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Volume 03
LNGUAPORTUGUESA
2 Coleo Estudo
Sum
rio
- L
ngu
a Po
rtug
uesa Frente A
01 3 Estrutura do texto dissertativo-argumentativo Autoras: Flvia Roque Flvia Vlker
02 19 Estratgias argumentativas Autoras: Flvia Roque Flvia Vlker
03 33 Argumentao e contra-argumentao Autoras: Flvia Roque Flvia Vlker
Frente B 01 47 Funes da linguagem Autores: Adriano Bitares Aline Euzbio
02 59 Elementos da prosa Autores: Adriano Bitares Aline Euzbio
03 73 Romantismo Autores: Adriano Bitares Aline Euzbio
Frente C 01 89 Termos ligados ao verbo Autoras: Flvia Roque Flvia Vlker
02 95 Termos ligados ao nome Autoras: Flvia Roque Flvia Vlker
03 103 Concordncia nominal Autoras: Flvia Roque Flvia Vlker
FRENTE
3Editora Bernoulli
MDULOLNGUA PORTUGUESA
Anteriormente, voc estudou algumas caractersticas dos textos dissertativo-argumentativos. Viu, por exemplo, que textos dessa natureza articulam-se em torno de uma proposio geral a que chamamos tese e utilizam informaes consistentes e socialmente aceitas para provar a validade dessa proposio. Voc viu, tambm, que as informaes apresentadas nesses textos devem ser dispostas de modo organizado e lgico para que o receptor possa reconstruir, no momento da leitura, o raciocnio feito pelo produtor. Voc estudou, ainda, os princpios da coerncia e vrios mecanismos de coeso. Assim, j sabe que, para que um texto tenha unidade e seja coeso e coerente, deve haver repetio, continuidade e progresso.
O que tentamos mostrar at ento que, ao contrrio do que muitos pensam, redigir um texto no resultado de inspirao, e sim de um intenso trabalho de racionalizao e planejamento, que envolve o domnio tanto de dados da realidade circundante quanto de mecanismos lingusticos que permitam apresent-los de modo inteligvel ao leitor. Para ajud-lo na tarefa de planejar seu texto, na primeira parte deste mdulo, vamos sistematizar algumas maneiras de garantir, por meio da manuteno e da progresso temtica, a unidade do texto. Voc conhecer, assim, alguns esquemas para apresentar suas ideias.
A segunda parte do mdulo apresenta vrios exemplos de introdues em textos de natureza dissertativo-argumentativa. A partir desses exemplos, voc conhecer algumas formas criativas de iniciar o texto, e poder, assim, variar o estilo da introduo.
MANUTENO TEMTICA E PROGRESSO TEMTICA
Voc j conhece o mecanismo de coeso chamado colocao ou contiguidade, que consiste em utilizar, em um texto, uma srie de termos que pertenam a um mesmo campo semntico. Segundo Ingedore Villaa Koch, diante de vrios termos cujos sentidos sejam prximos, ativa-se, na memria do leitor, um frame conhecimentos que se organizam aleatoriamente sobre rtulos o qual lhe permite detectar o tema do texto, bem como fazer algumas previses quanto ao sentido em que o texto ser desenvolvido.
Leia o trecho do texto a seguir e observe:
Depois da chuva
Nove da noite, 10 de janeiro de 1966, uma segunda-feira.
Os primeiros troves rugiram quando eu saa da casa de
meus pais, na Glria. No ligo para chuva, mas, assim que
pus o p na calada, algo se espatifou ao meu lado. Era
um pingo, com o dimetro e a fora de um balde sendo
despejado. Comeava ali um dos maiores temporais da
histria do Rio.
Choveu forte, grosso e sem parar por 60 horas. Depois
saberamos que, apenas nas primeiras 36, tinham sido
500 milhes de metros cbicos de gua 15 vezes
a capacidade da lagoa Rodrigo de Freitas, 300 vezes a do
Maracan. Colapso nos transportes, luz, elevadores,
telefones, comrcio, bancos, abastecimento, gua.
Os desabamentos, 1 500 no total, aconteciam a toda hora
e em toda parte. Barracos, sobrados e at encostas
despencavam sobre a enxurrada.
Na manh de quinta, a chuva finalmente parou. O sol
fez as primeiras caretas e a cidade iniciou a contabilidade:
300 mortos, 25 mil desabrigados, prejuzo brbaro. As
guas baixaram e surgiu a lama. Comearam a lavagem,
a vacinao contra o tifo e a varola, o racionamento
de energia [...]
CASTRO, Ruy. Folha de S. Paulo, 06 fev. 2010.
De acordo com Ingedore Villaa Koch, a manuteno
temtica de um texto estrutura-se, principalmente,
a partir do mecanismo de colocao ou contiguidade.
Como possvel observar, todos os termos destacados
nesse trecho, a comear pelo ttulo, remetem ao drama
vivido por muitos, nas grandes cidades, em decorrncia
das fortes chuvas que tm ocorrido. Nesse caso, durante
a leitura, ativa-se, na memria do receptor, um frame
de conhecimentos que se organizam sobre o rtulo
enchentes. Esse mecanismo garante, por um lado,
a continuidade no texto.
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
07 A
4 Coleo Estudo
Por outro lado, as informaes apresentadas tambm
progridem de forma bem organizada. Se voc retornar ao
texto, perceber que possvel dividir cronologicamente
as informaes. Nesse caso, o autor introduz um tema
(tpico) e, em seguida, faz um comentrio sobre esse dado,
acrescentando uma nova informao. Observe:
1 pargrafo: Incio da chuva.
Tpico: Nove da noite, 10 de janeiro de 1966, uma
segunda-feira.
Comentrio novo: Os primeiros troves rugiram
[...] temporais da histria do Rio.
Trechos / termos relacionados troves,
pingo, comeava um dos maiores temporais.
2 pargrafo: Durante a chuva.
Tpico: Choveu forte, grosso e sem parar por 60
horas.
Comentrio novo: Depois saberamos [...] sobre
a enxurrada.
Trechos / termos relacionados choveu forte,
grosso e sem parar, 500 milhes de metros cbicos
de gua, Colapso nos transportes, luz, elevadores,
telefones, comrcio, bancos, abastecimento, gua,
Barracos, sobrados e at encostas despencavam,
enxurrada.
3 pargrafo: Depois da chuva.
Tpico: Na manh de quinta, a chuva finalmente
parou.
Comentrio novo: O sol fez as primeiras caretas
[...] o racionamento de energia...
Trechos / termos relacionados mortos,
desabrigados, prejuzo, lama, lavagem,
vacinao contra o tifo e a varola, racionamento
de energia.
Como se observa, h mecanismos no texto que garantem
tanto a manuteno quanto a progresso temtica.
A dinmica entre continuidade e progresso assegura, por
sua vez, a coerncia interna, a unidade do texto.
Com base na relao entre tpico e comentrio, os
linguistas observam algumas formas de garantir a progresso
temtica. Vamos conhecer, a seguir, algumas delas.
Progresso temtica linear (encadeamento de ideias)
Nesse tipo de progresso, o comentrio de um determinado
tpico passa a ser, em seguida, tpico, sobre o qual se faz
novo comentrio, tal como no seguinte esquema:
A B
B C
C D
Observe como, no texto a seguir, parte do desenvolvimento
de um pargrafo retomada e desenvolvida no pargrafo
posterior.
REPR
OD
UO
Convenodas Naes Unidascontraa Corrupo
A CORRUPO E O TRATADOCONTRA O CRIME ORGANIZADO
A corrupo causa o empobrecimento dos pases e afasta seus cidados da boa governana.
Ela desestabiliza o sistema econmico das naes e algumas vezes afeta regies inteiras do planeta. Uma de suas consequncias mais graves, porm, facilitar o aparecimento e fortalecimento do crime organizado, do terrorismo e de outras formas de atividades ilegais.
Cientes deste problema, governos de 48 naes ratificaram a Conveno das Naes Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, que entrou em vigor em setembro do ano passado. Este tratado proporciona comunidade internacional novas ferramentas para lutar contra este tipo de crime.
Todos aqueles que o ratificaram esto obrigados a adotar leis nacionais para prevenir e acabar com o crime organizado, afirmou o Diretor Executivo do UNODOC, Antnio Maria Costa.
Combater o crime organizado tambm combater a corrupo. O Brasil j assinou ambas as Convenes, e est pronto para vencer esta luta.
Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2010.
Observe, a partir do diagrama a seguir, como a progresso das ideias nesse texto d-se por encadeamento, tal como no esquema apresentado anteriormente.
Frente A Mdulo 07
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Corrupo Empobrecimento, ingovernabilidade
Pobreza, ingovernabilidade Crime organizado, terrorismo, outras atividades ilegais
Esse problema...(crime organizado, terrorismo, outrasatividades ilegais)
Conveno das Naes Unidas contra crime organizado transnacional(tentativa de soluo: ratificao do tratado por 48 pases)
Ratificao do tratado(conveno das Naes Unidas contracrime organizado)
Comprometimento dos governos em previnir e acabarcom o crime organizado
Combate corrupo, ratificao do Brasil
CAUSA CONSEQUNCIAS
CAUSA CONSEQUNCIAS
Combate ao crime organizado
CONCRETIZAO DA PROPOSTA AO DO BRASIL
PROBLEMA SOLUO PROPOSTA
SOLUO PROPOSTAEXPLICAO
Progresso com um tpico constanteNesse tipo de progresso, vo sendo acrescentados, gradativamente, novos comentrios sobre um mesmo tpico, como
no esquema a seguir:A B
A C
A D
A E
Observe como, no texto a seguir, a cada pargrafo, apresenta-se uma nova informao sobre um mesmo tpico, no caso, a estilista Coco Chanel.
Gabr i e l l e Bonheur Chane l (Saumur, 19 de agosto de 1883 Paris, 10 de janeiro de 1971), mais conhecida como Coco Chanel, foi uma importante estilista francesa e uma mulher frente do seu tempo. As suas criaes at hoje ditam e influenciam a moda mundial. a fundadora da empresa de vesturio Chanel S.A.
Em 1903, com vinte anos, Gabrielle saiu do colgio e tentou procurar emprego na rea do comrcio e da dana (como bailarina) e tambm fez tentativas no teatro, onde raramente teve grandes papis devido sua estatura. Com vinte e cinco anos, Chanel conheceu um rico comerciante de tecidos, chamado Etienne Balsan, com quem passou a viver. Por volta de 1910, na capital parisiense, Coco conheceu o grande amor da sua vida: um milionrio ingls Arthur Boyle. Boyle ajudou-a a abrir a sua primeira loja de chapus. A loja Chanel iria tornar-se um sucesso e apareceria nas revistas de moda mais famosas de Paris. Com este relacionamento, Chanel aprendeu a frequentar o meio sofisticado da Cidade Luz.Algum tempo depois, Boyle acabou a relao com Gabrielle para se casar com uma inglesa e meses mais tarde morreu num desastre de carro. Com este desgosto, Chanel abriu a primeira casa de costura, comercializando tambm chapus. Nessa mesma casa, comeou a vender roupas desportivas para ir praia e para montar a cavalo. Pioneira, tambm inventou as primeiras calas femininas.
Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2010.
A famlia de Gabrielle era muito numerosa: tinha quatro irmos (dois meninos e duas meninas). O pai, Albert Chanel, era caixeiro-viajante e a me, Jeanne Devolle, era domstica. Depois da morte precoce da me, que faleceu de tuberculose, o pai de Chanel ficou com a responsabilidade de tomar conta das crianas. Devido profisso de seu pai, Coco e as irms foram educadas num colgio interno, enquanto que os irmos foram trabalhar numa quinta.
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
6 Coleo Estudo
Confira, a seguir, o diagrama de progresso do texto sobre
Coco Chanel. Como se observa, nesse texto, a estilista o
tpico em todos os pargrafos. Numa sequncia temporal,
gradativamente, vo acrescentando-se informaes.
Quem
Iniciao profissional
Coco ChanelGabrielle Bonheur Chanell...
Histria familiarInfnciaFormao escolar
Coco ChanelA famlia de Gabrielle...
Vida amorosaVida social
Coco ChanelEm 1903, com vinte anos,Gabrielle...
Iniciao profissionalCoco ChanelAlgum tempo depois, Boyle acabou a relao com Gabrielle...
Coco ChanelPor volta de 1910, na capitalparisiense, Coco conheceu ogrande amor da sua vida...
Progresso por derivao do temaNesse tipo de progresso, h um tpico genrico a partir
do qual so derivados outros temas mais especficos.
O esquema de progresso, nesse caso, seria o seguinte:
A
A4A1
A3A2
E
DC
B
Observe como o autor do texto a seguir usa esse tipo de
desenvolvimento para descrever como os ndios ianommis
confeccionam seus arcos e flechas.
Tecnologia ianommi
Ric
ardo
Stu
cker
t
Disponvel em: . Acesso em: 20 dez. 2010.
Mais de 33 mil ianommis vivem em 192 mil km2 no Brasil e na Venezuela. Tm quatro lnguas separadas, mas inteligveis pelos falantes: ianommi, ianomae (ou ianomam), sanema e ninam (ou ianam). Entendem-se bem, igualmente, na confeco de arcos e flechas.
Para o arco emprega-se em geral a madeira das palmeiras Bactris gasipaes a pupunha, que em ianomae se chama rasa sihi, Oenocarpus bacaba (hoko sihi) ou Oenocarpus bataua (kanari sihi). Tambm se usa a madeira dura das rvores do gnero Swartzia (paira sihi).
A tcnica para alisar o arco constitui captulo parte. A raspagem feita com um dente canino de caititu (o porco-do-mato Tayassu tajacu, poxe naki). Ou, ento, com a concha afiada do caramujo terrestre Megalobulimus oblongus (sinokoma aka). Hoje tambm se usam facas de metal. O polimento final fica com as folhas speras de Pourouma bicolor (ema ahi).
A corda do arco se confecciona com fibras das folhas das bromeliceas do gnero do abacaxi, Ananas (yma asiki). Ela tratada com resina vermelha da rvore Inga alba (moxima hi). No passado, quando Ananas ainda no era cultivada pelos ianommis, as cordas eram feitas com fibras da entrecasca de Cecropia obtusa (xiki a).
As flechas dos ianommis chegam a medir 2 m e so feitas com os pednculos da cana-de-rio Gynerium sagittatum (xaraka si). Recebem penas de mutum fixadas com um fio delgado de algodo comum cultivado e tingido de roxo com extrato de folhas de Picramnia spruceana (koe axihi), ou de vermelho com o universal urucum (Bixa orellana, nara xihi).
melhor nem comear a falar das pontas das flechas. H pontas em forma de arpo para matar aves, peixes e pequenos mamferos, pontas lanceoladas para caa de grande porte, pontas entalhadas impregnadas com resinas alucingenas que relaxam os msculos dos macacos e aceleram sua queda das rvores [...]
LEITE, Marcelo. Folha de S. Paulo, 07 fev. 2010.
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Observe como possvel preencher o esquema apresentado anteriormente, recolhendo-se informaes do texto de Marcelo Leite.
Ianommis
Confeco de arcose flechas
Confeco dearcos
Confeco dearcos
Confeco dearcos
Confeco deflechas
Confeco deflechas
Matrias-primasdos arcos
Materiais usadospara alisar o arco
Materiais usadosnas cordas dos arcos
Materiais usados na confeco das flechas
Ponta das flechas(formas e funes)
Progresso por desenvolvimento de um tema subdividido (desmembramento)Nesse tipo de progresso, o comentrio de um determinado tpico subdividido e, posteriormente, cada uma de suas
partes comentada, tal como no esquema:
A B (B1 + B2 + B3)
B1 C
B2 D
B3 E
Observe como, no texto a seguir, os trs adjetivos usados, na tese, para qualificar a opinio dos que consideram a TV culpada pela violncia praticada pelos jovens so justificados em cada um dos trs pargrafos de desenvolvimento.
No h como negar a influncia da televiso sobre o imaginrio social. Entretanto, afirmar que essa influncia puramente negativa e que a TV culpada, por exemplo, pela violncia cometida por jovens ser simplista, omisso e hipcrita.
televiso cabe entreter, informar. Educar e incutir valores ticos e morais em nossos jovens cabe famlia, escola. Assim, o problema no est nos filmes de violncia, nas cenas erticas de novelas ou no noticirio que retrata o caos em que estamos vivendo, e sim na inpcia de outras instituies sociais em cumprir suas funes. Um jovem pode passar sua vida assistindo TV; se tiver valores morais slidos e senso crtico bem formado para distinguir a fico da realidade, o certo do errado, dificilmente reproduzir o que v na tela, ingenuamente acreditando que aquilo o que deve ser feito.
Alm disso, vale ressaltar que tarefa do telespectador ou no caso da criana, de seu responsvel escolher aquilo a que vai assistir. As vrias emissoras oferecem um amplo leque de opes, com uma programao que, alm de cenas violentas e erticas, exibe documentrios, entretenimento sadio, programas educativos e de utilidade pblica. Se o telespectador faz escolhas errneas ou omisso na orientao de seu filho, no justifica responsabilizar a TV por isso.
Cientistas estadunidenses afirmam categoricamente que o tempo que os jovens passam em frente televiso est associado prtica de atos violentos, independentemente da influncia de fatores externos, como a interveno da famlia e a situao socioeconmica em que vivem. Esquecem-se de um detalhe: o que se v nas telas reflete os valores e ideologias que vigoram em um dado contexto. Os norte-americanos, sabe-se, constituem uma sociedade belicosa, altiva, que historicamente impe-se s demais naes pela fora e pela guerra. No se pode afirmar, portanto, que a TV incita a violncia. Ela apenas espelho de uma estrutura que a ultrapassa e tambm a determina.
Em vez de procurar um bode expiatrio para justificar as transgresses sociais cometidas por jovens, os pais, os estudiosos do assunto e as autoridades governamentais deveriam assumir o nus de serem responsveis por orientar e formar adequadamente aqueles que vo perpetuar a sociedade. Assim, no ser uma caixa azul, com sua profuso de cores, sons e movimentos, que desviar de seu caminho um indivduo consciente de si mesmo e de suas funes e obrigaes de cidado.
(Texto produzido por aluno)
A culpa de quem?
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
8 Coleo Estudo
A partir do esquema a seguir, observe como as ideias apresentadas na tese so retomadas e desenvolvidas ao longo dos trs pargrafos de desenvolvimento.
A TV no a nica culpada pelo fato de jovens cometerem atos violentos
Dizer isso ser simplista, omisso e hipcrita
SimplismoDiversos outros fatores influenciam mais os jovens que a TV: famlia, escola so responsveispela formao do carter dos jovens
Omisso o espectador que controla o acesso programaoda TV e, muitas vezes, faz escolhas erradas ou nomonitora o que as crianas veem na TV.
Hipocrisia
Hipocrisia
Reproduz-se na TV o que se verifica na realidade,de modo que maus exemplos esto por toda parte, e no apenas nos programas televisivos.
Introduo
1 pargrafo do desenvolvimentoArgumento para justificar o primeiro adjetivo
Argumento para justificar o segundo adjetivo
Argumento para justificar o terceiro adjetivo
2 pargrafo do desenvolvimento
3 pargrafo do desenvolvimento
Concluso Reafirmao da tese
Tese fundada em trs adjetivos
Essas so as principais formas apontadas por linguistas de se proceder progresso temtica em um texto. Conhecendo essas alternativas, ser mais fcil para voc organizar a apresentao de ideias em seu texto. Procure lembrar-se delas ao planejar suas redaes e recorra s informaes deste mdulo sempre que necessrio.
At agora a discusso do aquecimento global (AG) por governantes e cientistas gerou apenas um acordo: o de que no h acordo algum.
PEREIRA, Aldo. Fim do mundo, deciso na incerteza. Folha de S. Paulo, 08 fev. 2010.
Causou indignao o projeto de lei do Ministrio do Trabalho que pretende dispor sobre os contratos de servios terceirizados. A repulsa legtima. Caso prospere, o projeto retrocede as relaes de trabalho no pas a prticas ultrapassadas h pelo menos 50 anos.
MORALES, Vander. O avano do retrocesso. Folha de S. Paulo, 06 fev. 2010. Disponvel em: .
Acesso em: 08 nov. 2010.
Definio A definio tambm uma forma bem corriqueira de se
iniciar um texto. Ela pode definir o assunto do texto ou algum conceito que seja essencial para a discusso desse assunto.
No texto a seguir, que refuta a proposta do TSE de restringir doaes ocultas a candidatos a cargos polticos, o autor inicia o texto definindo o tipo de democracia adotada no Brasil, o que serve de pressuposto para que ele exponha e defenda sua opinio de que os partidos podem e devem ser fortalecidos com doaes em dinheiro.
FORMAS DE INTRODUZIR UM TEXTO
Conforme voc j sabe, os textos dissertativo-argumentativos desenvolvem uma tese que pode ser apresentada logo no incio no caso de se optar pelo raciocnio dedutivo ou no fim do texto no caso de se usar o raciocnio indutivo. Mesmo que voc faa a opo de apresentar sua tese no incio do texto, ela no precisa aparecer sozinha na introduo. Voc pode usar algumas estratgias e apresentar a tese associada a outras informaes pertinentes ao tema, de modo a tornar seu texto mais atraente para o leitor.
A seguir, apresentaremos formas criativas de se iniciar um texto para que voc possa variar seu estilo ao compor suas redaes.
DeclaraoFazer uma declarao o modo mais comum de se iniciar
um texto. Nesse caso, normalmente ela contm a tese que ser desenvolvida.
Observe as introdues dos dois textos a seguir, o primeiro sobre a falta de medidas dos governos para conter o aquecimento global, e o segundo sobre a flexibilizao das leis trabalhistas.
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Sem partidos polticos fortes, no h democracia, no h Estado de Direito e no h liberdade. A democracia representativa que adotamos partidria, vale dizer: a vontade do povo se manifesta por meio dos partidos, que so as instituies de acesso ao mandato e ao poder. Ningum disputa eleio sem o atestado de filiao partidria.
MAIA, Rodrigo. A base da confiana a verdade. Folha de S. Paulo, 30 jan. 2010. Disponvel em: .
Acesso em: 08 nov. 2010.
DivisoEssa forma de introduo consiste em adiantar para o leitor
questes que sero discutidas ao longo do texto. Trata-se de uma maneira de iniciar bastante tradicional e prpria de textos dissertativos, a qual permite ao receptor prever exatamente em que sentido o texto ser desenvolvido.
No texto a seguir, a respeito de algumas concepes errneas sobre as causas das enchentes em So Paulo, a autora usa esse tipo de introduo, empregando, para isso, numerais ordinais como sequenciadores discursivos. Observe:
O noticirio sobre as enchentes que tm assolado So Paulo nos ltimos meses, embora intenso e, em geral, bastante esclarecedor, tem alimentado alguns mitos, que precisam ser apontados. Vamos tratar aqui de trs deles.
O primeiro garante que as cheias se devem falta de piscines previstos em plano diretor elaborado pelo Departamento de guas e Energia Eltrica (Daee). Outro atribui as enchentes ao aumento da vazo das represas.
Um terceiro assegura que a limpeza e a canalizao de crregos tm agravado as inundaes.
PENA, Dilma Seli. Mitos sobre enchentes em So Paulo. Folha de S. Paulo, 08 fev. 2010. Disponvel em: .
Acesso em: 08 nov. 2010.
Oposio Nesse modo de introduo, apresenta-se uma oposio
que ser desenvolvida ao longo do texto. No exemplo a seguir, retirado de um texto que trata da
importncia do desenvolvimento do pensamento cientfico, o autor descreve duas situaes, a partir das quais explicita uma oposio entre a sabedoria cientfica de um povo, o ingls, e a ignorncia de outro, o brasileiro. Observe:
As primeiras ondas encantaram os turistas. Eles ficaram ento esperando as prximas. Contudo, foram salvos por uma inglesinha bem jovem, em cujo livro de cincias estava explicado o que era um tsunami e que perigos trazia. Que corressem todos, o pior estava por vir! Em contraste, alguns pobres coitados de Goinia receberam doses fulminantes de radiao ao desmontar o ncleo radioativo de um aparelho de raio X vendido como sucata. Os turistas foram salvos pelo conhecimento cientfico da jovem inglesa. Os sucateiros foram vtimas da sua ignorncia cientfica. No fortuita a nacionalidade de cada um.
CASTRO, Claudio Moura. Academia de ginstica (mental). Veja. 26 out. 2009.
A oposio tambm pode ser apresentada de modo mais
simples e direto, como no trecho a seguir, sobre as mudanas
climticas.
Enquanto boa parte do Hemisfrio Norte passa por uma onda de frio nas ltimas semanas, a temperatura no rtico atinge nveis altos e incomuns, dizem cientistas americanos.
Enquanto frio castiga Europa e EUA, rtico tem calor atpico.
Folha de S. Paulo, 13 jan. 2010.
Aluso histrica Nesse tipo de introduo, discute-se um assunto a partir
de um evento histrico. Nesse caso, quanto maior for o
conhecimento do autor sobre a Histria, maior ser sua
capacidade de perceber relaes entre fatos passados e a
atualidade.
Observe, no trecho a seguir, de que modo o autor
prope-se a discutir alguns comportamentos culturais
prprios da atualidade a partir de suas semelhanas com
comportamentos observados poca da Inquisio.
A Inquisio gerou uma srie de comportamentos humanos
defensivos na populao da poca, especialmente por ter
perdurado na Espanha e em Portugal durante quase 300 anos,
ou no mnimo quinze geraes. Embora a Inquisio tenha
terminado h mais de um sculo, a pergunta que fiz a vrios
socilogos, historiadores e psiclogos era se alguns desses
comportamentos culturais no poderiam ter-se perpetuado
entre ns.
KANITZ, Stephen. A herana cultural da inquisio.
Veja, edio 1890, ano 38, n. 5, 2 fev. 2005, p. 23.
Uma pergunta Essa uma maneira bem simples de se iniciar um texto, a
qual costuma ter bons resultados, j que tende a despertar
a curiosidade do leitor.
Esse tipo de introduo pode ser usado de duas formas
distintas. Na primeira, o autor expe uma pergunta
para a qual ele apresentar uma resposta ao longo do
desenvolvimento do texto.
No texto a seguir, depois de expor duas perguntas, o autor
relata algumas causas para a crise no Timor Leste e acaba
apontando-a como o primeiro sintoma de uma nova guerra
fria que se inicia entre EUA e China. Leia o texto e observe
como, no enunciado seguinte exposio das perguntas,
o autor j sinaliza que ir respond-las.
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
10 Coleo Estudo
A crise poltica em Timor, para alm de ter colhido de surpresa a maior parte dos observadores, provoca perplexidade e exige, por isso, uma anlise menos trivial do que aquela que tem sido veiculada pela comunicao social internacional. Como pode um pas que, no final do ano passado, teve eleies municipais consideradas por todos os observadores internacionais como livres, pacficas e justas, estar mergulhado numa crise de governabilidade? Como pode um pas que, h trs meses, foi objeto de um elogioso relatrio do Banco Mundial, que considerou um xito a poltica econmica do governo, passar agora a ser visto por alguns como um Estado falhado?
medida que se aprofunda a crise em Timor Leste, os fatores que a provocaram vo-se tornando mais evidentes.
SANTOS, Boaventura de Souza. Timor: s o comeo.
Folha de S. Paulo, 17 jul. 2006. Disponvel em: .
Acesso em: 08 nov. 2010.
Outro tipo de pergunta a retrica. Nesse caso, o autor no pretende respond-la ou porque a resposta bvia e ele s deseja conquistar a confiana e a aprovao do leitor, ou porque ela foi usada sarcasticamente, apenas para causar indignao.
No texto a seguir, o autor deseja criticar o fato de Barack Obama ter ganhado o Prmio Nobel da Paz em 2009. O autor defende, ao longo do texto, que o presidente dos Estados Unidos nada fez que justificasse a premiao e que estava ganhando o prmio devido apenas esperana depositada nele motivo pelo qual, alis, teria sido tambm eleito. As perguntas, que se superpem no texto, nesse caso, s visam a indignar o leitor, a fazer com que este compartilhe do sentimento do autor em relao ao fato.
Posso at ter sido o mais rpido na crtica, mas no fui o nico: o Prmio Nobel da Paz a Barack Obama provocou uma onda de questionamento mundo afora: afinal de contas, por qu? Ademais, queridos, cabe uma pergunta: se ele leva o Nobel pelas promessas que fez e, sei l, pela esperana que representa, o que receberia se um dia realmente chegasse a entregar o prometido?
Instituir-se-ia, finalmente, o governo mundial, e ele seria aclamado o chefe supremo sem que se desse a Lula ao menos a chance de concorrer? Obama seria declarado tambm chefe da Igreja Catlica? Os vrios protestantismos se uniriam para escolher o seu patriarca? Todos cairamos de joelhos e declararamos: a parsia!? Acho que esta pergunta expe, como nenhuma outra, o absurdo da premiao: Por um conjunto de promessas, o Nobel; pela concluso da obra, o qu?
AZEVEDO, Reinaldo. O Nobel a Obama. Ou: de quantos
cadveres pode ser feito o pacifismo?, Veja, domingo,
11 out. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2010.
Uma frase nominal seguida de explicao
Nesse tipo de introduo, expe-se uma ou mais frases nominais que tm por objetivo invocar conceitos ou criar imagens na mente do leitor. Logo em seguida, essas imagens ou conceitos so trazidos para a realidade emprica, contextualizados, de modo que o leitor possa situar o assunto do texto. Observe o exemplo a seguir, introduo de uma reportagem sobre trotes em calouros na USP.
Mergulhos na lama, cuecas rasgadas, ovos e melancia na cabea, alm de tinta salpicada de farinha pelo corpo todo. Essas eram algumas das brincadeiras no trote sem violncia da Escola Politcnica da USP, ontem.
CASTRO, Leticia de. Recepo a calouros da USP tem mergulho
na lama, cerveja e ala VIP para pais.
Folha de S. Paulo, tera-feira, 09 fev. 2010.
Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2010.
Citao possvel tambm iniciar um texto com uma citao,
ou seja, pode-se copiar uma ou mais frases de autores conhecidos, indicando, com as aspas, que o trecho reproduz o discurso de um terceiro. O texto a seguir, que trata da fobia, doena bastante corriqueira atualmente, inicia-se com a citao da frase de um clebre filsofo do sculo XVII. Leia:
O homem o lobo do homem. Quem falou sobre isso
empiricamente foi o filsofo Thomas Hobbes, ao tentar
explicar que ningum est protegido; o estado natural ,
para todos, um estado de insegurana e de angstia. Isto,
meus caros, tornou-se mais evidente nos dias atuais, antes
o medo era de morrer por doenas causadas por vrus,
bactrias, acidentes domsticos, de trnsito e trabalhsticos.
Hoje sabe qual a doena da moda? Fobia. As pessoas tm
medo de sair s ruas, principalmente noite. O aumento
de doenas psicolgicas cresce descontroladamente e isso
muito preocupante.
Disponvel em: .
Acesso em: 08 nov. 2010.
AlusoA aluso tambm uma espcie de citao, mas feita
de modo indireto, sem o uso de aspas. Assim, o discurso do autor do texto interage com o discurso de um terceiro, de maneira que um respalda o outro. No trecho a seguir, o autor articula seu discurso frase tudo que slido desmancha no ar, dita por Karl Marx e usada como ttulo de um livro de Marshall Berman sobre a modernidade. Observe:
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Existem mudanas demais por a, e no de menos. Estilos de vida so abolidos quase da noite para o dia. Homens e mulheres precisam se esforar freneticamente para adquirir novas capacidades ou sero jogados no lixo. A tecnologia se torna monstruosa em sua infncia, e corporaes monstruosamente inchadas ameaam implodir. Tudo o que slido bancos, sistemas de aposentadoria, tratados antiarmas, magnatas obesos da imprensa se desmancha no ar. As identidades humanas so descartadas, experimentadas, colocadas em um ngulo malicioso e desfiladas com extravagncia pelas passarelas da vida social. Em meio a essa perptua agitao, um slido motivo da maturidade para ser socialista tomar flego.
EAGLETON, Terry. Depois da Teoria. Disponvel em: .
Acesso em: 08 nov. 2010.
Exposio de ponto de vista oposto Nesse caso, o autor apresenta uma opinio contrria
dele logo no incio do texto e, em seguida, a nega. Seu objetivo refutar os argumentos do opositor, numa espcie de contra-argumentao.
Observe, no texto a seguir, como o autor deixa claro seu objetivo: provar que a opinio apresentada no texto Melhores professores na rede sobre a qualidade da
educao em So Paulo equivocada.
O artigo Melhores professores na rede, do secretrio estadual da Educao, Paulo Renato Souza (Tendncias / Debates 28/1), reafirma a supervalorizao dos processos de avaliao como instrumentos de gesto e melhoria da educao. Quase se pode ler no texto do secretrio a frmula avaliao = qualidade. Nada mais distante da realidade da rede estadual de ensino de So Paulo.
NORONHA, Maria Izabel Azevedo. Educao no rima com excluso. Folha de S. Paulo, 02 fev. 2010. Disponvel em:
. Acesso em: 08 nov. 2010.
ComparaoNesse caso, parte-se de uma comparao a fim de
introduzir o assunto do texto. Observe como, a seguir, para tratar dos problemas da educao atual, o autor parte de uma comparao entre os ndices de evaso escolar e analfabetismo de hoje e os ndices da dcada passada.
impressionante o avano do Brasil na correo do fluxo escolar. H pouco mais de dez anos, tnhamos uma pirmide: os alunos da primeira srie eram quase o dobro do universo da quarta. Hoje, a pirmide virou um pilar so aproximadamente 3,8 milhes de alunos em cada um dos anos iniciais. Mas o pilar mais grosso do que deveria cerca de 500 mil a mais em cada srie e permanecem fortes os indicadores de distoro.
OLIVEIRA, Joo Batista Araujo e. Repetncia e alfabetizao. Folha de S. Paulo, 27 jan. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2010.
Retomada de um provrbioNesse tipo de introduo, o autor apropria-se de um
provrbio, normalmente, a fim de mostrar que ele de fato vlido ou para dar-lhe ressignificao. No trecho a seguir, introduo de um texto motivacional, o autor usa um provrbio para fundamentar seu ponto de vista. Observe:
O ditado os ltimos sero os primeiros merece pelo menos duas interpretaes. A primeira, mais moderna, a de que aquele que resistir mais ficar at o final e, com isso, ser merecedor do ttulo de primeiro lugar. a histria de um torneio, quando valem a resistncia e a percia portanto, vencem as pessoas dotadas de mais determinao e com melhor preparo. Estas vo at o fim em seus objetivos e costumam ser as primeiras nas disputas da vida.
MUSSAK, Eugenio. gua mole em pedra dura tanto bate at que fura. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2010.
Sempre que voc usar esse recurso, no escreva o provrbio simplesmente. Faa um comentrio sobre ele para questionar a ideia de lugar-comum que todos eles trazem. Observe como, no trecho a seguir, o autor usa o lugar-comum mas deixa claro a seu leitor que est fazendo isso propositalmente.
Respeito bom e eu gosto, diz uma das mil frases feitas esse sutil veneno ou pontap no estmago que pontilham nossa sabedoria dita popular. Vale para muitos aspectos da nossa vida. Vamos ver alguns.
LUFT, Lya. Respeito bom. Veja. 18 nov. 2009.
Acesso em: 08 nov. 2010.
Ilustrao Nesse caso, usa-se um trecho descritivo-narrativo para
ilustrar o assunto do texto, que apresentado, de modo mais objetivo, logo em seguida. Isso ocorre na introduo a seguir, em que, depois de visualizar a cena, o leitor informado que se trata do funcionamento de uma inveno que possibilita reabilitao de crianas deficientes. Observe:
Diante de um computador conectado a uma cmera, crianas so convidadas a tocar em cartes de papel espalhados em uma mesa. Apenas com um leve ralar da ponta do dedo, aparecem os sons de instrumentos de corda, de sopro e de percusso e, com o tempo, vem a melodia.
Em fase de patenteamento, a inveno, desenvolvida num laboratrio da USP, no foi imaginada para criar msica mas um truque para estimular o exerccio de quem quase no consegue mexer o corpo, preso numa cadeira de rodas.
DIMENSTEIN, Gilberto. Notas altas. Folha de S. Paulo, 13 jan. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2010.
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
12 Coleo Estudo
Referncia produo cultural (romances, poemas, filmes, obras arquitetnicas, telas, esculturas)
Nesse tipo de introduo, faz-se uma referncia a qualquer produo cultural elaborada ao longo da histria, o que inclui obras da literatura, da msica, do cinema, do teatro, das artes plsticas e da arquitetura. Nesse caso, o autor ressalta um elemento da obra que possa articular-se ao tema do texto.
Na introduo a seguir, o autor faz referncia a uma cena do filme A bruxa de Blair, em que uma personagem, perdida com amigos em uma floresta temperada, afirma que bastaria andarem uma hora em linha reta para estarem salvos. Nesse texto, o autor defende que ecologistas estrangeiros deviam lutar tambm pelas florestas temperadas, quase extintas, em vez de lutarem unicamente por florestas tropicais como a Amaznia. Observe:
No filme A bruxa de Blair, sucesso de bilheteria do cinema alternativo americano, h uma cena que fez meu sangue de ecologista amador brasileiro e defensor do crescimento sustentvel literalmente borbulhar.
Os trs estudantes do longa esto totalmente perdidos numa floresta da Nova Inglaterra e a garota comea a entrar em pnico achando que nunca mais sairia daquela selva. Seu colega ento diz algo parecido com: No seja idiota, ns destrumos todas as nossas florestas temperadas. s andarmos meia hora em linha reta que logo sairemos daqui.
KANITZ, Stephen. Salvem as florestas temperadas. Veja, n. 40 de 8 out. 2003, p. 22.
ATIVIDADE COMPLEMENTARIDENTIFIQUE o modo pelo qual os textos I e II a seguir foram estruturados.
Texto I
Minha vida
Trs paixes, simples mas irresistivelmente fortes, governaram minha vida: o desejo imenso de amor, a procura do conhecimento e a insuportvel compaixo pelo sofrimento da humanidade. Essas paixes, como os fortes ventos, levaram-me de um lado para outro, em caminhos caprichosos, para alm de um profundo oceano de angstias, chegando beira do verdadeiro desespero.
Primeiro busquei o amor, que traz o xtase xtase to grande que sacrificaria o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Procurei-o, tambm, porque abranda a solido aquela terrvel solido em que uma conscincia horrorizada observa, da margem do mundo, o insondvel e frio abismo sem vida. Procurei-o, finalmente, porque na unio do amor vi, em mstica miniatura, a viso prefigurada do paraso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pudesse parecer bom demais para a vida humana, foi o que encontrei.
Com igual paixo busquei o conhecimento. Desejei compreender os coraes dos homens. Desejei saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender a fora pitagrica pela qual o nmero se mantm acima do fluxo. Um pouco disso, no muito, encontrei.
Amor e conhecimento, at onde foram possveis, conduziram-me aos caminhos do paraso. Mas a compaixo sempre me trouxe de volta Terra. Ecos de gritos de dor reverberam em meu corao. Crianas famintas, vtimas torturadas por opressores, velhos desprotegidos odiosa carga para seus filhos e o mundo inteiro de solido, pobreza e dor transformam em arremedo o que a vida humana poderia ser. Anseio ardentemente aliviar o mal, mas no posso, e tambm sofro.
Isso foi a minha vida. Achei-a digna de ser vivida e viv-la-ia de novo com a maior alegria se a oportunidade me fosse oferecida.
RUSSELL, Bertrand. Revista mensal de cultura. Enciclopdia
Bloch, n. 53, set. 1971. p. 83.
Texto II
Nascimento e morte do UniversoOs cosmlogos sentem-se hoje muito perto de
poder responder velha pergunta dos filsofos: de onde viemos, para onde vamos? No necessrio ser um homem de cincia para ter ouvido falar do Big Bang, expresso que descreve o nascimento do Universo sob a forma de uma bola de fogo, h cerca de 15 bilhes de anos. Mas mesmo entre os estudiosos, so poucos os que sabem algo mais acerca dessa teoria.
A tese que liga o nascimento do Universo a seu fim deve muito combinao de duas grandes conquistas da fsica do sculo XX: a relatividade geral e a teoria dos quanta. Pesquisadores como Jayant Narlikar, da ndia, e Jim Hartle, da Califrnia, assim como diversos especialistas soviticos, deram sua contribuio. Mas aquele cujo nome est mais estreitamente associado a essa descoberta Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Hawking , certamente, muito conhecido hoje como o autor de um best-seller sobre a natureza do tempo, mas tambm como vtima de uma doena que o confina a uma cadeira de rodas, podendo comunicar-se apenas com os movimentos de uma das mos, da qual se serve para soletrar laboriosamente palavras e frases com a ajuda de um pequeno computador. Mas muito antes de ter atingido a celebridade, Hawking j havia sido reconhecido por seus pares como um dos mais originais e bem-dotados pensadores de sua gerao. Durante 20 anos, seus trabalhos concentraram-se no estudo da singularidade isto , um ponto de matria de densidade infinita e de volume nulo, como deve existir (segundo a teoria geral da relatividade) no corao dos buracos negros, ou tal como deve ter existido na origem do Universo.
O Universo pode ser descrito, na verdade, com as mesmas equaes de um buraco negro. Um buraco negro uma regio do espao na qual a matria est de tal forma concentrada, e exerce uma fora de atrao gravitacional to poderosa, que a prpria luz no pode se afastar de sua superfcie. Os objetos exteriores podem nele se aglutinar, mas nada do que existe em um buraco negro pode ser diretamente percebido do exterior. Um buraco negro pode-se formar quando uma estrela um pouco mais macia que nosso sol, chegando ao fim da vida, contrai-se sobre si mesma.
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As equaes da relatividade geral mostram que toda estrela que se colapsa no interior de um buraco deve efetivamente se contrair at o estado final de uma singularidade.
Os estudiosos desconfiam das singularidades, e mais genericamente das equaes contendo quantidades infinitas: eles tendem a consider-las como um indcio de que h alguma falha em seus clculos. Mas, uma vez que a relatividade geral j havia demonstrado brilhantemente sua veracidade, tiveram que se resignar a aceitar a idia das singularidades, das quais ela prediz a existncia. nesse ponto que Hawking coloca fogo nas cinzas: ele mostra que as equaes em virtude das quais se prova que o colapso de uma estrela produz uma singularidade levam igualmente a pensar no nascimento do Universo a partir de uma singularidade.
GRIBBIN, John. In: O correio da Unesco, n. 7, jul. 1990. p. 36-37.
EXERCCIOS DE FIXAO
01. (Unicamp-SP2007) Em 7 de agosto de 2006, foi publicada, no jornal Correio popular de Campinas, a
seguinte carta:
Li reportagem no jornal e me surpreendi, pois moro prximo ao local de infestao de carrapatos-estrela no Jardim Eulina, e sei que existem muitas capivaras, mesmo dentro da rea militar. Surpreendi-me ainda ao saber que vo esperar o laudo daqui a 15 dias para saber por que ou do que as pessoas morreram. Gente, sade pblica coisa sria! No seria o caso de remanejar esses bichos imediatamente, como preveno, uma vez que esto em zona urbana?
(Carrapatos, M., M.).
A) Na carta, a que se refere a expresso esses bichos? JUSTIFIQUE sua resposta.
B) A compreenso da carta pode ser dificultada porque h nela vrios implcitos. APONTE duas passagens do texto em que isso ocorre e EXPLIQUE sua resposta.
C) Que palavra da carta justifica a referncia a sade pblica?
02. (FAME-MG2011) O mundo contemporneo apresenta inovaes tecnolgicas surpreendentes. Muitas delas,
porm, no so utilizadas em benefcio do bem-estar da
humanidade. Com base no seu ponto de vista sobre o
assunto, escreva uma dissertao com uma mdia de 20
(vinte) linhas abordando o seguinte tema:
Tecnologias de comunicao: os dois lados da moeda
03. (UFSJ-MG2011) Elabore um dissertao, com cerca de 20 linhas, na qual voc discuta se a habilidade de escrita
pode ser um diferencial entre profissionais e como essa habilidade teria impacto no mercado de trabalho atual.
LEMBRE-SE: tema no ttulo. Portanto, no se esquea
de dar um ttulo a sua redao.
EXERCCIOS PROPOSTOS(UPE2010)
Texto I
Conter a obesidade um desafio to urgente para o Brasil quanto acabar com a fome. Ningum sabe ao certo quantos so os famintos brasileiros, mas o programa Fome Zero pretende atingir 44 milhes de pessoas. Por outro lado, o contingente com excesso de peso j ultrapassa a assustadora marca dos 70 milhes cerca de 40% da populao. No h dvida: o Brasil que come mal maior do que o Brasil que tem fome. Apesar do tamanho do problema, falta ao pas um esforo macio de combate ao flagelo da gordura, que abre caminho para o surgimento de mais de 30 doenas e sobrecarrega o oramento da sade com internaes hospitalares que poderiam ser evitadas. As autoridades no podem achar que h contradio entre atacar a fome e a obesidade ao mesmo tempo, comenta o endocrinologista Walmir Coutinho, mas os dois so problemas complementares.
Mesmo entre os pobres, a ocorrncia de excesso de peso supera a fome. Nas favelas, verifica-se que a obesidade mais prevalente que a desnutrio, comenta Coutinho. Nos ltimos 20 anos, a obesidade infanto-juvenil cresceu 66% nos Estados Unidos e desencadeou uma batalha jurdica contra as cadeias de fast-food semelhante guerra contra o tabaco. No Brasil, o crescimento ocorreu com um ritmo especialmente acelerado nas camadas sociais mais baixas. A conscincia do problema ainda incipiente, embora a Organizao Mundial de Sade tenha declarado a obesidade uma epidemia global que ameaa principalmente os pases em desenvolvimento. Dos 6 bilhes de habitantes do planeta, 1,7 bilho est acima do peso. A exportao do modelo americano de progresso urbanizao, proliferao de carros, junk food e longas jornadas de trabalho em frente ao computador leva pases emergentes, como Brasil, ndia e frica do Sul, a um paradoxo. Em duas geraes, grande parte da populao passou da desnutrio obesidade porque teve acesso a grande quantidade de comida barata e ruim, industrializada, cheia de gorduras e acar.
O resultado desastroso: as pessoas ganham peso sem acumular nutrientes essenciais. A classe mdia e os ricos encontram meios eficazes de combater a obesidade, responsvel por 30% das mortes no Brasil. Podem pagar por programas de emagrecimento e atividade fsica no acessveis aos menos favorecidos. Por isso, cada vez mais a obesidade estar relacionada pobreza. A fome uma tragdia que precisa ser combatida, mas a obesidade atinge ainda mais gente no Brasil e acarreta um nus mais elevado, comenta o endocrinologista Alfredo Halpern, um dos fundadores da Associao Brasileira para o Estudo da Obesidade.
A gravidade da situao exige um esforo articulado de sade pblica e medidas criativas.
Disponvel em: .
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
14 Coleo Estudo
01. A anlise de aspectos globais do texto, tais como os sentidos expressos, as intenes, o tipo e o gnero em
que ele se manifesta, nos leva a concluir que
I. o trecho que poderia expressar a ideia central
defendida no texto : os ricos encontram meios
eficazes de combater a obesidade, responsvel
por 30% das mortes no Brasil. Podem pagar por
programas de emagrecimento e atividade fsica no
acessveis aos menos favorecidos.
II. se trata de um texto do tipo narrativo, do gnero
notcia, cujo enredo envolve um cenrio (a realidade
brasileira) e personagens facilmente identificveis (entre eles, por exemplo, o endocrinologista Walmir
Coutinho).
III. predomina no texto uma linguagem com funo
referencial. Nesse sentido, justifica-se o uso de
dados e informaes objetivos, quantitativamente
expressos, e respaldados por opinies abalizadas de
especialistas.
IV. aparecem no texto evidncias de intertextualidade.
Com efeito, algumas passagens do texto remetem,
explicitamente, a outros textos pertinentes ao
tema tratado. Alm disso, o texto mobiliza o nosso
conhecimento prvio acerca de muitos itens.
V. a linguagem usada no texto se reveste de um carter
de formalidade, na medida em que se ajusta s suas
condies sociais de circulao: est publicado em
um rgo de informao e destina-se a um pblico
mais escolarizado.
A afirmativa VERDADEIRA apenas nos itens
A) I, II e III. D) III, IV e V.
B) I, II e IV. E) I, IV e V.
C) II, III e IV.
02. Considerando o ncleo das ideias e as intenes pretendidas pelo autor, adequado para ttulo do texto:
I. A premncia de uma guerra contra o tabagismo: por
mais elevado que seja o nus previsto.
II. Um desafio urgente para o Brasil pode estar na superao de um paradoxo: carncia e excesso.
III. Internaes hospitalares sobrecarregam o oramento
da sade: o desafio que precisa ser enfrentado com urgncia.
IV. O nus da pobreza: o ritmo especialmente acelerado
da populao desnutrida nas favelas brasileiras.
V. A exportao do modelo americano de progresso
ameaa a mesa dos brasileiros: a iminncia de um
problema bem pouco percebido.
Seriam ttulos ADEQUADOS ao texto
A) I, II e III. D) III, IV e V.
B) I, II e IV. E) II e V.
C) II, III e IV.
03. Todo texto marcado por uma continuidade e uma unidade que se manifestam, desde a sua superfcie, pelo uso de diferentes recursos lexicais e gramaticais. Essa continuidade e essa unidade constituem as propriedades da coerncia e da coeso do texto. Nesse sentido, analise as observaes que so feitas a seguir.
I. Quanto unidade temtica do texto, percebe-se que a questo tratada se bifurca numa relao paradoxal: por um lado, os que tm fome; por outro, os que sofrem de obesidade. No meio, a ideia de que a obesidade no prerrogativa dos ricos.
II. O paralelismo expresso na comparao: No h dvida: o Brasil que come mal maior do que o Brasil que tem fome. reitera o ponto de vista que d unidade de sentido ao texto. Essa reiterao assegura a coeso e a coerncia do texto.
III. No incio do penltimo pargrafo, o autor afirma: O resultado desastroso: as pessoas [...]. A compreenso do termo sublinhado resulta do conhecimento do vocabulrio, de maneira que no necessrio voltar a partes anteriores do texto para identificar o objeto referido.
IV. A concentrao lexical do texto em palavras da mesma rea semntica (como sade, obesidade, gordura, comida, fome, desnutrio, etc.), associada a outros recursos da coeso, concorre para a sustentao de sua coerncia global.
V. Como concluso, o texto fala em: A gravidade da situao. Mas que situao? O autor supe que o leitor, encadeando diferentes pontos do texto, capaz de identificar o objeto que est sendo referido na expresso grifada.
Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas CORRETAS.
A) II, III, IV e V, apenas. D) I, II e V, apenas.
B) I, II, IV e V, apenas. E) I, II, III, IV e V.
C) I, II e III, apenas.
04. Apoiados no contexto global em que o texto se desenvolve, podemos reconhecer, entre oraes, relaes semnticas decorrentes do uso de determinadas expresses sintticas. Analise os comentrios que so feitos acerca dessas relaes.
I. Em: Conter a obesidade um desafio to urgente para o Brasil quanto acabar com a fome., o autor recorre a uma comparao, a qual est explicitamente sinalizada.
II. Em: No h dvida: o Brasil que come mal maior do que o Brasil que tem fome.: os dois fragmentos sublinhados tm um sentido de restrio. Por isso no esto separados por vrgula.
III. Em: A conscincia do problema ainda incipiente, embora a Organizao Mundial de Sade tenha declarado a obesidade uma epidemia global: o segmento sublinhado expressa um sentido de concesso, em relao ao anterior. A expresso ainda que tambm estaria adequada a esse contexto.
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IV. Em: A exportao do modelo americano de progresso [...] leva pases emergentes como Brasil, ndia e frica do Sul a um paradoxo: o trecho grifado expressa uma relao de causalidade.
V. Em O resultado desastroso: as pessoas ganham peso sem acumular nutrientes essenciais, o uso dos dois pontos expressa a mesma funo semntica de uma expresso explicativa.
Esto CORRETOS os comentrios feitos apenas nos itens
A) I, II, III e V. D) II, III e IV.
B) I, II e V. E) III, IV e V.
C) II, III, IV e V.
Texto II
Eufemismo e classe social Entende-se por eufemismo a figura de linguagem que atenua a dureza de alguma afirmao. Por isso, muitos a chamam de a linguagem dos educados, uma vez que, em geral, se constitui falta de educao e de sensibilidade o emprego de determinados vocbulos que certamente causaro dissabores aos envolvidos num processo de comunicao, em determinadas circunstncias.
Contudo, se refletirmos sobre nossa atual realidade, perceberemos que tal figura de linguagem tem sido constantemente utilizada para fazer uma preconceituosa separao entre classes sociais deste pas repleto de desigualdades.
Abro parnteses apenas para comentar que preconceitos na lngua portuguesa existem e precisam ser combatidos. Um bom exemplo de preconceito social refletido na forma de falar o do personagem Chico Bento, de Maurcio de Sousa. A este personagem so atribudos valores de linguagem diferentes, se os compararmos aos dos demais personagens, apenas por ele retratar uma criana que mora no interior.
No difcil constatar preconceitos sociais atravs do emprego vocabular de muitas pessoas. Ora, por que os veculos de comunicao em geral usam expresses diferenciadas para referir-se, por exemplo, ao ato de roubar? No h como discordar que as expresses roubo e desvio de verbas tm, praticamente, o mesmo valor semntico, mas causam impactos totalmente diferentes.
Se nos questionarmos sobre o porqu da diferena vocabular no tratamento de pessoas com escolaridades ou contas bancrias menores s de outros, identificaremos eufemismos utilizados de maneira a evidenciar muitos preconceitos de ordem social. Atravs de um olhar mais atento a detalhes assim, percebe-se que o eufemismo no usado apenas por pessoas educadas mas tambm por pessoas que alimentam preconceitos sociais, infelizmente.
Identificar tais preconceitos abre caminho para discusses e reflexes construtivas sobre as concepes subjacentes forma como rotulamos as pessoas e as distribumos em grupos e classes sociais diferentes. A prtica do respeito indiscriminado supe a superao de preconceitos que os eufemismos estrategicamente escondem.
Disponvel em: (Adaptao).
05. No texto I, o autor usa a expresso os menos favorecidos para se referir populao pobre do pas. De acordo com o texto II, essa escolha vocabular d oportunidade a que faamos as seguintes consideraes:
I. A viso discriminatria de algumas pessoas pode estar refletida na escolha lexical de seu discurso. Embora funcionem como atenuadores, certas expresses manifestam concepes preconceituosas veladas.
II. A linguagem usada por crianas do interior rural conforme a teoria da variao lingustica revela que nenhuma manifestao lingustica , intrinsecamente, melhor que outra. A uniformidade das lnguas hoje um mito em dissoluo.
III. A ideia de que o eufemismo um recurso que atenua a dureza de alguma afirmao est contida desde a morfologia da palavra: o prefixo eu remete para esse aspecto. Tal prefixo tambm est presente na palavra eufonia.
IV. O texto II sugere que existem normas de um bom comportamento lingustico, pelo que certas expresses devem ser socialmente evitadas, embora a inteno maior do texto seja a de demonstrar o vis discriminatrio embutido nesse bom comportamento.
V. Se a lngua fosse usada com inteira correo gramatical, no teramos manifestaes lingusticas preconceituosas, pois a norma padro assegura uma interao verbal socialmente relevante e respeitosa.
So aceitveis apenas as consideraes feitas nas alternativas
A) I e II. D) II e V.
B) I e III. E) III, IV e V.
C) I, II, III e IV.
06. No texto II, o leitor poder encontrar respostas s seguintes perguntas:
I. Qual a classe social em que tm origem os chamados eufemismos e em que, consequentemente, cresce o uso de tais expresses?
II. Pode a linguagem comum prestar-se a criar ou reforar percepes discriminatrias da realidade?
III. Existem estratgias verbais que representam, socialmente, o uso corts ou o uso polido da lngua?
IV. Duas expresses lingusticas podem corresponder ao mesmo valor semntico, mas provocarem repercusses sociais distintas?
V. Quais as desigualdades sociais que mais diretamente afetam o nvel de escolarizao da populao brasileira?
O texto II traz respostas apenas s perguntas feitas na alternativa
A) II, III e IV. D) I, II e V.
B) I e III. E) III, IV e V.
C) I, II, III e IV.
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
16 Coleo Estudo
SEO ENEM01. (Enem2007)
Texto I
Ningum = ningum
Engenheiros do Hawaii
H tantos quadros na parede
h tantas formas de se ver o mesmo quadro
h tanta gente pelas ruas
h tantas ruas e nenhuma igual a outra
(ningum = ningum)
me espanta que tanta gente sinta
(se que sente) a mesma indiferena
h tantos quadros na parede
h tantas formas de se ver o mesmo quadro
h palavras que nunca so ditas
h muitas vozes repetindo a mesma frase
(ningum = ningum)
me espanta que tanta gente minta
(descaradamente) a mesma mentira
todos iguais, todos iguais
mas uns mais iguais que os outros
Texto II
Uns iguais aos outrosTits
Os homens so todos iguais
[...]
Brancos, pretos e orientais
Todos so filhos de Deus[...]
Kaiowas contra xavantes
rabes, turcos e iraquianos
So iguais os seres humanos
So uns iguais aos outros, so uns iguais aos outros
Americanos contra latinos
J nascem mortos os nordestinos
Os retirantes e os jagunos
O serto do tamanho do mundo
Dessa vida nada se leva
Nesse mundo se ajoelha e se reza
No importa que lngua se fala
Aquilo que une o que separa
No julgue pra no ser julgado
[...]
Tanto faz a cor que se herda
[...]
Todos os homens so iguais
So uns iguais aos outros, so uns iguais aos outros
Texto III
A cultura adquire formas diversas atravs do tempo e do espao. Essa diversidade se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compem a humanidade. Fonte de intercmbios, de inovao e de criatividade, a diversidade cultural , para o gnero humano, to necessria como a diversidade biolgica para a natureza. Nesse sentido, constitui o patrimnio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em benefcio das geraes presentes e futuras.
UNESCO. Declarao Universal sobre a Diversidade Cultural.
Todos reconhecem a riqueza da diversidade no planeta. Mil aromas, cores, sabores, texturas, sons encantam as pessoas no mundo todo; nem todas, entretanto, conseguem conviver com as diferenas individuais e culturais. Nesse sentido, ser diferente j no parece to encantador. Considerando a figura e os textos como motivadores, redija um texto dissertativo-argumentativo a respeito do seguinte tema:
O desafio de se conviver com a diferena.
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexes feitas ao longo de sua formao. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opinies para defender seu ponto de vista e suas propostas, sem ferir os direitos humanos.
Observaes:
Seu texto deve ser escrito na modalidade padro da lngua portuguesa.
O texto no deve ser escrito em forma de poema (versos) ou narrao.
O texto com at 7 (sete) linhas escritas ser considerado texto em branco.
02. Os textos a seguir servem de referncia para a proposta de redao.
Texto I
Pedro pedreiroChico Buarque
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manh, parece, carece de esperar tambm
Para o bem de quem tem bem
De quem no tem vintm
Pedro pedreiro fica assim pensando
Assim pensando o tempo passa
E a gente vai ficando pra trs
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento
Desde o ano passado
Para o ms que vem
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manh, parece, carece de esperar tambm
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Para o bem de quem tem bem
De quem no tem vintm
Pedro pedreiro espera o carnaval
E a sorte grande no bilhete pela federal
Todo ms
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando aumento
Para o ms que vem
Esperando a festa
Esperando a sorte
E a mulher de Pedro
Est esperando um filhoPra esperar tambm
Disponvel em: . Acesso em: 16 jun. 2010.
Texto II
Disponvel em: .
Acesso em: 26 jun. 2010.
Texto III
O Brasil tem hoje a segunda pior distribuio de renda do mundo, o maior ndice de desemprego de toda a sua histria, mesmo assim, a maior parte da sociedade brasileira em seu conformismo colonial insiste em dizer que tudo est bem. Uma grande parte da juventude pobre deste pas est entregue ao trfico de drogas e a (sic) prostituio como seus nicos meios de sobrevivncia e, (sic) os filhos dos ricos, (sic) apostam no consumismo como terapia alienante que tapam seus olhos para aquilo que a maioria da sociedade no quer ver nem discutir, pois, mimetizados por um transe fetichoso (sic) no se do conta da gravidade da crise social que vivemos.
LIMA, Mariano de. Conformismo colonial. Disponvel em: . Acesso em: 26 jun. 2010.
Texto IVLi um artigo recentemente em que se afirmava que
no se fazem mais jovens como antigamente: jovens engajados, que lutam por uma grande causa, que querem melhorar e revolucionar o mundo. O artigo acusava a nova gerao de estar com nada, preocupada somente com o futuro emprego e o umbigo. Trinta anos atrs, 20% de meus colegas de faculdade, pelo menos os que se achavam mais inteligentes, eram de esquerda. Queriam mudar o mundo, salvar o Brasil, expulsar o FMI e acabar com a pobreza. Cabulavam as aulas e viviam no centro acadmico com psteres de Che Guevara discutindo como tomar o poder. A idia de ajudar os outros fazendo trabalho voluntrio na periferia nem lhes passava pela cabea.
[...]
Talvez meus colegas de Harvard no tivessem corao trinta anos atrs, mas tampouco tinham competncia para mudar o mundo e acabar com a pobreza. Faltava-nos na poca conhecimento para tocar um botequim, muito menos uma revoluo.
Por isto eu prefiro a nossa nova gerao. As pessoas no so de esquerda nem de direita, nem agentam mais essa discusso. No pretendem mudar o mundo, querem primeiro mudar o bairro, para depois mudar seu Estado e o pas. Querem se tornar competentes para, ento, at mudar o mundo, paulatinamente, ao longo da vida.
A nova gerao est desencadeando uma revoluo de cidadania, usando o crebro e o corao para o voluntariado, engajando-se no terceiro setor, cada um fazendo sua parte. No ficou somente no discurso, partiu direto para a ao.
Em minha opinio, nossa nova gerao est com tudo, e deveramos ficar orgulhosos por no se fazerem mais jovens como antigamente.
KANITZ, Stephen. Nossa nova gerao. Veja, edio 1717, ano 34, n. 36,
12 set. 2001 (Adaptao).
Proposta de redao
Considerando a leitura dos textos anteriores, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema:
O conformismo na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?
Instrues:
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos ao longo de sua formao. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opinies para defender seu ponto de vista, elaborando propostas para a soluo do problema discutido em seu texto. Suas propostas devem demonstrar respeito aos direitos humanos.
Lembre-se de que a situao de produo de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da lngua portuguesa.
O texto no deve ser escrito em forma de poema (versos) ou de narrativa.
O texto dever ter no mnimo 15 (quinze) linhas escritas.
D um ttulo a seu texto.
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
18 Coleo Estudo
GABARITOFixao
01. A) Apesar de haver duas possibilidades de referncia (carrapatos-estrela e capivaras) para esses bichos, como a expresso precedida pelo verbo remanejar e relacionada a uma prtica de preveno, no h a possibilidade de leitura de remanejamento de carrapatos como preveno, portanto, esses bichos refere-se a capivaras. Outra justificativa possvel que a referncia est na expresso mais prxima.
B) Entre outras possibilidades, em moro prximo ao local de infestao de carrapatos-estrela no Jardim Eulina, e sei que existem muitas capivaras no explicitada a relao entre os carrapatos e as capivaras (sabe-se que as capivaras, so hospedeiras de carrapatos-estrela transmissores da febre maculosa). Em vo esperar o laudo daqui a 15 dias para saber por que ou do que as pessoas morreram, tanto a necessidade do laudo quanto a possibilidade da morte no esto explicadas. Tambm ser aceita a indicao da passagem no seria o caso de remanejar esses bichos imediatamente, conforme discutido na resposta da letra A.
C) Infestao ou preveno.02. A proposta de redao solicita que o aluno redija
um texto dissertativo em que aborde o tema Tecnologias de comunicao: os dois lados da moeda. Desse modo, o texto deve evidenciar os pontos positivos e negativos do desenvolvimento da tecnologia da comunicao. Como pontos positivos, possvel citar, por exemplo, a facilidade de acesso informao e a otimizao da comunicao, relacionando exemplos que as comprovem. Como pontos negativos, possvel citar a perda da privacidade, o perigo de superexposio, o imediatismo que essas tecnologias incentivam, principalmente entre os mais jovens, que j nasceram em meio a computadores, Internet, celulares, etc. importante que o aluno evidencie o objetivo de seu texto em uma tese clara e que apresente as informaes em uma redao coesa, coerente e de acordo com a norma culta.
03. O aluno deve opinar sobre a importncia da habilidade de escrita para os profissionais. possvel defender a tese de que essa habilidade s seria importante para o exerccio de determinadas profisses e dispensvel para o exerccio de outras. Mais coerente com a realidade, entretanto, seria defender que a habilidade de escrita importante em quase todos os campos de atuao. Profissionais precisam costumeiramente redigir relatrios, fazer solicitaes formais e comunicar-se com superiores e colegas. Essas exigncias aumentam a cada dia, tendo em vista os processos de informatizao das empresas, com a criao de e-mails institucionais, por exemplo. Em todos esses casos, importante que o profissional saiba expressar-se em textos claros, objetivos, bem organizados e com correo gramatical. Desse modo, a habilidade de escrita pode ser um diferencial no apenas no momento de contratao, mas tambm na permanncia no emprego, no bom desempenho das funes e na imagem do profissional. Vale lembrar que a dissertao deve ser redigida em conformidade com a norma culta padro e apresentar os argumentos de modo bem organizado.
Propostos01. D 02. E 03. B 04. A 05. C 06. A
Seo Enem01. Os textos motivadores chamam a ateno para
os conceitos de igualdade e diversidade, que so entendidos em diversas acepes. A igualdade, no sentido de equidade e justia, deveria ser direito de toda a humanidade, mas o que se percebe que uns so mais iguais que os outros, o que significa que, na prtica, as pessoas ainda so diferenciadas, e que umas detm privilgios de diversas naturezas em relao a outras. O texto II, por exemplo, mostra que as pessoas so igualadas, mas na sua misria: os retirantes, os latinos, os rabes, os ndios so iguais, pois so todos discriminados. Partindo dessa realidade excludente, o aluno deve refletir sobre o desafio de se conviver com a diferena. O tema diferena tratado de forma bastante abrangente, o que permite ao aluno tratar de diversos tipos de diferenas: raciais, religiosas, sociais, polticas, entre outras. interessante pensar nos fatores que podem motivar essa realidade de excluso preconceito, medo, intolerncia e em medidas que possam atenuar esse quadro (como polticas afirmativas, por exemplo). O aluno deve, ainda, evidenciar em seu texto a importncia de se valorizar uma sociedade plural, como aponta o texto da UNESCO.
02. O aluno deve apresentar propostas de combate ao conformismo na sociedade brasileira. O primeiro texto da coletnea, uma letra de cano de Chico Buarque, apresenta uma personagem cuja principal caracterstica o conformismo; caracterstica essa que tambm identificar a descendncia de Pedro Pedreiro. O segundo texto expe a atuao de jovens e da populao brasileira no processo de impeachment de Collor. O terceiro texto apresenta uma srie de generalizaes que classificam os jovens pobres como marginais, drogados e prostitudos e os jovens ricos como alienados e consumistas. O quarto texto faz uma comparao entre duas geraes de jovens e, nele, o autor afirma que, sem os discursos inflamados dos jovens de outra gerao, os jovens da atualidade revolucionam por meio do exerccio da cidadania.
Com base nesses textos, o aluno dever expor suas propostas contra o conformismo. Deve-se notar que, principalmente, o quarto texto aponta uma proposta vivel e relativamente simples, a qual consiste na atuao da sociedade civil no terceiro setor, ou seja, unida em organizaes no governamentais, patrocinadas (ou no) pela iniciativa privada. As propostas contra o conformismo a serem apresentadas na redao podem respaldar essa sugesto. Vale lembrar que o aluno dever explicitar a tese de seu texto a base de sua proposta de interveno de maneira clara e desenvolv-la com estratgias argumentativas adequadas, em um texto coeso e coerente.
Frente A Mdulo 07
FRENTE
19Editora Bernoulli
MDULOLNGUA PORTUGUESA
Anteriormente, voc conheceu uma srie de orientaes para estruturar um texto dissertativo-argumentativo e apresentar suas ideias de modo coeso e coerente. Voc j sabe que precisa dominar o uso de mecanismos lingusticos que permitam formalizar, em um texto verbal, aquilo que voc pretende expor sobre um assunto qualquer. Sabe, tambm, que no pode apresentar aleatoriamente informaes relacionadas ao assunto, mas que deve selecionar e expor aquelas que, em conjunto, melhor sirvam ao propsito de convencer o leitor. Neste mdulo, voc vai conhecer algumas noes que so importantes no momento de definir qual a melhor maneira de persuadir o leitor.
preciso estar ciente de que, para persuadir, devem-se apresentar argumentos que sejam aceitveis pelos receptores do texto, ou seja, quem escreve deve estar atento no somente ao tema, mas tambm ao leitor, para que a comunicao ocorra de forma adequada.
Desse modo, seria possvel representar a estrutura da argumentao no esquema seguinte:
Afirmao sobre o mundo(tese, proposio)
Sujeito que argumenta
Sujeito que alvoPersuaso
Como voc ver neste mdulo, a forma de persuadir tambm responsvel pela estruturao do texto, pois a partir dela que se definem as estratgias argumentativas para defender a tese. Apresentaremos, assim, algumas orientaes para que voc possa ter maior conscincia das possibilidades discursivas ao tentar convencer seu leitor.
NATUREZA DOS ARGUMENTOSEm textos dissertativos ou argumentativos, o produtor
deve sempre ter a inteno de apresentar ideias que conduzam a uma concluso j prevista e objetivada por ele. Para isso, deve refletir sobre a melhor forma de argumentar, o que implica levar em conta o perfil do leitor ao qual se dirige o texto.
Diferentes pblicos leitores exigem diferentes formas de argumentar. Por isso, em publicidades e propagandas textos essencialmente persuasivos , elegem-se diferentes estratgias argumentativas de acordo com o pblico que se pretende atingir. Da mesma forma, comum haver textos
dissertativo-argumentativos que tratam de um mesmo assunto de modos distintos. Se voc ler dois artigos sobre um mesmo tema, publicados em diferentes suportes duas revistas como Veja e Capricho, por exemplo, ou dois jornais como a Folha de S. Paulo e Folha Universal perceber que a natureza da abordagem bastante distinta. Pode-se dizer que a revista Capricho e a Folha Universal dirigem-se a grupos mais restritos de leitores adolescentes e fiis, respectivamente , enquanto a Folha de S. Paulo e a Veja so publicaes para um grupo bem mais abrangente de pessoas.
Observe os textos a seguir, ambos sobre o filme Crepsculo, o primeiro publicado na revista Capricho, e o segundo, na revista Veja.
Crepsculo, o filme, super emocionante!Na telona, Crepsculo, que estria dia 19 de dezembro
nos cinemas de todo o Brasil, faz jus ao sucesso dos livros da autora Stephenie Meyer e traz muito romance misturado com suspense.
Crepsculo no uma superproduo com efeitos especiais incrveis, mas o filme consegue fazer qualquer um suspirar de amores por duas horas seguidas. Uma galera da CAPRICHO j viu o filme e perdeu as contas de quantas vezes teve os olhos cheios de lgrimas durante a sesso.
Afinal, a histria de Edward e Bella no cinema ganha vida, linda, as cenas assustam e encantam.
[...]
Os vampiros so os mais lindos da escola.
Nos livros, a autora j adianta que os vampiros so lindos e superatraentes. Mas at ver o filme no d pra ter a noo exata. Em uma das cenas de Crepsculo, os Cullen entrando no refeitrio da escola de Forks (sic.). Emmet e Rosalie so maravilhosos, Jasper e Alice carregam toda uma delicadeza no rosto e Edward... ah, nem precisa contar, n? Ele MESMO incrvel!
Um namoro estranho e... fofo!Bem que Edward tenta, mas no consegue ignorar Bella.
Depois de revelar seu segredo, os dois comeam a se ver com mais freqncia e o clima de romance domina. Num dos momentos do filme, Edward invade o quarto de Bella e os dois se beijam. Sabe o que mais fofinho? Edward fica o tempo todo encanado em resistir a Bella, pensando que se toc-la, a far algum mal.
[...]
CAPRICHO. 10 dez. 2008. Disponvel em:.
Acesso em: 08 nov. 2010 (Adaptao).
Estratgias argumentativas 08 A
20 Coleo Estudo
Os mortos tambm amamCrepsculo, a adaptao do primeiro livro da srie da
escritora Stephenie Meyer sobre um vampiro adolescente e sua paixo impossvel, mesmo um fenmeno: agrada ao pblico jovem pregando a virtude e a castidade.
[...]
No h, na histria de Crepsculo (Twilight, Estados Unidos, 2008), que estria nesta sexta-feira no pas, nem um trao de ironia. Amor amor mesmo, renncia tambm. E essa talvez seja a chave do sucesso tanto da srie escrita pela americana Stephenie Meyer, que j vai pelo quarto livro, quanto desta adaptao de seu primeiro episdio: devolver a uma gerao de adolescentes um tipo de romantismo que parecia descartado o tipo que cr nos sentimentos genunos, e que prega esperar no apenas pela pessoa certa, mas pela hora certa.
[...]
O fato de Crepsculo ser um filme assim sincero (alm de barato, a um custo de 37 milhes de dlares, j quase quintuplicados em trs semanas desde seu lanamento) no quer dizer que se exima de recorrer a um truque oportunista j consagrado em outras produes primordialmente destinadas platia feminina. Interpretado por Robert Pattinson, que foi o Cedric Diggory de Harry Potter e a Ordem da Fnix, Edward alto, tem traos aristocrticos, gosto impecvel (vampiros, como sabido, tm grande senso fashion) e olhos que queimam quando se olha dentro deles. Kristen Stewart, como Bella, independente, curiosa e graciosa mas no mais do que graciosa. Juntar atores de beleza extrema a atrizes de beleza simplesmente humana uma maneira eficaz de telegrafar a mensagem de que mesmo quem no tem porte de princesa pode achar um prncipe para chamar de seu. Ainda que ele esteja mais morto do que vivo.
VEJA. 17 dez. 2008. Disponvel em: (Adaptao).
Ao redigir um texto dissertativo ou argumentativo, voc deve ter em mente que escreve para um leitor cujo perfil parecido com o do leitor de uma revista ou jornal de grande circulao, ou seja, letrado e capaz de julgar a consistncia e a relevncia das ideias apresentadas no texto, de modo que o excesso de emotividade ou de dogmatismo, por exemplo, poderia comprometer a persuaso.
Desse modo, procure fundamentar sua argumentao, principalmente, em:
Argumentos de valor universalSo aqueles irrefutveis, que permitem ao autor obter
prontamente a adeso do receptor.
Quando se afirma, por exemplo, que s se pode considerar como realmente alfabetizada a pessoa que consegue entender o que l, tem-se um argumento de valor universal. De forma contrria, dizer que a falta de recursos econmicos obriga as pessoas a entrarem no mundo do crime no seria um bom argumento, porque se fundamenta em uma concepo individual e no se aplica a todos os casos.Evite, portanto, fazer afirmaes baseadas em emoes, sentimentos e crenas, pois so argumentos de natureza pessoal que no garantem a adeso de todas as pessoas.
Dados colhidos na realidadeSo dados empricos de conhecimento de todos.
Em uma situao concreta de produo de texto, para obter dados reais, voc pode utilizar seu conhecimento de mundo ou encontrar pistas deixadas nos textos motivadores. Vale observar, entretanto, que dados no so apenas aqueles expressos em nmeros e porcentagens; podem ser tambm referncias histricas, polticas, filosficas, etc. Sendo assim, ser capaz de argumentar melhor aquele que souber colher na realidade ou nos textos motivadores as informaes corretas para fundamentar seu ponto de vista. Voc deve ter sempre em mente que uma boa argumentao no pode basear-se em informaes cuja comprovao no possa ser feita.
Citaes de autoridadesSo afirmaes de pessoas cuja autoridade na rea
conhecida e que, portanto, conferem credibilidade argumentao utilizada pelo autor do texto.
Para que voc seja capaz de fazer citaes, procure manter-se informado, ler, prestar ateno s notcias e temas que esto em evidncia. A referncia a uma afirmao de um especialista ou de uma autoridade poltica so exemplos de informaes que podem ser usadas para argumentar. Em uma redao, no preciso citar exatamente aquilo que foi dito, mas apenas situar o leitor para que ele possa confiar na informao. Vale ler tambm os autores clssicos, literrios ou no, mas ser preciso saber relacion-los temtica proposta de forma pertinente. Para isso, voc precisar saber acionar conhecimentos de diferentes reas, pocas e naturezas e, mais importante, articul-los ao tema proposto. Cuide, entretanto, para no deixar, no texto, apenas belas frases, que no sirvam ao propsito de provar o ponto de vista defendido.
Exemplos e ilustraesSo exemplos conhecidos, fatos que podem servir para
ilustrar seu posicionamento, explicao ou anlise.
Novamente, nesse caso, preciso manter-se bem informado sobre os acontecimentos da atualidade. As referncias histricas tambm podem ser usadas como exemplos para ilustrar suas ideias. No se esquea, entretanto, de que, independentemente do exemplo escolhido, voc deve sempre procurar relacion-lo ao tema a ser discutido na proposta.
Um texto no precisa basear-se em argumentos de apenas uma dessas naturezas. O mais comum que o produtor, para fundamentar sua opinio, utilize diferentes tipos de argumentos.
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Observe como isso ocorre no texto a seguir, em que o autor expe sua opinio sobre o fato de o governo brasileiro ter censurado um comercial de cerveja estrelado por Paris Hilton.
Santas e prostitutas
CENSURAR Paris Hilton um gesto honroso e at higinico: na sua vulgaridade plstica, Paris Hilton um insulto beleza natural das mulheres brasileiras. Fosse eu Presidente da Repblica, e jamais Paris Hilton poderia estrelar em comercial televisivo. Seria como convidar um futebolista californiano para jogar na seleo canarinho.
Acontece que o governo brasileiro no censurou Paris por motivos patriticos, ou at estticos, o que seria compreensvel. Censurou por motivos ticos. Eis a histria: Paris foi convidada para fazer campanha publicitria de uma cerveja. O filme mostra Paris, em hotel carioca, colada janela do quarto, passando a lata da bebida pelo corpo. Simula prazer. [...]
Uma coisa ter mulheres na praia, seminuas, bebendo vrios barris de cerveja. Outra, bem diferente, ter uma mulher de vestido negro, na janela de um quarto de hotel, com uma lata de cerveja na mo. Para os moralistas da cerveja, na praia vale tudo. No quarto, no vale nada. E quando surge uma imagem demonaca dessas, a soluo proibir. Na cabea deles, a imagem degrada as mulheres e, em especial, a mulher loira, universalmente considerada a verso feminina de Forrest Gump.
No vale a pena perder tempo com a profunda contradio do raciocnio: a sexualizao onipresente na cultura popular brasileira faz de Paris Hilton um hino castidade*. Mas vale a pena perder tempo com a natureza paternalista de um governo que ressuscita os piores clichs do feminismo rasteiro para defender a sua dama.
TESE
O que nos disse o movimento feminista que explodiu pelo mundo depois da Segunda Guerra? No possvel resumir em poucas frases a multiplicidade de argumentos e at de movimentos que marcharam pela causa. Mas, simplificando, o feminismo apresentava-se s massas com o propsito de "libertar" a mulher, o que implicava enterrar os seus papis clssicos de subjugao falocntrica.
As grilhetas femininas no estavam apenas em casa: na humilhao de cozinhar para o homem, de criar os seus filhos e de suportar as suas "violaes" regulares no leito conjugal (obrigado, Andrea Dworkin).
A libertao implicava tambm que a mulher deixasse de ser objeto sexual; deixasse de ser "coisa", "carne", "corpo" e passasse a ser "pessoa". A luta contra a indstria pornogrfica, por exemplo, foi um must do movimento, sobretudo nos Estados Unidos, e muitas vezes uniu as "revolucionrias" do movimento feminista com a extrema direita religiosa mais reacionria. Ironias da histria. Ironias que a notvel escritora Camille Paglia sublinhou em textos crticos sobre a condio feminina.
Para Paglia, o movimento feminista, longe de defender a "libertao" das mulheres, apenas pretendia substituir uma forma de autoritarismo por outra. Paglia no nega as provaes que as mulheres experimentaram durante grande parte da histria. Mas Paglia, ao contrrio de Dworkin e suas vestais, entendia que a verdadeira libertao no passava por um novo catlogo de proibies. Passava por dar s mulheres o que estas no tinham anteriormente: escolha e poder. Ou, em linguagem prosaica, se uma mulher deseja ser "coisa", "carne", "corpo", isso no a diminui enquanto "pessoa". Pelo contrrio: uma poderosa manifestao de autonomia e, no limite, de domnio sobre aquele que a deseja. Liberdade no impor um nico padro de comportamento. Liberdade , precisamente, no impor nenhum.
Dados colhidos na realidade
Exemplo
Exemplo
Citaes de autoridades
Argumentos de valor universal
Proibir o comercial de Paris Hilton em nome da "dignidade das mulheres" , to simplesmente, um insulto s mulheres. Um insulto capacidade destas para decidirem ser o que entenderem: santas, prostitutas, ou nenhuma delas. Para o insulto ser perfeito, s faltava que o governo brasileiro liberasse o comercial sob a condio de Paris Hilton usar burca da cabea aos ps. No riam. Braslia est longe de Teer, sim. Mas o esprito o mesmo.
COUTINHO, Joo Pereira. Folha de S. Paulo, 02 fev. 2010.Disponvel em: .
Acesso em: 08 nov. 2010.
CONCLUSO
Reafirmao da tese
* Observe que o autor, embora diga que no vale a pena perder tempo com a contradio do raciocnio, ocupou-se at esse trecho do texto em apontar indcios dessa contradio.
Estratgias argumentativas
22 Coleo Estudo
ESTRATGIAS ARGUMENTATIVAS
possvel perceber no texto lido que o autor no apenas apresenta argumentos, mas os desenvolve, de modo a tornar o
texto mais persuasivo. possvel usar diversos recursos a fim de defender um ponto de vista qualquer.
A tabela a seguir apresenta algumas estratgias argumentativas que lhe permitiro desenvolver melhor sua argumentao
e, assim, seu texto. Atente-se para a aplicabilidade de cada uma dessas estratgias e para alguns dos marcadores sintticos
que permitem introduzi-las.
Tipo Aplicabilidade Marcadores Sintticos
ExemplificaoBusca justificar o ponto de vista defendido por meio de exemplos. Permite hierarquizar informaes e dados estatsticos.
Mais importante que, superior a, de maior relevncia que, considerando os dados, conforme informaes recentes.
Apresentao de causas e consequncias
Permite a explicao e / ou a justificativa de um fenmeno qualquer, ao evidenciar as relaes estabelecidas.
Porque, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, de tal modo que.
ExplicitaoTem como finalidade o esclarecimento do ponto de vista apresentado.
Isto , haja vista, na verdade, considera-se, denomina-se, segundo, do ponto de vista.
EnumeraoConsiste na apresentao de uma sequncia de elementos que provm uma opinio emitida.
Primeiro, segundo, antes de, depois de, ao redor, no sul, no norte, ainda, em seguida.
ComparaoConsiste na aproximao de fenmenos, buscando estabelecer entre eles uma relao de identidade ou distino.
Da mesma forma, tal como, assim como, ao contrrio, por um lado, por outro lado, mais que, menos que, em contraste.
Utilizao de perguntas retricas
Consiste no levantamento de questes dirigidas ao leitor, as quais permitem o direcionamento para uma resposta pretendida pelo autor.
Frases interrogativas, do vocativo e da 1 pessoa do plural.
Levantamento de objees j previstas
Consiste na antecipao de objees que poderiam servir contra-argumentao, para refut-las e evitar contraposio.
Oraes subordinadas adverbiais concessivas.
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Da mesma forma que variam a natureza da argumentao, os autores tambm usam, em um nico texto, mais de uma estratgia argumentativa para desenvolver suas ideias. Observe:
A origem da corrupo
O Brasil no um pas intrinsecamente corrupto. No existe nos genes brasileiros nada que nos predisponha corrupo, algo herdado, por exemplo, de desterrados portugueses.
A Austrlia, que foi colnia penal do imprio britnico, no possui ndices de corrupo superiores aos de outras naes, pelo contrrio. Ns brasileiros no somos nem mais nem menos corruptos que os japoneses, que a cada par de anos tm um ministro que renuncia diante de denncias de corrupo.
Somos, sim, um pas onde a corrupo, pblica e privada, detectada somente quando chega a milhes de dlares e porque um irmo, um genro, um jornalista ou algum botou a boca no trombone, no por um processo sistemtico de auditoria. As naes com menor ndice de corrupo so as que tm o maior nmero de auditores e fiscais formados e treinados. A Dinamarca e a Holanda possuem 100 auditores por 100 000 habitantes. Nos pases efetivamente auditados, a corrupo detectada no nascedouro ou quando ainda pequena. O Brasil, pas com um dos mais elevados ndices de corrupo, segundo o World Economic Forum, tem somente oito a