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22 Unidade II Unidade II 5 10 15 20 25 PRINCÍPIOS DE METODOLOGIA CIENTÍFICA 8 LEITURA CRÍTICA O processo do conhecimento se dá por meio de várias etapas. A primeira delas é a necessidade de “estar no mundo”, isto é, perceber o mundo que nos rodeia através dos nossos sentidos; percepção que constitui nosso repertório. Um pesquisador necessita estar em constante integração com o mundo. E a nossa maneira primária de percepção busca novos repertórios e referências para depois analisarmos o texto no qual estamos trabalhando. Entende-se por texto todos os tipos de linguagens existentes na atualidade, sejam elas verbais ou não. Portanto, a leitura e a maneira como entendemos o mundo é essencial para o trabalho do estudante-pesquisador. É por meio dela que ampliamos nosso repertório. Ela é a base da pesquisa. Propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações e a abertura de novos horizontes, além de contribuir na sistematização do pensamento e enriquecer nosso vocabulário. A melhor forma de aprender a escrever é ler. Ler significa conhecer, interpretar, distinguir e decifrar quais são os elementos principais e secundários dentro de um texto. Por meio da leitura crítica podemos distinguir o grau de conotação e denotação das mensagens, compreendendo, assim, a visão de mundo do autor. A partir daí podemos estabelecer novas estruturas e ideias com referência e base em antigos estudos, tendo como objetivo a reformulação das ideias e não apenas a sua repetição. O não entendimento do texto, seja por falta de análise ou de interpretação, deixa-nos restritos à mera repetição de conceitos

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PRINCÍPIOS DE METODOLOGIA CIENTÍFICA

8 LEITURA CRÍTICA

O processo do conhecimento se dá por meio de várias etapas. A primeira delas é a necessidade de “estar no mundo”, isto é, perceber o mundo que nos rodeia através dos nossos sentidos; percepção que constitui nosso repertório.

Um pesquisador necessita estar em constante integração com o mundo. E a nossa maneira primária de percepção busca novos repertórios e referências para depois analisarmos o texto no qual estamos trabalhando. Entende-se por texto todos os tipos de linguagens existentes na atualidade, sejam elas verbais ou não.

Portanto, a leitura e a maneira como entendemos o mundo é essencial para o trabalho do estudante-pesquisador. É por meio dela que ampliamos nosso repertório. Ela é a base da pesquisa. Propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações e a abertura de novos horizontes, além de contribuir na sistematização do pensamento e enriquecer nosso vocabulário.

A melhor forma de aprender a escrever é ler. Ler signifi ca conhecer, interpretar, distinguir e decifrar quais são os elementos principais e secundários dentro de um texto.

Por meio da leitura crítica podemos distinguir o grau de conotação e denotação das mensagens, compreendendo, assim, a visão de mundo do autor. A partir daí podemos estabelecer novas estruturas e ideias com referência e base em antigos estudos, tendo como objetivo a reformulação das ideias e não apenas a sua repetição.

O não entendimento do texto, seja por falta de análise ou de interpretação, deixa-nos restritos à mera repetição de conceitos

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que muitas vezes não farão sentido para nós, e ainda menos para nossos leitores.

No quadro abaixo, podemos observar algumas dicas importantes para a leitura.1

Bom leitor Mau leitor

O bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como:

O mau leitor lê vagarosamente e entende mal o que lê. Tem hábitos como:

1. Ler com objetivo determinado: exemplo: aprender certo assunto – repassar detalhes – responder a questões.

1. Ler sem fi nalidade: raramente sabe por que lê.

2. Ler unidades de pensamento: abarca, num relance, o sentido de um grupo de palavras. Relata rapidamente as ideias encontradas numa frase ou num parágrafo.

2. Ler palavra por palavra: pega o sentido da palavra isoladamente. Esforça-se para ajuntar os termos para poder entender a frase. Frequentemente, tem de reler as palavras.

3. Tem vários padrões de velocidade: ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Se lê uma novela, é rápido. Se é um livro científi co, para guardar detalhes – lê mais devagar para entender bem.

3. Só tem um ritmo de leitura: seja qual for o assunto, lê sempre vagarosamente.

4. Avalia o que lê: pergunta-se frequentemente: que sentido tem isso para mim? Está o autor qualifi cado para escrever sobre tal assunto? Está ele apresentando apenas um ponto de vista do problema? Qual é a ideia principal deste trecho? Quais seus fundamentos?

4. Acredita em tudo que lê: para ele, tudo que é impresso é verdadeiro. Raramente confronta o que lê com suas próprias ideias, experiências ou com outras fontes. Nunca julga criticamente o escritor ou seu ponto de vista.

5. Possui bom vocabulário: sabe o que muitas palavras signifi cam. É capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto. Sabe usar dicionários e o faz frequentemente para esclarecer o sentido de certos termos, no momento oportuno.

5. Possui vocabulário limitado: sabe o sentido de poucas palavras. Nunca relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova. Raramente consulta o dicionário. Quando o faz, atrapalha-se em achar a palavra. Tem difi culdade em entender a defi nição das palavras e em escolher o sentido exato.

6. Tem habilidades para conhecer o valor do livro: sabe que a primeira coisa a fazer quando se toma um livro é indagar do que trata, através do título, subtítulos encontrados na página de rosto e não apenas na capa. Em seguida, lê os títulos do autor. Edição do livro. Índice. “Orelha do livro”. Prefácio. Bibliografi a citada. Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe quando consultar e quando ler.

6. Não possui nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro: nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o índice, o prefácio, a bibliografi a, etc., antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. É comum até ignorar o autor, mesmo depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro.

7. Sabe quando deve ler o livro até o fi m, quando interromper a leitura defi nitivamente ou periodicamente: sabe quando e como retomar a leitura, sem perda de tempo e sem perder a continuidade.

7. Não sabe decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura: ou lê todo o livro, ou o interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas.

9. Adquire livros com frequência e cuida de ter sua biblioteca particular: quando é estudante, procura os livros de textos indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais. Tem interesse em fazer assinaturas de periódicos científi cos. Formado, continua alimentando sua biblioteca e restringe a aquisição dos chamados “compêndios”. Tem o hábito de ir direto às fontes; de ir além dos livros de texto.

9. Não possui biblioteca particular: às vezes, é capaz de adquirir “metros de livro” para decorar a casa. É frequentemente levado a adquirir livros secundários em vez dos fundamentais. Quando estudante, só lê e adquire compêndios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das “boas aquisições” de livro.

10. Lê assuntos vários: livros, revistas, jornais. Em áreas diversas: fi cção, ciência, história, etc. Habitualmente nas áreas de seu interesse ou especialização.

10. Está condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto.

11. Lê muito e gosta de ler: acha que ler traz informações e causa prazer. Lê sempre que pode.

11. Lê pouco e não gosta de ler: acha que ler é ao mesmo tempo um trabalho e um sofrimento.

12. O bom leitor é aquele que não é só bom na hora da leitura: é bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler.

12. O mau leitor não se revela apenas no ato da leitura, seja silenciosa ou oral: é constantemente mau leitor, porque se trata de uma atitude de resistência ao hábito de saber ler.

1Salomon, 1974, p. 45-48.

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Outras dicas:2

Identifi cação do texto

a. Título: estabelece o assunto e, às vezes, até a intenção do autor.

b. A data de publicação: contextualiza o texto e fornece elementos para certifi car-se de sua atualidade e aceitação.

c. A “orelha” ou contracapa: local que possibilita aferir as credenciais ou qualifi cações do autor. Podemos identifi car para qual público a obra é destinada.

d. O índice ou sumário: apresenta todos os tópicos abordados na obra e como ele está dividido.

e. A introdução, prefácio ou nota do autor: indica os objetivos do autor e muitas vezes a metodologia por ele empregada.

f. A bibliografi a: fornece as informações a respeito das obras consultadas.

Leitura proveitosa

Muitas vezes, lemos inúmeros textos e não aproveitamos devidamente suas informações. Além de fazer o fi chamento3 é importante:

a. Ter atenção: é necessário concentração para buscar o entendimento, a assimilação e a apreensão dos conteúdos básicos do texto.

b. Intenção: propósito de conseguir um aproveitamento intelectual por meio da leitura.

2Lakatos; Marconi , 2008, p. 19.3Fichamento: retirar do texto informações essenciais utilizando

marcações, o fi chamento é o resumo das referências que serão consultadas ao longo do trabalho.

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c. Refl exão: observar todos os ângulos e ponderar as informações, descobrir novas perspectivas e pontos de vista. A refl exão favorece o entendimento e a assimilação das ideias do autor, aprofundando, assim, nosso conhecimento.

d. Espírito crítico: implica julgamento, comparação, aprovação ou não do texto. É a avaliação do texto.

Ler com espírito critico signifi ca fazê-lo com refl exão, não admitindo ideias sem analisar ou ponderar, proposições sem discutir, nem raciocínio sem examinar; consiste em emitir juízo de valor, percebendo no texto o bom e o verdadeiro, da mesma forma que o fraco, o medíocre ou o falso.4

e. Análise: (a) divisão do tema em partes e (b) determinações das relações existentes entre elas.

f. Síntese: tem como objetivo não perder a sequência lógica do pensamento. É a reconstituição das partes decompostas pela análise.

Para o estudante-pesquisador o que mais interessa é a chamada leitura de estudo ou informativa. Seu objetivo é a coleta de informações para determinado propósito. Segundo Lakatos e Marconi,5 apresenta três objetivos essenciais:

1. certifi car-se do conteúdo do texto, constatando o que o autor afi rma — os dados que apresenta e as informações que oferece;

2. correlacionar os dados coletados a partir das informações do autor com o problema em pauta;

3. verifi car a validade dessas informações.

4Lakatos; Marconi, 2008, p. 21.5Ibid., 2008, p. 22.

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O professor Antonio Joaquim Severino6 sugere uma sequência de tarefas a serem cumpridas para a análise completa do texto.

9 ANÁLISE DE TEXTOS

9.1 Análise textual

Preparação do texto: divida o texto em unidades de leitura, em capítulos ou subtítulos.

Leia uma primeira vez na íntegra para ter uma visão de conjunto do texto.

Ao se deparar com palavras ou conceitos desconhecidos, é preciso buscar esclarecimento de vocabulário, doutrinas, fatos e autores.

Em seguida, procure criar uma esquematização do texto. Isso pode ser feito dividindo os parágrafos e anotando sobre o que cada um trata.

9.2 Análise temática

O objetivo da análise temática é a compreensão da mensagem do autor. Para isso, é preciso distinguir dentro do texto:

• tema: do que fala o texto, qual o seu assunto central;

• problema: qual problema o texto procura discutir. O problema é específi co dentro do tema central;

• tese: é a ideia central que o autor defende. É a resposta que ele deu para o problema levantado no tema;

• raciocínio: é o processo lógico utilizado pelo autor; de onde ele partiu, as etapas, até a conclusão;

6Severino, 2005, p. 61.

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• ideias secundárias: são ideias apresentadas pelo autor, mas não aprofundadas. Também aparecem como exemplos para argumentação.

9.3 Análise interpretativa

Após compreender a mensagem do texto, é possível fazer a interpretação.

A pesquisa inicial sobre os conceitos utilizados pelo autor auxilia a identifi car sua situação fi losófi ca e infl uências. Assim, aparecem os pressupostos do autor e a associação de ideias.

Conhecendo esses dados, é possível fazer a crítica, identifi car a coerência interna do texto, a validade dos argumentos, a originalidade, a profundidade da análise do autor, seu alcance e a apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas.

9.4 Problematização

Levantamento e discussões de problemas relacionados com a mensagem do autor.

Nessa etapa, faz-se a discussão dos problemas que o texto sugere.

A solução apresentada pelo autor poder ser problemática. O leitor faz novos questionamentos.

Podem também surgir questões implícitas no texto.

9.5 Síntese

Reelaboração da mensagem com base na refl exão pessoal.

Este é o momento em que o estudante retoma com as suas palavras o que foi abordado no texto e inclui a sua própria análise e seu próprio texto.

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A leitura crítica é a base de um bom trabalho acadêmico. Ao longo do tempo, fi cará mais fácil para o estudante-pesquisador analisar e entender um texto. É apenas uma questão de treino.

Portanto, nunca se deixe intimidar por um texto complexo, tenha sempre à mão um bom dicionário e procure decifrar as palavras-chave do texto. Esse processo logo será automatizado.

Existem outros processos importantes — o resumo e o fi chamento de um texto —, que estudaremos mais tarde. Esses dois processos são tarefas muito solicitadas pelos professores nas universidades. Falaremos primeiramente sobre a pesquisa bibliográfi ca.

10 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A pesquisa bibliografi a atual conta com uma série de recursos que não existiam tempos atrás. Por exemplo: hoje não precisamos consultar apenas os livros. Há várias informações e referências na rede. Além dos livros, usamos a Internet e os programas audiovisuais. É extremamente importante citar as fontes utilizadas para obter o conhecimento. Na Unidade III destacaremos as normas utilizadas pela ABNT a serem seguidas.

A principal base da pesquisa bibliográfi ca consiste em análise e leitura de texto. Essas fontes de informação devem ser bem utilizadas, e o trabalho acadêmico deve ser construído, e não copiado. A Internet pode ser utilizada, desde que sejam feitas as corretas referências, de acordo com suas especifi cidades (aprofundaremos esse assunto na próxima unidade).

Os livros ainda são as fontes mais confi áveis, mas isso não signifi ca que os mesmos devam ser lidos de qualquer maneira; a leitura crítica é essencial para o bom aproveitamento dos dados.

Lembre-se sempre: a cópia de trabalhos (plágios), além de ser uma prática desonesta, é ilegal.

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Ao fazermos um trabalho científi co, devemos estabelecer, em primeiro lugar, o tema, ou seja, aquilo que queremos pesquisar. A partir desse ponto, podemos buscar fontes amplas sobre o assunto, para depois delimitá-lo. Uma dica é pesquisar na biblioteca e na Internet autores que já escreveram artigos sobre o assunto que escolhemos. Isso é muito importante para conhecermos melhor o que iremos pesquisar.

Quando se inicia a pesquisa é importante identifi car:

O que vou pesquisar, qual é o meu tema? E onde encontrarei as fontes a respeito desse assunto?

Delimitar o assunto também é igualmente importante.

Para começarmos a defi nir nosso projeto de pesquisa, que será desenvolvido com mais propriedade na Unidade III, devemos responder a seguinte pergunta:

Eu estudando ______________ (tema), pois quero descobrir (como, por que, onde...) ____________________________.

Nessa primeira pesquisa, é importante que o estudante consiga saber até que ponto aquele assunto foi estudado. Portanto, ele deve pesquisar em primeiro lugar temas mais gerais sobre o assunto e, aos poucos, aprofundar-se. Após ter conhecimento dos diversos pontos de vista sobre o seu tema, ele deve selecionar aquele que melhor atenda seus objetivos.

Como encontrar as fontes?

10.1 Biblioteca

Pode ser a biblioteca da faculdade, do bairro ou da cidade. Podemos acessar vários desses acervos através da Internet e consultar quais são os livros disponíveis naquela instituição que poderão favorecer nosso trabalho.

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Abaixo, sugerimos uma relação de bons links para pesquisa bibliográfi ca.

Dédalus, da USPBiblioteca Digital Brasileira de Teses e DissertaçõesBanco de Teses da CAPESAcesso Livre — Portal de Periódicos da CAPESBiblioteca Virtual de Estudos CulturaisBiblioteca Virtual de Inovação TecnológicaSciELO — Scientifi c Eletronic Library Online

Pesquisa de artigos

Livre — Periódicos on-lineRelação de base de dados da UNIPGoogle acadêmico

As bibliotecas seguem uma categorização na catalogação de livros. A melhor maneira de utilizarmos as informações é conhecer o catálogo ou fi chário. Neles constam as informações essenciais que sempre serão citadas nas notas de rodapé e na bibliografi a.

Quais são essas informações essenciais?

Autor, Título, Editora, Local e Data.

As bibliotecas têm sistemas diferentes de catalogação. Há varias pessoas que podem ajudar o estudante a encontrar o livro, como também auxiliá-lo na boa utilização do mesmo.

É importante lembrarmos que os livros são de uso coletivo. Devemos cuidar para não sujar, estragar ou rabiscar, pois eles serão utilizados por outros alunos.

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Valorize sempre esse acervo, pois as bibliotecas são “a mina de ouro” dos estudantes.

Muitas vezes, estudamos muito, mas esquecemos de fazer anotações sobre o livro. Em um trabalho cientifi co, isso é considerado erro, pois difi cultará a otimização do seu tempo. Portanto, sempre faça um resumo, um fi chamento e uma fi cha bibliográfi ca do livro.

Ficha bibliográfi ca

Ela deve conter as informações técnicas do livro:

• localização;

• autor;

• título completo;

• editora;

• ano;

• quantidade de páginas que foram lidas.

É necessário anotar todas essas informações, pois elas serão cobradas na bibliografi a e nas notas de rodapé utilizadas no trabalho científi co.

Outras fontes utilizadas

10.2 Arquivos ofi ciais do estado ou município

São arquivos importantes que guardam uma enorme quantidade de diversos materiais, como jornais, revistas, atas e documentos ofi ciais. Cada instituição tem suas regras; muitas vezes é necessário apresentar uma carta formal da faculdade ou da escola para ter acesso a esses documentos.

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10.3 Internet

Possui inúmeros acervos eletrônicos das grandes universidades e sites de pesquisa (relacionados acima) além de uma grande variedade de sites de busca. É de extrema importância fazer as citações corretas nas referências, para evitar o plágio. Devemos citar nas notas de rodapé o link (site) utilizado para adquirir a informação e a data de acesso.

10.4 Resumo

Tem como objetivo retirar do texto as informações essenciais e reescrevê-las, mantendo a lógica do autor.

Pode ser dividido nas seguintes etapas:

• ler o texto na íntegra;

• reler parágrafo por parágrafo;

• retirar de cada parágrafo as informações essenciais;

• reescrever (reelaboração da mensagem baseada na refl exão pessoal).

Jamais devemos colar as frases. O texto é escrito no discurso indireto, deixando claro que as informações são do autor (para destacá-las, podemos usar o negrito, itálico ou sublinhá-las).

O objetivo é deixar claro quais são as ideias do autor e quais são as ideias do aluno.

11 RESENHA CRÍTICA

Para fazer uma resenha critica, o primeiro passo é contextualizar a obra e apresentar seu autor. Devemos fazer uma análise mais apurada sobre: (a) o contexto histórico e social em que a obra foi escrita; e (b) a visão de mundo do autor.

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Ela é a apresentação de um texto ao leitor, com comentários sobre seu enredo. Portanto, é uma junção entre o resumo e as análises do aluno.

Quando um professor nos pede um resumo, ele não precisa necessariamente ter uma opinião crítica do estudante. Já a resenha crítica tem sempre essa característica. Daí a necessidade de aprofundar no texto, buscar a contextualização no tempo e espaço e conhecer as influências e a biografia do autor.

É a partir dessas infl uências que o autor constrói a sua visão de mundo e suas ideologias. O aluno pode concordar com essas ideias ou não, mas, para argumentar a sua posição, ele deve ter um conhecimento mais amplo adquirido pela análise da obra.

12 FICHAMENTO

Utilizamos a fi cha bibliográfi ca citada anteriormente.

O fi chamento administra melhor o tempo do aluno. O tempo utilizado para escrever uma dissertação de mestrado, ou mesmo um trabalho acadêmico não é longo, portanto, devemos otimizá-lo para ter melhores resultados.

O objetivo do fi chamento é retirar do texto os elementos essenciais, que retomem a lógica interna do texto. Para fazê-lo, devemos utilizar marcações com os números das páginas de onde as informações foram retiradas.

Exemplo:

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Luis Suárez — cap.1 da obra Las grandes interpretaciones de la Historia. Vol.13 — Biblioteca de Divulgación Cultural. Ed. Moretón, Bilbao. España, 1968.

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O conceito de HistóriaHistória sucedido e História conhecimento_____________________________________________

A palavra “História” expressa dois conceitos diferentes: (a) a plenitude do suceder; (b) o conhecimento deste suceder.

Vem do grego historien, que signifi ca “curiosear”, “inquirir” ou “investigar”. Em alemão: Historie = a realidade do suceder; Geschichte = a ciência.

O autor se ocupa das interpretações do suceder histórico no ocidente. A cultura ocidental busca uma explicação total do passado, o que se mostra impossível. Alguns motivos:

• o historiador se ocupa não de todos os acontecimentos passados, mas de certa classe deles, aos quais chama “fatos históricos” (p. 14);

• dos fatos históricos, o pesquisador elege somente aqueles que tem a ver com seu trabalho. O historiador é filho do seu tempo, sua tarefa não é o estudo objetivo do passado, mas o conhecimento do presente através do passado. Exemplo: a tendência atual aos estudos de história econômica e social; não é moda, mas necessidade.

Importante: nenhum fato pode ser apreendido sem que ao mesmo tempo seja compreendido, isso vai contra o positivismo. Nenhum historiador contempla a historia de fora (p. 15).

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Estes números e letras se encontram nas lombadas dos livros quando os mesmos pertencem a uma biblioteca, e é através deles que nos localizamos nas diversas estantes existentes na biblioteca. É importante anotarmos esses números, porque muitas vezes durante os estudos termos que utilizar novamente um livro. A anotação dessas referências otimiza nosso tempo.

No início desta aula, salientamos:

• a importância de ler para escrever melhor;

• como coletar e registrar essas informações de maneira organizada.

Agora vamos sugerir sobre a escrita

13 O PROCESSO DA ESCRITA

O autor Whitaker Penteado7 apresenta um processo para ajudar o estudante no processo da escrita. Segundo ele, a escrita está dividida em três fases:

13.1 Invenção

É o esforço do “espírito”; operação por meio da qual assimilamos o assunto da exposição e adquirimos sobre ele o mais completo domínio. Ou seja:

• caracterização da evidência: nada aceitar por verdadeiro que não seja evidente;

• regra da análise: dividir cada difi culdade em tantas partes quantas sejam necessárias; conhecer cada elemento isolado do texto que você quer escrever;

7Whitaker Penteado, “A exposição da escrita”, 1977, p. 242.

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• regra da análise e da síntese: fazer pesquisas e revisões minuciosas, não omitir nada.

13.2 Disposição

Arte de bem dispor o que vai escrever; organização dos materiais reunidos durante a invenção.

a. Exórdio: captar as graças de quem lê. Uma introdução atraente para o leitor.

b. Proposição: sumário do assunto. Um resumo do que será tratado no texto.

c. Narração: dar a conhecer os fatos indispensáveis à compreensão da causa que quer sustentar.

d. Demonstração: provar que a nossa opinião é incontestável; usar raciocínios dos quais se extraem consequências.

e. Confi rmação: desenvolvimento das provas em apoio à tese;

f. Refutação: destruir antecipadamente as provas em contrário.

g. Peroração: coroamento da disposição; deve ser oportuna e pode compreender uma recapitulação geral, com encerramento persuasivo.

13.3 Elocução

Procura da forma, execução técnica do estilo, a transposição do pensamento em palavras.

Essas três etapas compreendem uma lógica interna no texto, com começo, meio e fi m. Um bom texto terá essas etapas postas de forma clara.

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Whitaker Penteado (1977) deixa algumas dicas para o estudante escrever melhor:

• escreva com naturalidade;

• conheça a língua;

• aprenda a pensar;

• escreva para o leitor;

• escreva legivelmente;

• use a sua capacidade de observação;

• seja conciso e preciso — não escrever nem mais nem menos do que o indispensável à compreensão;

• leia em voz alta; isso ajuda a pegar os erros de concordância verbal e nominal.

A maneira como escrevemos refl ete nossa leitura. Insisto, uma vez mais, que a melhor maneira de aprender a escrever é ler.

14 ESTRUTURA INTERNA DO TEXTO ACADÊMICO

O tipo de texto utilizado como padrão pela academia é a dissertação.8

A dissertação consiste em organizar todo o material obtido em três partes:

8Dissertar é, através da organização de palavras, frases e textos, apresentar ideias, desenvolver raciocínio, analisar contextos, dados e fatos. Neste momento, temos a oportunidade de discutir, argumentar e defender o que pensamos através de fundamentação, justifi cação, explicação, persuasão e de provas. A elaboração de textos dissertativos requer domínio da modalidade escrita da língua, desde a questão ortográfi ca ao uso de um vocabulário preciso e de construções sintáticas organizadas, além de conhecimento sobre o assunto que se vai abordar e posição crítica (pessoal) diante desse assunto.

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A. Introdução

Deve apresentar de maneira clara o assunto que será tratado e delimitar as questões referentes ao assunto a ser abordado.

Neste momento, pode-se formular uma tese, que deverá ser discutida e provada no texto, propor uma pergunta, cuja resposta deverá constar no desenvolvimento e explicitada na conclusão.

B. Desenvolvimento

É a parte do texto em que as ideias, pontos de vista, conceitos, informações de que dispõe serão desenvolvidas, desenroladas e avaliadas progressivamente.

C. Conclusão

É o momento fi nal do texto; este deverá apresentar um resumo forte de tudo o que já foi dito. A conclusão deve expor uma avaliação fi nal do assunto discutido.

Essas partes são interdependentes, ou seja, relacionam-se umas com as outras. A produção de textos dissertativos está intrinsecamente ligada à capacidade argumentativa do aluno.

Dicas importantes para a construção do texto acadêmico

Organize os dados colhidos em pastas; separe por conteúdo, anotando sempre a referência (de onde foi retirada a informação). As fi chas de leitura podem ser organizadas da mesma forma.

Escolha os argumentos que serão utilizados; enumere-os por ordem de importância mentalmente. Encontrar argumentos contrários ao que se quer afi rmar no texto também é importante. Pode-se apresentar tais argumentos e em seguida, refutá-los. O importante é dar ênfase aos argumentos favoráveis a sua tese.

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Incremente o argumento com apresentação de dados, tabelas, gráfi cos, estatísticas, etc. Esses elementos devem ser bem-utilizados; não devem ser jogados no meio do texto sem a devida argumentação em torno da sua importância. Devem ser comentados e apresentar também a devida referência.

Deve-se seguir sempre a estrutura introdução, desenvolvimento e conclusão. Esse tipo de estrutura permite o acompanhamento lógico do texto, evitando que o pesquisador se perca na argumentação.

Use sempre o verbo na forma passiva. Em vez de utilizar a terceira pessoa do plural, por exemplo, pensamos, queremos, veremos, etc., utilizar pensa-se, quer-se, ver-se-á, etc. Essa forma verbal é a mais indicada em trabalhos científi cos, permite ao estudante um distanciamento maior da pesquisa e do seu objeto. Pressupõe-se que o trabalho acadêmico deve ser o mais isento possível de preconceitos e se basear sempre em argumentação.

Ao fazer uma afi rmação própria, utiliza-se a primeira pessoa, sem o pronome; em vez de “Eu penso...”, utilizar: “Penso que tal análise...”.

15 REDAÇÃO

Os dez mandamentos de uma boa redação, segundo Withaker (1977):9

• use palavras e frases simples;

• use palavras e frases coloquiais;

• use pronomes pessoais;

• use ilustrações e exemplos gráfi cos;

• use preferivelmente parágrafos e sentenças curtas;

• use verbos ativos;

9Whitaker Penteado, “A exposição da escrita”, 1977, p. 242.

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• economize adjetivos e fl oreados;

• evite rodeios;

• faça com que cada palavra tenha a sua função no texto;

• atenha-se ao essencial.

Quando escrevemos um texto, precisamos pensar no nosso leitor, ou seja, no nosso público-alvo; devemos escrever um texto dirigido a especialistas, mas que também o público leigo possa entender.

Para tanto, é necessário escrever de maneira clara e compreensiva, valorizando a precisão. Há de se desenvolver a coesão e coerência.

Coesão: auxilia na clareza do texto. Vários manuais de redação trazem exercícios para auxiliar na coesão textual. O estudante-pesquisador deve conhecer e aperfeiçoar a coesão textual. O autor Antonio Suárez Abreu (2005) apresenta algumas observações a respeito da coesão:

“Exemplo: Pegue três maçãs, coloque-as sobre a mesa. O as se refere às maças. Ou seja, não é preciso repetir na mesma frase o sujeito”.

Coerência: Abreu (2005) apresenta quatro princípios fundamentais ou metarregras de coerência textual. Elas auxiliam na composição e evitam erros absurdos.

a. Meta-regra da repetição: um texto coerente deve ter elementos repetidos (coesão textual).

b. Meta-regra de progressão: um texto coerente deve apresentar renovação do suporte semântico. (informações novas à medida que vai avançando).

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c. Meta-regra da não-contradição: em um texto coerente, o que se diz depois não pode contradizer o que se disse antes ou o que fi cou pressuposto (fazer sentido).

d. Meta-regra da relação: em um texto coerente, seu conteúdo deve estar adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis.

Mais algumas dicas importantes destacadas pelo autor Umberto Eco10:

A. Não escreva períodos (frases) longas:

Evite repetir o sujeito e elimine os excessos de pronomes e adjetivos e frases subordinadas.

B. Abra parágrafos com frequência.

Quando mudar o tema tratado, quando incluir uma análise ou explicação para um conceito. Ao exemplifi car de maneira mais detalhada.

Nunca faça de uma frase um parágrafo.

C. Como exercício, escreva tudo que lhe vier à cabeça.

Depois vá limpando os excessos; se houver informações a mais que não tem o tema de seu estudo como foco, deixa-as na nota de rodapé ou escreva um textinho extra para ir ao apêndice.

D. Mostre o texto com antecedência para o(a) professor(a).

Peça que o auxilie na correção e comentários sobre as ideias.

E. Defi na sempre um termo ao introduzi-lo no texto pela primeira vez.

10Eco, 2005, p. 117-123.

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Não o use se não souber do que se está falando.

Em cada área há termos técnicos que são imprescindíveis, procure conhecê-los e dominar seus signifi cados.

Uma pessoa da área de tecnologia, por exemplo, não poderia escrever um texto sem saber corretamente a defi nição para software, internet, etc.

F. Não use artigo diante de nome próprio. Nunca escreva “o Marx”, “o Weber”, etc.

G. Não aportuguesar demais os nomes dos autores consagrados.

Não transforme Jean-Paul Sartre em João Paulo Sartre, Karl Marx em Carlos Marx, etc.

Ressaltamos a importância da estrutura interna de um texto científi co: ele deve ser bem argumentado, ter começo, meio e fi m. Deve, ainda, adotar uma linguagem com a qual o leitor consiga entender as ideias do autor de forma ampla e rápida.

Escrever é um trabalho difícil, que exige muita prática. Não desanime e deixe sempre o texto “decantar”, isto é, escreva bastante e descanse um pouco antes de reler o texto. Muitas vezes, é necessário nos distanciarmos um pouco da produção para podermos retomá-la com mais efi ciência. Não deixe tudo para a última hora; quando fazemos isso, percebemos, depois do trabalho corrigido, que poderíamos ter feito muito melhor.

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