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VOLUME I
METODOLOGIA DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
VOLUME I
Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa
2010
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMÁRIO
REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Equipa ESE de Setúbal (Portugal) Ana Pires Sequeira Fernanda Botelho
José Victor Adragão Luciano Pereira
MP Benguela (Angola) Colaboração dos professores de Língua Portuguesa de Metodologia
do ensino da Língua Portuguesa
Criação e Design JL Andrade
www.jlandrade.com
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL
www.ese.ips.pt
MAGISTÉRIO PRIMÁRIO DE BENGUELA
também disponível em http://moodle.ese.ips.pt em Projetos – PREPA
Índice
I. Introdução, 07 II. Metodologia Geral, 11
III. Oralidade, 13 Introdução
A. Língua e linguagem 1. O nascimento das línguas 2. A estrutura de uma língua
B. A língua materna - sua importância no desenvolvimento pessoal
- sua importância na aprendizagem de outras línguas C. A questão da oralidade
D. Princípios orientadores do ensino do Português 1.A oralidade na escola
2.O ensino e a aprendizagem da oralidade 3. Compreensão e expressão 4. A avaliação da oralidade
E. Da Escola do Magistério Primário à Sala de aula do Ensino Primário Propostas de actividades para o desenvolvimento da compreensão e expressão oral
IV. Funcionamento da Língua, 41 A. Introdução
1. A língua, uma dupla convenção 2. A gramática
3. A gramática implícita 4. Importância do ambiente e da escola
5. A questão da terminologia A. Conteúdos desenvolvidos neste módulo
1. Razão das escolhas 2. Desenvolvimento de cada tema
A. A morfologia verbal 1. Noção e importância do verbo
2. Categorias verbais 3. O tempo verbal 4. O modo verbal
D. A sintaxe 1. Noção de frase
2. Estrutura da frase simples 3. Da frase simples à complexa
E. A semântica 1. Introdução
6 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA
2. Semântica vocabular 3. Significado e significação 4. Campos (ou áreas) lexicais
a. O parentesco b. O meio ambiente
c. Os sentimentos F. Da Escola do Magistério Primário à sala de aula do Ensino Primário
1. Morfologia verbal 2. Sintaxe
3. Semântica V. Bibliografia Geral, 81
1. Importância da disciplina de Língua Portuguesa no curriculum
A decisão política do Estado angolano de ter a língua portuguesa como lín- gua oficial e, por inerência, como língua de ensino e de aprendizagem no siste- ma escolar é razão suficiente para sustentar a importância desta disciplina no curriculum do Ensino Primário e, naturalmente, na formação dos agentes de en- sino nesse nível de escolaridade.
O facto de a língua portuguesa não ser a língua materna de uma alta per- centagem das crianças angolanas (e, provavelmente, dos seus professores) im- plica que o seu ensino se faça com metodologia adequada, capaz de minorar as dificuldades de acesso a uma língua que não se aprende desde o berço e de promover o sucesso dos alunos, como estudantes e como cidadãos. Com efeito, o correcto domínio da língua portuguesa, como receptores e como produto- res, nas suas vertentes oral e escrita, ditará o percurso dos alunos nas restantes disciplinas curriculares e a sua inserção na sociedade, como membros activos de pleno direito. Por outro lado, só professores de comprovada competência no uso reflectido e na metodologia da língua portuguesa (que ensinam e em que ensinam) poderão assegurar o perfeito cumprimento dos objectivos do sistema educativo.
INTRODUÇÃO
I
8 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA
2. Estrutura do Módulo
Porque considera que o domínio de uma língua é qualquer coisa de uno e internamente articulado, a equipa que se responsabilizou por esta disciplina, em decisão acordada com os docentes da Escola do Magistério Primário de Bengue- la, propõe um único módulo para a metodologia da Língua Portuguesa, com os seus capítulos na seguinte ordem:
– Metodologia Geral
– Oralidade
– Funcionamento da Língua
– Leitura e Escrita
– Texto Literário
Todavia e para efeitos de edição organiza-se em três volumes, distribuídos da seguinte forma:
Volume I
Introdução
Metodologia Geral
Oralidade
Funcionamento da Língua
Bibliografia Geral
Volume II
Introdução
Metodologia Geral
Leitura e Escrita
VOLUME I | METODOLOGIA DO ENSINO DA LíNGUA PORTUGUESA • 9
Bibliografia Geral
Volume III
Introdução
Metodologia Geral
Texto Literário
Antologia Poética Africana
Contos Angolanos
Bibliografia Geral
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Inúmeros estudos têm correlacionado directamente o bom domínio da língua com o sucesso escolar, a integração social, salientando ainda as suas implicações no exercício de uma cidadania activa e consciente. Sabemos que um baixo nível de domínio da língua oral e escrita compro- mete directamente o desempenho académico, porquanto este domínio é factor de sucesso nas outras disciplinas, interage negativamente com o desenvolvimento pessoal, uma vez que é a língua que fornece catego- rias para a organização do pensamento, e, consequentemente, tem refle- xos evidentes na qualificação e desempenho profissional dos cidadãos. Acrescente-se ainda que a língua é meio de comunicação e interacção social e constitui um dos suportes da tradição.
Assim, com este módulo pretende-se actualizar e consolidar aspectos estruturais e de funcionamento da Língua Portuguesa, nas suas vertentes oral e escrita, tendo sempre presente a importância do domínio da Lín- gua Portuguesa, enquanto língua de escolarização, na formação pessoal, académica e profissional dos professores.
As propostas elaboradas procuram responder às necessidades do pú- blico a que se destina, isto é, professores e estudantes de Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa das escolas do Magistério Primário em Angola.
METODOLOGIA GERAL
II
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Os conteúdos apresentados decorrem destes princípios. A proposta metodológica do módulo é que os conteúdos sejam trabalhados por for- ma a que os formandos deles se apropriem e, simultaneamente, sejam capazes de os adequar a situações pedagógicas posteriores.
A concepção das actividades teve em consideração a experiência dos formadores da Escola Superior de Educação de Setúbal e as experiências reais dos professores da Escola do Magistério Primário (EMP) de Benguela e ainda o conhecimento adquirido nas visitas a algumas escolas primárias desta província.
Os capítulos que o compõem - Oralidade, Leitura e Escrita, Funciona- mento da língua e Texto literário - foram elaborados, organizados e ex- perimentados com os formadores da EMP de Benguela e muitas das suas actividades testadas em situação de aula com os estudantes desta escola de formação de professores, ao longo de sete missões realizadas pelos seus autores para o efeito.
INTRODUÇÃO
A. Língua e linguagem
A capacidade de linguagem, isto é, a possibilidade de utilizar os sons orais (produzidos na boca, pelos “órgãos da fala”) para exprimir o seu pensamento e comunicá-lo aos outros, é inata no homem. É verdade que, ao nascer, a criança não sabe falar mas tal capacidade adquire-se muito cedo e vai-se desenvolven- do com a idade. Só em caso de graves lesões no cérebro ou no aparelho fonador (ou se, por acaso excepcional, não houver qualquer contacto social, nem com os pais, nem com qualquer outra pessoa) é que esta capacidade não é exercida. Ainda assim, a criança será capaz de encontrar outros meios de comunicar.
Ao contrário da escrita ou da habilidade para fazer um cesto ou guiar um automóvel, que requerem uma aprendizagem, a aquisição da comunicação oral faz-se de uma forma natural, sem que seja possível medir o trabalho do «mestre» nem o do «aprendiz».
Tudo começa no cérebro, no sítio onde nascem e se organizam os nossos pensamentos. A complexidade do cérebro humano já foi muito estudada e sabe-
ORALIDADE
III
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-se hoje muito acerca da forma como ele funciona, como recebe as impressões colhidas pelos órgãos dos sentidos (pela vista, pelo ouvido…), como escolhe aquelas que lhe interessam e rejeita outras, como as organiza e faz delas ideias que se articulam com outras ideias já existentes… E ainda a forma como imagi- na, como cria ideias «a partir do nada», como é capaz de se separar do objectivo e do concreto e partir para descobertas e invenções, sonhos e aspirações.
Mas o homem não é só pensamento, tal como o cérebro não é só um instru- mento para armazenar e organizar o conhecimento. Os antigos diziam que o homem é um «animal social», que vive com os outros, aprend