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Ano 3 № 27 Outubro de 2010 À s vezes fico pensando... E se nós vivêssemos sozinhos no mundo, não pudéssemos conversar com ninguém? NOSSA, não consigo nem imaginar como seria... E se não existissem as letras para podermos escrever e ler? Como iríamos saber o que aconteceu no passado? ...Ai, ai, acho que seria muito estranho... eu não poderia nem estar me comunicando com você agora! E se não tivesse sido inventada a fotografia, a filmagem? Realmente é muito curioso pensar essas coisas, aliás não vou conseguir fazer isso sem conversar com alguém... Ops, chegou a hora de ir para uma reunião das crianças do assentamento. Aqui em nosso estado vai ser realizado o Encontro Sem Terrinha, e estamos nos organizando para poder participar! Ufa, não é fácil, mas pelo jeito vamos conseguir ir! Vou confessar... Eu adoro participar dos encontros Sem Terrinha, pois além das lutas, em que nós mesmos temos que falar nas negociações, nestes encontros nos divertimos muito! E que tal nos COMUNICARMOS depois para contar como foi aí onde você mora? Viva! No mês que vem nos encontramos no próximo Jornal Sem Terrinha! Vamos botar a boca no mundo! Palavra de Sem Terrinha “Eu gosto muito de morar aqui no assentamento, de olhar para essa bandeira, colocar esse boné, dizer que eu sou do MST, um Sem Terrinha. Eu tenho muito orgulho de carregar essa cor vermelha que é a cor do coração. Eu gosto muito desse lugar, que é o lugar que eu vivo, praticamente nasci, onde eu vivo minha esperança, é aqui que eu quero ficar e é aqui que eu quero viver.” Eberth, do Assentamento Ernesto Che Guevara, localizado em Mimoso do Sul, ES

Jornal Sem Terrinha outubro de 2010

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Jornal Sem Terrinha outubro de 2010

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Page 1: Jornal Sem Terrinha outubro de 2010

Ano 3 • № 27 • Outubro de 2010

Às vezes fico pensando... E se nós vivêssemos sozinhos no mundo, não pudéssemos conversar

com ninguém? NOSSA, não consigo nem imaginar como seria...

E se não existissem as letras para podermos escrever e ler? Como iríamos saber o que aconteceu no passado?

...Ai, ai, acho que seria muito estranho... eu não poderia nem estar me comunicando com você agora!

E se não tivesse sido inventada a fotografia, a filmagem? Realmente é muito curioso pensar essas coisas, aliás não vou conseguir fazer isso sem conversar com alguém...

Ops, chegou a hora de ir para uma reunião das crianças do assentamento. Aqui em nosso estado vai ser realizado o Encontro Sem Terrinha, e estamos nos organizando para poder participar! Ufa, não é fácil, mas pelo jeito vamos conseguir ir!

Vou confessar... Eu adoro participar dos encontros Sem Terrinha, pois além das lutas, em que nós mesmos temos que falar nas negociações, nestes encontros nos divertimos muito!

E que tal nos COMUNICARMOS depois para contar como foi aí onde você mora?

Viva! No mês que vem nos encontramos no próximo Jornal Sem Terrinha!

Vamos botar a boca no mundo!

Palavra de Sem Terrinha“Eu gosto muito de morar aqui no assentamento,

de olhar para essa bandeira, colocar esse boné, dizer que eu sou do MST, um Sem Terrinha. Eu tenho muito orgulho de carregar essa cor vermelha que é a cor do coração. Eu gosto muito desse lugar, que é o lugar que

eu vivo, praticamente nasci, onde eu vivo minha esperança, é aqui que eu quero ficar e é aqui que eu quero viver.”

Eberth, do Assentamento Ernesto Che Guevara, localizado

em Mimoso do Sul, ES

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O espaço também é seu!Escreva você também para o Jornal das

Crianças Sem Terrinha. Mande suas críticas, elogios, sugestões, poesias e desenhos. Anote aí o nosso endereço:

Alameda Barão de Limeira, 1232, Campos Elíseos, São Paulo, SP CEP 01202 - 002 Correio eletrônico: [email protected]

O foi elaborado coletivamente pelos Setores de Educação, Comunicação e Cultura.

Os desenhos foram feitos por crianças Sem Terrinha de todo o Brasil. Agradecemos também a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram

para este trabalho, especialmente às Escolas Itinerantes do Paraná.

Esta edição faz parte do Jornal Sem Terra nº 307.

Correio eletrônico: [email protected] Página na internet: www.mst.org.br

2 Jornal SEM TERRINHA • Outubro 2010

Nós, seres humanos, criamos a linguagem para nos comunicar com os demais seres humanos.

Ela surgiu ao nos relacionarmos com a natureza, o trabalho, a família e com os demais homens e mulheres que convivem com a gente. Assim, fazem parte da linguagem os símbolos, os valores, as palavras, ou seja, todas as formas de comunicação que representam o modo como vivemos.

Podemos nos comunicar através da fala, do telefone, da internet, dos livros, dos desenhos, da televisão, do rádio, dos jornais e revistas, entre outros. São os chamados meios de comunicação.

Você já ouviu falar nesses meios, não é? Já parou para pensar como eles funcionam em nossa sociedade?

Hoje os grandes meios são propriedade de poucas pessoas, ou seja, a maioria das rádios, dos canais de televisão, dos jornais e das revistas tem donos, e donos bem ricos. E são poucos! No Brasil, por exemplo, apenas 7 famílias são donas de quase todos essas empresas de comunicação.

Você acha que elas vão permitir que todas as pessoas usem estes meios para dizer o que pensam e sentem? Claro que não!

Por isso, precisamos aprender sobre os meios de comunicação. Nem tudo o que eles informam é verdade, e eles não falam de muitas coisas importantes. É o caso da nossa luta pela Reforma Agrária e da nossa vida no campo... Já parou pra pensar como ela é retratada nesses meios?

Como é que a gente vai saber?

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Jornal SEM TERRINHA • Outubro 2010 3

Como é que a gente vai saber?

Jornal Antes mesmo de existir um jornal escrito em papel, os povos já tinham

formas de espalhar as notícias, como se fossem jornais falados. Depois os jornais e livros eram escritos à mão... que trabalheira!!

Há muito tempo atrás, por volta de 1440, o alemão Johannes Guttenberg desenvolveu uma técnica para imprimir os jornais e livros de forma muito mais

rápida. Ele começou a usar blocos de madeira cada um com uma letra e número, chamados tipos móveis, que eram gravados a tinta numa tábua, formando palavras e frases.

Demorou um pouco para os jornais chegarem ao Brasil... Só quando a família real foi para o Rio de Janeiro é que foi fundada uma estrutura de impressão no país e começou

a circular o primeiro jornal, a Gazeta do Rio de Janeiro. Isto foi apenas em 1808!

RádioDizem que a primeira transmissão de ondas eletromagnéticas pelo espaço foi no início do

século XX. No Brasil, a primeira transmissão foi no centenário da Independência, em 1922. Através de uma antena instalada no Corcovado, no Rio de Janeiro, receptores em Niterói,

Petrópolis e São Paulo puderam ouvir a fala do presidente.

CinemaForam os irmãos franceses com o sobrenome Lumière que fizeram

a primeira projeção de imagens em movimento, em 1895.

TelevisãoNa década de 1920 surgem as primeiras experiências na

transmissão de imagens e sons em movimento por um televisor. No Brasil, a televisão surge apenas em 1950,

com a TV Tupi.. Acho que só os nossos pais e avós lembram!!!

É muito importante termos os nossos próprios meios de comunicação, como o Jornal Sem Terrinha, o Jornal Sem Terra, as rádios nos assentamentos e acampamentos. Os nossos meios de comunicação vão permitir que a gente se comunique entre nós, mas também que a gente fale da nossa cultura para as demais pessoas. Para isso, é importante que a gente estude, cuide das comunidades, das escolas e continue lutando por Reforma Agrária e Justiça Social.

Boa luta para todas as crianças Sem Terrinha!

Texto enviado pela companheira Mariana Duque, do Setor de Comunicação do Rio de Janeiro.

História dos Meios

O que é mídia?A palavra vem de “media”, em latim

(uma língua muito antiga que deu origem ao português e outras línguas

que se usam hoje no mundo). Em português, “media” quer dizer meio.

E imprensa, o que é?A palavra tem origem no nome de uma máquina – a

prensa móvel – que é usada para facilitar a impressão de jornais e livros. Usamos o termo para indicar os meios de comunicação que fazem jornalismo (que é

diferente de novela, de filme... na televisão, por exemplo, tem o telejornalismo, assim como existem os jornais

informativos, como é o caso do nosso Jornal Sem Terra!).

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Jornal SEM TERRINHA • Outubro 20104

textos e a escolha de imagens ou desenhos, além do prazo para sua realização. Reúnam os materiais produzidos de modo que todos/as possam participar da montagem – onde cada notícia, matéria, desenho, entrevista fica melhor para quem vai ler? Depois de montado, escolham o local onde o jornal será pendurado, levando em conta os espaços de referência do seu acampamento/assentamento. Tirem uma foto, entrevistem os leitores; escrevam pra gente contando como foi!

Dica de atividade: JORNAL MURAL

A produção coletiva de um jornal mural pode ser muito proveitosa para o aprendizado dos/das Sem Terrinha: tanto do ponto de vista do processo de discussão das idéias, na elaboração, como da execução das tarefas, que exigem concentração e capricho.

Vamos precisar de alguns materiais: papéis, canetas coloridas, tesoura, cola, revistas velhas, fita crepe ou barbante.

Primeiro, faça uma “reunião editorial” com as crianças para definir o nome do jornal e os temas que serão trabalhados. A divisão das tarefas deve prever a busca das informações, a escrita dos

Vejam a pose que os bichos fizeram para participar do Jornal Sem Terrinha! Ah, também esconderam o nome

da cada um deles no caça-palavras abaixo. Você consegue achar as palavras:

GALO, VACA, PORCO e PASSARINHO? Depois, divirta-se pintando o desenho.