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1 www.projetomedicina.com.br Literatura – Literatura Brasileira – Barroco – Médio [20 Questões] 01 - (EFOA MG) Considere as afirmações que se seguem. Todas elas vinculam a poesia de Gregório de Matos aos princípios estéticos e ideológicos do Barroco brasileiro, EXCETO: a) A produção literária de Gregório de Matos dividiu-se entre a temática lírico-religiosa e uma visão crítica das mazelas sociais oriundas do processo de colonização no Brasil. b) O “Boca do Inferno” insurgiu-se não só contra os desmandos administrativos e políticos da Bahia do século XVII, mas contra o próprio ser humano que, na concepção do poeta, é por natureza corrupto e mau. c) Os poemas religiosos de Gregório de Matos fundiram a contemplação da divindade, o complexo de culpa, o desejo de arrependimento e o horror de ser pó, sensações, enfim, freqüentes no atormentado espírito barroco. d) O significado social do Barroco brasileiro foi marcante, uma vez que a poesia de Gregório de Matos revestiu-se de alto sentido crítico aos vícios e violências da sociedade colonial. e) A vertente lírica da poética de Gregório de Matos cultuou o amor feito de pequenos afetos, da meiga ternura e dos torneios gentis, tendo como cenário o ambiente campestre e pastoril. 02 - (EFOA MG) Leia atentamente o poema: Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza.

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Literatura – Literatura Brasileira – Barroco – Médio [20 Questões]

01 - (EFOA MG)

Considere as afirmações que se seguem. Todas elas vinculam a poesia de Gregório de Matos

aos princípios estéticos e ideológicos do Barroco brasileiro, EXCETO:

a) A produção literária de Gregório de Matos dividiu-se entre a temática lírico-religiosa e

uma visão crítica das mazelas sociais oriundas do processo de colonização no Brasil.

b) O “Boca do Inferno” insurgiu-se não só contra os desmandos administrativos e políticos

da Bahia do século XVII, mas contra o próprio ser humano que, na concepção do poeta,

é por natureza corrupto e mau.

c) Os poemas religiosos de Gregório de Matos fundiram a contemplação da divindade, o

complexo de culpa, o desejo de arrependimento e o horror de ser pó, sensações, enfim,

freqüentes no atormentado espírito barroco.

d) O significado social do Barroco brasileiro foi marcante, uma vez que a poesia de

Gregório de Matos revestiu-se de alto sentido crítico aos vícios e violências da sociedade

colonial.

e) A vertente lírica da poética de Gregório de Matos cultuou o amor feito de pequenos

afetos, da meiga ternura e dos torneios gentis, tendo como cenário o ambiente

campestre e pastoril.

02 - (EFOA MG)

Leia atentamente o poema:

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.

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Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

(Matos, Gregório de. Poemas escolhidos.São Paulo: Editora Cultrix, 1997, p. 317.)

Todas as alternativas que se seguem inserem o autor e seu texto em uma visão do mundo

de século XVII, EXCETO:

a) O traço temático caracteristicamente barroco presente no texto é o caráter fugidio das

coisas do mundo.

b) A aproximação de sentimentos contrastantes, como a tristeza e a alegria, confirma a

tendência paradoxal da poesia do século XVII.

c) O poema explora a inconstância dos bens mundanos através de um jogo de idéias e

palavras que tanto motivou o escritor barroco.

d) O poeta baiano vale-se da linguagem figurada para persuadir o leitor e convencê-lo da

instabilidade da beleza e da felicidade.

e) A retomada de elementos da natureza e da melancolia identifica o soneto com a

produção poética de inspiração byroniana.

03 - (ITA SP)

Leia o texto abaixo e as afirmações que se seguem

Que falta nesta cidade? Verdade.

Que mais por sua desonra? Honra.

Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.

O demo a viver se exponha,

Por mais que a fama a exalta,

Numa cidade onde falta

Verdade, honra, vergonha.

Matos, G. de. "Os melhores poemas de Gregório de Matos Guerra". Rio de Janeiro: Record,

1990.

I. mantém uma estrutura formal e rítmica regular.

II. enfatiza as idéias opostas.

III. emprega a ordem direta.

IV. refere-se à cidade de São Paulo.

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V. emprega a gradação.

Então, pode-se dizer que são verdadeiras

a) apenas I, II, IV.

b) apenas I, II, V.

c) apenas I, III, V

d) apenas I, IV, V.

e) todas.

04 - (Mackenzie SP)

Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três cousas: olhos, espelho e luz. Se

tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de

noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister

olhos. Que cousa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-

se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é necessário

espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz,

que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.

I. O texto é exemplo de obra sermonística.

II. O texto é exemplo da literatura religiosa desenvolvida no Brasil pelos jesuítas no século

XVI.

III. O texto desenvolve-se seguindo modelo de composição conceptista.

IV. Analogia e paralelismo sintático são recursos retóricos que compõem a argumentação.

Dentre as afirmações acima:

a) apenas I , II e III estão corretas.

b) apenas I , III e IV estão corretas.

c) apenas II , III e IV estão corretas.

d) todas estão corretas.

e) nenhuma está correta.

O estilo de época a que pertence o texto está diretamente associado:

a) à Contra-Reforma.

b) ao Iluminismo.

c) ao Positivismo.

d) ao Pombalismo.

e) ao Mercantilismo.

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05 - (Mackenzie SP)

Os conhecidos versos de Gregório de Matos – Ser Angélica flor e Anjo florente / Em quem,

senão em vós, se uniformara: – revelam que a estética seiscentista:

a) sobrepõe a concepção espiritualista da figura feminina à concepção carnal.

b) valoriza apenas os aspectos físicos da figura feminina, em oposição à estética medieval.

c) busca, na recriação da mulher, uma síntese de valores espirituais e materiais.

d) descreve a mulher utilizando os mesmos recursos estilísticos das cantigas de amor.

e) descreve, satiricamente, as características contraditórias da figura feminina.

06 - (Mackenzie SP)

Não é fácil viver entre os insanos.

Erra quem presumir que sabe tudo,

Se o atalho não soube dos seus danos.

O prudente varão há de ser mudo,

Que é melhor neste mundo o mar de enganos,

Ser louco cos demais, que ser sisudo.

Gregório de Matos

A linguagem satírica, que permitiu a Gregório de Matos investir contra os contemporâneos,

a) está também presente em Cartas chilenas, em que um morador de Vila Rica ataca os

abusos do governador de Minas Gerais.

b) tinha como principal alvo a atividade dos jesuítas em sua tarefa de catequizar os

primitivos habitantes das praias paulistas.

c) foi o recurso mais significativo da produção de outro poeta brasileiro da fase colonial,

Álvares de Azevedo.

d) deu origem, também, a seus sonetos sacros e amorosos, tornando sua obra exemplar

do conjunto das tendências ideológicas de seu tempo, a Ilustração.

e) aproxima o poeta baiano de um dos autores mais conhecidos do lirismo europeu do

século XVI, o Padre Antônio Vieira.

07 - (FATEC SP)

Os ouvintes ou são maus ou são bons; se são bons, faz neles grande fruto a palavra de

Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito. A palavra de Deus é tão

fecunda, que nos bons faz muito fruto e é tão eficaz, que nos maus, ainda que não faça

fruto, faz efeito; lançada nos espinhos não frutificou, mas nasceu até nos espinhos; lançada

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nas pedras não frutificou, mas nasceu até nas pedras. Os piores ouvintes que há na Igreja

de Deus são as pedras e os espinhos. E por quê? - Os espinhos por agudos, as pedras por

duras. Ouvintes de entendimentos agudos e ouvintes de vontades endurecidas são os

piores que há. Os ouvintes de entendimentos agudos são maus ouvintes, porque vêm só a

ouvir sutilezas, a esperar alantarias, a avaliar pensamentos, e às vezes também a picar

quem os não pica.

Mas os de vontades endurecidas ainda são piores, porque um entendimento agudo

pode-se ferir pelos mesmos fios, e vencer-se uma agudeza com outra maior; mas contra

vontades endurecidas nenhuma coisa aproveita a agudeza, antes dana mais, porque

quanto as setas são mais agudas, tanto mais facilmente se despontam na pedra.

E com os ouvintes de entendimentos agudos e os ouvintes de vontades endurecidas

serem os mais rebeldes, é tanta a força da divina palavra, que, apesar da agudeza, nasce

nos espinhos, e apesar da dureza, nasce nas pedras.

(Padre Antônio Vieira, "Sermão da Sexagésima". Texto editado.)

Considere as afirmações seguintes sobre o texto de Vieira.

I. Trata-se de texto predominantemente argumentativo, no qual Vieira emprega as

metáforas do espinho e da pedra para referir-se àqueles em que a palavra de Deus não

prospera.

II. Nota-se no texto a metalinguagem, pois o sermão trata da própria arte da pregação

religiosa.

III. À vista da construção essencialmente fundada no jogo de idéias, fazendo progredir o

tema pelo raciocínio, pela lógica, o texto caracteriza-se como conceptista.

IV. Efeito da Revolução Industrial, que reforçou a perspectiva capitalista e o

individualismo, esse texto traduz a busca da natureza (pedras, espinhos, .....) como

refúgio para o eu lírico religioso.

V. Vincula-se ao Barroco, movimento estético entre cujos traços destaca-se a oscilação

entre o clássico (de matriz pagã) e o medieval (de matriz cristã), a qual se traduz em

estados de conflito religioso.

Estão corretas apenas as afirmações

a) I, II e III.

b) I, III e V.

c) II, III e IV.

d) II, III, IV e V.

e) I, II, III e V.

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08 - (UFSCar SP)

O pregar há-de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Ordenado,

mas como as estrelas. (...) Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz

influência, não é ordem que faça lavor. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os

pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da

outra há-de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar noite; se de uma

parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra

hão-de dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz?

Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o estilo

da disposição, e também o das palavras.

(Vieira, "Sermão da Sexagésima".)

No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão, que era comum na arte de pregar

dos padres dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o objetivo de

a) defender a ordenação das idéias em um sermão.

b) fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido.

c) comparar o sermão de certos pregadores a uma verdadeira prisão.

d) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear.

e) criticar a preocupação com a simetria do sermão.

09 - (UFPE)

"Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós que roubais em uma armada

sois imperador? Assim é. Roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza. O ladrão que

furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas que levam de que eu

trato, são os outros... ladrões de maior calibre e mais alta esfera...Os outros ladrões

roubam um homem, estes roubam cidades e reinos, os outros furtam debaixo de seu risco,

estes sem temor nem perigo; os outros se furtam são enforcados, e o bucolismo estes

furtam e enforcam."

(Pe. Antonio Vieira. "Sermão do bom ladrão".)

"Que havemos de esperar, Marília bela ?

Que vão passando os florescentes dias?

As glórias que vêm tarde já vêm frias;

E pode enfim mudar-se a nossa estrela.

Ah! Não, minha Marília,

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Aproveite-se o tempo, antes que faça

O estrago de roubar ao corpo as forças

E ao semblante a graça.

(Tomás Antônio Gonzaga. "Lira XIV")

Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas a seguir.

01. A obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O tema dos versos acima é o "carpe

diem" (gozar a vida presente), escrito numa linguagem amena, sem arroubos, própria

do Arcadismo.

02. Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares, a linguagem arcádica, no poema de

Gonzaga, diferencia-se da linguagem rebuscada, usada pelo Barroco.

03. O texto de Vieira, sendo Barroco, está pleno de metáforas, de linguagem figurada, de

termos inusitados e eruditos, sendo de difícil compreensão.

04. Vieira adota a tendência barroca conceptista que leva para o texto o predomínio das

idéias, do raciocínio, da lógica, procurando adequar os textos religiosos à realidade

circundante.

Está(ão) correta(s) apenas:

a) 1, 2 e 3

b) 1

c) 2

d) 1, 2 e 4

e) 2, 3 e 4

10 - (UFRGS)

Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) a afirmações abaixo sobre os dois grandes nomes

do barroco brasileiro.

( ) A obra poética de Gregório de Matos oscila entre os valores transcendentais e os

valores mundanos, exemplificando as tensões do seu tempo.

( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma construção de imagens

desdobradas em numerosos exemplos que visam a enfatizar o conteúdo da pregação.

( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas e sermões, mostram exacerbados

sentimentos patrióticos expressos em linguagem barroca.

( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom dos sermões do Padre Vieira

representam duas faces da alma barroca no Brasil.

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( ) O poeta e o pregador alertam os contemporâneos para o desvio operado pela retórica

retumbante e vazia.

A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) V - F - F - F - F

b) V - V - V - V - F

c) V - V - F - V - F

d) F - F - V - V - V

e) F - F - F - V - V

11 - (UFSM RS)

OS HOLANDESES NO BRASIL

A carta que João Fernandes Vieira, um dos heróis da Restauração Pernambucana, escreveu

em 1654 ao rei de Portugal dom João IV relatando o fim do domínio holandês no Brasil foi

entregue na segunda-feira 18 à Universidade Federal de Pernambuco. O documento

pertencia ao professor inglês Charles Ralph, um dos principais estudiosos do período da

expansão portuguesa, falecido no ano passado. Pela primeira vez, o documento ficará

guardado no Brasil.

("Isto É", n° 1656, 27 de junho de 2001.)

Quando, em 1640, os holandeses apertaram o cerco à cidade da Bahia, ameaçando invadi-

la pela segunda vez, Padre Antônio Vieira, em seu "Sermão pelo bom sucesso das armas de

Portugal contra as de Holanda", bradava aos céus, suplicando a proteção de Deus para a

cidade de Salvador.

Assinale a alternativa que apresenta um fragmento desse Sermão.

a) Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se conheça, há de

dividi-la para que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com a

razão, há de confirmá-la com o exemplo, há de amplificá-la com as causas, com os

efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências que se hão de seguir, com os

inconvenientes que se devem evitar [...]

b) Este foi, Cristãos, o amor de Cristo, esta a ciência e as ciências com que nos amou, e

esta a ignorância e ignorâncias sobre que somos amados [...]. Sirva-nos a sua ciência de

espertador, para nunca deixar de amar; sirva-nos a nossa ignorância de estímulo, para

sempre amar mais e mais a quem tanto nos amou [...]

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c) Enquanto Páris, ignorante de si e da fortuna do seu nascimento, guardava as ovelhas

do seu rebanho nos campos do monte Ida, dizem as histórias humanas que era objeto

dos seus cuidados Enone, uma formosura rústica daqueles vales. Mas quando o

encoberto príncipe se conheceu e soube que era filho de Príamo, rei de Tróia, como

deixou o cajado e o surrão, trocou também de pensamento [...]

d) Semeou uma semente só, e não muitas, porque o sermão há de ter uma só matéria, e

não muitas matérias. Se o lavrador semeara primeiro trigo, e sobre trigo semeara

centeio, e sobre o centeio semeara milho grosso e miúdo, e sobre o milho semeara

cevada, que havia de nascer? - Uma mata brava, uma confusão verde [...]

e) Que a larga mão com que nos destes tantos domínios e reinos não foram mercês de

vossa liberalidade, senão cautela e dissimulação de vossa ira, para aqui fora e longe de

nossa Pátria nos matardes, nos destruirdes, nos acabardes de todo. Se esta havia de ser

a paga e o fruto de nossos trabalhos, para que foi o trabalhar, para que foi o servir,

para que foi o derramar tanto e tão ilustre sangue nestas conquistas? [...]

12 - (UEL PR)

O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da Reforma

entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma

difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os

versos que melhor expressam este conflito é:

a) Um paiá de Monal, bonzo bramá,

Primaz da Cafraria do Pegu,

Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,

Quer ser filho do sol, nascendo cá.

(Gregório de Matos)

b) Temerária, soberba, confiada,

Por altiva, por densa, por lustrosa,

A exaltação, a névoa, a mariposa,

Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.

(Botelho de Oliveira)

c) Fábio, que pouco entendes de finezas!

Quem faz só o que pode a pouco obriga:

Quem contra os impossíveis se afadiga,

A esse cede amor em mil ternezas.

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(Gregório de Matos)

d) Luzes qual sol entre astros brilhadores,

Se bem rei mais propício, e mais amado;

Que ele estrelas desterra em régio estado,

Em régio estado não desterras flores.

(Botelho de Oliveira)

e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Porque quanto mais tenho delinqüido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

(Gregório de Matos)

13 - (UFES)

O poema abaixo do "Boca de Inferno" representa uma fase e um estilo da literatura

brasileira. Leia o poema e as afirmativas seguintes e assinale a alternativa CORRETA.

Seis horas enche e outras tantas vaza

A maré pelas margens do oceano,

E não larga a tarefa um ponto no ano,

Porquanto o mar rodeia, e o sol abrasa.

Desde a esfera primeira opaca, ou rasa,

A Lua com impulso soberano

Engole o mar por um secreto cano,

E quando o mar vomita, o mundo arrasa.

Muda-se o tempo, e suas temperanças,

Até o céu se muda, a terra, os mares,

E tudo está sujeito a mil mudanças.

Só eu, que todo o fim de meus pesares

Eram de algum minguante as esperanças,

Nunca o minguante vi de meus azares.

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I. O poema, do período Barroco e autoria de Gregório de Matos, tem como temática os

males da vida do poeta, salientando a constante transformação das coisas, ressaltando

que num mundo de eternas mudanças só a sua dor permanece.

II. A primeira estrofe do poema expressa a consciência de mudança e do constante

movimento da vida, contrastando com a última, que afirma a permanência de todos os

males do poeta.

III. O poema, construído em decassílabo sáfico, com hipérbatos e metáforas, tem na

personificação da Lua a expressão do cultismo, uma prática barroca referente aos

astros celestes oriunda da Contra-Reforma.

IV. As rimas cdc/dcd criam uma simetria com as palavras rimadas, reafirmando a temática

central do poema e harmonizando tais palavras de forma que os tercetos destaquem a

condição desesperançada do poeta.

a) Nenhumas das afirmativas está correta.

b) Apenas uma das afirmativas está correta.

c) Apenas duas das afirmativas estão corretas.

d) Apenas três das afirmativas estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.

14 - (UFRRJ)

Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol as Inconstâncias dos bens do Mundo.

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém. se acaba o Sol, por que nascia?

Se formosa a Luz é, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,

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E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

(GUERRA, Gregório de Matos.ANTOLOGIA POÉTICA. Rio, Ediouro, 1991. p.84.)

O texto de Gregório de Matos possui muitas antíteses, que são usadas nos textos barrocos

para

a) traduzir o conflito humano.

b) rejeitar o vocabulário popular.

c) personificar seres inanimados.

d) marcar a presença do onírico.

e) detalhar a arte poética.

Um dos aspectos da arquitetura do poema barroco é aquele em que conceitos e/ou

palavras são inicialmente citados ao longo do poema, para mais adiante, serem retomados

conclusivamente. Este recurso, no soneto de Gregório de Matos, acontece respectivamente

a) nos dois quartetos e no 2º terceto.

b) no 1º quarteto e no 2º quarteto.

c) nos dois quartetos e nos dois tercetos.

d) no 2º quarteto e no 1º terceto.

e) no 1º terceto e no 2º terceto.

15 - (FATEC SP)

AS COUSAS DO MUNDO

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;

Com sua língua, ao nobre o vil decepa:

O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar pode, mais increpa;

Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;

Bengala hoje na mão, ontem garlopa.

Mais isento se mostra o que mais chupa.

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Para a tropa do trapo vazo a tripa

E mais não digo, porque a Musa topa

Em apa, epa, ipa, opa, upa.

(Gregório de Matos Guerra, "Seleção de Obras Poéticas")

A alternativa que melhor exprime as características da poesia de Gregório de Matos,

encontradas no poema transcrito, é a que destaca a presença de

a) inversões da sintaxe corrente, como em "Com sua língua, ao nobre o vil decepa" e

"Quem menos falar pode".

b) conflito entre os universos do profano e do sagrado, como se vê na oposição "Quem

dinheiro tiver" e "pode ser Papa".

c) metáforas raras e desusadas, como no verso experimental "a Musa topa/Em apa, epa,

ipa, opa, upa".

d) contraste entre os pólos de antíteses violentas, como "língua" X "decepa" e "menos

falar" X "mais increpa".

e) imagens que exploram os elementos mais efêmeros e diáfanos da natureza, como "flor

e "tulipa".

Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua época é feita

por meio da

a) denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo

condenável, embora sob a capa das leis da Igreja.

b) enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que

identifica e recomenda a ascensão social.

c) elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com

as práticas morais encontradas na alta sociedade.

d) comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade

com os da faixa mais nobre e aristocrática.

e) caracterização de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis, são

dissimulados em seus opostos.

16 - (UFSM RS)

Leia o trecho de um sermão, do Padre Antônio Vieira:

"Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos um estilo tão empeçado, um estilo

tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda parte e a toda a

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natureza? O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Compara Cristo o pregar e o

semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte."

O objetivo do autor é

a) destacar que a naturalidade - propriedade da natureza - pode tornar mais claro o estilo

das pregações religiosas.

b) salientar que o estilo usado na igreja, naquela época, não era afetado nem dificultoso.

c) argumentar que a lição de Cristo é desnecessária para os objetivos da pregação

religiosa.

d) lamentar o fato de os sermões serem dirigidos dos púlpitos, excluindo da audiência as

pessoas que ficavam fora da igreja.

e) mostrar que, segundo o exemplo de Cristo, pregar e semear afetam o estilo, porque

são práticas inconciliáveis.

17 - (UFSM RS)

Leia a estrofe de Gregório de Matos:

"Ardor em firme coração nascido;

pranto por belos olhos derramado;

incêndio em mares de água disfarçado;

rio de neve em fogo convertido."

Assinale a alternativa em que os dois versos indicados apresentam metáforas de lágrimas.

a) versos 1 e 2

b) versos 2 e 4

c) versos 2 e 3

d) versos 3 e 4

e) versos 1 e 3

18 - (UFV MG)

Leia o soneto a seguir, de autoria de Gregório de Mattos:

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

Da vossa piedade me despido,

Porque quanto mais tenho delinqüido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

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Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido,

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida, e já cobrada

Glória tal e prazer tão repentino

vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a, e não queiras, Pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

(Cf. DIMAS, Antônio. "Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e crítico." 2.

ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p.141s)

Assinale a alternativa INCORRETA:

a) No jogo de antíteses, o poeta vê-se como culpado, mas também ovelha indispensável

ao Pastor Divino.

b) O argumento do poeta, arrependido, contrói-se pelo jogo de idéias, ou seja, o cultismo.

c) O poeta recorre ao texto bíblico para justificar, perante Deus, a necessidade de ser

perdoado.

d) Segundo o poeta, o perdão de sua culpa favorecia a ambos: tanto ao culpado, quanto

ao Pastor Divino.

e) O poeta busca, em sua linguagem dualista, conciliar, poeticamente, fé e razão.

19 - (UEL PR)

Ao lado dos versos críticos e contundentes, em geral dirigidos contra os poderosos e os

oportunistas, há os versos líricos, tocados pelo sentimento amoroso ou pela devoção cristã.

Num e noutro casos, apuravam-se o engenho verbal, as construções paralelísticas, o

emprego de antíteses e hipérboles, por vezes inspirando-se diretamente em versos ou

fórmulas dos espanhóis Gôngora e Quevedo - mestres desse estilo.

O trecho anterior está-se referindo à obra poética de

a) Cláudio Manuel da Costa.

b) Gregório de Matos.

c) Tomás Antônio Gonzaga.

d) José de Anchieta.

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e) Bernardo Guimarães.

20 - (UFV MG)

Leia atentamente o poema:

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

(MATOS, Gregório de."Poemas escolhidos" São Paulo: Cultrix, 1997. p. 317.)

Todas as afirmativas que se seguem inserem o autor e seu texto em uma visão do mundo

de século XVII, EXCETO:

a) A retomada de elementos da natureza e da melancolia identifica o soneto com a

produção poética de inspiração byroniana.

b) A aproximação de sentimentos contrastantes, como a tristeza e a alegria, confirma a

tendência paradoxal da poesia do século XVII.

c) O poema explora a inconstância dos bens mundanos através de um jogo de idéias e

palavras que tanto motivou o escritor barroco.

d) O poeta baiano vale-se da linguagem figurada para persuadir o leitor e convencê-lo da

instabilidade da beleza e da felicidade.

e) O traço temático caracteristicamente barroco presente no texto é o caráter fugidio das

coisas do mundo.

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GABARITO:

1) Gab: E

2) Gab: E

3) Gab: B

4) Gab: B

Gab: A

5) Gab: C

6) Gab: A

7) Gab: E

8) Gab: A

9) Gab: D

10) Gab: C

11) Gab: E

12) Gab: E

13) Gab: D

14) Gab: A

Gab: C

15) Gab: A

Gab: E

16) Gab: A

17) Gab: D

18) Gab: B

19) Gab: B

20) Gab: A