Maravilhosos Contos dos Mitos e Lendas escoceses, Donald Alexander Mackenzie (1).pdf

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  • MARAVILHOSOS CONTOS DOS MITOS E LENDAS ESCOCESES

    Maravilhosos contos dos Mitos e Lendas escocesesTraduo por Leonni MouraLivro de Donald Alexander Mackenzie

    [1917]

    Os Maravilhoso Contos dos Mitos e Lendas escoceses uma obra de Donald A. Mackenzie, escrito em 1917 e traduzido por Leonni Moura em 2013. O livro de domnio pblico e esta traduo foi feita sem fins lucrativos.

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  • ndice

    Captulo Pgina

    I.INTRODUOBeira, a Rainha do Inverno

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    II. A Chegada de Angus e Bride 12III. O Combate que nunca termina 19IV. A Princesa da Terra debaixo das Ondas 22V. Homens ligeiros, Homens Azuis e Damas Verdes 31VI. Conall e a Bruxa do Trovo 38VII.VIII.IX.X.XI.XII.XIII.XIV.XV.XVI.

    A histria de Finlay e os GigantesHeris na Ilha VerdeUma Viso dos MortosA histria de Michael ScottNo Reinado das FocasA histria de Thomas, o RimadorA Dama da OndaExilados do Pas das FadasAmigos e Inimigos dos HomensA Terra das Montanhas Verdes

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  • Introduo Os mitos e lendas da Esccia esto cheios do que se chama de cor local. Eles no nos proporcionam apenas lampejos de tempos antigos e velhos hbitos de pensamento e vida, mas tambm do pas em si em diferentes pocas do ano. Na estao do inverno, as grandes montanhas ficam brancas com a neve e muitos lagos congelam, mas na costa oeste, que lavada pela quente superfcie das guas do Atlntico e banhada em midas brisas molhadas do sudoeste, pode-se encontrar locais ensolarados e seguros onde as flores selvagens ainda continuam florescendo. O velho povo acreditava que em algum lugar no oeste o esprito da Primavera tinha seu esconderijo, e eles imaginavam que esse esconderijo fosse uma flutuante ilha verde na qual o sol sempre brilhava e as flores sempre floresciam. Durante o reinado de Beira, a Rainha do Inverno, o esprito da Primavera, eles pensavam, ficava sempre tentando visitar a Esccia, mas eles imaginavam que Beira criava as tempestades de Janeiro e Fevereiro para prolongar seu reinado e impedindo que a grama crescesse. Beira lembrada como uma cruel e rdua mulher velha, e as histrias de suas faanhas a histria das condies do tempo no inverno e no incio da primavera. Ela desperta o poderoso redemoinho de Corryvreckan, ela traz a grama, ela desata as tempestades que fazem os rios encherem. De acordo com a crena do povo, foi ela quem criou os lagos e montanhas. Em dias quando as pessoas no tinha calendrio, os vrios perodos de bom e mal tempo eram nomeados de acordo com as batalhas de Beira e as vitrias dos espritos da luz do sol e do crescimento das plantaes. Os povos que falavam galico ainda se referem a certos vendavais em Fevereiro e Maro pelos seus antigos nomes o vento sibilante, o varredor, e assim por diante, como foi mostrado no segundo captulo. Na costa nordeste at mesmo aqueles pescadores, que no falam galico, ainda contam que os ferozes vendavais do sudoeste do incio de primavera so causados pela mulher da tempestade a quem eles chamam de Gentil Annie. Essa Annie pode ser a mesma velha deidade Black Annis de Leicestershire e Anu da Irlanda, cujo nome perdura no local as Tetas de Anu, um grupo de montanhas no Condado de Kerry. Na Esccia, a histria da deusa do inverno, Beira, tem uma configurao estritamente local. Ela , portanto, uma deidade local. Bride, a senhora do vero, ainda lembrada tambm, e h belos sons galicos sobre ela.

    Outras histrias tem um carter local da mesma forma. Aqueles que conhecem a costa oeste so familiarizados com a gloriosa transparncia dos lagos rodeados de colinas em um bom tempo. Quando o velho povo viu as guas refletindo as montanhas e florestas, os penhascos nus e as brilhantes circunferncias de verde vegetao, eles imaginaram uma Terra debaixo das Ondas sobre a qual, claro, tem histrias. As Luzes do Norte (aurora borealis), na qual uma caracterstica nos invernos do norte, tambm mexeram com sua imaginao. Eles chamaram essas vvidas e belas flmulas de Homens Ligeiros e Danarinos Alegres, e acreditavam que as vezes eles danavam e as vezes se metiam em guerra. Nas verdes pedras de topos vermelhos chamadas pedras do sangue eles viam as gotas de sangue dos feridos. Quando as flmulas so particularmente brilhantes, uma nuvem vermelha frequentemente aparece abaixo delas; essa a que o povo chamava de a poa do sangue fada.

    Da mesma maneira, eles representam a inquietao das guas de um estreito entre a ilha de Lewis e as Ilhas de Shant imaginando que Homens Azuis esto sempre nadando para cima e para baixo assombrando-os, tentando afundar seus navios e barcos. Como o povo galico sempre foram grandes amantes da poesia, eles criaram os Homens Azuis como poetas, e diziam que poupavam aqueles marinheiros que eram capazes de completar seus meios versos que eles gritavam, desafiando-os, por uma prova de habilidade. Os Homens Azuis so peculiares Esccia, e especialmente rea noroeste.

    Em outras histrias, ns encontramos espritos da gua femininos que esperam em rios, ameaando viajantes com desastres. Elas tambm podem ser frustradas por aqueles que tem o conhecimento necessrio para garantir sua proteo.

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  • Quase todos os rios da Esccia so moradas de deusas, mas muita de suas histrias se perderam. A caracterstica de uma deusa era sugerida pela caracterstica do rio. A deusa do rio Forth, por exemplo, era a surda ou a sem som, pois o rio Forth comparativamente um rio silencioso; a deusa do Clyde, por outro lado, era a purificadora, pois o velho povo a conhecia como um rio que limpava o pas conforme passava por ele, levando muita lama e argila em direo ao mar quando era inundado.

    Muitas histrias se perderam, claro, e aquelas que sobreviveram so meros fragmentos de uma antiga mitologia. Em diferentes partes da Esccia h variaes das lendas, pois as condies locais so de carter variado.

    Os leitores podem se perguntar como as histrias de antigas crenas foram preservadas em tempos Cristos. Uma razo por ela ser conectada com nomes de lugares; outra certamente por elas serem gravadas sculos atrs por antigos escritores. Um dos mais antigos coletores de velhas lendas e poemas escocesas foi Sir James MacGregor, Dean de Lismore, que viveu no sculo XVI. Seu manuscrito ainda existe, e pode ser lido sem dificuldades. chamado de O livro de Dean de Lismore.

    O maior nmero de lendas coletadas, no entanto, foram escritas por recitadores em tempos modernos. Em dias quando no haviam livros, poetas e contadores de histrias cometiam suas composies memria. Estes repetiam para seus estudantes, que repetiam para outros. Dessa forma, poemas e histrias foram passadas de gerao a gerao. Mesmo em nossos dias, possvel encontrar poucos homens e mulheres falantes de galico que podem repetir as composies de muitos milhares de palavras conforme aprenderam. O escritor conhecia uma velha mulher cujas histrias preencheram um volume to grande quanto esse. Alguns dos poemas coletados por Dean de Lismore no sculo XVI ainda eram repetidos h uma gerao atrs, quase palavra por palavra, pelos velhos recitadores nos Highlands, que certamente no sabiam ler ou escrever.

    Homens e mulheres capazes de repetir poemas e histrias populares tinham sempre uma boa memria em partes falantes de galico na Esccia. Em longas e escuras noites de inverno, ainda costume em pequenos vilarejos, amigos se reunirem em uma casa e realizarem o que chamam de ceilidh (pronunciado com kaylee). Jovens e velhos so entretidos pelos recitadores de velhos poemas e histrias legendrias que lida com antigas crenas, os feitos de tradicionais heris e heronas, e assim por diante. Alguns cantam velhos ou novos cnticos com a velha ou nova msica composta da mesma forma do passado. Dessa forma, alguns antigos poemas, histrias e msica dos primeiros habitantes da Esccia foram preservados at nossos tempos modernos.

    Os maravilhosos contos da Esccia no dispem uma indicao muito clara da atitude dos adoradores de suas deidades. Tanto quanto possvel, eles amam e admiram algumas deidades, especialmente aquelas que os trazem boa sorte e abundncia, e odeiam e temem aquelas deidades que so supostas causar sofrimento e desastres. Ao mesmo tempo, eles acreditam que h misteriosos Poderes, ou um Poder, maior que todos os deuses ou deusas.

    Beira, a rainha do inverno, podia criar tempestades e trazer neve e gelo, mas quando a primavera chegava, ela no podia impedir a grama de crescer ou as rvores de florescerem. Os Poderes que faziam com que as estaes mudassem nunca eram nomeadas; eles no recebiam sequer atributos humanos. Quando estudamos os costumes e procuramos pelas histrias por traos de crenas e prticas religiosas, ns vemos que existiam muitas cerimnias, algumas das quais ainda sobrevivem. O velho povo parece ter sido muito preocupado com a terra, os suprimentos de gua, e o tempo. Quando tomam juramentos, eles juram pela terra. Em uma velha histria, por exemplo, um heri insultado e mal tratado pelos seus inimigos. Ele reclama para seus companheiros. Quando, a histria conta, ele repetiu o conto de suas andanas, e falou dos insultos e do mal tratamento que recebeu, e das dificuldades que tinha passado, eles seguraram um pequeno pedao de terra e gritaram Vingana. por isso que eles juram pelo

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  • que mais sagrado eles. Em vrias partes da Esccia, h montes de terra que costumavam ser sagrados para o velho povo. Eles realizavam regulares cerimnias sobre eles, nas quais as leis eram feitas e infratores eram julgados. Cerimnias religiosas tambm eram feitas. Quando o Cristianismo foi introduzido, os montes sagrados e as terras ao redor, foram, em muitos casos, transformados em igrejas. O nome galico para terras da igreja derivado do nome da deusa da terra, e so traduzidos para o Ingls como Navity ou Navie. No h dvidas que Beira, como uma deusa das montanhas, lagos e rios, assim como do tempo, tinha alguma conexo com o esprito da Terra. Ela cuidava dos rebanhos de animais selvagens, como a grega rtemis. Da mesma forma que ela se fundia com os Podres, que causava a grama crescer, estes ficavam contra ela quanto primavera chegava. O perodo de seu reinado era limitado ao inverno, e durante o inverno, os Poderes a favoreciam.

    O Poder, ou Poderes, da Terra podiam tambm ter controle sobre as fadas que eram normalmente vestidas em verde, uma cor sobrenatural. Ainda considerado azar para damas usarem vestidos verdes.

    Um Graham em verdeNunca deve ser visto.

    No Pas de Gales, um dos nomes das fadas Y Mamau, que significa As Mes. Pode ser que essas fadas representam um antigo grupo de Mes Terras que faziam com que a grama crescesse, as sementes brotarem na terra, as rvores frutificarem, florescerem e crescerem. As fadas so sempre representadas como trabalhadores ocupados; eles ensinam aos seres humanos como compor msica e fazer instrumentos musicais, como fazer instrumentos e armas, e assim por diante; e eles s vezes, auxilia-os a tecer e fiar, plantar sementes, arar e colher. As pessoas faziam oferendas de comidas s fadas, que gostavam muito de comida. As Mes costumavam colocar comidas nos bolsos das crianas, para protege-los contra as fadas.

    Certos animais foram conectados com o esprito ou espritos da Terra. Um deles era o javali, e h referncias em histrias galicas de um javali verde e de um feroz javali negro. Nos Highlands do norte e sul h muito tempo existia um preconceito contra a carne de porco, pois os porcos eram, como se parece, animais sagrados. O diabo as vezes era chamado de Porco Negro, pois os antigos Cristos viam os deuses pagos como demnios. Outro animal sagrado era a serpente. Por todo o inverno, ela dormia se protegendo das tempestades. Quando, no entanto, Beira, a rainha do inverno era vencida e Bride, a deusa do vero, comeava seu reinado, as serpentes saiam de seus abrigos. O povo ento cantava um hino, que se segue no seguinte verso: --

    Hoje o Dia de Bride,A serpente sair de seu buraco,

    Eu no vou incomodar a serpente,E a serpente no vai me incomodar.

    A serpente era as vezes chamada de Filha de Ivor, e acreditava-se que os Mac Ivors eram livres de ataques de serpentes. Ela tambm referida como nobre rainha. possvel que ela uma forma de esprito da Terra na primavera. Outro verso para o dia de Bride :

    A serpente sair do buracoNo marrom dia de Bride

    Embora deve haver trs metros de neveNa lisa superfcie do solo.

    Acreditava-se que uma serpente branca dava habilidades aos mdicos. Uma parte do corpo era cozida, e o primeiro que provasse o sumo da serpente obteria o poder de curar doenas. Essa crena encontrada na histria sobre Michael Scott.

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  • O salmo era um peixe sagrado, e aquele que da mesma forma fosse o primeiro a provar do seu suco de um certo salmo, obteria o poder de prever eventos. Quando o primeiro salmo da estao pescado, os pescadores da costa oeste fazem festas e celebram o evento, como provavelmente fizeram seus ancestrais pagos em tempos antigos. Em muitas pedras da Esccia h desenhos de salmes. Serpentes tambm so retratadas.

    Como o velho povo cultuava a terra e outros espritos? A resposta que eles faziam oferendas eles, faziam cerimnias para garantir sorte e protege-los contra o ataque. Ao invs de oraes, eles usavam versos mgicos. Vrios encantamentos eram repetidos para curar doenas e se prevenir de problemas. Aqui est uma parte de um encantamento contra o olho malvado: --

    O olho que foi,E voltou,

    Que chegou ao osso,E chegou a medula,

    Eu vou levant-lo de ti E o Rei dos Elementos vai me ajudar.

    A pessoa que repetia o encanto acreditava que a influncia negativa do olho malvado seria levantado com a ajuda do Rei dos Elementos. Ns no temos histrias sobre esse deus. Ele frequentemente citado, e um dos vagos Poderes sem um nome pessoal.

    No Dia de Bride, o primeiro dia da Primavera galica, oferendas eram feitas terra e ao mar. Leite era derramado no cho e os pescadores faziam mingau e o atiravam no mar para que o mar desse o que eles buscavam muitos peixes e tambm algas para fertilizar o solo. Em algumas partes das Hbridas, a deidade do mar a quem oferendas de comida eram feitas era chamado de Shony.

    Assim, ser visto que as velhas histrias no so apenas histrias interessantes, mas tambm dignas de estudo para nos ajudar a saber como era as crenas dos povos antigos dos velhos tempos.

    Certas histrias parecem ser muito antigas. possvel que uma ou duas tenha vindo da Idade da Pedra, na qual, nessas ilhas, se encerrou a provavelmente 3000 anos atrs. H sugestes de crenas muito antigas, por exemplo, na histria sobre Finlay e os Gigantes. O heri obtm uma varinha mgica que transforma pilares de pedras em seres humanos. Acreditava-se que o esprito dos mortos entrava na pedra erguida sobre uma tumba. Outra histria de especial interesse sobre Heris na Ilha Verde. Uma princesa confinada em uma torre, esperando por um heri ganha-la como sua noiva, tirando-a de l. Uma histria similar encontrada em um antigo papiro egpcio. Pode ser que as verses escocesas e egpcias dessa lenda vem da mesma fonte em tempos antigos. Uma corda de prolas egpcias foram encontradas em uma tumba perto de Stonehenge. Ela veio do Egito a cerca de 3000 anos atrs, atravs das velhas rotas de troca. Se os viajantes, ou trocadores, trouxeram contas, eles tambm traziam histrias. Os antigos egpcios tinham, como o antigo povo da Esccia, um maravilhoso conto sobre uma ilha flutuante que desaparecia entre as ondas.

    Outra interessante histria escocesa A Viso dos Mortos. A mulher que age como bab de uma criana fada v os espritos dos mortos cortando os gros. No Egito, acreditava-se que os mortos eram empregados no Paraso de Osris, que era, entre outras coisas, um deus dos gros.

    Os deuses e deusas da Esccia nunca foram retratados por escultores como os deuses e deusas da antiga Grcia. Eles no so, portanto, bem conhecidos. Eles teriam sido completamente esquecidos por muito tempo se os velhos bardos no cantassem sons sobre

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  • eles, e os velhos contadores de histrias no tivessem contado os maravilhosos contos, tais como os que foram recontados nesse volume.

    De especial interesse no tempo presente so as referncias em algumas histrias ao musgo vermelho, que , o esfagno vermelho, que era usado para cobrir feridas. Aparentemente, o antigo povo sabia, pela experincia, que ele tinha propriedades curativas e de limpeza, e consideravam o vermelho superior ao esfagno verde. Eles tambm usavam gua de alcatro para problemas de pele, e para curar doenas eles usavam certas ervas que a medicina nos dias de hoje manufaturam.

    Notas de Rodap

    1. Pronuncia como Beera.2. Palestras do Professor W. J. Watson, 1916.3. Carmina Gadelica, do Dr. A. Carmichael, Vol. 1, p. 169.

    CAPTULO I

    Beira, a Rainha do Inverno

    A Sombria Beira era a me de todos os deuses e deusas na Esccia. Ela tinha uma grande altura e era muito velha, todos a temiam. Quando sua fria era despertada, ela era to feroz quanto o cortante vento norte e severo como o tempestuoso mar. A cada inverno ela reinava como a Rainha das Quatro Divises Vermelhas do mundo, e ningum disputava com ela. Mas quando a doce primavera se aproximava, seus subordinados comeavam a se rebelar contra ela pela chegada do Rei do Vero, Angus do Cavalo Branco, e Bride, sua bela rainha, que eram adorados por todos, pois eles eram os trazedores da abundncia, do brilho e dos dias felizes. Ver seu poder decaindo enfurecia grandemente Beira, e ela tentava de todas as formas prolongar o inverno lanando tempestades primaveris e nevascas perniciosas para matar as primeiras flores e impedindo a grama de crescer.

    Beira vivia por centenas e centenas de anos. A razo dela no morrer de idade era por que, no incio de cada primavera, ela bebia as guas mgicas do Poo da Juventude que borbulha na Ilha Verde do Oeste. Ela uma ilha flutuante onde o vero a nica estao, e as rvores esto sempre brilhantes com flores e carregadas com frutas. Ela se revela sobre as mars prateadas do azul Atlntico, e as vezes aparece nas costas oestes da Irlanda e s vezes perto das ilhas Hbridas. Muitos marinheiros corajosos remaram seus barcos pelo oceano, procurando em vo pela Ilha Verde. Em uma manh calma eles podem navegar pelas suas costas, mas ainda assim eles nunca saberiam, pois a ilha est escondida entre brumas. Os homens tm lampejos dela na praia, mas enquanto eles a veem com olhos de maravilha, ela de repente desaparece da viso quando seu barco est afundando entre as ondas como o por do sol. Beira, no entanto, sempre sabe aonde achar a Ilha Verde quando chega a hora dela visita-la.

    As guas do Poo da Juventude so mais potentes quando os dias comeam a ficarem mais longos, e fica ainda mais potente conforme passa os dias de primavera. Beira sempre visita a ilha na noite antes da primavera que , na ltima noite de seu reinado como Rainha do Inverno. Sozinha na escurido, ela senta ao lado do Poo da Juventude, esperando pela alvorada. Quando o primeiro e fraco raio de luz aparece no cu oriental, ela bebe a gua que borbulha frescamente em uma fenda na rocha. necessrio que ela beba essa gua mgica antes de qualquer pssaro visitar o poo e antes de qualquer co latir. Se um pssaro bebesse primeiro, ou um cachorro latisse l quando ela comeasse a beber, a velha Beira negra seria reduzida a p.

    Assim que Beira provasse da gua mgica, em silncio e sozinha, ela comeava a rejuvenescer novamente. Ela deixa a ilha e, retornando para a Esccia, cai em um sono mgico. Quando, no

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  • final, ela acorda na brilhante luz do sol, ela se levanta como uma linda menina com longos cabelos loiros como brotos de giesta, bochechas vermelhas como bagas de sorveira, e olhos azuis que brilham como o mar de vero a luz do sol. Ento, ela vai pra l e pra c atravs da Esccia, vestida em uma capa verde e coroada com uma tiara de brilhantes flores de muitas tonalidades. Nenhuma deusa to nobre assim pode ser encontrada em toda a terra, salvo Bride, a perolada Rainha do Vero.

    Conforme cada ms passa, no entanto, Beira envelhece rapidamente. Ela alcana a maturidade no vero, e quando o outono chega, suas sobrancelhas murcham e sua beleza comea a desaparecer. Quando a estao do inverno retorna mais uma vez, ela se torna uma velha e murcha bruxa, e comea a reinar como a feroz Rainha Beira.

    Frequentemente, em noites tempestivas no incio do inverno, ela vagueia, cantando esse lamentoso som:

    Oh vida que decai como a focaEu estou fraca e velha, estou fraca e velha

    Oh! Como eu posso ser felizSozinha na escurido e no frio.

    Eu sou a velha Beira novamente,Meu manto no mais verde,

    Eu penso na minha beleza com dor

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  • E os dias outrora quando era rainha.

    Meus braos esto murchos e magros,Meu cabelo uma vez dourado est cinza;Nesse inverno meu reinado comeou

    A juventude do vero desapareceu.

    A juventude do vero e do inverno fugiram Eu estou fraca e velha, estou fraca e velha.

    Cada flor deve murchar e morrerQuando os ventos soprarem frio, quando os ventos soprarem frio.

    A idosa Beira era terrvel de olhar. Ela tinha apenas um olho, mas a viso deste era afiado e forte como o gelo e to rpido como a cavalinha do oceano. Sua aparncia era aborrecida, negra e azul, e esse o som que ela canta:

    Por que minha face to negra, to negra?To negra, oh! To negra, oh!

    Em todas as tempestades eu vago sozinhaNa lama, no frio, coitada de mim!

    Seus dentes so vermelhos como ferrugem, e seus cachos, que caem pesadamente sobre seus ombros, so brancos como uma faia coberta com uma geada branca. Em sua cabea, ela veste um pintado mutch. Toda a sua roupa cinza, e ela nunca vista sem seu grande xale pardo, que ficava estreitamente em torno de seus ombros.

    Conta-se que nos dias quando o mundo era jovem, Beira via terra onde agora gua e gua onde agora terra.

    Uma vez, um feiticeiro falou com ela e disse: Diga-me sua idade, Oh velha mulher astuta.

    Beira respondeu: Eu parei de contar os anos. Mas eu direi a voc o que vi. L est a rocha habitada por focas de Skerryvore no meio do mar. Eu me lembro quando era apenas uma montanha rodeada por campos. Eu vi os campos arados, e a cevada que crescia neles era forte e suculenta. L est um lago. Eu me lembro quando era apenas um pequeno poo redondo. Nesses dias eu era uma nobre jovem garota, e agora eu esto bem velha, frgil, negra e miservel.

    dito tambm que Beira liberou muitos rios e formou muitos lagos, s vezes com seu consentimento e s vezes contra seu desejo, e ela tambm moldou muitas montanhas e vales. Dizem que todas as colinas de Ross-shire foram feitas por Beira.

    Havia um poo em Ben Cruachan, em Argyll, onde Beira pegava gua diariamente. Cada manh no nascer do sol, ela levantava a placa que cobria o poo, e cada entardecer ao por do sol ela colocava a placa sobre o poo novamente. Aconteceu que em um entardecer ela esqueceu-se de cobrir o poo. Ento, a ordem natural das coisas foi perturbada. Conforme o sol se punha, a gua levantava em grande volume e corria para baixo pela montanha, rugindo como um tempestuoso mar inchado. Quando o dia chegou, Beira encontrou o vale abaixo da montanha todo coberto com gua. Foi dessa forma que o Lago Awe nasceu.

    Beira tinha outro poo em Inverness-shire que era mantido da mesma maneira do nascer do sol at o por do sol. Uma de suas criadas, cujo nome era Nessa, era responsvel pelo poo. Aconteceu que em um entardecer a criada foi tardiamente cobrir o poo. Quando ela chegou perto, ela viu a gua fluindo to rpido do poo que ela virou-se e correu para salvar sua vida. Beira a observava do topo de Ben Nevis, que era um de seus tronos na montanha, e gritou: Voc negligenciou seu dever. Agora voc correr para sempre e jamais deixar a gua.

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  • A donzela foi ento transformada em um rio, e o lago e o rio que corre do poo em direo ao mar foi nomeado a partir dela. Esse o por que que o lago chamado Lago Ness e o rio, o Rio Ness.

    Uma vez ao ano, quando chega a noite em que ela foi transformada, Ness (Nessa) sai do rio em sua forma de menina, e canta um doce som triste na plida luz da lua. dito que sua voz mais clara e mais bela que qualquer pssaro, e sua msica mais melodiosa que as harpas douradas e flautas prateadas da terra das fadas.

    Nos dias quando os rios eram criados e o lagos era feitos, Beira ajeitou-se para construir as montanhas da Esccia. Em seu trabalho, ela carregava em suas costas uma grande cesta cheia de rochas e terra. s vezes, conforme ela pulava de colina para colina, a cesta inclinava para o lado, e as rochas e a terra caia para os lagos e formava ilhas. Muitas ilhas so chamados de despejos da cesta da grande velha mulher.

    Beira tinha oito bruxas que eram suas servas. Elas tambm carregavam cestas, e uma aps a outra ela esvaziava suas cestas at uma montanha ser empilhada para as nuvens.

    Uma das razes para Beira ter feito as montanhas era para us-las como degraus; outra era para fornecer casas para seus filhos gigantes. Muitos de seus filhos eram bem briguentos; eles lutavam continuamente um contra o outro. Para punir aqueles que a desobedeciam, Beira trancava-os em suas casas na montanha, e de l eles no podiam escapar sem a sua permisso. Mas isso no os impedia de brigar. Toda manh eles escalavam os topos de suas casas nas montanhas e atiravam grandes pedras um contra o outro. Esse o porque de haver tantas grandes pedras cinzas nas encostas das montanhas e espalhadas atravs dos vales. Outros filhos gigantes de Beira habitava no interior das cavernas. Alguns eram chifrudos como veados, e outros tinham muitas cabeas. Eles eram to fortes que podiam pegar o gado e, atirando-os sobre seus ombros, carregar eles para cozinha-los para suas refeies. Cada gigante filho de Beira era chamado de Fooar.

    Foi Beira que construiu Ben Wyvis. Ela achou isso uma tarefa difcil, pois ela teve que fazer todo o trabalho sozinho, estando suas servas bruxas ocupadas em algum outro local. Um dia, quando ela estava muito fraca, ela tropeou e virou sua cesta. Todas as terras e rochas que continham l caram em uma pilha, e formou a montanha que chamada de Pequena Wyvis.

    O nico instrumento que Beira usava era um martelo mgico. Quando ela o batia levemente no cho, o solo se tornava to duro quanto ferro; quando ela batia pesadamente no cho, um vale era formado. Depois dela construir uma montanha, ela dava a ela sua forma especial fragmentando as rochas com seu martelo. Se ela fizesse todas as colinas da mesma forma, ela no seria capaz de reconhecer uma da outra.

    Quando as montanhas foram todas formadas, Beira tinha grande prazer em vagar entre elas e sobre elas. Ela era sempre seguida por animais selvagens. As raposas ladravam com prazer quando a via, lobos uivavam para recebe-la, e as guias gritavam com alegria no cu. Beira tinha grandes manadas e rebanhos, onde ela dava sua proteo aos veados de pernas geis, aos gados de chifres altos, as peludas cabras cinzas, aos porcos pretos, e as ovelhas que tinham a l branca como neve. Ela encantava seus veados contra os caadores, e quando ela visitava um veado na floresta, ela o ajudava a escapar dos caadores. Durante o incio do inverno, ela ordenhava as coras nos topos das montanhas, mas quando os ventos sopravam to forte que era capaz de tirar a espuma dos baldes de ordenha, ela conduzia as coras para baixo dos vales. A espuma congelava no cume das altas colinas, e ficava l a neve branca e bonita. Quando as chuvas de inverno caiam nas montanhas, caindo de um lado para o outro, o povo dizia: Beira est ordenhando suas cabras peludas, e os rios de leite esto derramando sobre as rochas.

    Beira lavava seu grande xale no mar, pois no havia lagos grandes o suficiente para isso. A parte que ela escolhia para lavar o estreito entre as ilhas ocidentais de Jura e Scarba. O pote

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  • de lavar de Beira, o vrtice chamado Corry-vreckan. Foi assim nomeado devido ao filho de um rei escocs, chamado Breckan, ter sido afogado l, seu barco virou devido as ondas criadas por Beira.

    Trs dias antes da Rainha do Inverno comear seu trabalho, suas servas bruxas preparam a gua para ela, ento o Corry pode ser ouvido bufando e fumegando a vinte milhas ao redor. No quarto dia, Beira atira seu xale no vrtice, e pisoteia-o com seus ps at a borda de Corry ser preenchido de espuma. Quando ela termina de lavar, ela coloca seu xale nas montanhas para secar, e assim que ela levanta, todas as montanhas da Esccia ficam brancas com neve para significar que a grande Rainha j comeou a reinar.

    Agora, o significado dessa histria que Beira o esprito do inverno. Ela envelhece e fica mais feroz conforme as semanas passam, at que finalmente sua fora desaparece. Ento ela se rejuvenesce, de forma que ela vive o vero e o outono e comea a reinar mais uma vez. Os antigos povos da Esccia via que durante o incio do inverno as chuvas caiam das colinas, e nessa fbula eles acreditavam que Beira lanava as chuvas, e que os lagos foram, no incio, formados por torrentes que saiam de poos mgicos. Os escoceses viam grandes pedras nas colinas e nos vales, e por conta delas l, acreditavam que elas eram atiradas pelos gigantes filhos de Beira.

    No prximo captulo, a histria contar a chegada de Angus e Bride, o Rei e a Rainha do Vero e da Abundncia, e os conflitos de tempestade travados nas semanas finais do inverno e as primeiras semanas de primavera entre Beira e Angus o Sempre Jovem, que vem da fabulosa Ilha Verde do Oeste a terra do vero eterno e juventude perptua.

    Notas do Rodap

    1. A velha palavra escocesa para a capa de uma mulher;

    2. Pronunciado como Fooar. A verso anglo-irlandesa Fomoriano, mas os Fomorianos irlandeses so diferentes dos escoceses.

    CAPTULO II

    A Chegada de Angus e Bride

    Por todo o inverno, Beira mantm em cativeiro uma linda princesa jovem chamada Bride. Ela invejava a beleza de Bride, e deu a ela trapos de roupa para usar, e a colocou para trabalhar entre os servos na cozinha de seu castelo da montanha, onde a garota tinha que fazer as tarefas mais pesadas. Beira repreendia-a continuamente, achando falhas em cada coisa que ela fazia, e a vida de Bride estava muito infeliz.

    Um dia, Beira deu a princesa uma l marrom e disse: Voc deve lavar essa l em gua corrente at ficar branco puro.

    Bride pegou a l e foi para fora do castelo, e comeou a lav-la em um lago abaixo de uma cachoeira. O dia todo ela ficou no trabalho, mas sem efeito. Ela achou que era impossvel tirar a cor marrom da l;

    Quando o entardecer chegou, Beira repreendeu a menina, e disse: Voc uma intil petulante. A l ainda est marrom igual quando eu te dei.

    Bride disse: O dia todo eu o lavei no lago debaixo da cachoeira da Pedra Vermelha.

    12

  • Amanh voc lavar novamente, Beira disse, e se voc no o deixar branco, voc ir lavar no dia seguinte, e no dia depois disso. Agora, saia! E faa o que lhe disse.

    Foi um tempo triste para Bride. Dia aps dia ela lavava o pano, e parecia para ela que se ela lavasse at o mundo acabar, o pano marrom nunca ficaria branco.

    Uma manh quando ela foi lavar o pano, um homem de barba cinza chegou perto dela. Ele ficou com pena da princesa, que chorava lgrimas amargas sobre seu trabalho, e falou com ela, dizendo: Quem voc, e por que a tristeza?

    A princesa disse: Meu nome Bride. Eu sou a prisioneira da Rainha Beira, e ela me ordenou lavar esse pano marrom at ficar branco. Ai de mim! Isso no pode ser feito.

    Eu lamento por voc, disse o velho homem.

    Quem voc e de onde voc vem? perguntou Bride.

    Meu nome Pai Inverno, disse o velho homem para ela. Me de a l, e eu a tornarei branca para voc.

    Bride deu ao Pai Inverno o pano marrom, e quando ele o sacudiu trs vezes, se tornou to branco como a neve.

    O corao de Bride imediatamente ficou cheio de alegria, e ela exclamou: Querido Pai Inverno, voc muito gentil. Voc me salvou de muito trabalho e tirou minha tristeza.

    O Pai Inverno estendeu o pano para a Princesa Bride e ela o pegou. Ento ele disse: Leve tambm o que eu tenho em minha outra mo. Conforme ele falava, ele lhe deu um feixe de campnulas brancas. Os olhos de Bride brilharam ao v-las.

    O Pai Inverno disse: Se Beira te repreende, d a ela essas flores, e se ela perguntar aonde voc as achou, diga a ela que elas vieram das florestas de abeto. Diga a ela tambm que o agrio est crescendo nas margens dos rios, e que a nova grama comeou a crescer nos campos.

    Quando terminou, o Pai Inverno se despediu da princesa e foi embora.

    Bride retornou para o castelo da montanha e colocou o pano branco no cho de Bride. Mas a velha rainha mal olhou. Seu olhar estava fixado nas campanulas que Bride carregava.

    Onde achou essas flores? Beira perguntou com um dio sbito.

    Bride disse: As campnulas esto crescendo nas verdes matas de abeto, o agrio est crescendo nas margens dos rios, e a nova grama est comeando a crescer nos campos.

    Ms so as notcias que voc traz para mim! Beira gritou. Saia da minha viso!

    Bride se foi, mas no em lgrimas. Uma nova alegria entrou em seu corao, pois ela sabia que a estao do invernos selvagem est indo, e que o reino da Rainha Beira brevemente terminaria.

    13

  • Nesse tempo, Beira chamou suas oito bruxas serventes, e falou para elas: Viagem para o norte e viagem para o sul, viagem para o leste e viajem para o oeste, e eu viajarei tambm. Castigue o mundo com neve e tempestade, de forma que nenhuma flor florescer e nenhuma grama sobreviver. Estou travando uma guerra contra tudo que cresce.

    Quando ela falou isso, as oito bruxas montaram em suas cabras peludas e viajaram para fazer sua ordem. Beira tambm foi, segurando em sua mo direita seu martelo preto mgico. Na noite daquele dia, uma grande tempestade chicoteou o oceano em fria e trouxe terror para cada canto da terra.

    A razo por que Beira mantinha Bride como prisioneira era por que seu mais adorvel e nobre filho, cujo nome era Angus o Sempre Jovem, tinha se apaixonado por ela. Ele era chamado de o Sempre Jovem pois a idade nunca chegava para ele, e todo o inverno ele passava na Ilha Verde do Oeste, que tambm era chamada de Terra da Juventude.

    Angus primeiro viu Bride em um sonho, e quando ele acordou ele falou para o Rei da Ilha Verde, dizendo: Na noite passada eu sonhei um sonho e vi uma linda princesa que eu amava. Lgrimas saiam de seus olhos, e eu falei com um velho homem que parou perto dela, e disse: Por que a princesa chora? O velho homem disse: Ela chora por que ela prisioneira da rainha Beira, que a trata com grande crueldade. Eu olhei novamente para a princesa e disse: Eu te libertarei. Ento eu acordei. Me diga, oh Rei, quem essa princesa, e onde eu irei encontr-la?

    O Rei da Ilha Verde respondeu Angus, dizendo: A princesa nobre que voc viu Bride, e nos dias quando voc for o Rei do Vero, ela ser sua rainha. Sua me, a Rainha Beira, tem conhecimento disso, e seu desejo manter-lhe longe de Bride, de forma que seu reinado possa ser prolongado. Fique aqui, oh Angus, at as flores comearem a florescerem e a grama comear a crescer, e ento voc libertar a princesa Bride.

    Angus disse: Eu irei de uma vez procurar por ela.

    O ms do lobo (Fevereiro) chegou, o rei disse. certo que o temperamento do lobo.

    Angus disse: Eu lanarei um encanto no mar e um encanto na terra, e pedirei emprestado para Fevereiro, trs dias de Agosto.

    Ele fez assim que disse que faria. Ele pediu emprestados trs dias de Agosto, e o oceano adormeceu pacificamente enquanto o som brilhava sobre a montanha e o vale. Ento Angus montou em seu cavalo branco e cavalou para o Leste para a Esccia sobre as ilhas e sobre o Minch, e ele alcanou os Grampians na alvorada. Ele estava vestido em veste de ouro brilhante, e de seus ombros estava pendurada sua capa real vermelha que o vento levantava e espalhava reluzente e em esplendor sobre o cu.

    Um bardo idoso olhou para o leste, e quando ele viu o nobre Angus, ele levantou sua harpa e cantou um som de boas vindas, e os pssaros da floresta cantaram com ele. E esse era o que ele cantou:

    Angus chegou o jovem, o nobre,O deus de olho azul com cabelo loiro

    O deus que traz para o mundoEsse manh a promessa de primavera;Que move os pssaros para cantar aqui

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  • Ele despertou o banho de violeta,Ou as leves prmulas no passo,

    Onde os brotos esto deitados em um sono tampado,E a branca neve envolve as colinas serenas,

    Aqui brilha o vvido lario verdeAtravs das florestas marrons e nuas. Todos vivam!

    Angus, e que tu possa prevalecer...Ele vem... Ele vai... E longe e distante

    Ele procura pela princesa Bride.

    Subiu e desceu para a terra, mas ele no achava Bride em lugar nenhum. A nobre princesa o viu em um sonho, no entanto, e sabia que ele demoraria para libert-la. Quando ela acordou, ela caiu em lgrimas de alegria, e no lugar onde suas lgrimas caram nasceram violetas, e elas eram azuis como seus lindos olhos.

    Beira estava nervosa quando ela soube que Angus estava procurando por Bride, e no terceiro entardecer de sua visita, ela lanou uma grande tempestade que o mandou de volta para a Ilha Verde. Mas ele retornou de novo e de novo, e assim ele descobriu o castelo onde a princesa era mantida como uma prisioneira.

    Ento chegou um dia quando Angus encontrou Bride em uma floresta perto do castelo. As violetas estavam florescendo e as suaves prmulas amarelas abriam seus olhos de maravilhar para ver o prncipe e a princesa. Quando eles falaram um com o outro, os pssaros levantaram suas doces vozes em um sol e o sol brilhou nobremente e brilhante.

    Angus disse: Linda princesa, eu te vi em um sonho chorando lgrimas de tristeza.

    Bride disse: Poderoso prncipe, eu te vi em um sonho cavalgando sobre montanhas e vales em beleza e poder.

    Angus disse: Eu vim te resgatar da Rainha Beira, que te mantm em cativeiro por todo o inverno.

    Bride disse: Para mim esse um dia de grande alegria.

    Angus disse: Ser o dia de grande alegria para toda a humanidade depois disso.

    Por isso que o primeiro dia de primavera o dia que Angus achou a princesa chamado de Dia de Bride.2

    Atravs da floresta veio uma nobre companhia de senhoras fadas, que deu as boas vindas Bride como rainha e deu as boas vindas Angus. Ento a Rainha Fada balanou sua varinha, e Bride foi transformada. To rpido quanto o brilho do sol brilhando de uma nuvem negra, espalhando beleza ao redor, Bride apareceu em um novo esplendor. Ao invs de roupas rasgadas, ela usava ento um robe branco adornado com lantejoulas de prata brilhante. Sobre seu corao brilhou uma estrela de cristal, puro como seus pensamentos e brilhante como a alegria que Angus trouxe para ele. Essa chama se chamava a brilhante estrela de Bride. Seu cabelo dourado, batia em sua cintura em cachos brilhantes, que era embelezado com nobres flores de primavera campaneiras, margaridas, prmulas e violetas. Azul eram seus olhos, e sua face tinha a vermelhido e brancura de uma rosa selvagem de beleza perolada e delicada graa. Em sua mo direita ela carregava uma vara branca com talos de gros dourados

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  • entrelaados, e em sua mo esquerda um chifre dourado que era chamado de Chifre da Abundncia.

    O pintarroxo foi o primeiro pssaro da floresta que saudou Bride em sua beleza, e a Rainha Fada disse:

    Depois disso, voc se chamar O Pssaro de Bride. Na praia, o primeiro pssaro que gorjeou com alegria foi o ostraceiro, e a Rainha Fada disse: Depois disso, voc se chamar O Escudeiro de Bride.

    Ento a Rainha Fada conduziu Angus e Bride para seu palcio no solo de teto verde no meio da floresta. No caminho, eles chegaram a um rio que estava coberto com gelo. Bride colocou seus dedos no gelo, e a Bruxa do Gelo gritou e fugiu.

    Uma grande festa aconteceu no palcio da Rainha Fada, e era a festa de casamento de Bride, pois Aengus e ela estavam casados. As fadas danavam e cantavam com alegria, e todo o mundo foi convidado a danar e cantar com eles. Foi assim que o primeiro Festival de Bride aconteceu.

    A primavera chegou! os pastores gritavam; e eles conduziam seus rebanhos para os pntanos, onde eles eram contados e abenoados.

    A primavera chegou! gritavam os corvos, e voavam para encontrar musgo para seu ninho. A gralha ouviu e seguiu depois, e o pato selvagem se levantou entre os juncos, gritando: A primavera chegou!

    Bride saiu do palcio fada com Angus e balanava sua varinha, enquanto Angus repetia encantos mgicos. Ento, o crescimento foi dado grama, e todo o mundo saudou Angus e Bride como rei e rainha. Apesar deles no serem vistos pela humanidade, ainda sua presena era sentida por todos na Esccia.

    Beira ficou irada quando soube que Angus tinha achado Bride. Ela pegou seu martelo mgico e bateu no cho incessantemente at ficar com gelo pesado como ferro pesado -- to cruel que nenhuma erva ou grama podia continuar vivendo em sua superfcie. Terrvel era sua fria quando ela viu a grama crescendo. Ela sabia bem que quando a grama florescia e Angus e Bride se casariam, sua autoridade passaria. Era seu desejo manter seu trono to longo quanto fosse possvel.

    Bride est casada, viva para Bride! cantaram os pssaros.

    Angus est casado, viva para Angus! cantaram eles tambm.

    Beira escutou o som dos pssaros, e chamou suas bruxas serventes: Viajem para o norte e viajem para o sul, viagem para o leste e viagem para o oeste, e crie uma guerra contra Angus. Eu viajarei tambm.

    Suas serventes montaram em suas cabras peludas e viajaram para fazer sua ordem. Beira montou em seu cavalo preto e foi a procura de Angus. Ela viajou rpido. Nuvens negras estavam sobre o cu conforme ela viajava, at ela alcanar a floresta na qual a Rainha Fada tinha sua morada. Todas as fadas fugiram com medo em seus montes verdes e as portas foram trancadas.

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  • Angus olhou e viu Beira perto. Ele saltou nas costas de seu cavalo branco, e colocou sua noiva na sela na frente dele e fugiu com ela.

    Angus cavalgou do oeste sobre as colinas e sobre os vales e sobre o mar, e Beira o perseguia.

    H uma ravina rochosa na ilha de Tiree, e o cavalo negro de Beira pulou atravs dela enquanto estava perseguindo o cavalo branco de Angus. Os cascos do cavalo fez um corte nas rochas. Nesse dia, a ravina foi chamada O Salto do Cavalo.

    Angus escapou para a Ilha Verde do Oeste, e l ele passou dias felizes com Bride. Mas ele demorou para voltar para a Esccia e reinar como Rei do Vero. De novo e de novo ele cruzava o mar; e cada vez que ele alcanava os vales e montanhas, o sol aparecia em seu brilho e os pssaros cantavam alegremente para receb-lo.

    Beira criou tempestades depois de tempestades para expuls-lo. Primeiro, ela chamou o vento chamado O Assobio, que soprou alto e agudo, e trouxe rpidas chuvas de frios granizos. Durou por trs dias, e havia muita tristeza e infelicidade na Esccia. Ovelhas e bezerros foram mortos nos pntanos, e cavalos e vacas pareceram tambm.

    Angus fugiu, mas ele retornou novamente. O prximo vento que Beira criou para prolongar seu reino invernal era o Vento do Bico Afiado que chamado de Gobag. Durou por nove dias, e todos foram atingidos por ele, pois isso bicou e mordeu cada recanto e fenda como um pssaro de bico afiado.

    Angus retornou, e Beira criou o redemoinho chamado O Varredor. Arremessou toras das rvores e brilhantes flores de seus talos. A todo tempo soprava, Beira continuava batendo no cho com seu martelo mgico para impedir a grama de crescer. Mas seus esforos foram em vos. A primavera sorria em beleza ao redor, e cada vez que ela se virava, cansada por seus esforos, o sol brilhava ainda mais em esplendor. As pequenas e modestas prmulas abriam suas ptalas na luz do sol, olhando no recanto acolhedor que o vento, chamado O Varredor, era incapaz de alcanar. Angus fugiu, mas ele retornou novamente.

    Beira no ficou ainda, no entanto, sem esperana. Seus esforos trouxeram desastres a humanidade, e as Semanas de Magreza chegaram. A comida se tornou escassa. Os pescadores eram incapazes de se aventurar no mar devido as tempestades de Beira, e no podiam achar peixe. A noite, Beira e suas bruxas entravam nas moradias dos homens e roubavam suas comidas. Foi, de verdade, um tempo triste.

    Angus foi movido com piedade para a humanidade, e tentou lutar contra as bruxas de Beira. Mas a rainha feroz criou os Vendavais de Denncia para mant-lo longe, e elas lutaram em fria at a primeira semana de Maro. Cavalos e gado morreram por querer comida, pois os ventos ferozes os jogaram e os partiram em lagos e oceanos.

    Angus, no entanto, travou uma feroz batalha contra as bruxas serventes, e ento ele as expulsou para o norte, onde elas irritaram-se e se inquietavam furiosamente.

    Beira estava grandemente alarmada, e ela fez seu ltimo grande esforo para dominar os Poderes da Primavera. Ela pegou seu martelo mgico, e bateu nas nuvens com ele. Ela viajou para o norte em seu cavalo preto, e reuniu suas bruxas novamente, e as chamou, dizendo: Viagem para o sul comigo, todas vocs, e espalhem nossos inimigos diante de ns.

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  • Do negro norte, elas saram em um nico bando. Com elas vieram a Grande Tempestade Negra. Parecia ento que o inverno tinha voltado e reinaria para sempre. Mas at mesmo Beira e suas serventes tinham que descansar. Em um entardecer sombrio, elas rastejaram juntas em um lado de uma montanha nua, e, quando elas fizeram, uma sbita calma caiu sobre a terra e mar.

    Ha! Ha! ria o pato selvagem que odiava a bruxa. Ha! Ha! Eu ainda estou vivo, e minhas seis crias.

    Tenha pacincia! Com essa conversa fiada, respondeu a Bruxa. Eu ainda no terminei.

    Essa noite, ela pediu emprestado trs dias do Inverno que no tinha sido usados, pois Angus anteriormente pediu para o Inverno trs dias de Agosto. Os trs espritos dos dias emprestados eram espritos das tempestades, e vieram para Beira em porcos negros. Ela falou com elas, dizendo: Um longo tempo ficou amarrada! Agora, eu te libertarei.

    Uma aps a outra, cada um dos trs dias que seguiu, os espritos foram montados em porcos negros. Elas trouxeram neve, granizo e ferozes golpes de vento. A neve embranqueceu os pntanos e encheu as estrias da terra arada, rios inundaram, e grandes rvores foram partidas e desenterradas. O pato foi morto, e suas seis crias; ovelhas e gado pereceram, e muitos seres humanos foram mortos na terra e afogados no mar. Os dias que essas coisas aconteceram foram chamados de Os Trs Dias do Porco.

    O reinado de Beira agora est perto do fim. Ela se encontrou incapaz de lutar mais contra o poder da vida nova que estava nascendo em cada veia da terra. A fraqueza da estrema idade veio sobre ela, e ela demorou para beber novamente as guas do Poo da Juventude. Quando, em uma manh brilhante de Maro, ela viu Angus cavalgando sobre as colinas em seu cavalo branco, esmagando suas ferozes bruxas serventes diante dele, ela fugiu em desespero. Aqui, ela lanou seu martelo mgico debaixo de um azevinho, e essa a razo por nenhuma grama crescer debaixo das rvores de azevinho.

    O cavalo negro de Beira foi para o norte com ela em um voo. Conforme ela saltou sobre o Loch Etive, deixou a marca de seus cascos no lado de uma montanha rochosa, e o lugar chamado hoje de Sapatos de Cavalo. Ela no parou com seu cavalo at chegar a ilha de Skye, onde ela descansou no topo da Montanha da Velha Esposa (Ben-e-Caillich) em Broadford. L ela sentou, olhando rapidamente para o mar, esperando at o dia e a noite serem de igual extenso. Todo dia ela chorava lgrimas de tristeza pelo seu poder perdido, e quando a noite veio, ela foi para o oeste sobre o mar, para a Ilha Verde. Na alvorada do dia seguinte, ela bebeu as guas mgicas do Poo da Juventude.

    Naquele dia de igual extenso que a noite, Angus veio para a Esccia com Bride, e eles foram recebidos como rei e rainha dos seres invisveis. Eles cavalgaram do sul para o norte na manh, e do norte para o sul depois do entardecer. Um gentil vento com eles, soprando em direo ao norte da alvorada at o meio dia, e em direo ao sul do meio dia at o por do sol.

    Foi naquele dia que Bride mergulhou suas nobres mos brancas nos rios e lagos que ainda tinha gelo. Quando ela fez, a Bruxa do Gelo caiu em um sono profundo que no podia acordar at o vero e o outono passarem.

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  • A grama cresceu rapidamente depois de Angus se tornar rei. Sementes foram plantadas, e o povo chamou Bride para garantir a eles uma boa colheita. Aqui, a terra se tornou bonita com flores de primavera de cada tonalidade.

    Angus tinha uma harpa de ouro com cordas de prata, e quando ele a tocou, jovens e donzelas seguiam o som da msica atravs das florestas. Bardos cantavam suas oraes e disseram que ele beijava apaixonados, e quando eles partiam um do outro para voltar para suas casas, os beijos se tornavam pssaros invisveis que pairavam ao redor de suas cabeas e cantavam doces sons de amor, e sussurrava memrias queridas. Foi isso que um bardo disse:

    Quando sopra suavemente o vendo sul sobre o mar,Ciciando a primavera de esperana e orgulho de vero,

    E o reino da severa Beira acabou,Angus o Sempre Jovem,

    O belo deus do amor, o de cabelo loiro,O de olho azul misterioso,

    Brilha como a estrela da manh entreAs estrelas que se encolhem com medo

    Quando a alvorada proclama o triunfo que ele dividiuCom Bride a donzela perolada.

    Ento ventos de violeta docemente se levantam e avistam,Nenhuma conquista comparada

    As transcendentes alegrias do amor que nunca acaba.

    Nos velhos dias, quando no havia Calendrio da Esccia, as pessoas nomeavam os vrios perodos de inverno e primavera, tempestade e calma, conforme dado acima. A histria da briga entre Angus e Beira a histria da briga entre a primavera e inverno, crescimento e decadncia, luz e escurido, calor e frio.

    Notas do Rodap

    1. O lario a primeira rvore na Esccia que fica verde brilhante na primavera.

    2. 1 de Fevereiro no velho estilo, 13 de fevereiro no novo estilo.

    CAPTULO III

    O Combate que nunca termina

    Havia duas montanhas que escondia o vale Spey, uma ao leste e a outra ao oeste, e um rei fada habitava em cada uma delas. Os dois eram filhos de Beira. Um rei fada branco, e tem uma grande fama como arqueiro; ele tinha um arco de prata e flechas de ouro, e uma vez por dia ele atira uma flecha na terra. O outro rei fada negro como o corvo, e em seu peito esquerdo tem uma mancha vermelha. Ele no tem armas, mas terrvel em batalha, pois ele pode ficar invisvel conforme sua vontade. Ele tem grande fora, e quando est contra seus inimigos os pega de surpresa e os atira no cho. No importa o quo armado eles estejam, os seus inimigos tremem quando o invisvel fada est contra eles. Tudo o que veem uma mancha vermelha movendo-se no ar.

    Agora, o fada branco tinha uma nobre noiva cujo nome era Face de Luz. uma grande alegria para ela vaguear entre as montanhas onde bandos de veados correm nas plantas, e atravs dos

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  • campos onde as plantaes sussurram para os ventos leves e a fragrncia de flores preenche o ar. O fada negro no tinha esposa, e tem inveja do fada branco pois seus dias so preenchidos com alegria pela beleza de Face de Luz. Esses dois fadas sempre foram inimigos. O fada negro mantm-se longe da viso do famoso arqueiro, temendo suas flechas douradas.

    Em uma noite de vero quando as sombras do crepsculo esto se estendendo atravs dos campos, Face de Luz passeava alegremente sobre as margens gramneas, colhendo flores. O silncio tinha cado no mundo; nenhuma ave cantava e nenhum vento sussurrava, os lagos estavam adormecidos, e o rio encolhido fazia menos som do que um beb dormindo; no havia mais brilho quando Face de Luz se virou para ir embora.

    O fada negro olhava de sua casa na montanha. Ele sabia que o fada branco tinha ido descansar, e ele observava Face de Luz colhendo as flores. Mais perto e mais perto ela se aproximava cada vez mais da moradia dele, e ele rastejou at o interior da floresta que esconde a entrada para sua montanha, e esperou para aprisiona-la. Face de Luz, nem sonhando de seu perigo, caminhou para a beira da floresta, e, vendo muitas flores crescendo entre as rvores, foi colh-las. Ela fez a floresta brilhar com sua beleza, e as flores cresciam mais belas conforme ela se aproximava.

    De repente, uma grande mo negra saiu de uma moita espessa de arbustos. A mo a aprisionou, e ela gritou em terror e lutou para escapar. O fada branco escutou seu grito, que atravessou o ar como um logo assobio afiado de um maarico, levantou-se e olhou do topo de sua montanha. Por um momento, ele sabia o que tinha acontecido. Face de Luz havia sido presa pelo seu inimigo, o fada negro, que a arrastou para uma caverna escura no meio de sua montanha. O fada branco era incapaz de resgat-la por duas razes. Como o seu inimigo negro, ele no podia ultrapassar os limites de sua casa na montanha, e j tendo atirado uma flecha dourada naquele dia, ele no podia atirar outra at um novo dia amanhecer.

    A noite chegou e o fada negro escalou o topo de sua montanha, onde ele danou com alegria pois ele tinha capturado a esposa de seu inimigo. O fada branco ficou muito triste, e quando ele escutou os gritos de Face de Luz vindo da caverna, ele desmaiou.

    A noite toda Face de Luz soluava e chorava, enquanto o fada negro danava no topo da montanha e cantava sons de triunfo. Ele danou to rpido que lanou um vento que varreu o campo e tirou as rvores do sono, de forma que elas gemiam e suspiravam a noite toda. Os gritos de Face de Luz eram ouvidos pelos humanos, e aqueles que despertaram disseram um ao outro: Oua a bruxa da noite. Seus choros so terrveis!

    Quando o dia comeou a raiar, o fada branco se recuperou do desmaio. Assim quando o primeiro feixe de luz cinza atingiu o cu oriental, ele abriu seus olhos. Ento ele se lembrou de sua tristeza e chorou suavemente. Suas lgrimas caiam como orvalhos nas flores e gramas.

    Chorando, ele escalou sua montanha, e ento vagueou ao redor dela. Seu corao estava pesado pela perda de Face de Luz, e quando ele escutou seu gemido na priso escura. O fada negro tinha parado de danar. Ele parou no ponto mais alto de sua casa na montanha, e gritou para seu inimigo: Ha ha! Face de Luz minha prisioneira. Ento, de repente ele ficou em silncio. Ele viu o fada branco arrumando seu arco de prata e ento colocando l uma brilhante flecha dourada.

    Ha ha!, gritou o fada negro, voc ousa atirar em mim?

    Liberte Face de Luz, ou atirarei, o fada branco respondeu. Sua face estava to branca quanto a neve e to dura como o gelo.

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  • O fada negro riu, ficou invisvel, e quando o fada branco levantou seu arco para atirar nele, seu inimigo saiu de sua viso. Nenhuma parte dele era vista, exceto uma grande mancha vermelha em seu peito esquerdo, que parecia flutuar no ar.

    Por um momento, o fada branco olhando para o leste, se maravilhou com a mancha vermelha que crescia cada vez mais brilhante. Seu arco estava preparado, e sua flecha dourada pronta para voar.

    O som da risada desafiadora veio com os ventos como o fada negro, agora invisvel, danava com alegria no topo de sua montanha.

    Para l e para c balanava a mancha vermelha, e o fada branco pensava em atirar. Seu alvo era certo e seu brao era forte. Diretamente do arco voou a brilhante flecha dourada. Acertando o ar com a velocidade da luz, acertou a mancha vermelha, cujo local, era o corao do fada negro. Um grito tocou todo o campo. Foi o grito de morta do fada negro, que caiu em uma rocha e morreu. O sangue de sua vida corria, e todo o cu do leste foi coberto com esse sangue. No meio daquele vermelho, brilhava a brilhante flecha dourada do fada branco.

    No demorou muito quando o fada negro foi morto, Face de Luz foi libertada. As portas de sua caverna foram abertas, e ela saiu em toda sua beleza. Quando assim fez, as montanhas e os campos brilharam, e o rio cintilava em luz, e o lagos ficou iluminado como prata polida. Toda a terra ficou feliz quando Face de Luz foi libertada de sua priso escura. As flores adormecidas abriram seus olhos para olh-la, e os pssaros cantaram um som de boas vindas, enquanto o fada branco sorria e danava com alegria.

    O fada negro deitava morto e invisvel no topo de sua montanha at o crepsculo chegar. Ento, Beira foi visita-lo. Quando ela achou que seu filho tinha sido morto, ela pegou de sua sacola um pote de blsamo de cura e esfregou em suas feridas. Ento, ela esfregou o blsamo em seus olhos e em seus lbios. Quando ela fez isso, ele voltou vida, e comeou mais uma vez a fazer mal para o fada branco e sua linda esposa.

    Essa histria, que costumava ser contada em Strathspey, a histria da luta entre a escurido e a luz. O fada negro a noite, que fica invisvel na alvorada, e a mancha vermelha em seu peito esquerdo a luz vermelho do amanhecer. A flecha dourada do fada branco so os raios dourados do sol que cruza sobre os cus do leste conforme o sol nasce na manh. Face de Luz o esprito do Rio Spey, que fica brilhante durante o dia, mas perde-se na vista na escurido da noite. Quando o contador de histria diz que Face de Luz deixa o rio, ele quer dizer que seu brilho deixou o rio quando as sombras da noite caiam.

    Uma diferente histria contada no vale de Ness. H duas montanhas em cada lado de Loch Ness, e em cada uma h um Fooar, ou um gigante. Esses filhos de Beira so rivais. Um ama a luz do dia e o outro ama a escurido.

    Cada manh, na alvorada, um Fooar lana sobre o Loch Ness um pedregulho branco. Quando o pedregulho atravessa o ar do cu, ele se torna brilhante. Ao entardecer, o outro Fooar arremessa sobre o Loch Ness um pedregulho negro, e o cu fica escuro.

    Os rivais podem atirar seus pedregulhos somente uma vez a cada vinte e quatro horas. Quando a pedra branca arremessada, atinge o Fooar da noite, e ele desmaia. E no se recupera at o entardecer, e ento ele se levanta e arremessa sua pedra negra, que atinge seu rival, que ento cai inconsciente no cho. Quando o gigante do dia pega sua pedra branca e a levanta no alto, sua mo vermelha pode ser vista no cu, e a mo vermelha do gigante da noite frequentemente vista ao entardecer. As vezes, os gigantes giram as pedras para ajust-las antes de jog-las. Ento, os anis dourados em seus dedos e os braceletes dourados em seus braos podem relampejam atravs do cu em brilhante esplendor.

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  • CAPTULO IV

    A Princesa da Terra debaixo das Ondas

    Quando nenhum vento sopra e a superfcie do mar clara como cristal, as belezas da Terra debaixo das Ondas so reveladas aos olhos humanos. um belo pas com vales verdes onde fluem rios de prata, e as pedrarias nos leitos dos rios so gemas brilhantes de tonalidades variadas. H profundas florestas que brilham em eterna luz solar, e brilhantes flores que nunca morrem. As rochas so de ouro, e a areia p de prata.

    Em uma calma manh de Maio, os Fians, que foram grandes guerreiros na antiga Esccia, prole de deuses e deusas, estavam sentados na Catarata Vermelha, onde um salmo se movia lentamente, descansando antes de se jogarem nas guas do rio. O sol brilhava, e o mar estava sem uma ondulao. Com olhos de maravilha, os Feans observavam as belezas da Terra debaixo das Ondas. Ningum falava, eles estavam profundamente entusiasmados. Eles viram as areias de prata, as rochas de ouro, as florestas brilhantes, as lindas flores, e os brilhantes rios que fluem sobre os leitos cobertos com brilhantes gemas.

    Eles observavam um barco que era visto no mar, e por um tempo, os Feans no tinham certeza se o barco se movia na superfcie ou debaixo das guas. Depois de um tempo, no entanto, conforme o barco se aproximava, eles viram que estava na superfcie. O barco veio em direo ao local onde eles estavam sentados, e eles viram uma mulher puxando os remos.

    Todos os Fians se levantaram. Finn, o Rei dos Feans, e Goll, seu chefe guerreiro, tinha um olhar perspicaz, e quando o bote ainda estava longe eles podiam ver que a mulher tinha grande beleza. Ela puxava dois remos, que partia o mar, e as ondas pareciam por em movimento todas as rvores e flores da Terra debaixo das Ondas.

    O barco veio rapidamente, e quando chegou praia, a mais adorvel mulher que eles j viram saiu dele. Sua face era meiga e tocada por uma leve tristeza. Ela era uma estranha para os Feans, que sabiam bem que ela tinha vindo de muito longe, e eles se perguntaram de onde ela tinha vindo e quais eram as notcias que trazia.

    A jovem caminhou em direo a Finn e o saudou, e por um momento, Finn e todos os Feans fizeram silncio devido a sua grande beleza. Depois disso, Finn falou com ela. Voc bem vinda, nobre e jovem estranha, ele disse. Diga-nos de qual tribo voc vem, e qual o propsito de sua jornada para a terra dos Feans.

    Levemente falou a jovem, dizendo: Eu sou a filha do Rei debaixo das Ondas, e eu e contarei por que eu vim. No h uma terra sob o sol em que eu no tenha procurado por Finn e seus bravos guerreiros.

    Linda donzela, disse Finn, por que no nos conta o por que de voc ter procurado atravs das terras que esto longe e perto, procurando por ns?

    Ento voc Finn, e ningum mais, falou a donzela.

    De fato eu sou Finn, e os que esto perto de mim so meus guerreiros. E foi assim que Finn respondeu, falando modestamente, e ainda sem orgulho.

    Eu vim pedir sua ajuda, disse a donzela, e eu tenho necessidade dela. Meus inimigos me perseguem mesmo agora.

    Eu prometo lhe ajudar, nobre princesa, Finn a assegurou. Diga-me quem te persegue.

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  • Disse a donzela: Ele me persegue sobre o oceano e um poderoso e destemido guerreiro. Seu nome Prncipe Negro da Tempestade, e ele o filho do Rei Branco dos Escudos Vermelhos. Ele quer se apossar do reinado de meu pai e me tornar sua esposa. Eu o desafiei, dizendo: Finn me levar para minha casa; ele ser meu salvador. Grande como sua proeza, voc no pode lutar e bater em Finn e em seu bando heroico.

    Oscar, o jovem heri e o neto de Finn, disse: Mesmo se Finn no estivesse aqui, o Prncipe Negro no ousaria te pegar.

    Aps ele dizer isso, uma sombra caiu atravs do mar, bloqueando a viso da Terra debaixo das Ondas. Os Feans olharam para cima, e viram na linha do horizonte um poderoso guerreiro montado em um cavalo azul-cinza do oceano; branco era sua juba e sua cauda, e branca era a espuma expelida de suas narinas e boca.

    O guerreiro veio rapidamente em direo praia, e como o cavalo andava furiosamente para frente, ondas se levantavam e quebravam ao redor dele. A respirao de suas narinas ofegantes vinha sobre o mar como rajadas de tempestades.

    Na cabea do guerreiro estava um capacete brilhante, e em seu brao esquerdo um fragoso escudo. Em sua mo direita ele agarrava uma larga espada pesada, e quando ele a acenava para o alto, brilhava como um raio.

    O cavalo galopava mais rpido que uma torrente. Os Feans admiraram o Prncipe Negro. Ele era um grande e poderoso heri que se portava como um rei.

    O cavalo veio para a terra, e quando assim o fez, o Prncipe Negro saltou de suas costas e caminhou pela praia.

    Finn falou com a nobre filha do Rei Debaixo das Ondas e disse: esse o prncipe que tens falado?

    Disse a princesa: ele e ningum mais. Oh, proteja-me agora, pois seu poder grande!

    Goll, o velho guerreiro, e Oscar, o jovem heri, saltaram para frente e se colocaram entre o Prncipe Negro e a nobre princesa. Mas o Prncipe Negro desprezou o combate. Ele foi em direo a Finn, que estava desarmado. Goll se enfureceu. Ele pegou uma lana e a arremessou para o estranho. A lana no tocou seu corpo, mas partiu o escudo fragoso no meio. Ento Oscar levantou sua lana e a arremessou de sua mo esquerda. A arma atingiu o cavalo do guerreiro e o matou. Isso foi um ato poderoso, e Ossian, o bardo dos Feans, e pai de Oscar, celebrou isso com um som que ainda cantado na Esccia.

    Quando o cavalo morreu, o Prncipe Negro virou-se com raiva e fria, chamando por cinquenta heris para lutar contra ele. Ento ele disse que venceria todos os Feans e levaria a nobre princesa.

    Uma grande batalha foi travada na praia. O Prncipe Negro saltou sobre os Feans, lutando com ferocidade e grande fora.

    Nisso, Goll foi at ele. Ambos lutaram sozinhos com suas espadas, e nunca foi visto to furioso combate. Forte era a arma de Goll, e habilidosos eram os golpes. Conforme ele lutava, seu poder na batalha aumentava, e ento ele deu um golpe final matando o Prncipe Negro. Nem sempre um heri vencia essa batalha, desde o dia em que o Grande Oceano foi morto.

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  • Quando o Prncipe Negro foi morto, o vento caiu e o mar estava abafado, e o sol no entardecer brilhava sobre as guas. Uma vez mais, a Terra debaixo das Ondas foi relevada em toda a sua beleza.

    A princesa despediu-se de todos os Feans, e Finn entrou no barco e foi com ela sobre o mar at chegarem aos portes da Terra debaixo das Ondas. A entrada para essa maravilhosa terra uma caverna marinha na Longe Ilha Azul do Oceano. Quando Finn despediu-se da princesa, ela o fez prometer que se ela necessitasse de sua ajuda novamente, ele a daria livremente e rapidamente.

    Um ano e um dia se passaram, e ento chegou uma calma e bela manh. Mas uma vez, os Feans sentaram-se na praia abaixo da Catarata Vermelha, olhando as belezas da Terra debaixo das Ondas. Conforme eles observavam, um barco surgiu no mar, e havia uma pessoa nele.

    Oscar disse: Quem vem? a princesa da Terra debaixo das Ondas mais uma vez?

    Finn olhou para o mar e disse: No, no a princesa que l vem, e sim um jovem homem.

    O barco se dirigiu rapidamente em direo a praia, e quando o homem que estava dentro saiu, ele cumprimentou Finn com palavras de saudaes e louvores.

    Quem voc, e de onde voc vem? Finn perguntou.

    Disse o homem: Eu sou o mensageiro da princesa da Terra debaixo das Ondas. Ela est doente, e parece que est perto da morte.

    Havia uma grande tristeza entre os Feans quando eles escutaram essa triste notcia.

    Qual sua mensagem da nobre princesa? Finn perguntou.

    Disse o homem: Ela pediu para te lembrar de sua promessa em ajuda-la nos tempos de necessidade.

    Eu no esqueci minha promessa, Finn disse a ele, e estou preparado para cumpri-la.

    Disse o homem: Ento pea a Jeermit, o curandeiro, para vir comido de forma que ele possa curar a Princesa Debaixo das Ondas.

    Finn fez um sinal para Jeermit, ele se levantou desceu a praia e entrou no barco. Ento o barco seguiu sobre o mar em direo a Longe Ilha Azul, indo rapidamente at chegar na caverna marinha, onde se precisa passar para entrar na Terra debaixo das Ondas.

    Agora, Jeermit, o mais nobre de todos os membros do bando Fean. Seu pai era Angus o Sempre Jovem, que lhe deu poderes para curar feridas e doenas. Jeermit tinha o conhecimento de ervas curativas e das guas doadoras de vida, ele tinha o poder de prologar a vida, tocando no doente, at ele poder achar a cura.

    Jeermit foi levado atravs da caverna marinha da Longe Ilha Azul, e por um tempo ele no via nada, pois muito grande era a escurido; mas ele escutava o bater das ondas contra as rochas. Depois disso, a luz comeou a surgir e o barco parou. Jeermit pulou do barco e se encontrou em uma plancie acima daquele nvel. O homem do barco caminhou na frente, e Jeermit o seguia. Eles caminhavam e caminhavam, parecendo que a viagem nunca acabaria. Jeermit viu um aglomerado de esfagno vermelho, colheu um pouco e seguiu. Depois, ele encontrou outro aglomerado e colheu um pouco mais. Pela terceira vez ele encontrou mais aglomerados

    24

  • vermelhos, e colheu tambm uma poro. O homem do barco continuou andando, ainda que Jeermit no se sentia cansado.

    Depois disso, Jeermit viu diante dele um castelo dourado. Ele falou para o homem do barco, De quem esse castelo?

    Disse o homem do barco: o castelo do Rei Debaixo das Ondas, e a princesa est dentro dele.

    Jeermit entrou no castelo. Ele viu muitos corteses com rostos plidos. Ningum falava: todos estavam acalmados com o silncio e dor. A rainha veio em direo ele, ela pegou sua mo esquerda e o conduziu a uma cmara onde a princesa estava deitada.

    Jeermit se ajoelhou diante dela, e quando ele a tocou, o poder de sua cura entrou por suas veias e ela abriu seus olhos. Assim que ela abriu os olhos ela viu Jeermit dos Feans, ela deu um doce sorriso e todos os que estavam na cmara sorriram tambm.

    Eu j me sinto forte, a princesa disse para Jeermit. Grande a alegria que eu sinto em te ver. Mas a doena ainda no me deixou, e eu temo morrer.

    Eu tenho trs pores de musgo vermelho, disse Jeermit. Se voc as consumir em uma bebida, elas iro lhe curarem, pois elas so as trs gotas de vida de seu corao.

    Ai! a princesa exclamou, eu no posso beber qualquer gua exceto do taa do Rei da Plancie da Maravilha.

    Agora, grande era o conhecimento de Jeermit, mas ele nunca tinha ouvido falar dessa taa mgica.

    Uma mulher sbia disse que se eu beber trs goles dessa taa, eu seria curada, disse a princesa. Ela disse tambm que quando eu beber, eu preciso engolir as trs pores de musgo vermelho da Ampla Plancie Vazia. O musgo da cura voc j encontrou, oh Jermit. Mas nenhum homem pode ter a posse da taa mgica do Rei da Plancie da Maravilha, e eu no a conseguirei e morrerei.

    Disse Jeermit: No h mundo acima do mar, ou mundo abaixo do mar, ou homem que tirar essa taa de mim. Me diga onde mora o Rei da Plancie da Maravilha. Seu palcio distante daqui?

    No, no distante, a princesa lhe disse. A Plancie da Maravilha o prximo reino alm desse. Os dois reinados so divididos por um rio. Voc pode chegar no rio, oh Jeermit, mas voc no ser capaz de cruz-lo.

    Disse Jeermit: Eu coloquei feitios de cura sobre voc, e tu vivers at eu retornar com a taa mgica.

    Quando ele falou isso, ele levantou-se e caminhou para fora do castelo. Os corteses que estavam triste quando ele entrou, estavam agora festejando, e aqueles que estavam em silncio, falaram um com o outro com palavras de conforto e esperana, pois Jeermit tinha colocado feitios de cura sobre a princesa.

    O Rei e a Rainha da Terra Debaixo das Ondas despediram-se do curandeiro dos Feans, desejando-o uma jornada segura e rpida.

    25

  • Jeermit seguiu sozinho em direo a Plancie da Maravilha. Ele seguiu at alcanar o rio que a princesa tinha falado. Ento ele subiu e desceu pelas margens do rio procurando por um vau, mas ele no encontrava nenhum.

    Eu no posso cruzar o rio, ele gritou. A princesa estava certa.

    Depois dele falar isso, um pequeno homem marrom saiu do rio. Jeermit, ele disse, voc est agora em feridas severas.

    Disse Jeermit: Sim, estou. Voc falou sabiamente.

    O que voc daria a algum que o ajudaria em seu problema?

    O que quer que ele me pedisse.

    Tudo o que peo, disse o homem marrom, sua boa vontade.

    Que voc a ganhar de graa, disse Jeermit para ele.

    Eu lhe carregarei atravs do rio, disse o homenzinho.

    Voc no pode fazer isso.

    Sim, eu posso.

    Ele esticou suas mos e pegou Jeermit em suas costas, e caminhou pelo rio com ele, pisando na superfcie como se estivesse em slido cho.

    Conforme eles cruzavam o rio, eles passaram por uma ilha que estava coberta por uma escura neblina.

    Que ilha essa? perguntou Jeermit.

    Seu nome, disse o homem marrom, Fria Ilha dos Mortos. H um poo na ilha, e a gua dele curativa.

    Eles chegaram margem oposta, e o homem disse: Voc est indo ao palcio do Rei Ian da Plancie da Maravilha.

    Estou.

    Voc deseja obter a Taa da Cura.

    verdade.

    Talvez voc consiga, disse o homem marrom, que entrou no rio.

    Ele desapareceu, falando de novo: Voc sabe onde est agora?

    No Reinado da Plancie da Maravilha, Jeermit disse.

    26

  • verdade, disse o pequenino homem marrom. tambm a Terra Debaixo das Montanhas. Esse rio divide a Terra Debaixo das Montanhas e a Terra Debaixo das guas.

    Jeermit estava prestes a fazer uma pergunta, mas o pequenino homem desapareceu diante de seus olhos.

    Jeermit seguia e seguia. No havia sol acima dele e ainda toda a terra brilhava. Nenhuma escurido vinha para a Terra Debaixo das Montanhas, no havia manh e nem entardecer, o dia era sempre sem fim.

    Jeermit seguiu at ele ver um castelo de prata com um telhado de brilhante cristal. As janelas estavam fechadas e guardadas por armados guerreiros.

    Jeermit soprou sua corneta, chamando, Abra e me deixe entrar.

    Um guerreiro foi em direo ele com sua espada, Jeermit arremessou sua lana e matou o guerreiro.

    Ento as portas do castelo se abriram e o Rei Ian veio.

    Quem voc, e de onde vem? ele perguntou severamente.

    Eu sou Jeermit, ele respondeu.

    Filho de Angus o Sempre Jovem, voc bem vindo, exclamou o rei. Por que no mandou uma mensagem dizendo que estava vindo? triste pensar que voc matou meu melhor guerreiro.

    Disse Jeermit: D a ele para beber a gua na Taa da Cura.

    Traga a taa! o rei chamou.

    A taa foi trazida, e o rei a deu para Jeermit, dizendo No h virtude na taa a menos que ela seja colocada nas mos de Angus ou de seu filho.

    Jeermit tocou os lbios do guerreiro morto com a taa. Ele derramou gotas de gua na boca do homem, e ele se levantou. Ento ele bebeu toda a gua na taa, levantou-se forte e bem novamente, pois suas feridas haviam sido curadas.

    Disse Jeermit para o rei: Eu venho de longe para obter essa taa, e agora eu a levarei comigo.

    Assim seja, respondeu o rei. Eu lhe darei a taa livremente. Mas lembre-se que no h mais cura nela, pois meu poderoso guerreiro bebeu a gua mgica.

    Jeermit no ficou muito agradecido quando o Rei da Plancie da Maravilha disse isso. No importa, disse ele, eu levarei a taa comigo.

    Eu mandarei um barco para lhe atravessar o rio e passar pela Fria Ilha dos Mortos, o rei disse.

    Jeermit disse: Eu lhe agradeo, mas eu no preciso de um bote.

    Talvez voc retorne logo, o Rei disse com um sorriso, pois ele acreditava que Jeermit nunca seria capaz de atravessar o rio ou passar pela Ilha Fria dos Mortos.

    27

  • Jeermit despediu-se do rei e foi embora, como ele tinha vindo, sozinho. Ele andou e andou at chegar ao rio. Ento ele sentou-se, e pensamentos sombrios entraram em sua mente. Ele tinha obtido a taa, mas ela estava vazia: ele tinha retornado at o rio e no podia atravess-lo.

    Ai! ele exclamou alto, minha incumbncia foi sem frutos. A taa no tem uso para mim, eu no posso cruzar o rio, e eu retornarei em vergonha para o Rei da Plancie da Maravilha.

    Quando ele disse isso, um pequenino homem marrom surgiu do rio.

    Voc est com problemas, Jeermit, ele disse.

    Certamente, estou, respondeu o filho de Angus.

    Eu fui pelo que queria, mas foi sem uso, eu no posso atravessar o rio.

    Eu carregarei voc, disse o homenzinho marrom.

    Assim seja, Jeermit respondeu.

    O pequenino homem marrom caminhou sobre o rio com Jeermit em seus ombros, indo em direo a Fria Ilha dos Mortos.

    Para onde est me carregando agora? perguntou Jeermit com medo em seu corao

    O homenzinho marrom disse: Seu desejo curar a filha do Rei Debaixo das Ondas.

    Isso verdade.

    Sua taa est vazia, e voc precisa ench-la no Poo da Cura, na Fria Ilha dos Mortos. por isso que estou lhe carregando em direo ilha. Voc no deve sair das minhas costas ou por os ps na praia, pois voc nunca ser capaz de sair dela. Mas no tema. Eu me ajoelharei diante do poo, e voc pode mergulhar a taa nele, carregando gua suficiente para curar a princesa.

    Jeermit estava agradecido em ouvir aquelas palavras, pois ele sabia que o homenzinho marrom era seu amigo de verdade. Ele teve a gua curativa do jeito que foi prometido. Ento o pequeno homem marrom o levou para a margem oposta do rio, e o deixou na fronteira da Terra Debaixo das Ondas.

    Agora voc est feliz de corao, disse o homenzinho marrom.

    Feliz de corao, de verdade, Jeermit respondeu.

    Aqui eu me despeo de voc e lhe dou um bom conselho, disse o homenzinho marrom.

    Por que voc me ajudou? Jeermit perguntou.

    Pois seu corao quente e voc tem desejo de fazer o bem para os outros, disse o homenzinho marrom. Homens que fazem o bem para os outros sempre acharo amigos na Terra da Vida, na Terra dos Mortos, na Terra Debaixo das Ondas e na Terra Debaixo das Montanhas.

    28

  • Eu lhe agradeo, Jeermit disse. Agora estou pronto para seu bom conselho, sabendo que sua amizade verdadeira e duradoura.

    Disse o homenzinho marrom: Voc dar a princesa a gua da Taa da Cura, mas ela no ser curada a menos que voc coloque na gua trs pores de esfagno.

    Eu j encontrei essas pores em uma plancie ampla.

    Isso bom, disse o outro. Agora eu tenho mais um aviso para lhe oferecer. Quando a princesa for curada, o rei lhe oferecer uma recompensa. No pegue nada que ele lhe oferecer, pea por um barco para te levar para casa de novo.

    Eu seguirei seu conselho, Jeermit prometeu.

    Ento os dois partiram, e Jeermit andou e andou at ele chegar ao palcio dourado do Rei Debaixo das Ondas. A princesa deu lhes as boas vindas quando ele entrou em seu quarto, e disse: Nenhum homem jamais tocou nessa taa que voc agora segura.

    Disse Jeermit: Por sua casa eu iria conseguir, mesmo se eu tivesse que lutar com um exrcito.

    Eu temia grandemente que voc no voltasse, disse a princesa.

    Jeermit colocou na Taa da Cura as trs pores de musgo vermelho-sangue que tinha encontrado, e deu para a princesa beber.

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  • Trs vezes ela bebeu, e cada vez ela engolia uma poro de musgo vermelho. Quando ela bebeu a ltima gota, tendo engolido as trs pores de musgo, ela disse: Agora estou curada. Vamos fazer uma festa, e eu sentarei com voc.

    Havia grande alegria e diverso no castelo quando a festa acontecia. A tristeza foi colocada para fora, e msica era tocada. Quando a festa acabou, o rei falou para Jeermit: Eu de bom grado lhe recompensarei por ter curado minha filha, a princesa. Eu lhe darei a quantidade de prata e ouro que quiser, tu se casars com minha filha e seu tornar o herdeiro de meu trono.

    Disse Jeermit: Seu eu me casar com sua filha eu no poderei retornar para minha terra.

    No, voc no pode retornar novamente, exceto em raras e curtas visitas. Mas voc aqui passar dias felizes, e todos iro te honrar.

    Disse Jeermit: A nica recompensa que peo, oh rei, uma pequena, na verdade.

    Eu prometo lhe dar o que pedir.

    Disse Jeermit: Me d um barco, para que eu possa voltar para minha terra, pois ela muito querida para mim, meus amigos e meus parentes, os Feans, quem eu amo, e para Finn mac Cool, o grande chefe dos homens.

    30

  • Seu desejo ser garantido, o rei disse.

    Ento Jeermit se despediu de todos que estavam no castelo, e quando ele partiu com a princesa, ela disse: Eu nunca esquecerei voc, Jeermit. Voc me encontrou sofrendo e me deu socorro; voc me encontrou morrendo e me trouxe de volta a vida. Quando voc retornar para sua terra, lembre-se de mim, e eu jamais passarei uma hora de vida sem pensar em voc com alegria e gratido.

    Jeermit cruzou a plancie novamente, e chegou no lugar onde o barco estava. O homem do barco entrou nele e pegou os remos, e Jeermit seguia depois dele. O bote ento passou atravs do profundo tnel escuro, quando as ondas batiam invisveis contra as rochas, e passaram da caverna na praia da Longe Ilha Azul. O barco ento seguiu rapidamente sobre o mar, e quando eles ainda estavam longe, Finn o viu chegando. Todos os Feans se reuniram na praia para receber Jeermit.

    Esperamos muito por voc, filho de Angus, Finn disse.

    Quandos anos se passaram enquanto eu estava longe? perguntou Jeermit, pois para ele parecia que ele estava longe no mais que um dia e uma noite.

    Sete longos anos se passaram desde que voc se despediu, Finn disse, e ns temamos que voc no voltasse para ns.

    Disse Jeermit: Nas terras que eu visitei no h noite, e nem mudana de ano. Feliz eu estou em retornar para casa novamente.

    Ento todos eles foram para a casa de Finn, e uma grande festa aconteceu em honra a Jeermit, que trouxe com ele a Taa da Cura que ele tinha recebido do Rei da Maravilhosa Plancie.

    Notas de Rodap1. Pronuncia-se ohsyan em galico escocs.

    CAPTULO V

    Homens Ligeiros, Homens Azuis e Damas Verdes

    Entre os filhos e descendentes de Beira, esto os Homens Ligeiros, ou Danarinos Alegres (Aurora Boreal), os Homens Azuis de Minch, e as Damas Verdes.

    Os Homens Ligeiros so divididos em dois cls. Os heris de um cl so vestidos em trajes brancos como a geada, e os heris do outro cl em trajes de amarelo claro. As roupas mais brilhantes e das mais variadas cores so usadas pelas damas dos cls. Algumas so vestidas em verde, algumas em vermelho, algumas em branco prateado e poucas vestem um roxo real.

    Nas noites de inverno quando h paz na terra e no mar, os Homens Ligeiros e as Donzelas Alegres vm para danar no cu do Norte. Todos eles so de estatura gigantesca, mas adorveis de forma, e suas danas so bastante graciosas. Os homens fazem reverncia para as donzelas; e as donzelas fazem aos homens, e quando a dana est em seu pice, alguns homens pulam alto e giram, de to feliz que ficam. Flautas fadas tocam uma encantadora msica enquanto os casais alegres danam sobre o cu do norte.

    31

  • H um prncipe do Cl Branco dos Homens Ligeiros, e seu nome Pata de Luz. Ele ama a Princesa Graciosa, que tem a mais nobre face de todas as Donzelas Alegres, e tinha tambm um rival chamado Olhos Verdes, o chefe do Cl Amarelo. A Princesa Graciosa gosta de danar com Pata de Luz, pois entre os Homens Ligeiros, no havia danarino igual.

    Em uma noite escura, quanto as montanhas esto brancas com a recm-cada neve e os vales reluzem com a geada, todo o cu do norte iluminado pelos Homens Ligeiros e Donzelas Alegres, que vem danar em honra da Rainha Beira. Era o primeiro grande encontro do inverno, e todos os danarinos estavam vestidos em novas e brilhantes vestes. Eles comearam a danar assim que a escurido caiu, e era perto da meia noite quando eles pararam para descanar.

    A Princesa Graciosa danava a todo tempo com Pata de Luz, e quando ela sentou-se, ele ajoelhou-se diante dela, sussurrando levemente: Mais nobre das nobres, oh seja minha noiva!

    A Princesa Graciosa disse: Sua noiva eu serei.

    As palavras foram escutadas por Olhos Verdes, que estava agachado perto dali. Seu corao foi preenchido pelo dio, e saltando, ele chamou todos os membros de seu cl para sacarem suas espadas e lutar contra Pata de Luz e seus seguidores. Ento, houve confuso. Os guerreiros de ambos os cls se espalharam, brandido suas armas brilhantes. Pata de Luz levantou-se para lutar contra Olhos Verdes. Levantando-se em toda a sua estatura, ele saltou pelo cu para lutar com Olhos Verdes. Levantou-se tambm a Princesa Graciosa e todas as donzelas, que correram gritando. Ento, uma batalha real comeou entre os cls rivais. O som das espadas batendo chegou terra, e parecia como o bater de galhos congelados quando o vento de repente se levanta e galopa atravs da floresta.

    Por horas, a medonha luta foi travada com fria, e homens e mulheres vinham para observ-la com maravilha e silncio. Eles viam os guerreiros pulando com fria. Pesados e rpidos eram os golpes, e muitos foram mortos. Abaixo dos ps dos Homens Ligeiros, apareceram nuvens que ficavam vermelha com o sangue que flua das feridas recebidas na batalha real. Do cu, as gotas de sangue caam feito orvalho nas pedras verdes da montanha, que esto l desde sempre com manchas vermelhas. por isso que as pedras verdes manchadas so chamadas de pedras de sangue.

    Quando a noite tinha quase toda se passado, a Princesa Graciosa retornou para o campo de batalha, e achou que o conflito tinha acabado. Conforme ela se aproximava, os guerreiros feridos se levantavam e cambaleavam para longe. Ela comeou a procurar entre os guerreiros cados por Pata de Luz, e pouco depois, o encontrou deitado frio e morto. Um grito de tristeza saiu de seus lbios, e flutuou em direo terra no primeiro flego da alvorada. Aqueles que ouviram, souberam que ento a profecia do Vidente tinha se cumprido, e eles cantaram o som que o vidente fez:

    Quando sua senhora procura por seu amadoNa fria e perolada manh,

    Ela o encontra cadoPelas mos que ela desprezou.

    Ela vai apertar os braos sobre eleE em sua angstia, morrer

    Oh, nunca mais viajaria duas vezes pelo Cu do Norte!

    32

  • Os Homens Azuis so encontrados apenas em Minch, e principalmente, na Corrente que fica entre a Ilha de Lewis e as Ilhas Shant (as ilhas encantadas), o estreito chamado de Corrente do Mar dos Homens Azuis. Eles no so gigantes, como os Homens Ligeiros, e sim de forma humana, e com grande fora. De dia ou de noite eles nadam ao redor e entre as Ilhas Shant, e o mar nunca fica em descanso. Os Homens Azuis usam capas azuis e tem faces cinza que aparecem sobre as ondas que eles criam com seus longos braos que nunca descansam. No vero, eles passam levemente acima da superfcie, mas quando o vento sopra forte, eles aparecem nas tempestades e nadam com as cabeas eretas, balanando as guas com um deleite louco. s vezes, eles so vistos da cintura para cima no mar, e s vezes, se movendo como botos, conforme eles mergulham.

    Abaixo est um som de um pescador sobre os Homens Azuis.

    Quando a mar est mudando e o vento dorme,E nenhuma onda est no vasto e azul profundo,

    Oh, as guas se agitaro no fluxo que nunca sorri,Onde os Homens Azuis esto balanando ao redor das ilhas encantadas.

    Conforme o vento do vero vagueia sobre os mares brilhantes,E os Minch ficam deslumbrantes para as Hbridas,

    Eles passaro sobre as guas como os salmes voc poder ver seus ombros brilharem,E o cintilar de seus dedos na Corrente dos Homens Azuis.

    Mas quando o vento voraz e a mar selvagem corre,Os Homens Azuis ficam com peitos altos e suas faces cinza da espuma;

    Eles mergulharo com fria enquanto varrem o frescor para trs,Oh, eles ficaro abaixo das ondas e lamentaro sobre o vento.

    E se meu barco estiver na tempestade e for arrastado para a baa,Eles ficaro gritando e rosnando conforme se banham no frescor

    Pois eles gostam de seguir seus rios quando desejam,Ou quebrar a quilha entre eles, ou afastar com seus punhos.

    Oh, cansao nos Homens Azuis, em sua fria e em suas artimanhas!O dia todo, a noite toda, eles so nadando ao redor das ilhas;

    Eles seguiro cada pescador ah! Eles assombraro o sonho do pescador Quando as ondas agitam, Oh, ai daquele que atravessar a Correnteza dos Homens Azuis!

    Nos velhos dias, A Correnteza dos Homens Azuis era chamada de A Correnteza da Destruio, pois muitos navios eram destroados l. O povo culpava os Homens Azuis, que habitavam nas cavernas, conforme diziam, no fundo do mar. Suas sentinelas estavam sempre espreita, e quando um navio era visto, uma palavra era enviada aos homens nas cavernas para virem. Os pescadores os temiam, e muitos remavam ao redor das Ilhas Shant ao invs de fazer um curto percurso entre as Ilhas Shant e a grande Ilha de Lewis.

    Quando o chefe dos Homens Azuis tinha todos os seus homens reunidos ao redor dele, pronto para atacar um navio, ele levantava na gua e gritava ao capito duas linhas de poesia, e se o capito no respondesse logo adicionando as duas linhas para completar o verso, os Homens

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  • Azuis pegavam o navio e o viravam. Muitos navios foram perdidos naqueles dias pois o capito no sabiam os versos.

    Verdadeiro o ditado galico, no entanto: Vir com o tempo o que no vem com o tempo. [NT: O segundo tempo no sentido de meteorologia.]

    Um dia, quando os ventos estavam fortes e as ondas rpidas e cruis, os Homens Azuis viram um majestoso barco vindo em direo sua correnteza sobre velas brancas. Regiamente, o barco caminhou entre as ondas. Os sentinelas chamaram os seus companheiros azuis que estavam no piso do mar, e conforme eles se levantaram, eles se maravilharam ao ver o rpido navio passando sobre suas cabeas. Alguns pegaram o navio e balanaram para testar sua fora, e ficaram atnitos quando descobriram sua fora e peso. O navio navegava como uma lana em voo.

    O chefe dos Homens Azuis sacudiu a frente do navio, e, de cintura para cima entre as ondas, gritou ao capito: -

    Homem da capa negra, o que voc dizEnquanto seu orgulhoso navio abre caminho no oceano?

    Nunca to rpidas foram as palavras que o capito respondeu: -

    Meu rpido navio tomar o mais curto caminho,E eu te seguirei linha por linha.

    Foi uma resposta e um desafio, e o chefe dos Homens Azuis cruelmente gritou: -

    Meus homens so rpidos, meus homens esto prontosPara te arrastar debaixo das ondas

    O capito respondeu desafiadoramente em uma voz alta:

    Meu navio rpido, meu navio est pronto,Se voc o afundar, arrebentar suas cavernas.

    O chefe dos Homens