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Samambaia J ORNAL L ABORATÓRIO DO CURSO DE J ORNALISMO DA UNIVERSIDADE F EDERAL DE GOIÁS | GOIÂNIA , OUTUBRO, 2011 de veículos circulam na vias de Goiânia. No mês em que a cidade completou 78 anos de fundação, o jornal Samambaia traz uma série de reportagens que abordam um dos maiores problemas da capital goiana: o trânsito. Como o planejamento inicial do município não previa tamanho crescimento, hoje os motoristas disputam espaço nas ruas em um trânsito caótico que não parece ter solução SAÚDE Projeto da UFG orienta pacientes com comportamento suicida, causa de morte de nove mil brasileiros por ano ENTREVISTA Primeiro repórter fotográfico de Goiânia, Hélio de Oliveira relembra a capital de antigamente e presenteia leitores com página Olhares sobre a cidade CIDADANIA Organizações não governamentais utilizam técnicas circenses para educar, formar e incluir socialmente crianças e adolescentes 3 15 Mais de ESPORTE Burocracia e falta de incentivo ao esporte fazem atletas goianos competirem por outras federações COMPORTAMENTO Mais brasileiros querem subir ao altar para se casar. Pesquisa do IBGE registra maior índice de casamentos desde 1999 7 5 4 Diagramação: Raniê Solarevisky Lidia Cunha 8

Jornal Samambaia Outubro 2011

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Edição do Jornal Samambaia de Outubro de 2011.

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Page 1: Jornal Samambaia Outubro 2011

SamambaiaJornal laboratório do curso de Jornalismo da universidade Federal de Goiás | Goiânia, outubro, 2011

de veículos circulam na vias de Goiânia. No mês em que a cidade completou 78 anos de fundação, o jornal Samambaia traz uma série de reportagens que abordam um dos maiores problemas da capital goiana: o trânsito. Como o planejamento inicial do município não

previa tamanho crescimento, hoje os motoristas disputam espaço nas ruas em um trânsito caótico que não parece ter solução

SAÚDEProjeto da UFG orienta pacientes com comportamento suicida, causa de morte de nove mil brasileiros por ano

ENTREVISTAPrimeiro repórter fotográfico de Goiânia, Hélio de Oliveira relembra a capital de antigamente e presenteia leitores com página Olhares sobre a cidade

CIDADANIAOrganizações não governamentaisutilizam técnicas circenses para educar, formar e incluir socialmente crianças e adolescentes 3 15

Mais de

ESPORTEBurocracia e falta de incentivo ao esporte fazem atletas goianos competirem por outras federações

COMPORTAMENTOMais brasileiros querem subir ao altar para se casar. Pesquisa do IBGE registra maior índice de casamentos desde 1999 7 5 4

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Há motivos para comemorar?Texto: Danielen GonçalvesEdição: Laura de Paula

Samambaia Ano XII – Nº 52, Outubro de 2011Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Faculdade de Comunicação e BiblioteconomiaUniversidade Federal de Goiás

ReitorProfessor Edward Madureira Brasil

Diretor da FaculdadeProfessor Magno Medeiros

Coordenador do Curso de JornalismoProfessor Juarez Ferraz de Maia

Coordenador Geral do SamambaiaProfessor Welliton Carlos

Editor de DiagramaçãoProfessor Sálvio Juliano

MonitoriaLaura de Paula Silva

DiagramaçãoAlunos da disciplina Laboratório Orientado – Diagramação

Edição ExecutivaAlunos da disciplina Jornal Impresso II

ReportagensAlunos da disciplina Jornal Impresso I

ContatoCampus Samambaia - Goiânia/GO - CEP 74001-970 Telefone: (62) 3521-1092E-mail: [email protected]

Impressão: Cegraf/UFG Tiragem: 1000 exemplares

2 Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

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Porque o Wikileaks não é importanteTexto: Raniê SolareviskyEdição: Laura de Paula

UMORR Frederico Oliveira

O dia 24 marca a cidade de Goiânia. Dia 24 de maio é o dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora Auxiliadora, e no dia 24 de outubro comemora-se seu aniversário. Comemora-se? Sim, com direito a bolo, velas, shows, desfiles e tudo mais. Há quem também tenha vis-to balões espalhados pela cidade, nos últimos anos. Não se sabe se toda a ale-gria trazida por essas datas comemora-tivas vem da importância de mais um ano de vida e mais um ano de proteção divina ou dos feriados. De qualquer maneira, a Prefeitura comemora. A po-pulação comemora.

Com uma cidade pouco poluída, sem violência, muitos empregos e pou-cos problemas urbanos é fácil fazer uma festa de aniversário. Para festejar os

muitos anos de vida da capital goiana é preciso tapar os olhos para a cidade. Só assim mesmo. É isso que acontece, é o que tem acontecido há tempos.

Este ano teve Jorge e Mateus can-tando, concerto da Orquestra e do Coro Sinfônico da cidade, passagens por metade do preço oferecidas pela Gol. A população espera o dia do feriado, aproveita as atrações e promoções, e co-memora como se estivesse tudo bem. E não está.

Se perguntassem às pessoas quais são os maiores problemas da cidade, muitas delas (a maioria, talvez) diriam que é o trânsito. Fica difícil andar a pé nas ruas, de ônibus, de carro, enfim, se locomover, enquanto a cidade ten-tar abrigar uma das maiores frotas de veículos do país. É praticamente um automóvel por adulto. É muito carro. É muito caos. É grande o problema. E o que estamos fazendo? A população

comemorou junto com a Prefeitura e órgãos públicos o dia 24 de outubro de 2011, quando a cidade completa 78 anos e ganha mais adubo para cultivar seus problemas.

Fora das manchetes há algum tempo, a maior notícia sobre o Wikileaks pas-sou longe dos olhos da mídia. Na última semana de agosto, o site vazou todos os 251.287 telegramas confidenciais de re-presentações e embaixadas americanas de 178 países – na íntegra, sem nenhum tipo de edição. O número vasto de in-formações ainda está sendo filtrado. E não é o site quem está fazendo todo o trabalho. O perfil @wlfind foi criado no Twitter para publicar as descobertas de qualquer um que tenha encontrado algo interessante sobre o seu país.

O Wikileaks foi fundado em 2006 por Julian Assange e, inspirado em ou-tros sites alimentados por informantes, se destina a revelar informações de in-

teresse público mantidas em segredo sobre empresas, instituições e nações de todo o mundo. No ano passado, va-zou, ilegalmente, quase meio milhão de documentos que detalhavam ações dos aliados do ocidente nas guerras do Afe-ganistão e do Iraque, e foi indicado para o Nobel da Paz deste ano, ao lado de re-des sociais como o Twitter e o Facebook.

O fenômeno gerou (e ainda produz) muitas perguntas, mas a maior questão talvez seja mesmo o interesse – ou a au-sência dele. Afinal, qual a importância de se saber, por exemplo, que crianças a milhares de quilômetros daqui foram imobilizadas e assassinadas intencio-nalmente por militares americanos, em 15 de março de 2006? Em quê isso pode alterar nossas vidas? A resposta mais conveniente parece ser: “Em nada”.

Até sinto pena das crianças, mas que

posso fazer? Amanhã, o sol vai nascer de novo, tenho que trabalhar, o leite e o pão não vão chegar na mesa sozinhos e... Olha só! Encontrei aquele velho ami-go no Facebook! Descobri que ele está casado e se mudou para São Paulo.

A internet realmente tem o seu valor. Sem ela, não conseguiríamos ter acesso a boa parte do que realmente importa; àquilo que transforma de verdade nos-sas vidas, que nos faz seres humanos. Viva a Internet! Por nos abrir os olhos, e jamais nos condenar à mediocridade de uma sobrevida animalesca, onde a carcaça que jaz ao lado, se não serve de alimento de qualquer espécie, é lixo que não nos compete limpar.

Raniê Solarevisky é estudante do 8º período de Jornalismo

CENTRO E TERM

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SÃO ÁREAS M

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3Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

c i d a d a n i a

Hoje tem aprendizado? Tem sim, senhorAtrAvés dAs Artes circenses, instituições de todo o mundo ensinAm criAnçAs e Adolescentes, do mAlAbArismo A direitos

Quem nunca se encantou com a alegria do palhaço, os truques do mágico, a audácia do trape-

zista, ou a habilidade do malabarista? Imagine se essa arte pudesse ser utilizada como forma de educação, especialmente de grupos sociais em situação econômica de risco? A prática, conhecida como cir-co social, utiliza as artes circenses como ferramenta pedagógica, além de ser um meio de educação, formação e inclusão social. Ela existe há anos no Brasil, mas só agora vem ganhando notoriedade.

Segundo a pesquisadora da Universi-dade Estadual de Campinas (Unicamp), Ermínia Silva, ao contrário do teatro, o circo não era visto como um formador

Texto: Illa RachelEdição: Raniê SolareviskyDiagramação: Raniê Solarevisky

Grupo de crianças em uma das oficinas de leitura ministradas no espaço do circo

Fotos: Vinícius Batistada moral cívica. “Com espetáculos rela-cionados a problemas sociais, políticos e econômicos, essa visão começou a mu-dar”, explica a professora. A partir das décadas de 1970 e 1980, esses grupos passaram a ganhar maior visibilidade na sociedade e com isso o conceito de circo social passou a ser questionado.

De acordo com o pesquisador da Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA), Fa-bio Dal Gallo, as instituições que atuam no âmbito do circo social são, principal-mente, organizações não governamen-tais, que não visam o lucro e procuram compartilhar os conhecimentos em uma espécie de rede social. “O circo social está inserido em um processo de educação não formal. Ele envolve a compreensão política dos direitos individuais, a forma-ção profissional dos indivíduos por meio do desenvolvimento das próprias habili-

dades e do próprio poten-cial”, explica o professor. Outro ponto de destaque é a preocupação com a aprendizagem e exercício das práticas, permitindo aos indivíduos se organi-zarem, com objetivos co-munitários direcionados a resolver problemas do cotidiano coletivo.

Brasil

Segundo Dal Gallo, não se sabe ao certo quan-tos projetos de circo social existem atualmente no Brasil, mas o que reúne o maior número de insti-tuições é a Rede Circo do Mundo Brasil. Ela é for-mada por organizações não governamentais que se encontram em todas as regiões do país. Tais or-ganizações são indepen-dentes e autônomas, mas

compartilham pressupostos conceituais e metodológicos do circo social, visando a consolidar práticas educativas e de mo-bilização sociocultural. A rede também busca influenciar as políticas públicas de garantia de direitos, com foco no de-senvolvimento humano, em especial de crianças e adolescentes em situação de risco social.

Em Goiânia, o Circo Laheto é um exemplo do emprego das artes circen-ses na educação de crianças e adoles-centes. De acordo com a coordenadora pedagógica do Laheto, Seluta Rodrigues, as atividades no circo são divididas em três grupos: o iniciante, que trabalha as primeiras técnicas circenses, o grupo intermediário, exigindo mais dedicação e esforço dos participantes e o grupo profissionalizante, responsável pela exe-cução dos espetáculos organizados pela equipe do Circo Laheto e apresentados em todo o Brasil.

Mas não é só com a atividade circen-se que o Laheto ajuda as crianças. Com o apoio de estudantes de licenciatura em Matemática da UFG, os jovens aprendem a matéria através de atividades lúdicas

que estimulam o raciocínio lógico. “As crianças melhoraram o rendimento esco-lar e aprovaram as atividades da equipe da UFG”, destaca Seluta Rodrigues. Tra-balhos na área de leitura também são de-senvolvidos, como o Baú da Imaginação, uma biblioteca com cerca de 1000 títulos da literatura infanto-juvenil que são in-terpretadas e assim, incentivam a leitura por parte dos estudantes.

Desde 2000, a Escola de Circo Lahe-to mantém suas atividades no Parque da Criança, ao lado do Estádio Serra Dourada e é membro da rede Circo do Mundo Brasil. Para Maneco Maracá, o circo social tem o poder de transformar as realidades, especialmente a violên-cia urbana. “A arte pode ser mediadora de conflitos, sejam eles na cidade ou no campo”, explica.

Para Fábio Dal Gallo, o “circo social não traz apenas inovações para a cena circense, mas contribui com as outras áreas artísticas e coloca em discussão, de forma inovadora, o papel do fazer artístico e do espetáculo como recurso pedagógico para alcançar transforma-ções da realidade”.Jovens trapezistas se equilibram em ensaio

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e s p o r t e

Falta incentivo para atletas goianosCom pouCo aporte finanCeiro e buroCraCia no úniCo programa do governo, esportistas deixam o estado para Competir por equipes de outras federações

Texto: Vinícius MouraEdição: Marianna MartinsDiagramação: Laura de Paula

“Existe uma burocracia muito grande no

Proesporte. Já tive duas grandes empresas que queriam me patrocinar por meio deste projeto, entretanto não consegui

todos os documentos dentro do prazo exigido

pelo órgão”

Janildes Fernandes,ciclista

A realidade para aqueles que op-tam pelo esporte como profis-são no estado de Goiás não é

das mais fáceis. O mundo dos esportis-tas goianos vai além da superação dos obstáculos nas quadras, campos, pistas, entre outros; passa também pela força de conseguir recursos para competir.

Todos sabem que o futebol é uma das marcas da cultura brasileira, que atrai grande divulgação e, por consequência, maior investimento público ou priva-do. Para quem escolhe outros esportes, a dificuldade é maior, mesmo naqueles com boa divulgação a nível nacional, como vôlei, basquete e automobilismo. A última equipe goiana, que não era de futebol, e obteve sucesso foi o Universo Ajax, que alcançou o feito de vice-cam-

peão sul-americano no início da década passada.

Incentivo

O Proesporte foi o último programa do governo estadual para o esporte. Lan-çado em outubro de 2004, tinha o intuito de promover incentivos fiscais, como re-dução e ampliação do prazo de recolhi-mento do ICMS para empresas privadas patrocinadoras de projetos no esporte, desde que fossem aprovados pelo Con-selho Gestor e pela Secretaria da Fazenda (Sefaz).

Hoje o programa está vinculado a Agência Goiana de Esporte e Lazer (Agel) e anualmente fica aberto a inscri-ções de empresas interessadas. Segundo o Gerente de Convênios e Projetos da Agel, Fidêncio Lobo, a empresa patroci-nadora pode ganhar até 100% do valor investido. “Uma empresa que aplica, por exemplo, 50 mil reais, vai deixar de pas-sar para os cofres públicos 50 mil reais em arrecadação em ICMS, mas em com-pensação está incentivando o esporte no Estado”.

Queixas

Entretanto, os atletas goianos pare-cem não ter conseguido benefícios por

este progra-ma devido à burocracia. A triatleta goia-na Ana Lídia de Borba rela-ta que, mesmo havendo uma grande em-presa disposta a patrociná-la, ela não conse-guiria captar mensalmente a verba apro-vada. “O que acontece em Goiás é que

só conseguimos utilizar os programas de incentivos do governo se tivermos um agente captador, o que normalmente nos custa o quádruplo do teto de 5% estipu-lado pelo Proesporte. E, mesmo assim, não é qualquer captador que consegue entrar no programa”.

A ciclista goiana Janildes Fernandes é mais uma a apontar problemas no pro-grama. “Existe uma burocracia muito grande no Proesporte. Já tive duas gran-des empresas que queriam me patroci-nar por meio deste projeto, entretanto não consegui todos os documentos den-tro do prazo exigido pelo órgão”, revela.

Em maio deste ano, Janildes conse-guiu quatro medalhas, sendo duas de ouro e duas de prata, no campeonato bra-sileiro de pista, em São José dos Campos (SP), competição que vale pontos para os Jogos Olímpicos de Londres no ano que vem. Nesta categoria ainda haverão mais quatro etapas que podem credenciar a ci-clista goiana para a maior competição do esporte mundial.

Mas a ciclista corre risco de não po-der disputar estes campeonatos que se-rão realizados na China, Estados Unidos, Hong Kong e Autrália. “Com o dinheiro de patrocínio que recebo mal dá para fa-

zer deslocamentos dentro do país. Fora do Brasil, então, a dificuldade é muito maior”, diz Janildes. Hoje, ela tem qua-tro patrocinadores, sendo duas multi-nacionais, porém os valores estão bem abaixo do que recebem os seus principais competidores pelo mundo.

Deslocamento

Com toda a burocracia nos progra-mas de incentivo os esportistas goianos começam a deixar de representar Goiás em competições nacionais e internacio-nais e passam a defender a bandeira de outros estados. É o caso de Ana Lídia Borba, que compete pela equipe Trial de Balneário Camboriú, em Santa Catari-na. “Em Santa Catarina temos uma das Federações de Triatlo mais bem dirigi-das do país, um campeonato estadual organizado e a participação do esporte nos Jogos Abertos do estado. Aqui tenho apoio financeiro para disputar todas as provas oficiais, estaduais e nacionais”.

Janildes Fernandes também já com-pete por outro estado. Hoje ela repre-senta o estado de São Paulo pela equipe SJ Ciclismo.

Atletas goianos correm em busca de incentivo ao esporte. Triatleta Ana Lídia Borges (C) critica o Proesporte, programa do governo

Sem incentivo, Janildes Fernandes pode não competir fora do país

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5Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

Conhecer riscos para evitar suicídiosEquipE da FaculdadE dE MEdicina da uFG dEsEnvolvE proGraMa dE prEvEnção E trataMEnto a pEssoas coM coMportaMEnto suicida. transtorno MEntal quE vitiMa 24 pEssoas por dia no Brasil podE sEr coMBatido coM acoMpanhaMEnto Médico adEquado

O Brasil está entre os dez primeiros países do mundo em números absolutos de suicídio. Todo ano,

cerca de nove mil brasileiros morrem ví-timas de suicídio, o que corresponde a uma média de 24 casos por dia. E, para cada fatalidade, há em média de cinco ou seis pessoas próximas que sofrem com consequências emocionais, sociais e econômicas. Ainda sim, a taxa brasilei-ra, que mede o número de mortes a cada 100 mil habitantes, é tida como baixa se comparada a outros países.

Apesar de ser considerado pela Or-ganização Mundial de Saúde (OMS) um grave problema de saúde pública, esse tipo de mortalidade pode ser combati-da com ajuda profissional e informação. Em Goiânia, o Programa de Estudos e Prevenção do Suicídio e Atendimento a Pacientes com Tentativas de Suicídio (PATS) desenvolve ações de assistência e prevenção ao suicídio.

Vinculado ao Departamento de Saú-de Mental e Medicina Legal (DSMML) da Faculdade de Medicina da UFG e co-ordenado pela psicóloga Célia Maria Fer-reira da Silva Teixeira, o programa pre-tende orientar e auxiliar o paciente que apresenta comportamento suicida, assim como seus familiares, por meio de trata-mentos com uma equipe interdisciplinar.

Segundo Célia Teixeira, pessoas com ideação suicida dão sinais de suas in-tenções que muitas das vezes são igno-radas. Frases como “preferia estar mor-to”, “os outros vão ser mais felizes sem mim” ou “sou um perdedor e um peso para os outros” podem ser indícios. De acordo com a psicóloga, pessoas com es-ses pensamentos não desejam necessa-riamente morrer, mas, sim, livrar-se de

Texto: Flávia GomesEdição: Serena VelosoDiagramação: Jéssica Gonçalves

uma situação considerada insuportável.Sendo assim, o recomendado é que

o indivíduo que já tentou por fim à própria vida seja tratado com atenção e receba acompa-nhamento de um profissional. Isso porque, segundo o médico residen-te em Psiquiatria no Hospital das Clínicas, Thiago Cézar da Fonse-ca, o suicídio é a consequência de um pedido de so-corro que não foi ouvido a tempo.

Além disso, orienta-se que a família acompa-nhe de perto o tratamento. “A fa-mília precisa ser envolvida para discutir sinais de alerta específicos do paciente, além de reduzir o isola-

mento”, afirma Thiago da Fonseca. Ele acrescentou que quanto mais ajuda re-ceber o paciente, maiores serão as chan-ces de se evitar o suicídio, que pode e deve ser prevenido.

Mitos

Diversos mitos cercam casos de ten-tativa de suicídio e muitas vezes levam à negligência perante situações que re-sultam em fatalidades possivelmente evitadas. Segundo os especialistas, é mito dizer que quem realmente quer se matar não avisa. Dados mostram que 80% das pessoas que cometeram suicí-dio demonstraram sinais de sua inten-ção anteriormente.

Outro mito é que a melhora após a crise significa que o risco de suicídio acabou. Na verdade, muitos dos casos

Equipe interdisciplinar do projeto PATS tenta resgatar o desejo de viver em pacientes que tentaram sucicídio

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ocorrem na fase de melhora, quando a pessoa tem energia e vontade de trans-formar pensamentos autodestrutivos em ação.

Segundo a psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina Maria Amélia Dias Pereira são diversos os eventos de suicídio que acontecem após a melhora de um quadro depressivo.

Fatores de risco

Há diversos fatores de risco para o suicídio, segundo os especialistas. En-tre eles estão os transtornos mentais, fatores sociodemográficos, psicológicos e condições clínicas incapacitantes. Os dados revelam que histórico de suicídio na família e presença de algum transtor-no mental são os principais fatores ca-pazes de desencadear o suicídio.

“A família precisa ser envolvida para discutir sinais de

alerta específicos do paciente, além de

reduzir o isolamento” Thiago da Fonseca,

residente em Psiquiatria

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6 Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

c o m p o r t a m e n t o

Cinema na era digital é mais acessívelCom a teCnologia, faCilidade de aCesso aos filmes na internet desperta maior interesse na população para as obras CinematográfiCas

É notável a atual influência exerci-da pela internet na vida da popu-lação. Seja para fins de trabalho

ou entretenimento, o computador está presente no dia a dia de quem procura estar atualizado com o que acontece no mundo. A velocidade de compartilha-mento das informações e demais faci-lidades de comunicação contam vários pontos a favor da internet. Até mesmo obras cinematográficas, objeto de gran-de apreciação mundial, estão ganhando espaço na rede.

Sites especializados em filmes se tor-nam cada vez mais populares e facilitam a vida de quem procura a agilidade do conhecimento. Através de grupos de dis-cussões, os internautas desenvolvem um novo costume: compartilhar filmes.

A principal ligação existente entre a internet e o cinema são os downloads. Já existem milhares de sites que distribuem filmes, inclusive nacionais, que através do download despertam o interesse para o cinema atual e também o de época.

Redes sociais

Além dos sites voltados para o público que deseja baixar as obras, existem as re-des sociais. Entre elas, uma das mais uti-lizadas no Brasil é o Filmow, site no qual o usuário marca quais filmes ele já viu, além de séries, programas de televisão, curtas e documentários. É possível sele-cionar também quais ele deseja assistir, quais não quer e quais são seus favoritos.

Cada filme tem sua própria página, na qual existe uma pequena sinopse, acom-panhada das informações relevantes da produção, como diretores, produtores, roteiristas e os principais artistas envol-vidos no trabalho. Abaixo dessas infor-mações há um espaço para discussão, em que os usuários podem comentar o que

Texto: Camilla RochaEdição: Paula NogueiraDiagramação: Susanna Vigário

Para a estudante Mey Oliveira, as discussões sobre as diferentes interpretações de um mesmo filme que são divulgadas nas redes sociais agregam conhecimento

acharam do filme e dar uma nota de zero a cinco para cada obra.

A estudante de design de moda Mey Oliveira faz questão de marcar no site os filmes que assistiu. “Sempre marco os que vi e sempre leio as opi-niões que os outros usuários postam antes de assistir algum outro. É muito bom poder ter contato com diferentes interpretações dos filmes. Torna o ato de assistir bem mais prazeroso”. De-vido a interação, o Filmow tem atraído cada vez mais usuários. Hoje, são mais de cem mil adeptos da rede, segundo a estudante co-fundadora, Thais de Lima.

Direitos autorais

Apesar da popularidade dos sites relacionados ao cinema, a polêmica dos direitos autorais ainda acompanha esse crescimento. Não é incomum que down-loads de filmes sejam disponibilizados na internet sem autorização das produ-toras ou antes da estreia nos cinemas.

A pirataria já foi alvo de muitas dis-cussões e protestos no meio cultural. Sem conseguir resolver a questão do boicote que a internet promove à arrecadação das taxas dos direitos autorais, vários governos já consideraram extinguir as

taxas. Na União Européia, por exemplo, essa proposta chegou a ser feita, mas de-pois de muita revolta por parte das pro-dutoras e dos artistas que ganham a vida com o lucro dos filmes, ela não vingou.

Apesar do desfalque financeiro, quem tem o costume de baixar filmes pela rede acredita que a publicidade dada pela in-ternet às obras compensa o dinheiro per-dido. A estudante de direito Maria Clara Capel afirma que já baixou vários filmes e que essa não é uma questão de não querer pagar as taxas autorais, mas de ter acesso fácil às produções. “Nem sempre tenho tempo para ir ao cinema ou assistir a um filme pelo prazo que as locadoras dão. Acho muito mais cômodo baixar e ver quando eu puder”.

Maria Clara declara que, caso fosse produtora, não se incomodaria em libe-rar seus filmes para download. “Sei que se fossem liberados teriam uma divulga-ção muito maior. Eu mesma já baixei vá-rios filmes que nem conhecia apenas por ter encontrado download disponível”.

Mesmo com essa visão otimista, os números mostram que só os Estados

Unidos perderam mais de 25 bilhões de dólares por conta da pirataria no ano de 2010, de acordo com informações do pro-dutor escocês Iain Smith em seu blog.

Legislação

No Brasil, a lei do direito autoral foi elaborada em 1998. Desde 2007, discu-tem-se reformulações para adequar os direitos sem prejudicar o acesso à cultu-ra. Apesar disso, nenhuma alteração foi feita na lei. A ministra da Cultura Ana de Hollanda determinou uma revisão do projeto, que depois será encaminhado ao Congresso Nacional. O fato é que a lei, já ultrapassada, não supre a necessidade de acesso da população à cultura.

Apesar da ação da pirataria, acredita--se que o cinema não perderá seu espaço para o computador. A comodidade da internet não substitui o ato de apreciar um filme na sala escura das projeções. O computador ocupa, na verdade, um espaço a mais no meio cinematográfico, que ele mesmo construiu e que não subs-titui os já existentes.

Apesar da polêmica dos direitos autorais

e do desfalque financeiro, internautas

acreditam que a publicidade dada

pela internet às obras compensa o dinheiro

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7Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

c o m p o r t a m e n t o

Casar ainda é sonho

Texto: Adriane RochaEdição: Gilmara RobertoDiagramação: Jéssica Gonçalves

MesMo coM os padrões individualistas da sociedade Moderna, casar ainda é uMa opção para parcela dos brasileiros. Justiça facilita ceriMônias e contratos de MatriMônio

Frei Júnio César ressalta importância das uniões continuarem sendo celebradas no âmbito religioso

Espécies de matrimônios

Casamento civil: celebrado sob os princípios da legis-lação vigente em determinado estado

Casamento religioso: celebrado peran-te uma autoridade religiosa

Casamento aberto (ou liberal): é per-mitido aos cônjuges ter outros parceiros sexuais por consenti-mento mútuo

Casamento arranjado: celebrado antes do envolvimento afetivo dos noivos e normalmente combinado por terceiros (pais, irmãos, chefe do clã, etc.)

Casamento morganático: entre duas pessoas de estratos sociais dife-rentes no qual o cônjuge de posição considerada inferior não recebe os direitos normalmente atribuídos por lei (exemplo: entre um membro de uma casa real e uma mulher da baixa nobreza)

Casamento poligâmico: realizado entre um homem e várias mulhe-res (o termo também é usado coloquialmente para qualquer situação de união entre múltiplas pessoas)

Subir ao altar e se casar ainda é o sonho de um número crescente de pessoas no Brasil. De acordo com

a última pesquisa sobre matrimônios, divulgada em 2009 pelo Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram realizados 6,7 casamentos para cada mil habitantes. Esse é o maior ín-dice registrado desde 1999.

O cidadão tem mais acesso aos ser-viços de Justiça para formalizar a união, o que contribui para o aumento do nú-mero de casamentos. O estudo do IBGE revela ainda que as pessoas têm se ca-sado mais maduras: a média de idade é de 26 anos para as mulheres e 29 para os homens.

O responsável pela Paróquia Uni-versitária, frei Júnio César, confirma esse crescimento. “Chegamos a ter 12 casamentos por mês aqui na comuni-

dade”, informa. Para ele, o aumento na média de idade é reflexo das conjuntu-ras sociais e econômicas da atualidade. “A vida profissional parece ocupar o primeiro lugar. Busca-se uma estabili-dade para depois construir uma vida a dois”, destaca.

Gabriela Rebouças tem 19 anos e diz que pretende se casar. “Acho importan-

te casar no civil para ter alguns direitos assegura-dos. Também pretendo me casar de branco na Igreja, porque acho mui-to bonito. Mas isso só lá pelos 28 anos, porque até lá já deu tempo de me es-tabilizar na vida.”

Pessoas acima de 60 anos também têm se casa-do mais. Entre as mulhe-res de 60 a 64 anos, a taxa foi de 1,5 por mil. Para os homens do mesmo grupo etário, a taxa foi de 3,6 por mil.

Durante muito tempo, a celebração do casamen-to acontecia por motivos econômicos, como ganhar

um dote, enriquecer e ter filhos legíti-mos que perpetuariam o nome e o pa-trimônio do pai. No início não era de praxe ter a bênção de um religioso. Esse costume só foi oficializado depois do Concílio de Trento, no século XVI. Já o casamento civil surgiu depois, em 1650, na Inglaterra.

EscolhaHoje, o casamento reflete uma es-

colha livre de duas pessoas que, por motivos culturais ou espirituais, resol-vem se unir formalmente. “A procura pelo casamento não se baseia apenas em um valor cultural, mas também não afirmaria que existe um valor religioso acima de tudo. Para muitas pessoas o casamento é quarto escuro, você abre a porta e entra sem saber no que vai dar”,

“Para muitas pessoas, o casamento é quarto escuro, você abre a porta e entra

sem saber no que vai dar”

Júnio César, frei da Paróquia Universitária

afirma o frei Júnio César.Ele ainda aponta um problema re-

corrente nas celebrações. “Festas gran-diosas, arranjos que destoam de tudo aquilo que é promulgado pela ação li-túrgica; o valor cultural, o status social é muito maior e a preparação mesmo para o matrimônio não ocorre de modo correto.”

Embora exista um despreparo de muitos casais para enfrentarem uma vida a dois, ainda há um grande núme-ro de pessoas que sonham em se casar, como foi revelado pelas pesquisas. O fato é que apesar de toda evolução e dos padrões individualistas da socie-dade atual, ainda é perceptível a ne-cessidade que muitos têm de encontrar alguém e viver o tão sonhado “felizes para sempre”.

Número de casamentos é o maior desde 1999

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8 Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

t r â n s i t o

Locomoção em Goiânia anda de marcha réMotoristas e pedestres concordaM que transporte coletivo seria capaz de Mudar realidade goianiense. Mas poder público está longe de resolver o probleMa

Texto: Myla AlvesEdição: Bruna DiasDiagramação: Steffen Kühne

Em fevereiro deste ano, a frota de veículos em Goiânia ultrapassou a marca de 1 milhão. Facilidades

como a redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) e grandes parcelamentos contribuíram para que a capital goiana atingisse esse número. Por causa do volume de automóveis, motoci-cletas e ônibus, o trânsito em Goiânia já é um dos mais caóticos do país.

Desde o ano passado, a Agência Mu-nicipal de Trânsito, Transportes e Mobi-lidade (AMT) tem realizado várias mu-danças nas vias da capital para melhorar o tráfego. No entanto, os motoristas di-zem que muito ainda precisa ser feito.

O motorista de ônibus Carlos Alber-to dos Santos acredita que o trânsito em Goiânia é ruim praticamente em todos os lugares da capital e que os horários de pico são os piores, às oito da manhã, na hora do almoço e às seis da tarde. Nesses períodos, há grande fluxo de pessoas se locomovendo de casa para o trabalho e vice-versa. Ele ainda destaca que nas proximidades de escolas o trân-sito é pior. “É horrível. Nos horários de rush você raramente engata uma terceira marcha, você só anda de primeira e se-gunda”, reclama.

Um levantamento feito com os moto-ristas da capital aponta que as avenidas D, 136, 85, Assis Chateaubriand, T-4, T-7,

T-8, T-9, T-63, Paranaíba, Castelo Branco e Goiás, além da Marginal Botafogo, são as mais congestionadas da cidade.

Transporte coletivo

Carlos Alberto defende que a solução para melhorar o trânsito na capital está no transporte coletivo. Porém, ele afirma que o transporte público é ineficiente e não consegue atender toda a população. Hoje, Goiânia tem cerca de 1600 ônibus. O motorista disse que seriam necessários pelo menos três mil para atender os cida-dãos de forma digna, já que, atualmente, os ônibus vivem superlotados.

No entanto, o citybus tem sido uma boa alternativa para a população. O en-genheiro agrônomo Rainero Queiroz, que mora no Setor Bueno e trabalha pró-ximo à Praça Universitária, resolveu dei-xar o carro em casa e ir para o trabalho usando as vans do transporte público. O que motivou essa decisão foi o estresse e

a falta de vagas para estacionamento. “O que me fez optar pelo citybus foi a como-didade de ir sentado, sem aperto e o em-purra-empurra, coisa que no transporte coletivo convencional não acontece.”

Rainero acredita que as mudanças que vem sendo feitas pela AMT têm me-lhorado o fluxo dos veículos, mas ainda estão longe de resolver os problemas do

tráfego na capital.Em países desenvolvidos, como a

Holanda, há altos investimentos em transporte público, principalmente no ferroviário, o que facilita a locomoção da população. Outra alternativa muito usa-da naquele país é a bicicleta. As leis de trânsito holandesas favorecem preferen-cialmente os ciclistas.

Educação

Aqui no Brasil, os órgãos públicos ainda tentam investir na educação dos condutores e pedestres, para que eles convivam de forma harmoniosa. A ge-rente de educação no trânsito do Detran/GO, Nadir de Castro, afirma que é visível a falta de conscientização dos cidadãos. “Há uma crise, não só em Goiás, mas em todo o Brasil, de cidadania. As pessoas não respeitam o próximo e nem as leis de trânsito, estacionam em local proibi-do, atravessam o sinal vermelho, tentam sempre usar o ‘jeitinho brasileiro’”.

O Detran firmou parceria com a Se-cretaria Estadual de Educação para cons-cientizar os cidadãos, que são os princi-pais agentes para melhorar o trânsito.

O projeto do Detran e da Secretaria Estadual de Educação pretende abordar não só os motoristas, mas principalmen-te os pedestres, que, segundo Nadir, são as maiores vítimas porque são má orien-tadas.

A estudante Iara Nunes concorda que os pedestres estão em desvantagem na guerra travada diariamente no trânsito. Ela acredita, porém, que a relação entre veículos e pedestres é baseada no desres-peito de ambas as partes.

A situação é mais crítica no setor Central e nas avenidas mais congestio-nadas, onde pedestres e veículos dispu-tam espaço com um agravante: cada vez menos paciência com o trânsito caótico de Goiânia.

Pedestres e veículos disputam espaço com um agravante: cada vez menos paciência

com o trânsito caótico de Goiânia

>>A reforma do Parque Mutirama, pro-

movida pela Prefeitura de Goiânia, mu-dou o trânsito nas imediações. A avenida Araguaia, a partir da esquina com a ave-nida Contorno, está interditada para a realização da obra. Os motoristas devem utilizar a avenida Contorno para chegar à avenida Independência. Seis rotas do transporte coletivo foram alteradas por causa da interdição.

A Marginal Botafogo também foi inter-ditada em agosto. O trânsito no local deve ficar impedido por seis meses, prazo para a construção de uma passarela que ligará os Parques Botafogo e Mutirama. A reco-mendação da AMT é que os motoristas evitem o local, principalmente nos horá-rios de pico.

Devido ao período de chuvas, a Sane-ago está realizando, desde setembro, uma obra em Goiânia com o intuito de melho-rar a evacuação de água no parque Vaca Brava. O prazo de conclusão é de oito

Texto: Myla Alves e Camilla RochaEdição: Pietro Bottura

Obras provocam mudanças no trânsito

Congestionamentos em vários pontos da cidade são constantes

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9Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

AMT realiza mudanças para melhorar o fluxo

Goiânia, na sua fundação em 1933, foi uma cidade planejada para 50 mil habitantes. Atualmente, possui cerca de 1,3 milhão de pessoas e mais 1 milhão de veículos. Todo esse crescimento ur-bano não planejado, além de várias fa-cilidades para a compra de um veículo, gerou grande fluxo no trânsito da capi-tal goiana, causando congestionamen-tos em diversos pontos da cidade.

Para tentar solucionar os pontos de lentidão a Agência Municipal de Trân-sito (AMT) vem realizando nos últimos anos uma série de intervenções nas ruas de Goiânia, para dar maior dinamismo e fluidez ao tráfego. Os exemplos des-sas ações estão em vários locais, como por exemplo o viaduto da T-63, a trin-cheira na Praça do Ratinho, a alteração feita na Praça Walter Santos e, mais re-centemente, mudanças nos sentidos da Praça do Cruzeiro e ruas laterais.

Segundo Miguel Tiago, presidente da AMT, não se esperava um aumento tão grande no número de carros e mo-tos circulando pelas ruas. “Nós não ti-nhamos nenhum indicativo que pudes-se mostrar que haveria essa explosão de veículos nas ruas. Com isso, não nos preparamos décadas atrás para receber essa quantidade de veículos”, afirma. Ainda segundo o presidente da AMT, as ruas não estão e nunca estarão pre-paradas para o constante crescimento da frota em Goiânia.

Enquanto o transporte se basear no individual e não no coletivo, o proble-ma dos engarrafamentos não terá so-lução definitiva. Milton Pires, especia-lista em transportes, acredita que não há uma forma ideal em se tratando de trânsito.

Alterações

Com relação às modificações reali-zadas pela AMT, o engenheiro acredita que foram boas modificações embora faça algumas observações, como por exemplo no viaduto da T-63. “Com a

melhora do trânsito, há um novo volu-me de tráfego oriundo de novos veícu-los que deixaram de utilizar vias con-gestionadas e que passarão a utilizá-las (avenidas do viaduto da T-63) em vir-tude das melhorias apresentadas”, afirma o especialista. Sendo assim, intervenções pontuais podem ser so-luções momentâneas, correndo o risco de voltar a sofrer novos congestiona-mentos devido a um aumento no fluxo de veículos que desejam desfrutar dos benefícios gerados pelas mudanças.

Sobre as intervenções feitas em pra-ças e rotatórias em vários pontos da cidade, Milton Pires explica que, devi-do ao aumento no tráfego, muitas não comportaram mais a demanda, geran-do pontos de lentidão e com pouco es-paço entre os carros, o que aumenta o número de atritos e colisões. Segundo o engenheiro, cortar a rótula ao meio, e implantar semáforos (como no caso da Praça Walter Santos) ou retirar parte do tráfego, desviando-o para ruas ex-ternas (exemplo da Praça do Cruzeiro) são ações com um custo/benefício satis-fatórias.

De acordo com o presidente da AMT, o trânsito não é uma responsa-bilidade só dos órgãos competentes, depende muito da mudança de atitu-de, cultura e comportamento dos mo-toristas. Miguel Tiago concorda que as ruas estão saturadas mas reforça que, enquanto não tivermos uma sistema de transporte coletivo eficiente, confortá-vel, rápido e acessível, a situação tende a continuar a mesma.

Não é difícil encontrar motoristas que confessam não abandonar a con-dução particular. “Ah, não deixo de andar no meu carro não. Posso ir pra qualquer lugar sem precisar ficar des-cendo longe ou trocando de ônibus, fora que é muito mais rápido, não te-nho que ficar esperando”, deixa claro o motorista André Bueno Sanches.

(Vitor Santana)

Miguel Tiago, presidente da AMT: “Não nos preparamos para receber essa quantidade de veículos”

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ção

meses. Por isso, a Companhia Municipal de Transporte Coletivo (CMTC) mudou a rota de alguns ônibus como o trajeto entre a alameda Cascavel e o parque Vaca Brava.

O solo do Parque Vaca Brava foi dani-ficado devido ao alto grau de urbanização da região. As poucas áreas permeáveis di-ficultam o escoamento da água das chu-vas, tornando difícil a circulação de carros e pedestres no local, principalmente du-rante períodos chuvosos. Um saneamento que suporte as chuvas e evite o alagamen-to das vias é requisitado há tempos pelos moradores e transeuntes do local. Ainda que tardiamente, a obra da Saneago pre-tende controlar este problema para que não adquira proporções maiores.

Linhas alteradas

Desde 7 de setembro, duas linhas de ônibus foram alteradas por causa das obras: a 171, que passa pelo Terminal Cru-zeiro e pelo Terminal Praça A, e a 015, que passa pelos Terminais Praça A, Isidória e Shopping Flamboyant. De acordo com

Romero Arruda, assessor de informação e cidadania da CMTC, a população foi alertada sobre as mudanças nas rotas dos ônibus.

As duas linhas transportam cerca de 16 mil passageiros por dia e, apesar da in-formação ter sido passada por agentes da CMTC e pela imprensa, muitos usuários do transporte coletivo não souberam da mudança. Joana Oliveira, 54 anos, usuária da linha 171, informou que não foi infor-mada sobre os desvios. “Descobri que o caminho mudou quando já estava dentro do ônibus. Sempre pego essa linha e não vi nenhum fiscal da CMTC no terminal”.

Em compensação, Maria Aparecida, de 32 anos, declarou que foi informada por meio de panfletos e por avisos na televisão.

Durante o período das obras, outras intervenções serão realizadas no trânsito da região que segue da alameda Cascavel até o parque Vaca Brava. De acordo com a Saneago, a obra só deve ser concluída em maio de 2012 e evitará que as vias em tor-no do parque transbordem quando hou-ver chuvas pesadas na região.

Obras provocam mudanças no trânsito

Congestionamentos em vários pontos da cidade são constantes

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10 Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

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Opção pela agilidade pode ser perigosaGoiás possui a maior média de mortes de motociclistas por habitantes do brasil, uma taxa de 65% a cada 100 mil habitantes

Liberdade para escolher os dias e horários de trabalho, possibilida-de de altos ganhos financeiros em

pouco tempo e um certo fetiche em rela-ção ao instrumento de trabalho. Estes são os principais atrativos de profissões que trabalham com transporte de pessoas e objetos em motocicletas. Segundo infor-mações da Agência Municipal de Trân-sito, Transportes e Mobilidade (AMT) e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), os motofretistas e mototaxistas somam cerca de 17 mil das quase 250 mil motocicletas que circulam em Goiânia.

Ao optar pela moto como instrumen-to de trabalho ou meio de transporte, os benefícios são levados mais em conta do que os riscos de acidentes. É o caso do jovem Clebson de Lima Alves, que está começando na profissão de mototaxista. “Eu já havia caído de moto uma vez, sei dos riscos que corro, mas como já tinha experiência e sabia das vantagens desse trabalho, decidi arriscar”.

Benefícios

Além dos baixos custos de compra, utilização e manutenção desse meio de

Texto: Mariza FernandesEdição: Laura de PaulaDiagramação: Larissa Vieira

transporte, a precariedade do transpor-te público é um dos fatores que provo-caram o aumento de 131,5% na frota de motocicletas em Goiânia, nos últimos 10 anos. Ir de moto para o trabalho e usar o carro só para passeios e viagens se tor-nou hábito comum nas grandes cidades.

É o caso da estudante Renata Santos. “Na minha casa, tenho um carro à dis-posição. Porém, diante da demora nos congestionamentos e da distância que percorro todos os dias, a utilização dele se torna inviável”, afirma a jovem, que faz um percurso diário de 36 Km.

A estudante faz parte de uma mu-dança que se pode perceber no trânsito de Goiânia: o aumento na quantidade de motociclistas do sexo feminino.

Mesmo com pouca experiência na condução de motocicletas, as mulheres são mais cuidadosas no trânsito, é o que observa Renata. “Acredito que as mulhe-res se preocupem mais com a direção de-fensiva e a experiência as torna bastante atentas. Já os homens, principalmente os mais jovens costumam ser mais atrevi-dos e a experiência faz com que eles se arrisquem mais”, afirma.

Acidentes

A falta de atenção no trânsito é uma das principais causas de acidentes. No

caso dos motociclistas, é preciso ter aten-ção redobrada, pois o único acessório de segurança que possuem é o capacete.

Goiás apresenta a maior média de mortes de motociclistas por habitantes no Brasil. Segundo informações divul-gadas pelo Instituto Sangari no Mapa da Violência 2011, a taxa é de 65% a cada 100 mil habitantes. O estudo destaca ainda a vulnerabilidade do motociclista, já que a probabilidade de morte em acidentes é até 14 vezes maior se comparada aos condutores automobilísticos.

De acordo com o instrutor de mo-tociclistas Ronie Costa, ultrapassagens inseguras, ziguezaguear entre os au-tomóveis, desafiar outros veículos e desrespeitar a sinalização também são atitudes que colocam a vida do motoci-clista em risco.

Direção defensiva

Um fator importante para evitar aci-dentes é a direção defensiva, que se tor-nou disciplina obrigatória nos cursos

para tirar carteira de habilitação (CNH). Porém, as aulas podem não ser suficien-tes para garantir a segurança no trânsito, como afirma Costa. “A direção defensiva só atinge o seu objetivo se ela estiver so-bre três pilares: educação, engenharia e fiscalização ou policiamento”.

O mototaxista Clebson Alves critica as aulas práticas, nas quais o futuro mo-tociclista não tem contato com o trânsito das ruas. “O treinamento não ensina a prática. Quando você vai para o trânsito de verdade, o medo atrapalha muito.”

Muitos motociclistas sabem que cer-tas atitudes são perigosas. Contudo, a maioria acredita que a motocicleta deve ser mais ágil que os carros a qualquer custo. “É preciso educar para o trânsito com ênfase no convívio social. É necessá-rio compreender que o trânsito é um es-paço comum e que devemos saber qual é o nosso, entender que a nossa postura deve ser sempre a da antecipação, da prevenção para assim termos mais tem-po para uma decisão mais acertada”, ex-plica Ronie.O desrespeito à sinalização é uma das principais causas de acidentes com motos

Devido às vantagens oferecidas, Clebson Alves escolheu a moto como meio de trabalho

Fotos: Mariza Fernandes

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Ditadura do volantePedestre tem cada vez mais dificuldade em se deslocar Pelas

ruas da caPital, mas também Precisa melhorar sua conduta

Circula diariamente em Goiânia uma frota de mais de um milhão de veículos. Com transporte co-

letivo demorado, lotado e caro, ausência de trens ou metrôs e uma ciclovia que só é liberada aos domingos, o trânsito da capital está caótico.

Somente nos quatro primeiros meses do ano passado, não respeitar a faixa de pedestre contabilizou 37 infrações por dia. Segundo dados da Agência Muni-cipal de Trânsito (AMT), foram 4.285 in-frações detectadas pelos fotossensores nesse período. Outras 149 infrações fo-ram registradas pelos agentes do órgão.

De acordo com o Sistema de Estatís-tica da AMT, só no ano de 2010, acon-teceram mais de 900 acidentes de trân-sito envolvendo pedestres na faixa. Na maioria dos acidentes, a causa foi o des-respeito ao direito de uso deste espaço.

Texto: Thaís SouzaEdição: Raniê SolareviskDiagramação: Vanessa Martins

Não dar a preferência causa transtornos a quem anda a pé e sobre quatro rodas

Uma opinião corrente entre quem usa as ruas para caminhar é a de que deve haver respeito por parte dos moto-ristas. Também ressaltam a importância de medidas da prefeitura que visem aju-dar quem transita sem automóveis.

O aposentado José Divino de Souza ressalta o quanto é complicado atraves-sar em vias públicas, pois além do des-respeito dos motoristas, a sinalização é precária.

Do outro lado, quem usa o volan-te também reclama da falta de leis que otimizem o trânsito e a relação entre motoristas e pedestres. O representante de vendas Vanderlei Zamarioli está ha-bituado a enfrentar o trânsito goianien-se. Ele concorda que alguns motoristas realmente não respeitam as leis, mas os pedestres muitas vezes esquecem que também têm deveres.

Vanderlei conta que muitos ignoram a sinalização e se arriscam a atravessar com o sinal fechado para pedestres ou em locais proibidos. Para ele, é impor-

tante que haja um esforço mútuo entre sociedade e poder público para melho-rar as condições do trânsito goiano.

Campanhas

Por meio da AMT, a Prefeitura de Goiânia promove, desde maio, uma intensa campanha para conscientizar a população sobre a importância do res-peito à faixa e à travessia de pedestres.

A desobstrução de calçadas, realiza-da em agosto, fez parte do conjunto de ações previstas pela campanha.

Na primeira semana de atividades, foram percorridos mais de 6 quilôme-tros de vias e emitidas mais de 66 noti-ficações, além de advertências e orienta-ções a respeito da correta utilização das calçadas em Goiânia.

A campanha prevê ainda a revitali-zação das faixas de pedestres da capital, a distribuição de materiais educativos, além de atividades em instituições de ensino e empresas, fiscalizações temáti-cas, palestras sobre sinalização e manu-tenção de calçadas, audiências públicas, entre outras medidas.

Fotos: Thaís Souza

No caminho certoA campanha da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) de São Paulo

está promovendo, desde o dia oito de agosto deste ano, uma campanha edu-cativa com faixas informativas e presença de orientadores de travessias em al-guns dos cruzamentos mais movimentados da capital paulistana.

No entanto, um levantamento da própria CET mostrou que, mesmo após três meses de campanhas educativas, 90,3% dos motoristas continuam não pa-rando nas faixas e que, quatro em cada dez veículos, não dão seta ao fazer uma conversão.

Para Nancy Schneider, superintendente de educação e segurança da CET, apesar de muitos motoristas reconhecerem a necessidade de dar preferência ao pedestre, o projeto só vai funcionar quando vier a fiscalização e a aplicação de multas mais fortes.

No setor Santo Antônio, várias irregularidades: carros estacionam na calçada, cheia de falhas; pedestres atravessam em local indevido e motorista invade pista preferencial

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12 Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

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Homens são os principais infratoresDaDos Do Detran mostram que número De multas aumentou em comparação aos anos anteriores. maior parte Das infrações foi cometiDa por motoristas Do sexo masculino

Texto: Lis Danielle LopesEdição: Viviane BittencourtDiagramação: Guilherme Lucian

S egundo o sistema de estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO),

o número de multas no estado cresceu significativamente em relação ao ano passado. Durante o primeiro semestre de 2010, foram registradas 135.690 in-frações de trânsito. Já em 2011, nesse mesmo período - entre janeiro a julho - o total de infrações subiu para 282.585, incluindo tanto motoristas do sexo mas-culino quanto do sexo feminino.

Além disso, os dados fornecidos pelo Detran ressaltam a diferença con-siderável de infrações cometidas entre homens e mulheres. Os homens são os grandes responsáveis pelas multas de trânsito, totalizando 212.740 ocorrên-cias, enquanto as mulheres receberam 69.845 até julho de 2011.

É válido ressaltar que um dos moti-vos para tal distância entre os números está no fato de que a quantidade de mo-toristas do sexo masculino é superior ao número feminino.

De acordo com os registros do De-tran, o estado possui 1.464.579 homens dirigindo, enquanto são 571.907 condu-toras. Isso gera uma diferença de apro-ximadamente 61%, o que, entretanto, não explica completamente tamanha diferença no número de infrações por parte dos homens.

As causas mais comuns das infra-ções são excesso de velocidade, esta-

cionar em locais indevidos e avanço de semáforo.

Mulheres

Segundo o assessor de imprensa do Detran, José Carlos Machado Lopes, a cautela é uma característica predomi-nantemente feminina. “Geralmente as mulheres têm muito mais cuidado que os homens. Além disso, é da persona-lidade delas serem mais tranquilas e, assim, não costumam exceder na velo-cidade nem se envolver em brigas de trânsito”, afirma.

Outro fator levantado pelo asses-sor é a formação cultural feminina. “As mulheres são criadas para serem mais delicadas e cautelosas. Acredito que a formação social e cultural é um fator bastante significativo no número de multas reduzido”.

Carolinne Maldi, 21, faz parte do grupo de mulheres que não recebeu ne-nhuma multa de trânsito. Ela atribui a isso fatores como cautela e medo. “Nós temos mais cuidado na hora de dirigir, homem ousa muito mais. Temos medo

de arriscar”, opina. Para Carolinne, a maior parte das

mulheres preocupa-se mais com as si-nalizações e regras de trânsito, enquan-to os homens tendem a ignorar esses avisos e agir com imprudência.

Condutores

Já entre os condutores do sexo mas-culino, muitos justificam o número alto

Muitos carros, diversos problemas No começo de 2011, Goiânia se juntou ao grupo das cinco cidades brasileiras com mais de um milhão de veículos. A frota quase se equi-para ao número de habitantes da cidade.

Tendo como referência a quan-tidade de carros vendidos pelas concessionárias nos primeiros cin-co meses deste ano, é possível afir-mar que aproximadamente a cada seis minutos mais um veículo foi para as ruas. Após Goiânia atingir a marca de um milhão de veículos, os moto-ristas passaram a enfrentar cada vez mais engarrafamentos e difi-culdades no trânsito. Com isso, a tendência é que o número de in-frações cometidas cresça conside-ravelmente. Para o taxista Valdeir José, que trabalha na cidade há 30 anos, o movimento de veículos cresceu de forma assustadora e o trânsito tende a ser cada dia mais caótico. “Dirijo há muitos anos em Goiânia e ultimamente tenho visto diver-sos acidentes e muita impaciência por parte dos motoristas. É buzina para todo lado, pessoas furando si-nal. Está cada dia mais complicado dirigir”, admite.

de infrações devido à maior quantida-de de motoristas homens existentes no estado.

Mário Jorge Duarte, 22, representa a parcela dos que já receberam multas de trânsito este ano e concorda com a máxima de que geralmente as mulhe-res são mais prudentes. “As mulheres costumam ser mais cuidadosas ao diri-gir, têm mais paciência. Os homens são explosivos e bem menos cautelosos. Eu mesmo já bati o carro três vezes e só este ano já recebi duas multas por excesso de velocidade”, revela.

Mário Jorge Duarte já recebeu duas multas por excesso de velocidade em 2011

Os homens são os principais responsáveis

pelas multas de trânsito, totalizando 212.740 ocorrências,

enquanto as mulheres receberam 69.845 até

julho de 2011

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Mudança no Eixo Anhanguera divide opinião de usuáriosAté o finAl do Ano, novA frotA de veículos circulArá pelA AvenidA AnhAnguerA e os terminAis serão reformAdos pArA melhorAr o Atendimento Aos pAssAgeiros dA cApitAl

Os usuários do Eixo Anhangue-ra serão beneficiados com uma série de melhorias que deve ser

concluída até o final deste ano. Os in-vestimentos ultrapassam R$ 90 milhões e fazem parte de um dos compromis-sos firmados pelo governador de Goiás, Marconi Perillo. O Eixo Anhanguera liga a região leste a oeste de Goiânia e atende uma média de 220 mil usuários todos os dias. Até agosto, a frota era composta por 100 ônibus adquiridos em 1998. Juntos, eles têm quase um milhão de quilôme-tros rodados.

Para tentar solucionar esse problema, a Metrobus anunciou a compra de novos ônibus. Os 11 primeiros começaram a circular em setembro e até dezembro to-dos os 90 ônibus adquiridos pela estatal serão colocados em circulação. Destes, 30 são biarticulados com capacidade para 270 passageiros. Os outros 60 são articu-lados e têm capacidade para 180 passa-geiros, semelhantes aos atuais. Os novos veículos possuem monitores de televisão e sistemas de segurança, além de um dis-positivo eletrônico que não permite que o veículo ande com a porta aberta.

Os ônibus que fazem o itinerário do Eixo Anhanguera passam por 19 plata-formas e 5 terminais. Ao longo de todo o corredor, são 51 paradas considerando os semáforos. Com a chegada da nova frota, o sistema de embarque e desembarque também irá mudar. Alguns ônibus só vão parar no terminal, outros em locais já pré-determinados e o restante continua fazendo as paradas normalmente.

Texto: Ana Letícia SantosEdição: Myla AlvesDiagramação: Raniê Solarevisky

Em Goiânia, inúmeras pessoas de-pendem do transporte coletivo, mas é raro encontrar quem está satisfeito com o serviço. A empregada doméstica Josy-lene Aparecida Rodrigues pega o Eixo Anhanguera todos os dias para ir traba-lhar. Ela sai do Terminal Padre Pelágio e desce na Estação do Lago das Rosas. Se-gundo Josylene, os ônibus estão sempre lotados e falta organização na hora de entrar nos veículos “É uma bagunça, nin-guém respeita ninguém, sai todo mundo se esmagando nas portas. A gente não vê um fiscal para organizar as filas”.

Além de Josylene, outros passageiros também reclamam da situação da frota atual, que já ultrapassou os dez anos de vida útil. “Ao longo da Avenida Anhan-guera eu vejo uns quatro ônibus quebra-dos por dia”, afirma o comerciante José Freitas da Cunha. O óleo na pista é sinal de que alguns ônibus têm problemas mecâni-cos e os passageiros reclamam frequente-mente por terem as viagens interrompidas devido a algum problema com os ônibus.

Mudanças

De acordo com o presidente da Me-trobus, Carlos Maranhão, é necessário um pacote de ações para melhorar o Eixo Anhanguera. “O treinamento de fiscais para organizar as filas já está sendo feito. Serão dois para cada porta de ônibus”. Para ele, o fundamental é melhorar a qualidade do atendimento ao passagei-ro. Carlos Maranhão acrescenta que os ônibus substitutivos aos antigos vão au-mentar em 25% a capacidade do número de pessoas.

Além disso, Carlos Maranhão infor-ma que haverá reforma nos terminais. “O

primeiro a ser reformado será o Terminal da Praça da Bíblia”, afirma o presidente.

Apesar de estarem contentes com a nova mudança, nem todos os usuários estão otimistas com a novidade. Para a cozinheira Neide Aparecida, a Metrobus

A Estação do Lago das Rosas é uma das mais tranquilas da linha do Eixo Anhanguera e já possui um fiscal para garantir embarque mais seguro à população

Em agosto, o governador Marconi Perillo conheceu o modelo de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da capital ir-landesa, Dublin. Juntamente com uma comitiva oficial, ele visitou os termi-nais, o setor de manutenção e percor-reu dois trechos das linhas em um ve-ículo desse tipo.

O Veículo Leve sobre Trilhos é normalmente alimentado por eletrici-dade e tem custo menor que os trans-portes convencionais.

Em Dublin, a experiência com o chamado metrô leve começou em 2001, com a implantação da primeira linha. Hoje, são três linhas que ajuda-ram a melhorar o fluxo de passageiros. O serviço na capital irlandesa tem 98%

deveria adicionar o número de ônibus e não substituir os antigos. Ela acredita que o principal problema do Eixo é a quanti-dade dos ônibus. Ela sugere que os veícu-los mais antigos sejam consertados e que continuem circulando.

de grau de satisfação do usuário, se-gundo pesquisa realizada com os pas-sageiros. Os veículos circulam a cada cinco minutos no horário de pico e chegam a atingir 70 km/h.

No mês de setembro, o governa-dor esteve na China, onde também conheceu mais detalhes do funciona-mento desse tipo de transporte.

Marconi Perillo revelou para a im-prensa que as negociações referentes à implantação dos VLT’s estão adian-tadas e que até o fim do ano o edital de licitação deve ser lançado em Goi-ás. “Os VLT’s são seguros, rápidos, confortáveis e podem ser pontuais, qualidades que o goianiense aprecia”, declarou o governador.

Governo de Goiás quer implantar VLT’s

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14 Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

c o m u n i c a ç ã o

Facomb lança livro sobre JornalismoCurso de jornalismo da uFG Completa 45 anos Com lançamento de livro que reúne artiGos CientíFiCos e Considerações de proFissionais. músiCa e Coquetel marCam data Festiva da FaComb

O auditório da Faculdade de Comu-nicação e Biblioteconomia (Facomb) fi-cou lotado de convidados, professores e estudantes que prestigiaram mais um aniversário do curso de Jornalismo. A instituição consagrada como centro de educação superior de qualidade foi no-vamente classificada com quatro estre-las no VII Prêmio Melhores Universida-des Guia do Estudante.

A abertura das comemorações ficou por conta do músico TonZêra e banda que agitou o público, seguido pelos dis-cursos do vice-reitor da universidade, Eriberto Bevilaqua, do diretor da Fa-comb, professor Magno Medeiros, e do atual coordenador do curso, professor Juarez Ferraz de Maia.

Foi lançado, no evento, o livro Gêne-ros e formatos em Jornalismo, uma coletâ-

nea de textos subdivididos em grandes temas da atualidade, como Gênero, Cidadania, Imagem, Perspectivas (in-ternet, redes sociais) e Internacional, escritos por professores da unidade aca-dêmica e organizados pelo coordenador de Jornalismo, Juarez Ferraz.

Em seu discurso, o diretor Magno Medeiros ressaltou a importância do cur-so para a UFG e afirmou que “o livro não é simplesmente uma publicação, mas, sim, um patrimônio cultural e científico”.

Todos os que compareceram foram presenteados com um exemplar do livro e, ao final da celebração, os livros pude-ram ser autografados pelos co-autores.

O evento terminou com “Parabéns pra você” em coro regido pelos estudan-tes de Jornalismo e pelo coquetel, onde cumprimentos e risos continuaram. De-monstrações de amizade e admiração eram explícitas no reencontro de anti-gos mestres, alunos e amigos que relem-braram seus tempos de estudantes.

Texto: Layane PalharesEdição: Lara LeãoDiagramação: Laura de Paula

a c o n t e c e n a U F G

Juarez Ferraz de Maia, coordenador do curso: lançamento de livro com artigos TônZera e banda cantaram clássicos da MPB e alegraram o público no evento

4º Seminário de Educação em RedeA Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) realizam entre os dias 9 e 11 de novembro o 4º Seminário de Edu-cação em Rede. O seminário, que ocorrerá

na PUC, tem como tema os processos de inclusão, cidadania e tecnologias e vai di-vulgar trabalhos com pesquisa, ensino e extensão relacionados ao uso de tecnolo-gia em processos de inclusão.

UFG destina 20% das vagas ao SISUO processo seletivo 2012/1 da UFG ofere-

cerá 4.579 vagas, distribuídas da seguinte maneira: 2.851 para cursos em Goiânia, 784 para o campus de Catalão, 816 para Jataí e 128 para cursos na Cidade de Goi-ás. Pelo Sistema de Seleção Unificada/SISU, serão oferecidas mais 1.901 vagas: 659 para cursos em Goiânia, 196 para Catalão, 204 para Jataí e 32 para Cidade de Goiás. As vagas que a UFG destina ao SISU podem ser preenchidas pelos candi-datos que fizerem o Enem 2011.

UFG e SAMU querem ampliar experiência dos acadêmicos

Texto: Thaís SouzaEdição: Stephani Echalar

A UFG pretende firmar parceria com SA-MU-GO para que os alunos de medicina e enfermagem possam fazer estágio sob treinamento do órgão e adquirir expe-riência no atendimento de emergência. Após uma reunião entre as duas insti-tuições realizada no dia 8 de setembro, estudam-se as formalidades para efeti-var a parceria.

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15Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

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“Vi Goiânia crescer”

Aos 82 Anos de idAde e 60 Anos de pAixão pelA fotogrAfiA, Hélio de oliveirA viu e registrou goiâniA crescer. em entrevistA concedidA em seu trAdicionAl cAsArão no setor cAmpinAs, o fotógrAfo fAlou Ao sAmAmbAiA sobre os Altos e bAixos dA profissão e os bAstidores dA vidA de um repórter fotográfico nAs primeirAs décAdAs de goiâniA

Jornal Samambaia - Como surgiu o gosto pela fotografia?

Hélio de Oliveira - Eu sempre gostei de fotografia. Quando fui estudar em Uberlândia, conheci um fotógrafo que era repórter de um jornal do Rio e eu me interessei por aquilo. Então comprei uma máquina fotográfica e comecei a fotografar e fazer uns serviços como amador. Quando voltei para Goiânia, continuei a fazer esse serviços, mas para ganhar dinheiro. Eu fiquei saben-do que o jornal O Popular ia precisar de um fotógrafo. Então fui até lá e falei di-reto com o Câmara Filho, um dos fun-dadores do jornal, e ele disse: “Eu vou te dar uma pauta. Se você fizer direi-tinho, você continua”. Eu acho que fiz direitinho, porque fiquei lá por 10 anos como repórter fotográfico.

Samambaia - Quais foram os desafios no começo da profissão de repórter fo-tográfico?

Hélio - A dificuldade naquele tempo era grande, as máquinas muito precá-rias. Um profissional, além de ser fotó-grafo, tinha que ser laboratorista e fazer a foto. Hoje em dia eu digo que qual-quer um pode ser fotógrafo, basta com-prar uma máquina digital, olhar, bater, e depois passar para o computador. Eu tinha que fazer tudo.

Samambaia - Como é para o senhor ter visto Goiânia crescer?

Texto: Lídia CunhaEdição: Bárbara CamargoDiagramação: Susanna Vigário

Para Hélio de Oliveira, fotos da construção de Brasília e do presidente Juscelino Kubitschek estão entre as mais marcantes da sua carreira

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Hélio - Eu vim para Goiânia em 1935, quando a cidade estava começando. Na época eu tinha 6 anos de idade e vi Goi-ânia crescer. Eu comecei profissional-mente a mexer com fotografia em 1950, e em 1951 eu fui para o jornal. Nesse tempo o Câmara Filho era Secretário de Agricultura e ele me levava para ti-rar fotografias do palácio de modo que eu praticamente me tornei fotógrafo do governador e do jornal ao mesmo tem-po. Eu viajei muito com o governador,

conheci boa parte do Brasil através des-se serviço. Um dia eu recebi um telefo-nema do então redator-chefe do jornal O Popular me convidando para ir ao local onde seria construída Brasília e recepcionar o presidente Juscelino [Ku-bitscheck]. A viajem durou mais de 10 horas. O Bernardo Sayão tinha constru-

ído um campo de pouso na fazenda cha-mada Gama, onde o Jusceli-no desceu com um avião. Na hora que Ku-bitschek che-gou ele disse: “Capricha, por-que você vai tirar fotografia do presidente na nova capital do Brasil”. Nós fomos os primei-ros a chegar, de modo que eu sou o pri-meiro a fotografar o presidente na nova capital do Brasil. Eles reconheceram isso e me deram o título de cidadão ho-norário de Brasília e uma medalha de honra ao mérito.

Samambaia - Quais foram as fotos mais marcantes que o senhor já tirou?

Hélio - Considero o trabalho em Bra-sília e as fotos do Juscelino Kubitschek algumas das mais importantes que fiz, porque não era só de nível regional, mas de nível nacional. Mas eu também tirei fotos do crime da família Matteucci, de crianças mortas e desastres de avião em que eu ajudei a pegar pedaços de gente para trazer para Goiânia. Foram muitas fotografias tristes.

Samambaia - O senhor já tem um livro publicado, Eu vi Goiânia crescer, e o filme Memórias de Arquivo. Quais são

seus próximos projetos?

Hélio - O livro Eu vi Goiânia crescer tem 4 volumes. O primeiro volume já saiu, com 80 fotografias dos anos 50 e 60. Já temos tudo pronto para publicar o segundo volume, com fotografias dos anos 50, 60 e 70. Só estamos esperando a liberação dos recursos pela Agência Goiana de Cultura. O terceiro volume será só de vistas aéreas de Goiânia e no quarto volume nós vamos fazer a com-paração do que era antes e como é ago-ra. Também temos o projeto de fazer o livro e o filme Eu vi Brasília crescer.

Samambaia - Se o senhor fosse professor de fotografia em uma faculdade de Jor-nalismo, quais dicas daria aos alunos?

Hélio - Ser honesto consigo mesmo e tirar fotografias de coisas de interes-se, importantes. Guarde essa fotografia, porque hoje talvez ela não valha tanto, mas daqui alguns anos talvez ela vai ser histórica.

Hoje em dia eu digo que qualquer um

pode ser fotógrafo, basta comprar uma

máquina digital, olhar, bater e depois

passar para o computador

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16 Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

Hélio de Oliveira faz parte do patrimônio cultural de Goiânia como guar-dião da história da cidade desde a década de 1950. Seus olhos registraram cada prédio, cada monumento e cada etapa do crescimento da capital. Hélio viajou pelo Estado e registrou grandes eventos oficiais dos governos e foi o primeiro fotógrafo a registrar a chegada de Juscelino Kubitschek à nova capital do Brasil. Grande parte de sua obra pode ser vista no Museu da Ima-gem e Som, que guarda a exposição Memória da Fotografia – cenas goia-nienses 1950 a 1970. A Olhares deste mês traz fotos do acervo de Hélio de Oliveira que retratam a Goiânia de antigamente.

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Texto: Lídia CunhaEdição: Bárbara CamargoDiagramação: Vanessa Martins

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Primeira visita do presidente JK ao Planalto Central, 1956

Protesto na Praça Cívica contra ameaças ao governador Mauro Borges

Vista aérea da Praça Cívica, década de 1960

Vista da Praça dos Bandeirantes no centro de Goiânia, 1954

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