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ETEC DR. DEMÉTRIO AZEVEDO JÚNIOR ITAPEVA - SP 2014

Lixiviação de PCI

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Lixiviação de PCI

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  • ETEC DR. DEMTRIO AZEVEDO JNIOR

    ITAPEVA - SP

    2014

  • ETEC DR. DEMTRIO AZEVEDO JNIOR

    ISABELA VITRIA FIGUEIRA DA COSTA

    JULIA PEREIRA DINIZ

    NATALIA RODRIGUES DA COSTA

    RECUPERAO DE METAIS OBTIDOS NA

    LIXIVIAO DE PCI

    ITAPEVA SP

    2014

  • ISABELA VITRIA FIGUEIRA DA COSTA

    JULIA PEREIRA DINIZ

    NATALIA RODRIGUES DA COSTA

    RECUPERAO DE METAIS OBTIDOS NA

    LIXIVIAO DE PCI

    Trabalho de Concluso De Curso apresentado

    ao Curso Tcnico em Qumica da Escola

    Tcnica Estadual Dr. Demtrio Azevedo

    Jnior de Itapeva, como parte dos requisitos

    para obteno do diploma de Tcnico em

    Qumica.

    Orientador: Prof. Paulo Rossi Bilesky

    ITAPEVA SP

    2014

  • ETEC DR. DEMTRIO AZEVEDO JNIOR

    ISABELA VITRIA FIGUEIRA DA COSTA

    JULIA PEREIRA DINIZ

    NATALIA RODRIGUES DA COSTA

    ESTE TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO FOI JULGADO ADEQUADO

    PARA A OBTENO DO TTULO DE

    TCNICO EM QUMICA

    Prof. ROBERTO CARLOS DE OLIVEIRA

    Coordenador

    BANCA EXAMINADORA:

    Prof. PAULO ROSSI BILESKY

    Orientador/ETEC-ITAPEVA

    Prof. FRANCISCO DE ALMEIDA FILHO

    ETEC-ITAPEVA

    Prof. ROBERTO CARLOS DE OLIVEIRA

    ETEC-ITAPEVA

    Novembro de 2014

  • AGRADECIMENTOS

    Agradecemos primeiramente a Deus por nos ter dado foras durante esta caminhada,

    s nossas famlias pelo amor, carinho e incentivo incondicional,

    esta instituio de ensino, bem como seu corpo docente, somos gratas por todo o

    conhecimento a ns transferido, pela tica, respeito e suporte.

  • COSTA, I. V. F.; DINIZ, J. P.; COSTA, N. R. Recuperao de metais obtidos na lixiviao

    de PCI. 2014. 37 f. Trabalho de Concluso de Curso (Tcnico em Qumica) ETEC Dr.

    Demtrio Azevedo Jnior, Itapeva SP, 2014.

    RESUMO

    A lixiviao de PCIs acarreta a gerao de um resduo que no possui, a princpio, uma

    destinao correta. Este material uma soluo de cloreto frrico saturada de ons de cobre,

    que se descartada incorretamente pode ser prejudicial ao meio ambiente e vida humana.

    Desta forma este trabalho prope o isolamento do cobre e do ferro em forma de xidos (sendo

    que a partir destes possvel produzir pigmentos e ligas metlicas) e sua quantificao, como

    uma proposta de interveno afim de transformar o rejeito em um produto til com a menor

    quantidade de resduo possvel. A metodologia empregada consiste basicamente na separao

    por decantao dos metais presentes, formao do xido de cobre, calcinao dos xidos

    obtidos e quantificao atravs de titulao com EDTA, alm de pigmentao de uma tinta

    base de gua com os xidos. A partir do desenvolvimento destes processos, separaram-se os

    xidos de cobre e ferro, determinou-se sua constituio e realizaram-se tentativas de aplicao

    dos xidos mencionados como pigmento. Ao trmino de todos os processos obtiveram-se os

    metais em forma de xidos, o que possibilita uma gama de finalidades soluo inicial, desde

    pigmentos at sua possvel fundio, e ainda observou-se que ambos os xidos tm um grau

    significativo de pureza, sendo o de cobre 60,8% e o de ferro, 96,65%.

    PALAVRAS-CHAVE: xido de cobre, xido de ferro, PCI, pigmentos, resduo.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Fluxograma Hidrometalrgico............................................................................... 15

    Figura 2 Diagrama de Pourbaix............................................................................................ 16

    Figura 3 Diagrama Pourbaix do Sistema cobre-gua a 25C................................................ 17

    Figura 4 Fluxograma de um processo de formao de pigmentos por precipitao............. 21

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Produtos base de xido de ferro.......................................................................... 21

    Tabela 2 Composio do xido de cobre.............................................................................. 27

    Tabela 3 Composio do xido de ferro............................................................................... 28

  • LISTA DE SMBOLOS

    Cu Cobre

    Cu0 cobre metlico

    Cu+2 ction cprico

    CuO xido de cobre

    E Potencial

    EDTA cido etilenodiamino tetra-actico

    Fe3+ ction frrico

    FeCl3 cloreto frrico

    Fe2O3 xido de ferro

    HCl cido clordrico

    NaOH hidrxido de sdio

    PCI placa de circuito impresso

    pH potencial hidrogeninico

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................... 9

    1.1 OBJETIVOS .................................................................................................................... 10

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ..................................................................................... 11

    2.1 PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO ........................................................................... 11

    2.2 COBRE ............................................................................................................................ 11

    2.3 PROCESSOS DE RECUPERAO DE COBRE ......................................................... 12

    2.3.1 Processos Mecnicos ................................................................................................... 12

    2.3.2 Biotecnologia ............................................................................................................... 13

    2.3.3 Pirometalurgia ............................................................................................................ 13

    2.3.4 Eletrometalurgia ......................................................................................................... 14

    2.3.5 Hidrometalurgia ......................................................................................................... 14

    2.3.5.1 Fluxograma Hidrometalrgico .................................................................................. 15

    2.3.5.2 Preparao ................................................................................................................. 16

    2.3.5.3 Lixiviao .................................................................................................................. 16

    2.3.5.4 Tratamento da Soluo e Recuperao do Metal ...................................................... 18

    2.4 PROBLEMAS OCASIONADOS PELO DESCARTE INADEQUADO ....................... 18

    2.5 COLORANTES ............................................................................................................... 19

    2.5.1 Obteno de pigmentos por precipitao ................................................................. 21

    2.5.2 xidos de ferro ........................................................................................................... 21

    2.5.3 xidos de cobre ........................................................................................................... 22

    3 METODOLOGIA .......................................................................................................... 23

    3.1 MATERIAIS E REAGENTES ........................................................................................ 23

    3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................................... 23

    3.2.1 Separao dos metais em soluo .............................................................................. 24

    3.2.2 Formao do xido de cobre ...................................................................................... 24

    3.2.3 Filtrao e Secagem dos xidos ................................................................................. 24

    3.2.4 Calcinao dos xidos ................................................................................................. 24

    3.2.5 Abertura e preparao das amostras........................................................................ 24

    3.2.6 Quantificao dos xidos obtidos .............................................................................. 25

  • 3.2.7 Aplicao do pigmento ............................................................................................... 25

    4 RESULTADOS E DISCUSSES ................................................................................ 26

    4.1 TRATAMENTO INICIAL .............................................................................................. 26

    4.2 ANLISE DE XIDO DE COBRE ............................................................................... 27

    4.3 ANLISE DE XIDO DE FERRO ................................................................................ 28

    4.4 PUREZA DOS PRODUTOS .......................................................................................... 28

    4.5 APLICAO DOS XIDOS ......................................................................................... 29

    5 CONCLUSO ................................................................................................................ 30

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................ 31

  • 9

    1 INTRODUO

    No mbito da fabricao de placas e circuitos eltricos utiliza-se como principal matria

    prima o Cobre, por sua alta condutividade. Entretanto a oxidao deste metal acarreta

    problemas para a passagem da corrente eltrica, de modo que este se torna um circuito

    obsoleto (PETTER et al, 2012).

    Com o objetivo de remover a camada de Cobre oxidada, realiza-se o processo de

    lixiviao sobre o circuito, solubilizando ento os componentes metlicos (PETTER et al,

    2012). Para tal utiliza-se uma soluo corrosiva, como neste caso, Cloreto Frrico (FeCl3).

    Essa soluo muito usada como agente lixiviante de materiais com cobre por ser fonte de

    ons Fe3+, que so um bom agente oxidante (CARNEIRO; LEO, 2005).

    Porm aps diversas utilizaes da soluo, ela se torna inutilizvel para este fim devido

    ao acmulo de ons de cobre, gerando ento um resduo sem destinao adequada, posto que

    segundo Andreazza et al. (2010) ainda que essencial, o cobre um metal que gera impactos

    prejudiciais vida e ao ambiente, se em altas concentraes.

    Assim, no que diz respeito a essa problemtica, os danos causados pelo cobre podem

    atingir seres humanos causando, de acordo com a ATSDR (2004, p.32), danos ao fgado e aos

    rins, anemia, imunotoxicidade e desenvolvimento da toxicidade. No contexto das plantas

    igualmente h impactos gerados devido a altas concentraes deste metal pesado. exemplo

    da reduo do desenvolvimento de plantas de aveia com a adio de doses crescentes de cobre

    (Cu) (SANTOS et al, 2004 apud ANDREAZZA et al, 2013).

    Sendo que ambos os exemplos supracitados, humanos e plantas, podem obter contato

    com o Cobre por meio do solo, ingesto de gua, comida, ou qualquer outra substncia que o

    contenha (ATSDR, 2004 p.6) em altas concentraes em geral consequentes da ao

    antrpica no meio.

    Existem processos utilizados para obteno de cobre que podem ser usados para

    reciclagem do mesmo, desta forma evitando que ele chegue ao meio ambiente. Segundo Veit

    (2005 p.9), os principais so a pirometalurgia, eletrometalurgia e hidrometalurgia, e um

    mtodo alternativo a biotecnologia.

    Dando destaque ao processo hidrometalrgico, este composto de duas partes: a

    primeira o ataque cido ou alcalino para dissoluo do material, sendo seguido pela segunda

    parte que a separao por meio de procedimentos como precipitao, filtrao ou troca

    inica (VEIT, 2005 p.10). A lixiviao pode ser considerada a primeira parte da reciclagem

  • 10

    por hidrometalurgia, e a partir desse processo oxidativo em materiais de metal comum a

    obteno de xidos metlicos em soluo.

    xidos e outros compostos provenientes de metais de transio, como cobre e ferro, so

    coloridos (ESPSITO, 2011) e por isso muito utilizados como pigmento (principalmente os

    de ferro, por originarem diversas coloraes, do amarelo ao marrom) devido seu baixo custo

    e grande capacidade de colorao (BONDIOLI; MANFREDINI; OLIVEIRA, 1998, p. 13).

    1.1 OBJETIVOS

    Visando gesto dos resduos gerados a partir de uma soluo de cloreto frrico

    saturada com ons de cobre, que pode ser prejudicial ao meio ambiente se descartada de forma

    incorreta, este trabalho teve por objetivo realizar:

    - Isolamento do cobre e do ferro na forma de xidos (por meio de hidrometalurgia),

    quantificao e tratamento destes metais, presentes na soluo;

    - Produo de corantes utilizando as tonalidades provenientes dos xidos de ferro e

    cobre formados.

    E assim transformar a soluo problema em produtos teis com o mnimo de resduos

    possveis.

  • 11

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO

    As Placas de Circuito Impresso (PCI) compe uma enorme gama de eletroeletrnicos,

    como: televises, celulares, DVDs, aparelhos de som, etc. Esse material engloba em sua

    diversificada composio: 30% polmeros (polister, policarbonatos e poliolefinas), 30% de

    xidos refratrios (slica, alumina, xidos de terras raras, etc.), 40% metais de base (cobre,

    estanho, ferro, nquel, chumbo, alumnio e zinco), e ainda uma quantia de metais preciosos

    (prata, ouro e paldio) (VEIT, 2005 p.9).

    Inserido na lmina da PCI est o cobre, representando uma fina camada que a envolve;

    na qual os circuitos integrados so unidos lmina por soldagem, de forma que atravs de

    caminhos condutores as conexes ocorram do lado da lmina que possui cobre (JNIOR et al,

    2013).

    2.2 COBRE

    Historicamente, o cobre considerado precioso desde antes de Cristo, pois seu

    tratamento metalrgico proporcionava uma produo elevada. Entretanto com o passar do

    tempo esse metal sofreu intensa desvalorizao, voltando apenas a ser valorizado pelas

    indstrias de telefonia e eletricidade no princpio do sculo XX (GONALVES; CUNHA,

    2012 p.12).

    Este um metal marrom-avermelhado (NPI AUSTRALIAN GOVERNMENT, 2013)

    que se encontra abundantemente na natureza em rochas, gua, sedimentos, solo, plantas e

    animais e de forma pouco concentrada no ar, totalizando aproximadamente 50 partes de cobre

    por milho de partes de solo (ppm) (ATSDR, 2004 p.1).

    classificado como um metal pesado, possui densidade de 8,94 g/cm, ponto de fuso a

    1083C, de ebulio a 2595C, e seus istopos mais estveis tm massa 63g e 65g, j os

    istopos radioativos possuem massas que variam de 58g a 68g, outra caracterstica que ele

    no possui formas alotrpicas (GONALVES; CUNHA, 2012, p.14).

    O cobre um excelente condutor de calor e eletricidade, perdendo apenas para a prata,

    alm de ser dctil (facilita a formao de fios) e malevel. Isso o que o torna um dos metais

  • 12

    mais utilizados em composies eltricas, de forma que segundo Moraes (2011, p.13) este

    metal compe cerca de 2/3 dos componentes eletrnicos.

    2.3 PROCESSOS DE RECUPERAO DE COBRE

    A presena de metais preciosos bem como de metais de base, e sua considervel poro

    em PCIs, torna o tratamento residual destas, interessante economicamente devido ao valor

    agregado a tais metais, de acordo com Jnior et al. (2013).

    Juntamente com o interesse econmico, h o interesse ambiental na reciclagem de

    PCIs, pois certas substncias causam danos sade. Como o caso do mercrio que prejudica

    o crebro, ou ainda o chumbo que afeta o sistema nervoso central, perifrico, endcrino e

    circulatrio (VEIT, 2005). Vale ressaltar que ambos os elementos citados acima so proibidos

    em equipamentos eletrnicos na Europa desde 1 de julho de 2006 (RoHS, 2014).

    Assim, devido a fatores econmicos e ambientais supracitados, as PCIs passam por

    procedimentos mecnicos, qumico e trmicos, que visam tornar os metais de base e metais

    preciosos presentes novamente em matria prima (KASPER et al, 2011 apud PETTER et al,

    2012).

    Algumas formas de recuperar metais dessas placas so atravs de processos mecnicos,

    biotecnolgicos, pirometalrgicos, eletrometalrgicos ou hidrometalrgicos.

    2.3.1 Processos Mecnicos

    O processo mecnico basicamente a separao de componentes do material a ser

    tratado. Fazem parte a moagem do material (JNIOR et al, 2013), seguida da separao por

    diferena de densidade, peso, granulometria, propriedades magnticas e propriedades

    eltricas. Ele geralmente utilizado como parte primria no tratamento de resduos, sendo

    seguido por um processo metalrgico (VEIT, 2005 p.14).

    Uma de suas vantagens que esse tratamento o que gera menos resduos

    contaminantes, sendo assim o menos agressivo sade e ao meio ambiente. Em contrapartida,

    algumas de suas desvantagens o fato de o processo exigir um elevado consumo energtico e

  • 13

    na moagem pode-se perder componentes de alto valor agregado, como metais nobres

    (JNIOR et al, 2013).

    2.3.2 Biotecnologia

    Esse processo utilizado mais especificamente para recuperar ouro e digerir os outros

    metais presentes em sucatas eletrnicas. o tratamento do material com uma cultura de

    bactria ou fungo que cresce e mobiliza boa parte de certo metal (VEIT, 2005 p.12)

    Ele simples, fcil de operar e barato, e essas so as vantagens da biotecnologia. As

    desvantagens so a necessidade dos metais estarem expostos superficialmente e os longos

    perodos de ataque, que limitam o processo (RIBEIRO, 2013 p.18).

    2.3.3 Pirometalurgia

    Pirometalurgia o processo de recuperao atravs de reaes a alta temperatura, sem a

    participao de substncias aquosas (BAS et al, 1982 p.7). Nele esto inclusos

    procedimentos de incinerao, sinterizao, fuso, pirlise, entre outros (VEIT, 2005 p.10).

    Convencionalmente o processamento realizado atravs da concentrao de metais em

    uma fase chamada fase metlica e a formao de uma fase escria para a rejeio dos

    materiais estranhos em sua maioria (HOFFMANN, 1992 apud RIBEIRO, 2013 p.16).

    A maneira mais comum de retirarem-se materiais orgnicos como polmeros dos

    concentrados de metais atravs da incinerao: primeiro a sucata triturada e depois

    queimada em um forno para que se destruam os materiais polimricos, resultando em um

    resduo metlico. Isso pode gerar ligas impuras, e para purificao destas pode ser realizado

    refino eletrometalrgico ou pirometalrgico (VEIT, 2005 p.10).

    Esse mtodo pode causar alguns problemas por envolver processamento trmico, sendo

    eles principalmente: recuperao muito baixa ou quase impossvel de alguns metais (como

    chumbo, alumnio, estanho e zinco, por exemplo), a perda de metais pela volatilizao de seus

    cloretos e tambm por motivo da presena de vidros e componentes cermicos na sucata, que

    aumentam a quantidade de escria no forno (VEIT, 2005 p.10) e a emisso de compostos

    txicos pela queima de polmeros clorados e outros materiais isolantes (JNIOR et al, 2013).

  • 14

    A recuperao por pirometalurgia tem poucas etapas, aceita qualquer tipo de sucata

    eletrnica e no necessita de pr-tratamento, alm de que outros materiais como irdio que

    fica depositado em cadinhos ou tambm berlio em algumas sucatas podem ser tratados

    desta maneira. Essas so algumas das vantagens desse processamento (VEIT, 2005 p.10).

    2.3.4 Eletrometalurgia

    A eletrometalurgia utiliza de processos eletroqumicos e geralmente seguidos de um

    passo pirometalrgico para recuperao dos metais em sucatas eletrnicas.

    O processamento eletroqumico a utilizao de eletrodeposio nos mais variados

    tipos de resduos com objetivo de recuperar metais neles presentes. feito em eletrlitos

    aquosos ou sais fundidos, e geralmente usado como passos de refinamento para recuperao

    de metais puros (VEIT, 2005 p.12).

    Esse mtodo possui uma limitao, que o fato de que a sucata a ser recuperada deve

    ser pr-classificada. Em contrapartida, suas maiores vantagens so as seguintes:

    Possui poucas etapas;

    O eletrlito pode ser reciclado;

    Dos metais preciosos presentes na sucata 95 a 97% so encontrados no concentrado

    obtido com a eletrlise. A quantidade encontrada depois de fundio, utilizando

    eletrlise apenas como refinao, muito baixa;

    Pode ser utilizado em todos os tipos de sucata que contenham uma camada de metais

    preciosos sobre um substrato de metal base;

    Os metais preciosos podem ser dissolvidos seletivamente ou simultaneamente, de

    acordo com a necessidade, e o substrato permanece inalterado (HOFFMAN, 1992

    apud RIBEIRO, 2013 p.18).

    2.3.5 Hidrometalurgia

    O processo est baseado em ataques cidos ou bsicos que visam dissoluo do

    material slido, e posteriormente passam por etapas de separao como destilao, filtrao,

  • 15

    precipitao, dentre outros, que tem por objetivo a obteno dos metais de interesse

    (RIBEIRO, 2013 p.16).

    Comumente este processo utilizado para produo de alumina, nquel, titnio, terras-

    raras, e tambm cobre.

    A Hidrometalurgia possui diferenciais em relaes aos outros processos de recuperao,

    como: baixo custo, menos danos atmosfera terrestre e isolamento menos complexo de seus

    componentes principais (RIBEIRO, 2013 p.16).

    Outra importante questo a respeito deste mtodo o fato de que enquanto na

    Pirometalurgia as principais reaes ocorrem em altas temperaturas, sem a participao de

    solues aquosas, na Hidrometalurgia as reaes mais relevantes se processam em

    temperaturas baixas (eventualmente mdias), com o auxlio de presses maiores em meio

    principalmente aquoso (BAS et al, 1982 p.7).

    Ainda que possa ser considerada vantajosa em relao s outras tcnicas, a

    hidrometalurgia conta com algumas desvantagens como: formao de resduos slidos,

    necessidade de utilizao de processos mecnicos para diminuio do volume, no aceitao

    de materiais mais complexos, formao de resduos txicos e/ou corrosivos (VEIT, 2005

    p.12).

    2.3.5.1 Fluxograma Hidrometalrgico

    O processo Hidrometalrgico pode ser resumido na figura 1:

    Figura 1 Fluxograma Hidrometalrgico.

    Fonte: (FERNANDES; et al, 2007 p.157). Adaptado.

  • 16

    2.3.5.2 Preparao

    A primeira etapa desta recuperao, chamada Preparao, gira em torno do estudo

    qumico da substncia a ser tratada, com o objetivo de ajustar propriedades fsico-qumicas se

    necessrio. seguida pela etapa denominada Lixiviao.

    2.3.5.3 Lixiviao

    De acordo com Ribeiro (2013 p.17) dentre os processos existentes na hidrometalurgia,

    h a lixiviao.

    A lixiviao considerada uma dissoluo seletiva que parte do princpio de que no h

    materiais completamente insolveis, de forma que a dissoluo acarretar na permanncia dos

    compostos insolveis e a retirada dos solveis (ANDRADE, 2002 p.64).

    Esta separao possvel atravs do contato do slido, minrio ou concentrado

    (lixiviado), com uma fase aquosa, chamada de lixiviante.

    Os lixiviantes mais comuns para a recuperao de metais so: haletos, tiouria, cianetos

    e tiossulfatos (KOLODZIEJ e ADAMSKI, 1984 apud RIBEIRO, 2013 p.17), entretanto de

    forma geral, so utilizadas solues salinas, alcalinas e cidas.

    Contudo, a escolha da soluo lixiviante implica na necessidade da anlise de diagramas

    E/pH (potencial/ph), feitos com base em estudos de sistemas metal e gua a uma certa

    temperatura, com o objetivo de haver um melhor entendimento dos critrios termodinmicos

    que compreendem a dissoluo de metais. Assim, estes diagramas apontam pontos de

    estabilidade das fases solveis e condensadas, abaixo segue um modelo deste diagrama,

    denominado Diagrama de Pourbaix:

  • 17

    Figura 2 Diagrama de Pourbaix.

    Fonte: (MORAES, 2011 p.22).

    Desta forma, a partir da observao do Diagrama, tendo como regio de interesse a rea

    denomina Dissoluo de Metais (princpio da lixiviao), tem-se que nesta fase o metal est

    em forma inica estvel.

    Afunilando ainda ao estudo ao cobre, segundo a Figura 3, que apresenta o Diagrama de

    Pourbaix para o sistema cobre-gua a 25C, este demonstra as reas na quais o cobre est em

    forma inica ou solvel.

    Figura 3 Diagrama Pourbaix do Sistema cobre-gua a 25C.

    Fonte: (MORAES, 2011 p.24).

  • 18

    Ento, de acordo com Moraes (2011, p.23) o uso de um agente oxidante vem a facilitar

    a dissoluo de metais, posto que este agente provoque um aumento no potencial positivo

    (oxidao), o que culmina na reao abaixo, que mostra a transformao de cobre metlico

    (Cu0) em on de cobre solvel (Cu+2):

    Cu0(s) Cu+2(aq) + 2e-

    Uma das solues utilizadas como lixiviante, com base nesta anlise, a soluo salina

    de cloreto frrico (FeCl3) que de grande utilidade em processos hidrometalrgicos, uma vez

    que fonte de ons Fe3+, que por sua vez um bom e adequado agente oxidante

    (CARNEIRO; LEO, 2005). No caso da utilizao desta substncia h solubilizao do cobre

    e formao do composto insolvel de Fe2O3 a pH na faixa de 3,0 a 3,8 e potencial superior a

    0,4V (MORAES, 2011 p.26).

    Esse processo de lixiviao de cobre tem grande importncia na limpeza de PCIs, posto

    que conforme esse constituinte sofre processo de oxidao, mediante ao contato com oxignio

    presente no ar, h a formao de uma camada que interfere em sua condutividade eltrica.

    Ento comum a remoo da camada oxidada por meio de lixiviao, para que a PCI possa

    voltar a sua plena utilizao.

    2.3.5.4 Tratamento da Soluo e Recuperao do Metal

    Por fim, a partir do momento em que se obtm uma soluo dissolvida necessrio o

    uso de tcnicas como precipitao seletiva (metal obtido na forma de hidrxido metlico ou

    sal) (FERNANDES et al, 2007 p.158), troca inica ou extrao lquido-lquido, a fim de obter

    sua concentrao e purificao visando recuperao do metal desejado (BAS et al, 1982

    p.20).

    2.4 PROBLEMAS OCASIONADOS PELO DESCARTE INADEQUADO

    Como a todos os seres vivos, no ser humano, o cobre imperativo, uma vez que est

    ligado a formao de hemoglobina e processo metablico dos carboidratos, por meio de sua

    coparticipao em metaloenzimas, e ainda atua como recurso antioxidante celular (ATSRD,

    2004 apud ANDREAZZA, et al 2013).

  • 19

    Contudo, esse metal, ainda que fundamental vida torna-se prejudicial quando em altas

    concentraes, txico nessa condio e acarreta danos naturais devido suas propriedades

    bioacumulativas (ANTONIOLLI, 2007).

    O contato com tal metal efetuado em atividades corriqueiras como, por exemplo, obter

    contato com o solo, comer, beber gua, e at respirar.

    No solo, de acordo com Sodr (2000, p.324), o cobre como metal pesado altera

    influncias mtuas nos vegetais, pois ocasiona a deficincia de alguns nutrientes essenciais e

    ainda gera efeitos txicos ao tecido vegetal e aos micro-organismos (bactrias e fungos)

    (LEYVAL, 1997). Esses efeitos tornam-se ainda maiores em solos tropicais, haja vista sua

    maior adsoro de metais pela presena de oxo-hidrxidos.

    O teor do solo possui papel fundamental para a cadeia alimentar, uma vez que est

    intimamente ligado ao transporte de substncias vida terrestre, causando alteraes

    metablicas aos seres vivos concernentes sua composio.

    A problemtica relacionada cadeia alimentar exemplificada em situaes como a

    contaminao do prprio solo, apontado acima, que pode gerar uma contaminao da gua,

    pois os componentes txicos que atingem o lenol fretico, como o cobre, trazem impactos

    ecolgicos negativos para os usurios desta gua (RIBEIRO, 2013 p.4).

    No que diz respeito vida humana, a alta concentrao similarmente prejudicial, pois

    causa uma srie de sintomas que rompem a homeostase corprea, mesmo que as

    metaloenzimas, que so a resposta do intestino e do estmago para obter o equilbrio na

    concentrao de cobre, busquem agir.

    A alta concentrao de Cobre (Cu) provoca enfermidades em alguns rgos e sistemas,

    observadas por meio de teste com animais (ATSDR, 2004):

    Sistema Gastrointestinal: causa nuseas, desequilbrio intestinal, vmitos e dor

    abdominal.

    Fgado: causa necroses, inflamaes e fibroses.

    Rins: danos aos tbulos convolutos proximais.

    2.5 COLORANTES

    A utilizao de cores pela humanidade data de 20 mil anos atrs, com o uso das

    primeiras substncias como: o Negro-de-Fumo, o Azul-Egpcio, fuligem de ocre,

  • 20

    posteriormente o Murex (provindo de um molusco marinho), dentre outros (CASQUEIRA;

    SANTOS, 2008).

    Assim sendo, segundo a definio apresentada por Saron e Felisberti (2005) os

    colorantes so de maneira geral, substncias adicionadas com a finalidade de atribuir cor.

    A partir disto, os colorantes se dividem em duas modalidades: corantes e pigmentos

    (SARON; FELISBERTI, 2005). Sendo que so distintos devido ao fato de os corantes serem

    solveis no meio, penetrando no material a ser tingido, de forma a interagirem efetivamente,

    como no caso dos txteis; j os pigmentos possuem tamanho maior de partcula (pequenos

    corpsculos) e so insolveis no meio em esto inseridos, no reagindo quimicamente ou

    fisicamente.

    No mbito deste ltimo, embora existam diversas maneiras de classific-lo (composio

    qumica, colorao, utilizaes, preparao, dentre outros), as principais subdivises so

    pigmentos orgnicos e inorgnicos.

    Os pigmentos orgnicos possuem um alto poder de colorao, bem como a existncia de

    um grande leque de tonalidades muito brilhantes. Em contrapartida, os pigmentos inorgnicos

    detm uma maior estabilidade qumica e trmica, e tambm uma menor toxidade ao ser

    humano (BONDIOLI; MANFREDINI; OLIVEIRA, 1998 p. 13).

    Focando, portanto, nos pigmentos inorgnicos, estes possuem estruturas cristalinas,

    formadas por uma rede hospedeira na qual h um componente cromforo, que comumente

    est representado por um ction de um metal de transio, alm dos demais componentes que

    reafirmam as caractersticas pigmentares (CASQUEIRA; SANTOS, 2008, p.12).

    Dentro dos pigmentos inorgnicos, h ainda os naturais e os sintticos. Os pigmentos

    inorgnicos sintticos, ou seja, que so produzidos mediante processos qumicos, possibilita a

    obteno de coloraes que no so adquiridas naturalmente. Esta classe de pigmentos pode

    ainda possuir caractersticas pticas, como cor e opacidade.

    Igualmente, h os pigmentos inorgnicos naturais que so assim chamados por serem

    encontrados na natureza como xidos simples. Em destaque h o xido de Ferro

    (CASQUEIRA; SANTOS, 2008 p.12) por ser o mais utilizado, e isso se deve a este xido

    possibilitar a obteno de vrias cores que vo do amarelo ao marrom (BONDIOLI;

    MANFREDINI; OLIVEIRA, 1998 p.13).

    Assim, os xidos simples so amplamente empregados na indstria, uma vez que

    possuem baixo custo e so satisfatrios em sua colorao, apesar de a repetitividade das cores

    no ser to facilmente alcanada.

  • 21

    2.5.1 Obteno de pigmentos por precipitao

    Um dos procedimentos para conseguir xidos simples para pigmentos a precipitao

    qumica em soluo homognea, que resulta em produtos com caractersticas ideais e por isso

    uma tcnica muito comum (ALMEIDA et al, 2007 p.58). Outro fator para sua ampla

    utilizao o de algumas de suas etapas serem facilmente executveis em laboratrio, bem

    como requerer equipamento simples.

    Contudo, com esse mtodo h primeiramente a formao de hidrxidos que para

    chegarem aos produtos desejados, xidos, precisam passar por calcinao a uma temperatura

    relativamente alta, o que consiste em uma inconvenincia do processo (CASQUEIRA;

    SANTOS, 2008 p.31).

    O fluxograma geral do processo de formao de pigmentos por precipitao ilustrado

    na figura 4.

    Figura 4 Fluxograma de um processo de formao de pigmentos por precipitao.

    Fonte: (CASQUEIRA; SANTOS, 2008 p.31).

    2.5.2 xidos de ferro

    So xidos naturais encontrados em vrios minerais. Apresentam uma grande variedade

    de cores, como amarelo, vermelho, marrom e preto, e tambm diferentes tonalidades

    dependendo do tipo de mineral e do tratamento a que ele submetido (CASQUEIRA;

    SANTOS, 2008 p.19).

    Os pigmentos de xidos de ferro possuem vasto campo de aplicao, em pinturas, assim como

    papis, plsticos, vidros, cermica, etc. Na tabela 1 abaixo esto listados os produtos mais

    comuns a base desse xido.

  • 22

    Tabela 1 Produtos base de xido de ferro.

    Componente Frmula Cor *

    Hidrxido de ferro - FeOOH Amarelo

    xido de ferro III - Fe2O3 Vermelho

    xido de ferro II e III Fe3O4 Preto

    xido de ferro Misturas Marrom

    *Podem apresentar variaes de cor

    Fonte: (CASQUEIRA; SANTOS, 2008 p.19). Adaptado.

    2.5.3 xidos de cobre

    A indstria cermica vem ganhando cada vez mais espao no mercado mundial,

    principalmente no que diz respeito artigos decorativos, por isso a necessidade de novos

    pigmentos e novas cores tem crescido muito (ALMEIDA et al, 2007 p.57).

    Entre as cores mais desejadas est o verde, que obtido a partir de xidos de cobre puro

    na maior parte das vezes (ALMEIDA et al, 2007 p.57). Sua utilizao principalmente em

    cermicos, como citado anteriormente.

  • 23

    3 METODOLOGIA

    3.1 MATERIAIS E REAGENTES

    - Balana analtica;

    - Bales volumtricos de 500 ml;

    - Bastes de vidro;

    - Bqueres;

    - Bureta de 25 ml;

    - Cadinhos;

    - Capela;

    - Dessecador;

    - Erlenmeyers;

    - Estufa;

    - Forno mufla;

    - Frascos mbares;

    - Funis;

    - Papis-filtro;

    - Pera;

    - pHmetro;

    - Pipetas de Pasteur;

    - Pipetas volumtricas;

    - Plataforma de aquecimento;

    - Provetas;

    - Vidros de relgio;

    - cido clordrico concentrado;

    - cido sulfossaliclico;

    - gua destilada;

    - EDTA 0,02 mol/L;

    - Hidrxido de sdio em escamas;

    - Murexida;

    - Resduo de cloreto frrico e cobre;

    - Soluo de hidrxido de sdio 12,5%;

    - Tinta branca base de gua.

    3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

    Para o tratamento do resduo gerado a partir da lixiviao de placas de circuito

    impresso, composto por cloreto frrico e ons de cobre, realizaram-se os seguintes

    procedimentos:

  • 24

    3.2.1 Separao dos metais em soluo

    Deixou-se em repouso o recipiente contendo o resduo, at a decantao da parte frrica.

    Desta forma, com a soluo bifsica, retirou-se a fase lquida (cobre) guardando-a em frasco

    mbar e em outro recipiente reservou-se a fase restante (ferro).

    3.2.2 Formao do xido de cobre

    Pipetaram-se 250 ml da soluo com ons cobre e transferiu-se para um bquer.

    Pesaram-se aproximadamente 55g de NaOH em balana analtica. Adicionou-se ao bquer e

    misturou-se. Mediu-se o pH para garantir que estivesse prximo de 9.

    3.2.3 Filtrao e Secagem dos xidos

    Filtrou-se a soluo obtida no processo 2. Colocaram-se os papis-filtro contendo xido

    de cobre e o recipiente contendo xido de ferro na estufa para a retirada da umidade.

    3.2.4 Calcinao dos xidos

    Retiraram-se os xidos da estufa e ento se colocaram o xido de ferro em um cadinho

    de porcelana e o xido de cobre em outro. Levaram-se os cadinhos em forno mufla

    aproximadamente 600C por algumas horas. Retiraram-se os cadinhos do forno e colocaram-

    se em um dessecador at o total resfriamento da porcelana e ento se armazenaram os xidos

    na estufa para evitar a absoro de umidade.

    3.2.5 Abertura e preparao das amostras

    Pesou-se 1g de xido de cobre e depositou-se em um bquer. Na capela, adicionaram-se

    12 ml de cido clordrico e 24 ml de gua destilada ao bquer e colocou-se este sobre uma

    plataforma de aquecimento. Mexeu-se at a completa dissoluo do slido.

  • 25

    Ento se pesou 1g de xido de ferro e depositou-se em um bquer. Tambm na capela,

    adicionaram-se 24 ml de cido clordrico e 24 ml de gua destilada ao bquer e colocou-se

    este sobre a plataforma de aquecimento. Mexeu-se at a completa dissoluo do slido.

    Colocou-se cada amostra obtida no processo 5 em um balo volumtrico de 500 ml,

    avolumaram-se e homogeneizaram-se as solues. Guardaram-se as solues em vidros

    mbares.

    3.2.6 Quantificao dos xidos obtidos

    Pipetaram-se 100 ml da soluo de xido de cobre 2g/L e colocou-se em um bquer.

    Com uma soluo de hidrxido de sdio acertou-se at pH 8. Completou-se uma bureta de 25

    ml com EDTA 0,02 mol/L previamente padronizado. Pipetaram-se 25 ml da soluo

    preparada anteriormente e colocou-se em um erlenmeyer, adicionou-se uma pitada de

    murexida e titulou-se com EDTA at a viragem do indicador. Repetiu-se o procedimento mais

    duas vezes.

    Pipetaram-se 50 ml da soluo de xido de ferro 2g/L e depositou-se em um bquer.

    Acertou-se o pH at 1,0 com uso de uma soluo de NaOH. Pipetaram-se trs amostras de 10

    ml da soluo preparada, colocaram-se em erlenmeyers e adicionaram-se duas gotas do

    indicador cido sulfossaliclico em cada um. Completou-se uma bureta de 25 ml com EDTA

    0,02 mol/L e titularam-se as trs amostras at a viragem.

    3.2.7 Aplicao do pigmento

    Adicionaram-se pitadas de xido de cobre a uma tinta branca base de gua e misturou-

    se. Adicionaram-se algumas gotas de cido clordrico concentrado e misturou-se novamente.

    Realizou-se o mesmo procedimento utilizando xido de ferro.

  • 26

    4 RESULTADOS E DISCUSSES

    4.1 TRATAMENTO INICIAL

    Ao se iniciar o tratamento, a primeira determinao foi do pH do resduo para ter

    conhecimento de que cuidados deveriam ser tomados ao manuse-lo. O pH se encontrava

    muito cido, medindo aproximadamente 0,2, devido ao carter cido e corrosivo da soluo

    inicial (cloreto frrico) utilizada no processo de lixiviao da placa de cobre, processo que

    resultou no rejeito tratado neste trabalho.

    Em primeiro momento o resduo era composto por uma soluo verde contendo um

    precipitado amarelo, por isso foi necessrio o processo de decantao, para que o material se

    dividisse em duas fases assim possibilitando uma separao grosseira dos metais existentes. O

    corpo de fundo (poro slida) era constitudo principalmente de xido de ferro III (composto

    insolvel) o que possvel perceber pela colorao amarelada, enquanto na parte lquida,

    novamente pela cor, se observou a grande presena de ons de cobre em soluo, j que Cu+2

    aquoso verde.

    Aps a separao das duas fases descritas, a parte slida foi colocada na estufa para que

    perdesse umidade, afinal j se encontrava na forma ambicionada, xido de ferro.

    Na soluo contendo cobre iniciou-se a adio gradativa de hidrxido de sdio: esses

    reagentes resultam em uma soluo com um precipitado marrom escuro, xido de cobre. Para

    garantir que todo o cobre estivesse na forma de xido, o pH da soluo deveria estar bem

    prximo de 9 (pois esse um xido bsico). Depois de vrias tentativas pode ser determinada

    uma quantidade de NaOH necessria para atingir o potencial bsico desejado, sendo ela de

    aproximadamente 11g para cada 50 ml de soluo.

    Posterior reao, para adquirir somente o precipitado formado, a soluo foi filtrada e

    desta forma se obteve xido de cobre II (posto que a forma mais oxidada a mais estvel no

    cobre). Bem como o xido de ferro, os papis-filtro provenientes da filtrao foram deixados

    na estufa at perderem o mximo de umidade possvel.

    Com os xidos j secos, pode ser realizado o prximo passo, a calcinao. Esta teve por

    objetivo a padronizao do xido, bem como a eliminao de toda a matria orgnica que

    pudesse existir nestes, posto que quando expostas altas temperaturas essas substncias

    volatilizam, assegurando a pureza dos compostos metlicos.

  • 27

    Para conhecer mais precisamente a composio dos xidos que foram isolados, se

    quantificaram os metais ferro e cobre em cada um deles. A fim de realizar titulao com

    EDTA, fez-se necessrio a abertura das amostras, j que estes dois xidos so insolveis em

    gua.

    A massa de 1g de xido de cobre solubilizou com a adio de 12 ml de cido clordrico

    concentrado e 24 ml de gua destilada; a mesma massa de xido de ferro precisou de 24 ml de

    HCl com 24 ml de gua destilada para solubilizar. Sendo que ambas as amostras demandaram

    aquecimento para dissolverem, percebe-se que o xido de ferro o menos solvel dos dois.

    Com as amostras dissolvidas prepararam-se solues diludas de concentrao 2g/L, e

    s ento foram realizadas as quantificaes atravs de volumetria utilizando EDTA

    previamente preparado e padronizado, com concentrao real de 0,0207 mol/L.

    4.2 ANLISE DE XIDO DE COBRE

    Para determinar a quantidade real de CuO no xido de cobre que foi isolado, o pH ideal

    foi 8,0 e o indicador utilizado, a murexida. O resultado mdio das trs titulaes foi de 18,47

    ml de EDTA para 25 ml de amostra, e como a estequiometria entre EDTA e qualquer metal

    de um para um, os clculos realizados foram relativamente simples (de concentrao,

    molaridade, massa molecular, etc) e resultaram nos valores representados na tabela a seguir:

    Tabela 2 Composio do xido de cobre.

    Pureza (%) Metais presentes* (%)

    Cobre Ferro

    60,8 48,56 39,2

    * Os metais no produto esto presentes na forma de ons.

    Determina-se desta forma que a pureza do xido de cobre II de 60,8% e que os outros

    39,2% da amostra so compostos por ons de ferro, podendo tambm haver contaminantes

    provenientes do processo de lixiviao das placas de circuito (procedimento que gerou o

    resduo trabalhado).

  • 28

    4.3 ANLISE DE XIDO DE FERRO

    Em seguida, para a determinao da quantidade real de Fe2O3 no composto de xido de

    ferro obtido, atingiu-se pH 1 e o indicador usado foi cido sulfossaliclico. A mdia dos

    valores encontrados na volumetria foi de 11,67 ml de EDTA para cada 10 ml de amostra.

    Seguindo clculos semelhantes aos citados no item 4.1 foi obtida a tabela 3, anloga

    tabela 2:

    Tabela 3 Composio do xido de ferro.

    Pureza (%) Metais presentes* (%)

    Cobre Ferro

    96,65 3,35 67,65

    * Os metais no produto esto presentes na forma de ons.

    Neste caso se encontra um xido de ferro com altssima pureza, sendo ela 96,65%. A

    mnima parte restante, de 3,35%, formada por ons cobre, entre outros metais e compostos

    contaminantes (incorporados ao resduo original pela lixiviao).

    4.4 PUREZA DOS PRODUTOS

    A partir da soluo problema h o isolamento dos xidos de cobre e ferro, que so

    obtidos com grau de pureza de mais de 95% no xido de ferro III e aproximadamente 61% no

    xido de cobre II. Supe-se que essa diferena se deve ao fato de que um dos xidos (frrico)

    obtido atravs da frao slida e o outro (cprico) demanda adio de um reagente soluo

    para ser formado.

    Posto que o processo de lixiviao age solubilizando certos componentes das PCIs,

    mais difcil encontrar ons contaminantes (cobre e outros) insolveis e misturados ao xido

    frrico, garantindo uma mnima poro de impurezas. J em soluo so facilmente

    encontrados compostos dissolvidos (principalmente ferro proveniente da soluo lixiviante), e

    com a adio de hidrxido de sdio o nmero de ons diferentes de cobre aumenta, levando

    formao de um xido menos puro.

  • 29

    4.5 APLICAO DOS XIDOS

    Finalmente foi testada a aplicao dos xidos de ferro e cobre em tinta base de gua.

    Vrias quantidades de xido foram misturadas ela, e mesmo com adio de cido clordrico

    concentrado no foi possvel colorir a tinta. Isso se deve ao fato de que ambos os xidos so

    insolveis em gua e consequentemente na tinta utilizada.

    Com base em estudos se entende que no se pode completar a aplicao dos xidos

    como pigmento porque para transform-los em produtos finais so necessrios ainda outros

    procedimentos, industriais, com a utilizao de equipamentos prprios e condies ideais e

    controladas de pH, temperatura e presso.

  • 30

    5 CONCLUSO

    Frente aos procedimentos desempenhados neste trabalho foi possvel concluir que o

    resduo inicial, cloreto frrico saturado com ons de cobre, pode ter uma destinao desde que

    seja tratado corretamente, sendo este tratamento realizado atravs de procedimentos

    relativamente simples e com reagentes de baixo custo.

    Por fim, alm de evitar que uma substncia prejudicial chegasse ao meio ambiente,

    foram formadas matrias primas para processos industriais capazes de gerar produtos com

    utilizaes que vo desde a pigmentao at a produo de ligas metlicas (atravs de

    fundio).

  • 31

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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