Fui ao São João a Couros,

Comi sardinhas e pão,

Caldo verde não havia,

Mas foi muita animação

A Noite de São JoãoNão é minha, nem tuaÉ de todos os moradores,Que moram aqui na rua

Aqui, na Praça de CourosHouve muita imaginaçãoFormaram neste quadrado,

Um grande Pavilhão.

Oh meu rico São João,És um Santo sem igual,Traz muita paz e amorA este lindo Portugal

NOTÍCIAS DE COUROS5ª edição | Julho, 2012

Isto é uma praça! (pág. 3)

Opinião de ... Carlos Alberto Martins(pág. 2)

Promotor: Fraterna – Centro Comunitário de Solidariedade e Integração Social | Gestão e coordenação Setepés | Colaboração: GSA Design, Henrique Praça, Rita FernandesEste jornal é escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

Quadras: Esménia Silva

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Fórum-Festa

ARRAIAL POPULAR14 JUL 2012, 17h00Rua da Ramada

Um arraial popular com um programa que inclui barraquinhas de vendas, comes-e-bebes, música ambiente, rancho folclórico, atuações musicais e baile.(pág 2)

AGENDA(pág. 4)

Micro espaços verdes crescem nas dobras NOVA VIDA A COUROS(pág. 2)

VAMOS JUNTOS DAR VIDA A COUROS.

2 NOTÍCIAS DE COUROS

Foi com entusiasmo que ouvi, no Sábado dia 14 de Abril, os nativos da zona de “couros” falar do seu sítio com

um sentimento de herança paterna, ou

seja Património.

Nasci na rua D. João I, último reduto urbano do rio de couros que tão bem caracteriza este percurso, em 1967 e vivi nesta morada até 1993. Posso dizer, com a alegria da extrema liberdade, que sou da geração que foi criada na rua. Sou originário de uma família com es-cassos recursos econó-micos (sem nunca ter faltado o pão na mesa!) onde ambos os elemen-tos do casal tinham de trabalhar, escasseavam os infantários e os ATL não existiam, com ex-cepção das sessões de catequese ligadas às es-truturas da igreja. As ruas, nos anos 70, eram muito mais segu-ras, não havia raptos de crianças nem consu-mos de drogas e o número de carros a circular era muito diminuto. Posso afirmar, na minha libertinagem de catraio, que, com excepção do período de aulas, todo o restante tempo do dia era passado nos trajectos urbanos de aventura por ruas, vielas e calçadas deste burgo. A inves-tida começava no início da rua das lameiras (actual travessa do novo mercado) percurso rural com calceta e depois engatávamos numa viela onde corre um regato que atravessa a rua da Liberdade, continuava em cruzamento com a Caldeiroa, passava junto ao antigo esta-leiro da CARI (um dos acessos à antiga fábrica do Arquinho), por debaixo da Av. D Afonso Henriques (junto à antiga fábrica do Freitas & Fernandes). Circulávamos em frente à actual Pousada de Juventude com continuação em ruela rural, rua de Vila de Verde, com campos agrícolas à direita - culminando a caminhada

na rua da Ramada (actual Registo Civil), junto á fábrica da Ramada Alta (actual Instituto do Design) ou, em frente, até á Av. D João IV. O percurso destas investidas era também muito caracterizadas pelo cheiro aos restos dos curtumes que o Rio dos Couros emana-va, com particular destaque nas traseiras das habitações (Padrão de S. Lázaro), onde existe uma ilha urbana muito curiosa, cujo térmi-no da rua, actual Hotel Ibis, era selado pelo Matadouro Público, fonte de matéria-prima para os curtumes, onde existia, também, um tanque público (para lavagem de roupa do-méstica!) que marcou gerações.Foi com entusiasmo que ouvi, no Sábado dia 14 de Abril, os nativos da zona de “couros” falar do seu sítio com um sentimento de herança paterna, ou seja Património. Foi com tristeza que ouvi referenciarem a falta de gente naquela zona: os que residem são quase todos de idade

avançada! O problema esbate-se nas zonas mais periféricas já que estas são as que entram pelo centro da cidade onde, por contágio, já aconte-cem algumas coisas! Ago-ra cabe a todos nós resol-ver a ocupação do miolo!A provar que só é possí-vel, com variadíssimos exemplos, neste e nou-tros concelhos, afastar a marginalidade e poten-ciar o espaço como local cultural de excelência, a zona de “couros” carece de circulação e usufruto das populações e/ou visi-

tantes. Inevitavelmente é necessário humani-zar o espaço. Isto não significa só criar equipa-mentos urbanos. É imprescindível abrir espaço para o comércio e restauração! Há espaço para bares e discotecas de diversão nocturna?... Há condições morais para abrir uma sexshop?... Há licenças para a fixação de gabinetes com serviços?...Há lugar para o “Streetart”(grafite mural) sem ferir a propriedade privada?...Com tanta falta de investidores pedimos “bom senso”, sem o atropelo de regras insti-tuídas na abordagem da questão, sob pena de demorarmos 20 anos para potenciar, realmen-te, o espaço!

Carlos Alberto Martins Designer e professor de artes plásticas na Escola Secundária de Francisco de Holanda

Este artigo de opinião foi escrito pelo autor sem observân-cia do novo acordo ortográfico.

Opinião de ... Carlos Alberto MartinsUM TESTEMUNHO E VÁRIAS QUESTÕES PICANTES!...

ARRAIAL POPULARFórum-FestaRealiza-se no próximo dia 14 de julho, na Rua da Ramada, um arraial popular com um programa que inclui barraquinhas de ven-das, comes-e-bebes, música ambiente, ran-cho folclórico, atuações musicais e baile.Nas duas últimas semanas os moradores de Cou-ros têm trabalhado afincadamente na oficina de decoração para engalanar a Rua da Ramada e o pá-tio do Instituto de Design de Guimarães onde irá ser montado um palco para a animação musical. O Rancho Folclórico de Creixomil será um dos convidados a atuar no palco ao início da noite seguindo-se uma animação musical para um bailarico para o qual toda a população de Gui-marães e visitante estão convidados.

Micro espaços verdes crescem nas dobras

NOVA VIDA A COUROSAções simples para concretizar um grande desafio

se também de atitude, desde que haja vontade, participação, desejo de fazer da própria cidade algo de melhor. Por isso procuro cantos abandonados, terre-nos devolutos, espaços vazios e em ruína com o objetivo de fazer deles pequenos espaços públicos, com uma escala humana, onde o viajante possa parar e respirar, onde o mora-dor possa exprimir-se, pelo qual a comunidade possa orgulhar-se, também pelo exemplo. Não necessitamos de grandes ações: limpar, abrir, infraestruturar, acolher espaços diferentes. Começo agora, investigando e recolhendo os instrumentos para elaborar o projeto, que está já a caminho de “dar frutos”. Continua-rei durante todo o verão até ao fim de outu-bro a monitorar o seu progresso, a organizar a atividade com e para a comunidade de Couros. Terminarei apenas quando o projeto possa avançar pelas suas próprias pernas.Já tive ajudas e participação: quem trouxe plantas para enfeitiçar o primeiro cantinho verde, quem ajudou nas limpezas, quem me levou a conhecer lindos jardins, quem me diz um “-Olá” todas as vezes que nos cruza-mos. Quero que isso continue, quero que isso ganhe força porque vale a pena, porque assim vamos conseguir dar nova vida a Cou-ros. Estou convencida que a próxima vez que entrar pela Rua dos Couros serão o barulho dos sorrisos e o pó das flores a acolher-me.Chiara Sonzogni

Ao entrar pela Rua dos Couros acolhe-me um barulho do corte de pedra, velado por uma ca-mada de pó. Entre máquinas, ferramentas e homens fletidos a compor o pavimento, come-ço a percorrer as ruas que desenham o bairro. São poucas, sinuosas, escondendo nas dobras interessantes traços de história. Os plames (tan-ques) aparecem em todo lado, atrás de velhos muros, ao lado de um pequeno largo, protegi-dos entre pequenos prédios e edifícios maiores. Venho a brincar com esta sinuosidade para descobrir cantos onde instalar micro sistemas verdes. Antes disso quero conhecer quem já da vida a Couros, quero encontrar os seus mo-radores. Assim começo timidamente a bater às portas, a apresentar-me no meu português com uma sonoridade estranha, a falar das minhas intenções. Em duas ou três tardes as informações recolhidas sobre esta zona da ci-dade são muitas, os sorrisos sinceros, o “apoio moral” à minha pesquisa, sólido. Assim, o que era uma intenção volta ser um objetivo concre-to: quero concretizar aqui, em Couros, o meu desafio: tomar conta do espaço esquecido, in-suflar coragem com pequenos gestos para de-monstrar que algo de diferente é possível. Há alguns anos que trago comigo este desafio. No início foi uma pesquisa teórica. O ano passado tive uma primeira aplicação no centro histórico do Porto e agora chegou a oportunidade de de-monstrar que esta estratégia pode ser aplicável em qualquer sítio. Para lá da estratégia, trata-

No início da Rua da Ramada serão coloca-das barraquinhas onde moradores de Cou-ros venderão artesanato e alguns petiscos e bolos. Animar a Rua da Ramada, envolver os vima-ranenses e os visitantes da cidade, num am-biente festivo a partir das 17h do dia 14 de julho, são os objetivos desta iniciativa no âm-bito do projeto “Couros. CampUrbis. Envolvi-mento da População Local”. A organização deste arraial e das oficinas de decoração estão a cargo da Cooperativa Cul-tural Mercado Azul, de Guimarães, que tem colaborado neste projeto de participação e envolvimento dos moradores de Couros.

EU SOU COUROSvisitas guiadas pelos moradores

Conheça Couros pela mão dos moradores. Uma forma diferente de conhecer uma parte de Guimarães.

GRÁTISOFERTA DE POSTAL

MARQUE A SUA VISITA EMwww.eusoucourostour.pt

Mais Informações em: couros.envolvimento@setepes.pt www.facebook.com/ couros.envolvimento

5ª edição | julho 2012 3NOTÍCIAS DE COUROS

Isto é uma Praça!

Arte Postalcrochet, a um laboratório de construção para crianças e a uma peça de teatro.O que queremos deixar claro é que o que qui-semos construir aqui não foi de modo algum uma instalação artística temporária. Ao ‘puxar mos’ a comunidade para este projeto quise-mos que este se estabelecesse como um espa-ço querido e vivido por todos que, uma vez es-tando a construção concluída e após a partida dos esterni, continuasse a crescer e a potenciar relações e encontros. Acreditamos no sucesso de ‘Isto é uma Praça!’ e, a isso devemos, o bom acolhimento e ade-são que tivemos por parte de toda a comuni-dade de Couros e de todas as outras pessoas que acreditaram nesta ideia e se dispuseram a ajudar-nos. Assim sendo, temos a agradecer á CEC pelo convite que nos foi feito; ao Fernan-do Martins, responsável pelos projectos POP UP, que esteve sempre ao nosso lado para nos ajudar no que precisasse-mos; à Setepés, cujo trabalho já feito de envolvimento da comunidade local, facilitou inquestionavel-mente o sucesso desta iniciativa; à Pousada da Juventude de Guimarães que tão bem nos recebeu, à Chiara Sonzogni que nos ajudou a erguer a praça e que foi a responsável pelos espaços verdes que lá se encontram; a todos os amigos e voluntários que se disponibiliza-ram para nos ajudar (Diana Sá, Irena Uebler, Pedro Galego, Patrícia Nogueira, Ana Patrícia Gomes, Luís Lima, Francisco Costa, Carolina Diniz, Duarte, Dino Bernardino, Cati, Bog, Na-tacha e muitos outros); a todos os que partici-param na nossa programação e nos ajudaram a dinamizar o espaço e, como os mais impor-tantes ficam sempre para último, queríamos fazer um agradecimento especial aos habitan-tes de Guimarães que tão bem nos acolheram e que, mais do que nós, deram forma e vida a este espaço que agora lhes é entregue (em particular a D. Luísa, a D. Isménia, a D. Amé-lia, a D. Noémia e Sr. João, a D. Maria José e o Sr. Zé, o Sr. Joaquim, a Filipa e a Mafalda e, a todos os outros que nos receberam de braços abertos que, por serem tantos, não consegui-mos fixar os nomes).Convidamos toda a gente a conhecer a história e a acompanhar o futuro de ‘Isto é uma Praça!’, através dos seguintes contatos:e- mail: istoeumapraca@gmail.comfacebook: http://www.facebook.com/IstoEumaPracablog: http://istoeumapraca.tumblr.com/

‘Isto é uma Praça!’ é um projeto que nasceu de um convite feito ao coletivo de Milão Es-terni (www.esterni.org) por Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, para fazer uma intervenção num espaço público da cidade de Guimarães. Esta iniciativa insere-se na progra-mação dos ‘Espaços POP UP’ e o local escolhi-do para a realizar foi a área desocupada de Cou-ros, onde se encontram os tanques de granito que eram utilizados para trabalhar peles.Por este ser um lugar central, onde desem-bocam várias ruas de Couros e, também, por ser um local muito simbólico para esta zona, pareceu-nos fazer todo o sentido construir aí uma praça. Entendemos que o papel de uma praça é o de se estabelecer como ponto de encontro, como lugar atrativo ao convívio e lazer e onde se po-dem desenvolver várias atividades e inventar novos modos de viver o espaço de todos. Achámos que um lugar como este fazia falta nesta área da cidade que, apesar da sua beleza, do seu interesse histórico e da sua centralida-de, acabava por se limitar a ser um ponto de passagem em vez de atrativo para a população local, para os vimaranenses em geral e para os visitantes de Guimarães.Com a construção desta praça, quisemos criar um espaço dinâmico que convidasse à vivên-cia, ao encontro, à partilha e à aprendizagem. Por ser um espaço, acima de tudo, pensado para a comunidade de Couros, foram poucas as ideias que pré-estabelecemos ao projetá-lo. As principais decisões que foram tomadas e as estruturas que foram sendo criadas firmaram-se através de conversas com a comunidade lo-cal que, entusiasticamente nos contou as suas ideias e espectativas para este lugar.Ao apelar a esta participação, desejou-se que este não fosse apenas um projeto físico, mas também ideológico. Quisemos criar uma aproximação entre as pessoas que vivem nas redondezas e fazê-las pensar e discutir sobre o futuro do seu espaço, ao mesmo tempo que as convidávamos a viverem-no e a sentirem-no como seu, desde o início.Do encontro com estas pessoas nasceu, tam-bém, uma programação de atividades que animou o espaço durante a nossa estadia, aju-dando a promove-lo ao exterior e criando uma nova dinâmica entre a comunidade local. A partir de um pequeno-almoço de boas vindas, foi programada uma festa de São João que, nos preparativos, deu o mote a um workshop de

Mais de quatro dezenas de postais foi o resul-tado da Oficina de Arte Postal realizada no passado mês de abril, orientada por Marcus Garcia Moreira. Daqueles foram seleciona-dos dois para produção. Estes postais estão

Exposição “À Luz do Dia”Em ano da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012 os moradores de Couros apresentam-se, envolvem-se, participam, propõem, imaginam, criam e fazem “parte”. Nesta exposição de fotografia não precisa de marcação nem bilhete de entrada. Visitável a qualquer hora do dia e da noite, estão em Couros, expostas em muros, ruínas, paredes e empenas de edifícios, fotografias de gran-de formato da autoria do fotógrafo Marcus Garcia Moreira, que constituem a Exposição “À luz do dia”, atividade do projeto “Couros. CampUrbis. Envolvimento da População Lo-cal”, uma iniciativa proposta pelo Conselho de Comunidade de Couros.

agora a ser oferecidos aos turistas e visi-tantes que participam nas visitas guiadas a Couros orientadas pelos moradores. A mar-cação nestas visitas, gratuitas, faz-se pelo site www.eusoucourostour.pt

4 NOTÍCIAS DE COUROS

É MORADOR EM COUROS? TEM SUGESTÕES PARA A ZONA? IDEIAS PARA ATIVIDADES?Então envie-as para couros.envolvimento@setepes.pt

VAMOS JUNTOS DAR VIDA A COUROS.

AGENDA “Couros-CampUrbis: Envolvimento da População Local”AGENDA

Julho a setembro 2012

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA“À LUZ DO DIA”Ruas de Couros

Julho a setembro 2012

EU SOU COUROSVISITAS GUIADAS PELOS MORADORESMarcações: www.eusoucourostour.pt

Outubro 2012

FÓRUM-EXPOSIÇÃO

www.facebook.com/couros.envolvimento

Conceção e Gestão Promotor Co-financiamentoOrganização Colaboração

Rua/espaço públicoBarraquinhasComes-e-bebes Exposição de CourosDecorações de papel Música ambiente.

Palco (Pátio do Instituto de Design de Guimarães)

ATUAÇÕES MUSICAIS

21h00Grupo Folclórico de Creixomil

22h00Grupo de Cavaquinhos de Moreira de Cónegos

23h00Fernando Ribeiro.Baile final.

Encerramento 1h00 do dia 15 de Julho.

FÓRUM-FESTAARRAIAL POPULAR14 Julho, 17H00 - 01H00 Rua da Ramada