviso. Muito do que

você está sentindo na hora, o que vai apare-

cendo a gente vai fazendo, músicas de brega

sempre falam de corno, chifre e traição com

pitadas de humor e irreverência. O figurino

foi meio que sem querer, quando eu partici-

pei de um festival no Ceará, me deram a

ideia de me inspirar no Waldick Soriano, e

nunca mais tirei. Mas, com o tempo foi pio-

rando. Fui acrescentando adereços e pen-

duricalhos até chegar no que é hoje. E a

tendência é só piorar.

Lince – o senhoR se incoModa coM o

títuLo de cantoR BRega?

FaLcÃo – Não, acho muito interessante,

porque a música brega é muito popularizada

e talvez toda música brasileira seja brega.

Música tem um apelo popular, uma música

bem humorada, com um clichê de drama

pessoal e passional. É claro que tem muita

gente que confunde, que acha que brega é

uma coisa mal feita, música de lixo e de mau

gosto. Só que na verdade, o brega transmite

na música e na cultura, fatos populares.

Lince - PoR que o senhoR nÃo seguiu coM

a aRquitetuRa?

FaLcÃo – Trabalhei um tempo como

arquiteto, mas foi na mesma época que

comecei a gravar meus discos. Eu tive que

optar por um dos dois, ou a música ou arqui-

tetura. No caso foi a música, era o que estava

dando mais dinheiro e trabalho.

Lince - coMo conseguiu se toRnaR nacio-

naLMente conhecido?

FaLcÃo - O brega, no geral, é meio

esquematizado. No meu caso foi diferente,

veio com uma dose de humor e irreverência,

mostrando mais uma caricatura do que é o

brega. Então, ficou mais fácil. Assim, as pes-

soas veem pelas letras, a mensagem que eu

estou levando. Na verdade, eu não tive

muito trabalho; eu me tornei o que as pes-

soas queriam ver.

Lince - quais sÃo os seus PRoJetos

FutuRos?

FaLcÃo – Vou lançar o nono disco da

minha carreira, que inclusive já está gra-

vado. Tenho alguns projetos de televisão,

vou fazer um programa no Ceará e quero

fazer uma coisa nacional também. E no

cinema, participei do filme “Cine Holli-

údy”... A partir daí, devo fazer mais alguma

participação este ano também.

Brega é um conceito Hoje, as festas universitárias não tocam

somente pop rock, sertanejo universitário ou

músicas eletrônicas; investem também em can-

ções bregas que viram temas da própria comemo-

ração. Hits de Sidney Magal, como “Sandra Rosa

Madalena” ou “Meu sangue ferve por você” agitam

as baladas dos estudantes da classe média e nin-

guém reclama. “Fogo e Paixão”, do Wando, é outra.

Da mesma forma que ninguém reclamou quando

a rebolativa “Conga, La Conga”, da Gretchen, foi

recriada num palco pela diva Marisa Monte.

“Às vezes, a festa está desanimada e é só

começar a tocar as músicas de Sidney Magal e

Reginaldo Rossi, que crianças e pessoas mais

velhas vão para as pistas de dança”, revela o

músico Saulo Tecladista. É importante ressaltar

que o brega não tem nada a ver com pobreza.

Gênios como Cartola, Nelson Cavaquinho ou Nel-

son Sargento foram criados em favelas e nem por

isso fizeram música mal feita; muito pelo contrá-

rio. Assim como o nosso Flávio Renegado, simples

e inteligente. “Logo, pobreza de recursos não pre-

cisa, necessariamente, rimar com música de má

qualidade“, filosofa Kiko Ferreira.

Foto

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lGa

ÇÃ

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Page 6: Jornal lince marco 2014

6 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

EDUCAÇãO

caMiLa chagas e

RaqueL duRÃes

5º período

Quando se fala no portu-

guês, as pessoas automatica-

mente pensam em Brasil, Por-

tugal e nas suas variações lin-

guísticas e escritas. Visando

reunificar a ortografia, desde

1990 os acordos ortográficos

vêm sendo sugeridos nos paí-

ses de língua portuguesa. Ape-

sar disso, só depois de 18 anos ,

após a assinatura do então

presidente Luiz Inácio Lula da

Silva, em setembro de 2008, o

Brasil decidiu finalmente

ceder às novas regras de orto-

grafia. De início, o prazo para a

oficialização do acordo era

para janeiro deste ano. Entre-

tanto, a decisão foi revogada e

só será obrigatório a partir do

início de 2016.

Além de Brasil e Portugal,

a Comunidade dos Países de

Língua Portuguesa é formada

por Angola , Cabo Verde,

Guiné-Bissau, Moçambique,

São Tomé e Príncipe e Timor-

-Leste, totalizando oito mem-

bros. Com exceção de Angola e

Moçambique, todos já passa-

ram pela primeira fase do tra-

tado, a assinatura. Temos hoje

então, o acordo totalmente

ingressado no Brasil e, em

parte, em Portugal. Os demais

vão aos poucos ratificando e se

adaptando às mudanças.

o acoRdo

A unificação oficial passa

por três etapas: assinatura,

ratificação e implementação.

“A ratificação é necessária

porque o acordo tem o esta-

tuto de um Tratado Interna-

cional entre os países, e, por-

tanto, necessita de um pro-

cesso de internalização da

norma”, explica Gilvan Mül-

ler de Oliveira, diretor execu-

tivo do Instituto Internacio-

nal da Língua Portuguesa

(IILP). Sobre o posiciona-

mento dos demais, Gilvan

Oliveira esclarece que “todos

também já passaram pela

segunda fase, menos Angola,

que ainda tem dúvidas se

ratifica ou não, e Moçam-

bique, que já encaminhou a

confirmação da assinatura

para o Parlamento e aguarda

por medidas para concluir o

processo”.

Mesmo que a maioria já

tenha aceitado o novo acordo,

muitos ainda discordam ou

têm dúvidas sobre o assunto.

“O que me incomoda mais é o

fato de ser um acordo só no

nome. Acho que, se é portu-

guês, deveria haver algum tipo

de padrão”, afirma Bárbara

Lourenço da Costa Dantas,

revisora de textos na Editora

UFMG. Para completar, a pro-

fissional cita um exemplo de

linguagem e escrita similar.

“Veja pelo lado dos EUA e da

Inglaterra. Há algumas dife-

renças na grafia de determina-

das palavras, mas nada muito

discrepante como é com Por-

tugal e Brasil”, questiona.

rEforma Na“vELha” ortografIa

Mudanças na ortografia

devem simplificar e facilitar

a vida das pessoas. Por outro

lado, as dificuldades com as

novas regras gramaticais

complicam ainda mais o

aprendizado. “O texto da

reforma deveria ter sido

mais debatido, como, aliás,

pediram, durante anos,

vários estudiosos de nossa

língua”, afirma Douglas

Tufano, autor de diversos

livros da Editora Moderna,

entre eles, a segunda edição

da Gramática fundamental,

que vem acompanhado do

Tira-dúvidas: conjugação

verbal, que ao final apre-

senta um apêndice com a

nova ortografia resumida.

Apesar das adaptações

na escrita ainda não serem

obrigatórias, milhares de

editoras já se adaptaram às

reformulações. O medo de

muitas é que o acordo não se

concretize, e cause prejuí-

zos à economia das empre-

sas. “Uma ortografia única

possibilita nossa circulação

e atuação internacional.

Digo, com segurança, que o

processo é irreversível”,

defende Gilvan Oliveira.

Entretanto, para Douglas

Tufano, não é tão simples

assim. “Não vejo como esse

acordo pode trazer benefí-

cios econômicos relevantes

que justifiquem os gastos”.

Além disso, a integração

cultural de países que falam

português “deveria ser bem

melhor e essa suposta ‘unifi-

cação da linguagem escrita’

pouco faz por essa integra-

ção”, analisa o autor.

Na economia

Acordos, reformas e mudanças

são feitas na grafia dos

países de língua portuguesa.

Para que serve tudo isso?

Page 7: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 7

Novas regras

Novas regrasNovas regras

Reformas ortográficas

acontecem para formalizar uma

mudança que já está em uso. Se

não fossem por elas, ainda

escreveríamos ‘êle› ou ‹êste›. Por

mais que isso se torne motivo de

polêmicas e discussões, não há

como negar que, se houve uma

necessidade de reformular cer-

tas palavras. Isso prova que a

língua é viva e está em constante

mudança. Além disso, vale lem-

brar que o português é o quinto

idioma mais falado no mundo.

“O governo brasileiro assi-

nou, ratificou e implementou a

nova ortografia, prevista no

Acordo Ortográfico. O processo

está concluído e podemos para-

benizar o Brasil pela rapidez,

segurança e eficiência com que

o conduziu”, afirma Gilvan

Oliveira. Por outro lado, tal

eficiência no procedimento

pode ser reavaliada, visto que

já são mais de 18 anos de dis-

cussão sobre a aceitação, ou

não, das medidas.

Para os jornalistas, escrito-

res, revisores e outros profissio-

nais da área, o conhecimento

do português correto é indis-

pensável. Afinal, são profissio-

nais que têm como instru-

mento de trabalho a língua

escr i ta . Ass im como um

médico deve saber as novida-

des da medicina, um revisor

deve saber o que há de novo na

língua. “Quem lê um livro,

além da informação do conte-

údo propriamente dito, está

adquirindo conhecimentos

sobre a ortografia da língua,

mesmo sem perceber”, garante

a revisora Bárbara Lourenço.

“Se quem formou em um curso

especifico não está acompa-

nhando as mudanças, então

esse não é um bom profissio-

nal”, conclui.

Como revisora, Bárbara

admite ter a obrigação de

es tar bem infor-

mada, mas sabe

que ainda tem

m u i t o a

a p r e n d e r

s o b r e a s

novas regras.

“As pe s soa s

têm mania de

achar que quem

forma em Letras é

um dicionário ambu-

lante”, brinca. “Se um

médico não souber da nova

vacina de Gripe, mesmo que

ele discorde dela, então não é

um bom médico. Se eu ,

mesmo que discorde do novo

acordo ortográfico, não souber

do que se trata, então não sou

boa profissional”.

Após toda essa discussão,

estão sendo desenvolvidos

diversos projetos educacionais

que visam o aprendizado e a

assimilação das mudanças na

escrita. O Instituto Interna-

cional da Língua Portuguesa

coordena o processo de elabo-

ração do VOC, Vocabulário

Ortográfico Comum da Lín-

gua Portuguesa. O VOC é uma

base de dados digital de uso

aberto e gratuito, com mais de

300.000 palavras, nas quais se

aplica o Acordo Ortográfico, e

que permite ao usuário escla-

recer qualquer dúvida sobre a

e s c r i t a d e

determinada palavra.

Sendo assim, o VOC,

quando integralizado, será a

soma de oito vocabulários orto-

gráficos nacionais (VON) e terá

uma grande importância para o

futuro da língua, como a maior

base de dados lexicais digitais

existentes, e como instru-

mento normativo reconhecido

pelos países. “O Acordo Orto-

gráfico, o Vocabulário Ortográ-

fico Comum da Língua Portu-

guesa e o próprio IILP, apon-

tam para um novo momento

da língua portuguesa, que só

têm a ganhar com a colabora-

ção entre os Estados para ela-

borar o futuro do portu-

guês”, afirma Gilvan

Oliveira.

Gilvan mÜller de

oliveira, diretor

eXeCutivo do instituto

internaCional da línGua portuGuesa

Trata-se menos de uma Reforma Ortográfica e mais de um Acordo Ortográfico, como o próprio nome já diz.

““

Língua viva O que é o VOC?

Na prática

Se as pessoas ainda têm dificuldade com a atual escrita, já imaginou o momento em que a nova ortografia se tornar obriga-

tória? Para aqueles que ainda não se acostumaram com a idéia (ou ideia, conforme as novas regras), será um Deus nos acuda.

Para tentar esclarecer algumas dúvidas, veja algumas das regras básicas.

O trema (¨), como era em “lingüiça”, está fora de uso. O sinal permanece apenas nas palavras estrangeiras e suas derivadas.

Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima

sílaba). Por exemplo, “alcatéia” passar a ser “alcateia”.

Não se emprega o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s). Ex: “enjôo” vira “enjoo”.

Sempre se usa o hífen diante de “H”, como em anti-higiênico e super-homem. Esta é a regra básica, entretanto, existem exce-

ções neste caso.

Para o uso do hífen, as regras são extensas e possuem muitas variações. A dica é pesquisar em referências especializadas em

ortografia e conferir.

Foto: arQuivo pessoal

Page 8: Jornal lince marco 2014

8 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

pOLÍTiCA

FRedeRico VieiRa e ManueL caRVaLho

5º período

Dinastia é o período de sucessão,

geralmente longo, em que membros per-

tencentes a uma mesma família perma-

necem no poder. Um exemplo disso

aconteceu em Minas Gerais, com a

família Ferraz. Começou com Adalberto

Dias Ferraz da Luz, que foi o primeiro

prefeito de Belo Horizonte, em 1897.

Posteriormente, dois irmãos foram

deputados estaduais por várias legisla-

turas consecutivas: Jorge Ferraz (de

1959 a 1971) e João de Araújo Ferraz (de

1967 à 1987). Em Barbacena, as famí-

lias Bias Fortes e Andradas se rivaliza-

ram na política local desde o fim do

século XIX até 1930.

Outros casos podem ser citados pelo

Brasil afora: na Bahia, a família Maga-

lhães está no poder há mais de 50 anos.

No Maranhão, a dinastia Sarney admi-

nistra o estado há mais de 40; enquanto

em Maceió, a família Collor se mantêm

há mais de 30. No Distrito Federal, a

família Roriz se mantêm no poder há

mais de duas décadas.

— Percebo que em diversos estados

existem oligarquias que se perpetuam

no poder, mas vão deixando de ter aos

poucos densidade eleitoral e até repre-

sentação política — constata o deputado

estadual Fred Costa (PEN), lembrando

que a política necessita de uma renova-

ção constante para o bem da democra-

cia. Vale destacar que a perpetuação

também ocorre fora do Brasil. Em Cuba,

a ditadura militar da família Castro já

vem desde 1976.

poLítICosObcecados, eles não abandonam suas posições e, de pai para filho, as dinastias políticas se eternizam no poder legislativo

dINossauros

Page 9: Jornal lince marco 2014

Existem “medalhões políticos” em

praticamente todos os estados brasilei-

ros. Alguns surgem como “heróis”, como

aponta o jornalista Paulo Henrique

Lobato, do jornal O Estado de Minas.

— O José Sarney, quando surgiu lá

no Maranhão, há muitos anos, apare-

ceu com o discurso de que era algo de

novo, mas agora ele não é mais.

Sarney já foi presidente da Repú-

blica, senador, governador, deputado,

dentre outros cargos políticos. Tem dois

filhos na política: a atual governadora do

Maranhão, Roseana Sarney, e o deputado

federal Sarney Filho, também conhecido

como Sarneyzinho. Para não disputar

voto com a filha, José Sarney já mudou até

de estado — foi candidato e acabou eleito

senador lá no distante Amapá.

Sarneylândia

Há uma crescente pressão por

mudanças no processo eleitoral, para

incentivar e aperfeiçoar a participação polí-

tica no país. Uma forma de aumentar o

controle da população sobre os políticos

seria o voto distrital. Desta maneira, o

estado (ou cidade) seria dividido em peque-

nas regiões, os distritos. Cada partido apre-

sentaria um candidato por distrito, e o mais

votado seria o eleito. O voto distrital ajuda-

ria a minimizar a força das dinastias, aca-

bando com a distribuição de votos dentro de

partidos ou coligações. O vereador Fred

Costa é a favor desta medida. “Sou a favor

completamente do voto distrital. Acho que

nos remeteria a representações mais legíti-

mas e maior fiscalização”.

O Brasil tem as campanhas eleitorais

mais caras do mundo. Um fundo partidá-

rio foi criado para repassar aos partidos

políticos, valores para financiamento de

campanhas públicas. “O fundo partidário

é um dos maiores responsáveis pelas

dinastias, mas não o maior. Existe uma

coisa chamada caixa dois”, denuncia

Lobato — “Não quer dizer que a dinastia

acabaria, mas seria mais transparente”.

Com o voto distrital os candidatos não

precisariam percorrer todo o estado (ou

cidade) atrás de votos, diminuindo os gas-

tos com campanhas. Mas a não aprovação

do voto distrital é de interesse dos que

atualmente exercem o poder. No ano de

1600, ao ser queimado pela Inquisição, o

filósofo dominicano Giordano Bruno des-

tacou que não há nada mais ingênuo do

que “pedir aos donos do poder a reforma

do poder”. Não há mudanças, pelo contrá-

rio. A tendência é as dinastias continua-

rem a se perpetuar no poder.

Voto distrital

Historicamente, o Brasil sempre teve

problemas relacionados à política. A ima-

gem dos políticos, por causa dos escânda-

los, costuma ser diretamente relacionada

à de pessoas de baixo caráter e na maioria

dos casos, de corruptos. O processo eleito-

ral em nosso país é democrático. E,

mesmo sendo obrigatório, a escolha do

voto é livre. Mas, uma minoria mantém-se

interessada em votar com sabedoria, tra-

tando com seriedade necessária o pro-

cesso eleitoral. Somos responsáveis por

quem é eleito em nossas cidades, nossos

estados e nosso país. Mesmo assim, há os

que não dão o valor necessário ao voto e

não têm a consciência da sua importância.

O tempo em que esses políticos permane-

cem em seus respectivos cargos tem rela-

ção com a facilidade de se reelegerem.

— Se determinadas famílias são per-

petuadas no poder durante várias déca-

das, significa dizer que foi o povo quem

escolheu essas pessoas. Bem ou mal,

acredito que seja uma escolha democrá-

tica — completa o vereador Vilmo

Gomes (PT do B). A pergunta é: será que

somos capazes de escolher alguém poli-

ticamente correto e realmente prepa-

rado para nos representar?

Direito ao voto

Pilares da corrupçãoSão poucos os eleitores que acompa-

nham o histórico dos candidatos antes de

ir às urnas, e tampouco se preocupam em

conhecer a proposta do que vai se pro-

mete para o futuro. O descaso para com a

política é refletido em escândalos estam-

pados com frequência em jornais e pro-

gramas de televisão.

— A população tem a sua parcela de

responsabilidade; o mandato é representa-

tivo político. Se lá estão, significa que uma

parcela votou neles — adverte Fred Costa.

Em contra partida, a escassez de políticos

íntegros é um dos pilares da corrupção no

poder legislativo do Brasil.

escândaLos

Nossos políticos usam do poder aquisi-

tivo para comprar votos como se fossem

mercadorias, e — o pior —, a uma fila

extensa prontinha para vender.

— Infelizmente, ainda é uma realidade.

Se há políticos que compram votos, também

tem os eleitores que vendem, alerta Fred Costa.

Ainda existem aqueles que, mesmo

depois de venderem o tão precioso voto, vão

às ruas para manifestar, clamando por uma

reforma política e econômica. A consequên-

cia é clara, mas invisível aos olhos da maioria

da população, que prefere pagar impostos

altíssimos a fazer um voto consciente. O

vereador Vilmo Gomes cobrou “do brasi-

leiro” o sentimento cidadão de fiscalizar o

candidato que ele elegeu.

— Se nós formos perguntar ao “brasi-

leiro” em quem ele votou na última eleição,

muito provavelmente ele não saberá dizer.

ReFoRMa uRgente

Em 2005, estourou o escândalo do

mensalão, e mesmo assim, os deputados

acusados, que haviam sido eleitos três anos

antes, acabaram sendo reeleitos em 2006, e

alguns em 2010.

— A verdade é que há uma brecha nas

leis brasileiras, que atrasam e postergam

julgamentos contra políticos para mantê-los

nos cargos — reivindica Lobato.

Com os casos dos mensalões e dos des-

vios milionários dos cofres públicos, a classe

política perdeu credibilidade dentro e fora

do território nacional. A população está

cada vez mais desanimada com a classe.

— Há um amadurecimento da demo-

cracia que provoca cada vez mais um senti-

mento de indignação das pessoas — aponta

Fred Costa, observando que, “se os escânda-

los são pertinentes, o processo eleitoral

falho, e a política corrupta, é necessária uma

reforma urgente”.

Page 10: Jornal lince marco 2014

10 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

CiDADE

trILhos urbaNos para o INfErNo

Conheça a dura rotina dos profissionais que atuam no transporte público de Belo Horizonte, os motoristas e cobradores

caíque Rocha thiago caLdeiRa

3º período e 5º período

A “Revolta dos 20 Centavos” e o Movi-

mento Passe Livre, que tomaram propor-

ções imensas em nosso país no ano de

2013, bateram de frente contra o preço

abusivo do transporte coletivo, mas

esqueceram de personagens importantes.

Quando entramos em um ônibus,

logo percebemos a escassez de uma boa

estrutura para facilitar o trabalho dos

motoristas e cobradores. O risco de vida,

vulnerabilidade a assaltos, a poluição

sonora e a proximidade com o motor

superaquecido são exemplos.

— Sinto falta de um bebedouro com

água gelada no final das viagens.

Estas palavras, carregadas de indigna-

ção, ilustram desafios enfrentados por

Ricardo Evangelista, 35. Ele é motorista de

uma das linhas de ônibus mais longas da

capital mineira — a pedido do motorista, a

mesma não será revelada — cada viagem

costuma durar mais de uma hora.

desPRoPoRÇÃo

De acordo com o presidente do Sindi-

cato dos Trabalhadores em Transportes

Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH),

Ronaldo Batista de Morais, o salário de um

motorista de ônibus em BH independe do

número de viagens ou da duração das mes-

mas. É um valor fixo de R$ 1.585,18,

enquanto o dos responsáveis pela cobrança

das passagens é de R$ 792,59. Outro deta-

lhe, não há o benefício da insalubridade.

— Juntamente com outros sindica-

tos, federações e entidades classistas,

estamos na luta há anos por esse benefí-

cio. Inclusive, o texto do projeto que

regulamentou a profissão do motorista

em 2012, continha o direito de insalubri-

dade e da aposentadoria especial, mas foi

retirado do texto quando passou pela

avaliação no senado — relatou Morais.

estRutuRa

Nem mesmo durante os intervalos

entre uma viagem e outra, os profissio-

nais do transporte público não têm vida

fácil. De acordo com Ricardo, os pontos

finais da linha em que trabalha são

extremamente precários.

— Não temos um lugar para almoçar,

geralmente comemos dentro dos ônibus ou

em algum restaurante próximo. E o mais

básico de tudo, que são banheiros separa-

dos, para homens e mulheres, não há.

O Sindicato afirma que a falta de

banheiros é um dos problemas mais reivin-

dicados e que está sempre na pauta das

lutas da classe para melhorar suas condi-

ções de trabalho. Vale lembrar que,

segundo o presidente do Sindicato, esta é

uma luta que não se restringe às discussões

durante a campanha salarial. “Ela se

estende ao debate com os poderes públicos

em busca de melhores condições de traba-

lho para os Rodoviários”, afirma.

Page 11: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 11

Ainda no primeiro semestre deste ano,

a prefeitura de Belo Horizonte irá inaugurar

o BRT - “Bus Rapid Transit” — em portu-

guês, Trânsito Rápido de Ônibus —, que

recebeu o nome de MOVE. Com a intenção

de tornar as viagens entre algumas regiões e

o centro da cidade mais rápidas e, principal-

mente, melhorar o tráfego em geral, princi-

palmente em relação aos automóveis, o

projeto ainda coloca algumas interrogações

na cabeça da população belo-horizontina.

Para muitos, os problemas irão persistir.

“Em relação a mobilidade urbana,

acredito que a novidade chegou um pouco

tarde e pouca coisa irá mudar”, Afirma o

presidente do Sindicato, destacando que os

investimentos no metrô seriam a grande

saída para desafogar o trânsito e melhorar,

de fato, o transporte público. É importante

ressaltar que muitos ônibus, segundo a Pre-

feitura de Belo Horizonte, serão retirados

em função do MOVE. Com isso, muitos

cobradores também ficarão sem emprego,

uma vez que no novo meio de transporte os

passageiros pagarão os bilhetes nas platafor-

mas de embarque.

“Eu tenho um pouco de receio; afinal,

minha linha passa em uma das principais

avenidas onde o MOVE irá circular. Ainda

não sei qual será o destino das empresas que

passam nesses locais, mas tenho esse

receio, sim”, preocupa-se Débora, confusa

em relação ao futuro de seu emprego.

Tanto física quanto psicologica-

mente, a saúde dos motoristas é muito

prejudicada. Por ficar dentro de um ôni-

bus por mais de oito horas, diariamente,

com todos os problemas já citados, esses

trabalhadores ainda têm que lidar com a

falta de paciência e o descaso de alguns

passageiros. “Me incomoda a falta de edu-

cação das pessoas”, reclama a cobradora

Débora Ferreira, 29, que trabalha na

mesma linha que o motorista Ricardo

Evangelista.

— Nem imagino quantas pessoas pas-

sam por dia pela roleta, mas menos de um

terço delas me cumprimenta... Às vezes,

fico na dúvida se devolvi o troco correta-

mente e peço pra conferir; aí, sou chamada

de burra, lerda, entre outros nomes.

Os próprios passageiros reconhecem

essa falta de respeito. Ana Luiza Oliveira

tem 22 anos e é auxiliar administrativa. Ela

usa o ônibus como meio de transporte todos

os dias, para ir ao trabalho. Mesmo tendo

consciência das dificuldades dos motoristas

e cobradores, Ana afirma não ter o costume

de cumprimentá-los. “Sei que isso é errado,

mas, ás vezes, com cansaço do final do dia e

a preguiça no início do mesmo, acabo não

me preocupando com isso”.

— Passarei a tratá-los com mais cari-

nho; desejar bom dia, boa noite, afinal,

não custa nada: eles estão na mesma luta

que eu — promete.

O motorista Ricardo Evange-

lista conta que outro problema,

além da carga horária alta, é que às

vezes é necessário cobrir a ausên-

cia de algum motorista. “A empresa

nos liga, quando estamos na última

viagem, pedindo para rodarmos no

lugar de a lguém que fa l tou .

Quando isso ocorre, chegamos a

trabalhar de dez a 12 horas no

mesmo dia, ininterruptamente”.

Em um artigo escrito para o

Jornal Lince, Mônica Aparecida

Bruno — médica de família e

comunidade — explica que esse

desgaste físico e psíquico está

muitas vezes além do limite de

tolerância, com longas jornadas

de trabalho, condições precárias

de higiene, alimentação não sau-

dável e estado precário de conser-

vação das estradas e dos ônibus.

Com isso, explica a médica, existe

um risco maior de distúrbios psi-

quiátricos que podem levar até ao

suicídio.

— É necessário discutir mais

sobre esse assunto, procurando

melhorar a qualidade do trabalho e

da vida desses profissionais. A pro-

fissão de motorista é uma das mais

estressantes e causadoras de doen-

ças que existem.

BRT MOVEDESGASTE ALÉM DO LIMITE

Foto: artHur vieira

Page 12: Jornal lince marco 2014

12 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

COMpORTAMEnTO

mENINa,

NEm tE CoNto!

Quem é a mais nova famosa grávida? Quem se separou? Quem foi a atriz mais mal vestida na festa de premiação do Oscar? Ficou curioso para saber as respostas? Então, admita: você adora uma fofoca

RaqueL duRÃes e sueLi azeVedo

5º período

Há os que acham que isso não é jorna-

lismo. Mas há revistas, colunas, progra-

mas de rádio e de TV, blogs e sites que só

falam disso. E tem gente que não conse-

gue ficar sem isso. Por isso, somos diaria-

mente bombardeados com fofocas e boa-

tos sobre a vida de pessoas famosas,

mesmo que notícias assim não tenham a

menor importância Mas afinal, por que

tanto interesse na vida alheia?

Para Bruno Paiva, professor de Socio-

logia no Centro Universitário Newton, a

curiosidade que as pessoas têm sobre a

vida das celebridades é desenvolvida pela

própria Indústria Cultural, que cria estas

necessidades. Segundo o sociólogo, a for-

mação cultural, responsável pela constru-

ção do senso crítico, se transformou em

uma pseudoformação.

— O indivíduo está tão alienado, que

não percebe a ideologia em torno desses

produtos e do interesse na vida das dessas

pessoas: o mais preocupante é a aceitação

sem nenhuma resistência desses jornais,

revistas ou programas de TV, com baixa

qualidade.

a Vida do outRo

Toda essa curiosidade em torno do dia

a dia das estrelas chega a ter um quê de

voyeurismo. Mas qual é a utilidade em

acompanhar um cotidiano tão distante?

Para a jornalista Rafaela Freitas, é uma

forma de pessoas comuns buscarem pro-

ximidade com seus ídolos, muitas vezes

intangíveis social, econômica e geografi-

camente.

— Acho que há um certo prazer em

acompanhar os momentos de fraquezas

dos famosos. Isso os humaniza e mostra

que por trás de todo o glamour, essas pes-

soas são tão miseráveis quanto nós — alfi-

neta.

Além do mero interesse, há casos de

pessoas que desenvolvem sérias síndro-

mes em acompanhar celebridades. “Elas

acreditam que precisam viver cada vez

mais próximas do ídolo; criam relaciona-

mentos imaginários com pessoas céle-

bres, em vez de dedicar a pensar em rela-

cionamentos reais, o que, segundo muitos

psicólogos, pode chegar a ser um sinal de

depressão e de ansiedade”, afirma a asses-

sora de imprensa e jornalista Juliana Pio.

Page 13: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 13

O sociólogo e psicólogo Renato

Pereira de Vasconcellos acredita que há

“outros impulsos” que levam o público a

perder tanto tempo com reality shows.

“Nos Estados Unidos, desde os anos da

Grande Depressão, por volta da década

de 1930, já havia um ensaio desses reality

shows de hoje — a diferença é que era

tudo ao vivo e a plateia participava inten-

samente”. Uma dessas práticas foi explo-

rada pelo cineasta Sidney Pollack em um

de seus filmes mais elogiados, “A Noite

dos Desesperados” (They Shoot Horses,

Don’t They?” – 1969), em que casais se

inscreviam em maratonas de dança que

duravam dias, dançando numa arena,

o nde eram cercados por centenas de fãs,

que apostavam e torciam, sem se impor-

tar com o sofrimento deles. “Era uma

prática de extrema crueldade; que se

assemelha muito a esses programas atu-

ais, onde as pessoas são submetidas a

testes físicos exaustivos, passam fome e

sofrem humilhações”.

Segundo Renato, a maioria das

pessoas se dedica a esses programas

porque sente prazer em ver o sofri-

mento dos outros.

— É uma forma de compensar sua

própria infelicidade ou a ideia do anoni-

mato, de saber que no fundo tem inveja

de quem é famoso, mesmo que os famo-

sos sejam esses coitados desses rapazes

e moças que aparecem no Big Brother e

que não têm nada além de uma aparên-

cia bonita.

É por isso que, na opinião de

Renato, notícias sobre separações ou até

doenças de gente famosa chamam tanta

atenção e viram temas de piadinhas

infames — “infames e cheias de veneno

e de crueldade”.

— São bonitos, ricos, famosos, mas

também sofrem, se separam e morrem,

enquanto eu que não sou bonito, nem rico,

nem famoso continuo vivo. Pensar assim é

uma forma de criar uma espécie de auto-

compensação para a mediocridade.

Noite dos desesperados

Quem quer saber?Não existe um segmento com um

perfil determinado daqueles que ficam

de olho na vida das estrelas. Seja com Big

Brother ou por notas de sites de entrete-

nimento, a maioria da população con-

some tais produtos, em menor ou maior

escala. Há quase três anos, o jornalista

Felipe Pedrosa trabalha com TV e notí-

cias das estrelas.

— Achava que a maior audiência pro-

vinha das donas de casa ou dos jovens que

assistem novela ou programas do tipo,

mas cheguei à conclusão que tudo é muito

amplo. Não existe classificação de faixa

etária ou classe social.

Entretanto, a promotora e produ-

tora de eventos Adria Castro vai além

desse contexto. “Suponho que os

espectadores assíduos do BBB, por

exemplo, sejam pessoas que talvez

queiram entrar no Reality Show, ou que

não têm nenhum programa melhor

para fazer”. Existem também aqueles

que se espelham na vida dos ídolos e

acabam se esquecendo do próprio coti-

diano. “Infelizmente nossa cultura é a

da fofoca. Falar da vida dos outros é

melhor do que olhar a nossa e analisar

se estamos fazendo algo de produtivo”,

afirma Adria.

“Os veículos de comunicação divul-

gam esses assuntos porque sabem do

enorme interesse das pessoas; se existe

uma demanda, eles querem atingi-la”,

afirma o repórter dos jornais O Tempo e

Super Notícia, Felipe Pedrosa. Certamente

a repercussão dessas notícias é muito

lucrativa, basta olhar a enorme quantidade

de revistas e programas de fofocas espalha-

dos pela mídia em todo país.

Um exemplo é o reality show Big

Brother Brasil, que já está em sua

décima quarta temporada e é, “estre-

lado”, por pessoas que nem são celebri-

dades. Mais uma vez, as mídias refletem

um problema delicado na sociedade, a

transformação do que é privado em

público e vice versa. “Ora, não é por

acaso que programas de Reality Show

fazem tanto sucesso com o público bra-

sileiro”, ironiza o sociólogo. Vale lem-

brar que também nos Estados Unidos e

na Europa os reality shows fazem grande

sucesso na televisão.

Divulgação e lucro

Page 14: Jornal lince marco 2014

14 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

é rEI!pOLiTiCA

Em “tErra” dIgItaL, quEm tEm faCEbooK

PâMeLa Matos e RaqueL duRÃes

4º período

“Uma mesa de bar virtual”. Assim que

a ministra Carmen Lúcia descreve o twit-

ter, rede social com mais de 140 milhões

de contas ativas, onde pelo menos 20 mil

são de cunho político. No facebook, são

1,1 bilhão de usuários, sendo que 30%

desse número são relacionados a partidos

e candidatos. Com tantas plataformas de

divulgação, podem as redes sociais ser

aliadas positivas na hora de se promover e

lançar carreira política?

“As campanhas nas redes sociais são

inevitáveis. Na era digital, é impossível

impedir que a internet seja utilizada na

campanha eleitoral”, afirma o cientista

político e professor do Centro Universitá-

rio Newton, Rodney Souza Pereira. Mas

ressalta que é muito difícil controlar o que

é postado no meio digital. “Se alguém lan-

çar conteúdo eleitoral na rede, pode ale-

gar que o fez sem o conhecimento do par-

tido ou candidato ou simplesmente por

gostar das suas propostas”, completa.

Entretanto, se promover em um

espaço tão livre, onde todos falam o que

pensam, traria um resultado benéfico ao

candidato? No Brasil, metade da popula-

ção está ligada à rede, mas nem todos se

interessam por política. “As redes sociais

na campanha obrigam candidatos e parti-

dos a criar um aparato para utilizá-las,

forçam os políticos a se mostrarem e a

responderem de forma rápida certas

demandas”. Rodney também ressalta o

fato de que o candidato não pode deixar

apenas a tecnologia fazer o trabalho: é

necessário manter o corpo a corpo presen-

cial, o comício, o discurso e o contato com

o eleitor. “Nem todos querem se comuni-

car pelo virtual, mas ele é fundamental na

campanha moderna”.

o que dizeM as RegRas?

Em princípio, as regras para a veicu-

lação de propaganda eleitoral na internet

continuarão as mesmas. Assim, após o dia

5 de julho, serão permitidas propagandas

em sites de partidos e candidatos, desde

que comunicados à Justiça Eleitoral e

hospedados em provedores estabelecidos

no Brasil. “Após essa data é permitida tam-

bém a veiculação de propaganda eleitoral

por meio de blogs, sites de relacionamento

e sites de mensagens instantâneas”,

afirma Diogo Cruvinel, responsável pela

área de propaganda eleitoral no TRE-MG

(Tribunal Regional Eleitoral de Minas

Gerais). “É permitida ainda a reprodução

do jornal impresso (contendo a propa-

ganda eleitoral) na internet, desde que

seja feita no sítio do próprio jornal, respei-

tado integralmente o formato e o conte-

údo da versão impressa”, conclui.

— Não será permitido qualquer tipo

de propaganda eleitoral paga. Nem pro-

paganda em sites de pessoas jurídicas,

com ou sem fins lucrativos, e em sites

oficiais ou hospedados por órgãos ou

entidades da administração pública.

Serão aplicadas aos provedores de con-

teúdo ou de serviços multimídia as

penalidades previstas em lei caso não

cumpram, no prazo estipulado, a deter-

minação da Justiça Eleitoral para cessar

a divulgação de propaganda irregular

veiculada sob sua responsabilidade,

desde que comprovado seu prévio

conhecimento.

é rEI!é rEI!é rEI!é rEI!é rEI!é rEI!é rEI!PâMeLa Matos e RaqueL duRÃes

Vai chegando a época das eleições e, com elas, as não tão aceitas propagandas políticas.

Afinal de contas, para o candidato, as redes sociais são uma boa alternativa?

Page 15: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 15Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 15

Uma das páginas mais famosas da

internet e do twitter é o perfil fictício da

Presidenta Dilma Rousseff, chamado

Dilma Bolada. Os perfis são mantidos

pelo humorista Jeferson Monteiro, sem

fins lucrativos e sem nenhum vínculo

com o governo. O que não deixa de ser

uma tamanha plataforma de propa-

ganda para a presidenta, já que o humo-

rista manda recados desaforados para o

presidente Obama, decreta feriados,

reclama e fala do seu “governo maravi-

lhoso”. As piadas feitas por ele chamam

a atenção da população e não só a vir-

tual, uma vez que em outubro desse ano,

a Presidenta se encontrou com Jeferson

no Palácio do Planalto para uma “con-

fraternização entre Dilmas”. Neste

mesmo dia, a Presidenta voltou a usar

sua conta no twitter e interagiu com sua

sósia, fazendo piadas e revelando infor-

mações aos usuários.

Um dos momentos mais engraçados

se deu quando, em conversa descontraída

e muito informal, Dilma Bolada pergun-

tou se o perfil oficial «vai ou fica». A Presi-

denta respondeu: «Eu voltei, voltei para

ficar. Porque aqui, aqui é meu lugar».

“Rainha da Nação” e “Soberana das Amé-

ricas” são as hastags mais utilizadas pelos

usuários para se referir a Dilma. O perfil

Dilma Bolada no twitter tem mais de 145

mil seguidores e foi criado em 2010. No

site oficial, Jeferson Monteiro se apre-

senta como carioca, estudante de publici-

dade, de 23 anos. Neste ano, foi premiado

pela segunda vez consecutiva na categoria

Melhor Uso das Redes Sociais no Brasil

em votação de público no Shorty Awards,

o Oscar das redes sociais.

Como já foi esclarecido, o uso das

redes sociais não é proibido aos candida-

tos. O que a legislação veda é a veiculação

de qualquer tipo de propaganda eleitoral

antes do dia 6 de julho, seja pela internet

ou por qualquer outro meio. “Assim, se

algum candidato já faz uso de redes sociais,

nada impede que continue fazendo, desde

que não poste mensagem, antes da data

permitida, com elementos que possam

caracterizá-la como propaganda eleito-

ral”, explica Diogo. A fiscalização da propa-

ganda eleitoral na internet será feita pelos

servidores da Justiça Eleitoral e, principal-

mente, pelos eleitores e pelos próprios

candidatos, que poderão contribuir na

tarefa de informar ao TRE sobre a ocorrên-

cia de possíveis irregularidades.

Quem identificar alguma propaganda

em desacordo com a lei poderá denunciá-la

de três maneiras; pelo sistema Denúncia

Online, que ficará disponível no site do

TRE-MG (www.tre-mg.jus.br) durante

todo o período eleitoral; pessoalmente,

perante qualquer cartório eleitoral do

Estado; ou perante o Ministério Público

Eleitoral, pessoalmente ou via internet.

“Uma vez recebida a notícia de irregulari-

dade, o Juiz Eleitoral determinará ao can-

didato ou partido beneficiado que, no

prazo de 48h, a regularize, se for possível,

ou a retire”, explica Cruvinel.

o BRasiL Foi Às Ruas... e agoRa?!

Quando as manifestações estouraram

em todo o Brasil no meio deste ano, muito se

disse à respeito do papel fundamental da

população nas redes sociais, convocando as

pessoas a irem protestar por seus direitos e

fazer valer a sua vontade. Mas toda essa

mobilização digital vai influenciar na aber-

tura de discussões políticas na rede? “Não,

a política já está na internet há muito

tempo”, afirma Rodney. Para ele, o que as

manifestações trouxeram de novo foi a mobi-

lização social pela rede. Porém, há uma

dúvida: até quando esses grupos continuarão

se mobilizando? Até que ponto esse ímpeto vai

se manter? “As redes podem mobilizar, mas

qual é o objetivo da mobilização: Mudar o

governo, o mundo?”, questiona.

“Êta Presidenta moderna”

O povo fala? O povo fala mesmo!

“Fiscalização”

Quando se trata de eleição, o cidadão é o principal agente desse

processo. Mas, quando política e redes sociais se misturam...

Sou a favor. Vivemos em uma época onde rede social é a sala de estar da massa. E, se

queremos politizar o maior número de pessoas, então vale qualquer veículo para isso. É claro

que campanhas eleitorais trazem discussões políticas e, particularmente, penso que falar

sobre o assunto é uma prática saudável para o crescimento da cidadania e da democracia”

nathÁLia cRuz, 21, estudante de Medicina

As redes sociais, diferente dos outros

meios de comunicação, proporcionam

uma relação bilateral entre as partes inte-

ressadas, além de serem um meio livre

para a propagação de ideias”

PauLa RoBeRta, 19

estudante de JoRnaLisMo

“ Sou a favor porque as redes sociais são

a melhor forma de divulgação. E, como

muitos jovens são alienados, é bom para

eles verem outros jovens expressando

seus pontos de vista em discussões assim”

MiRza oLiVeiRa, 20

estudante de diReito

Invasão de privacidade. Acho que

quando temos o direito de recusar se quere-

mos ou não receber esse tipo de mensagem,

tudo bem. Mas, quando isso não acontece, é

um desrespeito e algo muito invasivo”

cLaudiLene Viana, 39,

adMinistRadoRa

“Sou totalmente contra e acho um

absurdo. Na maioria das vezes, entro na

internet para fugir dessas propagandas

chatas, e ter isso nas redes sociais é o

cúmulo”

FeRnanda santos, 21

estudante de nutRiÇÃo

Page 16: Jornal lince marco 2014

16 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

pERF

iL

thiago caLdeiRa

5º período

Julio César de Souza, 38, é um exemplo

para os jovens de hoje. Vindo de família

humilde, foi criado na comunidade do

Morro do Papagaio, Zona Sul de Belo Hori-

zonte e, para ajudar seus parentes, começou

a trabalhar cedo em uma gráfica fazendo

serviços gerais. Tinha tudo para ser o orgu-

lho da família, mas aos 13 anos de idade,

começou a cheirar tíner, o primeiro passo

para entrar no mundo obscuro e quase sem-

pre sem volta das drogas. Aos 17 anos, se

envolveu com o crack, que o levou à prisão e

quase acabou com a sua vida.

“A criminalidade não compensa”, reco-

nhece Julio, que chegou a ser preso algumas

vezes por assalto à mão armada e tráfico de

drogas. “Dentro da prisão, fiquei ao lado dos

maiores bandidos que existiam em Belo

Horizonte”, afirma.

— O tempo que passei lá dentro serviu

para refletir que eu estava jogando meus

sonhos fora e acabando com a minha pró-

pria vida. Resolvi mudar.

Mesmo envolvido com a criminalidade,

Julio continuou recebendo ajuda, pois sem-

pre foi uma pessoa do bem, pela criação

familiar que teve. Ele conta que, mesmo

“enfrentando todas as dificuldades da vida”,

sua mãe jamais deixou de batalhar para dar

educação e um pouco conforto a seu filho

— “Ajudar as pessoas é uma arte que nos

permite crescer na escola da vida, e vermos

que não conseguimos chegar a lugar algum

sem que tenhamos uma pessoa ao lado para

nos dar forças e incentivos”, ensina.

Pedido de aJuda

Nos quase oito anos em que esteve

preso, Julio nunca desistiu do seu sonho de

ajudar o próximo, uma maneira de retribuir

um pouco do que as pessoas fizeram por ele.

Foi então que surgiu a ideia de pedir ajuda

aos amigos que estavam fora, mas que sem-

pre iam visitá-lo na prisão.

“Conversei com o Cris do Morro. Ele é

um amigo de longa data aqui na favela, e um

dos integrantes do projeto ‘Fica Vivo’, que é

um programa do governo dirigido a jovens

de 12 a 24 anos residentes em áreas com

altos índices de criminalidade no Estado.

— Cris me estendeu a mão e resolveu

me ajudar. Surgiu a ideia da oficina de silk

manual na comunidade

VoLta PoR ciMa

Julio ganhou a oportunidade de dar

aulas em uma oficina de silk manual, na

favela do Morro do Papagaio. O público-alvo

escolhido por Julio para participar da oficina

são jovens entre 12 e 24 anos de idade. O

horário noturno também foi pensado cuida-

dosamente, pois a noite é o momento em

que os jovens estão mais vulneráveis, uma

vez que a maioria dos participantes estuda

de manhã e à tarde.

“Buscamos preencher esse espaço vago

com o nosso curso, além de promover bate-

-papos”, explica.

Júlio hoje oferece aos jovens da comu-

nidade a oportunidade de aprender uma

profissão. O primeiro passo foi dado para

abrir e conscientizar a mente desses jovens.

Além do Morro do Papagaio, a oficina tam-

bém é realizada toda semana na favela da

Ventosa, também na região Oeste. Já existe

um projeto para levar a oficina a outros luga-

res fora da favela. A intenção é trazer tam-

bém os jovens de classe média para apren-

der a arte dos desenhos e do silk .

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

em momentos difíceis da vida é

que conseguimos ver quem são nos-

sos verdadeiros amigos. Muitos só

querem estar ao nosso lado em

momentos felizes, em confraterni-

zações etc. Júlio ressalta a impor-

tância das verdadeiras amizades.

— Meus amigos foram funda-

mentais para o desenvolvimento da

oficina e também para minha recu-

peração. eles acreditaram em mim

e me deram uma chance de correr

atrás do tempo perdido.

Julio faz questão de citar os

nomes desses amigos: alexandre

souza, que ensina corte e cabelo

aqui na região Centro-sul; Cris do

Morro, e o outro que me ajudou

financeiramente, Cacá, que é dono

de uma agência de publicidade cha-

mada perfil.

Julio César não esconde seu

passado, mas procura usar sua his-

tória de vida para tocar no coração e

na mente das pessoas. afinal, che-

gar ao fundo do poço e conseguir

dar a volta por cima não é para qual-

quer pessoa. Constantemente con-

vidado para palestras e oficinas, o

vencedor do crack deixa suas men-

sagens para os jovens e também

para quem está na luta diária para

se livrar do vício.

— a droga é um obscuro e arris-

cado caminho que quase sempre

não tem volta.

IMPORTÂNCIA DOS AMIGOS

o VeNCeDoro VeNCeDoro VeNCeDorDo CrACKEx-traficante supera o vício e ensina uma profissão para os jovens da comunidade

Foto: arQuiVo pESSoal

Page 17: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 17

CULTURAum brINdE À

INdEpENdÊNCIa!Com quase 30 anos de carreira, a maior banda independente

do Brasil ultrapassa, mais uma vez, as barreiras do mercado,

da mídia e do politicamente correto, lançando novo CD

Foto

: div

ulG

Ão

Page 18: Jornal lince marco 2014

18 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

caíque Rocha

3º período

Não é fácil viver da música no Bra-

sil. Se até os anos 1980 a censura foi

uma pedra no sapato dos artistas, de lá

pra cá o grande “vilão” tem sido a mani-

pulação da indústria fonográfica. Não

são todas as pessoas que têm coragem de

escutar as verdades da vida e nenhuma

gravadora quer intermediar isso. Ou

você abandona seus ideais em nome do

“Senhor Sucesso” e do dinheiro ou

enfrenta o caminho mais difícil: a inde-

pendência. Mas, sem o reconheci-

mento, prestígio e, muitas vezes, até

sem lugar para tocar, são poucas as ban-

das que sobreviveram sem o apoio de

empresários e de grandes gravadoras.

Porém, desde 1986, uma banda

paulista vem conseguindo essa façanha.

Com bom humor, sinceridade, sarcasmo

e muito rock’n’roll, a Banda das Velhas

Virgens construiu um legado dentro do

cenário da música independente nunca

antes atingido por nenhum outro artista

desse tipo.

O porta-voz é Paulo de Carvalho, o

“Paulão”. Juntamente com Alexandre

“Cavalo” Dias, ele carrega a bandeira do

grupo por décadas, com muito suor e

trabalho, sendo sempre a “banda da

esquina”. Paulão conversou com o

Lince e comentou sobre alguns assuntos

referentes à banda.

noVo tRaBaLho

O primeiro semestre de 2014 marcou

o lançamento de mais um CD das Velhas

Virgens. “Todos os dias a cerveja salva a

minha vida” é o nome do novo álbum, que

sai do forno com muitas novidades.

— Falaremos da importância dos

gays no rock. Temos uma balada que fala

do lado obscuro do artista e outra

música que conta a saga de lutador de

boxe chamado Kid Marreta. Há também

a história de uma matadora de aluguel

que se vinga do marido violento. Acho

que é nosso disco mais variado.

Esse CD retorna às origens da

banda. É o primeiro desde 2009 que

conta apenas com músicas inéditas, só

de rock. De lá pra cá, eles haviam lan-

çado dois CDs da série “Carnavelhas”

— projeto da banda que mistura rock

com marchinhas de carnaval/samba

(saiba mais no fim da matéria).

“Foi o disco que envolveu mais

intensamente todos os integrantes”,

conta Paulão, lembrando que “o resul-

tado ficou pesado, criativo e denso”.

Segundo ele, alguns acham que está

mais maduro e amplo.

— Eu acho, modestamente, que é

um ótimo disco de rock e a turnê será

incendiária. Vamos pra estrada, e que ela

nos leve a muitos lugares onde nunca

tocamos. Vamos lançar novos sabores de

cerveja, multiplicar nossos bares, lançar

livros e criar nossos filhos. Estamos feli-

zes. E nos divertindo com o que fazemos.

Paulão conta que, hoje, 19 anos

após a gravação do primeiro, é mais fácil

chegar ao resultado final de um disco

independente. Segundo ele, as ferra-

mentas para registrar o som estão mais

acessíveis. “Produzir um trabalho ficou

mais fácil, mas a maior dificuldade con-

tinua sendo a divulgação”. Nesses 28

anos de carreira, a banda nunca recebeu

propostas de grandes gravadoras.

— Nunca nos procuraram. Acho que

eles pensam que somos muito difíceis de

manipular. Empresários já sugeriram

que a gente mudasse de nome, para uma

coisa mais popular e fizéssemos um som

mais pra “Claudinho e Buchecha”. Jesus

Cristo já falou sobre isso: “perdoai-os,

eles não sabem o que dizem!”.

O grande diferencial desse novo

CD foi, com certeza, o apoio dos aman-

tes e fiéis seguidores da banda. O

método usado pelas Velhas Virgens

para arrecadar o dinheiro necessário

para a produção — algo em torno de R$

60 mil — foi o crowdfunding. Por meio

da internet, as pessoas puderam con-

tribuir com uma quantia para ajudar a

banda a alcançar a meta.

“Terá um sabor especial, sim. Eu

mesmo tive dúvidas se íamos conse-

guir atingir a meta. Estamos extrema-

mente orgulhosos dos nossos fãs”,

exclama o vocalista, lembrando sem-

pre do carinho que o público tem pela

banda. “É pra eles que a gente toca”.

“VAQUINHA” ONLINE

Page 19: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 19

guitarras, surdo e pandeiro – 10 anos do “carnavelhas”

em 2014, completam-se dez anos

de um projeto um tanto quanto inusi-

tado, no qual as Velhas Virgens “radi-

calizaram” mais uma vez. Com a

intenção de comemorar a principal

festa do nosso país, os criativos

roqueiros tiveram a ideia de misturar

o som pesado da banda com samba.

sim, rock com carnaval!

“raul seixas misturou sons nor-

destinos com rock. os Virgulóides

também misturaram cavaco com

guitarra antes da gente. estão aí os

caras do sambô fazendo versões de

clássicos de rock numa levada sam-

bista”, explica paulão, mostrando

que misturas desses tipo sempre

estiveram presente em nossa cul-

tura. “não acho que sejamos invento-

res da coisa; acho que criamos espe-

cificamente a mistura da marcha com

a guitarra, mas é apenas uma varia-

ção do que outros já haviam feito ins-

pirada na anarquia do raul”.

Mas há, claro, um desafio por trás

disso. a banda teve que convencer os

fãs mais tradicionalistas.

— houve resistência e ainda há.

alguns roqueiros são muito radicais e

não aceitam estas misturas. Mas, com

o tempo, e sacando que não se tratava

de uma coisa oportunista, mas sim de

um trampo musical consistente,

começaram a abraçar a ideia. tem

muita música por trás e uma vontade

enorme de criar uma coisa roqueira

com algo brasileiro.

para comemorar a primeira

década de folia, a banda fez, durante o

período do carnaval, a já tradicional

turnê, espalhando confetes e serpen-

tinas pelo Brasil. e, pegando carona

na Copa do Mundo, que acontecerá no

meio do ano, a banda lançou duas

“hard marchinhas” — termo usado

pelo cantor para nomear a mistura —,

“Ganha esta Copa, Brasil!” e “perder

em casa nunca mais”.

azuL da coR do MaR marina CarvalHo

U m ro m a n c e

c o m v á r i a s

re v i r a v o l t a s

escr i tas pe la

m i n e i r a

Marina Carva-

lho, que conse-

gue uma apro-

ximação muito

grande com o público. Sem dúvida, o

melhor livro da autora — e ncanta dos

mais jovens até os mais velhos.

aMoR VeRíssiMoluis Fernando veríssimo

Crônicas a té

para quem não

gosta de ler crô-

nicas. Dia a dia

re t r a t a d o d e

uma maneira

bem simples e

direta que ins-

p i r o u a t é a

série homônima do canal de TV paga

GNT. Livro ganha pontos desde o

ambíguo título

o LiVRo do Boniboni

Uma completa

autobiografia

p a r a t o d o

mundo que se

interessa por

comunicação,

p o r u m d o s

maiores gesto-

res da comuni-

cação. Interessante ver como José

Bonifácio passou de uma infância

humilde a diretor geral da Rede Globo

de Televisão.

dICas

Page 20: Jornal lince marco 2014

20 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

EnTREViSTA

um uNIvErso dE CuLtura E LaZEr

Evidentemente o livro impresso no papel

ainda é o preferido e acredito que deva

continuar sendo por muito tempo .

Luis Matos

Foto: arQuivo pessoal

Page 21: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 21Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 21

RogeR Leon

3º período

O mercado editorial está cada vez maior e mais abrangente no Brasil. A ânsia por novas histórias

faz com que os leitores estejam sempre buscando por novidades nas livrarias. Um exemplo da força

que tem a literatura contemporânea é o fato de editoras recentes já serem grandes sucessos de

vendas. A editora Universo dos Livros é uma delas. Lançada em 2006, já tem mais de cinco milhões

de cópias vendidas e emplacou inúmeras vezes sucessos na lista dos mais vendidos da Veja. Em uma

conversa com Luis Matos, diretor editorial, o Lince ficou a par de novidades, próximos lançamentos e

um pouco da história da editora que a cada dia que passa conquista seus fiéis leitores.

Lince: no início, a editoRa tinha uM

Foco Muito gRande eM LiVRos tÉcnicos e de

auto aJuda. hoJe os RoMances e BiogRaFias

teM Mais esPaÇo do que os tÉcnicos. essa

MudanÇa Foi PRoPositaL ou Foi FLuindo de

acoRdo coM o gosto dos LeitoRes?

Luis Matos: Quando criamos a Uni-

verso dos Livros, nós publicávamos revis-

tas de informática, tecnologia e qualidade

de vida. Então, o caminho inicial mais

simples era lançar livros técnicos e de

autoajuda, já que tínhamos em nossas

mãos as revistas para divulgar todos os

livros da editora, o que trouxe um sucesso

inicial para nossa operação de livros.

Porém, desde o começo sabíamos que

essas áreas seriam apenas a porta de

entrada da Universo dos Livros no mer-

cado editorial. Nosso projeto previa que

em poucos anos começaríamos a editar

livros com potencial de «best-seller», dei-

xando de lado a segmentação inicial. E foi

exatamente o que fizemos.

Lince: a editoRa suRgiu eM 2006 coM

gRande Foco nos LiVRos de BoLso, que Ven-

deRaM Mais de uM MiLhÃo de cÓPias. atuaL-

Mente nÃo se encontRaM Muitos LiVRos de

BoLso da uniVeRso nas LiVRaRias. a editoRa

VeM aBandonando esse FoRMato?

Luis Matos: Como tínhamos grande

experiência em bancas de jornais, por

conta de virmos do mercado de revistas,

visamos inicialmente as bancas de jor-

nais como canal prioritário de distribui-

ção e venda. Porém, da mesma maneira

que nossa linha editorial, o modelo de

negócios também previa uma segunda

etapa focada em outro ponto de venda, no

caso, as livrarias. Hoje lançamos poucos

títulos com foco em banca e, assim, o

número de pockets em nosso catálogo é

bem reduzido.

Lince: hoJe eM dia, a editoRa teM uM

PÚBLico aLVo esPecíFico?

Luis Matos: Não temos um público

alvo específico, mas sabemos que nossos

títulos têm aceitação maior pelo público

feminino com faixa etária acima de 20

anos.

Lince: coM a onda dos ‘’seX-seLLeRs’’,

VÁRios RoMances FoRaM PuBLicados coM

sucesso PeLa editoRa — coMo o ‘’cRetino

iRResistíVeL’’ e o ‘’ 9/2 seManas de aMoR’’. a

editoRa ainda teM PLanos de LanÇaMentos

nesse segMento?

Luis Matos: Hoje, a Universo dos

Livros é a editora que mais vende livros

neste gênero e tem em seu portfólio as

principais autoras como Sylvia Day, Chris-

tina Laurent, J. R. Ward, Lara Adrian,

Christine Feehan, Emma Chase, Alice

Clayton, entre outras. Continuaremos

lançando neste segmento e a tendência é

de expansão de nosso catálogo nesta área.

Lince: o senhoR acha que as Mídias

digitais estÃo Fazendo coM que os LeitoRes

MigReM PaRa os e-BooKs, ou o BoM e VeLho

PaPeL ainda É o PReFeRido?

Luis Matos: É inegável que as mídias

digitais facilitam o acesso ao livro no for-

mato digital, e que este é um mercado em

franca expansão. Evidentemente o livro

impresso no papel ainda é o preferido e

acredito que deva continuar sendo por

muito tempo.

Lince: PaRa FinaLizaR, quaL LiVRo da

editoRa É o seu PReFeRido e coMo o senhoR

conVidaRia os LeitoRes a conheceReM a uni-

VeRso dos LiVRos?

Luis Matos: Para o editor, cada livro é

como um filho, cada um tem sua história e

representatividade para a editora. Tal

como um filho é impossível dizer qual é o

preferido. Felizmente temos muitos livros

de qualidade, o que nos traz muito orgu-

lho. Para aqueles que ainda não conhece

boa parte deles, convido a se juntarem as

mais de 100 mil pessoas que acessam o

conteúdo do facebook da editora em face-

book.com/universodoslivros. Vale ainda

ressaltar que no último mês, o novo

sucesso da editora, ‘’Satiagraha’’, entrou

na lista dos mais vendidos das revistas Veja

e Época, com a história de uma operação

da Polícia Federal Brasileira contra a cor-

rupção e o desvio de verbas públicas.

Page 22: Jornal lince marco 2014

22 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014

Com a consolidação do esporte no país,

estrangeiros buscam seu lugar no vôlei

brasileiro

João Vitor Cirilo e Pâmela matos

4º período

Os americanos Brian Ivie, Salmon

e Holmes são nomes sempre lembrados

no Minas Tênis Clube. Talvez nem

tanto quanto a romena Cristina Pirv,

que virou ídolo da torcida. A cubana

Daymi Ramirez, a russa Ekatherina, os

argentinos Pereyra, Quiroga, Uriarte,

Daniel Castellani e Esteban Martinez

também não são nomes desconhecidos

para o público do vôlei mineiro. A pre-

sença dos estrangeiros no vôlei mineiro

vem de longa data.

Se a chegada a outro país, com cul-

tura e costumes diferentes, algumas vezes

pode se tornar uma missão um pouco

complicada, no meio esportivo está cada

vez mais comum, sobretudo no Brasil,

país onde as ligas se fortalecem a cada ano.

Um bom exemplo é o voleibol, que cresceu

em popularidade nos últimos anos, e que

hoje tem uma das competições mais fortes

do mundo, a Superliga. Por isso, dezenas

de estrangeiros desembarcam aqui a cada

ano, apostando na consolidação do tor-

neio. No entanto, como se pode ver acima,

este não é um fenômeno recente. Vem

desde os anos de 1980.

Minas Gerais, terra que já teve

grandes comandantes, como o coreano

Young Wan Sohn — treinador minas-

-tenista nos gloriosos anos de 1980 e

que faleceu há três anos —, tem em

uma das suas principais equipes mas-

culinas, o Sada Cruzeiro, um técnico

argentino. Marcelo Méndez tem total

confiança do grupo de atletas e vem

real izando bom trabalho. Horacio

Dileo, seu compatriota, esteve no

comando do Vivo/Minas até o início

desta temporada, quando uma sequên-

cia negativa contra adversários de nível

não tão alto o derrubou do cargo.

Nossa quadra é

esporte

dos griNgos

Fotos: renato araúJo

Page 23: Jornal lince marco 2014

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 23

tRaBaLho consoLidado

Marcelo Méndez já está em sua

quinta temporada à frente do Sada Cru-

zeiro, e carrega em seu currículo três

finais de Superliga e um caneco levan-

tado, além do último Mundial de Clubes,

disputado em Betim, em outubro, núme-

ros de respeito para o comandante argen-

tino. Ele também conquistou o último

Sul-Americano, disputado em fevereiro.

Méndez já havia trabalhado em outro

clube mineiro antes de assumir o

comando do Sada. Ele foi o treinador do

Montes Claros na temporada 2008/2009,

quando o clube teve sua melhor fase.

— Sempre o desejo de todo treinador é

fazer um trabalho como se está fazendo

aqui. Me deram toda a liberdade para con-

tratar jogadores e me ofereceram uma

estrutura que inveja a todos. Dentro dessas

condições, pudemos fazer um grande traba-

lho, conquistar um título da Superliga,

ganhar diversos mineiros, chegar a várias

finais em quase todos os torneios que dispu-

tamos. Temos que ser agradecidos por isso.

Mas o Sada não tem apenas o treina-

dor estrangeiro. O cubano Leal, ponteiro

de qualidade, chegou ao Cruzeiro na

última temporada, após ficar dois anos

sem jogar, por ter saído de seu país.

“Quando eu cheguei, não sabia falar bem

o português, mas todo o time me ajudou

muito. Fiquei um mês sem entender, mas

agora estou bastante bem”, conta o atleta,

que foi destaque da sua seleção, e ainda

“enrola” no português.

“Todos me ajudaram muito, inclusive

o próprio Marcelo Méndez. Foi uma grande

experiência sair de Cuba pela primeira vez

e jogar em um clube. Tive que treinar

muito. Ficar dois anos parado não é fácil,

né?”, continua Leal. “Jogar por um clube

como o Sada Cruzeiro representa muito.

Temos sempre que ir bem”, acrescenta.

O Cruzeiro também conta com o pon-

teiro venezuelano Luis Diaz, que chegou

nesta temporada. Diferente de Leal, Diaz

já havia jogado no Brasil, em 2002,

quando defendeu o time de Suzano, e é

um jogador bastante rodado, que já pas-

sou pela Turquia, Itália e Espanha.

“gente Boa”

Filip Rejlek, oposto, saiu da Repú-

blica Tcheca e jogou na França antes de

v i r pa ra o Minas , na t emporada

2011/2012. Em seu primeiro ano pelo

clube da capital, o então técnico da

equipe, Marcelo Fronckowiak, que

havia trabalhado com ele na Europa,

dava instruções em francês. Mas o joga-

dor tratou logo de contratar uma profes-

sora para auxiliá-lo na adaptação.

– O Minas é um clube muito impor-

tante, e encontrei muita coisa diferente

num lugar onde não havia trabalhado.

Tive que fazer um trabalho de adapta-

ção profissional. Humanamente, não.

As pessoas me receberam muito bem e

não tive problema nenhum. Todos

foram muito gente boa —, diz Filip, que

não leva sua família em suas viagens

pelo mundo. Todos ficam lá pela Repú-

blica Tcheca mesmo.

Além de Filip, o Minas também tem o

central sérvio Novica Bjelica, que chegou

nesta temporada. O time feminino tem a

oposta americana Alania Bergsma, e a

porto-riquenha Lynda Morales. Outro

representante mineiro na Superliga Femi-

nina é o Banana Boat/Praia Clube, que

contratou a experiente ponteira cubana

Herrera, além de Kim Glass, jogadora da

seleção norte-americana.

“o jogador brasileiro é extrema-

mente técnico, tem uma técnica depu-

rada, trabalhada, principalmente nos

jogadores mais experientes. Coisa

que na europa é mais difícil. talvez o

potencial físico em alguns países

europeus seja melhor do que aqui,

mas aqui se joga um bom voleibol, que

permite formar uma boa tática com o

grupo”, opina Méndez. o argentino

também ressaltou a falta de uma

Champions league no Brasil, torneio

que envolve as grandes equipes do

continente europeu.

de todas as perguntas feitas, uma

foi unanimidade para todos os entrevis-

tados. “pra mim, aqui (é o melhor lugar

para se trabalhar). fiquei cinco anos na

república tcheca, seis anos na frança,

mas me senti muito bem no Brasil”,

afirma filip. horacio dileo, que foi seu

treinador, concorda. “o melhor país

onde trabalhei é, sem dúvida, o Brasil,

pela qualidade da liga e dos jogadores”,

fala dileo. “aqui trabalhamos muito

com a imprensa, somos sempre o centro

das atenções de todos, e temos que ter

muito cuidado com o que falamos, como

procedemos, pois pode ser muito peri-

goso”, acrescenta o argentino.

DIFERENÇA EM QUADRA

horácio dileo - ex-técnico do Minas Luis diaz - Ponteiro do sada Marcelo Méndez - técnico do sada

Foto

: or

lan

do

ben

to

Page 24: Jornal lince marco 2014

40 ANOS DO CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

DA NEWTON.

PRODUTO DE QUALIDADE ATRAVESSA DÉCADAS.

4º Período - 2013/2 do Curso dePublicidade e Propaganda