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Ano novo para colorir Depois de um ano de 2013 que não correu de feição para o país e região, a esperança renova- se e está nas palavras dos nossos cronistas e nas notícias e artigos, uma tela em branco para colorir. JANEIRO 14 | N°392 | ANO XXXII | PREÇO 1,20 EUROS | MENSAL DIRECTOR LUIZ OOSTERBEEK Novo Almourol Da televisão para a Barquinha Maria João Aguiar tem uma vida repleta de recordações e curiosidades. Da Rodésia a Lisboa, de Moçambique a Roma, da rádio à televisão, de todos os anos até Vila Nova da Barquinha, onde recebeu o JNA para uma interessante conversa, com o Rio Tejo a testemunhar. p16e17 Consumo. O que consumimos? Porque o fazemos? O que marca a tendência? Depois do Natal, do Ano Novo, das Festas que marcam a Cultura Ocidental, dos consumos essenciais (ou não), apetece reflectir um pouco sobre o que é o consumo e o que consumimos. E de que forma isso marca a nossa identidade numa sociedade pós moderna mas onde o mercado assume um papel central e onde a ida aos “mercados” pode ser vista como fulcral para a economia que se quer saudável. p8 José Luis Peixoto O escritor de Galveias, concelho de Ponte-de-Sôr esteve em Abrantes para apresentar a obra que nasceu do seu périplo pela Coreia do Norte. “Dentro do Segredo" é o título do livro e Peixoto, que nasceu em Abrantes e com 4 dias de vida voltou à sua Galveias, conversou com os amantes da literatura que se deslocaram à Biblioteca António Botto para sentir as emoções e o autor das palavras que tanto gostam de ler. p14 ADIRN: mais em 2014 Jorge Ferreira usou um discurso convicto e anunciou novos projectos para 2014, pelo desenvolvimento. p09

Jornal Novo Almourol Janeiro 2014

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Page 1: Jornal Novo Almourol Janeiro 2014

Ano novopara colorir Depois de um ano de 2013 que não correu de feição para o país e região, a esperança renova- se e está nas palavras dos nossos cronistas e nas notícias e artigos, uma tela em branco para colorir.

janeiro 14 | n°392 | ano XXXii | Preço 1,20 euros | MensaLDIRECTOR LuiZ oosTerBeeK

Novo Almourol

Da televisão para a Barquinha

Maria João Aguiar tem uma vida repleta de recordações e curiosidades. Da Rodésia a Lisboa, de Moçambique a Roma, da rádio à televisão, de todos os anos até Vila Nova da Barquinha, onde recebeu o JNA para uma interessante conversa, com o Rio Tejo a testemunhar.

p16e17

Consumo. O que consumimos? Porque o fazemos? O que marca a tendência?Depois do Natal, do Ano Novo, das Festas que marcam a Cultura Ocidental, dos consumos essenciais (ou não), apetece reflectir um pouco sobre o que é o consumo e o que consumimos. E de que forma isso marca a nossa identidade numa sociedade pós moderna mas onde o mercado assume um papel central e onde a ida aos “mercados” pode ser vista como fulcral para a economiaque se quer saudável.

p8

José LuisPeixotoo escritor de Galveias, concelho de Ponte-de-sôr esteve em abrantes para apresentar a obra que nasceu do seu périplo pela Coreia do norte. “Dentro do segredo" é o título do livro e Peixoto, que nasceu em abrantes e com 4 dias de vida voltou à sua Galveias, conversou com os amantes da literatura que se deslocaram à Biblioteca antónio Botto para sentir as emoções e o autor das palavras que tanto gostam de ler.

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ADIRN: mais em 2014

Jorge Ferreira usou um discurso convicto e anunciou novos projectos para 2014, pelo desenvolvimento.

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02 CURTAS & GROSSASNovoAlmourol

Janeiro 2013

Constância:Fogo Real

No dia 23 de Janeiro, entre as 7h00 e as 17h00, no Polígono de Tiro da Brigada Mecanizada de Santa Margarida vão realizar-se exercícios de fogos reais de morteiros médios, morteiros pesados e metralhadora pesada. Em comunicado, o Exército Português refere que no dia dos exercícios “serão vedados todos os movimentos para dentro e no interior da zona perigosa” e relembra a população para que “não se desloque ou mexa em qualquer granada ou engenho explosivo que porventura seja encontrado, devendo antes sinalizá-lo e comunicar a sua existência às autoridades militares ou forças de segurança”.

Barquinha: Um Natal com sorrisos

Uma tradição que continua é a de colectividades que distribuem prendas pelos filhos dos seus associados. Aconteceu mais uma vez em Moita do Norte, concelho de Vila Nova da Barquinha, com a XIV edição do Natal da Criança. No dia 22 de Dezembro o Clube União de Recreios ofereceu um show de palhaços, lanche para todas as crianças presentes. e uma prenda para os filhos de sócios e residentes na freguesia até aos 10 anos. Houve ainda um insuflável, pinturas faciais e a presença “obrigatória” do Pai Natal. Mais um Natal se passou e o que fica, mais uma vez, são os sorrisos das crianças, num mundo cada vez mais desigual em que por demasiadas vezes são as associações, colectividades ou autarquias a resgatar os poucos sorrisos das crianças mais desfavorecidas.

Biblioteca públicaO Centro Comunitário de Atalaia, Vila Nova da Barquinha, prepara-se para receber a biblioteca pública que actualmente está instalada na sede da Junta de freguesia. O objectivo é disponibilizar o acervo mais junto das populações, numa zona com maior densidade residencial urbana. Na sede da Junta de Freguesia de Atalaia deve nascer um museu da freguesia.

Abrantes e Mação devolvem IRS Das 21 Câmaras Municipais do distrito de Santarém, apenas quatro autarquias vão abdicar das receitas geradas pela sua participação variável em IRS, segundo os número do Orçamento de Estado para 2014. Abrantes, Salvaterra de Magos, Mação e Coruche não vão cobrar, no total, cerca de 370 mil euros aos seus munícipes.Mação devolve 1% da sua participação em IRS, 25 mil euros, e em Abrantes, o executivo fixou uma taxa de participação em IRS de 4,5%. O município vai devolver 0,5% do imposto cobrado aos residentes no concelho, cerca de 100 mil euros

O Tribunal de Abrantes absolveu os ex-presidentes da Câmara de Constância, Máximo Ferreira e António Mendes, dos crimes de prevaricação e falsas declarações.

120 O número de participantes na primeira edição da Night Run no Entroncamento, organizada pelo Clube de Lazer, Aventura e Competição. e pelo município no dia 10 de Janeiro. A segunda edição, realiza-se dia 22 de Janeiro, às 19h00, com concentração no Pavilhão Desportivo Municipal do Entroncamento.

↑ rio acima

↓ rio abaixo

Refeições Gratuitas

A Câmara de Sardoal aprovou proposta que visa a gratuidade das refeições para todas as crianças do Ensino Pré-Escolar e 1.º Ciclo do Ensino Básico do concelho. A medida terá deixado satisfeitas muitas famílias. Mais importante: as crianças.

Jovens morrem na estrada Um fim-de-ano amargo em Riachos e Entroncamento. Inês Gonçalves Bernardino, 17 anos, de Entroncamento, e Maria Inês Pereira, 19 anos, de Riachos, concelho de Torres Novas, perderam a vida em acidentes de viação. Toda as mortes são lamentáveis. Mas...

Pegop há 20 anos

Dia 10 de Dezwembro de 2013 marca a viragem de duas décadas desde a criação da Central Termoeléctrica do Pego. Sediada no concelho de Abrantes, a Pegop tem feito questão de apoiar projectos estrturantes na região, de portas abertas, como o JNA confirma.

Saúde em alerta

A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo tem tido uma acção de permanente alerta perante as decisões do governo central. Agora é o Orçamento de Estado 2014 que suscita dúvidas, e solicitaram reunião com carácter de urgência à Diretora Executiva do ACES do Médio Tejo.

Usf em Ourém

Com uma equipa constituída por quatro médicos, quatro enfermeiros e quatro administrativos, a Unidade de Saúde Familiar de Ourém vai prestar atendimento a 7.600 utentes. Soluções perante o emagrecimento financeiro.

Obras adiadas

A empresa responsável pela contrução do Centro de Acolhimento do Tejo, em Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes, pediu à autarquia nova prorrogação do prazo de conclusão alegando motivos de ordem financeira. 31 de Dezembro era a data de conclusão que passa agora para 31 de Janeiro.

faCeBooK.CoM/jornaL-novo-aLMouroL

NA PRIMEIRA PESSOA 03

CVMiguel Neto40 anosCasais novos, alcorocheloleiroCerâmica de autor

1992inicio o meu processo de formação no Cencal, Caldas da rainha, com um curso de olaria de roda, seguida de mais uma formação de aperfeiçoamento de técnicas .

1994Monto o meu primeiro forno a lenha em alcabideche, Cascais. nos 10 anos seguintes participo em inúmeras exposições individuais e colectivas e algumas feiras, coleccionando alguns prémios a título individual.

1998Mais uma formação de escultura e morais cerâmicos no Ceart Coimbra (único centro de formação da rede de Centros do iefP específico para as artes e ofícios em Portugal).

2002Monto o segundo forno a lenha, em Casais novos. Passo a trabalhar em grés, executo a primeira obra pública para um laboratório de análises clínicas em faro. até hoje, continuo a participar em exposições individuais e colectivas.

2003ingresso nos quadros do CriT Torres novas como oleiro profissional.entro também numa colectiva (atípico) Capital europeia da Cultura Coimbra.

Janeiro 2014

Em 2008, executou conjuntamente o mural cerâmico de 6x9 metros para o "Mondim Acqua Hotel" em Mondim de Bastos.O que mais gosta de fazer nos tempos livres?O meu trabalho não é só um trabalho, é estar disponível e aceitar o que nos rodeia, tal como ver exposições, fazer fotografia, pesquisa, ler, estar em tertúlia… e todo o processo de execução da minha obra que é apaixonante. Portanto aquilo que faço também são os meus tempos livres, e os meus tempos livres facilmente se transformam em (trabalho), contudo, estar em família e fazer música com amigos também preenche, e é por ai.

O que mais o irrita?Burocracia, temos um simplex que é mais um complex. A incompetência que me rodeia e a institucionalizada, na segunda é do conhecimento geral, na primeira não me posso pronunciar.A minha falta de recursos para atingir objectivos, sim porque isto de se ser (artista) tem muito que se lhe diga, e a falta de conhecimento geral em relação ás artes no geral. E a culpa é do sistema que não promove, que não educa, e que não distingue o pó do pópó. Mas não, é mais fácil comermos a palha que nos metem à frente do que ir à procura de respostas.

Até onde gostava de ir?De ir sem limitações de qualquer espécie, de fazer o que me vem na alma, com o devido reconhecimento a esta arte tão nobre que é a de fazer cerâmica de autor. De levar o meu trabalho além fronteiras, de ser também um dos "grandes mestres" em vida, já que ela é tão curta, poder usufruir será um privilégio.Gostava de ir aonde alcançar a felicidade suprema daquilo que sou, como indivíduo e como autor.Eu sei que isto pode parecer egoísta da minha parte, mas o meu trabalho é assim, sou eu que o faço, mas garanto que é para todos e de todos.

Se eu pudesse...Com certeza que não haveria fome no mundo, nem escravatura na vida, não haveria guerras nem desigualdades. Rir-me-ia de tudo isto, porque seria sinal que estava numa sociedade mais justa, livre e sem preconceitos. Mais evoluída. Se eu pudesse ensinava toda a gente a fazer uma taça de barro, a comer a semente germinada. Mas também não sei. Mas sei fazer a taça, já é um princípio.

O sistema não promove, não educa e não distingue o pó do pópó.

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Page 3: Jornal Novo Almourol Janeiro 2014

Como será 2014 em palavras? Foi esta a pergunta a que o NA tentou responder e aqui publicamos. 2013 foi um ano de palavras negativas, certamente 2014 não será muito diferente, mas no meio da confusão generalizada, entre retoma e austeridade, dívida e regresso aos mercados, há personalidades e entidades, eventos que vão marcar 2014. Nestas páginas ficam algumas apostas mas muitas palavras surgirão num mundo frenético que é também uma caixinha de surpresas.

TExTO ricardo aLves

aAlmourol O Parque de Esculturas, o Castelo, e porque não o Jornal Novo Almourol, seguem alinhados no objectivo de valorizar a região. Em obras, o Castelo de Almourol reabre portas em meados de Março após os trabalhos de beneficiação das muralhas e intervenção na torre de menagem do Castelo de Almourol. O monumento é um dos grandes nomes no cartaz da região.

bBons SonsEste ano há novamente festa em Cem Soldos, concelho de Tomar, com a 5ª edição do Bons Sons, que este ano acontece no terceiro fim-de-semana de Agosto. Pela pequena aldeia tomarense já passaram nomes como Linda Martini, Legendary Tigerman, PAUS, Vitorino, Maria João e Mário Laginha, António Zambujo, Márcia, Aldina Duarte ou A Naifa, Para esta edição 2014 espera-se mais um cartaz de qualidade, um evento que em apenas uma semana gera cerca de um milhão de euros para o concelho e região.

cCortes/Centro escolar de Montalvo O novo estabelecimento de ensino no concelho de Constância é uma das apostas consagradas na Carta Educativa do concelho, no âmbito do redimensionamento e requalificação do seu parque escolar, Os centros escolares da vila e de Santa Margarida significaram uma revolução educativa. O executivo autárquico espera aprovação da candidatura a fundos comunitários.

04 DICIONÁRIONovoAlmourol

Janeiro 2014

"Bombeiro" é a Palavra do Ano, numa iniciativa da TSF e Porto Editora que se realiza há cinco anos. Em 2012 a escolhida foi "Entroikado" e "Austeridade". em 2013

"Irrevogável" perdeu na votação e perdeu igualmente o significado, pelo menos para Paulo Portas, que a usou tornando-se depois vice-primeiro ministro.

"Selfie" foi a palavra do ano nos Estados Unidos da América, um auto-retrato tirado por smartphone ou webcam que cada vez mais faz parte do dia-dia mundial.

faCeBooK.CoM/jornaL-novo-aLMouroL

DICIONÁRIO 05Janeiro 2014

arTiGo JNA

Que palavras em 2014?dDistopiaPodemos não ouvir ou ler a palavra com frequência mas vivemo-la na sociedade. É o caminho pelo poder controlado por elites e mantido através de uma estratégia de aumento das carências individuais que posteriormente são reduzidas, uma exploração da estupidez colectiva assente em discurso pessimista aqui e ali borrifado com alguma esperança e a banalização da violência. Não sabe o que é distopia? Vá lá ligar a televisão e observe.

eEleições EuropeiasNo dia 25 de Maio os europeus são chamados para a escolha dos seus representantes no Parlamento Europeu. Em Portugal, fruto da sua europeização, as eleições servirão mais para definir estratégias e contar espingardas para as eleições legislativas de 2015. PS e PSD, Seguro e Coelho, não vão a votos em Maio mas um deles dará um passo em frente rumo à vitória nas legislativas. O mais importante, no entanto, é que se vote, que se escolha e tenha uma palavra a dizer no futuro de cada um de nós.

fFrancisco, PapaCom uma parte do mundo em crise, o sorriso do novo Papa, o discurso arejado e popular, em contraponto com o seu antecessor, tem dado esperança e distracção a muitos crentes e não crentes. Considerado personalidade do ano por uma das mais conceituadas revistas mundiais, o Papa Francisco reforça a narrativa da Igreja pela defesa dos indefesos.

gGastronomiaFestivais, Mostras, Feiras, Restaurantes, uma oferta variada e crescente. Desde o festival “Vá à Fava”, em Ferreira do Zêzere, o Mês do Sável e da Lampreia em Barquinha à Feira Nacional de Doçaria em Abrantes, são dezenas os eventos que promovem os produtos locais e as iguarias tipicamente regionais. A Unesco também gosta e elevou a Dieta Mediterrânica a Património Imaterial.

hHospitaisO movimento Utentes do Médio Tejo alertou recentemente que a prestação de cuidados de saúde de qualidade e proximidade pelo Centro Hospitalar do Médio Tejo e ACES Médio Tejo vai ser meta difícil de concretizar segundo o Orçamento de Estado 2014. A saúde não foge à regra na razia que o governo tem levado a cabo na despesa pública. O movimento tem vindo a criticar o encerramento de serviços e vai pedir uma reunião “com carácter de urgência” à diretora executiva do ACES do Médio Tejo para saber se “há ou não intenção de encerrar extensões de saúde” na região. Um tema que vai andar no ar todo o ano.

iIntermunicipalA fase de discussão sobre as linhas do Quadro Estratégico Comum 14/20 realçaram os investimentos territoriais integrados, operações integradas e planos de ação conjuntos. Nos próximos tempos os grandes projectos estruturantes serão mais fáceis de alcançar em parceria, em entendimento e estratégia entre municípios. Dificilmente um município sozinho conseguirá realizar grandes obras através de fundos comunitários

jJovens LicenciadosApesar da bem rentabilizada notícia da descida da taxa de desemprego em Portugal, a emigração de jovens licenciados dever-se-á manter alta. Porque os últimos dois anos foram de forte saída de jovens, e não só, cada vez mais casos de pessoas próximas de nós a trilhar caminhos além-fronteiras deverão ser uma realidade. Como na despesa do estado, pouco mais haverá onde cortar.

kKafkiano Já foi usada com maior frequência mas a palavra, relativa ao poeta checo Franz Kafka, dá a ideia do surreal, do absurdo; confusão entre o real e a ficção, estado hipotético de penumbra, de confusão absoluta e de submissão ao imaginário. O flagelo kafkiano está na justiça, na burocracia, nas dificuldades recorrentes. Vivemos num Portugal kafkiano.

lLocalO poder local, apesar de atacado e parcialmente desmembrado com a reforma administrativa, ganha, apesar de tudo, importância extrrema. Com o esvaziamento em curso do interior, de serviços e de empregos e as dificuldades económicas das famílias, as autarquias e freguesias têm um papel fundamental em 2014.

mMundial 2014O país da festa do futebol recebe a edição do Campeonato do Mundo de Futebol. O Brasil terá sempre aspirações ao trono ainda mais com a torcida em massa a carregá-los. Portugal, do comandante Cristiano Ronaldo, precisará de jogar muito mais do que fez na fase de qualificação. Em plena crise, deveremos recorrer a uma prática cada vez mais habitual na região: as esplanadas com ecrãs de televisão, a aproveitar a sombra e as fresquinhas de Junho.

nNersantA associação empresarial cimenta a cada ano que passa a sua posição na região e país. Nas áreas do turismo, formação empresarial, agricultura, internacionalização, entre outras, a Nersant demonstra frenético mas calculado afã na tentativa de tornar a região mais forte e preparada.

oOportunidadeO facto de se recordar as palavras de Passos Coelho sobre o desemprego, classificando-o como uma oportunidade, não significa que se concorde. A oportunidade é de valorizar o que nos rodeia, viver o local. A região é deficitária em várias áreas, nomedamente no turismo, e na agricultura há oportunidades que se traduzem em apoios, sejam financeiros ou formativos. Equanto houve dinheiro e a engenharia e criatividade dos autarcas surtia efeito, a região apetrechou-se de equipamentos. Agora há que dinamizá-los.

pPrograma CautelarTermina em Maio e com ele não acaba a austeridade. O alívio pode ser algum mas a austeridade veio para ficar largos anos. 2013 foi o ano das palavras negativas. 2014 não será muito diferente.

qQuadro Comunitário 14/20o novo quadro de fundos comunitários ganha ainda mais importância este ano. Com o país emagrecido e sem capacidade de financiamento, coube também às autarquias participar nos cuidados intensivos. Assim, o enquadramento e aprovação de projectos estruturantes na região no novo quadro reveste-se da maior importância. São também uma oportunidade de cada um criar o seu projecto e realizá-lo. Para isso há, entre outros mecanismos, a ajuda de associações como a Tagus e a ADIRN.

rResiliênciaHaverá retoma económica em Portugal ou um 2º resgate? A dúvida será desfeita em breve mas a máquina de comunicação do governo vai preparando aqui e ali a população para todas as hipóteses. Enquanto nada acontece continuarão os apelos sentidos à resiliência de um povo que, como nos querem fazer crer, tem tido sorte acima das suas possibilidades.

sSaída Seja emigrando ou para o desemprego; a saída da crise ou a tão falada saída das rotundas; a saída que todos procuram mas muito poucos encontram; a saída que é para lado nenhum; a saída do programa cautelar; a saída da Troika de Portugal ou a saída de Jesus do Benfica se não ganhar o campeonato.

tTribunais Em Setembro último falava-se no encerramento de 47 tribunais no país, com forte penalização do interior. A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, desmentiu meses depois que o número estava errado. No último documento de trabalho, segundo a ministra havia 27 tribunais a encerrar, mas também informou que o documento não estava fechado. Abrantes, Golegã, Ferreira do Zêzere e Mação estão de alerta perante o possível encerramento de tribunais ou esvaziamento de funções.

uUnião Europeia A questão europeia vai marcar 2014. A crise pôs a nu os problemas de uma Europa que caminha a duas e a três velocidades. A europeização tem sido mais uma tentativa falhada que um processo coeso. Já Durão Barroso terminará os seus dez anos em Bruxelas e a nomeação de um comissário português vai preencher os bastidores. Os novos fundos europeus (decisivos para as empresas) começarão a ser distribuídos.

vViver o TejoÉ uma das iniciativas que 2013 nos deixou, um ano drástico. No entanto viu nascer na região um projecto que quer fazer do Rio Tejo a estrela que ilumina tudo o que o rodeia. A Nersant quer que o turismo seja o maior motor económico regional e os primeiros passos estão dados, bem dados.

wWelcome Em português "bem vindo", e é a palavra usada por empresas em Inglaterra, Escócia, Irlanda, Austrália, entre outros para receber a nossa massa crítica, os nossos licenciados, os nossos emigrados, cerca de 120 mil em 2013.

xXisNão é palavra, é um símbolo, que os portugueses gostam de marcar nos boletins dos jogos de sorte. É também uma encruzilhada mas numa encruzilhada pode haver caminhos que bem escolhidos nos levem a oportunidades.

yYes Men São aqueles e aquelas que dizem "sim" (yes) a tudo, independentemente da estupidez, loucura, insensatez ou ilegalidade das perguntas e propostas que lhes são feitas. Os Yes Men tendem a dizer sim a tudo no caminho de subida nas hierarquias. São os homens e mulheres que qualquer ditador gosta de ter em seu redor.

zZé povinhoÉ ele quem, derradeira e ciclicamente se “lixa”, mesmo que nunca tenha liderado um banco, assinado uma lei, ou roubado um rebuçado. A caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro que olha para um lado e para o outro e fica sempre na mesma. Em 2014 será boa ideia mudar de imagem. ―

futuro desemprego oportunidade europa

crise esperança despesacomunidade

mundial

novo

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CAMINHANDO 07Janeiro 201406 SOCIEDADENovoAlmourol

Janeiro 2014

Torres novas

Programação “eclética e de qualidade”TExTO andré LoPes

Música, dança, teatro e la-boratórios criativos são as quatro grandes áreas de progra-mação do Teatro Virgínia para o primeiro trimestre de 2014. Em março, a primeira edição do Fes-tival de Teatro aposta em compa-nhias da região.

Em declarações ao NA, Tiago Guedes, diretor artístico do Teatro Virgínia, refere que “é importante chamar as pessoas a participar, a mostrar o que fazem e, acima de tudo, a potenciar o que fazem”.

Entre janeiro e março, o pólo cultural de Torres Novas re-cebe nomes sonantes da música portuguesa, como Jorge Palma, Luísa Sobral, Noiserv ou Capi-tão Ortense, enquanto a dança é-nos apresentada pela coreogra-fia de Rui Horta, Paulo Ribeiro e Marco da Silva Ferreira. “A pro-gramação do Teatro distingue--se por ser regular, eclética e de grande qualidade”, esclarece o di-rector e coreógrafo”, confessando que “são as pessoas que fazem o sucesso de um projeto cultural e é bom tê-las na plateia”.

A Gala da Ópera, a ter lu-

gar no dia 11 de janeiro, junta em palco a Orquestra Sinfónica Juvenil e alunos do Choral Phy-delius, para interpretar algumas obras de Mozart, Verdi, Puccini e Rossini. Diogo Infante regressa a Torres Novas, desta vez, com um recital a partir da obra do Padre António Vieira, “Sermão de San-to António aos Peixes”. Com lo-tação máxima para 120 pessoas, o recital terá lugar no Café Con-certo, pelas 11h30 e 15 horas.

Jorge Palma faz-se acompa-nhar pelo seu filho Vicente Palma para, de forma acústica, viajarem pelos 40 anos de carrei-ra do cantautor. A tour Íntimo, que passa por Torres Novas a 18 de janeiro, pelas 21h30, pre-tende criar um ambiente mais acolhedor, intimista e de maior proximidade entre os músicos e a plateia. No Café Concerto, os Capitão Ortense atuam a 22 de fevereiro e Noiserv, o projeto de David Santos, a 15 de março, ambos com início pelas 23h30.

O mês de março é celebra-do com duas vozes femininas. Célia Barroca abre o mês com o seu “Fado Mulher”, no dia 1, enquanto Luísa Sobral apre-senta “There´s a Flower in my bedroom” a 22 de março.

Festival Gastronómico da Abóbora Onze restaurantes do concelho de Ferreira do Zêzere servem, ao longo deste mês de Janeiro, até dia 26, pratos confeccionados à base de abóbora, procurando aliar “aromas tradicionais já esquecidos” à “capacidade de inovação e criação de novas receitas”. Esta é a terceira edição do festival, a abóbora que tem um papel importante na saúde e bem-estar.

ferreira Do ZÊZere

Café Filosófico de regresso Vai realizar-se no "sítio e na hora do costume", no bem conhecido “53” byTrincanela, em Abrantes, sem-pre às 21h00. Depois das primeiras sessões de discussão/conversa em torno da filosofia, no dia 6 e 13 de Janeiro, seguem-se os dias 20 de Janiro, sob o tema “Euro”, com o advogado José Amaral e dia 27 de Janeiro a conversa será em torno da escolha para Janeiro do Livro do Mês: “O Preço da Desigualdade”, de Joseph E. Stiglitz (Bertrand).

aBranTes

sociedade

Morreu Margarida VeríssimoTExTO novo aLMoUroL

Desempenhava funções na Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Engenheira Civil, e era Chefe de Divisão da autarquia tendo falecido no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, no dia 4 de Janeiro.

A viver em Montalvo, Constância, há cerca de 20 anos, a também ex-vereadora e líder da Bancada do PS na

Assembleia Municipal de Constância, debatia-se há al-gum tempo com problemas de saúde.

A dirigente socialista de 51 anos nasceu no distrito do Porto onde foi professo-ra, tal como em Constância, desempenhou funções como técnica nos Serviços Muni-cipalizados de Matosinhos, Presidente da Associação de Pais de Constância, Presiden-te Administradora-Delegada da Associação de Municípios

do Médio Tejo e nos últimos anos, numa vida também liga-da ao associativismo, tornou--se activista na luta contra as doenças oncológicas.

Durante o processo de doença, Margarida Veríssi-mo recusou sempre cruzar os braços e abraçou até ao der-radeiro momento os projectos e funções que desempenhava.

O corpo de Margarida Veríssimo foi cremado em Lisboa, no dia 6 de Janeiro e de Constância e Vila Nova da

Barquinha partiram três auto-carros com colegas, familiares

e amigos que não quiseram deixar de se despedir.―

num país ou numa região, em Portugal ou no Médio Tejo, com a economia em crise, é natural que se procure tudo o que possa dar um contributo para a superação da referida crise. sim, importa pensar quanto representa no PiB nacional ou regional o sector da cultura. ou a percentagem do emprego que cabe ao sector da cultura. e quanto a cultura contribui para a exportação, por exemplo quando através do turismo recebe um visitante que chega do exterior. sim, a cultura tem uma dimen-são económica. e, se houve um tempo em que chegou a pensar--se que era necessário afastar da área da cultura qualquer pensamento económico, como se se tratasse de uma contami-nação ou perversão, a verdade é que esse tempo já passou. Pelo menos porque os trabalhadores da cultura precisam que lhe paguem os ordenados, ainda que parcos, e os fornecedores da área da cultura querem ver as suas facturas liquidadas. sim, a cultura é um sector importante da economia nacional e local e é natural que se pense como aumentar o seu contributo positivo.só que, de um tempo em que o pensamento vigente na área cul-tural recusava toda a contamina-ção económica, passou-se agora a um tempo que parece reduzir a cultura à €ultura, aos valores financeiros que ela garante. e aos postos de trabalho que cria, porque eles também entram na contabilidade do PiB.sim, a cultura tem uma dimen-são económica, mas não se reduz à dimensão económica. a cultura é, sobretudo, valor sim-bólico, sentido. sentido da vida, sentido da acção histórica. a cultura é, naquilo que mais con-ta, o que nos dá razões para viver

Marca d'Água

a €ultura

Alves Janaconsultor

e, por isso, nos oferece direcção às opções que não podemos deixar de fazer. É aquilo que dá forma às formas de vida e, por isso, reforma a vida que levamos dia a dia.Pode parecer irrelevante. afinal, uma coisa não mata a outra, são apenas as duas faces de uma mesma moeda. ou não? É muito fácil esquecer-se o poder de sig-nificação de um objecto, de um acontecimento, de uma prática, para lhe explorar apenas o seu potencial financeiro.

Por exemplo, o poder simbólico da festa popular com facilidade se submete à exploração daquilo que garante maior reprodução do capital investido. ou uma exposição fica reduzida ao valor das peças transaccionadas: uma pintura de nadir afonso pode, assim, “valer” menos que as cuecas da josefina, se estas “renderem” mais.o foco da cultura tem de ser co-locado no seu poder de produzir significado. Que significado? e para quem? É aí que está o valor da cultura. se esse valor for capturado pela economia, dentro em breve deixa de ter qualquer valor: nem cultural, nem económico.

Sim, a cultura é um sector importante da economia nacional e local e é natural que se pense como aumentar o seu contributo positivo.

Na dança, Paulo Ribeiro apresenta a 25 de janeiro “Jim”, um espetáculo inspirado nas músicas de Jim Morrison, dos The Doors, e dedicado ao músico Bernardo Sassetti. A 8 de março é a vez de Rui Hor-ta mostrar o espetáculo “Danza Preparata” uma criação onde a dança e a música se encon-tram numa relação simbiótica. “Tristeza e a Alegria na Vida das Girafas”, a peça de teatro em destaque em fevereiro (dia 22), tem a encenação a cargo de Tiago Rodrigues e conta com a interpretação de Carla Galvão, Miguel Borges, Pedro Gil e Tó-nan Quito.

A Mostra de Teatro Bons Vi-zinhos acontece em três lo-cais diferentes. A 27 de março o Teatro Maria Noémia, na Meia Via, recebe “Assembleia de Mu-lheres”, enquanto “Antígonas” será levado ao palco na Casa do Povo de Riachos, no dia 28, e “O Físico”, no Teatro Virgínia, a 29 de março.

De referir que o Teatro Vir-gínia tem serviço de babysitting para crianças dos 3 aos 10 anos. Na compra da “temporada”, 6 espetáculos beneficiarão de um desconto de 50%.―

jorge Palma, Luísa sobral e rui Horta na programação do Teatro virgínia.

Feira de JaneiroA tradicional Feira de Janeiro realiza-se no dia 19, e podem encontrar-se árvores de fruto e plantas, roupa, calçado, entre outros artigos. A grande maioria dos feirantes irá ficar instalada no Largo Infante D. Henrique, também conhecido por Largo da Feira, mas a feira estende-se por outras artérias da vila, nomeadamente no Largo dos Bombeiros e ainda na Praça Gago Coutinho.Realiza-se anualmente, no terceiro Domingo do mês.

MaçÂoMargarida veríssimo era líder da bancada do Ps em Constância

saÚde

Cuidados de saúde geram preocupação TExTO ricardo aLves

A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) vai solicitar uma reunião com carácter de ur-gência à Diretora Executiva do ACES do Médio Tejo e ao presidente do Conselho Con-sultivo do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) no sentido de colocar questões relativas aos cuidados de saú-de na região.

Em comunicado, a CUS-MT mostra-se “muito preo-cupada” e não acredita na possibilidade de uma presta-ção de cuidados de saúde de qualidade e proximidade pelo CHMT e ACES Médio Tejo. As dúvidas surgem após co-nhecimento do Orçamento de Estado para 2014 que a comissão afirma dificultar um serviço de qualidade.

A CUSMT tem por ob-

jectivo estar próximo da toma-da de decisões em entidades que possam ter papel activo positivo na “organização dos cuidados de saúde, como en-tidades governamentais, de-putados, autarcas, bombeiros e organizações sindicais, entre outras”.

A gestão pública de todas as unidades de saúde é outra das preocupações da CUSMT, tanto nos Cuidados Primários como nos Cuidados Hospi-talares e exige financiamento adequado da actividade hos-pitalar e cuidados primários.

À directora executiva do ACES do Médio Tejo, a co-missão de Utentes quer per-guntar “se há ou não inten-ção de encerrar extensões de saúde, nomeadamente nos concelhos de Torres Novas, Abrantes, Ourém e Cons-tância”. Outra das perguntas é “porque não é permitida a

atribuição de incentivos, no-meadamente a médicos, para se instalarem em zonas rurais, e para quando a apresentação do Plano de Actividades e Orçamento para 2014”.

“O Orçamento de Esta-do 2014, aprovado pelo PSD e PP na Assembleia da Re-pública, e a sua consequente aplicação no sector da saúde, vai agravar as condições de

Dia 20 de janeiro há reunião pública em Tomar, na junta de freguesia de s. joão Baptista para debater a saúde na região

prestação de cuidados”, alerta em comunicado a CUSMT, “no limite, com as novas re-gras de contratualização, já se prestam poucos serviços porque não há dinheiro e não vem mais financiamento por-que não se fez”.

Na terceira reunião ordinária do Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunici-

pal do Médio Tejo (CIMT), com a presença de todos os Presidentes do Médio Tejo, no dia 10 de Janeiro, os au-tarcas manifestaram grande preocupação sobre os cuida-dos de saúde primários e to-das as questões que envolvem as corporações de bombeiros, considerando fundamental uma envolvência cada vez maior nestas matérias. ―

Page 5: Jornal Novo Almourol Janeiro 2014

TExTO PaTrícia bica

Depois do Natal, do Ano Novo, das Festas que marcam a Cultura Ocidental, dos con-sumos essenciais ou não (o que é essencial varia de indivíduo para indivíduo e de cultura para cultura) apetece reflectir um pouco sobre o que é o consumo e o que consumimos. E de que forma isso marca a nossa iden-tidade numa sociedade pós mo-derna mas onde o mercado as-sume um papel central e onde a ida aos “mercados” pode ser vis-ta como fulcral para a pujança de uma economia que se quer saudável sob pena da ameaça à manutenção do estado social.

A conjutura actual é pouco favorável ao consumo, no en-tanto vivemos numa sociedade que vê o consumo, o massifica-do ou o alternativo como uma forma de afirmação e de estar na vida. Diz-me o que conso-mes dir-te-ei quem és. E de facto que traço identitário mais forte podemos apresentar senão o que vestimos, a música que ouvimos, as viagens que realiza-mos, os livros que lemos, o carro que ostentamos? É isso que nos torna mais um igual a tantos outros ou é isso que nos salienta na originalidade.

Podemos falar de consumos em larga escala, no entanto para este artigo gostaria de frizar o consumo de bens culturais ou consumos a eles associa-dos. E incontornável será fa-lar também do que significa o consumo numa era (pós) pós moderna como a que vivemos actualmente.

Teorias sobre a Cultura de Con-sumo. Gostaria de identificar três perspectivas sobre a cultura de consumo, a primeira refere que a cultura de consumo tem como base a ideia de que a ex-pansão da produção capitalista e massificada de mercadorias deu origem a uma larga presença de locais e bens para consumo. Esta ideia anda de mãos dadas com a crescente importância dada ao lazer e às actividades de consumo nas sociedades oci-dentais. Este fenómeno embo-ra bem visto por alguns, já que seria um afirmar das liberdades individuais, é também alvo de uma perspectiva crítica que percebe este fenómeno como uma forma de controlo social e manipulação ideológica.

Uma segunda perspectiva leva-nos a uma concepção so-ciológica que neste caso se fo-caliza na ideia de que as pessoas

usam as mercadorias como uma forma de criar vinculos e de es-tabelecer distinções sociais.

Em terceiro lugar há que destacar a questão dos praze-res emocionais do consumo, há sonhos e desejos registados no imaginário cultural consumista e locais específicos de consumo que proporcionam excitação fí-sica e intelectual e prazeres de ordem estética.

Em números. Ora, o consumo de espectáculos em Portugal recai nos seguintes números – são vendidos para o teatro 822 892 bilhetes (686 816 são ofe-recidos), para o cinema 16 315 000 bilhetes, para a música 1 994 435 bilhetes (2 528 719 são oferecidos), para a dança 155 383 (oferecidos 182 144) , para o circo 161 490 bilhetes (ofere-cidos 121 500). Destes breves números podemos perceber que é a música que mais consumi-dores atrai o que facilmente se percebe pela crescente emer-gência e afirmação de festivais de Verão, seguida do teatro com números também expressivos e o circo e a dança com fraca re-presentatividade.

Importante também de refe-rir a internet como um veículo de conteúdos informativos e

Consumo. O que consumimos? Dentro e fora de portas. Porque o fazemos? O que marca a tendência?

08 NÓSNovoAlmourol

Janeiro 2014

"ameaça-nos a perspectiva de sermos só consumidores, capazes de consumir qualquer coisa em qualquer ponto do mundo, vindo de qualquer cultura, mas de perdermos toda a originalidade."claude Lévi-strauss

culturais e que no caso do ci-nema que podemos constatar como tendo entrado em de-clínio (as salas de cinema da região encontraram-se encer-radas durante parte do ano) e é sem dúvida um concorrente já que os filmes e séries estão à distância de um clique. Reme-tendo para a nossa realidade em Lisboa e Vale do Tejo, o acesso à internet em banda larga por 100 habitantes é de 27,9%.

É evidente que em perío-do de crise o consumo tende a contrair, e os bens culturais não sendo considerados bens de primeira necessidade serão dos principais atingidos, com excepção do consumo da in-ternet que acaba por colmatar estas necessidades (no entan-to, atente-se que apenas uma franja da população tem acesso à mesma). Não obstante, não devemos esquecer que um país em que a cultura é vista como um bem de excepção, como um luxo e não como algo estrutu-rante e basilar na concepção do indíviduo sobre si e sobre o mundo será sempre um país pobre, acrítico, sem bases que sustentem os momentos de cri-se, não é afinal a cultura que nos dá alento para prosseguir, em sonhos e realizações?

E por falar em prosseguir, prosseguimos em automóveis sendo Portugal o 31 país do mundo com mais carros por 1000 pessoas (446). Os auto-móveis de “marca premium” crescem nas vendas, pela prime-ria vez marcas como a BMW e a Audi vendem mais carros que a Fiat, Opel, Ford ou Citroen. O consumo retrai de facto mas apenas para alguns segmentos.

Em Portugal, no ano de 2012, foram realizadas com-pras através de pagamentos de terminal electrónico no valor de 28 709 406 euros (milhares). ―

idenTidade (ii)

Quem somos?

Cultura“o centro cultural torna-se parte integrante do centro comercial. não se deve entender por isso que a cultura se prostituiu: seria simples demais. ela é aí culturalizada. simultaneamente, a mercadoria (roupas, temperos, restaurantes, etc.) é aí também culturalizada, pois transformada em substância lúdica e distintiva, em acessório de luxo, em elemento entre outros da panóplia generalizada de bens de consumo.” [Jean baUdriLLard]

faCeBooK.CoM/jornaL-novo-aLMouroL

REPORTAGEM 09dezeMbro 2013

adirn

Ganhar balançoA ADIRN (Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte) apresentou aos jornalistas o balanço de actividade de 2013 e projectou o novo ano sob o signo da evolução e da proximidade.

TExTO ricardo aLves

A associação fechou os últi-mos cinco anos de gestão local do Sub Programa 3 do PRO-DER com 135 projectos apoia-dos e cerca de 11.5milhões de euros de despesa pública num total de investimento que rondou os 19.3 milhões de euros. A estes números, apresentados dia 8 de Janeiro numa conferência de im-prensa realizada na Cafetaria do Convento de Cristo em Tomar, acrescem as estatísticas do núme-ro de postos de trabalho criados: 231.

A ADIRN fez o balanço do quadro comunitário que findou com o fim de 2013 e perspectivou 2014 com confiança na evolução, quer ao nível do número de asso-ciados, que quer duplicar, quer ao nível da proximidade, como ex-plicou o presidente da ADIRN, Jorge Ferreira: “vamos criar pólos locais da ADIRN com um téc-nico, enquadrado pelo municí-pio, para prestarmos um melhor serviço a quem queira investir no futuro”. As candidaturas para es-tágios estão em curso, dotando os pólos de técnicos qualificados.

Apesar do encerramento de um quadro comunitário isso não significa que o trabalho es-teja igualmente encerrado. “No 1º semestre vamos fazer visitas aos projectos nos seis concelhos (Tomar, Ourém, Vila Nova da Barquinha, Torres Novas, Fer-reira do Zêzere e Alcanena) para conclusão e promoção do territó-rio e projectos”.

Olhando para o quadro de distribuição dos investimentos e apoios, divididos por concelhos, nota-se alguma disparidade en-tre os concelhos, nomeadamen-te Tomar, com valores abaixo do esperado comparativamente. Questionado sobre o menor aproveitamento registado em Tomar, Jorge Ferreira afirmou esperar mais e asseverou “que o que podíamos fazer fizemos, com sessões de esclarecimento e pro-ximidade.

A lista de investimento é encabeçada por Torres Novas (4.92 Milhões), Vila Nova da Barquinha (3.39 Milhões), Ou-rém (3.04 Milhões), Tomar (2.8 Milhões), Ferreira do Zêzere (2.65 Milhões) e Alcanena (2.47 Milhões).

Barquinha duplica camas turísticas. Os projectos deve-rão ser finalizados na primeira metade deste ano e dotarão o concelho de Vila Nova da Bar-quinha com o dobro das camas turísticas actuais. Esta escassez tem sido uma lacuna apontada pelos autarcas do concelho após uma aposta forte no turismo e em obras com atractividade para os visitantes. A conversão da es-cola EB1de Tancos em albergue, a criação da Casa de Campo Art Inn ou a criação de uma casa de turismo de habitação em Limei-ras, fazem parte de um conjunto de projectos a finalizar até meio de 2014.

Projectos de valorização do território. Vila Nova da Bar-quinha pode receber um novo evento já este ano, “talvez em Junho” adiantou Jorge Ferreira na conferência de imprensa. “O objectivo passa por valorizar o Castelo de Almourol, Tancos e a vila, mas ainda estamos em fase de prospecção”. O assunto foi abordado junto do presiden-te da autarquia na manhã do dia da conferência, “está numa fase embrionária” como contou o presidente da ADIRN e vão seguir-se contactos com institui-ções para tornar o projecto uma realidade.

Não se trata de mais uma Feira Medieval, “existem cerca de 40 no país e não queremos mais uma” afirmou Jorge Ferrei-ra. “Vamos aproveitar o valor dos templários, Gualdim Pais, ter al-guns elementos diferenciadores e as habituais tasquinhas, mos-tra de produtos e artesanato”, e apesar de ser ainda uma possi-bilidade e nada mais que isso, a ADIRN “quer sintonizar acções com a Comunidade Intermuni-cipal e CCDR Centro, neste e noutros projectos.―

Investimento total ronda 19.3 milhões

autarcas responderam a cada uma das perguntas dos populares numa iniciativa inédita no concelho

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010 ECONOMIANovoAlmourol

Janeiro 2014

faCeBooK.CoM/jornaL-novo-aLMouroL

ACTIVO 011Janeiro 2014

viLa nova da barQUinHa

Palestra "Dos Actos às Palavras"

TExTO ricardo aLves

Realizou-se mais uma edição de “Sábado às Cinco Com...”, um Ciclo de Palestras relacio-nadas com Património, levadas a cabo no primeiro Sábado de cada mês, no Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha. No dia 4 de Janeiro foi a vez de Cidália Delgado, Subdirectora do Jornal Novo Almourol ( JNA) subir ao palco com o tema “O CIAAR – Centro de Interpre-tação de Arqueologia do Alto Ribatejo – e o JNA, dos actos às palavras”.

A palestrante falou sobre a relação entre o CIAAR e o JNA, propriedade da associação, e do modo como interagem, nomea-damente sendo “o jornal um veí-culo das ideias e actividades que emanam do CIAAR”, afirmou.

Numa breve alusão às ori-gens do CIAAR, Cidália Delga-do não deixou de evocar o nome de José Gomes da Silva, grande mentor do projecto, que faleceu

em 2012. A Arqueojovem, associa-

ção a partir da qual se formou o CIAAR, foi também abordada, “promove a investigação, preser-vação e divulgação da Arqueo-logia e do Património histórico e ambiental, contribuindo em particular para a formação dos jovens nos domínios da Arqueo-logia e do ambiente, respeitando os princípios éticos e normas legais inerentes à sua actividade, promovendo a sua divulgação”.

A Arqueojovem foi responsá-vel por actividades que ainda hoje estão na memória de muitos, das quais se destacam os Cam-pos de Trabalho Internacionais e cursos Intensivos de Arqueo-logia. Um dos locais de acção foi o “Sítio Arqueológico da Ribeira da Atalaia” que tem 300 000 anos de História, “os mais antigos ha-bitantes no Vale do Tejo”.

Sobre o CIAAR, Cidália Delgado falou sobre as várias va-lências comportadas no edifício histórico que lhe é sede: Sala de

ano novo, desejos velhos. É um ritual de inicio de ano…Que poderá então ser novo em 2014?Há pressupostos para ter expec-tativas razoavelmente fundadas de que pela primeira vez, desde há algum tempo, daqui a um ano não estaremos necessariamente pior do que no momento presen-te. algo novo, generalista e infe-lizmente não aplicável a todas as áreas de actuação ou análise ( por ex. o emprego jovem, a situação dos funcionários públicos ou dos reformados...).

no entanto, sabemos que independentemente de qualquer alteração de perspectiva futura, jamais alcançaremos a situação anterior a este período de crise.assim, em cada uma das nossas actividades continuaremos a ser permanentemente confrontados com a necessidade de utilizar me-nos recursos sem descurar atingir as metas ou objectivos propos-tos. neste contexto manifesto o desejo e a vontade de que haja condições para que os agentes do território mais relevantes possam protagonizar os seus pro-jectos cada vez mais numa logica de articulação. o desenvolvimen-to de uma região é cada vez mais incompatível com actuações iso-ladas e cada vez mais dependen-te da dinamização de efectivas parcerias. acentuo a efectividade das parcerias em detrimento das meras parcerias. Há parcerias e parcerias… efectiva parceria é aquela em que se fixa claramente o objectivo da mesma, em que se definem as acções conjuntas a desenvolver e que sobrevive ao formal das subscrições e dos discursos.um bom ano!

Ps: parabéns ao na por toda a mudança verificada, quer na imagem, quer no conteúdo, quer pela ambição de afirmação cul-tural no nosso território. só quem sonha e acredita consegue fazer acontecer.

Interurbano

2014

Miguel Pombeiro

Ano novo, desejos velhos. É um ritual de inicio de ano…Que poderá então ser novo em 2014?

exposições, reserva de materiais arqueológicos, sala de tratamento de materiais, biblioteca especiali-zada de arqueologia, laboratórios de Arqueociências, sala de aulas, gabinetes de trabalhos e a redac-ção do JNA.

Cidália Delgado relembrou ainda as publicações em que o CIAAR é co-responsável. A Revista Arkeos, numa parceria com o Centro de Pré- História do Instituto Politécnico de To-mar (IPT) e a revista TECH-NE, que desde 1995 é publicada pela Arqueojovem, “dedicada ao Património da Região com arti-gos técnicos sobre Arqueologia, História, Conservação e outras áreas do património desta região onde é dado a conhecer o traba-lho desenvolvido”, explicou.

Entre outras actividades dinamizadas pelo CIAAR, Ci-dália Delgado deu a conhecer o Espaço Memória José da Sil-va Gomes e os Laboratórios de Arqueociências – Unidade de Geoarqueologia e Arqueometria

e a Unidade de Arqueobotânica. Em destaque esteve tam-

bém a Biblioteca de Arqueolo-gia e História do Alto Ribate-jo. Criada em 2003, com base numa parceria estabelecida com o Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo, em Mação (MAPSVT), a Bi-blioteca adoptou a sigla “BAR” e possui actualmente dois pólos complementares, no MAPSVT e no CIAAR. Actualmente é composta por 8 mil monografias e cerca de 900 títulos de publica-ções periódicas (10 mil revistas).

"Sábados às Cinco Com", re-sulta do protocolo de cooperação existente entre o Centro de Pré--História do IPT e o CIAAR e a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha.

A próxima edição, no dia 1 de Fevereiro, terá como convida-do Filipe Paiva, ex-aluno de José da Silva Gomes. Durante 2014 outros ex-alunos do "Professor Gomes", numa homenagem a um dos grandes impulsionadores da arqueologia na região. ―

a relação entre o Ciaar e a comunidade educativa foi um dos temas abordados

nersanT

Nersant recebe e divulga oportunidades de negócioA NERSANT, encontra--se a dinamizar a reali-zação de negócio entre as em-presas da região do Ribatejo. A Associação Empresarial da Região de Santarém encontra--se a receber, gratuitamente, oportunidades de negócio das suas empresas associadas, di-vulgando-as de seguida a toda a sua base de dados empresarial.

Através do ClubNER-SANT, portal que potencia a realização de negócios entre as

empresas associadas, esta asso-ciação empresarial está a divul-gar oportunidades de negócios das suas empresas associadas.

Desta forma, todas as em-presas associadas podem fazer chegar à associação as suas promoções, que serão di-vulgadas posteriormente pela NERSANT a todos os con-tactos empresariais da mesma. As oportunidades das empre-sas serão divulgadas não só no

portal, onde a mesma estará acessível a qualquer internauta, mas também através de uma newsletter que será distribuída a todas as empresas associadas da NERSANT, num total de mais de 2000 contactos empre-sariais. Uma vez visualizada a newsletter, as empresas interes-sadas em adquirir o produto ou serviço, podem solicitar orça-mento à NERSANT, que fará chegar este pedido à empresa promotora da oportunidade de

negócio.Este é um serviço que tem

tido bastante sucesso junto das empresas da região. Neste mo-mento, diversos negócios já fo-ram realizados devido às opor-tunidades de negócio lançadas pela associação. As empresas associadas interessadas nes-te serviço, devem contactar a NERSANT através do e-mail [email protected].

O portal ClubNERSANT, tem

ainda uma outra funciona-lidade na área da Bolsa de Negócios: todas as empresas (associadas e não associadas da NERSANT), podem ainda registar no site produtos que dessem adquirir (área “com-pro”).

Desde a sua criação, o por-tal tem vindo a evoluir favo-ravelmente. Neste momento, são 931 os produtos e serviços disponíveis para venda no por-talNERSANT. ―

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12 PUBLICIDADENovoAlmourol

Janeiro 2014

PraXis ii

Valorizar o Turismo e a ArqueologiaTExTO ana crUz

No passado dia 16 de De-zembro, teve lugar no Audi-tório Elvino Pereira em Mação, a segunda edição do PRAXIS, desta vez versando sobre A Sus-tentabilidade dos Recursos Ar-queológicos e Turísticos.Foram variados os interve-nientes quer no painel da ma-nhã, quer no painel da tarde e deparámo-nos com uma grande riqueza do ponto de vista do conteúdo.

Na vertente turística dis-cutiu-se a importância da va-lorização turística das áreas envolventes às regiões naturais do País que estão sob tutela regional, de forma sustenta-da questionando-se ainda ao formato de processamento, da promoção, da regulação e da regulamentação, central e local. Foram ainda avançadas hipóte-

ses de sustentabilidade no âm-bito do turismo municipal.

Falou-se ainda do “Plano Estratégico Nacional do Turis-mo – Revisão do plano de de-senvolvimento do turismo no horizonte de 2015” (Resolução do Conselho de Ministros n.º 24/2013, Diário da República, 1.ª série — N.º 74 — 16 de Abril de 2013) enquanto ideia geradora de dinâmicas de desti-no turístico.

A importância da Didáctica do Turismo Industrial foi ainda sublinhada com ênfase na “Abordagem à Metalúrgica Duarte Ferreira: proposta de musealização”.

Também o Turismo Ima-terial é apresentado como uma consequência natural da gestão regional, onde os visitantes se deslocam para presenciar e sen-tir o que não existe, mas que se manifesta numa exclusividade

temporal que lhe acrescenta uma mais-valia adicional.

O modelo das “Cidades Criativas” foi destacado na encruzilhada da passagem da Sociedade Industrial para a Sociedade da Informação e da Economia do Conhecimento. As cidades criativas apoiam o seu modelo de gestão territo-rial na criatividade enquanto estratégia diferenciadora, com aptidão para criar produtos e serviços inovadores mas, tam-bém, como catalisador de novas vocações para as cidades.

Relativamente ao painel da tarde tivemos oportunidade de apreciar o excepcional caso do Povoado dos Perdigões jun-tamente com as suas diversas formas de estrutural arquitec-tonicamente o sítio de forma a co-existir o “mundo dos vivos” e o “mundo dos mortos”. Tam-bém a questão da visibilidade de

territórios agricultados no pas-sado foi alvo de apresentação, sendo estas pistas lidas através da fotografia aérea – uma nova tendência de exploração de territórios passíveis de serem agricultados na Pré-História recente é sem dúvida uma nova forma de observar o comporta-mento das primeiras comunida-des agro-pastoris.

Foi ainda sublinhada a im-portância do trabalho de campo desenvolvido na região do Alto Ribatejo trazendo-nos novas pistas sobre interpreta-ções passadas e, esperamos fu-turas.

Esta segunda edição do Co-lóquio PRAXIS II debruçou--se sobre novas perspectivas de desenvolvimento regional que enriqueceram não só o deba-te, mas também, a vontade de repetirmos este tipo de inicia-tivas.―

MaÇÃo

Jantar de Natal TExTO Jna

No dia 19 de Dezembro de 2013 realizou-se em Mação o habitual jantar de Natal de uma equipa que trabalha em conjunto: o Centro de Interpre-tação de Arqueologia do Alto Ribatejo (CIAAR), o Museu de Mação, o Instituto Terra e Memória (ITM) e o Gabinete de Relações Internacionais do Instituto Politécnico de Tomar.

O Jornal Novo Almourol, que integra o CIAAR, esteve presente e registou para a histó-ria mais um momento de con-fraternização que não necessita de celebrações especiais para se encontrar. ―

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CULTO 013Janeiro 2014

AntónioRoldãoPoeta

fui ao alto da fonte procurarum gesto solidário de atenção,assim como o cultiva frei joãoMatemático e mestre secular

Ponto de convergência, de aportagemos sonhos dos mais novos dão guaridaaos cacos dos vencidos pela vidanum misto de partilha e de mensagem

esbatem-se as diferenças, as figuras,as idades e o dogma social,o génio das pessoas e das culturas…

Cúmplices dessa caixinha de surpresassomos a componente teatral,Pedras vivas dispersas pelas mesas

Eco

alto da Fonte

Page 8: Jornal Novo Almourol Janeiro 2014

faCeBooK.CoM/jornaL-novo-aLMouroL

CULTO 14Janeiro 2014

doM raMiro

Plano “C”OpInIãO carLos vicenTe

Uma alternativa ao corte nas pensões, aos aumentos para a ADSE, enfim a todos os aumentos que quase diariamente ferem o país e duma forma parti-cular o funcionalismo público.

“O estado gasta mais do que deve ou que pode”, dizem por aí à boca cheia… mas, terão que ser “quase” sempre os mesmos a sofrer “represálias”?!! Ou serão eles alvos prioritários por verem de perto, muitas vezes, as manei-ras déspotas com que os eleitos governam e gerem os nossos di-nheiros. Ministérios e até autar-quias estão cheias de prateleiras douradas… não será por acaso e

não será com certeza sempre cul-pa do “elo” mais fraco, “o traba-lhador dependente”, muitas vezes o único habilitado no desempe-nho do seu trabalho.Estamos perante um gover-no fraco, por isso prepoten-te e cobarde nos actos, quer dar o estoque final numa história de muitos anos de homens e heróis solidários. Hoje solidariedade é um complemento extraordinário sacado às entranhas de um povo que já não sabe o que fazer para se defender…

É tempo de reestruturarmos a própria palavra “Democracia”, hoje, infiel de si mesma, de mil significados e de mil desculpas… é tempo de acabarmos com as inaugurações e as inaugurações

das inaugurações que geram ca-pas usadas e gastas do mesmo de sempre com nova roupagem…

É tempo de assumirmos uma manutenção geral dum país que não tem para mais, e procurarmos nas gentes, gentes de bem, capacitados para levar avante um processo de reestru-turação desta máquina que não

pode parar, nem que para isso se tenham que retirar alguns “malé-ficos” grãos de areia da engrena-gem.

Um plano “C” que não acabe com reformas de tostões em prol de outras de milhões.

Um plano “C” que acabe com as incubadoras de políticos “mal formados” a quem dão milhões dos nossos tostões.

Um plano “C” que cons-ciencialize a classe politica que estão temporariamente manda-tados para zelar pelos interesses nacionais de todos nós e não de uma nova classe que se forma por defeito na margem desse poder e em prol de si próprio.

Um plano “C” de CONS-CIENCIALIZAÇÃO.―

aPresenTaÇÃo

José Luís Peixoto e um país “entre a ficção e o real” TExTO&FOTO andré LoPes

Nasceu em Abrantes, mas foi para as Galveias com apenas quatro dias. Sempre que pode, é para esta freguesia do concelho de Ponte de Sor que regressa. “Às vezes tenho medo de estar a criar uma distância insuportável entre mim e as pessoas que me são queridas”, revela José Luís Peixoto, que no passado dia 20 de dezembro esteve na Biblioteca Municipal de Abrantes para apresentar “Dentro do Segredo – Uma viagem na Coreia do Norte”, e

para falar dos livros que editou até ao momento.

Estava num hotel na Ca-lifórnia quando teve a ideia de escrever o livro sobre a Coreia do Norte. “Precisava de algo que me estimulasse e a viagem foi uma grande aventura”, refere o escritor para quem a Coreia do Norte “é um pais que vive numa grande encenação para quem o visita e também para quem lá está. Aquelas pessoas vivem num país fechado, não têm noção do que é a realida-de fora do seu país”. O culto da personalidade que se dedica aos chefes de Estado leva a que

surjam alguns mitos, como o de que “Kim Jong-il nasceu no monte Paektu sob um céu com um duplo arco-íris”.

José Luís Peixoto esperava que houvesse menos liber-dade, menos contato com os norte-coreanos e não sentiu que houvesse ordens expressas para a população não se relacionar com os visitantes. “Visitei esco-las de todos os graus de ensino e em todas as escolas secundárias há disciplinas que são só sobre a vida dos líderes. Toda a cultura e informação é propaganda pura. Mesmo a ciência também deve

ter um pouco de propaganda”, brinca. Ainda em relação à Co-reia do Norte refere que é um país onde “nunca se tem com-pletamente a noção do que é a verdade e do que está realmente a acontecer, por isso, muitas ve-zes sinto que a história não está completamente bem contada”.

“Dentro do Segredo” foi o li-vro que José Luís Peixoto mais depressa escreveu. “Visitei a Coreia em Abril, sai de lá em Maio de 2012 e entreguei o livro na editora a 25 de Outu-bro de 2012. A editora tinha-o pronto a 16 de Novembro do

mesmo ano. Tudo para mim foi rápido e intenso.”

De Abrantes recorda-se da biblioteca itinerante da Fun-dação Calouste Gulbenkian, com a qual tomou o gosto pela literatura, do senhor José Dinis, responsável pela mesma bi-blioteca, que saia da cidade em direção às Galveias. O escritor nasceu no edifício onde actual-mente se encontra a Santa Casa da Misericórdia de Abrantes.

José Luis Peixoto revelou que já está a preparar um novo livro e que poderá, mais tarde, regressar à escrita de livros de viagens.―

Roteiro de sete Capelas em exposição O roteiro de sete capelas do Concelho de Abrantes e Sar-doal vai estar em exposição na antiga Galeria de Arte de Abrantes até ao dia 28 de feve-reiro. “A Rota das 7 Irmãs” pro-cura dar a conhecer os princi-pais pontos de interesse de cada capela e incentivar as pessoas a efetuar, no terreno, esta rota. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 14h e as 18h. .―

faCeBooK.CoM/jornaL-novo-aLMouroL

CULTURA 015Janeiro 2014

refere o dicionário que “des-carte” é o acto de se rejeitar algo e que, descartar, é o acto de livrar alguém de uma coisa ou uma pessoa importuna. o descarte é usado pelas organizações invocando-se o cumprimento dos objectivos financeiros e de economia mais saudável e com futuro para todos nós. o avanço tecnológico que nas últimas décadas tem sido avassalador dá razão aos visionários e empreendedores. incontornável.em cada novo ciclo, teremos que mudar. im-prescindível. assistimos a uma erosão de valores. o mundo do trabalho mudou radicalmente. indesmentível. a depreciação do trabalho é, neste contexto, alarmante. o que hoje assis-timos é revelador do que pior há no homem: a ganância que se revela e age, com a ajuda da tecnologia e seu contributo para a extinção de postos de traba-lho e desregulação do mundo produtivo de bens e serviços. regulável. enquanto a grande parte da comunidade empo-brece e luta quotidianamente por uma réstia de dignidade, valor supremo da vida humana, poucos (mas muitos, numa óp-tica de enriquecimento rápido, por descarte efectuado sobre os outros) enriquecem de um modo perfeitamente obsceno. Condenável.a conjuntura mate-rial é a mesma mas as condi-ções de apropriação dos bens disponíveis é outra. Constatá-vel. o juro, diamante supremo da especulação sobre o valor do trabalho é, conjuntamente com o mercado, a dupla sempre invocada pelos que defendem, por exemplo, a necessidade de baixar os factores de produção, nomeadamente o da mão-de--obra. o capitalismo tradicional substitui-se pelo capitalismo selvagem, ganancioso, despu-dorado, ciente de que o estado o não perturba. o estado esva-zia-se. Lamentável. Hoje não há empregados, há, eufemistica-mente, colaboradores. Muitos dos políticos actuais criados por estruturas partidárias e seus

Roteiro do Tejo: dos territórios, das pessoas e das organizações

a economia do descarte no contexto da depreciação dos valores e das Pessoas.

Luís Mota FigueiraProfessor coordenador do instituto Politécnico de Tomar

“empregos”, são executores focados no descarte de pessoas e bens do estado. Confirmá-vel. Políticos empenhados e orientados ao serviço público são, infelizmente, poucos. Cada um de nós sabe que, de modo directo ou indirecto, a sua vida foi e é alterada devido à situa-ção de crise mundial, europeia e nacional. Contudo, o que se deve questionar é como cada um de nós pode ser mobilizado para, como elemento válido de uma colectividade com identi-dade e cultura própria, ajudar a resolver o problema que este corte de ciclo velho e arranque para um novo ciclo, impõe. necessário.

o descarte é feito sobre novos e velhos, matando esperanças a uns e criando condições duras de sobrevivência para outros. Dramático. infelizmente para todos nós, carisma e sentido de futuro, inteligência política e compromisso, tal como sentido de estado social são qualidades escassas, e demonstram estar muito arredados das agendas da grande maioria dos políticos. os potentados tecnológicos e financeiros agradecem o ambiente que esta degradação política propicia, e o descarte praticado sobre as Pessoas é um sinal disso mesmo. só não vê quem não quer ver. Haverá alternativa? Há. ela pode come-çar em cada um de nós e, por isso, a nossa participação activa na vida colectiva é um primeiro passo, porque é, simultanea-mente, um direito e um dever, constitucionais. Decisivos.

Música no Sr. Chiado O Sr. Chiado, em Abrantes, re-cebe um espetáculo peculiar no dia 18 de janeiro pelas 21h30. Miguel Martins, poeta com 16 títulos publicados, e Ana Dias na guitarra portuguesa, aborda-rão a poesia de Emanuel Félix (1936-2004), uma das mais singulares e interessantes vozes da poesia portuguesa da segun-da metade do século XX. As entradas têm o preço de 3€.―

aBranTes aBranTes

É preciso viver, viver como homem comum entre homens comuns. Só um homem comum pode fazer grandes coisas.

António Lobo Antunes

oUréMFotografia “surrealista” de André Boto TExTO andré LoPes

O fotógrafo André Boto reuniu um conjunto de imagens onde reflecte o mundo onírico e a existência de limites ou o seguimento dos cânones de outrora são totalmente es-quecidos, influenciado por au-tores como M. C. Escher, Ma-gritte ou Salvador Dali.

Os mundos e atmosferas surreais e a constante ilusão de

ótica foram as principais fontes de inspiração do Projeto Sur-realismo.

A exposição “Surrealismo”, patente na sala de exposições

Música para Bebés e CriançasNo dia 18 de janeiro, sábado, a “Música para Bebés e Crian-ças” regressa à Biblioteca Mu-nicipal Padre Manuel Antu-nes, na Sertã. Promovida pela Câmara Municipal da Sertã, às 11 horas inicia-se a sessão para os bebés dos 0 aos 15 meses e, a partir das 11h45m, terá iní-cio a sessão dirigida a crianças dos 15 meses aos 5 anos. As inscrições, no valor de 3€, de-correm até dia 16 de janeiro. As sessões são dinamizadas por Carla Letras.―

serTã

dos Paços do Concelho de Ou-rém, pode ser visitada até 31 de janeiro. O autor recebeu uma distinção de Fotógrafo Euro-peu do Ano em 2010. ―

Enquanto a grande parte da comunidade empobrece (...) poucos enriquecem de um modo perfeitamente obsceno

Torres novasBastardos, mas bons rapazes, em concertoTExTO ricardo aLves

Os The Neverminding Bastards, banda torrejana in-fluenciada pelas grandes lendas do Rock and Roll e Punk dos anos 60 e 70, tem concerto mar-cado para dia 25 de Janeiro no Café Concerto do Teatro Virgí-nia.

Formada por músicos de

Vila Nova da Barquinha, Tor-res Novas e Entroncamento, os “bastardos” “sentem-se atraídos pelo lado mais negro da vida, en-tre o caos, os zombies, o álcool e a destruição causada pelo amor de uma mulher, outrora prostituta”.

Uma banda que tem sido presença habitual nas salas do país e que oferece sempre concer-tos com uma atmosfera única. O concerto tem início às 23h30.―

Page 9: Jornal Novo Almourol Janeiro 2014

16 FIGURANovoAlmourol

Janeiro 2014

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1. Henrique Mendes e Glória de Matos.2. Maria João sousa sorri junto ao Tejo.3. o casal na sua sala.4. o prémio de "melhor apresentadora de televisão, 1967. 5. a "revista quinzenal da mulher moderna".

O repouso é apenas palavra calma que se encaixa nas paisagens dos seus dias mas como não deixou de referir, “o que interessa é sempre ter mais um objectivo.

Maria JoÃo aGUiar

Na companhia do TejoMaria João Aguiar teve e tem uma vida cheia, os caminhos levaram-na a África, a viagens, ao jornalismo. A vida num ápice dá voltas e mais voltas, entra em contramão consigo própria e a da ex-apresentadora de televisão percorreu os seus camin-hos e repousou junto ao Rio Tejo, com o seu companheiro de viagem, Fernando, num pequeno paraíso em Vila Nova da Barquinha. Bem-vindos ao seu mundo.

TExTO&FOTOs ricardo aLves

Nasceu em Lisboa em 1939. Aos 74 anos passa grande parte do seu tempo a desfrutar da beleza e força do Rio Tejo, com quem Maria João Aguiar e o seu marido con-vivem em estreita amizade. A vida da ex-jornalista, ex--estenógrafa, ex-hospedeira de bordo, ex-apresentadora da RTP, deu as voltas que lhe desenharam a vontade de mais, sempre mais. Mas vamos por partes.

“No final da 2ª guerra mundial, Portugal estava mui-to mal, e o meu pai resolveu ir em comissão para o Ul-tramar”, começa por contar Maria João Aguiar, “fomos para Moçambique” em 1944. Foi com cinco anos, vol-tou com sete. O pai, engenheiro, acabaria por ficar mais tempo. Dessa primeira incursão pelo país africano pou-co se lembra, mas como menina que era, criança, refere o Hotel Polana, desenhado nos anos 20 pelo arquitecto inglês Herbert Baker, um edifício colonial majestoso que continua a ser referência em Lourenço Marques, antiga Maputo, “tinha a primeira piscina de Moçambi-que, não tenho mais recordações”.

A sua família tinha “notoriedade” na sociedade por-tuguesa, “a minha tia era casada com Vasco Santana”, o avô paterno, “republicano convicto”, foi Ministro no tempo da República, oficial com carta, “João Namora-do Aguiar”, conta com orgulho. Já o avô materno era um fervoroso monárquico e Maria João Aguiar conta que chegou a ser vítima de uma tentativa de assassinato, “durante um toureio”, “uma coisa quase normal” na épo-ca, conta desassombrada. Outros tempos…

O Convento de Freiras na Rodésia. Cinco anos depois de ter chegado a Portugal, depois da primeira estada em Moçambique, a pequena Maria de 12 anos voltaria a África, em 1951. O pai fazia parte da equipa de cons-trução do Cais do Crómio no Porto da Beira e Maria João Sousa passaria quatro anos como interna num co-légio na Rodésia, actualmente Zimbabwe.

As recordações não podiam ser melhores, “uma grande lição de vida”, num convento de freiras, católico, mas com várias meninas de várias religiões. Havia três igrejas, de outras tantas crenças, vivendo em harmonia e respeito. Desses tempos guarda ainda hoje “grandes amigas”, amizades lá nascidas e que mantém. Foi tam-bém na Rodésia que se iniciou no estudo das línguas

e na estenografia o que acabaria por lhe abrir portas quando regressou a Portugal, com 17 anos.

Estudos interrompidos. O seu desejo era o de conti-nuar a estudar mas, “em grande parte por questões fi-nanceiras”, não foi possível. Em Lisboa trabalhou em secretariado, estenografia em inglês, “havia poucas em Portugal e isso abriu-me portas. O seu primeiro em-prego surge na “Ford Lusitana”, depois seguir-se-ia a companhia aérea “Canadian Pacific Airlines”, que pre-cisavam de uma secretária para o director Comercial, “trabalhei lá vários anos”, conta. Com o bichinho das viagens sempre presente, Maria João Aguiar resolve “ir voar”. Durante dois anos fez a ligação Lisboa/Roma como hospedeira de bordo e aprendeu mais uma língua, “dava umas lambuzadelas de italiano” solta em garga-lhada.

Após dois anos a sobrevoar meia Europa surge a hi-pótese de ir para o Canadá, mas não realizou a mudan-ça. É então que em 1970 conhece o seu marido, Fernan-do, um entroncamentense que trabalhava como piloto na aviação comercial. O pai de Fernando era o dono da Farmácia Carvalho, ainda hoje bem conhecida na cida-de. Fernando haveria de ser seu companheiro também no jornalismo.

Aterragem no jornalismo. Com Henrique Mendes, figura carismática da comunicação social da rádio e televisão portugueses, Maria João Aguiar apresenta o CDC (Clube das Donas de Casa) que começa a ser transmitido na Onda Média da Rádio Renascença em 1960 e que em 1964 seria transmitido pelo Rádio Clu-be Português. No seu percurso o programa teve ainda nomes como Maria José Baião, Costa Pereira, Henrique Mendes, João David Nunes, Júlio Isidro, Maria Helena d'Eça Leal, Ana Zanatti e Fernando de Almeida.

“Tínhamos um auditório sui generis. Muita gente nas fábricas a ouvir”, relembrando ainda “uma reporta-gem com as prisioneiras em Tires”. Sobre o programa explica que teve muito êxito em termos comerciais, “o Henrique Mendes era excelente nessa área”, e que o mesmo êxito em termos de audiências se devia à quali-dade dos conteúdos, a mesma qualidade que haveria de ser transferida para a revista com o mesmo nome, “uma revista com nível, que fugia ao nome”, explica.

O C.D.C. emitia um programa diário conduzido

por Henrique Mendes e Maria João Aguiar, e man-teve outras produções e edições como o concurso da "Mulher Ideal Portuguesa", o "Cabaz de Compras do Natal", a Agenda das "Donas de Casa" e outros. Tudo entre os assinantes.

De Henrique Mendes, figura mediática do período da ditadura em Portugal, Maria João Aguiar relembra um “homem de direita extremamente honesto, que nunca se valeu da posição, grande profissional. A escola do Henrique é muito boa, não digo que fosse fácil tra-balhar com ele, o problema é que o Henrique era muito rigoroso e exigente e isso criou atritos”. No pós-25 de Abril, o apresentador viu-se “obrigado” a emigrar para o Canadá, ele que era casado com Glória de Matos, outra das figuras da sociedade portuguesa.

A apresentadora do CDC acabaria por tentar um casting na RTP, “foram cinco ou seis seleccionadas”, lembra. No dia em que fez o casting quiseram logo con-tratá-la. “Eu queria ter um programa de viagens”, e aca-baria por tê-lo, o “Viagens sem Passaporte”, que durou alguns anos. O programa passava na televisão pública, “as emissões da RTP na altura começavam às 19h00”, mas nunca foi o que Maria João Aguiar idealizou. O regime era rigoroso e apenas permitiu que fizesse pro-gramas sobre países aliados ou com o qual o regime ti-vesse simpatias. Ainda assim, relembra as viagens pela Alemanha, “Munique, Hamburgo, Frankfurt, Berlim” e recorda as tarefas inerentes, como fazer as legendas, “num estúdio em Santos, Lisboa, na Moviola”, uma má-quina de montagem cinematográfica.

A Barquinha no horizonte. No início dos anos 90, Fer-nando e Maria João começam a procura por um local na região para passar algum do seu tempo. Deparam-se com a casa perfeita em Vila Nova da Barquinha. Em 1994 inauguram a sua nova casa, uma casa reabilitada que tem como vizinho o Tejo e o Parque Ribeirinho. O Tejo corre lento, emoldurado na janela da sala, onde Maria João Aguiar se dedica às traduções. “O impor-tante na vida é ter sempre mais um objectivo. Não me posso aborrecer, traduzo principalmente inglês para ne-gócios, relatórios de contas. No piso inferior, ainda mais junto do Tejo, Fernando dedica-se à fotografia. Ambos vão buscar forças ao Tejo e confessam-se amantes da Barquinha, onde agora viajam pelo rio, de braços aber-tos para a janela da sala. ―

Em 1967, Maria João Aguiar foi premiada pelo seu desempenho em televisão: ganhou o prémio de imprensa de "Melhor Apresentadora de Televisão".

faCeBooK.CoM/jornaL-novo-aLMouroLL

FIGURA 17Janeiro 2014

Realiza traduções, como os manuais da marca Heineken, multinacional que é dona da Central de Cerveja e, consequentemente da reconhecida Sagres.

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18 CULTURANovoAlmourol

Janeiro 2014

vivi durante 1 ano em n'dalatando – Kwaza norte, angola, onde a água nem sem-pre vem, onde a electricidade quando regressa produz gritos de felicidade imensa pelas ruas: Luz, Luz, Luz – Gritam as crianças correndo na rua a festejar o regresso da electricidade. vivo onde muita gente vai à lavra todos os dias (ir à horta), onde depois de alimentar toda a famí-lia, o pouco que sobra é vendido nos mercados locais.Durante este período, vivi como os demais - uma vida simples.. trabalhei todos os dias sem horário, a internet sempre foi um luxo porque muitas vezes não havia acesso.

Com grande regularidade fui, como continuo a ir nos dias de hoje, para o campo, para o terre-no, visitando comunidades que ficam a 5, 6 e algumas mesmo a 8 horas de viagem de 4*4 em ter-ras de lama, ou de muita água ou mesmo terra dura que faz dores de costas que duram dias. neste período trabalhei com mamãs (parteiras tradicionais), agentes comunitários e enfermeiros. À noite estudava e fazia trabalhos para a universidade, consegui sempre descansar um pouco ao fim de semana mas muitas das vezes nem isso, mas sempre

De Lá

Humanos

BrunoG. M. Neto Filantropo

corri com gosto, com os olhos postos no horizonte e sinto-me bem, sinto que estou ao serviço do mundo (eu entre muitas outras pessoas - somos muitos e muitas, não faço homenagens em nome pessoal, porque para além de ridículo, não seria justo para os invisíveis que muito mais fazem que eu), mas aqui seguimos de coração ao serviço da boa vontade. (quais onus.. quais quê). Por exemplo houve um fim de semana que estive a ajudar um dos Guardas que trabalhavam para os Médicos del Mundo a transportar azulejos para o chão da sua casa nova de adobe e chapa de "telhado", e mesmo acordando às 6 horas da manhã de um Domingo para ajudar no carregamento, do transporte e da colocação dos azulejos junto à sua casa, fui convidado a entrar e a ser recebido na sua casa (de 4 metros de comprimento por 2,5 metros de largura). o Gaspar e a sua esposa - Teté estavam muito contentes porque ouviram dizer, e por isso toda a esperança, que iriam ter acesso à energia eléctrica em 2 ou 3 meses e aí já poderiam ter um pequeno frigorífico. nesse mesmo dia, quando cheguei a casa, sentei--me à porta e ao pensar em tudo, as lágrimas não se contiveram nos imensos sentimentos por esta gente lutadora, guerreira e que todos os dias tem um sorriso para dar alento aos filhos e filhas para estudarem e serem tão ou mais fortes e lutadores quando eles. sou pequeno ao lado des-tes Humanos.

viLa nova da barQUinHaPalavra ao presidente"Apesar das dificuldades existentes que atingem todos, não quero deixar passar sem agradecer aos autarcas des-te concelho, Vila Nova da Bar-quinha, todo o apoio que nos foi prestado ao longo do ano de 2013.Aos sócios também uma pala-vra de apreço à maneira cordial

como sempre nos recebem, contribuindo com a sua precio-sa quotização, o que sem ela não seria possível continuarmos. Uma palavra de apreço tam-bém a simpatizantes e amigos e ao Jornal Novo Almourol as maiores felicidades.Dito isto faço votos para que o ano de 2014 seja o virar de uma

nova página, que a luz comece a aparecer ao fundo do túnel, com saúde, muita paz e tran-quilidade.

Bem haja a todos.

O presidente do Grupo Coral de Tancos:Carlos Capote ―

ToMarFestival "Por Estas Bandas"TExTO Jna

A Associação Sport Clu-be Operário de Cem Sol-dos organiza a terceira edição do Festival “Por estas Bandas no dia 25 Janeiro, a partir das 22h, um festival de bandas de garagem que tem como objecti-vo divulgar musicais de produ-ção independente, juntando no mesmo palco bandas originais dos vários pontos do país, e em

diferentes fases de consolidação dos seus percursos artísticos.

Vão ser sete os projectos musicais a subir ao palco em Cem Soldos, Concelho de

Tomar: Old Yellow Jack, Just Under, Kabala, The Carlos, Lodo e Mata Ratos. A noite é prolonga-se com a selecção de música independente de DJ Quito Science.

O Festival "Por Estas Ban-das" regressa dois anos depois da segunda edição e é mais um evento que consolida Cem Sol-dos como uma plataforma de partilha da música embrionária e alternativa que se faz em Por-tugal. ―

sardoaL

Teatro em focoTExTO Jna

O Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal, é palco do XII Fórum Perma-nente de Teatro, nos dias 24, 25 e 26 de janeiro, organizado pelo GETAS – Centro Cultural e pela Federação Portuguesa de Teatro (FPTA).

O grupo cénico sardoa-lense apresenta a sua mais re-

cente criação, “O Morgado de Fafe em Lisboa” (de Camilo castelo Branco e encenado por José Paulo Sá) no dia 24, pelas 21h30.

O fórum inicia-se às 9h de sábado, 25, com uma homena-gem ao dramaturgo António Torrado, seguindo-se depois, ao longo do fim-de-semana, diversos painéis de formação teatral: para dirigentes, actores, iluminação de cena, cenogra-

fia, fotografia de cena, técnicas audiovisuais, caracterização e escrita criativa.

O espectáculo da noite de sábado, às 21h30m, estará a cargo da Confederación de Teatro Amateur – Escenama-teur, de Espanha, no âmbito de um intercâmbio com a FTPA.

O fórum é encerrado às 15h30 com um espectáculo resultante dos painéis de for-mação. ―

Janeiro“Sermão de Santo António aos Peixes” por Diogo InfanteDia 14 de Janeiro, Café Concerto do Teatro Virgínia, 11h30 e 15h – Torres Novas

“Biombos” por Catarina

Castel-BrancoAté 21 Fevereiro QuarTeL – GaLeria De arTe

De aBranTes-

Cinema18 Janeiro

sarDoaL,CenTro CuLTuraL GiL

viCenTe, 16H e 21H30

- dia 18, “Ataque ao Poder”

-

“A Rota das7 Irmãs”

Roteiro de 7 capelas de

Abrantes e Sardoal

Até 28 Fevereiro anTiGa GaLeria MuniCiPaL

De arTe De aBranTes 14H Às 18H

-

Cinema15, 22 e 29

JaneiroaBranTes

Cine-TeaTro são PeDro21H30

-dia 15, “2001:

Odisseia no Espaço”dia 22, “A Árvore dos Tamancos”

dia 29, “Virgem Margarida”-

“Sempre Mais Alto"

Maria Lamas 120 anos

(1893-1983) Até 8 MarTorres novas,

BiBLioTeCa MuniCiPaLÁTrio e saLa PoLivaLenTe

-

Ricardo Oliveira Apresentação

do disco “O Vento Mudou”

31 JaneiroCine-TeaTro Paraíso,

ToMar21H30

-

VII Feira de velharias, antiguidades

e colecionismo 26 JaneiroParQue De feiras

De viLa De rei -

“Quintas com música no museu” Academia

de Música Banda de Ourém 23 Janeiro

Museu MuniCiPaL De ourÉM19H-

“La Ligne de Vie”

pela Companhia

de Dança de Almada 24 Janeiro

Cine-TeaTro são PeDro,aBranTes

21H30-

“Exposição comemorativa dos 150 anos

de Roque Gameiro”

Até 30 Abril aLCanena

Museu De aGuareLa roQue GaMeiro

-

MúsiCa TeaTro/Dança saBer CineMa PaTriMÓnio eTnoGrafia ar Livre GasTronoMia LiTeraTura eXPosição

faCeBooK.CoM/jornaL-novo-aLMouroL

CARDÁPIO 19Janeiro 2014

“Surrealismo”, Exposição de

fotografia por André Boto

Até 31 Janeiro ourÉM

Paços Do ConCeLHo-

“Carlos Reis A cor e a luz da

alma portugue-sa” 150 anos

do nascimento Até 28 Fev

Torres novassaLa De eXPosições

TeMPorÁria Do Museu MuniCiPaL

-Jorge Palma

Digressão “Íntimo”

18 JaneiroTeaTro virGínia,

Torres novas 21H30

-

“Jim”coreografia

de Paulo Ribeiro com música

dos The Doors 25 Janeiro

TeaTro virGínia, Torres novas

21H30-

“Túlio e Tito Victorino”

Até 30 Abril aTeLiÊ TúLio viCTorino,

CernaCHe Do BonjarDiM

-

“Loop” por Francisco

Meneses 31 Janeiro

Cine-TeaTro são PeDroaBranTes

21H30-

The Neverminding

Bastards25 Janeiro

CafÉ ConCerTo TeaTro virGíniaTorres novas

23H30 -

Page 11: Jornal Novo Almourol Janeiro 2014

"Resta agora pensar que futuro estamos disponíveis para construir, com base no património do passado, mas com a visão, intangível, de um outro futuro"

020 POR AGORA É TUDO Janeiro 2014

coMUnidade inTerMUniciPaL

Apovado orçamento de três milhões de eurosModernização administrativa, mobilidade e regeneração urbana, são prioridades.

TExTO novo aLMoUroL

A Comunidade Intermuni-cipal do Médio Tejo (CIMT) aprovou um orçamento de três milhões e 58 mil euros para 2014 e um dos objectivos passa pela consolidação de projectos inter-municipais que se encontram em execução no âmbito do final do Quadro de referência estratégico Nacional (QREN). Outros pro-

jectos aprovados em outros pro-gramas operacionais vão igual-mente ser abrangidos.

A aprovação do orçamento 2014 marca também o início de projectos que vão modernizar administrativamente a CIMT e os municípios que dela fazem parte, nomeadamente o Médio Tejo Digital.

Durante a vigência do novo Quadro Comunitário 2014/2020, a CIMT vai assentar a sua estratégia na valorização

É interessante como não se pode viver sem um rigoroso controlo das materialidades (não apenas do deficit, mas de recursos bási-cos de sobrevivência, como os cuidados de saúde de que tam-bém falamos nesta edição). Mas é ainda mais interessante que, na hora decisiva para a definição do que somos, do que fomos e, sobretudo do que queremos ser, é essa intangibilidade que é determinante, é essa força que nos anima e nos determina. e se a melhor arte é a que anun-cia, mesmo sem o querer, “os tempos que se aproximam”, a melhor cultura e a melhor economia são as que são capazes de se projectar no futuro, num exercício rigoroso e ambicioso.

Como poderia sugerir Pessoa/a. Campos, se a troika foi a cruz na porta da nossa tabacaria, a monotonia de antes não se repetirá e a vida mudou. resta agora pensar que futuro estamos disponíveis para construir, com base no património do passado, mas com a visão, intangível, de um outro futuro. É isso que aqui se irá discutir em 2014, ouvindo muitas opiniões e vontades, e contribuindo para um rumo que o Médio Tejo, de forma cada vez mais consistente, parece quer oferecer como exemplo ao País.

Editorial

"desde ontem a cidade mudou”

dos recursos endógenos e do po-tencial turístico e por incorporar o valor na actividade empresarial, através da continuidade de ac-ções de promoção do empreen-dedorismo na região.

A regeneração urbana nos centros históricos e nos centros urbanos, a mobilidade e a imple-mentação de planos de acessibi-lidade, continuam a ser grandes prioridades. O Orçamento foi aprovado no dia 18 de Dezem-bro de 2013. ―

Luiz Oosterbeek director

IPT com selo de qualidadeO Instituto Politécnico de To-mar obteve dois selos de quali-dade da Comissão Europeia: o selo de qualidade para práticas na utilização do Sistema de Transferência e Acumulação de Créditos e o selo de qualidade para o Suplemento ao Diploma pelo período de 2013-2016.Já em 2008 a Comissão Europeia atribuira Selos ao IPT, a que se juntou o Prémio de Ouro para a Organização e Gestão dos Cur-sos Intensivos.

Formação de FormadoresPara já, o curso de formação de formadores da Nersant vai ar-rancar em Santarém, no dia 20 de janeiro, no Cartaxo, dia 20 de Fevereiro, e em Abrantes (mais concretamente Alferrarede) e Benavente, dia 24 de Fevereiro. Dia 10 de março, arrancam mais três ações de formação, em Fáti-ma, Ourém e Torres Novas. Os cursos têm duração de 90 horas, sendo compostos por 9 mó-dulos. Os interessados devem contactar a Nersant através de [email protected] ou 249 839 500.

ToMarnersanT

Selecção NacionalA seleção nacional de futsal vai defrontar a sua congénere da Turquia no pavilhão desportivo municipal do Entroncamento, num jogo de preparação para o próximo campeonato da Europa, que terá como país anfitrião a Bélgica. O embate está marcado para o próximo dia 23 de janeiro, quinta-feira, às 19h30.As entradas são gratuitas.

enTronCaMenTo

Título Jornal novo almourol propriedade ciaar - centro de interpretação de arqueologia do alto ribatejo Director Luiz oosterbeek sub-Directora cidália delgado Editor ricardo alves Chefe de Redacção andré Lopes Redacção Maria de Lurdes Gil Jesuvino, ana Tomás, Paulo varino, rafael Ferreira, Patrícia bica, núcleo de comunicação esTa Opinião antónio Luís roldão, alves Jana, augusto Mateus, antónio carraço, Teresa nicolau, João Gil, Luís Mota Figueira, Luís Ferreira, João Geraldes Marques, Joaquim Graça, bruno neto, Humberto Felício, Tiago Guedes, carlos vicente Edição Gráfica Pérsio basso e Paulo Passos Fotografia Flávio Queirós paginação novo almourol publicidade novo almourol Departamento Comercial 249 711 209 - [email protected] Jornal Mensal do Médio Tejo registo erc nº 125154 Impressão FiG - indústrias Gráficas sa Tel. 239 499 922 Fax. 239 499 981 Tiragem Média Mensal 3500 ex. Depósito Legal 367103/13 Redacção e Administração centro de interpretação de arqueologia do alto ribatejo - Largo do chafariz, 3 - 2260-419 vila nova da barquinha Email [email protected]

Novo Almourol

Entrega de Medalhas O Clube de Instrução e Recreio de Moita do Norte (CIR), (ex--Tuna Mocidade Moitense) en-tregou no dia 14 de Dezembro, as medalhas aos sócios com mais de 50 anos. Na cerimónia houve lugar a uma breve apresentação da história da colectividade por Josué Domingues. O CIR conta com 92 anos de vida. Na sede da colectividade estiveram cerca de 50 pessoas e a animação musical a cargo da Universidade Sénior do Entroncamento.

viLa nova Da BarQuinHa