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ISSN 2176-1396
METODOLOGIAS APLICADA AO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA
INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS.
Flavia Cristina Coletti1- UNICENTRO
Eixo – Psicopedagogia, Educação Especial e Inclusão
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Analisando todo o processo histórico da educação especial, sendo inserida aos poucos na
educação regular, verificamos que foi uma caminhada difícil, enfrentando várias barreiras até
chegar a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares
em um período bem recente. Destacando a inclusão de alunos surdos na rede Estadual de
Educação que também é um processo recente. Com isso, se percebe a necessidade de
orientação aos professores que os recebem, que juntamente com a família e demais
profissionais da educação irão fazer dessa inclusão um processo natural e com sucesso. Para
isso, o presente artigo pretende sugerir algumas atividades e metodologias que foram
desenvolvidas em sala de aula pela professora de geografia e que podem ser trabalhadas nessa
disciplina ou adaptadas facilmente para demais matérias, em salas com alunos surdos. Com
isso, facilitando sua aprendizagem e dos demais colegas também. Nós professores precisamos
desenvolver, atividades e metodologias que possam abranger a diversidade de alunos que
encontramos em sala de aula atualmente, tentando atingir ao máximo deles de maneiras
diferentes. Ressaltando que, para que nossos alunos explorem suas capacidades, além de um
professor para orienta-lo, precisamos de seu interesse e dedicação dos pais nesse processo.
Todas as atividades exemplificadas nesse trabalho foram desenvolvidas em sala de aula pela
autora do trabalho e pelos alunos de algumas turmas do ensino fundamental e médio em uma
escola da rede Estadual de ensino do Estado do Paraná. Espera-se colaborar no ensino-
aprendizagem de demais colegas que vivem essa realidade e possam utilizar desse relato de
experiência como sugestões para serem desenvolvidas em sala com seus educandos.
Palavras-chave: Educação especial, surdez, metodologia e geografia.
1 Mestranda no Programa de Pós-Graduação Stricto Senso
Pós-Graduação em Geografia – PPGG - Universidade do Centro Oeste do Paraná (UNICENTRO)
Professora na rede Estadual de Educação do Estado do Paraná no ensino fundamental e médio. Especialização
em Educação Especial.
E-mail: [email protected]
20115
Introdução
Respeitando as diferenças que encontramos em nossas escolas, é necessário elaborar
um currículo flexível e que atenda a diversidade de nossos alunos, onde aprendem de
maneiras diferentes e em períodos de tempos que podem variar, sendo assim, nossas aulas
precisam ser dinâmicas e variadas, pois as pessoas são diferentes e é preciso respeitar isso.
Dessa maneira respeitando o direito a diferença e ao acesso à educação, oferecendo ao
educando a oportunidade de assimilar o conteúdo de maneira possível a ele e fazendo com
que a inclusão realmente ocorra.
A presente pesquisa tem como objetivo sugerir algumas atividades que podem ser
desenvolvidas em turmas com alunos surdos inseridos, nas escolas de ensino regular,
atendendo suas necessidades e respeitando a aprendizagem de todos, pois as mesmas
atividades podem ser desenvolvidas com os alunos surdos e ouvintes na mesma turma, apenas
respeitando o tempo de cada um e com pequenas adequações. Buscando ajudar na adaptação
curricular do professor com metodologia possível de ser aplicada, facilitando o dia a dia do
mesmo e dos alunos, tornando as aulas mais atrativas e de fácil compreensão para os
educandos.
A metodologia utilizada para elaboração do presente projeto foi empírica, observando
em uma determinada escola as dificuldades encontradas pelos alunos surdos para a
compreensão de alguns conteúdos de geografia. Fazendo, posteriormente, uma análise
bibliográfica sobre a surdez, como o histórico, a maneira com que os alunos surdos aprendem,
para aí sim desenvolver atividades, que tem como propósito facilitar a compreensão de vários
conteúdos pelos mesmos. A metodologia citada no presente trabalho pode ser adaptada e
aplicada em demais disciplinas.
Surdos no Brasil.
Em décadas passadas os surdos ficavam escondidos em casa, pois eram tidos como
vergonha por não seguirem os padrões ditos como “normais” pela sociedade. A única
comunicação deles era com seus familiares mais próximos e de maneira precária, onde os
mesmos não sabiam a Língua de Sinais, com isso os surdos sentiam-se isolados e
complexados.
20116
Existiam muitos preconceitos em relação a língua de sinais, por esse motivo a
construção da Identidade e Cultura Surda Brasileira foi lenta. Atualmente as associações de
surdos ainda lutam para garantir os direitos dos Surdos já previstos em lei, porém com
grandes avanços.
Monteiro (2006) relata que no Rio de Janeiro temos o Instituto Nacional de Educação
de Surdos (INES) que conta com uma comunidade surda que possui uma articulação política
representativa que lhes tem garantido um destaque em relação aos surdos do restante do país.
Atualmente o INES disponibiliza também o ensino superior para alunos surdos, além
deles poderem também cursar Universidades regulares tendo o direito ao interprete de
LIBRAS, assim como nas escolas regulares.
De acordo com Monteiro (2006) a primeira Associação Brasileira de Surdos Mudos
foi criada em 1930 a partir dos estudantes do INES que organizavam modalidades esportivas
e competiam com escolas de ouvintes, hoje desativada. Outra associação foi fundada em
1953, com ajuda de uma professora de surdos, Ivete Vasconcelos. Esses alunos surdos,
voltando para suas cidades de origem foram fundando dezenas de associações espalhadas pelo
Brasil.
Essas associações desenvolvem a participação da comunidade surda em atividades
esportivas e de lazer, como festas comemorativas, entre outras, que permitem aos surdos a
interação com os demais usuários da Língua de sinais, preservando assim a Identidade
Cultural Surda e a Língua de Sinais, assim fortalecendo a luta pelos seus direitos.
A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS), fundada no
dia 16 de maio de 1987, e a Confederação Brasileira de Surdos (CBS), fundada em
2004, possuem uma representatividade mais ampla. São organizações filantrópicas
sem fins lucrativos que desenvolvem atividades políticas e educacionais, lutando
pelos direitos culturais, linguísticos, educacionais e sociais dos surdos do Brasil. São
entidades preocupadas com a integração entre os surdos. (MONTEIRO, 2006. Pag.
6).
A comunidade surda estabeleceu o dia 26 de setembro como Dia Nacional do Surdo,
estabelecido pela lei nº 11.796/2008. Esse dia foi escolhido por ser a data de inauguração do
INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) em 1857 no Rio de Janeiro, sendo a
primeira escola para surdos. Nesse dia todo ano ocorrem festas para comemoração além de
passeatas em algumas cidades com objetivo de continuar lutando por seus direitos e mostrar
que estão ativos e participantes da vida social e política.
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Em 2001 o Programa Nacional de Apoio à Educação do Surdo capacitou surdos e
ouvintes para trabalharem em apoio ao desenvolvimento da Educação Surda no Brasil.
Porém, a luta continua, pois, muitas escolas inclusivas não possuem o apoio e
capacitação necessária para a inserção desses alunos, como por exemplo, a falta de professor
interprete de LIBRAS.
Inclusão
Observamos que a inclusão é direito de nossos alunos com necessidades educativas
especiais, contudo ainda temos muito o que melhorar para que essa inclusão ocorra de
maneira eficiente garantindo realmente o aprendizado. Para isso, é necessário o compromisso
de toda a comunidade, seja os professores refletindo sobre suas práticas pedagógicas, da
família oferecendo todo apoio e suporte, dos agentes educacionais dando suporte aos alunos
nos momentos fora de sala por exemplo, reformulação do Projeto Político Pedagógico da
escola fazendo adaptações necessárias para atender as necessidades de cada indivíduo,
reformas nas estruturas da escola se necessários, entre outras várias adaptações.
Tudo isso só faz aumentar a qualidade da educação, onde encontramos uma
diversidade muito grande de alunado e que todos têm direito ao acesso à educação de
qualidade. Então devemos encarar a diversidade como oportunidade de aprendermos e
ampliar nossos olhares para a capacidade dessas pessoas em se desenvolver e interagir dentro
de suas capacidades.
Contudo, ainda existem muitas barreiras, pelas quais, aos poucos são superadas. O não
aceite da inclusão por alguns membros da sociedade é um desses problemas, mas devemos
levar a informação e o conhecimento para esses indivíduos e mostrar-lhes que essa ideia é
ultrapassada e que temos resultados de muito sucesso em várias escolas inclusivas. Além
disso, a ineficácia gestão governamental até a discriminação são barreiras presentes em nossa
sociedade. (MOREIRA, 2010)
Para conseguirmos atingir o aprendizado de nossos alunos, seja ele com necessidade
educacional especial ou não, nós professores devemos propor atividades diferenciadas
atendendo as várias formas de aprendizagem de cada indivíduo. Muitos de nossos alunos
ainda não sabem qual é a melhor maneira que ele individualmente aprende, porém, com o
passar do tempo, se lhe for oferecido formas distintas de aprendizagem, o mesmo irá observar
20118
que em algumas metodologias expostas pelo professor ele consegue entender com mais
facilidade que outras. Da mesma forma, as avaliações também devem ser coerentes com a
capacidade de cada um.
De acordo com Fávero (2007) o aluno por si só deve individualizar seu aprendizado,
cabe a escola lhe oferecer oportunidade de emancipação e libertação para que possa pensar,
decidir e realizar suas tarefas de acordo com suas necessidades. O professor deve orientar e
apoiar seus alunos sem lhe tirar a condução de seu próprio processo educativo.
Analisando a Diretriz Curricular da Educação Especial do Paraná destaca-se que a
inclusão deve ser oferecida de maneira responsável e estar em constante avaliação de
qualidade, pois temos ainda muito que avançar, os profissionais da educação têm muitas
dúvidas a respeito do assunto, como por exemplo, relacionadas as práticas pedagógicas.
Alguns profissionais se especializam em determinadas áreas, contudo não sendo possível
dominar todas, dessa forma, se destaca a importância do trabalho em conjunto, não apenas
com os professores e funcionais das escolas, mas é de suma importância a participação ativa
dos familiares nesse processo.
O currículo, portanto, deve ser adaptado a realidade da escola e de seus alunos, além
de flexíveis e abertos comprometidos com as necessidades educacionais de cada indivíduo e
quando necessário, separado para alguns, não sendo excludente ou banal para esses, fazendo
um esvaziamento de conteúdo, por exemplo.
Adaptações nas Escolas de Ensino Fundamental e Médio Inclusiva para Pessoas com
Deficiência Auditiva.
Como cada necessidade especial tem suas adaptações especificas, vamos destacar a
inclusão dos alunos com deficiência auditiva em escola de ensino fundamental e médio. Nas
escolas com alunos surdos deve-se encontrar o serviço de interprete/tradutor de língua de
sinais, sendo considerado o português como segunda língua desses alunos e a LIBRAS como
língua materna.
LEI da LIBRAS (refiro-me, aqui, à lei n° 10.436 de 24 de abril de 2002) e o decreto
n° 5626 de 22 de dezembro de 200: o decreto 5.626/2005 torna obrigatórios o
ensino da Língua Brasileira de Sinais nos cursos de formação de professores e a
educação bilíngue nas escolas onde estejam matriculados alunos com deficiência
20119
auditiva. Ele também obriga os órgãos públicos a terem intérpretes de Libras para
facilitar o atendimento aos cidadãos surdos. (MONTEIRO, 2006. P.297).
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) destaca-se a necessidade de adequar o
currículo para atender a todos respeitando as diferenças de cada um, para isso devem ser feitas
adaptações no projeto pedagógico, currículo de classe quanto ao acesso, individualidade e
elementos dos mesmos. Podendo esse aluno participar da dinâmica escolar regular, tendo
exceções caso não tenha condições de ser integrado no sistema regular, podendo aí sim,
participar de instituições especiais.
Com essas adaptações, os alunos com surdez conseguem acompanhar o ensino regular
não deixando de frequentar o Atendimento Educacional Especializado (AEE) no contra turno,
por exemplo, pois o mesmo servira de apoio no seu desenvolvimento, estimulando seu
potencial cognitivo, linguístico, social, entre outros.
O presente trabalho vem destacar a importância de todas essas adaptações para que a
aprendizagem do aluno com deficiência auditiva realmente ocorra, caso contrário o mesmo
fica excluído e não incluso. Devemos além de adaptar, também respeitar sua cultura e
identidade, para que eles se sintam valorizado, respeitado e fazendo parte do meio social.
A abordagem educacional por meio do bilinguismo é a mais indicada para alunos
surdos, onde aborda a língua de sinais e a língua da comunidade local. Contudo ainda existem
muitas dificuldades para que isso ocorra de maneira geral nos estabelecimentos de ensino,
começando pela falta de professores de português para alunos surdos e até mesmo a falta de
interpretes de LIBRAS.
O conhecimento da língua de sinais pelos demais professores da escola que tenham
alunos surdos é de grande valia, pois os mesmo se sentem ainda mais integrados ao meio que
estão e percebem o interesse da comunidade em interagir com eles, sentindo-se mais
valorizados e interessados.
O apoio da família é fundamental para o desenvolvimento e sucesso dos alunos com
deficiência auditiva, pois são eles que irão incentivar e apoiar para que não desistam e sempre
sigam em frente apesar de todos os obstáculos que encontraram. Essa influência varia de uma
família para outra de acordo com os recursos disponibilizados a elas, como por exemplo, os
recursos, o apoio, a cultura e a educação que essa família possui.
20120
Fundamentos da Geografia
O objetivo do ensino na disciplina de geografia é a compreensão de seu objeto de
estudo, nesse caso, o espaço geográfico (espaço produzido e apropriado pela sociedade e a
relação entre sociedade e natureza SANTOS, 1996), além de seus conceitos básicos:
paisagem, lugar, região, território, natureza e sociedade.
Nesse contexto, trabalhamos a geografia física e humana de maneira integrada, onde
de acordo com as Diretrizes Curriculares de Geografia, algumas perguntas são chaves nesse
estudo, para orientar e refletir sobre o espaço e o ensino de geografia:
Onde? Como é este lugar? Por que este lugar é assim? Por que aqui e não em outro
lugar? Por que as coisas estão dispostas desta maneira no espaço geográfico? Qual o
significado deste ordenamento espacial? Quais as consequências deste ordenamento espacial?
Por que e como esses ordenamentos se distinguem de outros?
Encaminhamentos Metodológicos de Geografia com inclusão de Alunos Surdos.
A metodologia de ensino de geografia deve permitir que os alunos se apropriem dos
conceitos fundamentais da disciplina e compreendam o processo de produção e transformação
do espaço geográfico. Para isso, os conteúdos da Geografia devem ser trabalhados de forma
crítica e dinâmica, interligados com a realidade próxima e distante dos alunos.
Os professores precisam criar situações problemas, instigantes e provocativas,
estimulando o raciocínio, a reflexão e a crítica e relacionando a realidade vivida do alunado,
fazendo com que o mesmo participe de maneira ativa das aulas, questionando e criticando.
Toda essa metodologia levando em consideração a diversidade que nossos alunos possuem ao
assimilar o conhecimento, dessa maneira as aulas devem possuir instrumentos metodológicos
variados, a fim de atingir a todos.
Sugestões de Atividades para ser trabalhada em sala do Ensino Regular com Inclusão de
Alunos Surdos.
A inclusão dos alunos com surdes do ensino regular deve ser desenvolvido com o
auxílio de um interprete de LIBRAS, ou seja, um ambiente bilíngue e em contra turno o
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atendimento educacional especializado, com isso o aluno terá todo o suporte para seu
desenvolvimento e assimilação do conteúdo de maneira clara.
Além disso, se faz necessário uma adaptação curricular desenvolvida pelo professor da
disciplina, o qual deve fazer algumas alterações, tornando a compreensão facilitada, a seguir
temos algumas sugestões de metodologias que podem ser adotadas nessas turmas.
Essas adaptações devem dar ênfase ao uso de imagens visuais, por exemplo, elaborar
slides demonstrando o que está sendo explicado. Levando em consideração o ensino da
Geografia, vamos citar como exemplo o conteúdo formas de relevo, o qual podem ser
recolhidas imagens das diversas formas de relevo e mostradas aos alunos. Sempre que
possível, essas imagens podem ser do local que eles conhecem, ficando ainda mais atrativo e
de fácil assimilação, pois ele poderá relacionar o conteúdo com sua atividade cotidiana.
As informações descritivas devem ser, sempre que possível, curtas, sucintas e diretas,
de maneira que eles possam associar as imagens ás palavras. Com essa metodologia se pode
utilizar uma ampla variedade de conteúdo.
O mesmo conteúdo pode ser trabalhado com a confecção de maquetes, conforme
abaixo, onde estas, foram confeccionadas em uma turma de 6º ano, em que temos a inclusão
de alunos surdos. Primeiramente, foi feito um embasamento teórico em sala com a utilização
de imagens, conforme mostrado anteriormente, juntamente com a explicação oral do professor
da disciplina de geografia. As maquetes exibidas nas figuras 1 e 2 que representam formas de
relevo, foram confeccionadas pelos próprios alunos em sala, utilizando isopor, argila, tinta,
pincel, areia, vegetação, entre outros materiais, ficando os alunos, livres para criar as formas
de relevo que haviam observado nas imagens.
Figura 1. Maquete formas de relevo Figura 2. Maquete formas de relevo
Fonte: Flavia Cristina Coletti Fonte: Flavia Coletti
20122
Na aula posterior, foi trabalhado com visualização de vídeos, mostrando regiões do
mundo e as mais variadas formas de relevo que existem em nosso planeta, nesse caso um
vídeo para sugestão foi :https://www.youtube.com/watch?v=N2Yms9rwK2M 22/09/16.
Para concluir o conteúdo, foi utilizado uma metodologia conhecida em geografia como
aula de campo, onde os alunos saíram nas proximidades da escola, em um ponto mais elevado
do relevo e observaram as formas que ali se encontravam, chegando em sala, os alunos
desenharam o que viram, conforme exemplificado na figura 3, que um aluno desenhou as
formas de relevo que observou e um campo.
Figura 3. Desenho de aluno do 6º ano (conteúdo: formas de relevo)
Fonte: Flavia Cristina Coletti
As maquetes são uma ferramenta avaliativa e podem ser utilizadas como metodologia
para ilustrar os mais diversos conteúdos, que terá grande sucesso no aprendizado dos alunos
surdos ou ouvintes. Como por exemplo, para trabalharmos as diferentes vegetações que
existem no Brasil, em uma turma de 7º ano, o professor descreve oralmente como é uma
caatinga, por exemplo, um lugar que a maioria não conhece, sejam os alunos surdos ou
ouvintes, irão imaginar cada um de uma maneira diferente, sendo ela correta e talvez não.
Ao desenharmos um simples rascunho no quadro já fica um pouco mais claro, pois
você pode acrescentar alguns detalhes que talvez eles não houvessem incluído em sua
imaginação. Para melhorar um pouco, o professor pode lhes mostrar uma foto da vegetação
ou um vídeo, demostrando de maneira mais clara as cores, a intensidade do sol, entre outras
características.
Uma visita há um parque da cidade seria perfeito para conhecerem a vegetação nativa
da região que vivem, conhecer espécies, tocar e visualizar ainda mais detalhes e para encerrar
20123
o conteúdo confeccionar maquetes em grupos, onde cada grupo fica responsável por
demostrar um tipo de vegetação que existem nas diferentes regiões de nosso país. Nas figuras
4, 5 e 6, temos algumas imagens de maquetes, representando algumas vegetações brasileiras,
desenvolvidas em colégio Estadual em uma turma de 7º ano com inclusão de alunos surdos.
Figuras 4, 5 e 6. Maquetes vegetações brasileira
Fonte: Flavia Cristina Coletti
Maquetes também são bem utilizadas para trabalhar escala gráfica, as fotos abaixo são
de trabalhos feitos por alunos no 1º ano do Ensino Médio, onde os alunos mediram alguns
ambientes da escola calcularam a escala e confeccionaram seus trabalhos em grupos com
diversos materiais, com detalhes que aproximasse ao máximo da realidade. Nas figuras 7, 8 e
9 temos representados alguns desses trabalhos desenvolvidos em sala.
Figura 7, 8 e 9. Maquetes escala
Fonte: Flavia Cristina Coletti
20124
Nas atividades desenvolvidas utilizando a interpretação de texto deve-se evitar textos
muito extensos nos anos iniciais do ensino fundamental, sendo que essa capacidade eles
adquirem com o aprendizado e dedicação dos mesmos, de seus familiares e professores. A
produção de texto ocorre inicialmente com ausência de conjunções, porém devemos avaliar a
ideia principal da produção, se tem relação e sentido com o conteúdo proposto e com o passar
do tempo, após orientações e instruções essas dificuldades podem ser superadas.
Conclusão
Ao término do trabalho se verifica que a aprendizagem dos alunos surdos através de
uma metodologia que utiliza o visual, é muito proveitosa, eles conseguem compreender e
assimilar o conteúdo com mais facilidade. Além disso, os demais alunos, ouvintes, também
acabam tendo, em sua maioria, um maior entendimento do assunto com essas práticas.
Atividades diferenciadas em sala, tornam as aulas mais atrativas e interessantes,
chamando e prendendo a atenção de nossos alunos, mais dedicados eles acabam tendo o
conhecimento adquirido de maneira natural e prazerosa.
Dessa maneira, a inclusão ocorre realmente, pois se disponibiliza a esses alunos, a
possibilidade e o acesso aprendizagem, tornando a educação mais rica e de qualidade para
nossos educandos.
Com o presente relato de experiencia espera-se contribuir com ideias de metodologias
diferenciadas que possam contribuir para os professores desenvolverem aulas mais dinâmicas
e trazendo significado para o aprendizado de nossos alunos. Essas atividades sendo mais
visuais, com isso respeitando as dificuldades dos alunos surdos inseridos em sala de aula.
REFERÊNCIAS
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FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga, PANTOJA, Luísa de Marillac P. MANTOAN, Maria
Teresa Eglér. "Aspectos legais e orientação pedagógica." São Paulo: MEC/Seesp (2007).
FÁVERO, E. A. G. 1969 – Aspectos Legais e Orientação Pedagógica /Eugênia Augusta
Gonzaga Fávero, Luísa de Marillac P. Pantoja, Maria Teresa Eglér Mantoan. – São Paulo:
MEC/SEESP, 2007.
MONTEIRO, Myrna Salerno: História dos movimentos dos surdos e o reconhecimento da
Libras no Brasil. In: ETD - Educação Temática Digital 7 (2006), 2, pp. 295-305.
MOREIRA, Laura Ceretta. Caderno de Educação Inclusiva. Curitiba 2010 UFPR.
SANTOS, Milton. "A natureza do espaço." São Paulo: Hucitec (1996).