LENDAS DE ORIXAS

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  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    Iroco castiga a me que no lhe d o filhoprometido.

    No comeo dos tempos, a primeira rvore plantada foi Iroco.Iroco foi a primeira de todas as rvores, mais antiga que o

    mogno, o p de obi e o algodoeiro. Na mais velha das rvoresde Iroco, morava seu esprito. E o esprito de Iroco era capaz demuitas mgicas e magias. Iroco assombrava todo mundo, assimse divertia. noite saia com uma tocha na mo, assustando os

    caadores. Quando no tinha o que fazer, brincava com aspedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas

    mgicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Iroco e seuspoderes e quem o olhasse de frente enlouquecia at a morte.

    Numa certa poca, nenhuma das mulheres da aldeiaengravidava. J no havia crianas pequenas no povoado e

    todos estavam desesperados. Foi ento que as mulheres tiverama idia de recorrer aos mgicos poderes de Iroco. Juntaram-se

    em crculo ao redor da rvore sagrada, tendo o cuidado demanter as costas voltadas para o tronco. No ousavam olhar

    para a grande planta face a face, pois, os que olhavam Iroco defrente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a Iroco, pediram a

    ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria emtroca. As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores

    e prometeram a Iroko milho, inhame, frutas, cabritos ecarneiros. Cada uma prometia o que o marido tinha para dar.

    Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era a mulher doentalhador e seu marido no tinha nada daquilo para oferecer.Olurombi no sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar

    a Iroco o primeiro filho que tivesse.

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    Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro demuitos recm-nascidos. As jovens mes, felizes e gratas, foram

    levar a Iroco suas prendas. Em torno do tronco de Irocodepositaram suas oferendas. Assim Iroco recebeu milho,

    inhame, frutas, cabritos e carneiros. Olurombi contou toda a

    histria ao marido, mas no pde cumprir sua promessa. Ela e omarido apegaram-se demais ao menino prometido.

    No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nosbraos trmulos, temerosa, o filhinho to querido. E o tempo

    passou. Olurombi mantinha a criana longe da rvore e, assim,o menino crescia forte e sadio. Mas um belo dia,

    passavaOlurombi pelas imediaes do Iroco, entretida queestava, vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem nasua frente, saltou o temvel esprito da rvore. Disse Iroco: "Tu

    me prometeste o menino e no cumpriste a palavra dada.Transformo-te ento num pssaro, para que vivas sempreaprisionada em minha copa." E transformou Olurombi numpssaro e ele voou para a copa de Iroco para ali viver para

    sempre.

    Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, emvo, por toda parte. Ele mantinha o menino em casa, longe de

    todos. Todos os que passavam perto da rvore ouviam umpssaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a

    Iroco.

    At que um dia, quando o arteso passava perto dali, eleprprio escutou o tal pssaro, que cantava assim:"Uma

    prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu inhame etrouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas;Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a

    promessa que foi feita. S quem prometeu a criana nocumpriu o prometido."

    Ouvindo o relato de uma histria que julgava esquecida, omarido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Sim, spodia ser Olurombi, enfeitiada por Iroco. Ele tinha que salvar

    sua mulher!

    Mas como, se amava tanto seu pequeno filho?

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    Ele pensou e pensou e teve uma grande idia. Foi floresta,escolheu o mais belo lenho de Iroco, levou-o para casa e

    comeou a entalhar. Da madeira entalhada fez uma cpia dorebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.

    O fez com os doces traos do filho, sempre alegre, sempresorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero,preparando-o com a gua perfumada das ervas sagradas. Vestiua figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou

    com ricas jias de famlia e raros adornos.

    Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroco e odepositou aos ps da rvore sagrada. Iroco gostou muito do

    presente. Era o menino que ele tanto esperava!

    E o menino sorria sempre, sua expresso, de alegria.

    Iroco apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais seassustava quando seus olhos se cruzavam. No fugia dele como

    os demais mortais, no gritava de pavor e nem lhe dava ascostas, com medo de o olhar de frente. Iroco estava feliz.Embalando a criana, seu pequeno menino de pau, batia

    ritmadamente com os ps no solo e cantava animadamente.Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, Iroco devolveu aOlurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para

    casa, voltou para o marido arteso e para o filho, j crescido e

    enfim libertado da promessa.

    Alguns dias depois, os trs levaram para Iroco muitasoferendas. Levaram ebs de milho, inhame, frutas, cabritos e

    carneiros, laos de tecido de estampas coloridas para adornar otronco da rvore.

    Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia,felizes e contentes com o retorno de Olurombi. At hoje todos

    levam oferendas a Iroco. Porque Iroco d o que as pessoaspedem. E todos do para Iroco o prometido.

    Iroco ajuda a feiticeira a vingar o filho morto.

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    Iroco era um homem bonito e forte e tinha duas irms. Umadelas era Aj, a feiticeira, a outra era Ogbo, que era uma

    mulher normal. Aj era feiticeira, Ogbo, no. Iroco e suas irmsvieram juntos do Orun para habitar no Ay. Iroco foi morarnuma frondosa rvore e suas irms em casas comuns. Ogbo

    teve dez filhos e Aj teve s um, um passarinho.

    Um dia, quando Ogbo teve que se ausentar, deixou os dezfilhos sob a guarda de Aj. Ela cuidou bem das crianas at avolta da irm. Mais tarde, quando Aj teve tambm que viajar,deixou o filho pssaro com Ogbo. Foi ento que os filhos deOgbi pediram me que queriam comer um passarinho. Ela

    lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos no primo,recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que

    ser um pssaro. A me foi ento foi a floresta caarpassarinhos, que seus filhos insistiam em comer. Na ausnciada me, os filhos de Ogbo mataram, cozinharam e comeram ofilho de Aj. Quando Aj voltou e se deu por conta da tragdia,partiu desesperada a procura de Iroco. Iroco a recebeu em suarvore, onde mora at hoje. E de l, Iroco vingou Aj, lanandogolpes sobre os filhos de Ogbo. Desesperada com a perda demetade de seus filhos e para evitar a morte dos demais, Ogoofereceu sacrifcios para o irmo Iroco. Deu-lhe um cabrito e

    outras coisas e mais um cabrito para Ex. Iroco aceitou osacrifcio e poupou os demais filhos. Ogbo a me de todas asmulheres comuns, mulheres que no so feiticeiras, mulheres

    que sempre perdem filhos para aplacar a clera de Aj e de suasfilhas feiticeiras. Iroco mora na gameleira branca e trata deoferecere a sua justia na disputa entre as feiticeiras e as

    mulheres comuns.

    Iroco engole a devota que no cumpre ainterdio sexual

    Era uma vez uma mulher sem filhos, que ansiavadesesperadamente por um herdeiro. Ela foi consultar o

    babalawo e o babalawo lhe disse como proceder.

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    Ela deveria ir rvore de Iroco e a Iroco oferecer um sacrifcio.Comidas e bebidas que ele prescreveu a mulher concordou emoferecer. Com panos vistosos ela fez laos e com os laos ela

    enfeitou o p de Iroco. Aos seus ps depositou o seu eb, tudocomo mandara o adivinho. Mas de importante preceito ela se

    esqueceu. A mulher que queria ter um filho deu tudo a Iroco,quase tudo. O babalawo mandara que ns trs dias antes doeb ela deixasse de ter relaes sexuais. S ento, assim, com ocorpo limpo, deveria entregar o eb aos ps da rvore sagrada.

    A mulher disso se esqueceu e no negou deitar-se com omarido nos trs que precediam o eb.

    Iroco irritou-se com a ofensa, abriu uma grande boca em seugrosso tronco e engoliu quase totalmente a mulher, deixandode fora s os ombros e a cabea. A mulher gritava feito louca

    por ajuda e toda a aldeia correu para o velho Iroco. Todosassistiam o desespero da mulher. O babalawo foi tambm at arvore e fez seu jogo e o jogo que o babalawo fez para a mulher

    revelou sua ofensa,sua oferta com o corpo sujo, porque parafazer oferenda para Iroco preciso ter o corpo limpo e isso ela

    no tinha.

    Mas a mulher estava arrependida e a grande rvore deixou queela fosse libertada. Toda a aldeia ali reunida regozijou-se pelamulher. Todos cantaram e danaram de alegria. Todos deram

    vivas a Iroco.

    Tempos depois a mulher percebeu que estava grvida epreparou novos laos de vistosos panos e enfeitou agradecida a

    planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antesresguardando-se para ter o corpo limpo. Quando nasceu o filhoto esperado, ela foi ao babalawo e ele leu o futuro da criana:

    deveria ser iniciada para Iroco. Assim foi feito e Iroco tevemuitos devotos. E seu tronco est sempre enfeitado e aos seus

    ps no lhe faltam oferendas.

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    Logunede ganha domnio dado por Olorun

    No incio dos tempos, cada orix dominava um elemento danatureza, no

    permitindo que nada, nem ningum, o invadisse. Guardavamsua sabedoria

    como a um tesouro.

    nesse contexto que vivia a me das gua doces, Osun, e ogrande caador

    Od. Esses dois orixs constantemente discutiam sobre oslimites de seus

    respectivos reinados, que eram muito prximos.

    Od ficava extremamente irritado quando o volume das guasaumentavam e

    transbordavam de seus recipientes naturais, fazendo alagartoda a floresta.

    Osun argumentava, junto a ele, que sua gua era necessria irrigao e

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    fertilizao da terra, misso que recebera de Olorun. Od nolhe dava

    ouvidos, dizendo que sua caa iria desaparecer com ainundao.

    Olorun resolveu intervir nessa guerra, separando bruscamenteesses

    reinados, para tentar apazigu-los.

    A floresta de Od logo comeou a sentir os efeitos da ausnciadas guas. A

    vegetao, que era exuberante, comeou a secar, pois a terrano era mais

    frtil. Os animais no conseguiam encontrar comida e faltavagua para

    beber. A mata estava morrendo e as caas tornavam-se cada vezmais raras.

    Od no se desesperou, achando que poderia encontraralimento em outro

    lugar.

    Osun, por sua vez, sentia-se muito s, sem a companhia dasplantas e dos

    animais da floresta, mas tambm no se abalava, pois aindapodia contar com

    a companhia de seus filhos peixes para confort-la.

    Od andou pelas matas e florestas da Terra, mas no conseguia

    encontrar

    caa em lugar algum. Em todos os lugares encontrava o mesmocenrio

    desolador. A floresta estava morrendo e ele no podia fazernada.

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    Desesperado, foi at Olorun pedir ajuda para salvar seureinado, que estava

    definhando. O maior sbio de todos explicou-lhe que a faltadgua estava

    matando a floresta, mas no poderia ajud-lo, pois o que fez foinecessrio

    para acabar com a guerra. A nica salvao era a reconciliao.

    Od, ento, colocou seu orgulho de lado e foi procurar Osun,propondo a ela

    uma trgua. Como era de costume, ela no aceitou a propostana primeira

    tentativa. Osun queria que Od se desculpasse, reconhecendosuas

    qualidades. Ele, ento, compreendeu que seus reinos nopoderiam

    sobreviver separados, unindo-se novamente, com a beno deOlorun.

    Dessa unio nasceu um novo orix, um orix prncipe,Logunede, que iria

    consolidar esse "casamento", bem como abrandar os mpetos deseus pais.

    Logunede sempre ficou entre os dois, fixando-se nas margens

    das guas, onde

    havia uma vegetao abundante. Sua interveno era importantepara evitar

    as cheias, bem como a estiagem prolongada. Ele procuravamanter o

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    equilbrio da natureza, agindo sempre da melhor maneira paraestabelecer a paz e a fertilidade.

    Conta uma outra lenda que as terras e as guas estavam nomesmo nvel, no havendo limites definidos.

    Logunede, que transitava livremente por esses dois domnios,sempre tropeava quando passava de um reinado para o outro.

    Esses acidentes deixavam Logunedemuito irritado.

    Um dia, aps ter ficado seis meses vivendo na gua, tentoufazer a transio

    para o reinado de seu pai, mas no conseguiu, pois a terraestava muito

    escorregadia. Voltou, ento, para o fundo do rio, onde comeoua cavar

    freneticamente, com a inteno de suavizar a passagem da guapara a

    terra. Com essa escavao, machucou suas mos, ps e cabea,mas conseguiu fazer

    uma passagem, que tornou mais fcil sua transio. Logunedecriou, assim, as margens dos rios e crregos, onde passou adominar. Por esse motivo, suas oferendas so bem aceitas

    nesse local.

    LogunEd salvo das guas

    LogunEd era filho de Oxssi com Oxun.

    Era prncipe do encanto e da magia.

    Oxssi e Oxum eram dois Orixs muito vaidosos.

    Orgulhosos, eles viviam s turras.

    A vida do casal estava insuportvel

    e resolveram quue era melhor separar.

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    O filho ficaria metade do ano nas matas com Oxssi

    e a outra metade com Oxun no rio.

    Com isso, Logun se tornou uma criana de personalidade dupla:

    cresceu metade homem, metade mulher.

    Oxun proibiu LogunEd de brincar nas guas fundas,

    pois os rios eram traioeiros para uma criana de sua idade.

    Mas Logun era curioso e vaidoso como os pais.

    Logunno obedecia me.

    Um dia Logun nadou rio adentro, para bem longe da margem.

    Ob, dona do rio,para vingar-se de Oxum,

    com quem mantinha antigas querelas,

    comeou a afogar Logun.

    Oxum ficou desesperada

    e pediu a Orunmil que lhe salvasse o filho,

    que a amparasse nos eu desespero de me.

    Orunmil que sempre atendia filha de Oxal,

    retirou o prncipe das guas traioeiras e o trouxe de volta terra.

    Ento deu-lhe a misso de proteger os pescadores

    e a todos que vivessem das guas doces.

    Dizem que Oi quem retirou LogunEd da gua

    e terminou de cri-lo juntamente com Ogun.

    [ Lenda 66 do Livro Mitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

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    LogunEd rouba segredos de Osal

    Logunede era um caador solitrio e infeliz, mas orgulhoso.

    Era um caador pretensioso e ganancioso,

    e muitos os bajulavam pela sua formosura.

    Um dia Oxal conheceu LogunEd

    e o levou para viver em sua casa sob sua proteo.

    Deu a ele companhia, sabedoria e compreenso.

    Mas LogunEd queria muito mais, queria mais.

    E roubou alguns segredos de Oxal.

    Segredos que Oxal deixara mostra,

    confiando na honestidade de Logun.

    O caador guardou seu furto num embornal a tiracolo, seu ad.

    Deu as costas a Oxal e fugiu.

    No tardou para Oxal dar-se conta da traio

    do caador que levara seus segredos.

    Oxal fez todos os sacrifcios que cabia oferecer

    e muito calmamente sentenciou

    que toda a vez que LogunEd usasse um dos seus segredos

    todos haveriam de dizer sobre o prodgio:

    "Que maravilha o milagre de Oxal!".

    Toda a vez que usasse seus segredos

    alguma arte no roubada ia faltar.

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    Oxal imaginou o caador sendo castigado

    e compreendeu que era pequena a pena imposta.

    O caador era presumido e ganancioso,

    acostumado a angariar bajulao.

    Oxal determinou que LogunEd fosse homem

    num perodo e no outro depois fosse mulher.

    Nunca haveria assim de ser completo.

    Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caa,

    e noutro tempo, no rio, comendo peixe.

    Nunca haveria de ser completo.

    Comear sempre de novo era sua sina.

    Mas a sentena era ainda nada

    para o tamanho do orgulho do Od.

    Para que o castigo durasse a eternidade,

    Oxal fez de LogunEd um orix.

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    Ogum d ao homem o segredo do ferro.

    Na Terra criada por Obatal, em If, os orixs e os seres humanos

    trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caavam e plantavam usandofrgeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole. Por isso otrabalho exigia grande esforo. Com o aumento da populao de If, a

    comida andava escassa. Era necessrio plantar uma rea maior.

    Os orixs ento se reuniram para decidir como fariam para remover asrvores do terreno e aumentar a rea de lavoura. Ossain, o orix da

    medicina, disps-se a ir primeiro e limpar o terreno. Mas seu faco era demetal mole e ele no foi bem sucedido. Do mesmo modo que Ossain, todos os

    outros Orixs tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de limpar oterreno para o plantio. Ogun, que conhecia o segredo do ferro, no tinha dito

    nada at ento. Quando todos os outros Orixs tinham fracassado, Ogunpegou seu faco, de ferro, foi at a mata e limpou o terreno. Os Orixs,admirados, perguntaram a Ogun de que material era feito to resistente

    faco. Ogun respondeu que era o ferro, um segredo recebido de Orunmil. OsOrixs invejaram Ogun pelos benefcios que o ferro trazia, no s

    agricultura, como caa e at mesmo guerra.

    Por muito tempo os Orixs importunaram Ogun para saber do segredo doferro, mas ele mantinha o segredo s para si. Os Orixs decidiram ento

    oferecer-lhe o reinado em troca do que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele

    metal to resistente. Ogun aceitou a proposta. Os humanos tambm vieram aOgun pedir-lhe o conhecimento do ferro. E Ogun lhes deu o conhecimento daforja, at o dia em que todo caador e todo guerreiro tiveram sua ana de

    ferro. Mas, apesar de Ogun ter aceitado o comendo dos Orixs, antes de maisnada ele era um caador. Certa ocasio, saiu para caar e passou muitosdias fora numa difcil temporada. Quando voltou da mata, estava sujo e

    maltrapilho. Os Orixs no gostaram de ver seu lder naquele estado. Eles odesprezaram e decidiram destitu-lo do reinado. Ogun se decepcionou com osOrixs, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeramrei e agora dizem que no era digno de govern -los. Ento Ogun banhou-se,vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. Num

    lugar distante chamado Ir, construiu uma casa embaixo da arvore de Acocoe l permaneceu. Os humanos que receberam deOgun o segredo do ferro no

    o esqueceram. Todo ms de dezembro, celebravam a festa de UidOgun.Caadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifcios em

    memria de Ogun. Ogun o senhor do ferro para sempre. [ Lenda 31 do LivroMitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    Ogum torna-se o rei de Ir.

    Quando Odudua reinava em If, mandou seu filho Ogun guerrear e

    conquistar os reinos vizinhos. Ogun destruiu muitas cidades e trouxe para Ifmuitos escravos e riquezas, aumentando de maneira fabulosa o imprio deseu pai. Um dia, Ogun lanou-se contra a cidade de Ir, cujo povo o odiava

    muito. Ogun destruiu tudo, cortou a cabea do rei de Ir e a colocou numsaco para d-la a seu pai. Alguns conselheiros de Odudua souberam dopresente que Ogun trazia para o rei seu pai. Os conselheiros disseram a

    Odudua que Ogun desejava a morte do prprio pai para usurpar-lhe a coroa.Todos sabem que um rei deve ver a cabea decaptada de outro rei. Ogun no

    conhecia esse tabu. Odudua imediatamente enviou uma delegao paraencontrar Ogun fora dos portes da cidade. Aps muitas explicaes, Ogun

    concordou em entregara cabea do rei de Ir aos mensageiros de Odudua. O

    perigo havia acabado. Ogum fora encontrado antes de chegar ao palcio deseu pai. Como Odudua queria recompensar o seu filho mais querido,presenteou Ogun com o reino de Ir e todos os prisioneiros e riquezas

    conquistadas naquela guerra.

    Assim Ogun tornou-se o Onir, o rei de Ir. [ Lenda 32 do Livro Mitologia dos Orixs deReginaldo Prandi ]

    Ogum livra um pobre de seus exploradores.

    Um pobre homem peregrinava por toda parte, trabalhando ora numa, oranoutra plantao. Mas os donos da terra sempre o despediam e se

    apoderavam de tudo o que ele construa. Um dia esse homem foi a umbabalawo, que o mandou fazer um eb na mata. Ele juntou o material e foi

    fazer o despacho, mas acabou fazendo tal barulho que Ogun, o dono da mata,foi ver o que ocorria. O homem, ento, deu-se conta da presena de Ogune

    caiu a seus ps, implorando seu perdo por invadir a mata. Ofereceu -lhetodas as coisas boas que ali estavam. Ogum aceitou e satisfez-se com o eb.Depois conversou com o peregrino, que lhe contou por que estava naquele

    lugar proibido. Falou-lhe de todos os seus infortnios. Ogun mandou que eledesfiasse folhas de dendezeiro, mariwo, e as colocasse nas portas das casasde seus amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela

    noite Ogun destruiria a cidade de onde vinha o peregrino. Seria destrudo ato cho. E assim se fez.

    Ogun destruiu tudo, menos as casas protegidas pelo mariwo. [ Lenda 43 do LivroMitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    Ogum chama a Morte para ajuda-lo numa aposta com

    Xang.

    Ogun e Xang nunca se reconciliaram. Vez por outra digladiavam-se nasmais absurdas querelas. Por pura satisfao do esprito belicoso dos dois.

    Eram, os dois, magnficos guerreiros. Certa vez Ogun props a Xang umatrgua em suas lutas, pelo menos at que a prxima lua chegasse.

    Xang fez alguns gracejos, Ogun revidou, mas decidiram -se por uma aposta,continuando assim sua disputa permanente. Ogun props que ambos fossem a

    praia e recolhessem o maior nmero de bzios que conseguissem. Quemjuntasse mais, ganharia. e quem perdesse daria ao vencedor o fruto da coleta.

    Puseram-se de acordo.

    Ogun deixou Xang e seguiu para a casa de Oi, solicitando-lhe que pedissea Iku que fosse praia no horrio que tinha combinado com Xang. Oi

    aquiesceu, mas exigiu uma quantia em ouro como pagamento, que recebeuprontamente. Na manh seguinte, Ogun e Xang apresentaram-se na praia eimediatamente o enfrentamento comeou. Cada um ia pegando os bzios queachava. Vez por outra se entreolhavam. Xang cantarolava sotaques jocososcontra Ogun. Ogun, calado, continuava a coleta. Oque Xang no percebeufoi a aproximao de Iku. Ao erguer os olhos, o guerreiro deparou com a

    morte, que riu de seu espanto. Xang soltou o saco da coleta, fugindoamedrontado e escondendo-se de Iku. noite Ogun procurou Xang,

    mostrando seu esplio. Xang, envergonhado, abaixou a cabea e entregouao guerreiro o fruto de sua coleta. [ Lenda 44 do Livro Mitologia dos Orixs de ReginaldoPrandi ]

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    Ossain recusa-se a cortar as ervasmiraculosas.

    Ossain era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmila.Um dia ele foi floresta a l conheceu Aroni, que sabia tudo

    sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna s, ficou amigode Ossain e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia,

    Orunmil, desejoso de fazer uma grande plantao, ordenou aOssain que roasse o mato de suas terras. Diante de uma

    planta que curava dores, Ossain exclamava: "Esta no pode sercortada, as erva as dores". Diante de uma planta que curava

    hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, no deve sercortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia:

    "Esta tambm no, porque refresca o corpo". E assim por diante.

    Orunmil, que era um babalawo muito procurado por doentes,interessou-se ento pelo poder curativo das plantas e ordenou

    que Ossain ficasse junto dele nos momentos de consulta, que oajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas.

    E assim Ossain ajudava Orunmil a receitar a acabou sendoconhecido como o grande mdico que .

    [ Lenda 71 do Livro Mitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

    Ossain d uma folha para cada Orix.

    Ossain, filho de Nan e irmo de Oxumar, Eu e Obaluay, erao senhor das folhas, da cincia e das ervas, o orix que conhece

    o segredo da cura e o mistrio da vida. Todos os orixsrecorriam a Ossain para curar qualquer molstia, qualquer mal

    do corpo. Todos dependiam de Ossain na luta contra a doena.Todos iam casa de Ossain oferecer seus sacrifcios. Em trocaOssain lhes dava preparados mgicos: banhos, chs, infuses,

    pomadas, ab, beberagens.

    Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, osinchaos e fraturas; curava as pestes, febres, rgos

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado;livrava o corpo de todos os males.

    Um dia Xang, que era o deus da justia, julgou que todos osOrixs deveriam compartilhar o poder de Ossain, conhecendo o

    segredo das ervas e o dom da cura. Xang sentenciou queOssain dividisse suas folhas com os outros Orixs. Mas Ossainnegou-se a dividir suas folhas com os outros Orixs. Xangento ordenou que Ians soltasse o vento e trouxesse ao seupalcio todas as folhas das matas de Ossain para que fossemdistribudas aos Orixs. Ians fez o que Xang determinara.Gerou um furaco que derrubou as folhas das plantas e asarrastou pelo ar em direo ao palcio de Xang. Ossain

    percebeu o que estava acontecendo e gritou: "EuUass!".

    "As folhas funionam!"

    Ossain ordenou s folhas que voltassem s suas matas e asfolhas obedeceram s ordens de Ossain. Quase todas as folhasretornaram para Ossain. As que j estavam em poder de Xang

    perderam o Ax, perderam o poder da cura.

    O Orix Rei, que era um orix justo, admitiu a vitria de Ossain.Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossain

    e que assim devia permanecer atravs dos sculos. Ossain,contudo, deu uma folha para cada Orix, deu uma eu para

    cada um deles. Cada folha com seus axs e seus efs, que soas cantigas de encantamento, sem as quais as folhas nofuncionam. Ossain distribuiu as folhas aos orixs para que elesno mais o invejassem. Eles tambm podiam realizar proezascom as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou

    para si. Ossain no conta seus segredos para ningum, Ossainnem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixs

    ficaram gratos a Ossain e sempre o reverenciam quando usamas folhas.

    [ Lenda 72 do Livro Mitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    Como sanyn descobre o nome das folhas.

    rnml d a sanyn o nome das plantas.

    If foi consultado por rnml que estava partindo da terra

    para o cu e que estava indo apanhar todas as folhas. Quandornml chegou ao cu Oldmar disse, eis todas as folhas

    que queria pegar o que far com elas ?

    rnml respondeu que iria us-las, disse que, iria us-las parabeneficio dos seres humanos da Terra. Todas as folhas querunml estava pegando, rnml carregaria para a Terra.

    Quando chegou pedra gbsalrinaylrun (pedra quese encontra no meio do caminho entre o cu e a terra) A

    rnml encontrou sanyn no caminho.

    Perguntou: sanynonde vai?

    sanyn disse; "Vou ao cu, disse ele, vou buscar folhas eremdios".

    rnmldisse, muito bem, disse, que j havia ido buscar folhasno cu, disse, para benefcio dos seres humanos da terra. Disse,olhe todas essas folhas, sanyn pode apenas arrebatar todasas folhas. Ele poderia fazer remdios (feitios) com elas porm

    no conhecia seus nomes.

    Foi rnml quem deu nome a todas as folhas. Assimrnml nomeou todas as folhas naquele dia.

    Ele disse, voc sanyn carrega todas as folhas para a terra,disse, volte, iremos para terra juntos.

    Foi assim que rnml entregou todas as folhas parasanyn naquele dia. Foi ele quem ensinou a sanyn o nome

    das folhas apanhadas.

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    Oxssi aprende com Ogun a arte da caa.

    Oxssi irmo de Ogun. Ogun tem pelo irmo um afeto

    especial. Num dia em que voltava da batalha, Ogun encontrou oirmo temeroso e sem reao, cercado de inimigos que jtinham destrudo quase toda a aldeia e que estavam prestes aatingir sua famlia e tomar suas terras. Ogun vinha cansado deoutra guerra, mas ficou irado e sedento de vingana. Procurou

    dentro de si mais foras para continuar lutando e partiu nadireo dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou at o

    amanhecer.

    Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmo e o

    tranqilizou com sua proteo. Sempre que houvessenecessidade ele iria at seu encontro para auxili-lo. Ogunento ensinou Oxssi a caar, a abrir caminhos pela floresta ematas cerradas. Oxssi aprendeu com o irmo a nobre arte da

    caa, sem a qual a vida muito mais difcil. Igun ensinou Oxssia defender-se por si prprio e ensinou Oxssi a cuidar da suagente. Agora Ogun podia voltar tranquilo para a guerra. Ogun

    fez de Oxssi o provedor.

    Oxssi o irmo de Ogun.

    Ogun o grande guerreiro.

    Oxssi o grande caador.

    [Lenda 50 do Livro Mitologia dos Orixs de Reg inaldo Prandi]

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    Oxssi mata a me com uma flechada.

    Olodumare chamou Orunmil e o incumbiu de trazer-lhe umacodorna. Orunmil explicou-lhe as dificuldades de se caar

    codorna e rogou-lhe que lhe desse outra misso. Contrariado,

    Olodumare foi reticente na resposta e Orunmil partiu mundoafora a fim de saciar a vontade do seu Senhor. Orunmil

    embrenhou-se em todos os cantos da Terra. Passou por muitasdificuldades, andou por povos distantes. Muitas vezes foimotivo de deboche e negativas acerca do que pretendia

    conseguir. J desistindo do intento e resignado a receber deOlodumare o castigo que por certo merecia, Orunmil se ps no

    caminho de volta. Estava ansado e decepcionado consigomesmo.

    Entrou por um atalho e ouviu o som de cnticos. A cada passo,Orunmil sentia suas foras se renovando. Sentia que algo denovo ocorreria. Chegou a um povoado onde os tambores

    tocavam louvores a Xang, Iemanj, Oxum e Obatal. No meioda roda, bailava uma linda rainha. Era Oxum, que acompanhava

    com sua dana toda aquela celebrao. Bailando a seu ladoestava um jovem corpulento e viril. Era Oxssi, o

    grande caador.

    Orunmil apresentou-se e disse da sua vontade de falar comaquele caador. Todos se curvaram perante sua autoridade etrataram de trazer Oxssi sua presena. O velho adivinho

    dirigiu-se a Oxssi e disse que Olodumare o havia encarregadode conseguir uma codorna. Seria esta, agora, a misso de

    Oxssi. Oxssi ficou lisonjeado com a honrosa tarefa eprometeu trazer a caa na manh seguinte. Assim ficou

    combinado.

    Na manh seguinte, Orunmil se dirigiu casa de Oxssi. Parasua surpresa, o caador apareceu na porta irado e assustado,

    dizendo que lhe haviam roubado a caa. Oxssi, desorientado,

    perguntou sua me sobre a codorna, e ela respondeu comares de desprezo, dizendo que no estava interessada naquilo.Orunmil exigiu que Oxssi lhe trouxesse outra codorna, senono receberia o Ax de Olodumare. Oxssi caou outra codorna,

    guardando-a no embornal. Procurou Orunmil e ambosdirigiram-se ao palcio de Olodumare no Orum. Entregaram a

    codorna ao Senhor do Mundo. De soslaio Olodumare olhou paraOxssi e, estendendo seu brao direito, fez dele o rei dos

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    caadores. Agradecido a Olodumarea agarrado a seu arco,Oxssi disparou uma flecha ao azar e disse que aquela deveria

    ser cravada no orao de quem havia roubado a primeiracodorna. Oxssi desceu Terra. Ao chegar em casa encontrou ame morta com uma flecha cravada no peito. Desesperado, ps-

    se a gritar e por um bom tempo ficou de joelhos inconformadocom seu ato. Negou, dali em diante, o ttulo que recebera deOlodumare.

    [ Lenda 54 do Livro Mitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

    Oxssi desobedece a Obatal e no conseguemais caar.

    Havia uma grande fome e faltava comida na Terra. EntoObatal enviou Oxssi para que ele a caasse e provesse o

    sustento de todos os que estavam sem comida. Oxssi caoutanto, mas tanto, que ficou obsessivo: ele queria matar e

    destruir tudo o que encontrasse. Obatal pediu-lhe que parassede caar, mas Oxssi desobedeceu. Oxssi continuou caando.Um dia encontrou uma ave branca, um pombo. Sem se importarque os animais brancos so de Obatal, Oxssi matou o pombo.

    Obatal voltou a pedir que ele no caasse mais, porm Oxssicontinuou caando. Uma noite Oxssi encontrou um veado eatirou nele muitas flechas. Mas as flechas no lhe causavam

    nenhum dano. Oxssi aproximou-se mais e flechou a cabea doanimal. Nesse momento, o veado se iluminou. Era Obatal

    disfarado, ali, todo flechado por Oxssi. Oxssi no conseguiucaar nunca mais. Profundo foi seu desgosto.

    [ Lenda 55 do LIvro Mitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

    Oss mata o grande pssaro.

    Em tempos distantes, Oddwa, Ob de If, diante do seuPalcio Real, chefiava o seu povo na festa da colheita dos

    inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos emhomenagem, deram uma grande festa comemorando o

    acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma emgrande fartura.

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    De repente, um grande pssaro, (lye), pousou sobre oPalcio, lanando os seus gritos malignos, e lanando fardas de

    fogo, com inteno de destruir tudo que por ali existia, pelofato de no terem oferecido uma parte da colheita as js

    (feiticeira, portadoras do pssaro), personificando seus poderes

    atravez de yamsrng.

    Todos se encheram de pavor, prevendo desgraas ecatstrofes.

    O Oba ento mandou buscar Osotadot, o caador das 50flechas, em Ilar, que, arrogante e cheio de si, errou todas as

    suas investidas, desperdiando suas 50 flechas.

    Chamou desta vez, das terras de Mor, Osotogi, com suas 40flechas. Embriagado, o guerreiro tambm desperdiou todas

    suas investidas contra o grande pssaro.

    Ainda foi, convidado para grande faanha de matar opssaro, das distantes terras de Id, Osotogum, o guardio das

    20 flechas. Fanfaro, apesar da sua grande fama e destreza,atirou em vo 20 flechas, contra o pssaro encantado e nada

    aconteceu.

    Por fim, j com todos sem esperana, resolveram convocarda cidade de Ireman, sotoknsos, caador de apenas uma

    flecha.Sua me Yemonj, sabia que as lye viviam em clera, e

    nada poderia ser feito para apaziguar sua fria a no ser umaoferenda, vez que trs dos melhores caadores falharam em

    suas tentativas.

    Yemonj foi consultar If para sotoknsos.

    Foi consultar os Bblwo. Eles disseram que faaoferendas. Eles dizem que Yemonj prepare ekjb (gro

    muito duro) naquele dia. Eles dizem que tenha tambm umfrango pp(frango com

    as plumas crespas). Eles dizem que tenha k (massa de milhoenvolta em folhas de bananeira).

    Eles dizem que Yemonj tenha seis kauris. Yemonj fazento assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o

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    peito de um pssaro sacrificado em inteno. Eles dizem queoferea em uma estrada, dizem que recite o seguinte: Que o

    peito da ave receba esta oferenda.

    Neste exato momento, o seu filho disparava sua nica flecha

    em direo ao pssaro, esse abria sua guarda recebendo aoferenda ofertada por Yemonj, recebendo tambm a flechaserteira e mortal de sotoknsos.

    Todos aps tal ato, comearam a danar e gritar de alegria:ss! ss! (caador do povo).

    A partir desse dia todos conheceram o maior guerreiro detodas as terras, foi referenciado com honras e carrega seu ttulo

    at hoje.

    ss.

    Oi sopra a forja de Ogun e cria o vento e atempestade

    Osagui estava em guerra, mas a guerra no acabava nunca,

    to poucas

    eram as armas para guerrear.

    gn fazia as armas, mas fazia lentamente.

    Osagui pediu a seu amigo gn urgncia, Mas o ferreiro jfazia o

  • 8/7/2019 LENDAS DE ORIXAS

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    possvel.

    O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramentanova

    tardava como o tempo.Tanto reclamou Osagui que Oy, esposa do ferreiro,

    resolveu ajudar

    gn a apressar a fabricao.

    Oy se ps a soprar o fogo da forja de gn e seu sopro avivava

    intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia oferro mais

    rapidamente.

    Logo gn pode fazer muitas armas e com as armasOsagui venceu a

    guerra.

    Osagui veio ento agradecer gn. E na casa de gnenamorou-se de

    Oy.

    Um dia fugiram Osagui e Oy, deixando gn enfurecido esua forja

    fria.

    Quando mais tarde Osagui voltou guerra e quandoprecisou de armas

    muito urgentemente, Oy teve que voltar a avivar a forja. E lda casa de

    Osagui, onde vivia, Oy soprava em direo forja

    degn.

    E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidadede Osagui

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    da de gn.

    E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo p, folhas etudo o mais

    pelo caminho, at chegar s chamas com furor atiava.E o povo se acostumou com o sopro de Oy cruzando os

    ares e logo o

    chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrvel e maisurgia a

    fabricao das armas, mais forte soprava Oy a forja de gn.To forte

    que s vezes destrua tudo no caminho, levando casas,arrancando rvores,

    arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o soprodestrutivo de Oy e

    o povo chamava a isso tempestade.

    [ Lenda 173 do livro Mitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

    Oi recebe o nome de Ians, me dos nove filhos

    Oi desejava ter filhos, mas no podia conceber

    Oi foi consultar um babala e ele mandou que ela fizesse umeb.

    Ela deveria oferecer um carneiro, um agut,

    muitos bzios e muitas roupas coloridas.

    Oi fez o sacrifcio e teve nove filhos.

    Quando ela passava, indo em direo ao mercado, o povo dizia:

    "L vai Ians".

    L ia Ians, que quer dizer me nove vezes.

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    E l ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dend.

    Oi no podia ter filhos, mas tve nove,

    depois de sacrificar um carneiro.

    E em sinal de respeito por seu pedido atendido

    Ians, a me de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.

    [ Lenda 163 do livro Mitologia dos Orixs de Reginaldo Prandi ]

    Oi ganha de Obalua o reino dos mortos

    Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes.

    Omulu-Obalua chegou vestindo seu capucho de palha.

    Ningum o podia reconhecer sob o disfarce

    e nenhuma mulher quis danar com ele.

    S Oi, corajosa, atirou-se na dana com o Senhor da Terra.

    Tanto girava Oi na sua dana que provocava vento.

    E o vento de Oi levantou as palhas e descobriu o corpo deObalua.

    Para surpresa geral, era um belo homem.

    O povo o aclamou por sua beleza.

    Obalua ficou mais do que contente com a festa, ficou grato.

    E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino.

    Fez de Oi a rainha dos espritos dos mortos.

    Rainha que OiIgbal, a condutora dos eguns.

    Oi ento danou e danou de alegria.

    Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos,

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    quando ela danava agora, agitava no ar o iruquer,

    o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.

    Rainha OiIgbal, a condutora dos espritos.

    Rainha que foi sempre a grande paixo de Omulu.

    Exu instaura o conflito entre Iemanj, Oi eOxum.

    Um dia, foram juntas ao mercado Oi e Oxum, esposas de Xang, e Iemanj, esposa deOgum.

    Exu entrou no mercado conduzindo uma cabra.

    Ele viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discrdia.

    Aproximou-se de Iemanj, Oi e Oxum e disse que tinha um compromisso importante comOrunmila.

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    Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte bzios. Props queficassem com a metade do lucro obtido.

    Iemanj, Oi e Oxum concordaram e Exu partiu.

    A cabra foi vendida por vinte bzios. Iemanj, Oi e Oxum puseram os dez bzios de Exua parte e comearam a dividir os dez bzios que lhe cabiam. Iemanj contou os bzios.Haviam trs bzios para cada uma delas, mas sobraria um. No era possvel dividir os dezem trs partes iguais. Da mesma forma Oi e Oxum tentaram e no conseguiram dividir osbzios por igual. A as trs comearam a discutir sobre quem ficaria com a maior parte.

    Iemanj disse: costume que os mais velhos fiquem com a maior poro. Portanto, eupegarei um bzio a mais.

    Oxum rejeitou a proposta de Iemanj, afirmando que o costume era que os mais novosficassem com a maior poro, que por isso lhe cabia.

    Pi intercedeu, dizendo que , em caso de contenda semelhante, a maior parte caberia domeio.

    As trs no conseguiam resolver a discusso. Ento elas chamaram um homem do mercadopara dividir os bzios eqitativamente entre elas. Ele pegou os bzios e colocou em trsmontes iguais. E sugeriu que o dcimo bzio fosse dado a mais velha. Mas Oi e Oxum,que eram a segunda mais velha e a mais nova, rejeitaram o conselho. Elas se recusaram adar a Iemanj a maior parte.

    Pediram a outra pessoa q eu dividisse eqitativamente os bzios. Ele os contou, masno pde dividi-los por igual. Props que a parte maior fosse dado mais nova. Iemanj eOi.

    Ainda um outro homem foi solicitado a fazer a diviso. Ele contou os bzios, fez trsmontes de trs e ps o bzio a mais de lado. Ele afirmou que, neste caso, o bzio extradeveria ser dado quela que no nem a mais velha, nem a mais nova. O bzio devia serdado a Oi. Mas Iemanj e Oxum rejeitaram seu conselho. Elas se recusaram a dar obzio extra a Oi.

    No havia meio de resolver a diviso.

    Exu voltou ao mercado para ver como estava a discusso. Ele disse: Onde est minhaparte?.

    Elas deram a ele dez bzios e pediram para dividir os dez bzios delas de modoeqitativo.

    Exu deu trs a Iemanj, trs a Oi e tre a Oxum. O dcimo bzio ele segurou.

    Colocou-o num buraco no cho e cobriu com terra.

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    Exu disse que o bzio extra era para os antepassados, conforme o costume que se seguiano Orun.

    Toda vez que algum recebe algo de bom, deve-se lembrar dos antepassados. D-se umaparte das colheitas, dos banquetes e dos sacrifcios aos Orixs, aos antepassados. Assimtambm com o dinheiro. Este o jeito como feito no Cu. Assim tambm na terra deveser.

    Quando qualquer coisa vem para algum, deve-se dividi-la com os antepassados. Lembraique no deve haver disputa pelos bzios.

    Iemanj, Oi e oxum reconheceram que Exu estava certo. E concordaram em aceitar trsbzios cada.

    Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Oi passaram a ser mais cuidadosos comrelao aos antepassados, a eles destinando sempre uma parte importante do que ganhamcom os frutos do trabalho e com os presentes da fortuna. [Lenda 24 do Livro Mitologiados Orixs ]

    Es torna-se o amigo predileto de Orunmila.

    Como se explica a grande amizade entre Orunmila e Exu, visto que eles so opostos emgrandes aspectos ?

    Orunmila, filho mais velho de Olorun, foi quem trouxe aos humanos o conhecimento dodestino pelos bzios. Exu, pelo contrario, sempre se esforou para criar mal-entendidos erupturas, tanto aos humanos como aos Orixs. Orunmila era calmo e Exu, quente como ofogo.

    Mediante o uso de conchas adivinhas, Orunmila revelava aos homens as intenes dosupremo deus Olorun e os significados do destino. Orunmila aplainava os caminhos paraos humanos, enquanto Exu os emboscava na estrada e fazia incertas todas as coisas. Ocarter de Orunmila era o destino, o de Exu, era o acidente. Mesmo assim ficaram amigosntimos.

    Uma vez, Orunmila viajou com alguns acompanhantes. Os homens de seu sqito nolevavam nada, mas Orunmila portava uma sacola na qual guardava o tabuleiro e os Obisque usava para ler o futuro.

    Mas na comitiva de Orunmila muitos tinham inveja dele e desejavam apoderar-se de suasacola de adivinhao. Um deles mostrando-se muito gentil, ofereceu-se para carregar a

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    sacola de Orunmila. Um outro tambm se disps mesma tarefa e eles discutiram sobrequem deveria carregar a tal sacola.

    At que Orunmila encerrou o assunto dizendo: "Eu no estou cansado. Eu mesmo carregoa sacola".

    Quando orunmila chegou em casa, refletiu sobre o incidente e quis saber quem realmenteagira como um amigo de fato. Pensou ento num plano para descobrir os falsos amigos.Enviou mensagens com a notcia de que havia morrido e escondeu-se atrs da casa, ondeno podia ser visto. E l Orunmila esperou.

    Depois de um tempo, um de seus acompanhantes veio expressar seu pesar. O homemlamentou o acontecido, dizendo ter sido um grande amigo de Orunmila e que muitas vezeso ajudara com dinheiro. Disse ainda que, por gratido, Orunmila lhe teria deixado seusinstrumentos de adivinhar.

    A esposa de Orunmilapareceu compreende-lo, mas disse que a sacola havia desaparecido. Eo homem foi embora frustrado.

    Outro homem veio chorando, com artimanha pediu a mesma coisa e tambm foi emboradesapontado. E assim, todos os que vieram fizeram o mesmo pedido. At que Exu chegou.

    Exu tambm lamentou profundamente a morte do suposto amigo. Mas disse que atristeza maior seria da esposa, que no teria mais pra quem cozinhar. Ela concordou eperguntou se Orunmila no lhe devia nada. Exu disse que no. A esposa de Orunmilapersistiu, perguntando se Exu no queria a parafernlia de adivinhao

    Exu negou outra vez. A Orunmila entrou na sala, dizendo: "Exu, tu s sim meuverdadeiro amigo!".

    Depois disso nunca teve amigos to ntimos, to ntimos como Exu e Orunmila. [ lenda27 do Livro Mitologia dos Orixs]

    Exu leva aos homens o orculo de If

    Em pocas remotas os deuses passaram fome. s vezes, por longos perodos, eles norecebiam bastante comida de seus filhos que viviam na Terra.

    Os deuses cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre si guerrasassombrosas. Os descendentes dos deuses no pensavam mais neles e os deuses seperguntavam o que poderiam fazer. Como ser novamente alimentados pelos homens ? Os

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    homens no faziam mais oferendas e os deuses tinham fome. Sem a proteo dos deuses, adesgraa tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes.

    Um dia Exu pegou a estrada e foi em busca de soluo. Exu foi at Iemanj em busca dealgo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens. Iemanj lhe disse: "Nadaconseguirs. Xapan j tentou afligir os homens com doenas, mas eles no vieram lheoferecer sacrifcios".

    Iemanj disse: "Exu matar todos os homens, mas eles no lhe daro o que comer. Xang jlanou muitos raios e j matou muitos homens, mas eles nem se preocupam com ele. Ento melhor que procures soluo em outra direo. Os homens no tem medo de morrer. Emvez de amea-los com a morte, mostra a eles alguma coisa que seja to boa que elessintam vontade de t-la. E que, para tanto, desejem continuar vivos".

    Exu retornou o seu caminho e foi procurar Orung.

    Orung lhe disse: "Eu sei por que vieste. Os dezesseis deuses tem fome. preciso dar aoshomens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que os satisfaa.. Eu conheo algoque pode fazer isso. uma grande coisa que feita com dezesseis caroos de dend.Arranja os cocos da palmeira e entenda seu significado. Assim poders conquistar oshomens".

    Exu foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos macacos dezesseis cocos.Exu pensou e pensou, mas no atinava no que fazer com eles. Os macacos ento lhedisseram: "Exu, no sabes o que fazer com os dezesseis cocos de palmeira? Vai andandopelo mundo e em cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir adezesseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira. Em cada um desses

    lugares recolheras dezesseis odus. Recolhers dezesseis histrias, dezesseis orculos. Cadahistria tem a sua sabedorias, conselhos que podem ajudar os homens. Vai juntando osodus e ao final de um ano ters aprendido o suficiente. Aprenders dezesseis vezesdezesseis odus. Ento volta para onde moram os deuses. Ensina aos homens o que tersaprendido e os homens iro cuidar de Exu de novo".

    Exu fez o que lhe foi dito e retornou ao Orun, o Cu dos Orixs. Exu mostrou aos deusesos odus que havia aprendido e os deuses disseram: "Isso muito bom".

    Os deuses, ento, ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os homens. Os homensento puderam saber todos os dias os desgnios dos deuses e os acontecimentos do porvir.

    Quando jogavam os dezesseis cocos de dend e interpretavam o odu que eles indicavam,sabiam da grande quantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam a fazersacrifcios aos Orixs para afastar os males que os ameaavam. Eles recomeavam asacrificar animais e a cozinhar suas carnes para os deuses. Os Orixs estavam satisfeitos efelizes. Foi assim que Exu trouxe aos homens o If'. [Lenda 28 do livro Mitologia dosOrixs]

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    A lenda dos trs guerreiros brancosH muitos e muitos anos, existiam trs irmos: J, Jagun eAjagunan. Esses trs irmos eram bravos guerreiros e no haviabatalhas que eles invariavelmente no fossem vencedores, sempreguerreando juntos.Quando entravam as cidades, eram saudados ereverenciados por todo o povo, inclusive pelos prprios reis e rainhasdo lugar. Eram conhecidos como os trs guerreiros brancos:"JagunjagunFunfun", por sempre se vestirem de roupas brancas emhonra ao Orix Oxal.Em um tempo, houve uma guerra muito grande, entre os reinos deOxun e um reino vizinho e os trs guerreiros foram chamados paradefender o ltimo. Oxum,, grande feiticeira e estrategista que era,recorreu a If, para que o mesmo lhe dissesse o que era preciso paraque ela sasse vencedora na guerra. If ento lhe confirmou que

    somente havendo a separao dos trs guerreiros brancos, Oxunteria alguma chance de vencer e que para isso seria necessrioagradar as "Iyami", que um dia tambm j haviam sido derrotadaspelos trs e que almejavam vingana.Oxum assim fez, preparou o feitio e lanou sobre os trs guerreiros,deixando-os sem memria. Os irmos chegaram a ponto de no sereconhecerem e, por terem a natureza de guerreiros, se lanaramuns contra os outros, reconhecendo nos irmos, inimigos a seremvencidos. E, enquanto isso, o exrcito de Oxun pode passarlivremente e vencer a batalha. Aps a batalha, Oxun, retirou o feitio

    e qual no foi o espanto dos trs irmos, ao verem diante de si acidade que eles deveriam ter defendido, derrotada.Com o orgulho ferido por terem sido derrotadas por causa de magia,decidiram que cada um devia seguir seu caminho: O guerreiro J, foipara o reino de Ogun, Jagun, foi para o reino de Omolu e Ajagunanpartiu para o reino de Oxal".

    AjakAGANJ, TERRA FIRME E AJAK SEU PAI

    A histria dessa situao contada pela tradio Lucumi, no as histrias da Tradio maspelo que se considera historias adicionais.

    Antes de apaixonar-se pelo caador, Oddw deu a luz para seu marido Obatl, a ummenino e uma menina, chamados respectivamente Aganj e Yemoj. O nome Aganjsignifica a parte no habitada do pas, a regio selvagem, terra firme, a plancie, ou afloresta; e o nome Yemoj significa "me dos peixes" (yeye, me; eja, peixes). A prole da

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    unio do paraso e da terra, isto , de Obatl e de Oddw, pode assim ser ditarepresentar a unio de terra e gua. Yemoj a Deusa dos rios e crregos, e gere asdificuldades causadas pela gua. representada por uma figura feminina, sua cor oamarelo, contas azuis e vestimenta branca. A adorao de Aganj parece ter cado emdesuso, ou ter-se fundido com a de sua me; mas diz-se existir um espao aberto na frenteda residncia do rei em Oyo onde Aganj foi adorado no passado e que ainda se chama Oj-Aganj - "Olhos de Aganj".Yemoj casou-se com seu irmo Aganj, e teve um filho chamado rugn. Este nome

    combinao de orun, do cu, e de gan, do ga, para ser elevado; e parece significar "na alturado cu." Parece responder ao khekheme, ou " regio livre de ar" dos povos Ewe, parasignificar o espao aparente entre o cu e a terra. A prole da terra e da gua seria assim oque ns chamamos de ar. rugn apaixonou-se por sua me, que recusou-se a ouvir de suapaixo culpada. Um dia rugn aproveitou-se da ausncia de seu pai e a possuiu.Imediatamente depois do ato, Yemoj levantou-se e fugiu, esfregando as mos elamentando. Ela foi perseguida por rugn, que a tentou consolar dizendo que ningumprecisaria saber do ocorrido. E declarou que no poderia viver sem ela. Pediu-lhe considerarque vivesse com dois maridos, um reconhecido, e o outro em segredo; mas ela rejeitou comhorror todas suas propostas e continuou a fugir. rugn, entretanto, alcanou-a rapidamentee quando estava ao alcance de sua mo, ela caiu para trs na terra ento seu corpocomeou imediatamente a inchar em uma maneira temvel, dois crregos da gua saram deseus seios, e seu abdmen explodiu, abrindo-se. Os crregos dos seios de Yemoj uniram-seformando uma lagoa. E da abertura de seu corpo vieram:

    DadDeus dos Vegetais

    SngDeus do Relmpago

    gnDeus do Ferro e da Guerra

    lokunDeusa do Mar

    losaDeusa da Lagoa

    OyDeusa do Rio Nger

    sunDeusa do Rio sun

    ObaDeusa do Rio Oba

    rsOkoDeus da Agricultura

    ssiDeus dos Caadores

    OkeDeus das Montanhas

    AjDeus da Riqueza

    SponDeus da Varola

    run

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    O Sol

    sLua

    Para comemorar este evento construiu-se uma cidade chamada If (que significa distenso,aumento de tamanho, ou inchamento), no local onde rebentou o corpo de Yemoj, essacidade transformou-se em cidade sagrada para os povos de fala Yorub. O local onde seucorpo caiu costumava ser mostrado e provavelmente ainda o ; mas a cidade foi destrudaem 1882, na guerra entre o Ifs contra os Ibadans e os Modakekes. O mito de Yemojexplica assim a origem de diversos dos Deuses, fazendo-os netos de Obatl e de Oddw.

    AJAK

    O Alfin de y, o ObaAjak, meio irmo de Sng, era muito pacifico, aptico e norealizava um bom governo. Sng, que cresceu nas terras dos Tapas (Nupe), local de origemde Toros, sua me, e mais tarde se instalou na cidade de Kso, mesmo rejeitado pelo povopor ser violento e incontrolvel, mas sendo tirnico, se aclamou como Oba Kso. Mais tarde,com seus seguidores, se estabeleceu em y, num bairro que recebeu o mesmo nome da

    cidade que viveu,Kso e com isso manteve seu titulo de Oba Kso.

    Sng percebendo a fraqueza de seu irmo e sendo astuto e vido por poder, destrona Ajake torna-se o terceiro Alfin de y. Ajak, tambm chamado de Dad, exilado, sai de ypara reinar numa cidade menor, Igboho ,vizinha de y, e no poderia mais usar a coroareal de y. E, com vergonha por ter sido deposto, jura que neste seu reinado vai usar umaoutra coroa (ade), que lhe cubra seus olhos envergonhados e que somente ir tira-la quandoele puder usar novamente o ade que lhe foi roubado.

    Esta coroa que Dad Ajak passa a usar, rodeada por vrios fios ornados de bzios nolugar das contas preciosas do Ade Real de y, e esta chama-se Ade Baynni. Dad Ajakento casa-se e tem um filho que chama-seAganj, que vem a ser sobrinho de Sng. Sngreina durante sete anos sobre y e com intenso remorso das inmeras atrocidadescometidas e com o povo revoltado, ele abandona o trono de y e se refugia na terra natalde sua me em Tapa.

    Aps um tempo, suicida-se, enforcando-se numa rvore chamada de yn (yn) na cidadede Kso. Com o fato consumado, Dad Ajak volta y e reassume o trono, retira ento oAde Baynni e passa a usar o Ade Alfin, tornando-se ento o quarto Alfin de y. Apssua morte, assume o trono seu filho Aganj, neto de rnmyn e sobrinho de Sng,tornando-se o quinto Alfin de y. Como Aganj no teve filhos, com ele acaba a dinastiade Oddw em y, assim termina o primeiro perodo de formao dos povos yorubanos.De If at y, de Oddw a Aganj, passando por Sng.

    LENDAS DE OGUM

    Como Ogum Virou Orix

    Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia sempre um rico esplio em suas

    expedies, alm de numerosos escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava a Oddu, seu

    pai, rei de If.

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    Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas, ele tomou Ir e matou o rei, Onir e o

    substituiu pelo prprio filho, conservando para si o ttulo de Rei. Ele saudado como Ogum Onir! -

    "Ogum Rei de Ir!"

    Entretanto, ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa, "akor". Da ser chamado,

    tambm, de Ogum Alakor - "Ogum dono da pequena coroa".

    Aps instalar seu filho no trono de Ir, Ogum voltou a guerrear por muitos anos. Quando voltou

    a Ir, aps longa ausncia, ele no reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada,

    celebrava-se uma cerimnia, na qual todo mundo devia guardar silncio completo. Ogum tinha fome e

    sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas no sabia que elas estavam vazias. O silncio geral

    pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum, cuja pacincia curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com

    golpes de espada e cortou a cabea das pessoas. A cerimnia tendo acabado, apareceu, finalmente, o

    filho de Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracis e feijo, regados com dend, tudo

    acompanhado de muito vinho de palma. Ogum, arrependido e calmo, lamentou seus atos de violncia, e

    disse que j vivera bastante, que viera agora o tempo de repousar. Ele baixou, ento, sua espada e

    desapareceu sob a terra. Ogum tornara-se um Orix.

    Lenda de Ogum Xoroqu

    Uma vez ao voltar de uma caada no encontrou vinho de palma (ele devia estar com muita

    sede), e zangou-se de tal maneira que irado subiu a um monte ou montanha e Xoroqu (gritou

    Ferozmente ou cortou cruelmente do alto da montanha ou monte), cobrindo-se de sangue e fogo e

    vestiu-se somente com o mariwo, esse Ogum furioso chamado agora de Xoroqu, foi para longe para

    outros reinos, para as terras dos Ibos, para o Daom, ate para o lado dos Ashantis, sempre furioso,

    Guerreando, lutando, invadindo e conquistando. Com um comportamento raivoso que muitos chegaram

    a pensar tratar-se de Exu zangado por no ter recebido suas oferendas ou que ele tivesse se

    transformado num Exu (talvez seja por isso que chegue a ser tratado como sendo metade exu por

    muitos do candombl). Antes que ele chegasse a Ire, um Oluwo que vivia l recomendou aos habitantes

    que oferecessem a Xoroqu, um Aja (cachorro), Exu (inhame), e muito vinho de palma, tambm

    recomendou que, com o corpo prostrado ao cho, em sinal de respeito recitassem o seusorikis, e

    tocadores tocassem em seu louvor. Sendo assim todos fizeram o que lhes havia sido recomendado s

    que o Rei no seguiu os conselho, e quando Xoroqu chegou foi logo matando o Rei, e antes que ele

    matasse a populao Eles fizeram o recomendado e acalmaram Xoroqu, que se acalmou e se

    proclamou Rei de Ire sendo assim toda vez que Xoroqu se zanga ele sai para o mundo para guerrear e

    descontar sua ira chegando ate a ser considerado um Exu e quando retorna a Ire volta a sua

    caracterstica de Ogum guerreiro e vitorioso Rei de Ire.

    Ogum d ao homem o segredo do ferro

    Na Terra criada por Oxal, em If, os orixs e os seres humanos trabalhavam e viviam em

    igualdade. Todos caavam e plantavam usando frgeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal

    mole. Por isso o trabalho exigia grande esforo. Com o aumento da populao de If, a comida andava

    escassa. Era necessrio plantar uma rea maior. Os orixs ento se reuniram para decidir como fariam

    para remover as rvores do terreno e aumentar a rea de lavoura. Osse, o orix da medicina, disps-se

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    a ir primeiro e limpar o terreno. Mas seu faco era de metal mole e ele no foi bem sucedido. Do

    mesmo modo que Osse, todos os outros Orixs tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de

    limpar o terreno para o plantio. Ogum, que conhecia o segredo do ferro, no tinha dito nada at ento.

    Quando todos os outros Orixs tinham fracassado, Ogum pegou seu faco, de ferro, foi at a mata e

    limpou o terreno. Os Orixs, admirados, perguntaram a Ogum de que material era feito to resistente

    faco. Ogum respondeu que era o ferro, um segredo recebido de Orunmil. Os Orixs invejaram Ogum

    pelos benefcios que o ferro trazia, no s agricultura, como caa e at mesmo guerra.

    Por muito tempo os Orixs importunaram Ogum para saber do segredo do ferro, mas ele

    mantinha o segredo s para si. Os Orixs decidiram ento oferecer-lhe o reinado em troca do que ele

    lhes ensinasse tudo sobre aquele metal to resistente. Ogum aceitou a proposta. Os humanos tambm

    vieram a Ogum pedir-lhe o conhecimento do ferro. E Ogum lhes deu o conhecimento da forja, at o dia

    em que todo caador e todo guerreiro tiveram sua lana de ferro. Mas, apesar de Ogum ter aceitado o

    comendo dos Orixs, antes de mais nada ele era um caador. Certa ocasio, saiu para caar e passou

    muitos dias fora numa difcil temporada. Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os Orixs

    no gostaram de ver seu lder naquele estado. Eles o desprezaram e decidiram destitu-lo do reinado.

    Ogum se decepcionou com os Orixs, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles ofizeram rei e agora dizem que no era digno de govern-los. Ento Ogum banhou-se, vestiu-se com

    folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. Num lugar distante chamado Ir, construiu

    uma casa embaixo da arvore de Acoco e l permaneceu. Os humanos que receberam de Ogum o

    segredo do ferro no o esqueceram. Todo ms de dezembro, celebravam a festa de Uid Ogum.

    Caadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifcios em memria de Ogum. Ogum o

    senhor do ferro para sempre.

    Ogum livra um pobre de seus exploradores

    Um pobre homem peregrinava por toda parte, trabalhando ora numa, ora noutra plantao.

    Mas os donos da terra sempre o despediam e se apoderavam de tudo o que ele construa. Um dia esse

    homem foi a um babalawo, que o mandou fazer um eb na mata. Ele juntou o material e foi fazer o

    despacho, mas acabou fazendo tal barulho que Ogum, foi ver o que ocorria. O homem, ento, deu-se

    conta da presena de Ogum e caiu a seus ps, implorando seu perdo por invadir a mata. Ofereceu-lhe

    todas as coisas boas que ali estavam. Ogum aceitou e satisfez-se com o eb. Depois conversou com o

    peregrino, que lhe contou por que estava naquele lugar proibido. Falou-lhe de todos os seus infortnios.

    Ogum mandou que ele desfiasse folhas de dendezeiro (mariwo), e as colocasse nas portas das casas de

    seus amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela noite Ogum destruiria a cidade de

    onde vinha o peregrino. Seria destrudo at o cho. E assim se fez. Ogum destruiu tudo, menos as casas

    protegidas pelo mariwo.

    Ogum chama a Morte para ajuda-lo numa aposta com Xang

    Ogun e Xang nunca se reconciliaram. Vez por outra digladiavam-se nas mais absurdas

    querelas. Por pura satisfao do esprito belicoso dos dois. Eram, os dois, magnficos guerreiros. Certa

    vez Ogum props a Xang uma trgua em suas lutas, pelo menos at que a prxima lua

    chegasse. Xang fez alguns gracejos, Ogum revidou, mas decidiram-se por uma aposta, continuando

    assim sua disputa permanente. Ogum props que ambos fossem a praia e recolhessem o maior nmero

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    de bzios que conseguissem. Quem juntasse mais, ganharia. e quem perdesse daria ao vencedor o fruto

    da coleta. Puseram-se de acordo.

    Ogum deixou Xang e seguiu para a casa de Ians, solicitando-lhe que pedisse a Iku (a morte)

    que fosse praia no horrio que tinha combinado com Xang. Na manh seguinte, Ogum e Xang

    apresentaram-se na praia e imediatamente o enfrentamento comeou. Cada um ia pegando os bzios

    que achava. Xang cantarolava sotaques jocosos contra Ogum. Ogum, calado, continuava a coleta. Oque Xang no percebeu foi a aproximao de Iku. Ao erguer os olhos, o guerreiro deparou com a

    morte, que riu de seu espanto. Xang soltou o saco da coleta, fugindo amedrontado e escondendo-se de

    Iku. noite Ogum procurou Xang, mostrando seu esplio. Xang, envergonhado, abaixou a cabea e

    entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta.

    LENDA DE OGUN

    Ogun vivia em sua aldeia, quando foi requisitad o para uma guerra, que notinha data para acabar. Antes de partir, ele exigiu que seus habitantesdedicassem um dia em sua homenagem, fazendo o sacrifcio de jejuar efazer silncio absoluto, alm de outras oferendas.Partiu, em sua longa jornada, para os campos de batalha, onde permaneceu

    sete anos. No regresso sua aldeia, caminhou durante muitos dias, sentindomuito cansao. A fome e a sede tambm o atormentavam. Na primeira casaque encontrou pediu gua e comida, mas ningum o atendeu, permanecendocalados e de olhos fixos no cho.Resolveu, ento, fazer outra tentativa na prxima casa, mas a cena foi amesma, o que despertou sua ira. Ele esbravejou com os moradores, exigindoque falassem com ele, mas ningum o fez.No se conformava com tamanha falta de respeito, depois de ter lutadotanto!Ogun esperava uma recepo calorosa em sua prpria aldeia, mas, aocontrrio, s encontrou silncio. medida que avanava pelo interior da cidade, a mesma coisa se repetia,

    casa aps casa. Ogun nem imaginava o que estava acontecendo. Perguntavaeno recebia resposta.Sua ira j estava incontrolvel, quando chegou ao centro do povoado, ondehaviam muitas pessoas. Estranhou o fato de ningum estar conversando.Perguntou a eles onde estavam suas famlias, mas no obteve resposta. Erauma afronta!Foi assim que, evocando todos os seus poderes, Ogun dizimou sua prpriaaldeia.Caadores que passavam pela cidade, entre eles seu filho, o reconheceram etentaram aproximar-se. Vendo que sua clera era imensa, resolveram evocarEx para acalm-lo.

    A ira desse orix finalmente foi aplacada. Seu filho, indignado ao ver tantadestruio, indagou o motivo que levou seu pai a cometer tal atrocidade.Ogun respondeu que aquelas pessoas lhe faltara m com respeito quando no oreconheceram. Precisavam de um castigo.Foi, ento, que seu filho fez-lhe lembrar da exigncia que fizera antes departir para a guerra.Ogun, tomado pelo remorso, devido sua crueldade com pessoas que sestavam obedecendo ordens, abriu o cho com sua espada enterrando-se de

    p.

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    Lendas De Ex

    Porque Ex Recebe Oferendas Antes Dos Outros Orixs

    Exu foi o primeiro filho de Iemanj e Oxal. Ele era muitolevado e gostava de fazer brincadeiras com todo mundo.Tantas fez que foi expulso de casa. Saiu vagando pelo mundo,e ento o pas ficou na misria, assolado por secas eepidemias. O povo consultou If, que respondeu que Exuestava zangado porque ningum se lembrava dele nas festas;e ensinou que, para qualquer ritual dar certo, seria precisooferecer primeiro um agrado a Exu. Desde ento, Exu recebe

    oferendas antes de todos, mas tem que obedecer aos outrosOrixs, para no voltar a fazer tolices.

    Vingana de Ex

    Um homem rico tinha uma grande criao de galinhas.Certa vez, chamou um pintinho muito travesso de Ex,acrescentando vrios xingamentos. Para se vingar, Ex fezcom que o pinto se tornasse muito violento. Depois que setornou galo, ele no deixava nenhum outro macho sossegadono galinheiro: feria e matava todos os que o senhor comprava.Com o tempo, o senhor foi perdendo a criao e ficou pobre.Ento, perguntou a um babala o que estava acontecendo. Osacerdote explicou que era uma vingana de Ex e que eleprecisaria fazer um eb pedindo perdo ao Orix.Amedrontado, o senhor fez a oferenda necessria e o galo setornou calmo, permitindo que ele recuperasse a produo.

    Ex Instaura O Conflito Entre Iemanj, Oi E Oxum

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    Um dia, foram juntas ao mercado Ians e Oxum, esposasde Xang, e Iemanj, esposa de Ogum. Ex entrou no mercadoconduzindo uma cabra, viu que tudo estava em paz e decidiuplantar uma discrdia. Aproximou-se de Iemanj, Ians e

    Oxum e disse que tinha um compromisso importante comOrumil.

    Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem suacabra por vinte bzios. Props que ficassem com a metade dolucro obtido. Iemanj, Oi e Oxum concordaram e Ex partiu. Acabra foi vendida por vinte bzios. Iemanj, Ians e Oxumpuseram os dez bzios de Ex a parte e comearam a dividir

    os dez bzios que lhe cabiam. Iemanj contou os bzios.Haviam trs bzios para cada uma delas, mas sobraria um.No era possvel dividir os dez em trs partes iguais. Damesma forma Ians e Oxum tentaram e no conseguiramdividir os bzios por igual. A as trs comearam a discutirsobre quem ficaria com a maior parte.

    Iemanj disse: costume que os mais velhos fiquemcom a maior poro. Portanto, eu pegarei um bzio a mais.Oxum rejeitou a proposta de Iemanj, afirmando que ocostume era que os mais novos ficassem com a maior poro,que por isso lhe cabia.

    Ians intercedeu, dizendo que, em caso de contendasemelhante, a maior parte caberia do meio. As trs noconseguiam resolver a discusso.

    No havia meio de resolver a diviso. Ex voltou aomercado para ver como estava a discusso. Ele disse: Ondeest minha parte?.

    Elas deram a ele dez bzios e pediram para dividir os dezbzios delas de modo eqitativo. Ex deu trs a Iemanj, trsa Oi e trs a Oxum. O dcimo bzio ele segurou. Colocou-o

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    num buraco no cho e cobriu com terra. Ex disse que o bzioextra era para os antepassados, conforme o costume que seseguia no Orun.

    Toda vez que algum recebe algo de bom, deve-selembrar dos antepassados. D-se uma parte das colheitas,dos banquetes e dos sacrifcios aos Orixs, aos antepassados.Assim tambm com o dinheiro. Este o jeito como feito noCu. Assim tambm na terra deve ser. Quando qualquer coisavem para algum, deve-se dividi-la com os antepassados.Lembrai que no deve haver disputa pelos bzios.

    Iemanj, Oi e oxum reconheceram que Ex estava certo.

    E concordaram em aceitar trs bzios cada.

    Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Oipassaram a ser mais cuidadosos com relao aosantepassados, a eles destinando sempre uma parteimportante do que ganham com os frutos do trabalho e comos presentes da fortuna.

    Ex Torna-Se O Amigo Predileto De Orumil

    Como se explica a grande amizade entre Orumil e Ex,visto que eles so opostos em grandes aspectos?

    Orumil, filho mais velho de Olorum, foi quem trouxe aoshumanos o conhecimento do destino pelos bzios. Ex, pelocontrario, sempre se esforou para criar mal-entendidos e

    rupturas, tanto aos humanos como aos Orixs. Orumil eracalmo e Ex, quente como o fogo.

    Mediante o uso de conchas adivinhas, Orumil revelavaaos homens as intenes do supremo deus Olorum e ossignificados do destino. Orumil aplainava os caminhos para

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    os humanos, enquanto Ex os emboscava na estrada e faziaincertas todas as coisas. O carter de Orumil era o destino, ode Ex, era o acidente. Mesmo assim ficaram amigos ntimos.

    Uma vez, Orumil viajou com alguns acompanhantes. Oshomens de seu sqito no levavam nada, mas Orumilportava uma sacola na qual guardava o tabuleiro e os Obisque usava para ler o futuro.

    Mas na comitiva de Orumil muitos tinham inveja dele edesejavam apoderar-se de sua sacola de adivinhao. Umdeles mostrando-se muito gentil, ofereceu-se para carregar asacola de Orumil. Um outro tambm se disps mesma

    tarefa e eles discutiram sobre quem deveria carregar a talsacola.

    At que Orumil encerrou o assunto dizendo: "Eu noestou cansado. Eu mesmo carrego a sacola".

    Quando Orumil chegou em casa, refletiu sobre oincidente e quis saber quem realmente agira como um amigode fato. Pensou ento num plano para descobrir os falsos

    amigos. Enviou mensagens com a notcia de que haviamorrido e escondeu-se atrs da casa, onde no podia servisto. E l Orumil esperou.

    Depois de um tempo, um de seus acompanhantes veioexpressar seu pesar. O homem lamentou o acontecido,dizendo ter sido um grande amigo de Orumil e que muitasvezes o ajudara com dinheiro. Disse ainda que, por gratido,

    Orumil lhe teria deixado seus instrumentos de adivinhar.

    A esposa de Orumil pareceu compreend-lo, mas disseque a sacola havia desaparecido. E o homem foi emborafrustrado. Outro homem veio chorando, com artimanha pediua mesma coisa e tambm foi embora desapontado. E assim,

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    todos os que vieram fizeram o mesmo pedido. At que Exchegou.

    Ex tambm lamentou profundamente a morte dosuposto amigo. Mas disse que a tristeza maior seria daesposa, que no teria mais pra quem cozinhar. Ela concordoue perguntou se Orumil no lhe devia nada. Ex disse queno. A esposa de Orumil persistiu, perguntando se Ex noqueria a parafernlia de adivinhao. Ex negou outra vez. AOrumil entrou na sala, dizendo: "Ex, tu s sim meuverdadeiro amigo!". Depois disso nunca teve amigos tontimos, to ntimos como Ex e Orumil.

    Ex Leva Aos Homens O Orculo De If

    Em pocas remotas os deuses passaram fome. s vezes,por longos perodos, eles no recebiam bastante comida deseus filhos que viviam na Terra. Os deuses cada vez mais seindispunham uns com os outros e lutavam entre si guerrasassombrosas. Os descendentes dos deuses no pensavam

    mais neles e os deuses se perguntavam o que poderiam fazer.Como ser novamente alimentados pelos homens? Os homensno faziam mais oferendas e os deuses tinham fome. Sem aproteo dos deuses, a desgraa tinha se abatido sobre aTerra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes. Um diaEx pegou a estrada e foi em busca de soluo. Ex foi atIemanj em busca de algo que pudesse recuperar a boavontade dos homens. Iemanj lhe disse: "Nada conseguirs.Xapan j tentou afligir os homens com doenas, mas elesno vieram lhe oferecer sacrifcios".

    Iemanj disse: "Ex matar todos os homens, mas elesno lhe daro o que comer. Xang j lanou muitos raios e jmatou muitos homens, mas eles nem se preocupam com ele.

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    Ento melhor que procures soluo em outra direo. Oshomens no tem medo de morrer. Em vez de amea-los coma morte, mostra a eles alguma coisa que seja to boa que elessintam vontade de t-la. E que, para tanto, desejem continuar

    vivos".

    Ex retornou o seu caminho e foi procurarOrung. Orung lhe disse: "Eu sei por que vieste. Os dezesseisdeuses tem fome. preciso dar aos homens alguma coisa deque eles gostem, alguma coisa que os satisfaa. Eu conheoalgo que pode fazer isso. uma grande coisa que feita comdezesseis caroos de dend. Arranja os cocos da palmeira e

    entenda seu significado. Assim poders conquistar oshomens".

    Ex foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhardos macacos dezesseis cocos. Ex pensou e pensou, mas noatinava no que fazer com eles. Os macacos ento lhedisseram: "Ex, no sabes o que fazer com os dezesseis cocosde palmeira? Vai andando pelo mundo e em cada lugarpergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir adezesseis lugares para saber o que significam esses cocos depalmeira. Em cada um desses lugares recolheras dezesseisodus, recolhers dezesseis histrias, dezesseis orculos. Cadahistria tem a sua sabedorias, conselhos que podem ajudar oshomens. Vai juntando os odus e ao final de um ano tersaprendido o suficiente. Aprenders dezesseis vezes dezesseisodus. Ento volta para onde moram os deuses. Ensina aos

    homens o que ters aprendido e os homens iro cuidar de Exde novo". Ex fez o que lhe foi dito e retornou ao Orun, o Cudos Orixs. Ex mostrou aos deuses os odus que haviaaprendido e os deuses disseram: "Isso muito bom".

    Os deuses, ento, ensinaram o novo saber aos seusdescendentes, os homens. Os homens ento puderam saber

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    todos os dias os desgnios dos deuses e os acontecimentos doporvir. Quando jogavam os dezesseis cocos de dend einterpretavam o odu que eles indicavam, sabiam da grandequantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam a

    fazer sacrifcios aos Orixs para afastar os males que osameaavam. Eles recomeavam a sacrificar animais e acozinhar suas carnes para os deuses. Os Orixs estavamsatisfeitos e felizes. Foi assim que Ex trouxe aos homens oOrculo de If.

    LENDA DE EX

    Ex sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos osorixs. Olorun,quando o criou, deu-lhe, entre outras funes, a decomunicador e elementode ligao entre tudo o que existe. Por isso, nas festas quese realizavam noorun (cu), ele tocava tambores e cantava, para trazeralegria e animao atodos.

    Sempre foi assim, at que um dia os orixs acharam que osom dos tamborese dos cnticos estavam muito altos, e que no ficava bemtanta agitao.Ento, eles pediram a Ex, que parasse com aquelaatividade barulhenta,para que a paz voltasse a reinar.Assim foi feito, e Ex nunca mais tocou seus tambores,respeitando a

    vontade de todos.Um belo dia, numa dessas festas, os orixs comearam asentir falta daalegria que a msica trazia. As cerimnias ficavam muitomais bonitas aosom dos tambores.

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    Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Ex quevoltasse a animaras festas, pois elas estavam muito sem vida.Ex negou-se a faz-lo, pois havia ficado muito ofendido

    quando suaanimao fora censurada, mas prometeu que daria essafuno para aprimeira pessoa que encontrasse.Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Ex confiou-lhea misso de tocartambores e entoar cnticos para animar todas asfestividades dos orixs. E,daquele dia em diante, os homens que exercessem esse

    cargo seriamrespeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.

    Orix da cura, continuidade e da existncia !!!

    Chegando de viagem aldeia onde nascera,Obaluai viu que estava acontecendo uma festa com a presena

    de todos os orixs. Obaluai no podia entrar na festa, devido sua medonha aparncia. Ento ficou espreitando pelas

    frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angstia do Orix, cobriu -o com uma roupa de palha, com um capuz que

    ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado,

    Obaluai entrou, mas ningum se aproximava dele. Ians tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a

    triste situao de Obaluai e dele se compadecia. Ians esperou que ele estivesse bem no centro do barraco. O xir(festa, dana, brincadeira) estava animado. Os orixs danavam alegremente com suas ekedes. Ians chegou ento

    bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de

    Obaluai pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barraco.

    Obaluai, o deus das doenas, transformara-se num jovem belo e encantador. Obaluai e Ians Igbal tornaram-segrandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espritos dos mortos, partilhando o poder nico de abrir e

    interromper as demandas dos mortos sobre os homens.

    Xapan, rei de Nup.

    Xapan, originrio de Tapa, leva seus guerreiros para uma expedio aos quatro cantos da terra. Uma pessoa

    ferida por suas flechas ficava cega, surda ou manca, Obalua -Xapan chega ao territrio de Mahi no norte de Daom,

    matando e dizimando todos os seus inimigos e comea a destruir tudo o que encontra a sua frente. Os Mahis foram

    consultar um Babala e o mesmo ensinou-os como fazer para acalmarXapan. O Babala diz que estes deveriam

    trat-lo com pipocas, que isso iria tranqiliza-lo, e foi o que aconteceu. Xapan tornou-se dcil. Xapan contentecom as atenes recebidas mandou construir um palcio onde foi viver e no mais voltou ao pas Emp. O Mahi

    prosperou e tudo se acalmou.

    As Duas Mes de Obaluai

    Filho de Oxal e Nan, nasceu com chagas, uma doena de pele que fedia e causava medo aos outros, sua

    me Nan morria de medo da varola, que j havia matado muita gente no mundo. Por esse motivo Nan, o

    abandonou na beira do mar. Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanj encontrou um

    cesto contendo uma criana. Reconhecendo-a como sendo filho de Nan, pegou-a em seus braos e a criou como seu

    filho em seus seios lacrimosos. O tempo foi passando e a criana cresceu e tornou um grande guerreiro, feiticeiro e

    caador. Se cobria com palha da costa, no para esconder as chagas com a qual nasceu, e sim porque seu corpo

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    brilhava como a luz do sol. Um dia Iemanj chamou Nan e apresentou -a a seu filhoXapan, dizendo:Xapan, meu

    filho receba Nan sua me de sangue. Nan, este Xapan nosso filho. E assim Nan foi p erdoada por Omulu e este

    passou a conviver com suas duas mes.

    LENDA DE OBALUAYE OMULUNanan, esposa de Orixal, gerou e deu luz a um filho. Sua criao no foiperfeita, nascendo uma criana doente, com muitas chagas recobrindo seupequeno corpo. Ela no conseguia imaginar que maldio era aquela, quetrouxe de suas entranhas uma criatura to infeliz!Sentindo-se impossibilitada de cuidar daquela criana, pois mal conseguiaolhar para ela, resolveu deix -la perto do mar. Se a morte a levasse seriamelhor para todos.Yemonj, que estava saindo do mar, viu aquele pequeno ser deitado nasareias da praia. Ficou olhando por algum tempo, para ver se havia algumtomando conta dele, mas ningum aparecia. Ento, a grande divindade dasgua foi ver o que estava acontecendo. Quando chegou mais perto, pdecompreender que aquela criana tinha sido abandonada por estargravemente enferma. Sentindo uma imensa compaixo por aquela pobrecriatura, no pensou em mais nada, a no ser em adot -lo como a um filho.Com seu grande instinto maternal, Yemonj dispensou a ele todo o carinho eos cuidados necessrios para livr-lo da doena. Ela envolveu todo o corpodo menino com palhas, para que sua pele pudesse respirar e, assim, fecharas chagas.Obaluay cresceu e continuou usando aquele tipo de roupa, e ningum, a noser sua querida me, tinha visto seu rosto. Era um ser austero e misterioso,provocando olhares curiosos e assustados de todos. Ningum conseguiaimaginar o que se escondia sob aquelas palhas.

    Oy, certa vez, o encarou, pedindo que descobrisse seu rosto, pois queriadesvendar, de uma vez por todas, aquele mistrio. Obaluay, sem lhe dar amenor ateno, negou-se a faz-lo. Ela, que nunca se deu por vencida,resolveu enfrent-lo. Usando toda sua fora, evocou o vento, fazendo voaras palhas que o protegiam.Quando a poeira assentou, Oy pode ver um ser de uma beleza to radiante,que s poderia ser comparado ao sol. Nem mesmo ela, como orix, conseguiaerguer os olhos para ele. Assim, todos entenderam que aquele mistriodeveria continuar escondido.Uma outra lenda nos mostra que esse poderoso orix, em suas andanas pelomundo, pode presenciar o desenrolar de muitas guerras. Os povos queOlorun criou e deu vida brigavam por um pedao de terra. Muitas pessoas

    morriam, para que seus lderes pudessem conquistar extenses maiores paraseu reinado. Os limites, para esses guerreiros, eram insuperveis, e asguerras no tinham mais fim. Obaluay no entendia o motivo destasguerras, j que Olorun havia criado a terra para todos.As lutas traziam muita dor e destruio, e ningum mais sabia dar o devidovalor vida humana. Os homens s pensavam em seus interesses materiais.Obaluay, indignado com essa situao, resolveu mostr ar a eles que a vida o maior tesouro que algum pode ter.O poderoso orix traou, ento, com seu cajado, um grande crculo no cho,

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    no centro dos conflitos. Colocou dentro dele todo tipo de doena existente.Todo guerreiro, que por ali passasse, iria co ntrair algum tipo de doena.De fato, foi o que aconteceu. Muitas pessoas adoeceram, inclusive os lderesdos exrcitos. S isso conseguiu por fim s guerras.As doenas se transformaram em epidemias, deixando populaes inteiras beira da morte.

    Um babalaw revelou o mau pressgio, pedindo a todos que refletissemsobre o que estava acontecendo, por culpa deles prprios. Obaluay haviamandado essas mazelas para a terra, a fim de mostrar que, enquanto temossade e uma vida plena, no devemos nos preocupar excessivamente comcoisas materiais. Desta vida nada se leva, a no ser o conhecimento e aexperincia que acumulamos.Assim, os que aceitaram esses desgnios e fizeram oferendas, conformeexplicou o babalaw, conseguiram livrar-se de suas enfermidades erestabelecer sua dignidade. Mas, infelizmente, nem todos agiram assim.Talvez, por isso, existam tantos povos africanos vivendo do mesmo jeito hmilhares de anos, tentando no se desligar da natureza.

    LENDAS DE OSSE

    Osse recusa-se a cortar as ervas miraculosas

    Osse era o nome de um escravo que foi vendido a Orumil. Um dia ele foi floresta a l

    conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna s, ficou amigo de

    Osse e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia, Orumil, desejoso de fazer uma grande

    plantao, ordenou a Osse que roasse o mato de suas terras. Diante de uma planta que curava dores,

    Osse exclamava: "Esta no pode ser cortada, a erva das dores". Diante de uma planta que curava

    hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, no deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava

    a febre, dizia: "Esta tambm no, porque refresca o corpo". E assim por diante. Orumil, que era um

    babala muito procurado por doentes, interessou-se ento pelo poder curativo das plantas e ordenou

    que Osse ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o usodas ervas miraculosas. E assim Osse ajudava Orumil a receitar a acabou sendo conhecido como o

    grande mdico que .

    Osse d uma folha para cada Orix

    Osse, filho de Nan e irmo de Oxumar, Ew e Obaluai, era o senhor das folhas, da cincia e das

    ervas, o orix que conhece o segredo da cura e o mistrio da vida. Todos os orixs recorriam a Osse para curar

    qualquer molstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Osse na luta contra a doena. Todos iam casa

    de Osse oferecer seus sacrifcios. Em troca Osse lhes dava preparados mgicos: banhos, chs, infuses, pomadas,

    ab, beberagens.

    Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaos e fraturas; curava as pestes,

    febres, rgos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.

    Um dia Xang, que era o deus da justia, julgou que todos os Orixs deveriam compartilhar o poder de

    Osse, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Xang sentenciou que Osse dividisse suas folhas com os

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    outros Orixs. Mas Osse negou-se a dividir suas folhas com os outros Orixs. Xang ento ordenou que Ians

    soltasse o vento e trouxesse ao seu palcio todas as folhas das matas de Osse para que fossem distribudas aos

    Orixs. Ians fez o que Xang determinara. Gerou um furaco que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo

    ar em direo ao palcio de Xang.

    Osse percebeu o que estava acontecendo e gritou: "EuUass!" - "As folhas funcionam!". Osse ordenou

    s folhas que voltassem s suas matas e as folhas obedeceram s ordens de Osse. Quase todas as folhasretornaram para Osse. As que j estavam em poder de Xang perderam o Ax, perderam o poder da cura. O Orix

    Rei, que era um orix justo, admitiu a vitria de Osse. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de

    Osse e que assim devia permanecer atravs dos sculos. Osse, contudo, deu uma folha para cada Orix cada

    qual, com seus axs e seus efs, que so as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas no funcionam.

    Osse distribuiu as folhas aos orixs para que eles no mais o invejassem. Eles tambm podiam realizar proezas

    com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Osse no conta seus segredos para ningum,

    Osse nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixs ficaram gratos a Osse e sempre o reverenciam

    quando usam as folhas.

    LENDA DE OSSAIN

    Ossain era o nico orix que sabia reconhecer e despertar os poderesmgicos das plantas e us-los para curar as enfermidades, ou nos rituaislitrgicos. Ele sabia, como ningum, fazer misturas mgicas com os vegetais,razes e folhas.Os outros orixs tambm tinham o desejo de possuir suas prprias folhas,bem como o conhecimento necessrio para receber o ax proveniente delas,masOssain no revelava seus segredos e no deixava ningum apanharfolhas em suas florestas.Oy (Yassan) no aceitava essa situao, pois sua aldeia estava sendoassolada por doenas, e nada p